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MATÉRIA DE CAPA

Estímulo para vencer os impactos da pandemia

Foto: Palestras gratuitas e cursos trazem conhecimento para ajudar a recuperar perdas no setor gráfico. Crédito: Divulgação

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Desde 24 de junho, gráficas de todo o Brasil vêm tendo um estímulo contundente para amenizarem os impactos da pandemia nos negócios. Trata-se do Programa Capacite-se, lançado pela ABTG (Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica) para incentivar a melhoria de capacidade técnica de médias e pequenas gráficas. O Sigep/ Abigraf-PR, assim como as Abigraf’s de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, são parceiros na iniciativa, que abrange a realização de palestras e cursos em várias áreas. As palestras são grátis e os cursos contam com um diferencial na inscrição: o aluno decide quanto quer pagar. Essa modalidade ajudou na adesão de centenas de profissionais ao programa.

A boa receptividade do meio gráfico também se deve à junção de forças das entidades parceiras, como destacou o presidente da ABTG, Carlos Suriani. “Juntarmos os esforços no Programa Capacite-se! Neste sentido, nos sentimos honrados com a imediata aceitação do Sigep/Abigraf-PR para realizarmos as palestras gratuitas e os cursos técnicos em parceria. A iniciativa fortalece a relação e une cada vez mais nossas associações”. Para o presidente do Sigep/Abigraf-PR, Edson Benvenho, o Programa Capacitese surge para preencher uma lacuna que, segundo ele, tem ficado evidente no setor, que "é a de se investir em pessoas". Está cada vez mais claro para as gráficas que, além de investir em equipamentos, é preciso investir em pessoas, em trazer conhecimentos para lidarmos com as dificuldades. E este Programa Capacite-se, desenvolvido em conjunto pelas Abigraf’s do Sul com a Abigraf Nacional e a ABTG, surge para concentrar o conhecimento que vai ajudar os profissionais do setor a entenderem as mudanças do novo mercado”.

Como parte do lançamento do programa, foi realizado em 25 de agosto o Webinar “Como tornar-se imprescindível para seus clientes – Reposicionando sua gráfica em momento de incerteza”, com palestra do consultor e pesquisador Rodrigo Schoenacher, especialista na implantação de novos modelos de gestão, doutorando pela UERJ, mestre em tecnologia e design e graduado em gestão pela Northwester University (EUA). O webinar foi mediado por Bruno Mortara (ABTG) e teve como convidado internacional o presidente da Apigraf (Associação Portuguesa das Indústrias Gráficas), Lopes de Castro. Também participaram o presidente da Abigraf Nacional, Levi Ceregato, Francisco Veloso

Foto: Presidente do Sigep/Abigraf-PR, Edson Benvenho, apresentou o programa Capacite-se durante palestra máster. Crédito: Divulgação

(ABTG) e Fábio Gabriel (ABTG e ABIGRAFSP). O presidente do Sigep/Abigraf-PR, Edson Benvenho, foi um dos debatedores, junto com os presidentes da ABTG, Carlos Suriani, e das regionais Abigraf-SC, Evandro Volpato, e Abigraf-RS, Roque Noschang.

O palestrante Rodrigo Schoenacher ainda ponderou que para conseguir superar o cenário atual não basta ter um bom produto. “É necessário conhecer profundamente o potencial de mercado, de seus clienteschave e conseguir mostrar minimamente como é possível escalar e seguir operando a empresa de forma sustentável”. Segundo ele, usando metodologias comprovadas é possível construir um caminho consistente mesmo entre tantas incertezas. “Primeiro, você precisa saber validar o seu modelo de negócio e, depois, precisa ter certeza que vai conseguir atrair os clientes e a sustentabilidade financeira desejada”.

Schoenacher reforçou que os conceitos passados no evento têm o objetivo de ajudar os empresários da indústria gráfica a se reposicionarem e se aproximarem dos seus clientes para seguirem no caminho da sustentabilidade do negócio.

O presidente da ABTG avaliou a palestra como muito produtiva. “Cada negócio tem as suas particularidades. Nosso objetivo não foi trazer respostas, mas provocações e reflexões que levassem os participantes a terem insights que ajudem a superar a crise em tempos de desafios tão grandes”, afirmou Carlos Suriani.

O presidente do Sigep/Abigraf-PR, Edson Benvenho, disse que foi muito importante a palestra e a direção que o Rodrigo deu para os empresários. “O momento é de nos cercamos do máximo de informação possível para aplicarmos nas empresas e superarmos os impactos da pandemia. O Rodrigo com certeza nos ajudou nisso”.

Controle de Qualidade

O Programa Capacite-se começou oficialmente em 3 de setembro, com a palestra “Controle de qualidade da linha de produção”, comandada pela consultora Márcia Biaggio, que tem mais de 20 anos de experiência em gestão da qualidade e ambiental e mais de dez anos em segurança do trabalho.

O objetivo foi passar conteúdo para aprimorar os conhecimentos de como tornar mais eficiente cada etapa da produção e como melhorar os controles, aumentar a qualidade e o resultado final dos trabalhos. Além disso, o participante também aprendeu a eliminar os desperdícios de insumos, como evitar os retrabalhos e como implantar uma cultura pela busca da excelência gráfica.

A consultora abriu o encontro falando sobre o histórico do controle de qualidade, diferenciando os conceitos de controle de qualidade, sistema de qualidade, garantia de qualidade e processo. Depois, falou sobre inspeção de processo e produto e sobre as ferramentas para inspeção de processo e classificação de defeitos.

A palestra abordou ainda recursos para implantar um eficiente controle de qualidade em linha de produção e responsabilidade, postura e atuação no controle de qualidade, além de inspeção nos processos de fabricação e recebimento de serviços terceirizados.

Foto: O consultor Marcelo Copetti pontuou que gerenciamento de cores é ferramenta de gestão. Crédito: Divulgação

Gerenciamento de Cores

Em 7 de setembro, a palestra foi sobre “Gerenciamento de cores no processo produtivo”, com Marcelo Copetti, consultor e especialista em gerenciamento de cores e processos gráficos. Na apresentação do tema, Copetti fez questão de conceituar que gerenciamento passa por controle e quem tem controle evita o desperdício. “Desperdício é a ação ou efeito de não aproveitar da maneira como deveria ou despesa exagerada. O desperdício na indústria hoje é inaceitável e não podemos aceitar que ele esteja no nosso processo de produção. Por isso, trato o gerenciamento de cores como gestão e isso tem a ver com combate ao desperdício”.

Segundo ele, o gerenciamento deve ser feito em todas as etapas da linha de produção em uma gráfica, com a cor caminhando de forma constante por todas essas etapas. Para Copetti, a gráfica tem que entregar ao cliente aquilo que ele viu inicialmente em termos de cor. “Parece tão óbvio, mas isso acontece muito pouco na indústria. É claro que tem uma variação aceitável, pois a cor que o cliente vê no monitor não é a mesma na impressão, mas uma vez que se estabeleçam critérios para se atingir os resultados aceitáveis, tem que atingi-los”.

O consultor frisou que o gerenciamento de cores começa na pré-impressão, sendo, portanto, essencial cuidar da entrada dos dados no bureau, orientando o cliente para enviar corretamente esses dados. A partir disso, disse Copetti, o monitor passa a ser a referência para o resultado impresso. “Tudo passa pelo monitor. Mesmo que chegue de maneira física, vai ter que escanear e entrar no monitor. Se o monitor não estiver bem calibrado, vai haver erro, que será

propagado no restante do processo”.

Marcelo Copetti pontuou ainda a necessidade de atender o cliente em relação à prova de cores, em que muitos preferem ver a cor no papel que vai ser usado na impressão. Também listou atenção com a pré-impressão no CTP, geração de chapas térmicas ou convencionais, estabilidade do processo de produção, quantidade de água, uso ou não de álcool, densidade, teste de printabilidade, tintas secas ou úmidas, branqueador ótico, mediação da impressão e equipamentos de impressão.

O consultor abordou que o gerenciamento de cores acaba tendo impacto na lucratividade da empresa. “Existe uma infinidade de controles para se fazer na produção para que efetivamente consigamos controlar as cores e voltar a ter margem de lucros. Portanto, o gerenciamento de cores acaba sendo uma ferramenta de gestão”.

Produtividade no chão de Fábrica

“Produtividade no chão de fábrica” foi a palestra do dia 24 de setembro, proferida pela consultora Cristina Simões. O objetivo, segundo ela, foi de propor um conteúdo que ajudasse os participantes a pensarem a produtividade com um olhar na gestão de pessoas. “A empresa existe para satisfazer necessidades dos clientes e para ter resultados. Ela precisa de estrutura organizacional, recursos e processos para ser mais produtiva, mas tudo isso depende de pessoas para acontecer”.

Neste contexto, segundo Cristina, é crucial haver um ambiente de liderança para instigar a melhoria de produtividade, ou seja, é preciso haver bons líderes. Mas como saber se o líder é bom ou não? Qual seria o indicador de desempenho para avaliar essa liderança?

Foto: Produtividade com olhar na gestão de pessoas foi o conceito da palestra da consultora Cristina Simões. Crédito: Divulgação

é avaliar se o líder entrega resultado ou entrega tarefa. “Há uma pesquisa do autor Ram Charam atestando que 70% das estratégias pensadas pelas lideranças fracassam por falta de eficiência em sua execução. Não é porque a estratégia é ruim, é porque falta eficiência na hora de executá-la”.

Cabe à liderança também entender o valor das pessoas e o comprometimento delas com os resultados. Para Cristina, se há colaboradores que só criam problemas e não têm o foco na entrega de resultados, vai ser difícil ter um ambiente de melhoria de produtividade constante.

Outro fator primordial é o entendimento de que vários componentes formam o conceito de produtividade. “Produtividade é uma fórmula com vários componentes. É produzir mais com menos custo, no menor prazo possível, com mais qualidade e com menos esforço. Tudo isso tem que ser feito gerando valor na cadeia produtiva. Traduzindo em miúdos, produtividade no chão de fábrica é o fazer mais com menos e não mais do mesmo. E para fazer mais com menos, a empresa precisa ter estrutura, recursos e processos bem desenvolvidos”.

Para finalizar, a palestrante destacou a necessidade de a liderança saber lidar com os liderados no que se refere a elogiar ou corrigir um mau desempenho. Para isso, ela expôs a importância de se aprender a dar bons feedbacks, tanto positivos quanto negativos. “A força do feedback positivo reconhece bons desempenhos, consolida atitudes produtivas, valoriza e eleva o moral, motiva e mobiliza a equipe. O feedback corretivo corrige maus desempenhos, alinha expectativas e objetivos, aumenta a confiança, compartilha soluções, capacita e desenvolve o conhecimento”.

Programa tem palestras e cursos

Depois de acompanhar as palestras gratuitas, os participantes do Programa Capacite-se podem aprofundar os temas apresentados com cursos online de três dias. O primeiro deles foi “Qualificação para gestores da produção gráfica em qualidade”, realizado em 15, 16 e 17 de setembro, e ministrado pela professora Márcia Biaggio. Nestes cursos, o participante define o valor no momento da sua inscrição, a partir de R$ 15,00, e ganha certificado de participação na conclusão.

Márcia abriu o curso dizendo que o objetivo era evitar vícios nos processos que vão se atropelando e prejudicam a entrega de um produto de qualidade ao cliente.

Para ela, com as informações passadas no curso, as empresas podem transformar em gestores os colaboradores que hoje são bons em operação. “O enredo de quem está na linha de frente não é só ser produtivo. Qualidade e produtividade têm que andar juntas, e, para isso, é preciso pensar na eficiência dos processos e das pessoas envolvidas”.

Durante os três dias, Márcia abordou ainda os tópicos Gestor na linha de frente; Organização da fábrica; Organização propriamente dita; A disciplina interna; Gestão de processo; Cadeia cliente /fornecedor interno; Padrão de qualidade; Principais ferramentas de gestão; Procedimentos na gestão de processo; Planejamento; Controle da Produção/ Estoque; Algumas técnicas de manufatura e solução de problemas; Indicadores Gerenciais; O trinômio "Medir - Melhorar - Gerenciar", entre outros.

Veja cronograma completo do Programa Capacite-se

•Palestra 03/09 Controle de qualidade na linha de produção

•Curso 15, 16 e 17/09 Qualificação para gestores da produção gráfica em qualidade -Com Márcia Biaggio

•Palestra 17/09 Gerenciamento de cores no processo produtivo •Curso 6, 7 e 8/10 Gerenciamento de cores na préimpressão e impressão. Padronizando as variáveis do processo. - Com Marcelo Copetti

•Palestra 24/09 Produtividade no chão de fábrica

•Curso 13, 14 e 15/10 Formação de líderes de produção. Sim, é possível! - Com Cristina Simões.

•Palestra 15/10 Alta performance em vendas gráficas

•Curso 4, 5 e 6/10 Diferenciais competitivos dos campeões de vendas na indústria gráfica - Com Marcos Biaggio

•Palestra 22/10 O papel do PCP no processo produtivo

•Curso 10, 11 e 12/11 PCP na integração dos departamentos para melhores resultados produtivos - Com Marcelo Ferreira

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