Bem Estar Zona Sul junho 2010

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Jornal de Coleção • Ano 2 • Nº 21 • JUNHO 2010 • 10.000 Exemp. • Tel. (51) 3268.4984 • distribuição Gratuita

INFÂNCIA

A importância do café da manhã para o crescimento saudável

ecologia

Cartas de amor são ridículas? “Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.

Se não pode colocar no lixo, o que fazer com as pilhas?

GENGIBRE

Também escrevi em meu tempo cartas de amor, como as outras, ridículas. As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas. Quem me dera o tempo em que escrevia, sem me dar por isso, cartas de amor, ridículas.

Afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor, é que são ridículas.” Álvaro de Campos - Fernando Pessoa

Conheça os benefícios dessa raíz tropical

Expressões livres de nossos sentimentos, as cartas de amor entram na era eletrônica como uma incógnita. Poderão guardar suas magias rituais nos novos meios de comunicação?


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Paradoxo do nosso tempo Dirigimos excessivamente rápido, ficamos acordados até tarde, assistimos TV demais. Precisamos lembrar de passar tempo com as pessoas que amamos, pois elas não estarão aqui para sempre...

George Carlin

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ós falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente. Bebemos muito, gastamos sem critérios. Dirigimos excessivamente rápido, ficamos acordados até mais tarde, acordamos cansados. Lemos muito pouco, assistimos TV em demasia, perdemos muito tempo em relações virtuais, mas raramente estamos com quem amamos.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver. Adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos. Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço sideral, mas não o nosso próprio espaço interior.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores. Além de não limparmos o ar, poluímos a alma; dominamos o átomo, mas não nosso preconceito; nos informamos mais, mas aprendemos menos; planejamos muito, mas realizamos pouco. Nos acostumamos a nos apressar e não a esperar. Construímos mais computadores para armazenar mais informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos comunicamos cada vez menos. Estamos na era do ‘fast-food’ e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias. Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados. Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartá-

veis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas ‘mágicas’. Um tempo de muita coisa na vitrine e muito pouco na cabeça. Então, dê a volta por cima, esquive-se da mediocridade. Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas não estarão aqui para sempre. Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo, pois não lhe custa um centavo sequer. Não se esqueça de dizer ‘eu te amo’ à sua companheira(o) e às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, ame-se. Um beijo e um abraço, quando vêm de lá de dentro, curam a dor. Por isso, valorize sua família, seus amigos, a pessoa que te ama, e aquelas que estão sempre ao seu lado. Faça da vida uma experiência divina e não um objeto de consumo.

ando raço, qu b a m u ijo e ram a “Um be ntro, cu e d e d lá família, vêm de rize sua lo a v , o ma, e iss que te a dor. Por a o s s e eu igos, a p pre ao s m e s o seus am ã t que es eriência aquelas ma exp u a id v sumo”. ça da o de con t lado. Fa je b o não um divina e


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Guia Saúde

Chimarrão do Bem

Pesquisa diz que chimarrão pode reduzir taxa de colesterol e de triglicerídios.

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esquisadores do Centro Universitário Feevale, de Novo Hamburgo, atestaram que o mate, além de estimulante, faz bem ao coração. O trabalho, desenvolvido pela biomédica Rejane Giacomelli Tavares, aponta que o uso de cem gramas de erva-mate por dia pode causar a diminuição de 29% nos níveis do colesterol e de 62% nos triglicerídios. Sabe-se que quanto mais altos esses níveis, maior o risco de doenças cardíacas. Nas palavras da pesquisadora Rejane Giacomelli, “Sabíamos que, quimicamente, a erva-mate é muito parecida com o chá verde, que tem esses efeitos de diminuição. E queríamos saber se a erva-mate também tinha. Afinal, por terem uma semelhança química, elas poderiam mesmo ter essa relação”. Ela considera a cultura gaúcha como um sinal de que a erva-mate funciona. “O gaúcho, mesmo com o hábito da carne gorda do churrasco, não tem o índice tão alto de triglicerídios. Pode ter aí a influência do chimarrão”, disse. A pesquisadora alerta que para quem tem uma dieta normal o efeito pode não ser tão marcante. Ele foi feito direcionado a uma dieta específica. A eficácia também pode não ser a mesma para pacientes com altos índices de colesterol por disfunção genética e com uso controlado de medicação. O estudo foi feito em ratos de laboratório. Durante um período de 30 dias, uma parte das cobaias consumiu uma dieta rica em gordura, açúcar e carboidrato, na base do chocolate, amendoim, bolacha e leite integral, misturada na ração padrão deles, enquan-

No frio, a Hora de Aproveitar Vinho tinto e chocolate amargo são anticancerígenos. E no frio são melhores de serem consumidos.

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to um segundo grupo seguia sua alimentação normal. Passados os 30 dias, os animais começaram a receber um extrato, via oral, semelhante ao chimarrão dos gaúchos, com erva-mate e água a uma temperatura de 70°C a 75°C. Os animais foram tratados com extrato por 18 dias e em seguida tiveram as taxas de colesterol e triglicerídios medidas. Quando chegou o resultado, os pesquisadores fizeram a constatação: os indicadores haviam diminuído.

vinho tinto e o chocolate amargo são remédios poderosos contra o câncer, segundo estudo apresentado por especialistas em uma conferência na Califórnia. “Estamos classificando os alimentos segundo suas qualidades como anticancerígenos”, disse William Li, titular da Fundação Angiogenesis, sediada em Massachusetts. “O que comemos é realmente nossa quimioterapia três vezes por dia”, acrescentou. Os pesquisadores compararam alguns alimentos com medicamentos utilizados em tratamentos contra o câncer e descobriram que a soja, a salsa, as uvas tintas, morangos, framboesas e outros alimentos são tão ou mais potentes para combater um tumor. Consumidos juntos, esses alimentos resultaram ainda mais poderosos no combate às células cancerosas, segundo o estudo. “Descobrimos que a Mãe Natu-

reza criou uma grande quantidade de alimentos com propriedades antiangiogênicas”, enfatizou Li, referindo-se à capacidade destes alimentos de reduzir a multiplicação de células malignas. Mas sempre a ressalva necessária: o importante é a dose. Os efeitos saudáveis dizem respeito a pequenas porções diárias, tanto do vinho quanto do chocolate. Litros e barras inteiras não ampliarão os efeitos benéficos, muito pelo contrário. Tudo com moderação, certo?


Fitoterapia

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GENGIBRE

Uma raiz maravilhosa para tratar de forma natural várias doenças do aparelho digestivo. Jordi Cebrián

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onhecido como uma especiaria e condimento de cozinha, o gengibre (Zingiber officinale) é originário da Ásia, e é cultivado hoje em quase todas as regiões tropicais. É uma das plantas medicinais mais utilizadas em todo o mundo. Em Europa medieval lhe foram atribuídas muitas propriedades curativas e acreditava-se que procedia do Jardim do Éden. O gengibre é uma planta perene que pode atingir 60 cm de altura. Do gengibre aproveita-se seu rizoma fresco – de sabor picante e aroma agradável - que, quando convertido em pó é também usado como tempero na preparação de bolos e biscoitos, nas frutas cozidas e em conserva. É tam-

bém um ingrediente essencial do curry, que também é utilizado para temperar ensopado e outros pratos com carne, típico da culinária indú.

MUITAS PROPRIEDADES Junto com seu óleo essencial, composto por zingiberina e outras substâncias em proporções menores, o gengibre contém, também, oleoresinas: pectinas, amidos, açúcares, ceras e sais minerais. O gengibre destaca-se como eficaz antiinflamatório e ótimo estimulante circulatório. Mas o que lhe deu mais popularidade foi a sua eficácia no tratamento de distúrbios digestivos, nas náuseas, indigestões e gases, cólicas e enjoos causados ao viajar. É, portanto, uma planta carminativa eficaz que estimula o apetite e ativa os processos digestivos. Seu uso é indicado mesmo em casos de úlcera gástrica e dores de estômago. Para preparar uma infusão é preciso uma colher da raiz por cada xícara de água

e deixar ferver de três a cinco minutos. Deve se beber três vezes ao longo do dia. O gengibre também é eficaz para tratar e prevenir várias doenças respiratórias como gripes e resfriados. Demonstrou-se sua eficácia para eliminar a tosse, aumentar a transpiração e baixar a temperatura corporal. Para aliviar o muco do peito, são de grande ajuda os cataplasmas preparados pela mistura de duas colheres de sementes de linhaça com uma de gengibre picado. Ambos ingredientes devem ferver-se em meio copo de leite até obter uma massa grossa, que deve ser derramada sobre uma gaze. Deve ser envolvido num pano e aplicado bem quente sobre o peito. Como estimulante circulatório o gengibre é ideal para corrigir a má circulação nas mãos e pés e combater a pele rachada. Além disso, ao melhorar a circulação, ele indiretamente também ajuda a reduzir a pressão arterial. Em tais casos uma boa medida é tomar banho de água quente preparado a partir da fervura durante cinco minutos de uma colher de gengibre, triturado ou em pó. Devem-se submergir alternativa-

O gengibre é uma planta carminativa eficaz que estimula o apetite e ativa os processos digestivos. Seu uso é indicado mesmo em casos de úlcera gástrica e dores de estômago. mente as mãos e os cotovelos em intervalos de cinco minutos, enquanto a água fica morna. É preferível realizar o processo com o estômago vazio.


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Fique Alerta

Sua saúde merece cuidado Notícias para ler e repassar

Alimentos Perigosos

Mais perigo

Alimentos industrializados e pré preparados ganham mercado, mas fazem muito mal.

nos refrigerantes

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em aumentando no Brasil o número de jovens, adultos separados ou viúvos e idosos que moram sozinhos. Por isso, a tradicional e sadia comida caseira brasileira, elaborada diariamente, vem aos poucos sendo substituída por alimentos industrializados pré-preparados, facilmente encontrado em super mercados. Os professores Carlos Augusto Monteiro, titular de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP, e Inês Rugani Ribeiro de Castro, do Instituto de Nutrição da UERJ, assinalam em artigo publicado na revista “Ciência e Cultura” ser imprescindível a regulamentação da publicidade desses alimentos, a exemplo do que já ocorre com bebida e tabaco. Explicam que tem sido observado um crescimento significativo do consumo de alimentos prontos ou quase prontos no Brasil. São alimentos de baixo valor nutricional, contendo óleos, gorduras, farinhas, amido, açúcar e sal, acrescidos de aditivos alimentares como conservantes (para o alimento durar mais tempo), estabilizantes (para manter a aparência do pro-

duto), flavorizantes (que realça cheiro e sabor do alimento) e corantes, que têm por função tornar o alimento o mais parecido possível com o produto recém-preparado. Esses alimentos tendem a apresentar excesso de gordura, açúcar e sal, como foi comprovado pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) na composição de 30 alimentos industrializados, entre eles bolinhos e salgadinhos, amplamente consumidos pela população e particularmente por crianças e adolescentes. Uma opção saudável de alimentação, segundo os nutricionistas, depende de políticas fiscais e de abastecimento que aumentem o acesso da população a alimentos frescos e de leis que diminuam a exposição das pessoas ao marketing de alimentos industrializados prontos para o consumo. Alô, alô, algum deputado que ganha zilhões e na sabe o que fazer na Câmara, que tal propor uma lei para esta regulamentação? Ou isto contraria doações para sua campanha?

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A popular bebida agora é associada a risco de câncer de pâncreas.

omar duas ou mais latas de refrigerante com açúcar por semana aumenta em 87% o risco de câncer no pâncreas, sugere estudo feito com mais 60 mil pessoas, em Cingapura, publicado na última edição da revista “Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention”. Os pesquisadores acompanharam o grupo durante 14 anos. Nesse período, 140 voluntários desenvolveram câncer no pâncreas. O estudo não aponta, entretanto, a relação causal exata entre o consumo da bebida e o aparecimento do câncer. De acordo com Mark Pereira, coordenador do estudo da Universidade de Minnesota, uma das hipóteses é que a quantidade de açúcar dessas bebidas aumente os níveis de insulina no sangue e poderia contribuir

para o crescimento das células cancerosas no pâncreas. O que se considera atualmente é que as causas mais conhecidas de câncer no pâncreas são o histórico familiar da doença, casos de pancreatite hereditária, tabagismo e diabetes. A obesidade parece ter influência, mas ainda não há nada comprovado. O câncer de pâncreas é considerado um dos mais agressivos do sistema digestivo. O diagnóstico geralmente é tardio e a taxa de sobrevida de cinco anos para os pacientes é de 5%. Apesar do estudo não ser conclusivo, do ponto de vista científico, ele vem se juntar a diversos outros estudos que apontam os refrigerantes como nocivos à saúde, especialmente se tomados habitualmente.


Educação Alimentar

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O café da manhã infantil A primeira refeição do dia tem importância estratégica na alimentação das crianças. Quando equilibrado e nutritivo, ele pode abrir as portas para um crescimento saudável.

AS MELHORES FONTES DE GORDURAS


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Educação Alimentar

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Boas Notícias Workshop Diagnóstico Mais Varejo No dia 23 de junho (quarta-feira), às 19h30min, na Sociedade de Engenharia (Pedra Redonda), o SEBRAE irá apresentar Workshop do Diagnóstico Mais Varejo. Na ocasião, serão apresentados vídeos, imagens e análises qualitativas de diversos aspectos do ambiente interno e externo do comércio do Bairro Tristeza, tais como segurança, higiene, fachadas das lojas, atendimento, estacionamento, sinalização, etc. Também será apresentado um vídeo com entrevistas realizadas com consumidores, retratando o índice de satisfação dos mesmos com relação ao comércio local.

Contamos com a presença de todos nesta grande oportunidade de análise criteriosa dos pontos fortes e pontos de atenção do comércio do Bairro Tristeza, para que juntos possamos implementar, na sequência, ações estratégicas de real impacto nos negócios e no ambiente. O evento é gratuito e aberto a todas as empresas, entidades, organizações e representações públicas e privadas ligadas ao comércio. Informamos que, como forma de melhor recebê-los, estaremos oferecendo um pequeno coquetel no local de realização do evento a partir das 19h15min.

REABILITANDO A CALMA Palestra 27 de Junho às 19h O coordenador da Brahma Kumaris na América do Sul, Ken O’Donnel, ministrará a palestra Reabilitando a Calma no dia 27 de Junho às 19h na Associação Atlética do Banco do Brasil, na Av.Coronel Marcos, 1000, Ipanema-Porto Alegre. Ken O`Donnell é o autor de 13 livros em

desenvolvimento pessoal e organizacional publicado em 9 idiomas com vendas de mais de 400.000, entre os quais: A Alma no Negócio, Raízes da Transformação, A Última Fronteira, Lições Para Uma Vida Plena, A Paz Começa Com Você, entre outros. Maiores informações pelo telefone (51) 3388.1244.

Dimensões Espirituais da Cura Palestra 7 de julho as 19h30 O Dr. Prashant V. Kakode, diretor do Centro de Saúde Integral em Cambridge, apresentará a palestra Dimensões Espirituais da Cura no próximo dia 7 de julho as 19h30 na sede da Brahma Kumaris. Kakode possui formação em medicina com especialização nas áreas

de Cirurgia e Otorrino e coordena as atividades da Organização Brahma Kumaris em Cambridge, Reino Unido. A Brahma Kumaris em Porto Alegre fica na Rua Ferreira Viana, 812, Petrópolis. Maiores informações pelo telefone (51) 3388.1244 – porto.alegre@br.bkwsu.org www.bkwsu.org/brasil

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Matéria

Cartas de amor são ridículas? Expressões livres de nossos sentimentos, as cartas de amor entram na era eletrônica como uma incógnita. Poderão guardar suas magias rituais nos novos meios de comunicação? Ralph Viana

“C

arta de Amor” talvez seja o gênero literário mais comum em todo o mundo, em todos os tempos. Neste estilo, todos são escritores. Conhecemos correspondências reveladoras de personalidades distantes no tempo e espaço. Dos pergaminhos enviados por Cleópatra à Marco Antonio às apaixonadas missivas de D. Pedro I à dona Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, são incontáveis as cartas amorosas de personagens históricos publicadas ao longo da história. Mas também na história pessoal de cada um de nós, temos todos nossas lânguidas e melosas “cartas ridículas” - composições escritas de nossas paixões, amores, esperanças e desilusões. Publicáveis (publicadas) ou não, fazem parte do trajeto amoroso que tivemos.

VALE MAIS DO QUE ESTÁ ESCRITO A chegada da internet, para alguns, recupera o hábito de expressar sentimentos pela forma escrita. E-mails instantâneos percorrem distâncias máximas conectando corações em átimos de segundos. Para outros, esta é uma nova expressão, que apesar de ter a função das cartas, não substitui sua antiga magia. O certo é que o ritual das cartas revestia-se de passagens sutis e delicadas que são difíceis de serem absorvidas por qualquer tecnologia. Afinal, nas cartas de amor, tudo começava com a atenta busca do papel, quase sempre fino e delicado, que vinha em blocos muitas vezes classificados como de “Via Aérea”, por serem mais leves e, portanto, mais baratos para o envio. Mas o que inte-

ressava não era o peso, mas a “afinação” do meio com a mensagem que seria escrita nele. Cartas de amor normalmente eram escritas à mão. A caligrafia ou caprichada ou nervosa, conforme a ocasião. A forma da letra dizia, assim como seus adendos. Isto porque as cartas podiam conter poesias, fotos coladas, desenhos, folhas secas, lembranças de encontros. Eventualmente perfumes e lábios impressos com batons carmins. Os sentimentos extravasavam o conteúdo, adornavam as palavras com cores e tremores. Lia-se e relia-se antes de colocála no envelope, que seria também cuidadosamente subscrito. Estrelinhas encimavam o nome do destinatário, feitas para serem lidas nas entrelinhas da primeira olhada - era o amor chegando! E a dimensão oculta e perdurante do

tempo? Enviava-se a carta, havia todo o tempo para viajar, chegar, ser lida, respondida, traçar todo o caminho de volta e ser entregue a você, que enviou e esperou, esperou, tentando ler na demora sinais de amor ou, eventualmente, desinteresse. “Porque demoraste tanto para me responder” - perguntavam frequentemente corações angustiados. Quanta coisa fazia parte desta literatura...

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Capa

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Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, como as outras, ridículas. As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas. Quem me dera o tempo em que escrevia, sem me dar por isso, cartas de amor, ridículas. Afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor, é que são ridículas.

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Do poema “Todas as Cartas de Amor São” Álvaro de Campos - Fernando Pessoa

ESTILO SEM ESTILO Grandes escritores e personagens “entregavam” seus aspectos mais íntimos nos papéis finos. Muitas vezes infantis, descontrolados, frágeis, tontos, quase sempre bem diferentes de suas imagens públicas. Como se houvesse um armistício: nas cartas pode-se relaxar da pose, do estilo, da imagem narcísica. O sentimento é o que vale. Qualquer que seja, “meu bébé”,

como escrevia Fernando Pessoa. A intimidade dos quartos fechados, vividos ou imaginados, entrava também nos fechados envelopes. E ai de quem os abrisse, não havia pecado capital mais imperdoável do que esse! Faziam parte deste universo também as caixas onde eram guardadas as cartas. Isto também os meios eletrônicos não poderão substituir. Pequenos baús da felicidade ou de sofrimentos, caixas de papelão cobertas com papel decorado, pastas indevassáveis

guardadas em fundos de armário. Ali estava um pouco do coração dos outros e também do seu, que de vez em quando eram reabertos para brotarem emoções ou feridas, lembranças e saudades. Atravessavam uma vida inteira junto com seu dono ou dona, resistindo a inúmeras mudanças de endereços e de amores. Afinal, as cartas eram tesouros, independentemente de quem as havia remetido. Ali estavam registradas

a

“As cartas de amor ridículas seguirão pelos novos caminhos da Grande Rede? Continuarão a habitar sacolas de carteiros antes de chegarem a seus ansiosos destinatários? Serão tecladas ou escritas em papéis finos e delicados? Guardadas em lindas caixas de papelão ou no item “caixa de entrada” do outlook express?”


Bem Estar • Nº 21• Junho 2010 • 10 muitas joias - verdadeiras ou falsas - de sua história. Iriam com cada um até o final. A fugacidade do instantâneo não compreende esta lógica. Cartas de amor ridículas seguirão pelos novos caminhos da Grande Rede? Continuarão a habitar sacolas de carteiros antes de chegarem a seus ansiosos destinatários? Serão tecladas ou escritas em papéis finos e delicados? Guardadas em lindas caixas de papelão ou no item “caixa de entrada” do servidor de e-mails? Impossível qualquer previsão. Em qualquer formato, transportadas em qualquer meio, só uma coisa parece que continuará certa: “Só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor, é que são ridículas.”

“As cartas de amor eram tesouros, independentemente de quem as havia remetido. Ali estavam registradas muitas joias - verdadeiras ou falsas - de sua história.”

MEU AMOR...

De: Fernando Para: Ophélia “Meu amorzinho, meu Bébé querido: São cerca de quatro horas da madrugada e acabo, apesar de ter todo o corpo dolorido e a pedir repouso, de desistir definitivamente de dormir. Há três noites que isto me acontece, mas a noite de hoje, então, foi das mais horríveis que tenho passado em minha vida. Felizmente para ti, amorzinho, não podes imaginar. (...) Não imaginas as saudades doidas, as saudades constantes que de ti tenho tido. Cada vez a tua ausência, ainda que seja só de um dia para o outro, me abate; quanto mais havia eu de sentir o não te ver, meu amor há quase três dias! Diz-me uma cousa, amorzinho: Porque é que te mostras tão abatida e tão profundamente triste na tua segunda carta - a que mandaste ontem pelo Osorio? Compreendo que estivesses também com saudades; mas tu mostras-te de um nervosismo, de uma tristeza, de um abatimento tães, que me doeu imenso ler a tua cartinha e ver o que sofrias. O que te aconteceu, amor, além de estarmos separados? Houve qualquer coisa pior que te acontecesse? Porque falas num tom tão desespera-

A seguir uma coleção de fragmentos de cartas de amor de pessoas famosas. A escolha poderia continuar quase que indefinidamente. Também inclui algumas de “pessoas anônimas” dentre as quais também me incluo. Leiam as ridículas cartas de amor a seguir. Você também seria capaz de escrevê-las.

do do meu amor, como que duvidando dele, quando não tens para isso razão nenhuma? (...) Ai, meu amor, meu Bébé, minha bonequinha, quem te tivesse aqui! Muitos, muitos, muitos, muitos, muitos beijos do teu, sempre teu Fernando.” “Quero que sintas isto, que saibas que eu sinto e penso assim a este respeito, para não me achares seco, frio, indiferente. Eu não o sou, meu Bébé-menininha, minha almofadinha cor-de-rosa, para pregar beijos (que grande disparate!). Mando um meiguinho chinez. Amanhã passo à mesma hora no Largo de Camões. Poderás tu aparecer à janela? E adeus até amanhã, meu anjo. Um quarteirão de milhares de beijos do teu, sempre teu, Fernando.” Lisboa, 1920, cartas de Fernando Pessoa à Ophélia Queiroz

De Lizt para Madame D’agolult “... O amor não é a justiça. O amor não é o dever, não é tampouco o prazer; e contudo contém misteriosamente todas essas coisas. Há mil formas de sentí-Io, mil modos de praticá-Io, mas para aqueles cuja alma tem sede de absoluto e de infinito, há um só, eterno, sem princípio nem fim. Se se manifesta em alguma parte do mundo, é, antes de tudo, como a demonstração de uma nobre confiança de um para o outro; é a invencível convicção de nossa natureza espiritual, inacessível a toda aflição, impenetrável a tudo quanto não seja ele. Assim é que não discutamos sobre as palavras (nem tampouco sobre as coisas); não devemos regatear; nem tampouco medir se o amor está ainda no fundo de nossos corações. Tudo já foi dito. Se já desapareceu, não nos resta mais nada para dizer (...). Um mundo de pensamentos me agita. Poderei falar-lhe? Não sei, mas poderão seduzí-Io ainda as minhas palavras? Adeus. Não estou desesperado.” Londres, 1840. Carta do músico Franz Lizt a Madame d’Agolult, o grande amor da vida dele. Ela dedicou toda a vida a Liszt e aceitou seus muitos outros amores temporários.


11 • Nº 21• Junho 2010 • Bem Estar

De Werther para Carlota

“... Aproximo-me da janela querida; vejo ainda, através das nuvens tempestuosas que correm vertiginosamente, algumas estrelas dispersas na imensidão do céu! Não, não caireis! Segura-vos o Eterno ao seu coração, como a mim próprio. Vejo a Ursa Maior, a mais famosa das constelações. À noite, quando me despedia de ti, Carlota, quando saia de tua casa, era ela quem brilhava no céu.(...) De resto, o que haverá que não me obrigue a recordar-te/ Não estarás tu em tudo o que me rodeia? Não juntei eu insaciavelmente, como se fora uma criança, mil objetos insignificantes, em que tu, minha santa, tinhas tocado? (...) Termino, Carlota! Empunho com mão firme o cálice horrível e frio onde hei de beber a embriaguês da morte! És tudo que me ofereces... Não vacilo... (...) Eu quero, Carlota, ser enterrado com o fato que viste neste momento. Tocaste-lhe... Ficou sagrado... Que ninguém toque nos bolsos! Está dentro de um deles aquele laço de fita cor de rosa que tu trazias ao peito quando te vi pela primeira vez (...). Este laço deve ser enterrado comigo! Mandas-te-me de presente no dia dos meus anos! Como eu guardei avidamente tudo isso! Oh! Nunca pensei chegar a isso! (...)

Matéria Estão carregados... é meia-noite... assim seja... Carlota. Carlota! Adeus! Adeus!...” Do romance “Werther”, de Goethe. Leipzig, 1774. Carta do personagem Werther à sua amada Carlota, pouco antes de matar-se com um tiro de pistola.

De: Khalil Para: Mary “Tive um longo descanso no campo com alguns amigos - um homem rico, com um grande coração, e uma mulher cuja alma era tão linda quanto o seu rosto. Ambos gostam de poesia e de poetas. (...) E, agora, enquanto estou com a saúde perfeita, tanto do ponto de vista físico quanto mental, desejo dizer que os poucos quadros e desenhos, atualmente em seu poder, são todos seus. Tens o direito de fazer deles o que bem entender.

“... O amor não é a justiça. O amor não é o dever, não é tampouco o prazer; e contudo contém misteriosamente todas essas coisas...”

de

Capa

A declaração acima, querida Mary não está bem redigida, mas exprime meus desejos e sentimentos. Espero viver muito e conseguir fazer algumas coisas que mereçam ser dadas a você, que tanto me está proporcionando. Espero ansiosamente pelo dia em que eu possa dizer: ‘Tornei-me um artista por intermédio de Mary Haskell.’” É quase meia-noite. (...) O silêncio é profundo. Boa noite, querida Mary. Um milhão de boas noites, de Khalil.”

então! Só de pensar fico tonta. (...) Há luar agora e eu estou planejando a orgia mais assombrosa de nossa vida. A imaginação faz estragos dentro de mim. (...) Você é meu tesouro precioso, minha alegria, o êxtase de minha vida. Espero por você cheia de amor e paixão. Venha. Mamãe.” Estados Unidos, década de 20. Carta de Emma Goldman a Ben Reitman. Emma assinava Mamãe.

Paris, 1908. Carta de Khalil Gibran para Mary Haskell. Sua correspondência amorosa foi descoberta após a morte do poeta, em 1931. Mariana, irmã de Gibran, era a única que conhecia o amor de Khalil e Mary.

De:Emma(Mamãe) Para: Ben Reitman

“Despeje a sua preciosa essência de vida dentro da mim; deixe-me esquecer que eu não tenho nem lar nem país. Se tenho você, tenho o mundo. Que desejar?... Se ao menos pudesse me enrolar ao redor desse corpo, se ao menos pudesse beber da fonte da vida. Querido amado, meu bem, aguente o desejo mais quatro dias apenas, e então, e

De Justine para Cristiano “Como estrangeiro é o que eu amo? Como o que eu amo um dia me foi estrangeiro? Como você me parece longe, universo misterioso, onde eu acreditei gostar menos de você que de mim mesma? Eu te avistei rindo no meio dessa massa, eu sei da delicadeza de tuas carícias, eu estou com você nesse caminho, do meu amor você não vai se perder. Não devemos temer a solidão. Mesmo quando são reis, os namorados são sozinhos no mundo. E é graças a

a


Matéria este esplêndido isolamento que podem trazer versos como se oferecem rosas. Me dá um beijo. Me dá um beijo agora. Se você parasse de me dar um beijo me parece que morreria sufocada.”

De Rilke para Lou

Paris, 1985. Carta da francesa Justine para Cristiano, seu namorado brasileiro.

de

Capa

Bem Estar • Nº 21• Junho 2010 • 12

passado distante, antes que casamento entre irmão e irmã se tornasse sacrilégio.” Hainberg, 1937. Lou Salomé a Rainer Maria Rilke. Lou e Rilke foram amigos e amantes entre 1897 e 1901. Corresponderam-se enquanto Rilke esteve vivo.

De:

Lou

De Friedrich para Lou “Pensei muito em você e com você partilhei, mentalmente, muitos momentos importantes, felizes e emocionantes, que vivi como se estivesse em companhia dos meus amigos. Se você pudesse saber como isso parece estranho a um ermitão! Tive, muitas vezes, vontade de rir de mim mesmo!... E como me sinto feliz agora, Lou, minha amiga querida, de poder pensar que, em relação a nós, tudo começa e, não obstante, tudo está claro. Acredito em mim! Acreditamos um no outro.” Tautenburg, 1883. Carta do filósofo alemão Friedrich Nietzsche a Lou Andréas Salomé. Ele se conheceram em 1882 e Nietzsche viu em Lou uma possibilidade de amor. Frustrou-se.

“Fui sua mulher durante anos porque você foi a primeira realidade, onde homem e corpo são indiscerníveis da própria vida. Eu poderia dizer literalmente aquilo que você me disse quando confessou o seu amor: Só você é real! Foi assim que nos tornamos marido e mulher, antes mesmo de nos tornarmos amigos, não por escolha, mas por esse casamento insondável. Não eram duas metades que se buscam. Trêmula, nossa unidade, surpresa, reconhecia uma unidade pré-ordenada. Éramos irmão e irmã, mas como nosso

perdido o seu aspecto nebuloso, tão típico em meus primeiros pobres versos, que depois de fluir se dissolviam. As coisas adquiriam relevo. Aprendi a distinguir os animais e as flores. Lentamente, com dificuldade, aprendi como tudo é simples. Cheguei à maturidade e aprendi a dizer coisas simples. Tudo isso aconteceu porque tive a sorte de a encontrar num momento em que corria o perigo de me perder na ausência de formas.”

Para:

Munique, década de 20. Carta de Rainer Maria Rilke a Lou Salomé. Em 1920 eles encerraram definitivamente seu ciclo de relações. Rilke morreu na Suíça em 1926, e até o fim se correspondeu com Lou.

Rilke “... O processo de transformação que corria em mim, numa centena de lugares ao mesmo tempo, emanava da grande realidade de seu ser. Nunca, antes, em minha hesitação tateante, eu tinha sentido tão fortemente a vida, acreditado no presente e reconhecido no futuro. Você é o oposto de todas as dúvidas, e tudo que toca, tudo que vê, existe. O mundo tinha

De: Rosa Para: Leo “Não, não posso trabalhar mais. Não consigo parar de pensar em você. Preciso escrever-lhe. Amado caríssimo, você não está ao meu lado, mas todo o meu ser está pleno de você. Pode parecer-lhe estranho, até mesmo ridículo, que eu esteja escrevendo esta carta. Afinal, estamos a dez passos um do outro e nos vemos três vezes por dia, de qualquer modo, sou somente sua mulher. Por que, então, este romantismo, escrever no meio da noite ao próprio marido? Oh,

“Fui sua mulher durante anos porque você foi a primeira realidade, onde homem e corpo são indiscerníveis da própria vida. Eu poderia dizer literalmente aquilo que você me disse quando confessou o seu amor: Só você é real! Foi assim que nos tornamos marido e mulher, antes mesmo de nos tornarmos amigos, não por escolha, mas por esse casamento insondável.”

Ideias Fortes Polêmicas . instigantes . curiosas

Ser & Deus

Contra o amor uma polêmica

I

Tanto Deus quanto Ser são palavras que não conseguem definir nem explicar a realidade por trás delas.

Laura Kipnis

magine alguém dizer hoje que é contra o amor. É considerado um herege. As propagandas, as novelas, os filmes, os conselhos dos parentes, tudo contribui para promover os benefícios do amor. Deixar de amar significa não alcançar o que é mais essencialmente humano. O casamento é envolto pelo mesmo tipo de cobrança. E, quando cai por terra a expectativa do romance e da atração sexual eternos, surge a pergunta: “O que há de errado comigo?”. O diagnóstico dos terapeutas é “inabilidade para se relacionar” ou “imaturidade”. Não é à toa que as pessoas consomem cada vez mais antidepressivos. A questão que eu coloco é: talvez o problema não seja do indivíduo, mas da incapacidade do casamento em cumprir as promessas de felicidade.

O casamento muitas vezes transforma pessoas agradáveis em tiranos domésticos. Criticar os hábitos do parceiro torna-se a conversa-padrão do casal e a diversão favorita passa a ser modificar o comportamento do cônjuge. A ideia de que o amor leva à felicidade é uma invenção moderna. A gente aprende a acreditar que o amor deve durar para sempre e que o casamento é o melhor lugar para exercê-lo. No passado não havia tanto otimismo quanto à longevidade da paixão. Romeu e Julieta não é uma história feliz, é uma tragédia. O mito do amor romântico que leva ao casamento e à felicidade é uma invenção do fim do século XVIII. Nas últimas décadas, a expectativa quanto ao casamento como o caminho para a realização pessoal cresceu muito. A decepção e a insatisfação cresceram junto.

Eckhart Tolle

A

palavra Deus tornou-se vazia de significado ao longo de milhares de anos de utilização imprópria. Emprego-a ocasionalmente, mas com moderação. Considero imprópria a sua utilização por pessoas que jamais tiveram a menor ideia do reino do sagrado, da infinita imensidão contida nessa palavra, mas que a usam com grande convicção, como se soubessem do que estão falando. Existem ainda aqueles que questionam o termo, como se soubessem o que estão discutindo. Esse uso indevido dá origem a crenças, afirmações e delírios absurdos, tais como “o meu ou o nosso Deus é o único Deus verdadeiro, o seu Deus é falso”. A palavra Deus se tornou um conceito fechado. Quando a pronunciamos, criamos uma imagem mental, talvez não mais a de

um velhinho de barba branca, mas ainda uma representação mental de alguém ou de algo externo a nós e, quase inevitavelmente, alguém ou alguma coisa do sexo masculino. Tanto Deus quanto Ser são palavras que não conseguem definir nem explicar a realidade por trás delas. Ser, entretanto, tem a vantagem de sugerir um conceito aberto. Não reduz o invisível infinito a uma entidade finita. É impossível formar uma imagem mental a esse respeito. Ninguém pode reivindicar a posse exclusiva do Ser. É a sua essência, tão acessível como sentir a sua própria presença, a realização do Eu sou que antecede o “eu sou isso” ou “eu sou aquilo”. Portanto, a distância é muito curta entre a palavra Ser e a vivência do Ser.

DEUS? ser

EU?


Matéria

13 • Nº 21• Junho 2010 • Bem Estar

amor meu, o mundo inteiro pode rir de mim, mas não você. Leia esta carta com seriedade, sentimento, do mesmo modo como você costumava ler minhas cartas em Genebra, quando eu ainda não era sua mulher. (...) Agora como antes, meus olhos se enchem de lágrimas (Afinal de contas, hoje eu choro por qualquer coisa!)” Suíça, 1897. Carta de Rosa Luxemburgo ao seu camarada e amante Leo Jogiches. Militantes comunistas, eles lutaram pelo socialismo na Alemanha e foram assassinados em 1919.

De: Marguerite Gautier Para: Armand Duval “Há onze noites que não durmo, que sufoco e acredito morrer a cada instante. O médico mandou que não me deixas em tocar a pena. Julie Duprat, que cuida de mim, permite-me ainda escrever algumas linhas a você. Será que você não volta antes que eu morra? Estará tudo acabado eternamente entre nós? Acho que, se você voltasse, eu ficaria boa. Para que me curar?” Alexandre Dumas Filho. Paris, 1847. Carta de Marguerite Gautier a Armand Duval, personagens de A Dama das Camélias.

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De Virginia para Vitta

“Por que será que eu penso em você tão incessantemente, vejo você tão claramente, justo no momento em que não sinto o menor desconforto? É um fato estranho em nossa amizade. Como uma criança, penso que se você estivesse aqui eu estaria feliz. Conversando com Lytton outro dia, ele me pediu, de repente, que o aconselhasse em matéria de amor - se deveria seguir em frente, rumo ao precipício, ou parar justo na beirada. Pare, pare! Eu gritei, pensando em você, instantaneamente. Então, o que aconteceria se eu me deixasse mergulhar? Responda-me. ´Mergulhar onde?’ Você iria me perguntar. Num precipício marcado com a letra V.” Londres, março de 1927. Carta de Virginia Woolf para a amiga/amante Vita Sackville-West.

“Não, meu querido, não te vou escrever uma carta de amor. Não seria capaz de transformar em palavras o que sinto por ti.”

De: Floreca Para... “Não te vou escrever uma carta de amor. Não te vou dizer que te amo ou que te quero, nem te vou dizer que povoas os meus sonhos e os meus desejos. Não vou escrever que és o meu primeiro pensamento quando acordo nem que é o teu corpo que eu procuro quando me deito e nos teus braços que adormeço. Não te vou contar que são as tuas mãos que me afagam os seios quando a água do duche escorre quente na minha pele. Não vou escrever as vezes que te espero em silêncio, nem o sorriso que me provocas com as tuas palavras tontas, doces, tão perdidas quanto as minhas. E aquele brilho no meu olhar quando dizes que me amas? Não, também não vou escrever sobre isso. Nem sobre os dedos que percorrem o meu corpo e que imagino serem teus... E que é o toque dos teus lábios que me alimenta a alma o dia inteiro? Nem a ti o confesso!... Não, meu querido, não te vou escrever uma carta de amor. Não seria capaz de transformar em palavras o que sinto por ti.” Internet, 2005. Publicado em um blog.

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Autoconhecimento

Curando relacionamentos

Curar nossos relacionamentos é de nossa própria escolha, já que na verdade não são os outros que estamos perdoando realmente. São apenas nossas próprias atitudes e julgamentos a respeito deles que precisam ser perdoados.

Gerald Jampolsky e Diane Cirincione

N

a verdade são os nossos pensamentos e julgamentos, e não mais a outra pessoa, que nos causam a dor no presente. E já que estes pensamentos e julgamentos são nossos, apenas nossos, somos nós que precisamos nos empenhar em perdoar, em mudar nossa mente e nos libertar das queixas passadas.

de amor” em vez de “buscadores de defeitos”. n Direcionando a nós mesmos e escolhendo ser interiormente pacíficos, não importando o que esteja acontecendo fora de nós. n Podemos começar a reconhecer que a cura dos nossos relacionamentos está diretamente ligada à Cura das Atitudes que estamos conservando em nossa mente a respeito desses relacionamentos.

É POSSÍVEL CURAR TODOS OS RELACIONAMENTOS?

Sim, é possível curar não apenas alguns, mas todos os nossos relacionamentos. Podemos fazê-lo desistindo de qualquer forma preconcebida, ou dos roteiros mentais que tenhamos escrito sobre os outros... Podemos fazer isso nos dispondo a acabar com todas as queixas e pensamentos de agressividade. E podemos fazer isso por meio do processo do perdão... n Reconhecendo que não somos vítimas dos nossos relacionamentos e, sim, participantes deles. n Optando por ver os outros como seres que nos amam ou, caso

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AFIRMAÇÕES SIGNIFICATIVAS

Escolho curar meu relacionamento comigo mesmo deixando que o hábito de julgar a mim mesmo se vá.

“Podemos curar nossos relacionamentos por meio do perdão, optando por ver os outros como seres que nos amam ou, caso os percebamos como nossos agressores, optando por vê-los como seres cheios de medo.” os percebamos como nossos agressores, optando por vê-los como seres cheios de medo. n Lembrando que aquilo que percebemos nos outros e no mun-

do exterior é uma projeção dos pensamentos - quer positivos quer negativos - contidos em nossa mente. n Tornando-nos “buscadores

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Escolho unir-me aos outros, em vez de me separar deles, abandonando meus julgamentos sobre eles.

3

Escolho rasgar todos os roteiros que escrevi para o modo como acho que as pessoas deveriam ser em minha vida.

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Escolho lembrar que o que realmente conta em meus relacionamentos não é o que eu faço

ou digo..., mas sim com quanto amor eu faço ou digo.

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As palavras que eu escolho em minhas comunicações sempre determinam se minha intenção é unir ou separar.

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Hoje, eu escolho lembrar-me de que realmente mereço o direito de ser feliz. Hoje, eu escolho desistir de me sentir uma vítima dos meus relacionamentos e assumirei a responsabilidade por minha vida.

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Sempre que ficar preso no passado ou no futuro, escolherei lembrar-me de que o amor só pode ser vivenciado no presente.

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Posso optar pelo amor em vez do medo, em todos os meus relacionamentos. “O inimigo não está a nossa frente, mas dentro de nós. Defesas refletem feridas. Ataques são gritos por amor. Relacionamentos são uma oportunidades de saber quem somos”.

Fonte: Um Curso Em Milagres


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Bem Estar • Nº 21• Junho 2010 • 14

Tecendo com cartas uma história de amor John Blanchard levantou do banco, endireitando a jaqueta de seu uniforme e observou as pessoas fazendo seu caminho através da Grand Central Station. Ele procurou pela garota cujo coração conhecia, mas o rosto não: a garota com a rosa. Seu interesse por ela havia começado trinta meses antes, numa livraria da Flórida. Tirando um livro da prateleira, ele se pegou intrigado, não com as palavras do livro, mas com as notas feitas a lápis nas margens. A escrita suave refletia uma alma profunda e uma mente cheia de brilho. Na frente do livro, descobriu o nome da primeira proprietária: Hollys MaynelI. Com tempo e esforço ele localizou seu endereço. Ela vivia em Nova Iorque. Ele escreveu-Ihe uma carta, apresentandose e convidando-a a corresponder-se com ele. E na semana seguinte embarcou em um navio para servir na II Guerra Mundial. Durante o ano seguinte, mês a mês eles desenvolveram o conhecimento um do outro através de suas cartas. Cada carta era uma semente caindo num coração fértil. Um romance de companheirismo através de cartas que atravessavam o Atlântico. Blanchard pediu uma fotografia, mas ela recusou... Ela pensava que se

realmente ele se importasse com ela, sua aparência não pesaria... Quando finalmente chegou o dia em que ele retornou da Europa, marcaram seu primeiro encontro 19 horas, na Grand Central Station, em New York. “Você me reconhecerá”, ela escreveu, “pela rosa vermelha que estarei usando na lapela”.

“Então, às 19 horas ele estava na estação procurando por uma garota cujo coração ele amava, mas cuja face, ele nunca havia visto.”

Então, às 19 horas ele estava na estação procurando por uma garota cujo coração ele amava, mas cuja face, ele nunca havia visto. Assim John, contou o que aconteceu em seguida: “Uma jovem aproximou-se de mim. Sua figura era alta e magra. Seus cabelos loiros caiam delicadamente sobre os seus ombros; seus olhos eram verdes como água. Sua

boca era pequena, seus lábios, carnudos, e seu queixo tinha uma firmeza delicada. Seu traje verde pálido era como se a primavera tivesse chegado. Eu me dirigi à ela, inteiramente esquecido de perceber que a mesma não estava usando uma rosa. Como eu me movi em sua direção, um pequeno provocativo sorriso, curvou seus lábios. “Indo para o mesmo lugar que eu, marinheiro?”, ela murmurou. Quase incontrolavelmente dei um passo para junto dela, e então eu vi Hollis. Ela estava parada quase que exatamente atrás da garota. Uma mulher já passada dos 50 anos tinha seus cabelos grisalhos enrolados num coque sobre um chapéu gasto. Ela era mais que gorducha, seus pés compactos, confinados em sapatos de salto baixo. A garota de verde seguiu seu caminho rapidamente. Eu me senti como se tivesse sido dividido em dois, tão forte era meu desejo de segui-Ia e tão profundo era o desejo por aquela mulher cujo espírito, verdadeiramente, me acompanhara e me sustentara através de todas as minhas difíceis atribulações na guerra. E então ela parou! Sua face pálida e gorducha era delicada e sensível, seus olhos cinzas tinham um calor e

simpatia cintilantes. Eu não hesitei... Meus dedos seguraram a pequena e gasta capa de couro azul do livro que me identificaria para ela. Isto podia não ser amor, mas poderia ser algo precioso. Talvez mais que amor, uma amizade pela qual eu seria para sempre cheio de gratidão. Eu inclinei meus ombros, cumprimentei-a mostrando o livro, ainda pensando, enquanto falava, na amargura do meu desapontamento. “Sou o Tenente John Blanchard, e você deve ser a Srta. Maynell. Estou muito feliz que tenha podido me encontrar. Posso lhe oferecer um jantar?”, perguntei. O rosto da mulher abriu-se num tolerante sorriso: “Eu não sei o que está acontecendo”, ela respon-

deu, “aquela jovem de vestido verde que acabou de passar me pediu pra colocar esta rosa no casaco. Ainda me disse que, se você me convidasse para jantar, eu deveria dizer que ela estaria esperando por você no restaurante ali da esquina. Me disse que isso era um tipo de teste!” Não parece difícil, para mim, compreender e admirar a sabedoria de Hollis. A verdadeira natureza do coração de uma pessoa é vista na maneira como ela responde ao que não é atraente!

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Ecologia

15 • Nº 21• Junho 2010 • Bem Estar

Lugar de Pilha Usada Não é no Lixo! Poucas pessoas sabem o que fazer com as pilhas de seus aparelhos. Elas são contaminadoras e super perigosas e seu descarte é proibido nos lixos comuns. Saiba como se proteger e às crianças. Júnia Xavier

E

las estão presentes em brinque-dos, aparelhos eletroeletrônicose garantem a diversão de adultos e crianças. Mas quando acaba a carga vem a dúvida: o que fazer com a pilha usada? Esta pergunta já passou pela cabeça de muita gente e o que é pior, poucos sabem a resposta. Compostas, em sua maioria, por metais pesados como zinco, chumbo, manganês e mercúrio, as pilhas não devem ser jogadas no lixo comum, já que seus elementos tóxicos contaminam o solo, o lençol freático e, no final das contas, o próprio homem. Os danos à saúde podem aparecer na forma de problemas cardíacos e pulmonares, distúrbios digestivos, osteoporose, disfunção renal e depressão. Somado ao fato de que as pilhas demoram até 500 anos para serem absorvidas pelo ambiente, e que no Brasil, por ano, são descartadas 170 milhões de pilhas, o problema passa a ser grave. Os locais de venda de pilhas são obrigados, segundo a legislação a recolherem as pilhas e as encaminharem para seus fabricantes, que têm recursos e métodos eficientes para fazerem sua reciclagem. Pergunte nas

lojas e encaminhe suas pilhas usadas para os locais certos.

UMA INTERESSANTE EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA Para tentar mudar o quadro atual de desinformação, algumas escolas de São Paulo passaram a desenvolver projetos junto a seus alunos de conscientização sobre os problemas que as pilhas e baterias podem causar ao meio ambiente se não tiverem uma destinação correta. Na Escola Internacional de Alphaville, os alunos da 3ª série do Ensino Fundamental participaram de um projeto sobre o assunto. Para observarem todo o poder de destruição que as pilhas podem ter quando em contato com o meio ambiente, eles fizeram um terrário, onde reproduziram as diversas camadas do solo e o lençol freático. Ali plantaram alguns feijões e enterraram uma pilha. Diariamente, eles regam os pés de feijão e observam as transformações que estão ocorrendo. “A pilha já soltou uma substância amarelada que contaminou parte do solo e o lençol freático, deixando a água também

amarela. Percebemos que o resíduo tóxico atingiu algumas raízes, agora vamos acompanhar qual o efeito da presença desta pilha nos pés de feijão”, explica a professora Sildemara Bernardo. Em uma outra experiência, os alunos colocaram pilhas em um tubo com água, para então registrarem tudo o que acontece. “Uma das pilhas já está quase totalmente aberta, a casca de outra já se soltou e começa a enferrujar”, descreve Sildemara. Ela relata que os alunos ficam perplexos diante das experiências, nenhum deles imaginava que uma simples pilha, jogada em um lixo comum, pudesse causar tantos danos. “Eu só sabia que a pilha tem componentes perigosos, mas pensava que não contaminava o meio ambiente”, conta Samuel Gonzáles, de 9 anos. Diante de tanta novidade, os alunos fizeram questão de mostrar o que aprenderam aos colegas da 5ª à 3ª série do ensino médio. Eles visitaram todas as salas e exibiram o terrário e o tubo com as pilhas. A reação foi imediata, perguntas e mais perguntas sobre o assunto. “Eles ficaram super interessados, queriam saber o que iria acontecer se um animal tomasse esta água, ou se este líquido contaminado atingisse um poço artesiano. Eles perceberam que este risco é real”, comenta a professora.

Depois do projeto, todas as turmas passaram a recolher pilhas e baterias usadas. “Começamos a receber sacolas e mais sacolas lotadas de pilhas”, conta Sildemara. Todo o material arrecadado vai ser entregue à Cetesb – Companhia de Limpeza Urbana – onde será destruído sem agredir o meio ambiente. “Acredito que para conscientizarmos, temos primeiro que sensibilizar e, para isto, faço questão de mostrar a eles a realidade, o perigo que todos corremos se substâncias tóxicas como estas atingirem o lençol freático, por exemplo”, comenta a professora. O projeto tem mobilizado alunos – toda classe tem uma caixa para coleta – e também funcionários, que trazem as pilhas usadas de casa. Mais de 30 kg deste material já foram arrecadados. Esta é uma iniciativa que merece ser repetida em outras escolas. Além de defender diretamente o solo de contaminação, também traz uma informação relevante e aumenta o nível que consciência e participação ecológica dos alunos. Então, você vai participar desta campanha? Avise seus parentes e amigos.

QUEM LÊ O BEM ESTAR? Renato Guariglia e Renata Cunha Editores - Zona Sul Fábio Ferreira Diagramação Renato Guariglia Comercial Impressão: Grupo Sinos Tiragem: 10 mil exemplares Contato: (51) 3268.4984

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zonasul@jornalbemestar.com.br

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Jaqueline Bica Diagramação Central Jornalista responsável: Max Bof (mtb 25046) Material: Revistas CUERPOMENTE, UNO MISMO, NEW AGE, PSYCHOLOGY TODAY, BUENA SALUD, THE QUEST, PSYCHOLOGIES, SHAMBHALA SUN, MAGICAL BLEND, NOUVELLES CLÉS. Informes publicitários, textos e colunas assinadas não correspondem necessariamente à opinião do jornal e são de responsabilidade de seus autores.

Que todos os méritos gerados por esse trabalho beneficiem e tragam felicidade para todos os seres.


Bem Estar • Nº 21• Junho 2010 • 16


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