Jornal Bem Estar Zona Sul maio 2010

Page 1

s

na zo ul

Jornal de Coleção • Ano 2 • Nº 20 • MAIO 2010 • 10.000 Exemp. • Tel. (51) 3268.4984 • distribuição Gratuita

ECOLOGIA consumido res

verdes

“Pressão verde” de quem compra é motivação para quem vende 

saúde

Aliado das mulheres, o salto alto pode prejudicar a saúde 

IDEIAS FORTES

Um grande jogador faz um belo gol moral.

Bebês ‘falam’ por suas mães Diversos problemas dos filhos refletem as emoções e os sentimentos inconscientes de suas mães.


Bem Estar • Nº 20 • Maio 2010 • 2

A ILHA Ricardo Kelmer

E

ra uma vez uma ilha que vivia no meio do oceano. Levava uma vida tranquila, sem grandes questionamentos. Conhecia outras ilhas e com elas se comunicava. Um dia, porém, uma ideia a inquietou: se toda vez que a maré baixava, uma porção de terra se descobria, então até que ponto haveria terra? Isso lhe tirou o sono por várias noites. De repente seu conceito sobre si mesma mudou. Sempre se considerara uma porção de terra na superfície da água, isso era ponto pacífico; todas as outras ilhas também pensavam assim. Mas agora já não podia acreditar nisso. Uma ilha não terminava ali na superfície. Não. Continuava para baixo. Uma ilha era na verdade uma... montanha! Saber que ela continuava além do que imaginava ser era algo espantoso de se pensar. Assim, dia após dia, a ilha prosseguiu em seus esforços de autoinvestigação - queria saber até onde existia. Mas à medida que sua atenção mergulhava em si mesma, as águas ficavam mais escuras. Era preciso cada vez mais concentração para não se perder. Ela prosseguiu e descobriu que o que existia abaixo da superfície possuía vida própria e, mesmo sem ser reconhecido, era ca-

paz de interagir e até determinar o que existia aci“Uma ilha continha em terra à superfície. ma. “Todas as ilhas vêm si, sem se dar conta, a Uma ilha não era do mesmo lugar...” - ela algo tão independente mesmíssima areia das repetiu, intrigada - “porquanto pensava. que são feitas da mesma que a antecederam. Muito tempo se pasterra. A areia e os nusou até que se convenE a terra como um trientes que as raízes de cesse de que era messuas plantas colhem vêm todo estava sempre mo uma montanha com do mesmo chão. Todas o pico emerso. E muito aprendendo cada vez as ilhas que existem são mais tempo pra compremais sobre si mesma.” no fundo uma coisa só...” ender que não flutuava A ilha viu que eram solta das profundezas do oceano: ela estava presa a uma base e essa ideias grandes demais, confundiam a menbase era uma enorme extensão de terra que te. Aquela autoinvestigação era importante, mas era preciso muita atenção durante o funcionava como chão. Vinham de lá todas as ilhas. E pra lá vol- processo. Só assim poderia voltar à supertariam todas quando os movimentos da ter- fície sempre que quisesse. Enquanto tudo isso acontecia, as outras ilhas observavam ra e das águas as forçassem a isso. seu comportamento e não entendiam. ConMas as ilhas não sabiam da montanha cluíram então que estava louca e espalhae muito menos da terra ao fundo. Por isso ram a notícia. as reais motivações do que faziam eram, na A ilha sentiu-se só. maior parte, desconhecidas. Se a montanha era a parte inconsciente de cada ilha, o funMas como poderia condená-las por do do mar era o inconsciente maior, único, não compreenderem o que ela descobride todas elas. ra? Pensando melhor, eram todas partes Ao entender esse fato a ilha lembrou dela mesma! do tempo em que sua consciência de si próEntão ela mesma ainda não se comprepria se limitava àquela minúscula porção de endia inteiramente... Foi então que a ilha

percebeu, num clarão de compreensão, que toda aquela vasta extensão de terra inconsciente funcionava como um útero a expulsar pequenos pedaços de si mesma, forçando-os a ir à superfície. Uma vez lá, eles se entendiam ilhas e começavam então sua aventura individual em busca de saber quem eram, aventura que podia durar anos, séculos, milênios, mas que um dia chegaria à mesma conclusão: todas as ilhas eram montanhas e todas as montanhas, na verdade, eram uma só extensão de terra a se experimentar em cada uma delas. Mas por que a terra fazia isso? Talvez para ela própria aprender com a experiência de cada ilha. Ao morrer, uma ilha trazia a terra sua experiência pra servir de aprendizado às futuras ilhas. Uma ilha continha em si, sem se dar conta, a mesmíssima areia das que a antecederam. E a terra como um todo estava sempre aprendendo cada vez mais sobre si mesma... Era realmente uma tremenda aventura - pensou a ilha enquanto se divertia com os olhares estranhos que as outras lhe lançavam. Uma aventura de cada ilha. Mas também da terra inteira.


3 • Nº 20 • Maio 2010 • Bem Estar

Guia Saúde

Acupuntura e Depressão

Mamão Do Bem

Técnica milenar alivia depressão durante a gravidez, diz estudo americano.

Chá de papaia possui alto poder anticancerígeno, descobre pesquisa.

A

té um quarto das mulheres sofre de depressão durante a gravidez e muitas são relutantes em tomar antidepressivos. Agora, um novo estudo sugere que a acupuntura pode oferecer algum alívio durante a gravidez. A pesquisa da Universidade de Stanford recrutou 150 mulheres deprimidas, grávidas de 12 a 30 semanas, e, aleatoriamente, escolheram 52 para receber acupuntura específica para sintomas de depressão, 49 para acupuntura comum e 49 para massagem sueca. Cada mulher recebeu 12 sessões de 25 minutos cada; as que receberam acupuntura não sabiam qual tipo estava designado a elas. No tratamento específico para de-

pressão, as agulhas são inseridas em pontos do corpo que especialistas dizem corresponder a sintomas como ansiedade, abandono e apatia. Depois de oito semanas, quase dois terços das mulheres do grupo da acupuntura específica para depressão mostraram uma redução de pelo menos 50% em seus sintomas, comparado a pouco menos da metade das mulheres tratadas com a massagem ou a acupuntura comum. As descobertas aparecem na edição de Março 2010 da “Obstetrics & Gynecology”. A principal autora, Rachel Manber, professora de psiquiatria e ciências comportamentais em Stanford, disse que os resultados sugerem que alguns sintomas de depressão durante a gravidez podem estar relacionados ao desconforto físico, que é aliviado pela acupuntura. Ainda assim, os resultados foram notáveis, afirmou.

FONTE: New York Times

O

chá do extrato de folha de papaia contém propriedades que combatem com grande poder os vários tipos de câncer e não deixa sequelas de nenhum efeito tóxico, como ocorre com outras terapias, segundo uma pesquisa da Universidade da Flórida (UF) divulgada em Março 2010. O pesquisador Nam Dang da UF e um grupo de cientistas japoneses documentaram os poderosos efeitos anticancerígenos da papaia sobre o câncer de útero, de mama, fígado, pulmão e pâncreas, através de testes em laboratório com uma ampla variedade de tumores. Os pesquisadores utilizaram um extrato de folhas secas de papaia e os efeitos anticancerígenos eram mais fortes quando as células recebiam maiores doses de chá, disse a UF. Pela primeira vez, um estudo comprovou que o extrato de folha de papaia es-

timula a produção de moléculas essenciais do tipo citoquinas Th1. Esta regulação do sistema imunológico, junto ao combate direto do tumor em vários tipos de câncer, sugerem possíveis estratégias terapêuticas utilizadas pelo sistema imunológico para combater o câncer, acrescentou a Universidade. Além disso, o fato de o extrato de papaia não possuir nenhum efeito tóxico nas células normais evita uma consequência devastadora comum em muitas terapias anticancerígenas, indicou. Os cientistas utilizaram dez tipos diferentes de células cancerígenas e as expuseram a quatro graus de concentração de extrato de papaia durante 24 horas, medindo seus efeitos após esse tempo. A concentração reduziu o crescimento dos tumores em todos os cultivos, segundo o estudo.


Ecologia

Consumidores Cada vez mais, consumidores estão em busca de produtos menos agressivos ao meio ambiente. Esta “pressão verde” motiva empresas a inovar de forma sustentável.

N

os últimos anos, principalmente após a divulgação dos relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas detalhando a situação ambiental caótica do nosso planeta, o tema “meio ambiente” ganhou ampla visibilidade. Cada vez mais, consumidores estão em busca de produtos menos agressivos ao meio ambiente: alimentos orgânicos, lâmpadas econômicas, produtos de higiene e limpeza biodegradáveis. Hoje já é possível substituir uma grande quantidade de produtos de uso diário por outros que respeitam mais o meio ambiente, desde suas ma-

térias-primas - naturais ou recicladas - até seu processamento - como processos tecnológicos mais limpos e biotecnológicos não-transgênicos. O “ecologicamente correto” está na moda e ganha rapidamente espaço nos lares e hábitos das famílias, como está acontecendo com a rejeição cada vez maior das sacolas e copos plásticos. Mesmo que sejam mais caros, como se constata em alguns casos, os bens e serviços focados

Bem Estar • Nº 20 • Maio 2010 • 4

VERDES

na preservação da natureza começam a fazer parte das prioridades das pessoas mais exigentes (e mais conscientes). O desenvolvimento de inovações tecnológicas desse tipo já é considerado uma alternativa econômica atraente para as empresas - tanto que fez emergir o lema “inovar para sustentar a empresa e o planeta”. Mas de acordo com Jacques Marcovitch, professor da USP e um dos estudiosos do tema com foco no crescimen-

to econômico e na distribuição de renda, ainda falta ao Brasil uma cultura de inovação para a sustentabilidade que já é realidade em outros países. “A atividade de inovação aqui terá que se pautar por uma agenda internacional e fazer uma leitura de tendências”, afirma.

Ecologia industrial Marcovitch aborda o tema “sustentabilidade” de uma maneira mais ampla do que a estritamente ambiental, alheia às questões sociais. Ele destaca as pandemias e a questão da segurança alimentar (e da fome) como


5 • Nº 20 • Maio 2010 • Bem Estar

Ecologia

“Hoje já é possível substituir uma grande quantidade de produtos de uso diário por outros que respeitam mais o meio ambiente, desde suas matérias-primas - naturais ou recicladas - até seu processamento - como processos tecnológicos mais limpos e biotecnológicos não-transgênicos.”

barreiras ao desenvolvimento sustentável. “Precisamos de uma mudança radical na cultura e nos valores da empresa para incluir o tema da sustentabilidade”, destaca. Apesar dos problemas sociais e da latente necessidade de inserção da preocupação ambiental na cultura inovativa, o cenário no Brasil é promissor: o país tem se projetado com algumas tecnologias “verdes”. Um bom destaque são as energias limpas, que têm divulgado o Brasil mundialmente, principalmente por causa do desenvolvimento do etanol (o álcool polui menos do que a gasolina). Algumas empresas brasileiras e filiais de multinacionais já têm trabalhado com alta tecnologia em favor do meio ambiente. Mas é preciso lembrar que não existe no mundo uma empresa ou produto sustentável por si. “O que podemos dizer é que um proces-

“O ‘ecologicamente correto’ está na moda e ganha rapidamente espaço nos hábitos das famílias. Um exemplo é a rejeição cada vez maior das sacolas e copos plásticos. Mesmo mais caros, os bens e serviços focados na preservação da natureza começam a ser prioridade para as pessoas mais exigentes (e mais conscientes).

SELO DE GARANTIA VERDE so produtivo ou um produto contribuiu ou não para a sustentabilidade do planeta”, explica o professor Biagio Fernando Giannetti, da Universidade Paulista (Unip). Ele acredita que as empresas estão de fato assumindo compromissos com o meio ambiente, mas que ainda faltam mecanismos para avaliar adequadamente esse processo. Mesmo ações mais pontuais podem dar início a uma nova mentalidade e aos

poucos ganhar densidade e adesão da população. Mas os especialistas lembram que é preciso criar mecanismos eficientes para mensurar o quanto novos produtos e processos produtivos estão, de fato, contribuindo para a manutenção do planeta. Os efeitos positivos das inovações e práticas sustentáveis já são alvo de uma série de formas de mensuração. Existem hoje, no mundo, diversos tipos de certificações

e selos verdes para empresas comprometidas com a redução de impactos negativos ao meio ambiente. Alguns deles são de iniciativa dos governos e outros são de origem privada ou do terceiro setor. Os “selos verdes”, que idealmente só devem ser aprovados após uma criteriosa avaliação de especialistas, são concedidos na União Europeia, Japão, Estados Unidos, Austrália e mesmo na Colômbia. No Brasil, eles existem hoje apenas para produtos da agricultura e pecuária orgânicas - certificados pelo IBD (Instituto Biodinâmico) - e para produtos de madeira - com certificação de florestas plantadas com plano de manejo sustentável pelo Conselho de Manejo Florestal (FSC - Forest Stewardship Council). Mas ainda não há uma legislação específica para orientar os procedimentos de certificação.

a


Ecologia “As ações ecológicas devem ir dos cidadãos às mega corporações e também ao governo. O lema deve ser economizar energia elétrica e água, reduzir a queima de petróleo, evitar todo tipo de desperdício, reciclar tanto quanto possível e possibilitar que outros reciclem.”

De acordo com o professor Gianetti, é preciso criar com urgência uma metodologia padronizada para avaliar os impactos ambientais de um processo produtivo - e, se possível, reduzi-los. “Uma empresa pode obter uma certificação de redução de emissão de CO2 na produção - e se promover com isso - sendo que o processo produtivo substituto pode ser muito mais poluente do que a emissão de CO2, explica. Para ele, o consumidor vai ampliar suas ações respeitosas com o meio ambiente, e cobrar das empresas posturas mais conscientes. Mas algumas ações podem se desgastar com o tempo, quando visões mais abrangentes forem se impondo. Como, por exemplo, uma empresa anunciar que vai plantar árvores para contribuir para a sustentabilidade do planeta. “É bom plantar árvores, mas já se pensa numa perspectiva maior de mudança, como reduzir o desperdício e o consumo”, explica.

Bem Estar • Nº 20 • Maio 2010 • 6 “Hoje, ao invés de nos perguntarmos como fazer para nos transportarmos com energias mais limpas, devemos questionar por que estamos nos transportando tanto.”

Nova perspectiva A “mudança de perspectiva”, citada por nos transportarmos com energias mais limGianetti, porém, não parece tão simples. Kip pas, devemos questionar por que estamos Garland, da “Seed Innovation”, empresa de nos transportando tanto”. Para Garland, não consultoria em inovação estratégica, garante basta pensar em novas formas de economique para se incluir o tema da sustentabilidade zar energia mantendo o padrão vigente, é na agenda das empresas é prepreciso mudar este padrão viciso alterar o foco da inovação gente (social, de trabalho etc.). O desafio está mudando as perguntas, e não No mesmo sentido, Günas respostas (para os mesmos ter Pauli, fundador e diretor na escolha de questionamentos de sempre). da “Zero Emissions Researcada um de nós: ch and Initiatives” (Fundação Ele exemplifica sua teoria com uma história bem simprodutos verdes Zeri - rede de 3 mil estudioples: quando os homens ainda sos que buscam soluções criaou poluidores? pensavam em como criar artivas para problemas de indúsmas de caça mais eficientes, trias), argumenta que é prealguém pensou em caçar sem sair do lugar ciso pensar no processo de inovação para e criou a domesticação de animais. Isso foi além do desenvolvimento de novos procesuma mudança de perspectiva. “Hoje, ao in- sos ou produtos em épocas de crise. “O vés de nos perguntarmos como fazer para processo inovativo deve ser constante e o

foco na sustentabilidade deve fazer parte da cultura da inovação”, diz. Pauli e Garland estiveram presentes na última reunião anual da “Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras” (Anpei). Maria Ângela do Rêgo Barros, presidente desta Associação, diz que a escolha do tema é oportuna. Para ela, o equilíbrio ecológico depende da adoção imediata de práticas sustentáveis por todos os seres humanos, inclusive do setor produtivo. Isso significa que as ações em prol da sustentabilidade vão do cidadão comum às mega corporações e a todos os níveis de governo: “o lema deve ser economizar energia elétrica e água, reduzir a queima de combustíveis fósseis, evitar todo tipo de desperdício, reciclar tanto quanto possível e possibilitar que outros reciclem”, afirma a empresária. Fonte: Agência Envolverde/Mercado Ético

Comente esta matéria

Dê sua opinião. Participe.

redacao@jornalbemestar.com.br


7 • Nº 20 • Maio 2010 • Bem Estar

Fique Alerta Ataque à Audição Abusos no tempo de audição e no volume levam à degeneração das células sensoriais da estrutura mais interna do ouvido, que têm um limite de resistência à energia sonora.

É

cada vez mais comum ver pessoas com iPods e outros tocadores de MP3 enquanto fazem suas atividades. O que poucos sabem é que estão acentuando o risco de perda auditiva por exposição sonora inadequada, é o que alertam os especialistas. São dois os motivos que tornam perigosos esses aparelhos: o primeiro é a grande capacidade de memória e a durabilidade das baterias, que permitem o uso continuado durante horas seguidas. Para ter uma ideia, um dos atrativos de um lançamento recente é a bateria que dura até 24 horas seguidas. O segundo fator preocupante é o design dos fones, criados para serem postos dentro do ouvido, diferentemente dos modelos mais antigos - e menos danosos - que cobriam a orelha. “Os fones de inserção são mais perigosos porque potencializam o som. Quando a fonte sonora é externa, há uma perda de energia vibratória no caminho entre ela e o ouvido. Com o fone dentro do ouvido, a energia vai toda”, comenta a fonoaudióloga Adriana Giora, do Centro Auditivo

Telex no Rio de Janeiro. Yotaka Fukuda, professor de otorrinolaringologia da Universidade Federal de São Paulo, diz que problemas auditivos decorrentes do uso de fones “não são novidade”. De fato, uma pesquisa realizada com 908 estudantes de São Paulo em 1996 já apontava que 64% deles usavam fones de ouvido e 18% recorriam exclusivamente a esse tipo de fonte sonora para ouvir música. Desses 18%, 9,4% já apresentavam comprometimento auditivo. O especialista explica que os abusos levam à degeneração das células sensoriais localizadas na cóclea (estrutura mais interna do ouvido), que transformam a energia vibratória em estímulo elétrico e o transmitem ao cérebro. “Essas células têm um limite de resistência à energia sonora”, ressalta. “Se, ao desligar o equipamento, o usuário tem uma sensação de perda auditiva transitória, já deve ficar atento.” Controlar o tempo de exposição ao fone de ouvido e não sucumbir à tentação de explorar toda a potência do volume são cuidados importan-

tes recomendados para proteger a audição. Um exemplo: um ano após ter comprado um iPod e utilizá-lo diariamente de quatro a seis horas seguidas, o designer gráfico Ivan Goersch, 33, conta que começou a perceber alguns sinais de perdas auditivas. “Não ouço mais como antigamente. Hoje perco partes das conversas e, nos ambientes barulhentos, piora muito”, diz Goersch que já está pensando em procurar um especialista para uma avaliação. “Nunca uso o iPod no volume total, mas já houve horas em que precisei desligar porque o ouvido estava doendo.” Adriana Giora, do Centro Telex, explica que para fazer uma avaliação de perda auditiva, deve-se procurar um otorrinolaringologista. Esse especialista encaminhará o paciente para um fonoaudiólogo, que realizará uma série de testes diagnósticos para checar se o caso é recuperável. Pessoas que já sofreram trauma acústico - lesão provocada por um episódio específico como o estampido de uma arma ou a exposição a uma grande carga sonora - devem redobrar os cuidados.

Sua saúde merece cuidado Notícias para ler e repassar

Refeições à Noite Comer muito antes de dormir significa armazenar energia em forma de gordura corporal. É esse seu objetivo?

V

ocê já deve ter ouvido a máxima de saúde que recomenda “tomar café da manhã como um rei, almoçar como um vassalo e jantar como um mendigo”. Afora a comparação aristocrática, ela tem uma mensagem importante: quanto mais tardia a refeição, mais ela se transformará em gordura corporal. De todas as refeições, o jantar é o que mais absorve as calorias dos alimentos ingeridos, pois à noite o organismo gasta menos energia, armazenando-a sob a forma de gordura. É fácil entender os motivos. Queimamos poucas calorias dormindo porque durante o sono quase não nos movimentamos, a respiração é mais lenta, os batimentos cardíacos diminuem, o processo digestivo é quase nulo, a atividade cerebral diminui assim como a temperatura corporal e assim por diante. Portanto o gasto calórico do organismo em repouso é bem menor que durante as atividades diárias. Simplesmente uma boa parte delas será transformada em gordura durante o sono. Pense duas vezes ao pedir aquela pizza gigante para acompanhar o filminho na TV. Pegue leve e fique leve.

Boas Notícias Palestra Prevenção e Cuidados a Diabetes Nutricionista Tânia Mara Pantoja

19/06/2010

- 10h00

Local: Confeitaria Leckerhaus Av.Pereira Passos 1125 lj 06 Copacabana Center. (51) 3346.3346

Palestra As Relações da Veterinário Homeopática com o Alimento Orgânico Dra. Elisandra Pezzetta Diretora do Departamento de Veterianária da Liga Homeopática

29/05/2010

- 15h00

Local: Av. Getúlio Vargas, 169 (51) 3228.0915 www.ligahomeopaticars.com.br


Matéria

Maternidade e au “O filho é o reflexo Durante os primeiros dois anos de vida, os bebês refletem as emoções e os sentimentos inconscientes de suas mães.

U

m tempo de revelações, de experiências místicas, uma oportunidade para o autoconhecimento, para mergulhar nos aspectos ocultos da psique feminina. Um tempo em que as luzes e sombras emergem e explodem como um vulcão em erupção. É a loucura indefectível e um “não reconhecer-se” a si mesma, porque, desde o momento do parto, a alma da mulher se desdobra e se torna mamãe-bebê, bebê-mamãe ao mesmo tempo. Isso é também a maternidade, segundo a inovadora e certamente polêmica visão da psicoterapeuta familiar argentina, especializada em crianças, Laura Gutman, autora do livro “A maternidade e o encontro com a própria sombra”. Seu livro, longe de pretender ser um guia para mães desesperadas, é um convite para que as mulheres repensem as ideias preconcebidas, os preconceitos e os autoritarismos, encarna-

dos em opiniões discutíveis sobre o parto, os cuidados com os bebês, a educação, as formas de vincular-se e à comunicação entre adultos e crianças.

Entrevista Verónica Podestá Social e culturalmente, a ideia que se apresenta às mães sobre a chegada de um novo ser é de um fato ideal, feliz e luminoso. É necessária certa audácia para encarar o tema a partir de um “encontro com a própria sombra”. A que você se refere exatamente? Laura Gutman - É claro que a sociedade ou o inconsciente coletivo tentam colocar a maternidade num leito de rosas. Quanto mais uma mamãe “compre” esta visão unilateral, mais impactante e mais brutal resultará para ela o encontro com os lugares obscuros que aparecem depois do parto e no puerpério. Eu encaro a maternidade como uma crise, um rompimento


de

Capa

utoconhecimento da sombra da mãe” que se produz no parto e nessa quebra se colam partes da sombra, ou seja, pedacinhos de alma ocultos ou desconhecidos até então, que se manifestam através do bebê. Ele se converte em espelho cristalino dos aspectos mais ocultos da mãe, de sua sombra. Por isso, o contato profundo com um bebê é uma grande oportunidade que se deve aproveitar ao máximo. De que maneira a sombra da mãe se manifesta através do bebê? Laura - Quando um bebê nasce se produz a separação física, mas este corpo recémnascido não é só matéria, mas também um corpo sutil, emocional, espiritual. Ainda que a separação física efetivamente se produza, bebê e mãe seguem fusionados no mundo emocional. O bebê se constitui no sistema de representação da alma da mãe. Tudo o que a mãe sente, recorda, o que a preocupa, o que rechaça, o

bebê o vive como sendo próprio. Porque neste sentido e momento são dois seres em um. Então a mãe atravessa esse período desdobrada no campo emocional, já que sua alma se manifesta tanto em seu próprio corpo como no corpo do bebê. E o mais incrível é que o bebê sente como próprio tudo o que sente a sua mãe, sobretudo o que ela não pode reconhecer, o que não reside em sua consciência, o que foi relegado à sombra. Então, se um bebê adoece ou chora desmedidamente, ou se está alterado, além de fazermos perguntas no plano físico será necessário atender o corpo espiritual da mãe, reconhecendo que a enfermidade da criança manifesta uma parte da sombra da mãe. E como a mãe pode canalizar esta manifestação do bebê para seu próprio crescimento? Laura - Se um bebê chora demasiadamente, se não é possível acalmá-lo

a

Ainda que a separação física efetivamente se produza no parto, bebê e mãe seguem em fusão no mundo emocional.


Matéria “Se um bebê chora demasiadamente, se não é possível acalmá-lo nem o amamentando nem o aninhando, a pergunta seria: Porque chora tanto a sua mamãe? Se o bebê não se conecta, parece deprimido, quais são os pensamentos que inundam a mente de sua mãe? Se um bebê rechaça o seio, quais são os motivos que pelos quais a mãe rechaça o bebê?”

nem o amamentando nem o aninhando, enfim, depois de cobrir as necessidades básicas, a pergunta seria: Porque chora tanto a sua mamãe? Se o bebê não se conecta, parece deprimido, quais são os pensamentos que inundam a mente de sua mãe? Se um bebê rechaça o seio, quais são os motivos que pelos quais a mãe rechaça o bebê? As respostas residem no interior de cada mãe, ainda que não sejam evidentes. Para ali devemos dirigir nossa busca, à medida que a mulher tenha uma genuína intenção de encontrar-se consigo mesma. Este estado de fusão emo-

de

Capa

Bem Estar • Nº 20 • Maio 2010 • 10

cional dura dois anos, tempo em que a mãe experimenta estados alterados de consciência por viver desdobrada em vários campos emocionais. Esta é a loucura do puerpério. Por que dois anos? Comumente se fala do puerpério como um período que dura cerca de 40 dias. Laura – Considera-se puerpério os primeiros quarenta dias depois do parto, porque se toma como parâmetro a cicatrização da episiotomia, a interdição sexual ou moral, para que o homem não queira exigir genitalidade à mulher. Eu creio que é um fenômeno emocional. Enquanto dura a fusão emocional, dura o puerpério. Por volta dos dois anos a criança começa a separar-se emocionalmente de sua mãe. Até então era bebê-mamãe, um ser totalmente fusionado, que fala de si na terceira pessoa: “Matias quer água”. Aos dois anos começa a dizer “Eu quero água”. Quando se constroi como um ser separado, começa lentamente a separar-se emocionalmente. Como nasce tua teoria? Laura – Sinceramente, não sei quando nem como nasceu minha “teoria”, já que não a vivo como “teoria”, mas sim como uma prática constante. Basica-

Parir em liberdade

“M

eu segundo parto foi em Paris, com o doutor Michel Odent. Tinha data para o dia 3 de março, mas no dia 26 começaram as contrações. Como o trabalho de parto, que durou 24 horas, se prolongava, a parteira do hospital me tomou pelo braço e me levou correndo à sala “de partos selvagens”, como a chamavam eles: colchão no chão, almofadas, paredes de madeira, posters e um... aparelho de som! Uma mulher de cabelo grande e negro estava parada, sustentada por outra parteira, puxando. Ao ver nascer ao seu bebê, senti o cheiro do sangue fresco e me invadiu tal emoção

que acelerou minhas contrações. Minutos depois terminei minha dilatação. Estava meio parada, mas a força do PUXO me fazia ficar acocorada, quase no chão. Vi aparecer meu bebê e o tomei com meus braços enquanto saía suavemente do canal de parto. O bebê nunca chorou. Só sorria. O coloquei no peito, eu chorando. Foi a força do parto de uma mulher desconhecida que me ajudou a “soltar as amarras de meu controle” e possibilitou a entrega. Depois voltei caminhando para o quarto com meu bebê nos braços.” Laura Gutman


11 • Nº 20 • Maio 2010 • Bem Estar mente através da observação de centenas de mães se relacionando com seus bebês. Foi muito revelador para mim, quando há cerca de 20 anos li o livro “A Enfermidade como Caminho”, de Dethlefssen e Dahlke, um médico e um astrólogo alemães, ambos junguianos. Comecei a investigar a teoria de Jung em relação à manifestação da sombra, e ao sentir que as crianças pequenas estavam tão involucradas dentro do campo emocional das mães, e vice-versa, me ocorreu observar se o que manifestavam – e que eram muitas vezes incompreensíveis para as mães – poderia ser a expressão de situações emocionais que elas não poderiam reconhecer como próprias. É muito frequente que as mães não falem de si mesmas nas consultas, mas sim do que está acontecendo com seus filhos. E foi cada vez mais evidente para mim que este “jogo” era permanente. Por exemplo, quando eu coordenava grupos de crianças e algum bebê estava muito inquieto, eu tentava induzir à mãe a um olhar interno, íntimo, até que “tocava” num ponto doloroso pessoal, de sua história primária. Mesmo que considerasse que o assunto estava “superado”, quando conseguia falar sobre o tema, o bebê automaticamente parava de chorar. E o grupo era testemunho desta “magia”. Mas não era nada mágico, era a mãe que se apropriava de uma parte de sua sombra, que o

“Nós mulheres, que parimos verdadeiramente em liberdade, é que podemos contar o que é o paraíso”. bebê estava, de outro modo, obrigado a manifestá-la. Aos poucos fui aprendendo a reconhecer mais rapidamente a linguagem dos bebês e crianças pequenas “fusionadas” ao campo emocional da mãe. Na realidade, o verdadeiro trabalho de busca quem o realiza é a mãe, o meu papel é só o de apoiar a busca genuína, porque cada indivíduo sabe profundamente o que lhe passa. Os bebês são seres sutis, por isso manifestam com total espontaneidade. Neste sentido são verdadeiros espelhos da alma. Em seu livro você faz uma distinção entre a dor como algo

necessário e positivo para o crescimento, e o sofrimento, desnecessário e destrutivo. Que diferença há entre um e outro? Laura – Quando falo da diferença entre dor e sofrimento, me refiro ao parto em si mesmo. Hoje em dia quase todas as mulheres parecem anestesiadas, em partos “induzidos” pela introdução de ocitonina sintética, para regular a duração e a intensidade das contrações. Em geral a mulher não é respeitada, não lhes permitem mover-se, caminhar, comer, ir ao banheiro; ela está atada à cadeira de parto que é terrivelmente incomoda, lhe aco-

mete câimbras nas pernas, lhes rasgam, entram muitas pessoas, médicos e paramédicos, enquanto a mulher está com os genitais expostos, há pouca afetividade e nenhuma intimidade. O marido está atuando, fazendo de conta que é um bom pai moderno. É tanto sofrimento, que as mulheres, ao invés de pedirem contenção, abraços, calor, amor, silêncio, música, água, algo doce para a boca, suavidade... pedem aos gritos por anestesia. E recebem. Se pudéssemos imaginar um parto acompanhado verdadeiramente, com liberdade de movimento, na data verdadeira (ainda que “se atrase”), em intimidade, com uma ou duas pessoas do círculo mais íntimo, a dor seria então o veículo para o recolhimento, para a introspecção, para sair do mundo das formas e entrar no mundo sem limites, sem palavras, sem luzes... É um momento de abertura de consciência. Assim a dor é suportável, é necessária, porque nos permite “sair” do mundo racional, e só fora do mundo racional se pode parir em liberdade. Nós mulheres que parimos verdadeiramente em liberdade é que podemos contar o que é o paraíso. Não há modelos nem receitas sobre como ser mãe no Século XXI. Qual você crê que seja o maior desafio para as mulheres de hoje?

a

“Mesmo que considerasse que o assunto traumático estava “superado”, quando a mãe conseguia falar sobre o tema, o bebê automaticamente parava de chorar. Não era nada mágico, era a mãe que se apropriava de uma parte de sua sombra, que o bebê estava, de outro modo, obrigado a manifestá-la”.


“Maternar é conectar-se profundamente com a energia Yin, que é lenta, silenciosa, de tempos prolongados, redonda, quentinha, suave, interna, obscura, pegajosa... Navegar entre as duas energias, Yin e Yang, é para mim um dos principais desafios para as mulheres modernas”.

“Não se pode maternar sem sustentação. Não se pode maternar sem fusão emocional. Não se pode maternar sem buscar o próprio destino”.

Bem Estar • Nº 20 • Maio 2010 • 12

Saiba mais

Laura Gutman – É certo que não há modelos. O que podemos chamar tradicional, ou seja, o que viveram nossas avós, se refere à dona de casa que criou filhos e criou o marido. Muitas delas foram escravas dos desejos dos demais. Hoje em dia, algumas de nós mulheres estão num polo aparentemente longínquo, trabalhamos todo o dia, ganhamos dinheiro, às vezes somos bem sucedidas, criativas, independentes. Quando aparece o primeiro filho, na minha opinião, se temos construída toda a nossa identidade no que chamo energia Yang – aspectos concretos do trabalho, dinheiro, relações sociais, etc. - isto que nos

traz o bebê não tem nada a ver com o “normal”... E tendemos a fugir para os espaços conhecidos: desesperadas para voltar a trabalhar, a ser o que éramos antes. Para mim isto também é falta de liberdade interior. É necessário revisar os acordos do casal anteriores ao nascimento do filho, quando somos capazes de nos apoiarmos um ao outro e vice-versa. Maternar é fundamentalmente conectar-se profundamente com a energia Yin, que é lenta, silenciosa, de tempos prolongados, redonda, quentinha, suave, interna, obscura, pegajosa... Navegar entre as duas energias é para mim

um dos principais desafios para as mulheres modernas. Nem fugir do desconhecido, nem nos tornar alheias ao mundo, infantilmente como nossas avós. E saber que há outras pessoas ao redor para ocupar certos espaços por um tempo: o homem será a sustentação para que a mulher possa maternar. E se não há um homem maduro, haverá outras redes, família, amigos, grupos de apoio. Não se pode maternar sem sustentação. Não se pode maternar sem fusão emocional. Não se pode maternar sem buscar o próprio destino. Publicado em UNO MISMO

Laura Gutman é argentina, terapeuta familiar e escritora. Com onze livros publicado em vários idiomas, além de incontáveis artigos sobre maternidade, paternidade, vínculos primários, desamparo emocional, vícios, violência e metodologias para acompanhar processos de busca pessoal, Laura é colaboradora habitual de numerosas revistas na Argentina e Espanha. Para difundir e aplicar suas ideias, Laura fundou e dirige “Crianza”, uma instituição com base em Buenos Aires, na qual funciona uma escola de formação de profissionais da saúde e educação, grupos de mães, um serviço de “doulas” (assistentes a domicílio) para mulheres puérperes, seminários breves para profissionais, terapias individuais e de casal e publicações sobre maternidade. Viste seu site: www.crianza.com.ar Comente esta matéria

Dê sua opinião. Participe.

redacao@jornalbemestar.com.br

Ideias Fortes Polêmicas . instigantes . curiosas

GOL DE ÉTICA

A poesia do tigre

Um grande jogador faz um belo gol moral. De placa!

“Na semana passada soube, sem ainda saber detalhes, que o governo federal vai premiar, com um pouco mais de R$ 400 mil, cada um dos campeões do mundo, pelo Brasil, em todas as Copas. Não há razão para isso. Po-

dem tirar meu nome da lista, mesmo sabendo que preciso trabalhar durante anos para ganhar essa quantia. O governo não pode distribuir dinheiro público. Se fosse assim, os campeões de outros esportes teriam o mesmo direito. E os atletas que não foram campeões do mundo, mas que lutaram da mesma forma? Além disso, todos os cam-

peões foram bem premiados pelos títulos. Após a Copa de 1970, recebemos um bom dinheiro, de acordo com os valores de referência da época. O que precisa ser feito pelo governo, CBF e clubes por onde atuaram esses atletas é ajudar os que passam por grandes dificuldades, além de criar e aprimorar leis de proteção aos jogadores

e suas famílias, como pensões e aposentadorias. É necessário ainda preparar os atletas em atividade para o futuro, para terem condições técnicas e emocionais de exercer outras atividades. A vida é curta, e a dos atletas, mais ainda. Alguns vão lembrar e criticar que recebi, junto com os campeões de 1970, um carro Fusca da prefeitura de São Paulo. Na época, o prefeito era Paulo Maluf. Se tivesse a consciência que tenho hoje, não aceitaria. Tinha 23 anos, estava eufórico e achava que era uma grande homenagem. Ainda bem que a justiça obrigou o prefeito a devolver aos cofres públicos, com o próprio dinheiro, o valor para a compra dos carros. Não foi o único erro que cometi na vida. Sou apenas um cidadão que tenta ser justo e correto. É minha obrigação. O dinheiro público deve ser melhor empregado.”

TOSTÃO

Estamos no ano do Tigre, e não custa fazer um agrado para este interessante felino.

‘‘

Eu sou o delicioso paradoxo. O mundo inteiro é meu palco. Eu incendeio novas trilhas, eu procuro o inatingível e intento o que não foi intentado. Danço ao som da música da vida em alegre abandono. Venha cavalgar comigo em meu carrossel, veja as cores em número infinito, as luzes que cintilam. Todos me aclamam o realizador sem paralelo”.

‘‘

N

o final de setembro passado, o presidente Lula decidiu dar um prêmio aos jogadores de futebol que venceram Copas do Mundo; o valor pode chegar a 465 mil reais. Além do prêmio, Lula e a Associação dos Campeões Mundiais do Brasil negociam uma aposentadoria de dez salários mínimos para esses atletas. O benefício valerá inicialmente para os exjogadores de 1958 e se estenderá, posteriormente, a quem atuou nos Mundiais de 1962, 1970, 1994 e 2002. O jogador TOSTÃO, um dos destaques da Copa de 1970, médico e escritor, atualmente comentarista esportivo, escreveu a seguinte resposta, publicada em vários jornais do Brasil:

EU SOU O TIGRE, Livro ‘Horóscopo Chinês’, de Theodora Lau


13 • Nº 20 • Maio 2010 • Bem Estar


Saúde Dos Pés

Bem Estar • Nº 20 • Maio 2010 • 14

SALTO ALTO prós e contras Importante aliado para a beleza feminina, ele pode causar diversos problemas de saúde se não usado com cautela.

P

“Quando usado por um longo período, saltos que tenham mais que quatro centímetros de altura podem causar danos à coluna e aos joelhos, encurtamento dos músculos da panturrilha e desvios nos pés.”

ara a grande maioria das mulheres, o salto alto é um aliado fundamental para realçar sua beleza: aumenta a estatura, realça o bumbum, coloca o peito para frente deixando a mulher mais bonita e imponente. Até aí tudo bem, pois ele realmente dá uma elegância extra à mulher. O problema é quando ele é usado excessivamente, seu salto é alto de mais ou tem o bico muito fino. Segundo a Sociedade Americana de Ortopedia, cerca de três bilhões de dólares são gastos anualmente em cirurgias nos pés nos Estados Unidos por conta do salto alto. Infelizmente, quanto maiores eles são, mais dores e problemas ortopédicos causam. Quando usado por um longo período, saltos que tenham mais que quatro centímetros de altura podem causar danos à coluna e aos

joelhos, encurtamento dos músculos da panturrilha e desvios nos pés.

PROBLEMAS CORPORAIS Independente do tamanho e do formato, ele muda a maneira como a pessoa pisa no chão e se equilibra (quanto maior o salto, menor a superfície de apoio), o que faz com que o peso se concentre nos dedos, especialmente se os sapatos tiverem o bico fino, O que reduz a área de apoio dos pés. É importante lembrar que quando a pessoa anda de salto, joga todo o peso do corpo para a parte da frente do pé, e isso causa desde pequenas fraturas por estresse até traumas por repetição nos pequenos ossos dos pés, além de incha-

“Na hora de comprar seus sapatos, não aceite os argumentos do vendedor de que ‘depois ele cede’. Isto até pode acontecer, mas somente depois que você já perdeu os cabelos de tanto sofrer.”


15 • Nº 20 • Maio 2010 • Bem Estar

Saúde Dos Pés

mento do nervo que fica no meio dos ossos. ter o equilíbrio mais facilmente, por terem Acrescente-se calos, bolhas, inchaço e até fis- uma área de apoio muito maior. Fuja, ou resuras podem aparecer por causa do excesso serve para ocasiões muito especiais, os sade uso de saltos altos. patos de salto fino ou agulha, que são pouMuitos especialistas na área de ortope- co estáveis, facilitam torções e os probledia e fisioterapia ressaltam outro tipo comum mas citados anteriormente. de problemas causados pelo uso excessivo de saltos super altos: desvios na coluna. Isto porOUTROS PROBLEMAS que para conseguir equilíbrio em cima de um salto muito alto, o corpo busca compensaCOMUNS ções que podem levar a hiper lordoses e hiper cifoses”, que sãos desvios frontais e laten Pisada errada - Nem só o salto rais da coluna vertebral alto pode provocar problemas nos pés. CalçaOutros males rela“Uma das funções dos fechados de borracha tados pelos especialistas principais dos sapatos é e outros materiais sintésão o encurtamento musticos, como o tênis, facicular, que leva a uma altedar equilíbrio. Ficar com litam o aparecimento de ração postural, deformiuma base em falso vai micoses. Caso isso acondades ósseas e problemas vasculares. Ficar muito provocar uma insegurança teça, além do tratamentempo em pé de salto to dos pés (lembre-se que que a eventual beleza do enxugar bem os pés predeixa a panturrilha em constante contração, favine as micoses e o mau sapato não vai esconder zendo com que o sangue cheiro), o sapato ou tênis não seja totalmente bom(‘Que moça bonita, mas deve ser lavado e arejado beado para todos os lue não deve ser usado por parece tão insegura gares da perna. dois dias seguidos. É preciquando caminha. ’).” so deixá-lo fora do armáMuitas vezes a reario, se possível no sol, para daptação aos sapatos normais não é tão fácil. Por isso que existem pes- que os germes e bactérias desapareçam. soas que usam salto alto constantemente e n Unhas encravadas - Modequando colocam sapatos de salto baixo ou los com bico fino facilitam o aparecimentênis ficam desconfortáveis na panturrilha e to de unhas encravadas, pois deformam o nos pés, que estão encurtados, “adaptados” seu crescimento natural. Para evitar o proao salto alto. Outro problema são as dores blema é preciso cortar a unha de modo a no arco anterior dos pés, local onde o pé fica deixá-la quadrada e sem pontas. Para eviapoiado nos famosos joanetes, causados pelo tar este problema, os mais recomendados desvio dos dedos e por compressão. são os sapatos com saltos e bicos quadraUma solução paliativa é o uso de sola- dos ou redondos, por serem mais estáveis dos tipo plataforma porque ajudam a man- e confortáveis.

Como escolher o sapato

C

laro que o gosto e a intenção de cada um devem ser levados em conta, mas algumas dicas devem ser colocadas no foco na hora da escolha. n Prefira comprar sapatos no fim da tarde e à noite, pois é comum os pés incharem ao longo do dia. Assim evita-se comprar um sapato que está confortável na hora, mas que horas depois ficará insuportável. n Veja qual dedo do pé é maior.Na hora de calçar, é preciso haver 2,5 cm de folga em relação a esse dedo. n Experimente sempre os dois pés do calçado. Lembre-se que um pé é sempre diferente do outro. n Em alguns países, como a Tailândia, as pessoas compram sempre um número a mais, para dar conforto aos pés. Aqui não temos essa tradição, mas é fundamental lembrar que um sapato apertado é algo torturante (os pés podem ficar elegantes, mas a

expressão facial...). Portanto, nem largo em excesso, que fique saindo dos pés, nem apertado demais, o pior dos mundos. É preciso que ele esteja bem confortável na loja, na hora da compra. (Não aceite argumentos do vendedor de que “depois ele cede”. Isto pode acontecer, mas depois que você já perdeu os cabelos de tanto sofrer. n Fundamental, ao dar aquela voltinha na loja na hora da decisão da compra, sinta bem se o calçado oferece bom equilíbrio. Afinal, uma das funções principais dos sapatos é essa; ficar com uma base sempre em falso vai provocar uma insegurança (além das outras questões que falamos) que a eventual beleza do sapato não vai esconder (“Que moça bonita, mas parece tão insegura quando caminha...”). Concluindo, a beleza é relativa. Os pés podem estar com uma “obra de arte” que pode não te favorecer em nada, além de prejudicar de várias formas a sua saúde.

Renato Guariglia e Renata Cunha Editores - Zona Sul Fábio Ferreira Diagramação Renato Guariglia Comercial Impressão: Grupo Sinos Tiragem: 10 mil exemplares Contato: (51) 3268.4984

zonasul@jornalbemestar.com.br

REDE BEM ESTAR Érico vieira Comercial/Relacionamento Max Bof Administrativo/ Produção Editorial Ralph Viana Conteúdo/Arte Jaqueline Bica Diagramação Central Jornalista responsável: Max Bof (mtb 25046) Material: Revistas CUERPOMENTE, UNO MISMO, NEW AGE, PSYCHOLOGY TODAY, BUENA SALUD, THE QUEST, PSYCHOLOGIES, SHAMBHALA SUN, MAGICAL BLEND, NOUVELLES CLÉS. Informes publicitários, textos e colunas assinadas não correspondem necessariamente à opinião do jornal e são de responsabilidade de seus autores.

Que todos os méritos gerados por esse trabalho beneficiem e tragam felicidade para todos os seres.


Bem Estar • Nº 20 • Maio 2010 • 16


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.