Minicurso: Filmes Etnográficos: Compreensão e Análise (20h) Facilitadoras: Sílvia A. C. Martins, Ph.D. – AVAL/PPGAS/ICS/UFAL Fernanda A. C Martins, Docteure en Cinéma - LACIS/UFRB Aluna: Amanda Patrícia Santos Lorena de Menezes/ Mestranda PPGAS/UFAL
ROTEIRO DE ANÁLISE FÍLMICA: Traços do Xangô Alagoano
1.
Título do Filme: O Juremeiro de Xangô
2.
Ficha técnica:
Direção: Arilene de Castro Produção executiva: Clébio Araújo
Coprodução: Arteiros S/A Pesquisa: Clébio Araújo, Igor Machado e Arilene de Castro Roteiro: Igor Machado e Arilene de Castro Assistência de direção: Igor Machado Direção de produção: Wellima Kelly e Igor Machado Direção de fotografia: Arilene de Castro e Leandro Alves Direção de arte: Clébio Araújo e Wellima Kelly Som direto: Jaziel Martins e Cazamba Montagem: Rafhael Barbosa e Felipe Rios Assistência de montagem: Paulo Silver Correção de cor e finalização: Felipe Rios Motions e designer gráfico : Ulysses Lins Direção musical: Igor Machado “Juremeiro de Xangô” (Igor Machado) “Jurema Soul” (Igor Machado / Cazamba) “Vidagreste” (Igor Machado / Cazamba / Léo Bulhões) Desenho de som: Junior Evangelista Mixagem: Junior Evangelista Assistência de Fotografia: Wellington da Silva (Pirulito), Val Costa e Tarcísio Ferreira Decupagem: Robledo Braga e Matheus Vieira Assistência de produção: Altamir Alves, Lilia Ferreira e Lara Araújo Assistência de produção de elenco: Wagno Godez e Branco Folha Preparação de elenco: Arilene de Castro Atores: Linete Matias, Dalva de Castro e José Emanoel Figurantes: Mãe Nalva, Mãe Rita e Neno Alabê Transcrição e Tradução em Inglês: Orlando Ramos, Pinturas e Marcelo Mascaro Informações disponíveis no site https://alagoar.com.br/o-juremeiro-de-xango/ 3.
Informações gerais sobre o filme:
Selecionado e fomentado pelo edital Curta afirmativo 2014: protagonismo de cineastas afro-brasileiros na produção audiovisual, pela Secretaria do Audiovisual e Ministério da Cultura, financiamento de R$ 100 mil1. O projeto é do Núcleo de Estudos AfroBrasileiros da Universidade Estadual de Alagoas (NEAB-Uneal), coordenado pelo professor Clébio Correia de Araújo2, em parceria com o grupo cultural Arteiros S/A. Seleções e Prêmios3: Contemplado no edital Curta afirmativo 2014. Mostra Sururu de Cinema Alagoano 2015 I Festival do Filme Etnográfico do Pará – 2017 Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife – 2017 Cine Cariri – 2018 Eco Cine – 2018
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Conforme notícia presente em: http://www.uneal.edu.br/sala-deimprensa/noticias/2016/dezembro/documentario-201c-o-juremeiro-de-xango201d-sera-exibidona-mostra-sururu-de-cinema-alagoano 2 Segundo informações disponíveis no site https://alagoar.com.br/o-juremeiro-de-xango/. 3 Informações disponíveis em: https://laursacine.wordpress.com/portfolio/o-juremeiro-de-xango/
O site Alagoar, sobre o audiovisual alagoano, traz a reprodução4 de uma crítica de Diogo Souza intitulada “Efusões da Jurema que pulsam através da tela”, de 2016, desenvolvida numa Oficina de Crítica Cinematográfica5 Notícia sobre a gravação do documentário no O dia mais: https://odiamais.com.br/gravacoes-do-documentario-o-juremeiro-de-xango-saoiniciadas-em-arapiraca/ Notícia sobre o lançamento do documentário no site da Prefeitura de Arapiraca: http://web.arapiraca.al.gov.br/2017/03/com-entrada-franca-documentario-juremeirode-xango-e-lancado-neste-domingo/ Notícia sobre a exibição do documentário na Mostra Sururu de Cinema Alagoano, disponível no site da UNEAL: http://www.uneal.edu.br/sala-deimprensa/noticias/2016/dezembro/documentario-201c-o-juremeiro-de-xango201dsera-exibido-na-mostra-sururu-de-cinema-alagoano
4.
4.1.
Trabalho de Análise: Descrição :
O filme, através da história do babalorixá e mestre de Jurema conhecido como Pai Alex de Xangô, apresenta traços do imaginário afro-ameríndio alagoano, como elementos da Jurema e sua trajetória com esse culto. Em seu cartaz de divulgação, apresenta-se enquanto documentário, com duração de 26 minutos. Há preocupação com a estética. O documentário inicia com uma parte ficcional, com a encenação, aos 0:32 segundos, da atriz Linete Matias entoando um cântico da Jurema e com uma fala sobre o chamado da espiritualidade e o não atendimento ao chamado. Aos 3:00 temos uma representação que retrata um toque, uma celebração de Umbanda. Só aos 4:00 minutos temos o destaque do nome do documentário e, aos 4:12 a entrada de uma voz narrando e explicando elementos da religião com cenas de partes ritualísticas (aos 4:45). As vozes ganham rosto. Ora o da atriz (aos 6:40), encenando e explicando elementos da Jurema, ora as vozes que ganham rostos daqueles que concedem entrevistas/depoimentos no documentário, a exemplo da fala de Clébio Araújo ou de Pai Alex de Xangô (Babalorixá e Mestre Juremeiro, Alex Gomes da Silva) também explicando questões voltadas ao culto da Jurema. A partir dos modos elencados por Nichols (2010), acredito que o filme documentário “O Juremeiro de Xangô” apresenta características dos modos: expositivo, participativo e performático. Presença de elementos do modo expositivo:
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Disponível em: https://alagoar.com.br/critica-o-juremeiro-de-xango-dir-arilene-de-castro/ Disponível em: https://oficinadecritica.wordpress.com/2016/12/22/efusoes-da-jurema-quepulsam-atraves-da-tela/#respond 5
O filme transita numa inda e vinda ao longo da narrativa, construindo uma estrutura argumentativa e com a presença de uma voz de autoridade que expõe elementos pertinentes à temática e depois ganha rosto.
Presença de elementos do modo participativo: Clébio Araújo, diretor executivo do filme e, à época, coordenador do NEAB/UNEAL de quem é o projeto do documentário, aparece tanto enquanto fornecendo entrevista/depoimento explicativo (9:58) quanto em cena de expressão ritualística (9:12), participando do momento. A ideia do “estar presente”.
Presença de elementos de modo performático: Enfatiza uma biografia de Pai Alex de Xangô, construindo um argumento que sustenta a questão do “chamamento da ancestralidade” que aparece já nos primeiros segundos do documentário. E a trajetória dele na Jurema e, posteriormente, também no candomblé.
4.2.
Reconstrução:
[Fazer o que Vanoye e Goliot-Lété (2008) sugerem em “estabelecer elos” entre as partes da descrição do filme, extraídas do filme (citadas no item 4.1)]. Enquanto filme etnográfico, sugiro responder: Qual campo da antropologia que o filme se insere e/ou pode servir enquanto fonte de dados etnográficos? (a)
O filme apresenta uma temática que é considerada clássica na Antropologia, porém que não deve ser encarada como esgotada: as religiões afro-brasileiras. Sendo essa, uma das primeiras temáticas abordadas nas produções antropológicas brasileiras. É possível compreender esse filme enquanto fonte de dados etnográficos, principalmente, por focar em apresentar a voz dos interlocutores, não somente uma construção a partir da visão acadêmica sobre a temática, embora tenha sido desenvolvido com vinculação ao Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Estadual de Alagoas, campus de Arapiraca. É uma fonte de dados importante também para pensar religiosidade em Alagoas, território historicamente marcado por perseguição à religiões de matrizes africanas ou que destoassem da hegemonia cristã.
(b)
Quais e como são apresentados os dados etnográficos apresentados/contidos no
filme? Através de parte ficcional, na qual a atriz, enquanto encena tarefas cotidianas, explica brevemente sobre elementos da Jurema. Através de representação de ritualísticas da religião e também através das entrevistas/depoimentos.
Como você classifica esse filme etnográfico de acordo com o tipo de documentário, baseando nas definições de Nichols (2010)?[ Lembrando que o filme vai se caracterizar num desses modos/tipos de acordo com a predominância de um, pois o filme pode conter vários modos dentro dele]. (c)
Poderia classificar como documentário com predominância de modo expositivo, conforme definições de Nichols (2010) mas que, além de ter evidente elemento ficcional, apresenta traços dos modos participativo e performático.