Dignostico e analise das edificacoes de sfs

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Diagnóstico e análise das edificações de São Francisco do Sul Shirley Fernandes


História

Localização

O território de São Francisco do Sul, antes da vinda dos portugueses ao país era habitado por tribos de na vos Carijós, da grande origem tupy-guarani. Nos registros históricos oficiais, embora houvesse espanhóis em terras franciscanas por volta de 1553 e 1555, foram os portugueses que passaram a povoar o território no ano de 1658 com a vinda da expedição de Manoel Lourenço de Andrade, concentrandose com a família, instrumentos agrícolas com grande uma quan dade de escravos vindo da África. Em 1660 já havia sido construído no local a Igreja Matriz, Casa de Câmara e Cadeira, que segundo conta , ficava no ponto mais alto da cidade na época. Em 1665 o capitão Manoel falece e

Localiza-se na porção noroeste da ilha costeira muita próxima ao continente, região esta banhada por uma baía de águas calmas e profundidade bastante propícia para a aproximação de barcos que necessitem de grande calado. É cercada por pequenos morros em sua porção sul - morros da Caixa D'água e do Rádio, os quais protegem o local dos ventos vindos do sul; e ao norte, pelo Morro do Hospício. Foto de satélite da cidade de São Francisco do Sul. O círculo vermelho a área do Centro Histórico tombado.

em 1667 foi nomeado capitão-mor Domingo Francisco Francisques, nha o apelido de Cabecinha. Ainda que existam registros de progresso e expansão da cidade durante a sua administração, Cabecinha ficou mais conhecido por sua caracterís ca cruel, além de seus atos despo smo. Foi exonerado do cargo e processado por indisciplina. Um momento importante da historia do município foi o reparo exercido na vila, em 1720 pelo desembargador de São Paulo, o Rafael Pires Pardinho. Desmarcou as terras de zona rural e as divisas da vila ao norte com Paranaguá e ao sul com Laguna. Deste modo foi crescendo lentamente e em meados de 1847, passou de colônia a cidade um salta bastante significa vo que naquele momento o município encontrava-se me um progresso agrícola, sobrevivendo de mão de obra escrava. Com a abolição da escravidão em 1888, a cidade foi abalada por uma forte queda na produção agrícola desencadeado a decadência na região. Forçando os comerciantes a se mudar para outras praças. Nessa situação começou a alavancar novamente a economia no local, uma vez que a vida econômica deslocou-se para terras férteis, que até então estavam sem uso, onde lá encontrava-se um porto natural. Com a implantação do porto e as vias ferroviárias, iniciou a ampliação do movimento comercial dando assim maiores garan as de subsistência. Tempos depois foi concedida verbas estatuais para a construção do cais e armazém de estocagem, alavancando assim a produção de erva mate e depois madeira. Aumentou-se o poder aquisi vo dos moradores havendo um reflexo visível da arquitetura do município. A maioria das casas luso-brasileira foi recolocada pelo ecle smo europeu em que as residências apresentavam uma serie de caracterís cas como pla banda, ornamentos na fachadas, esquadrias rebuscadas entre outros. Em 1910 a situação de São Francisco mudou com a implantação do ramal ferroviário que liga São Francisco a Porto União passando por São Paulo e Rio Grande do Sul.

Fonte: http://issuu.com/riodasfurnas/docs/sao_francisco_do_sul, Pag .87


Urbanização A urbanização foi picamente portuguesa, no qual , alguns elementos facilitaram a ocupação do território: a baía, acessível em um período no qual os transportes de longas distâncias eram feitos por vias marí mas; os morros, que contribuíam para a proteção militar e climá ca, protegendo o povoamento dos ventos; a fonte de água doce muito próxima e de Rio, que que facilitava o deslocamento em direção ao interior da ilha. Apos a construção da Igreja Matriz, as edificações foi sendo erguidas ao redor da capela como na tradição luso-brasileira, sendo assim, logo difundiu-se o arruamento, transformando o desenho da cidade em grade. Paralelamente a rua do mar e perpendicular a mesFonte: IPHAN ma, o desenho perpetuou limitado pela a testada das casas, a maioria térrea, embora acentuasse vários sobrados. O ecle smo mais tarde o decô e esporadicamente o modernismo observou-se sua relação Fonte: IPHAN - ETEC São Francisco do Sul , ocupação 1850. com o entorno. Ao redor da capela o inicio de São Francisco trata-se de edificações de es lo colonial, térrea com fachadas mais lisas e sem adornos de cor branca e janelas de cor escura. Telhado duas aguas e beiral para a calçada no restante do centro histórico mostram casa em es lo eclé co com vidraças e ornamentos pla banda, dois pavimentos em sua grande maioria mostrando uma evolução financeira dos munícipes. A cidade vive em função do povo, jus ficando assim a implantação, os traçados e até a definição do tecido, em critério de sua estagnação ou sucesso, se mantém ou se subs tuem. Identificada a praia como geradora da ocupação, teremos por gemação, os lotes voltados para a praça. Os lotes neste trecho do tecido urbano desenvolvem-se em torno de um eixo paralelo à praia, divisor dos dois elementos espaciais significativos (praia/praça). A ordenação dos lotes define a 'direcionalidade'. São quadras retangulares e homogêneas, quase que um único corpo, onde pequenas falhas no tecido originam os canais de comunicação entre as áreas de interesse (porto/igreja), não mais do que estreitos becos. (CHUVA; PESSÔA, 1995, p. 61) Fonte: Pereira, Vanessa Maria , 2007.

Fonte: Pereira, Vanessa Maria , 2007.


Construções de destaque Porto

Igreja A igreja matriz Nossa Senhora da Graça foi uma inicia va de Manoel Lourenço de Andrade que inves do pelas autoridades que queriam propagar a fé cristã nas denominadas “missões” do período, levantaram a igreja, com a ajuda de escravos, milicianos e do povo do, e em 1665 foi concluída a obra. A argamassa u lizada na construção era uma mistura de cal, concha, areia e óleo de baleia. Setenta anos após a construção, a igreja necessitava urgente de reformas, então através de uma iniciava comunitária, tributos foram cobrados, sobre produtos como farinha, peixe, aguardente, e com isso foi possível realizar as restaurações. A historia da igreja Matriz teve como destaque grandes ações comunitárias movidas pela fé e religiosidade da população que além de pagar tributos ajudaram voluntariamente nas obras ocorridas na igreja que ao passar dos anos chegou ao formato atual. Houveram inúmeras reformas, restaurações, pintura do forro, fabricação dos sinos, importação de um órgão, construção de uma nova torre...Tudo ali tem a força de vontade de uma comunidade unida pela fé, crença e devoção. Atualmente no interior da igreja esta a imagem da padroeira, que data de 1553, e foi deixada ali pelos espanhóis que segundo historias, construíram uma capela em homenagem a ela, após sobreviveram a um grande temporal. Também há estatuas barrocas datadas do séculos XVII e XVIII.

Missa campal na igreja Matriz, 1918. Fonte: Acervo histórico de São Francisco do Sul

Ferrovia Em 1907 foi feito o fechamento da porção norte do canal entre a ilha do linguado e a de São Francisco do Sul para a construção da linha ferroviária que faria ligação ao porto. Pouco tempo mais tarde foi aterrada também a porção sul do canal, tornando completa a ligação entre porto e con nente. Na obra, apenas 120 m foram deixados aberto para a passagem da agua, e com o estreitamento da área de vazão algumas graves consequências aconteceram no local. Entre elas a erosão no terreno que afetou as fundações da ponte, alterações na hidrodinâmica e na estrutura dos ecossistemas a ngidos. Com o problema das fundações em 1934 houve fechamento total do canal que só piorou os problemas ecológicos no local. A discussão acerca do aterro perdura até hoje, muitos anos depois ainda é cogitado a reabertura do canal, a obra causou inúmeros problemas ambientais tanto na Baia da Babitonga quanto na Barra do Sul.

Construção da estrada de ferro São FranciscoPorto União. Fonte: Jansson, Itararé, SP.

No século XVII iniciou-se a colonização de Santa Catarina com a chegada de europeus em busca de uma nova vida. Isso serviu de base de apoio para o desenvolvimento de todo o sul do Brasil. Foi nesse porto que chegaram os imigrantes Alemães e Suíços que fundariam a colônia Dona Francisca em 1851 que mais tarde se tornaria Joinville, a maior cidade de Santa Catarina. Alguns bons comerciantes e empresários da região encontraram na Erva Mate e na Madeira as a vidades que iriam impulsionar a economia de Joinville e região. O porto, o rio Cachoeira e a Estrada Dona Francisca juntamente com a abundancia de madeira e erva da região foram os meios de fortalecer essas a vidades econômicas. Com a aceleração das a vidades e necessidade de melhorias o porto ganhou muita infraestrutura para atracação de navios. Em 1970 foi instalada a Cocar, hoje Cidasc, um terminal especializado no recebimento envio e armazenamento de grãos. Com o terminal graneleiro e o incremento das exportações de manufaturados, promoveu-se a revitalização do porto e renascimento socioeconômico ate então estagnado com a decadência do ciclo do mate e madeira. Atualmente o porto de São Francisco do Sul é o 5° maior do país em movimentação de contêineres, respondendo por cerca de metade da movimentação portuária do estado. O porto possui um canal de acesso pela Baia da Babitonga com 11 metros de profundidade e 4 metros de atracação. Possui 5 berços e 975 metros de cais e é o principal porto graneleiro do estado. Como todo o porto, tem suas vantagens e desvantagens, o porto sempre trouxe fortalecimento na economia da região, mas também era chegada de problemas, como por exemplo doenças graves que se instalavam do contato entre tripulantes, passageiros e moradores, tanto que quase dizimou a população francisquense Armazém da CIA Horpcke Fonte: IHGSC em 1806.


Analise : Casa amarela

Rua: Babitonga, nº 35 Água-furtada

Características do lote

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Piso: cerâmica (posterior) Teto: tabuado Materiais de construção: alvenaria de tijolo e concreto (identificado a partir de material a mostra e processo dedutivo) Existência de bens integrados relevantes: platibanda

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Fonte: http://clubedosentas itajai.blogspot.com.b r/ (1935)

da ça ra Pra ndei Ba

Característica internas

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Material empregado nas coberturas: telha francesa Coroamento: platibanda ( material: argamassa) Material de acabamento na fachada principal: argamassa Material das molduras dos vãos da fachada principal: argamassa Material do guarda corpo da fachada principal: não tem Material das esquadrias da fachada principal: vidro, madeira e ferro (posterior) · Cores predominante: da fachada principal: Coroamento: branco Molduras dos vãos: branco Esquadrias: branco Acabam. Da fachada: amarelo Outros relevos: branco · Uso atual: residência e comercio (restaurante) · Altura da fachada: 8 metros · Nº de pavimentos: 2 metros · Classificação tipológica do telhado: Cumeeira paralela à rua Obs.: Pela foto antiga (1935) observou-se uma alteração no telhado, antes havia uma água-furtada, hoje não há mais.

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No inicio do estabelecimento a uma estreita faixa de cerâmica branca, reves ndo o degrau da entrada. Internamente o piso é laminado.

Características arquitetônicas · · · · · ·

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Fonte: Patricia Indalencio (2015)

Uso da área descoberta: lavagem e secagem de roupa e depósito. Vegetação: não há Fechamento do lote: argamassa Material do piso da área descoberta: Cerâmica—foi retirado a original e colocado um modelo novo. Obs. : o proprietário do imóvel não estava, portanto, não foi possível obter informações concretas sobre a história do imóvel (existência de outras edificações, se o lote já foi desmembrado ou remembrado) · · · ·

Fonte: Patricia Indalencio (2015)

Platibanda

Cimalha

Fonte: Patricia Indalencio (2015)

Molduras nos vãos

Fonte: Patricia Indalencio (2015)

Fonte: Patricia Indalencio (2015)

Estado de conservação Estrutura do telhado: não tivemos acesso Fundação: nenhum problema evidente Estrutura portante: pequena incidência de rachaduras ( 10 a 50%) Infiltrações: manchas de umidade na base das paredes do térreo (50%) Biodegradação: nenhum problema evidente Obs. : as esquadrias, piso, forro, escada e instalações prediais não foi constatado nenhum problema grave. · · · · ·


Analise : Casa verde

Rua: Babitonga, nº 49 (residência) e 51 (comercio)

Características do lote Uso da área descoberta: não tem área descoberta Vegetação: não há Fechamento do lote: pedra Material do piso da área descoberta: Cerâmica Obs. : o proprietário do imóvel não estava, portanto, não foi possível obter informações concretas sobre a história do imóvel (existência de outras edificações, se o lote já foi desmembrado ou remembrado) Fonte: http://clubedosentas itajai.blogspot.com.b r/ (1935)

Fonte: Patricia Indalencio (2015)

Forro de madeira no primeiro e segundo piso

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Piso: parquet Teto: tabuado Materiais de construção: alvenaria de tijolo e pedra (identificado a partir de material a mostra e processo dedutivo) Existência de bens integrados relevantes: balaústre e platibanda

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Fonte: Patricia Indalencio (2015)

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Característica internas

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Material empregado nas coberturas: telha francesa (nova) Coroamento: cimalha e platibanda ( material: argamassa) Material de acabamento na fachada principal: argamassa Material das molduras dos vãos da fachada principal: argamassa Material do guarda corpo da fachada principal: argamassa Material da base do guarda-corpo: laje Material das esquadrias da fachada principal: vidro, madeira Cores predominante: da fachada principal: Coroamento: verde Molduras dos vãos: bege Guarda-corpo: bege e verde Esquadrias: bege Acabam. Da fachada: bege Outros relevos: verde e bege · Uso atual: residência e comercio (loja de roupas e tecidos) · Altura da fachada: 8 metros · Nº de pavimentos: 2 metros · Classificação tipológica do telhado: Cumeeira paralela à rua Obs.: Pela foto antiga (1935) não houve alteração na fachada. · · · · · · · ·

a: B

Características arquitetônicas

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Platibanda Balcão com guarda-corpo vazado com balaústre Cimalha

Fonte: Patricia Indalencio (2015)

Moldura nos vãos

A casa está pintada de verde escuro, com molduras e esquadrias brancas. Para individualizar o acesso (entre a residência e o comercio) foi inserido uma porta de uma cor e material diferenciado.

Fonte: Patricia Indalencio (2015)

Estado de conservação Estrutura do telhado: não tivemos acesso Fundação: não tivemos acesso Estrutura portante: nenhum problema evidente Infiltrações: não tivemos acesso Biodegradação: nenhum problema evidente Obs. : as esquadrias, piso, forro, escada e instalações prediais não tivemos acesso · · · · ·


Glossário Água-furtada

Guarda-corpo

Espaço compreendido pela cobertura do telhado e pelo teto do último pavimento da edificação, provido de abertura para o exterior através da própria cobertura e geralmente aproveitável como um compartimento. A abertura da água -furtada é chamada trapeira. Nas construções do período colonial foi comum o seu uso, às vezes ampla formando um cômodo, outras vezes minúscula, servindo apenas para arejar o desvão. É encontrada ainda em prédios de estilo eclético com uma função essencialmente decorativa ou situada em prédios nas regiões de clima mais frio. É também chamada de mansarda quando possui telhado de mansarda; e trapeira.

Anteparo de proteção em geral de meia altura, aproximadamente a 85 cm do piso, usado em alpendres, balcões, escadas e terraços. Pode ser cheio ou vazado. É muitas vezes encimado por corrimão ou travessa, principalmente quando vazado. Pode constituir uma das partes integrantes de balaustradas e gradis.

Moldura nos vãos

Balaustre Pequena coluna ou pilar que forma junto com outros elementos iguais, dispostos em intervalos regulares, uma balaustrada. Constitui -se no elemento de sustentação de travessa ou corrimão. O tipo mais comum de balaústre possui forma torneada composta de uma concavidade na parte superior chamada colo e uma convexidade na parte inferior chamada pança. Em geral, a distância entre os balaústres é feita de modo a eqüivaler aproximadamente cheios e vazios na balaustrada. O balaústre em alvenaria foi muito usado no coroamento dos prédios durante o século XIX. Era freqüentemente composto de capitel, colarinho, fuste e base emoldurados. Uma balaustrada pode ser de cantaria, massa, madeira, metal ou outro material.

Balcão Corpo saliente em relação à fachada externa ou interna de uma edificação em geral constituído pelo prolongamento do pisos do andar em que se encontra e no qual se abre porta-janela, permitindo a passagem do interior do edifício. Pode estar em balanço ou sustentado por elementos construtivos, como consolos ou mãos -francesas. Possui como proteção um guarda-corpo vazado ou cheio. Em geral, não tem cobertura e comumente, quando a tem, esta é formada pela bacia do balcão em piso superior na mesma prumada. metal ou outro material.

Cimalha Arremate emoldurado formando saliência na superfície de uma parede. Em geral situa-se no alto das paredes externas, constituindo uma saliência contínua ao longo de toda a fachada, ou sobre as guarnições de portas e janelas, constituindo uma saliência interrompida. No alto das paredes externas encontra-se abaixo do beiral do telhado, servindo de apoio a este ou sob platibanda. Em geral é feito de massa, pedra ou madeira. Pode ter ornatos, além das molduras.

Arremates encontrados nos vãos das portas, janelas, arcos, etc.

Platibanda Elemento vazado ou cheio disposto no alto de fachadas, coroando a parede externa do prédio. Forma uma espécie de mureta que esconde as águas dos telhados, geralmente paralela à cumeeira, e eventualmente serve de proteção em terraços. Em geral, é utilizada para dar acabamento decorativo à fachada da

Telha Francesa Telha cerâmica chata que possui, ao longo de um de seus lados transversais, uma concavidade que se encaixa na ripa do madeiramento do telhado e, ao longo de um de seus lados longitudinais, ranhuras para encaixá-la em outra telha igual. Exige caimento mínimo de aproximadamente 20°.

“ É preciso que o ser humano se sinta autor desse processo de evolução a fim que seja capaz de absorver complexidade e a trama de sentidos que organiza e constitui a realidade simbólica do cidadão comum”. Sandra Jovchelovitch


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