Catálogo 19º Vitória Cine Vídeo

Page 1









A festa do cinema capixaba Já se vão 117 anos desde que os irmãos Lumière organizaram sua primeira exibição pública de imagens, e o cinema continua fascinando crianças, jovens e adultos no mundo inteiro. Ainda que muitos duvidassem de sua capacidade de resistir ao advento da TV, a sétima arte não apenas sobreviveu, como abriu novos caminhos criativos e tecnológicos e se manteve como uma das mais completas formas de expressão do espírito humano. Ao longo de sua evolução, o cinema contribuiu de modo decisivo para a formação de identidades e comportamentos, a compreensão das emoções e princípios que movem nossos atos e a difusão de novas e diferentes visões do mundo. Tudo isso enquanto embalava sonhos, despertava paixões e criava heróis que povoaram a imaginação de gerações e gerações de cinéfilos. Lembro bem a expectativa com que acompanhávamos, na juventude, o lançamento de filmes que hoje já são considerados clássicos. Era sempre um deslumbramento assistir àquele turbilhão de imagens e enredos, que abriam janelas para ideias e sentidos muitas vezes surpreendentes. E poucas coisas se comparam à emoção que sentíamos quando as cortinas se fechavam e apagavam-se as luzes nas pequenas salas de exibição, bem menos tecnológicas e preparadas que as atuais. Hoje, além da apreciação estética e da entrega emocional que o cinema continua a despertar em mim, vejo nesta atividade traços de similaridade com o trabalho que realizamos no Governo. De fato, até seu encontro com o público, nas salas de exibição, os filmes recebem a contribuição de muitos olhares, opiniões e habilidades diferentes, em seu processo de criação, produção e lançamento. São construções coletivas, assim como nosso trabalho à frente do Executivo estadual. É certo que a obra política e administrativa jamais poderá almejar o alcance emocional e a transcendência da criação artística. Mas considero que, de certa maneira, evocamos e espelhamos esse processo de integrar múltiplas e diferentes contribuições no desenvolvimento de um projeto comum, ao estabelecer entre nossos objetivos prioritários a determinação de fazer uma gestão mais transparente e participativa. Essa é hoje a prática do Governo do Espírito Santo em todas as áreas e principalmente na Cultura. Conferimos à Secretaria um lugar privilegiado nos eixos estratégicos que se articulam para promover o desenvolvimento do Estado, aderimos ao Sistema Nacional – com o desafio de articular Governo e sociedade no desenvolvimento da cultura capixaba – e agora iniciamos os debates públicos para a construção do Plano Estadual de Cultura. Nesse enredo geral, há um roteiro específico para o desenvolvimento de políticas que estimulam e fomentam o cinema capixaba. A cada ano, ampliamos o volume de recursos e as modalidades de editais voltados para a criação, produção e circulação de obras realizadas por artistas e técnicos locais – incluindo para longas-metragens. E, simultaneamente, procuramos contribuir para formação de plateias e para a capacitação dos diversos profissionais que atuam no mercado audiovisual. Agora, em novembro, voltamos a celebrar o cinema capixaba e brasileiro com a 19ª edição do Vitória Cine Vídeo, já consolidado como espaço para intercâmbio de informações e experiências entre o público e os realizadores locais e produtores e diretores nacionais. Um momento em que nossa Capital respira arte e se projeta nacionalmente, revelando ao país as potencialidades capixabas, a riqueza da nossa cultura e a força criativa do nosso trabalho. E assim como nas demais políticas públicas, nas quais imprimimos as marcas do respeito à diversidade, do trabalho compartilhado e da busca permanente da inovação, promover este belo encontro da população capixaba com as mais diferentes formas de pensamento e expressão exibidas nas telonas é uma afirmação de princípios e objetivos. Pois, para nós, a cultura é peça fundamental na construção de uma sociedade mais humana, igualitária e consciente. E talvez não haja nenhuma manifestação cultural mais coletiva, abrangente e mobilizadora do que o cinema. Tenham um bom festival.

Renato Casagrande Governador do Espírito Santo



É com orgulho que apoiamos o Festival de Vitória - 19ª Vitória Cine Vídeo, um festival de audiovisual que se tornou uma referência importante em todo país e tem fomentado a qualidade da produção local no setor, estimulando o interesse por esta linguagem. Nessas últimas décadas, o audiovisual se tornou um setor estratégico da comunicação e do entretenimento. As imagens estão por toda a parte, dialogando conosco e nos transmitindo informações. Nossas políticas públicas da cultura buscam, portanto, fortalecer esta cadeia produtiva importante em nosso Estado. Em 2011, a Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo investiu no fomento, na formação e na difusão da atividade audiovisual através de editais, de oficinas, da realização de mostras e da implementação de ações para o fortalecimento da cadeia produtiva do audiovisual em convênio com o Sebrae-ES. Também promovemos o apoio a mostras e festivais - entre eles o próprio Festival de Vitória, o Festival de Cinema e TV Independente de Muqui (Fecim) e a Mostra Produção Independente da ABD Capixaba. Ano passado, também tivemos a estreia da primeira produção financiada pelo nosso Edital de Longa Metragem: As Horas Vulgares, dirigido por Vitor Graize e Rodrigo de Oliveira. Em 2012, a Secult continua a investir no setor audiovisual com destaque para o terceiro Edital de Longa Metragem e para o programa YAH! TV, exibido pela TV Educativa do Espírito Santo, às quartas-feiras e sábados. O segundo filme selecionado pelo Edital de Longa Metragem também já se encontra em fase de edição e finalização: Entreturnos, dirigido por Edson Ferreira. A participação de muitos filmes em festivais nacionais e internacionais demonstra a boa qualidade da produção capixaba. Alguns dos filmes da Mostra Meu Lugar, do PRCJ, por exemplo, participaram recentemente de dois festivais importantes no Rio de Janeiro e em São Paulo. Não podemos esquecer que outros editais pressupõem a participação de profissionais do audiovisual. Entre eles podemos destacar o edital de edição de DVDs, o de criação e manutenção de sites, o de bolsas de roteiros, o da valorização da diversidade cultural, o de projetos culturais de pequeno porte e o de apoio ao cineclubismo.

Maurício José da Silva Secretário de Estado da Cultura do Espírito Santo



O Festival de Vitória - reconhecido como um dos principais eventos audiovisuais do País - é uma das realizações mais significativas patrocinadas pela Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria de Cultura. Assim como a Cidade, o festival fica cada vez melhor. Este ano temos o privilégio inédito de receber a 19º edição do Festival de Vitória na Estação Porto. Ao longo dos anos, temos incrementado nossas ações que visam a ampliar o sentido da imagem entre nossos habitantes, com oficinas voltadas para a área ou encontros que objetivam debater, de modo crítico, esse tipo de produção. Por essa razão, o Festival de Vitória - 19º Vitória Cine Vídeo é, certamente, um dos ambientes mais propícios para o encontro entre os profissionais de vídeo e cinema e também para os moradores da Capital apaixonados pela sétima arte. O festival é um evento importante para o fortalecimento da nossa cultura. Através dele, estamos construindo pontes imaginárias para uma Vitória mais justa e mais humana. A Vitória dos sonhos de todos nós.

Prefeito Municipal de Vitória João Carlos Coser Secretário Municipal de Cultura Alcione Alvarenga Pinheiro



O Instituto de Ação Social e Cultural Sincades – Instituto Sincades apoia, pelo segundo ano consecutivo, o Festival de Vitória - 19º Vitória Cine Vídeo. Alcançada a maioridade, em sua décima nona edição, este evento amplia sua força e espalha pela capital Vitória a força do audiovisual, com seus curtas e longas, e com dezenas de artistas que interagem com um público cada vez maior e mais ávido por novidades, novos conceitos e novas emoções. São quase cem filmes que durante seis dias são apresentados em mostras competitivas e não competitivas, centradas na bela Estação Porto, na Universidade Federal do Espírito Santo e em outros redutos da capital capixaba, oportunizando fácil acesso a todos. Com 12 filmes de produção capixaba, o Festival de Vitória - 19º Vitória Cine Vídeo reúne muitos ingredientes para tornar-se ainda mais um evento de expressão nacional, e até internacional. Nosso apoio, portanto se justifica pela grandeza e pelas possibilidades que o evento vem demonstrando ao promover a inclusão sócio cultural, ao permitir o acesso gratuito às diversas formas de manifestação artística e ao promover o Espírito Santo como um estado que cada vez mais valoriza a cultura como meio de desenvolvimento humano e como entretenimento saudável e produtivo.

Idalberto Luis Moro Presidente Instituto Sincades



O Festival de Vitória chega à sua décima nona edição inscrito, definitivamente, no roteiro dos mais significativos eventos audiovisuais do Brasil. Além de apresentar o que há de mais recente – e importante – na realização de filmes e vídeos no país, contribui para a formação de novas platéias, para o intercâmbio entre público e realizadores, e – ao espalhar seu raio de ação por escolas da rede municipal e por bairros da capital do Espírito Santo – cumpre uma interessante atuação social. Portanto, nada mais natural que a Petrobras apóie este evento. Além de sermos a maior empresa brasileira, somos também a maior patrocinadora cultural do país. As artes e a indústria do audiovisual fazem parte do apoio que prestamos, e o Festival de Vitória reflete, em boa medida, o que está sendo produzido. É um espaço de encontro e debate, de mostra e revelação. Um campo fértil para novas idéias, novos conhecimentos, novas energias. Um campo muito parecido aos campos em que a Petrobras atua, contribuindo para fortalecer a energia que leva ao desenvolvimento do Brasil. PETROBRAS



Apoiar, investir e divulgar a cultura faz parte dos valores pregados pela Rede Gazeta ao longo dos seus 84 anos de existência no Espírito Santo. Por isso, desde a primeira edição do Festival de Vitória, é parceira para comunicar, cobrir e promover acesso de todos à arte produzida e divulgada pelo festival. Assim como no festival, inovação, criatividade e audiovisual fazem parte do DNA da Rede Gazeta nas suas produções diárias. Estar junto é mais do que natural. Pelos 21 negócios que compõem a empresa no Estado, os trabalhos inscritos e premiados viram notícia em páginas, imagens, fotos, posts e informação para os capixabas, para o Brasil e para o mundo. A nossa presença mais uma vez é motivo de orgulho e satisfação. Corrobora a importância do desenvolvimento profissional e artístico da região. Rede Gazeta A vida se faz com informação.


A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura (SAv/MinC) tem a honra de apoiar o Festival de Vitória, que completa este ano o seu 19º aniversário. Com criatividade e inovação, o evento dedica-se, ao longo dessas edições, à aproximação do audiovisual nacional ao público local. O festival reúne filmes de curta, média e longa-metragem em quatro mostras competitivas, em 16mm, 35mm e formato digital. Além da apreciação e do contato do público com a Mostra Competitiva, o desenvolvimento local do audiovisual é estimulado com o Concurso de Roteiro Capixaba, para filmes inéditos com duração de até 15 minutos. O filme vencedor, que deve ser realizada no Espírito Santo, envolvendo uma equipe local, será lançado durante a edição de 2013 do festival, completando o ciclo do setor audiovisual com a difusão da obra pronta. Além disso, com as oficinas, o Festival de Vitória - 19º Vitória Cine Vídeo qualifica os agentes do segmento audiovisual local, dando sustentabilidade à cadeia do setor. Essas ações estão em consonância com os princípios da Secretaria do Audiovisual, que acredita na vocação territorial para o audiovisual das diversas regiões brasileiras. A SAv parabeniza, ainda, I Concurso de Mídias Alternativas, que valoriza os produtos audiovisuais multimídia e incentiva a construção de novas linguagens. Inovação é uma das características mais relevantes do setor audiovisual e deve ser sempre estimulada. Por tudo isso e muito mais, saudamos a 19ª edição do Festival de Vitória, em suas diversas frentes!

Ana Paula Dourado Santana Secretária do Audiovisual


Fazer cinema é lidar com a vida e motivo de observar a realidade. Hoje completando 19 anos, o Festival de Vitória vive um momento de renascimento. Vem com novas mostras, novo olhar, reinventando esta Sétima Arte que é também música e literatura, economia e turismo, exercício tanto do sonho como da cidadania. São 19 anos exibindo histórias de todo Brasil, e assim ajudando também a formar este país, igualmente novo, igualmente desejoso de novos olhares. Este é um festival do povo capixaba, para o povo capixaba, que ambiciona sempre ecoar o mundo. E este povo é numeroso! Para oferecer as condições ideais de exibição para os filmes e realizadores que trazemos de tantos lugares do país e, sobretudo, para cumprir o destino do Festival de Vitória de ser um lugar para as massas, com uma das maiores e mais participativas plateias do Brasil, precisamos de um espaço a altura. Desde que abandonou a residência fixa e passou a circular por diversos espaços da cidade, o Festival de Vitória tornou-se também um esforço de arquitetura e planejamento urbano. Este ano voltamos ao Centro de Vitória, nosso lugar de origem e de coração. Ancorado no cais do porto, transformamos este espaço na fábrica de sonhos que é o Festival de Vitória. Dá muito trabalho, mas este não é maior que o orgulho de vermos tudo pronto e funcionando perfeitamente. Sem a cooperação das empresas e instituições patrocinadoras e um esforço imenso da nossa equipe, nada disso seria possível. Cooperação, aliás, que não começa às vésperas do evento. O Festival de Vitória é uma demanda do ano inteiro, e no dia seguinte ao encerramento desta décima nona edição já começa o trabalho para colocar de pé nossa próxima jornada, um aniversário de vinte anos que precisa ser muito comemorado. E até lá, esta nossa equipe vai continuar trabalhando para aprovar nossas propostas em todos os editais, passando por todas as reuniões de marketing, e-mails aflitos e telefonemas nos horários mais loucos – e me consolando quando parecer que nada vai dar certo! É duro, ainda hoje, promover o cinema brasileiro e apostar na formação de seu público sem levar alguns tropeços pelo caminho. É com o Cine Metrópolis cheio, nas sessões de cinema e nos debates, e com fila na porta do Estação Porto para se prestigiar o melhor da produção de curta e longa-metragem do Brasil que temos a resposta do nosso esforço. As crianças do Festivalzinho se nutrindo de novas peças para seu imaginário, os jovens desenvolvendo seus talentos nas oficinas, o cinéfilo de carteirinha se gabando de ter visto tudo lá da primeira fila, e ainda aqueles que vêem um filme brasileiro no cinema pela primeira vez em nosso Festival: uma coisa assim não tem como dar errado! Fica aqui, portanto, meu agradecimento a todos os nossos patrocinadores e apoiadores, em especial ao Governo do Estado do Espírito Santo, que há dois anos abraça o Festival, projetando desde já uma parceria forte e duradoura. Meu agradecimento ainda a todos que, de uma forma ou de outra, ajudaram a realizar esta edição de 19 anos. Muito obrigada, e bom Festival para todos! Lucia Caus Diretora do Festival de Vitória Galpão Produções Instituto Brasil de Cultura e Arte





XVI Mostra

COMPETITIVA

NACIONAL de Curtas


TRAJETÓRIA NO DESAPRENDIZADO Rodrigo de Oliveira Curador

A primeira frase ouvida na Mostra Competitiva Nacional de Curtas do Festival de Vitória, este ano, é ao mesmo tempo um aviso taxativo e um delicioso problema: “Vocês não sabem o que é o cinema!”. É o que dirá o arremedo de cineasta português em Meu amigo que trabalhou com Manoel de Oliveira, que fez 100 anos, insistindo nos direitos adquiridos sobre uma geração que mal consegue se concentrar nas instruções para a figuração de uma grande produção de época. Ao final desta mesma Mostra, veremos Pio Zamuner em pessoa, o espectro oposto de Manoel em termos

de carreira, mas igualmente dignificado pelos anos de experiência, assumir para si não só a condução das entrevistas de Piove, Il Film di Pio, como também a própria direção (das suas emoções, daquelas do entrevistador, e do olhar que a câmera deve lançar sobre ele). Há uma desconfiança da parte disto que conhecemos por cinema, e ela não é mais do que um alerta ao atrevimento dos curta-metragistas: este brinquedo é perigoso, e que ele seja tratado com responsabilidade – diagnóstico idêntico àquele que Câmera escura apresenta. Eis uma caixa que pode explodir, cujo


manuseio pode causar danos. E se filmes continuarão a ser feitos, sobretudo filmes como estes apresentados aqui, que eles carreguem esse mesmo sentido de desaprendizado (“vocês não sabem!”, logo, inventem outras sabedorias) e terror (que os filmes corram o risco de padecer de sua própria ousadia). O melhor cinema brasileiro, hoje, está no curta-metragem, e tem sido assim já há alguns anos. O formato se beneficia, é claro, da desobrigação comercial, da distribuição mais franca e, ainda que o filme autofinanciado marque grande presença nas safras anuais, se beneficia também de investimento público direto, cada vez mais espalhado por editais regionais, municipais, prêmios de festivais, enfim. Beneficia-se ainda do fato de ser um cinema feito por jovens, muitos ainda em formação, e naturalmente mais atrevidos, mais dispostos ao risco. O que impressiona, no entanto, não é que os cineastas ainda estejam em processo, mas que os filmes que deles resultam sejam obras tão plenamente realizadas, firmes nas suas propostas, conscientes de suas forças – o resultado acabado, em forma de filme, de uma trajetória

pessoal ainda em evolução. Falamos aí de realizadores que estabelecem uma carreira forte no curta, a quem o formato interessa estruturalmente, sem necessariamente servir apenas de plataforma para o longa futuro (Marcelo Caetano, Thiago Brandimarte Mendonça, Eduardo Kishimoto), de outros que já estiveram no longa e retornam ao formato menor para fazer avançar seu projeto autoral (Juliana Rojas, Gabriel Mascaro, Marcelo Pedroso) ou simplesmente problematizá-lo (Luiz Pretti, Guto Parente). E há ainda todo um universo de novos atores nesse cenário sempre mutante, que se aproximam com igual firmeza – e, por que não, projeto (Leonardo Mouramatheus, Nara Normande, Ian Abé, Ramon Porto Mota, Anacã Agra). Em comum há o diagnóstico de uma insuficiência de origem. Esta é uma geração marcada pelo acesso sem igual a qualquer filmografia, clássica, moderna ou contemporânea, dado pela internet e potencializado pelas retrospectivas em centros culturais e pelos festivais de cinema internacional. Esse ressurgimento da cinefilia, aliado à presença forte dos cursos de cinema que

se espalham pelo país, apontam para uma relação ao mesmo tempo íntima e desconfiada da história do próprio cinema brasileiro e, sobretudo, daquilo que se tem produzido hoje. Antes de se contentar com o conceito do “inclassificável”, o que estes curtas têm feito, sistematicamente, é ampliar os limites do que se pode fazer por aqui – e mais ainda, eles explicam calma-agressivamente que estes novos limites podem ser igualmente nossos. Existem, é claro, os projetos de reedição informada da história (onde poderíamos identificar recorrências como as crônicas do cotidiano urbano, as comédias de classe, um retorno aos gêneros populares dos anos 70 e 80, as emulações do marginal, ou ainda tendências do próprio curta dos últimos anos, o filme de descoberta adolescente, o filme de crise da terceira idade, a opressão do urbano sobre a sensibilidade adulta), todos eles ausentes da seleção deste ano. Aos filmes da Mostra Competitiva Nacional de Curtas interessa mais um sentido de reinvenção desta mesma história, onde parece ser fundamental desaprender o anterior para melhor poder dialogar com o urgente – para poder se deixar abalar pelo novo. Mais


estranho – e bem-vindo – que uma competição entre curtas é que ela seja, de fato, nacional. Há um desejo de país: o oficial ou o suplementar, chamado “cinema brasileiro”. Primeiro, a refundação. Juscelino Kubistchek vivo, escondido no exterior, avisando a uma repórter sobre os perigos de toda a redemocratização (O velho e o novo), um exercício de revisão histórica disfarçado de premonição. A seca como a impossibilidade de se continuar a transformar lágrima em fonte de irrigação (Dia estrelado). Os mitos de origem: a reconstituição do folclore contra o povo cuja construção ele deveria servir (Loja de inconveniências), a imaginação de toda uma civilização que cedesse o poder político e espiritual ao feminino (Porcos raivosos). O que se dá nestes filmes, e que aponta para todo o resto do conjunto, é uma reorganização da própria ideia de encenação do espírito coletivo, um redimensionamento dos agentes de uma cena originária e que contaminará os corpos, os gestos e as relações posteriores. É interessante imaginar, por exemplo, que o jogo alucinatório cristão-ocidental de um Mais denso que o sangue ou o jogo de corpos urba-

nos marcadamente contemporâneos de Charizard só sejam possíveis tendo na base desse povo o transe induzido e a autoficção das índias de Porcos raivosos, mães dessa pátria fictícia de figuras forjadas na luz. Algo se transmite nessa passagem à fabricação, algo de liberdade, claro, mas também de um chamado à densidade. Esse reencontro com as possibilidades de um outro passado aponta, ainda, para um presente transformado, terrivelmente viável, e ele aparece mais realista quanto mais próximo do gênero e do artifício os filmes chegarem. Nunca antes os temas tão recorrentes no cinema paulistano dos últimos dez anos sobre a opressão da metrópole, o esvaziamento das relações humanas e a perturbação psicológica que daí resulta foram tão realisticamente encarados como em O duplo, um filme de vampiros literais contra todo o vampirismo metafórico anterior. Há algo no desaprendizado que liberta o cineasta dos meios-termos, das sutilezas, de um resquício de elegância plástica e minimalismo dramático que pareceu, pouco tempo atrás, guiar a sensibilidade de parte dessa geração a golpes de

cinema-de-festival. Há uma sensação de vamos-direto-ao-ponto, por exemplo, em Dizem que os cães vêem coisas, com seu “eu sei que a burguesia fede” e a encenação do grotesco de classe que gera mesmo um novo modo de filmar (e se há um filme cujo efeito cômico é exclusivamente cinematográfico – a montagem, a composição dos planos – é este aqui). Há, às vezes, a reversão completa: O hóspede faz parecer que não há outro modo de se ver o sertão senão como o espaço da ficção científica, sem que nisso ele se desculpe pela pecha realista automática sempre associada ao espaço, sobretudo porque o tom messiânico de Brasil-profundo surge histórico e idêntico em Mais denso que o sangue, a não ser pelo fato do western sociológico-marxista anterior ser substituído pelo bangue-bangue literal, puro e nada simples. Há, por fim, a sensação de uma troca mais franca entre cineastas e objetos, os primeiros mais disponíveis ao que emana da cena, os segundos mais abertamente expostos para o olhar. É assim que Menino do cinco, que mostra uma disputa de classe em seu sentido mais estrito, acaba eclipsando todos os filmes de des-


coberta adolescente na safra, uma vez que aborda um aspecto francamente negativo da infância e abre a possibilidade de um futuro terrível justamente ali onde até então só se via fofura e inconsequência. Na outra ponta da história, o terrível da velhice, a animosidade materna de Odete ganha igual tratamento sóbrio e totalizador (de onde vêm a obscuridade da cidade de Fortaleza, em seus planos noturnos estáticos, se não da própria negação do vínculo materno, como se todo o mundo se despedaçasse uma vez que alguém admita, em voz alta, que não há amor ali onde nunca se supôs o contrário?). A animação Linear dá voz ao inanimado da cidade, eternamente ignorado, e Realejo só pode proporcionar todo o mundo de sonhos que estrutura uma vez que aceite, em seu interior, o signo do pesadelo. E que o funeral do antigo seja honrado, e que se garanta a ele um último gosto da folie cinemanovista antes de seu fim iminente (A dama do Estácio). É uma nova agenda de mediações, necessária justamente por reconhecer um novo universo real-ficcional (este Brasil que se apresenta em facetas ainda inéditas no cinema). A caixa

com a câmera, dispositivo fracassado que Câmera escura utiliza, vai sendo espalhada por lugares menos temerosos de exposição e, eventualmente, assume o ponto de vista de seu receptor, como em Espírito Santo Futebol Clube, um filme sobre uma equipe à beira da inexistência, repleto de dramas menores e mais tradicionais, mas que acaba se filiando à figura do presidente, do menos pobre entre os pobres, justamente por ser o que mais arrisca – e o que cai do lugar mais alto. Um dia na vida de um grupo de romeiros talvez seja experimentado de modo diverso se passar pelo filtro da tradição nada conservadora de um Edgar Navarro (Sala de milagres), e assim o espetáculo da suspensão do espírito também pela festa, pela música brega, pelo que se faz depois da reza, ganha potência igual a do evento original. Em algum momento desta trajetória, nasce o nunca-visto. O desaprendizado cumpre sua função de apresentar novos saberes, estabelecer novos temores, apresentar problemas de outra ordem. Apresentar, no fim das contas, uma pauta para o cinema do amanhã, hoje. Uma câmera de mão, caseira, pode ser o instrumento que faltava para que

passemos do voyeurismo do alto dos apartamentos para as festas da nova comunidade, contemporânea, diversa, familiar, como em Na sua companhia – é preciso voltar ao nível do chão. Do mesmo modo, o homem surdo de A onda traz, o vento leva está a uma pulsação de distância: como o próprio personagem, o filme pode lidar com aquilo que desconhece se também puder se comunicar apenas pelo tremor que as coisas geram, um amplificador de som ou a conversa mais excitante sobre uma transa, no quebra-mar. Mash-up, velho e novo, ressignificação, imagens de arquivo em programas modernos de edição, como em Primas, ou a vida inteira mediada, de modo tão radical que transforme mesmo aquilo que entendemos por cinema: a tela transformada de Memórias externas de uma mulher serrilhada, celular, webcam, câmera de cinema e área de trabalho todas compartilhando de uma mesma origem comum. Filma-se, sempre, por desejo do cineasta, do objeto, e às vezes à revelia de ambos. Não se sabe o que é o cinema, diz-se no primeiro filme da Mostra Competitiva Nacional de Curtas. Eis aí razão mais que suficiente para reinventá-lo.



MEU AMIGO QUE TRABALHOU COM MANOEL DE OLIVEIRA, QUE FEZ CEM ANOS João Marcos de Almeida e Sergio Silva 22’30” MINIDV 2012 COR SP FICÇÃO

Sinopse: Ex-ator confessa seu maior trauma, ter trabalhando num filme de Manoel de Oliveira. Uma homenagem aos cem anos de cinema. Direção e Som: João Marcos de Almeida e Sergio Silva Roteiro e Montagem: João Marcos de Almeida Produção Executiva e Diretor de Produção: André Protásio Fotografia: Matheus Rocha Direção de Arte: André Protásio e Paulo Faria Edição de Som: João Marcos de Almeida e Juliana Rojas Elenco: Paolo Gregori, Eduardo Gomes, Matheus Rocha Filmografia do Diretor: Eva Nil: cem anos sem filmes (2009); A Bela P.. (2008); Jurando que viu a periquita (2007).

CHARIZARD Leonardo Mouramateus 14’ HDV 2012 COR CE FICÇÃO

Sinopse: A semana em que Virna resolveu se separar do namorado para ficar comigo, foi a mesma semana em que me ofereceram um emprego temporário de caseiro. Direção, Roteiro, Produção Executiva e Diretor de Produção: Leonardo Mouramateus Fotografia: Breno Baptista Direção de Arte: Mariana Nunes Montagem: Salomão Santana Som: Lucas Coelho de Carvalho e Elisa Ratts Edição de Som: Lucas Coelho de Carvalho Elenco: Daniel Pizamiglio, Geane Albuquerque, Luiz Otávio Queiroz e Marcel Cozzolino Filmografia do Diretor: Mauro em Caiena (2012); Charizard (2012); Estrela Distante (2012); Europa (2011); Dias em Cuba (2011); Fui à Guerra e não te Chamei (2010).


MEMÓRIAS EXTERNAS DE UMA MULHER SERRILHADA Eduardo Kishimoto 15’ 35mm 2011 COR SP FICÇÃO

Sinopse: Fragmentos digitais da intimidade de Josi. Direção, Roteiro e Montagem: Eduardo Kishimoto Produção Executiva: Daniel Chaia Diretor de Produção: Cris Alves Fotografia: Carlos Firmino Direção de Arte: Fernanda Carlucci Animação: Antônio Linhares Trilha Sonora: Michelle Agnes Som: Gustavo Nascimento Edição de Som: Ricardo “Chuí” Reis Elenco: Ana Georgina de Castro, Wendy Bassi, Fabio Nassar, Paolo Gregori e Rafael Morpanini Filmografia do Diretor: As Verdades Temporárias (2010); O Cozinheiro Negro (2010); A Psicose de Valter (2007); Terminal Pirituba (2006).

MAIS DENSO QUE SANGUE Ian Abé 15’ HDV 2011 COR PB FICÇÃO

Sinopse: Um forasteiro chega a Cabaceiras e se camufla na multidão que acompanha a comemoração da semana santa. Ele está armado. Um Taurus com quatro balas ponta oca e duas normais. Direção: Ian Abé Roteiro: Ian Abé, Anacã Agra e Ramon Porto Mota Produção Executiva: Julliane Pereira Diretor de Produção: Sergio Oliveira Fotografia: Jhésus Tribuzi Direção de Arte: João de Souza Lima Neto e Emélly Varela Montagem: Ramon Porto Mota Trilha Sonora: Abdias Filho e Vito Quintans Som: Ian Costa Elenco: Gladson Galego e Fabiano Raposo.


SALA DE MILAGRES Cláudio Marques e Marília Hughes 13’ MINIDV 2011 COR BA DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Um dia e uma noite na romaria de Bom Jesus da Lapa. Direção, Roteiro, Produção Executiva e Montagem: Cláudio Marques e Marília Hughes Diretor de Produção: Vanessa Salles Fotografia: Marília Hughes e Nicolas Hallet Som: Cláudio Marques.

MENINO DO CINCO Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira 20’ HDV 2012 COR BA FICÇÃO Sinopse: Ricardo finalmente encontra um amigo, mas ele não pode ser seu. Direção, Roteiro e Montagem: Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira Produção Executiva: Pauline Leite e Marcelo Matos de Oliveira Diretor de Produção: Pauline Leite Fotografia: Wallace Nogueira e Nicolas Hallet Direção de Arte: Simone Dourado Som: Nicolas Hallet Edição de Som: Elenco: Thomas Oliveira, Emanuel de Sena, Fábio Costa, Jonas Laborda Filmografia do Diretor: Álbum de Família (2009); Urbanesas (2008); Agosto (2007); Bom Zezé contra os Maus Políticos (2006); Bom Zezé contra os Maus Políticos (2006); Damião e Cosme (2005); A Eloquência do Sangue (2005); Tu-Dó (2004).


ESPÍRITO SANTO FUTEBOL CLUBE André Ehrlich Lucas e Lucas Vetekesky 29’36” HDV 2012 COR ES DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Um retrato afetivo de um clube de futebol chamado Espírito Santo e a sua luta para permanecer na primeira divisão do campeonato capixaba. Direção e Fotografia: André Ehrlich Lucas e Lucas Vetekesky Produção Executiva: Ana Cristina Murta Montagem: Tina Saphira e André Ehrlich Lucas Edição de Som: Vinicius Leal e Jesse Marmo.

PORCOS RAIVOSOS Isabel Penoni e Leonardo Sette 10’ HDV 2012 COR PE FICÇÃO

Sinopse: Um grupo de mulheres decide fugir ao descobrir que seus maridos se transformaram misteriosamente em porcos furiosos. Direção: Isabel Penoni e Leonardo Sette Roteiro: Isabel Penoni Produção Executiva e Direção de Produção: Carlos Fausto e Takumã Kuikuro Fotografia, Montagem e Som: Leonardo Sette Filmografia do Diretor: As Hiper Mulheres (2011); Confessionário (2009); Ocidente (2008).


NA SUA COMPANHIA Marcelo Caetano 21’50” 35mm 2011 COR SP FICÇÃO

Sinopse: A noite e a solidão estão cheias do diabo. Ai chega você e a agridoce vida. Direção e Roteiro: Marcelo Caetano Produção Executiva: Beto Tibiriçá e Marcelo Caetano Diretor de Produção: Flora Lahuerta Fotografia: Andrea Capella Direção de Arte: Maira Mesquita Montagem: Eva Randolph Som: Guile Martins Edição de Som: Fernando Henna e Guile Martins Elenco: Lukas Peralta Filho e Ronaldo Serruya Filmografia do Diretor: Bailão (2009); A Tal Guerreira (2008).

ODETE Ivo Lopes Araújo, Clarissa Campolina e Luiz Pretti 16’ HDV 2012 COR CE FICÇÃO Sinopse: Odete está presa entre o passado e o futuro. Ela sai em viagem, mas continua imóvel. Ela encara o abismo e se pergunta se sairá viva. Direção: Ivo Lopes Araújo, Clarissa Campolina e Luiz Pretti Roteiro: Ivo Lopes Araújo Produção Executiva e Diretor de Produção: Carol Louise Fotografia: Ivo Lopes Araújo Direção de Arte: Thaís de Campos Montagem: Luiz Pretti e Clarissa Campolina Som: Danilo Carvalho Elenco: Verônica de Sousa Cavalcanti Filmografia do Diretor: ODETE (2012); O Amor Nunca Acaba (2012); Adormecidos (2011); Girimunho (2011); Os Monstros (2011); No Lugar Errado (2011); O Mundo é Belo (2010); A Amiga Americana (2009); Notas Flanantes (2009) Sábado à Noite (2007); Onde Você Está (2006); Trecho (2006).


O DUPLO Juliana Rojas 25’ 35mm 2012 COR SP FICÇÃO Sinopse: Silvia é uma jovem professora em uma escola de ensino fundamental. Certo dia, sua aula é interrompida quando um dos alunos vê um duplo da professora andando no outro lado da rua. Silvia tenta ignorar a aparição, mas este evento perturbador passa a impregnar seu cotidiano e alterar sua personalidade. Direção e Roteiro: Juliana Rojas Produção Executiva: Max Eluard Diretor de Produção: Cristina Alves Direção de Arte: Fernando Zuccolotto Montagem: Manoela Ziggiatti Som: Gabriela Cunha Edição de Som: Daniel Turini e Fernando Henna Filmografia do Diretor: Pra eu dormir tranquilo (2011); Trabalhar cansa (2011); Nascemos hoje, quando o céu estava carregado de ferro e veneno (2010); As sombras (2009); Vestida (2008); Um ramo (2007); A criada da condessa (2005).

CÂMARA ESCURA Marcelo Pedroso 23’ 35mm 2012 COR PE DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Quando as imagens dos objetos iluminados penetram num compartimento escuro através de um pequeno orifício e se recebem sobre um papel branco situado a uma certa distância desse orifício, veem-se no papel os objetos invertidos com as suas formas e cores próprias. Direção e Montagem: Marcelo Pedroso Roteiro: Luiz Pretti, Marcelo Pedroso, Ricardo Pretti e Rafael Travassos Produção Executiva e Diretor de Produção: Símio Filmes Fotografia: Luiz Pretti Som: Rafael Travassos Filmografia do Diretor: Corpo Presente (2011); Aeroporto (2010); Pacific (2009); Balsa (2009); KFZ-1348 (2008).


REALEJO Marcus Vinicius Vasconcelos 12’47” HDV 2012 COR SP ANIMAÇÃO

Sinopse: A cada lua cheia, um realejo mágico decide o futuro de todos os habitantes de um misterioso planeta. Um desses seres, cansado desta rotina opressora, fará o impossível para mudar sua realidade. Direção e Roteiro: Marcus Vinicius Vasconcelos Produção Executiva e Diretor de Produção: Nadia Mangolini Direção de Arte: Shun Izumi e Breno Ferreira, por Estúdio 1+2 Montagem: Rodrigo Araujo Animação: Marcus Vinícius Vasconcelos, Gabriel Costa, Rosana Sallum, Liciani Vargas, Débora Slikta e Bruno Kieling Trilha Sonora: Dudu Tsuda Som: Dudu Tsuda e Ricardo Reis Edição de Som: Ricardo Reis Filmografia do Diretor: Pintas (2012).

LINEAR Amir Admoni 6’ 35mm 2012 COR SP ANIMAÇÃO

Sinopse: A linha é um ponto que saiu caminhando. Direção, Direção de Arte e Montagem: Amir Admoni Roteiro: Amir Admoni e Fabito Rychter Produção Executiva: Rogério Nunes Diretor de Produção: Juliana Borges Fotografia: Newton Leitão Animação: Thiago Martins, Fabio Yamaji e Amir Admoni Trilha Sonora: Nick Graham-Smith Edição de Som: Nick Graham-Smith Elenco: Marcos de Andrade e Roberta Zago Filmografia do Diretor: Timing (2010); Monkey Joy (2008).


DIA ESTRELADO Nara Normande 17’20” 35mm 2011 COR PE ANIMAÇÃO

Sinopse: Em uma região inóspita, um menino e sua família lutam por sobrevivência. Direção e Roteiro: Nara Normande Produção Executiva: Lívia de Melo Diretor de Produção: Rapha Spencer e Mannu Costa Fotografia: Marcelo Lordello Direção de Arte: Maíra Mesquita Montagem: João Maria e Eduardo Serrano Animação: Nara Normande, Maurício Nunes, Fábio Yamaji, Renata Claus, Diego Akel, Diego Mascaro Trilha Sonora: Fernando Catatau Som e Edição de Som: Pablo Lamar.

PRIMAS Salomão Santana 4’ HDV 2012 COR CE FICÇÃO

Sinopse: Duas primas afogadas no Orós. Direção, Roteiro, Produção Executiva, Diretor de Produção e Montagem: Salomão Santana Fotografia e Som: Roberto Santana Filmografia do Diretor: Roberto Cabeção (2011); Matryoshka (2009); Jarro de Peixes (2008); A Curva (2007).


A DAMA DO ESTÁCIO Eduardo Ades 22’ 35mm 2012 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Zulmira é uma velha prostituta. Um dia ela acorda obcecada com a ideia de que vai morrer. Ela precisa de um caixão. Direção, Roteiro e Produção Executiva: Eduardo Ades Diretor de Produção: Angelo Defanti Fotografia: José Eduardo Limongi Direção de Arte: Dina Salem Levy Montagem: Jordana Berg Trilha Sonora: João Rabello Som: Ives Rosenfeld Edição de Som: Rodrigo Maia Elenco: Fernanda Montenegro, Nelson Xavier, Joel Barcellos e Rafael Souza-Ribeiro.

DIZEM QUE OS CÃES VEEM COISAS Guto Parente 12’20” HDV 2012 COR CE FICÇÃO

Sinopse: Um presságio. Fragmento de tempo apenas, porque logo o homem gordo, de ventre imenso, saltou dentro da piscina com o copo de uísque na mão. Direção e Roteiro: Guto Parente Produção Executiva: Carol Louise Diretor de Produção: Ticiana Lima Fotografia: Victor de Melo Direção de Arte: Themis Memória e Lia Damasceno Montagem: Irmãos Pretti Som: Pedro Diogenes Filmografia do Diretor: No Lugar Errado (2011); Os Monstros (2011); Eu, Turista (2010); O Saco Azul (2010); Estrada para Ythaca (2010); Flash Happy Society (2009); Passos no Silêncio (2008); Espuma e Osso (2007); Cruzamento (2007).


LOJA DE INCONVENIÊNCIAS - A MALDIÇÃO DO CAIPORA Juliano Enrico 15’ DVD 2012 COR ES FICÇÃO Sinopse: Na estranha loja do Seu Argemiro, Jairo vai comprar cigarros e acaba sendo apresentado a diversas lendas do local. Direção e Direção de Arte: Juliano Enrico Roteiro: Klaus’Berg Bragança, Daniel Furlan, Juliano Enrico e Raul Chequer Produção Executiva: Federico Nicolai e Tati Rabelo Diretor de Produção: Federico Nicolai Fotografia: Alexandre Barcellos, Tati Rabelo e Yuri Salvador Montagem: Raul Chequer Animação: Yuri Custódio, Juliano Enrico, Andrei Duarte, Thiago Freesz eVinícius de Moraes Pereira Trilha Sonora: Chico Cuíca Som: Lucas Bonini Edição de Som: Alexandre Barcelos Elenco: Klaus’Berg, Marcos de Castro, Reginaldo Secundo, Luiz Tadeu Teixeira, Taíssa Gabrielli, Catharine Pacheco, Markus Konká, Júlio Tigre, Raul Chequer Filmografia do Diretor: Irmão do Jorel (2012); Raquetadas para a Glória (2011); Antes/Depois (2010); Cachaça (2010); TV Quase (2009); Feche este livro e vá assistir uma TV (2009); Touro Moreno (2007).

O HÓSPEDE Ramon Porto Mota e Anacã Agra 17’04” HDV 2011 P&B PB FICÇÃO

Sinopse: Em uma pousada no interior da Paraíba, um estranho hóspede e um incidente misterioso deixam o proprietário inquieto e obcecado em descobrir quem é aquele homem e o que ele está fazendo ali. Direção, Roteiro, Produção Executiva e Montagem: Ramon Porto Mota e Anacã Agra Diretor de Produção: Mariah Benaglia Fotografia: Jhésus Tribuzi Direção de Arte: João de Lima Neto Trilha Sonora, Som e Edição de Som: Vito Quintans Elenco: Fernando Teixeira, Sôia Lira e Walmar Pessoa.


O VELHO E O NOVO Daniel Caetano 19’17” HDV 2012 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Um filme de Supercine. Em 1989, uma jovem repórter descobre que um ex-presidente brasileiro falseou a própria morte. Ela paga caro por isso. Direção, Roteiro e Produção Executiva: Daniel Caetano Diretor de Produção: Núcleo Patrícia Bárbara Fotografia: Márcio Menezes Direção de Arte: Flávia Candida e Marcelle Morgan Montagem: André Sampaio Trilha Sonora: Lucas Marcier Som e Edição de Som: Luis Eduardo Carmo Elenco: Carol Pucu, Otoniel Serra, Gregório Duvivier e Augusto Madeira Filmografia do Diretor: Conceição - autor bom é autor morto (2007); O Mundo de um Filme (2007).

PIOVE, IL FILM DI PIO Thiago Brandimarte Mendonça 14’56” 35mm 2012 COR SP DOCUMENTÁRIO Sinopse: “Piove” não é um retrato de Pio Zamuner, cineasta esquecido que dirigiu os doze últimos filmes do comediante Amácio Mazzaropi. É o estabelecimento de uma relação entre dois diretores e a explicitação de suas regras. O retrato de uma paixão compartilhada por duas gerações em um botequim da Boca. Mas quem dirige quem? Direção: Thiago Brandimarte Mendonça Roteiro: Thiago Brandimarte Mendonça e Rodrigo S. Cintra Produção Executiva: Renata Jardim, Leandro Safatle e Rafael Terpins Diretor de Produção: Renata Jardim, Leonardo França e Mariana Roggero Fotografia: André Carvalheira Montagem: Thiago Brandimarte Mendonça e Caroline Leone Animação: Rafael Terpins Trilha Sonora: Zeca Loureiro e Selito SD Som: Miquéias Motta Edição de Som: Ariel Henrique Elenco: Pio Zamuner e Thiago Brandimarte Mendonça Filmografia do Diretor: Fora de Campo (2009). Minami em Close-up - a Boca em revista (2008).


A ONDA TRAZ, O VENTO LEVA Gabriel Mascaro 25’ HD 2012 COR PE DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Rodrigo é surdo e trabalha numa equipadora instalando som em carros. O filme é uma jornada sensorial sobre um cotidiano marcado por ruídos, vibrações, incomunicabilidade, ambiguidade e dúvidas. Direção, Roteiro, Fotografia e Direção de Arte: Gabriel Mascaro Produção Executiva: Rachel Ellis Diretor de Produção: Lívia de Melo Montagem: Eduardo Serrano Som: Joana Claude Elenco: Márcio Campelo Santana Filmografia do Diretor: Doméstica (2012); Avenida Brasília Formosa (2010); As Aventuras de Paulo Bruscky (2010); Um lugar ao sol (2009); KFZ-1348 (2008).




II Mostra

COMPETITIVA NACIONAL de Longas


HABITAR UM MUNDO COMPLEXO, QUE É O NOSSO PRÓPRIO Erly Vieira Jr e Rodrigo de Oliveira Curadores

Pelo segundo ano consecutivo o Festival de Vitória apresenta sua Mostra Competitiva Nacional de Longas. O formato é presença tradicional no festival já há muito tempo, sempre em programação anexa ao cardápio principal dos curtas-metragens, mas o aumento de volume e de qualidade da produção, notado recentemente, acabou forçando esta nova esfera de consideração. Agora como principal janela para o público do Espírito Santo também do longa-metragem nacional, esta competição ga-

nha contornos igualmente decisivos aos que nos compelem na curadoria dos curtas: há uma narrativa sendo escrita por estes filmes, uma cartografia do presente e um esboço de futuro, e o espectador capixaba deseja e precisa fazer parte desta história. Depois do olhar sobre a safra inteira, sobre as dezenas de filmes inscritos, chegamos a uma lista de cinco filmes que não só apontam para esta narrativa, mas que também sinalizam para aquilo que o próprio Festival de Vitória poderá oferecer a ela.


O dado central da seleção – uma coincidência cuja força não podemos ignorar – é que teremos na Mostra Competitiva Nacional de Longas cinco filmes de estreia na ficção longa de cineastas que já participaram anteriormente do Festival de Vitória, e de maneira muito ampla: Caetano Gotardo, Kleber Mendonça Filho, Adirley Queirós, André Sampaio e Allan Ribeiro, todos já tiveram mais de dois curtas exibidos por aqui e também receberam prêmios de alguma ordem (Kleber e Allan, inclusive, já saíram de Vitória com troféus de Melhor Filme). Acompanhar a carreira de certos autores que ecoam junto ao público local é algo que o Festival de Vitória sempre tentou fazer, na medida em que os filmes assim o permitissem, e agora temos também o longa-metragem como destino dessa companhia. Naturalmente, busca-se o autor nessas obras. Em O som ao redor, há um núcleo inteiro do bairro recifense de Setúbal que parece uma revisão e ampliação das situações de Eletrodoméstica, o mais famoso dos curtas de Kleber Mendon-

ça. Esse amor que nos consome utiliza estratégia parecida ao se aprofundar ainda mais no universo de Gatto Larsen e Rubens Barbot, os bailarinos já filmados anteriormente por Allan Ribeiro em Ensaio de cinema. O rigor da encenação e o registro naturalista que, em algum momento, é surpreendido pela erupção do artifício é algo que acompanha Caetano Gotardo desde O Diário Aberto de R. e Areia, e retorna mais maduro e com consequências mais cruéis em O que se move. Adirley Queirós, que sempre trabalhou no limite do documentário com a ficção para relatar o universo social da periferia do Distrito Federal, parece em A cidade é uma só? promover uma reinvenção de seus modos de operação, tendo como guia o trabalho anterior. André Sampaio, por fim, um dos cineastas do longa universitário coletivo Conceição – autor bom é autor morto, vai filmar justamente a crise de consciência daquele sujeito criador que, anteriormente, havia condenado à morte. Ao unir estes filmes todos, uma disposição muito forte em habi-

tar o mundo real, encará-lo em toda sua complexidade (eventualmente contribuindo para ela com novos dados dissonantes), sem tentar escapar do mau encontro, das fissuras no discurso desse país e dessa gente. São filmes surpreendentemente tópicos. O que se move nasce deliberadamente das manchetes de jornal, e encena em seus três episódios algumas das histórias mais tristemente recorrentes dos últimos anos (uma operação policial anti-pedofilia, um bebê morto esquecido pelos pais dentro de um carro fechado, o reencontro de uma mãe biológica com seu filho sequestrado na maternidade). O som ao redor trata da especulação imobiliária, do abismo crescente que separa as classes mais abastadas e as mais pobres, dos aparelhos de segurança que oferecem a ilusão de proteção contra a inevitável insurgência dos últimos contra os primeiros. Esse amor que nos consome é o filme sobre o Rio de Janeiro vítima da centro-direita que transformou a cidade num negócio viável para todos, menos para o carioca, e que vai empurrando


para a margem (para casarões abandonados, eles mesmos a um passo de virarem mega-empreendimentos) aqueles que deveriam estar na ponta da vida da cidade – porque pensam a cidade, pela arte. Se pensarmos em outras estreias recentes no longa de ficção, também de uma geração jovem, com experiência no curta, passagem por graduações de cinema e pé fincado na crítica, esta é uma transformação e tanto. Os primeiros esforços deste novo cinema autoral brasileiro se encaminhavam por vezes ao distanciamento máximo não só do mundo corrente, mas como para qualquer senso de atualidade. Narrativas individuais, ou de grupos isolados, sem qualquer contato com universos exteriores às suas próprias idiossincrasias, e tomadas quase sempre num tempo partido, cruzado com o tempo presente apenas quando houvesse conveniência dramática. Estes sub-países não eram apenas geográficos, incidiam também sobre a língua, o gesto, a História. Quando em A cidade é uma só?, Adirley Queirós colo-

ca seu candidato a deputado Dildu, rapper das quebradas, para intervir na eleição corrente, com um partido inventado e uma plataforma muito justa, fazendo campanha na rua, a mesma rua que divide no espaço do filme com outras personagens da vida real, algo se quebra no estatuto destes universos ficcionais. A cidade já está partida de antemão (o mote é o caráter cosmético das políticas públicas de erradicação de invasões no Distrito Federal que culminaram na criação de Ceilândia, no início da década de 70). Exilar-se não é uma opção. E ficar significa lidar com essas rachaduras e eventualmente alimentá-las até a implosão. Mesmo um filme como Strovengah, que mergulha fundo na perturbação desejada por todo artista na hora de criar o inédito – um drama individualista, em certo sentido –, acaba se potencializando quanto mais o protagonista se afasta das musas ideais (fabricadas conscientemente nos manequins e bonecos-personagem que leva para seu retiro criativo) e se deixa afetar

pela proximidade com o real indomado, a comunidade camponesa que cerca a propriedade, estabelecida num regime de classes não muito diverso que aquele de O som ao redor, por exemplo. Quanto mais André Sampaio alimenta esse universo de cinema puro, escondido nas montanhas, mais ele se corrompe pelos dados do mundo nível-do-chão, e daí não pode surgir nada além do distúrbio, da loucura como resultado do choque. Desse abandono do cinema separatista por um empenho político em lidar com a complexidade de um mundo onde coincidem a existência do filme, do espectador e do cineasta, o lamento em forma de canto de O que se move, a coreografia da cidade sitiada de Esse amor que nos consome, o quebra-cabeças demográfico engenhoso de O som ao redor, a “correria nacional” de A cidade é uma só? e o exercício de fundamentalismo artístico e religioso de Strovengah são o oposto do escape. Abraçar a bandeira também pode ser um gesto de resistência. O importante é resistir aqui dentro.


O QUE SE MOVE 97’ 35mm 2012 COR SP FICÇÃO

Três núcleos familiares precisam lidar com uma mudança brusca em suas vidas. Um olhar sobre os afetos que movem essas famílias e as três mães que cantam o amor por seus filhos em momentos difíceis.

Segunda-feira (5/11) - 21h - Estação Porto

Direção e Roteiro: Caetano Gotardo Produção Executiva: Sara Silveira e Maria Ionescu Diretor de Produção: Ronald Kashima Fotografia: Heloisa Passos Direção de Arte: Luana Demange Montagem: Juliana Rojas Trilha Sonora: Caetano Gotardo e Marco Dutra Som: Gabriela Cunha Edição de Som: Daniel Turini e Fernando Henna Elenco: Cida Moreira, Andrea Marquee, Fernanda Vianna, Rômulo Braga, Wandré Gouveia, Henrique Schafer, Gabriel dos Reis, Dagoberto Feliz, Adriana Mendonça, Larissa Siqueira, Anne Rodrigues, Marina Corazza, Danilo Grangheia, Irene Dias Rayck, Germano Melo, Beto Matos, Ledda Marotti, Gustavo Brandão, Yohanna Rodrigues e Meik Ramos Filmografia do Diretor: Passagens (2011); Sohl Canal (2010), Exercice de regarde (2010); Outras pessoas (2010); O menino japonês (2009); Movimento n.35 em pé menor (2008); Areia (2008); O diário aberto de R. (2005); Feito não para doer (2003).


O SOM AO REDOR

124’ 35mm 2012 COR PE FICÇÃO

Terça-feira (6/11) 21h - Estação Porto A vida numa rua de classe-média na zona sul do Recife toma um rumo inesperado após a chegada de uma milícia que ofearece a paz de espírito da segurança particular. A presença desses homens traz tranqulidade para alguns, e tensão para outros, numa comunidade que parece temer muita coisa. Uma crônica brasileira, uma reflexão sobre história, violência e barulho.

Direção e Roteiro: Kleber Mendonça Filho Produção Executiva: Emilie Lesclaux Direção de Produção: Brenda da Mata e Renato Pimentel Fotografia: Pedro Sotero e Fabricio Tadeu Direção de Arte: Juliano Dornelles Montagem: Kleber Mendonça Filho e João Maria Trilha Sonora: DJ Dolores Edição de Som: Kleber Mendonça Filho e Pablo Lamar Elenco: Irandhir Santos, Gustavo Jahn, Maeve Jinkings, W.J. Solha, Irma Brown, Lula Terra, Yuri Holanda, Clébia Souza, Albert Tenório, Nivaldo Nascimento, Felipe Bandeira, Clara Pinheiro de Oliveira, Sebastião Formiga e Mauricéia Conceição Filmografia do Diretor: Enjaulado (1997); A Menina do Algodão (2003); Vinil Verde (2004); Eletrodoméstica (2005); Noite de Sexta, Manhã de Sábado (2006); Crítico (2008); Luz Industrial Mágica (2009); Recife Frio (2010).


STROVENGAH

Pedro e Marcela vivem voluntariamente isolados em decadente casa no alto de uma serra de exuberante e selvagem beleza natural. Ele, um ex-publicitário, dedica-se a escrever um romance. Ela, eterna aspirante a cantora, deixa-se levar pelas obsessões do amante. Uma insólita comitiva de bonecos manequins, encomendados por Pedro para servir de inspiração na redação de seu livro, acaba por transtornar a vida do casal.

88’ HDV 2011 COR RJ FICÇÃO

Quarta-feira (7/11) - 21h - Estação Porto

Direção, Roteiro e Produção Executiva: Andre Sampaio Diretor de Produção: Bruna Ayres Fotografia: Fabricio Tadeu Direção de Arte: Gabriela Gusmão Montagem: Severino Dadá Trilha Sonora: Jards Macalé Som e Edição de Som: Luis Eduardo Carmo Elenco: Otoniel Serra, Rose Abdallah, Nello Marresi, José Marinho e Nelito Reis Filmografia do Diretor: O Palhaço Xupeta (1996); Aldir Blanc - Dois Pra Lá, Dois Pra Cá (2004); Vida Fuleira – O Artista de Rua e a Bailarina (2007); Conceição – Autor Bom é Autor Morto (2007); Guilherme de Brito (2008); Estafeta – Luiz Paulino dos Santos (2008); Tira os Óculos e Recolhe o Homem (2008).


A CIDADE É UMA SÓ? 80’ HDV 2012 COR DF DOCUMENTÁRIO

Daí eu pensei em como fazer um filme bem legal, agradável e gângster: Brasília I love you.

Quinta-feira (8/11) - 21h - Estação Porto

Direção: Adirley Queirós Roteiro: Adirley Queirós e Thiago Mendonça Produção Executiva: Adirley Queirós e André Carvalheira Diretor de Produção: Pablo Peixoto Fotografia: Leonardo Feliciano Direção de Arte: Denise Vieira Montagem: Marcius Barbieri Animação: Rafael Terpins Trilha Sonora: Nancy Araújo, Dilmar Durães e Marquim Do Tropa Som: Francisco Craesmeyer Edição de Som: Guille Martins Elenco: Dilmar Durães, Wellington Abreu, Nancy Araújo, Marquim, Fabiane Freitas, Yuri Pierri e Rosa Maria Filmografia do Diretor: Rap, O canto da Ceilândia(2005); Fora de Campo(2009); Dias de Greve(2010).


ESSE AMOR QUE NOS CONSOME 80’ HDV 2012 COR RJ FICÇÃO

Gatto Larsen e Rubens Barbot são companheiros de vida há mais de 40 anos e acabaram de se instalar em um casarão abandonado no Centro do Rio de Janeiro. Ali, eles passam a viver e ensaiar com sua companhia de dança. A luta do dia-a-dia se mistura com a criação artística e a crença em seus orixás. Através da dança eles se espalham pela cidade, marcando seus territórios.

Sexta-feira (9/11) - 21h - Estação Porto Direção: Allan Ribeiro Roteiro: Allan Ribeiro e Gatto Larsen Produção Executiva: Ana Alice de Morais Diretor de Produção: Raquel Rocha Fotografia: Pedro Faerstein Montagem: Ricardo Pretti Som: Ives Rosenfeld Elenco: Gatto Larsen, Rubens Barbot, Wilson Assis, Rubens Rocha, Ulises Oliveira, Éder Silva, Nego Maia, Luís Monteiro, Cláudia Ramalho, Valéria Monã e Zezé Veneno. Filmografia do Diretor: Senhoras (2002); Boca a Boca (2003); Papo de Botequim (2004); O Brilho dos Meus Olhos (2006); Depois das Nove (2008); Ensaio de Cinema (2010); A Dama do Peixoto (2011); Com vista para o Céu (2011).


ERA UMA VEZ EU, VERÔNICA 97’ 35mm 2012 COR SP FICÇÃO O filme é o retrato de Verônica, recém-formada em Medicina, nascida e criada no Recife. Verônica atravessa um momento crucial em sua vida, um momento pleno de incertezas: sobre sua escolha profissional, sobre seus laços afetivos, sobre sua capacidade de lidar com a vida nova que se aponta daqui para frente.

Sábado (10/11) - 18h - Estação Porto

Direção e Roteiro: Marcelo Gomes Produção Executiva: Nara Aragão Direção de Produção: Dedete Parente e Lívia de Melo Fotografia: Mauro Pinheiro Jr., ABC Direção de Arte: Marcos Pedroso Montagem: Karen Harley Trilha Sonora: Tomaz Alves Souza e Karina Buhr Som: Evandro Lima Edição de Som: Waldir Xavier Elenco: Hermila Guedes, W.J. Solha, João Miguel, Renata Roberta e Inaê Veríssimo Filmografia do Diretor: Cinema, Aspirinas e Urubus (2005); Viajo porque preciso, volto porque te amo (2009).




Mostra

FOCO Capixaba


AQUI E AGORA, COM OS OLHOS NO MUNDO Erly Vieira Jr Curador

Que questões estéticas e temáticas atravessam o conjunto de filmes capixabas desta última safra? Que aproximações e diferenças podem ser percebidas entre eles? De que formas seus realizadores respondem a uma certa necessidade de filmar os afetos que envolvem nossa relação com o mundo que nos rodeia, a partir de concepções tão particulares sobre que tipo de imagens traduziriam essas relações? Para tentar responder estas perguntas, o Foco Capixaba apresenta uma seleção de sete curtas-metragens, sete reflexões possíveis e bastante representativas do que de

mais instigante se produziu no audiovisual local nesses últimos meses. Dentre os trabalhos selecionados, cabe ressaltar que quatro deles são obras de estreia (Ao Vivo de Bergue, Romance a la Nelson, A história do puteiro mais antigo de Vitória e Confinópolis), e os outros três são obras de realizadores que iniciaram suas carreiras também muito recentemente: Diego Zon estreou na direção em 2010 (Os lados da rua é seu terceiro curta); embora cada um já contasse com alguma estrada em suas produções individuais,


a dupla Wayner Tristão e Lucas Bonini oficializa a parceria com a fundação da Garupa Filmes em 2009 (que inclusive resultou, entre outros trabalhos, no curta Pela parede, premiado no concurso de roteiros deste Festival em 2010, e finalizado no ano seguinte). Mesmo Daniel Salaroli, que participou do Vitória Cine Vídeo em 2004, com seu primeiro trabalho (Noturno), também nos apresenta sua primeira incursão audiovisual realizada no Espírito Santo, uma vez que seus dois curtas anteriores foram realizados em São Paulo, enquanto cursava audiovisual na USP. Também nota-se uma diversidade no porte orçamentário dessas produções: temos desde filmes realizados com orçamentos beirando o zero (no caso de Romance e La isla de las muñecas), projetos realizados através de editais de pequeno porte, como o de Núcleos de Criação da Rede Cultura Jovem (ES), que destina uma verba de R$ 5 mil para cada grupo (caso de Confinópolis e A história...), e projetos contemplados por editais municipais, estaduais e nacionais, como Os Lados da rua, Ao vivo de Bergue e Galinha d’Angola. Há também uma vasta gama de referências

culturais e audiovisuais com as quais cada filme dialoga, reforçando a vocação cosmopolita desse conjunto, mas também demarcando ainda mais as diferenças estéticas e temáticas entre eles. Porém, algo lhes é comum: a vontade de questionar a experiência de um estar-no-mundo que se desdobra, ao mesmo tempo, entre as particularidades individuais e o fluxo global de informações e afetos. E cada qual escolhe trilhar um percurso bastante diverso dos outros. Um caminho possível seria o de investigar a tensão advinda da coexistência de tantos universos possíveis e sobrepostos. No caso de Os lados da rua, de Diego Zon, temos a filiação declarada a uma certa (e bastante volumosa) vertente do cinema mundial que confere protagonismo a indivíduos que se inadequam aos imperativos de um mundo cujas regras não permitem brechas suficientes para que se possa fruir dele sobre um ritmo menos frenético, impessoal, impositivo. Como uma saída frente a tamanha opressão, o personagem embarca num mundo possível de elevação poética, altamente subjetivo – e cabe ao filme convocar o espectador a descobrir esse

outro universo, cujas regras pautam-se primordialmente na doçura como antídoto para a crueza do mundo concreto. É também sob o embate entre a materialidade cotidiana e a subjetividade de seus protagonistas que se estruturam outros três filmes que compõem este programa: Ao vivo de Bergue, de Paulo Sena; Romance a la Nelson, de Mariana Preti; e Galinha d’Angola, de Daniel Salaroli. Aqui, embora não nos sejam revelados de antemão, outros são os mundos possíveis de coexistirem com a concretude do real: o tempo midiático, no filme de Sena; o tempo da memória, no de Preti, e a dimensão do onírico e do mágico em Salaroli. Ao vivo de Bergue faz uma provocativa parábola de como a lógica midiática pode tomar as rédeas na vida de um indivíduo comum, a partir de uma narrativa que propositalmente faz confundir o tempo cronológico e o espetacular/televisivo, fazendo com que este se imponha cada vez mais intensamente, à medida que personagem toma consciência de sua participação em um caso policial. Muito de sua atmosfera assumidamente kafkiana vem desse jogo que se


faz entre o sensacionalismo com que o telejornal narra o evento extraordinário, e o contraste com a aparente banalidade que a princípio deveria reinar na calma daquele apartamento. Já Romance a la Nelson faz imbricarem-se o tempo cronológico e o tempo psicológico no qual a protagonista percorre, em suas lembranças, um evento amoroso anteriormente vivido, mas cujos afetos ainda ecoam por seu corpo, apesar da ausência de sua amada. Ao optar por trazer a câmera para tão perto dos personagens, o filme convida o espectador a embarcar numa atmosfera sussurrante, cuja delicadeza é fundamental para que possamos preencher com nossas memórias pessoais aquilo que fica interdito num toque, ou num olhar túrgido a fitar desapressadamente um punhado de fotografias. Galinha d’Angola também propõe a fruição de uma experiência íntima, em que os murmúrios da mata, com seus gorjeios invisíveis e suas copas de árvore a balançarem morosa e misteriosamente, assumemse como partitura a conduzir sua jornada. Se, no princípio do filme, partilhamos do cotidiano

de uma família rural, com os pequenos rituais de um dia de trabalho, mergulhamos aos poucos numa série de experiências sensórias que afloram das paisagens habitadas pelos personagens, buscando tatear uma certa dimensão onírica que se oculta sutilmente pelo real – e que se materializa com toda sua potência em planos como o que o menino, ao levar a marmita do pai, encontra uma ave no lugar onde este deveria estar, permitindo que, ao menos por um instante, o mundo dos sonhos e o mundo físico sejam irrecusavelmente a mesma coisa.

daquele lugar se impusessem de maneira quase irrecusável a quem o visita, ritualizando a experiência de adentrar o museu das bonecas. À medida que se explora a arquitetura misteriosa que envolve brinquedos, cabanas e vegetação, agregamse ao relato episódios que nos apresentam a mitologia do lugar, e o tipo de relação que os habitantes da região conferem àquela mistura de santuário e mausoléu. Daí a necessidade de um olhar que contemple o silêncio das coisas, convocandonos a comungar com o que ainda nos é desconhecido, porém fascinante.

Uma segunda possibilidade parte da metáfora da ilha, tão cara aos habitantes da Grande Vitória, para explorar relações entre espaço, afetos e identidades. No caso de Lucas Bonini e Wayner Tristão, a ideia de ilha (física e/ou imaginária) é declaradamente assumida como um dos centros gravitacionais do conjunto de filmes produzidos pelo coletivo Garupa Filmes, do qual fazem parte. Em seu documentário La isla de las muñecas, a câmera explora uma ilha bastante peculiar, próxima à Cidade do México, filmada com um misto de assombro e reverência, como se as regras

Já A história do puteiro mais antigo de Vitória, de Sidney Spacini, e Confinópolis, de Raphael Araújo, buscam, cada qual a seu jeito, novas respostas para uma questão há muito recorrente ao cinema feito no Espírito Santo: os mitos de refundação de uma identidade coletiva local. Todavia, em ambos os casos fica patente uma certa não-identificação com os cânones vigentes, o que faz com que se construam universos paralelos e alternativos aos já presentes na produção local. Talvez por estarmos falando de realizadores de uma mesma geração, parece-


nos visível o fato de ambos fazerem uso da ironia como ferramenta primordial para lidar com esse contexto e proporlhe outros caminhos. No caso do filme de Spacini, a resposta ao “de onde viemos?” surge pelo viés farsesco, sob a forma de um falso documentário: do tom aparentemente austero da locução em off, aos depoimentos dos entrevistados, convidados a “inventar” novas memórias, passando pelas fotos das prostitutas de luxo, numa infiel reconstituição de época, tudo aponta para o fato de que talvez a matriz cultural da realidade local seja-lhes insuficiente para criar algum vínculo identitário. Daí refundar o próprio passado, propondolhes outras memórias – e neste caso a indefinição entre real e ficcional se faz fundamental. Já Confinópolis aponta sua ironia para outra questão: “para onde

vamos?” Daí a opção pela ficção científica futurista, adaptada dos quadrinhos com base em uma estética visual de fotografia estourada, por vezes caseira, e em alto contraste. Aqui, o diálogo com o “do it yourself” do punk fazse fundamental para a instalação de uma visão absolutamente distópica e corrosiva de um status quo vigente, ao mesmo tempo desconstruído estética e politicamente. Do poético ao distópico, do kafkiano ao intimista, passando pelo onírico, pelo farsesco e até pelo ritualístico: sete projetos possíveis de investigação de um universo local que, por mais que estejamos nele o tempo inteiro, sempre pode nos causar um misto de fascínio e estranhamento – pedindo, por isso mesmo, para ser traduzido em imagens tão urgentes quanto as que estes filmes apresentam.


ENTREVISTAS COM OS REALIZADORES DO FOCO CAPIXABA DIEGO ZON Diretor de Os lados da rua Qual sua formação e a trajetória no cinema até a realização deste filme?

Formei em Publicidade e Propaganda em 2007, mas, desde aquela época, sempre me interessei em conhecer mais o laboratório de televisão da faculdade. Em 2010, tive a primeira experiência em cinema ao dirigir o documentário O maestro em si (hoje em exibição no Canal Brasil). Em 2011, fui convidado pelo roteirista Jovany Sales a dirigir o thriller A nona vítima (melhor

montagem no Cine Maringá e selecionado para a Mostra Tiradentes e o Festival do Rio). Com Os lados da rua (2012), foi a primeira vez que roteirizei e dirigi um curta-metragem de ficção. Com que recursos/ fontes de financiamento o filme foi feito?

O curta foi contemplado no Edital de ficção da SECULT-ES no ano de 2011. Em março de 2012, o filme foi finalizado.


O que lhe motivou a realizar seu filme e que proposta estética você apresenta nele? Fale sobre a ideia original do projeto e sobre sua visão do filme, hoje, uma vez que ele já tenha sido concluído e exposto a diferentes plateias.

Tempos atrás já vinha pensando: Como seria uma história de alguém muito visto, porém pouco notado? E minha motivação maior foi tentar conduzir uma narrativa sobre a ótica da personagem, chegar próximo do que seria o “seu mundo”. E hoje, depois de exibir e ter um retorno de lugares como França, Argentina, São Paulo, Fortaleza e Vitória, penso que o filme ficou de certa forma universal, a história saiu das telas. Como você descreveria sua maneira de fazer filmes, seu modo de produção? Como você pensa o tipo de cinema que está realizando?

Até como espectador, sempre gostei de histórias que ficassem na memória. Assim, tento sempre de-

senvolver tramas que agradem verdadeiramente a mim. Vejo a realização de um filme como um processo de grande envolvimento e procuro que a equipe ao meu lado também acredite no que está criando. Acho que toda atmosfera positiva também se reflete na obra, e os filmes que realizamos mostram um pouco da sensibilidade que acreditamos. Quais filmes, cineastas ou outros produtos culturais serviram-lhe de referência na produção deste trabalho? Com que outros cineastas, brasileiros ou estrangeiros, você aqui dialoga?

Uma das menções de Os lados da rua está no cinema italiano, realçando pessoas típicas de cidade do interior, de personagens dessa cidade, seus costumes, as vendas, o comércio, de crianças que pontuam a narrativa. Cineastas como Vittorio De Sica e Giuseppe Tornatore serão sempre uma referência. No Brasil, sou um grande admirador da arte de Joel Pizzini.


PAULO SENA Diretor de Ao vivo de Bergue Qual sua formação e a trajetória

ferentes plateias.

no cinema até a realização deste filme?

Sou economista, administrador e especialista em Linguagem Audiovisual e Multimídia. Tenho focado minha formação em roteiro e na produção executiva, com pós-graduação em gerenciamento de projetos voltados para o universo cultural. O curta Ao vivo de Bergue é o meu primeiro trabalho como diretor e também assino o roteiro e a produção. Com que recursos/fontes de financiamento o filme foi feito?

Ao vivo de Bergue foi selecionado pela Lei Rubem Braga de 2009 e produzido em 2010 em parceria com a Arcelor Mittal. O que lhe motivou a realizar seu

O roteiro surgiu de uma inquietação pessoal durante minha especialização em cinema, sobre um caso policial de repercussão nacional (sequestro da Eloá), em que se acompanhou o final trágico da adolescente e a prisão de Lindemberg. Foi o surgimento de um novo personagem a partir do movimento midiático, focado em construir uma narrativa quase cinematográfica/ documental de uma pessoa incógnita e invisível socialmente repercutindo, de forma sensacionalista, em todas as televisões do país, revelando uma história repleta de tramas e subtramas. Isso me motivou construir uma história que refletisse, de forma crítica, tal comportamento novelístico do público, sobre como um homem acima de qualquer suspeita pode se tornar refém de si mesmo.

filme e que proposta estética você apresenta nele? Fale sobre a ideia

Como você descreveria sua manei-

original do projeto e sua visão do

ra de fazer filmes, seu modo de

filme, hoje, uma vez que ele já te-

produção? Como você pensa o tipo

nha sido concluído e exposto a di-

de cinema que está realizando?


Ao vivo de Bergue foi o meu primeiro trabalho e nele tive a oportunidade de me experimentar como roteirista, como produtor e também como diretor, um verdadeiro desafio – quase uma insanidade. Essa vivência foi importante para tentar definir qual o tipo de profissional quero “interpretar”. A lógica da produção local cria suas próprias diretrizes, metodologias e artistas, mas o tipo de cinema que pretendo construir é o que dialogue com roteiros de narrativas questionadoras, poéticas e libertárias, que induzem à reflexão; que dialoguem com uma equipe técnica e artística focada em construir inovações e experimentações; e que dialoguem com um público que busque uma experiência além do entretenimento. Quais filmes, cineastas ou outros produtos culturais serviram-lhe de referência na produção deste trabalho? Com que outros cineastas, brasileiros ou estrangeiros, você aqui dialoga?

Além da avalanche de noticiários e reportagens policiais de vários casos de sequestro ou de assassinatos recentes de repercussão nacional, construindo novos personagens no imaginário popular, o documentário Ônibus 174, de José Padilha, serviram de referências para a narrativa e para a condução fotográfica, uma vez que o propósito era tangenciar o universo realista dos telejornais sensacionalistas e do documentário. O filme Identidade, do diretor e roteirista James Mangold, também serviu de inspiração na construção do suspense psicológico, focado em um pseudo-distúrbio de personalidade da personagem principal. E curiosamente, durante a fase de pré-produção do curta, reconheci uma aproximação temática e estética do meu roteiro com uma pintura sobre tela do múltiplo artista capixaba Gabriel Albuquerque. Tal obra pode ser conferida no curta, inclusive, como objeto cênico e como forma de diálogo com o trabalho do artista.


DANIEL SALAROLI Diretor de Galinha d’Angola Qual sua formação e a trajetória no cinema até a realização deste filme?

Comecei a estudar cinema na Escola de Comunicações e Artes da USP em 2000, no curso do Audiovisual. Foi aí que escrevi e dirigi meus dois primeiros curtas: Noturno, finalizado em 2004, e Outro, finalizado em 2006. Ainda em 2004, antes de terminar o curso, comecei a trabalhar na Cinemateca Brasileira e, posteriormente, entrei para a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo; embora em ambos os casos o trabalho tivesse alguma relação com o cinema, estes empregos exigiam muita dedicação e acabaram me privando da possibilidade de realizar novos projetos pessoais. Em 2009 voltei a morar no Espírito Santo e, no ano seguinte, um antigo roteiro foi contemplado por um edital da Petrobras, permitindo que eu voltasse à produção e à direção em cinema; desse edital foi que resultou o Galinha d’Angola. Com que recursos/ fontes de financiamento o filme foi feito?

O roteiro do curta foi contemplado pelo edital “Produção de filmes para mídias digitais - curta-metragem”, da Petrobras. O que lhe motivou a realizar seu filme e que proposta estética você apresenta nele? Fale sobre a ideia original do projeto e sobre sua visão do filme, hoje, uma vez que ele já tenha sido concluído e exposto a diferentes plateias.

A ideia original do curta surgiu de um sonho com a mata, a galinha d’angola e a luz do sol projetando seus feixes através das copas das árvores. Foi um sonho de maravilhamento, que eu acreditei ter a ver com memórias e com saudades. Quando comecei a escrever sobre ele, percebi que tudo me remetia às paisagens e às pessoas de certa região de montanhas no Espírito Santo, que fizeram parte da minha vida desde a infância. Na medida em que isso virou o projeto de um curta-metragem, tentei trabalhar com uma proposta estética que buscasse as imagens e sensações causadas pelo sonho, ao mesmo


tempo em que pudesse retratar algumas das paisagens, pessoas e costumes daquela região de uma forma simples, cuidadosa e sem artifícios. Daí a busca por uma narrativa e um tom que pudesse ser, ao mesmo tempo, uma espécie de crônica e uma estória com atmosfera e elementos oníricos. Como você descreveria sua maneira de fazer filmes, seu modo de produção? Como você pensa o tipo de cinema que está realizando?

Acho que, antes de me preocupar em estabelecer um jeito individual de fazer filmes, tento criar um compromisso específico com o filme que está sendo feito. Tendo a acreditar que cada filme pede seu modo de produção, e minha tentativa costuma ser a de criar um contexto em que a equipe e eu mesmo possamos nos adaptar a esse modo. Em princípio, o que essa lógica gera em comum a todos os projetos é a necessidade tanto de entrosamento entre a equipe quanto do envolvimento de todos com a idéia do filme; isso exige bastante conversa, ensaios e tempo de pré-produção.

Quais filmes, cineastas ou outros produtos culturais serviram-lhe de referência na produção deste trabalho? Com que outros cineastas, brasileiros ou estrangeiros, você aqui dialoga?

Ao contrário dos dois outros curtas que dirigi, em que havia referências muito claras e voluntariamente assumidas (o animador tcheco Svankmajer e o cinema expressionista alemão em Noturno, e os estranhamentos de Cortázar e de David Lynch em Outro), no Galinha d’Angola evitei trabalhar com referências externas exatamente na esperança de preservar aquela visão pessoal sobre os elementos que me motivaram a fazer o filme. De qualquer forma, creio que as referências sempre se manifestam, mesmo que num nível inconsciente: depois que o roteiro já havia sido escrito (em 2006), encontrei nele alguns ecos da relação entre os irmãos de Campo Geral, do Guimarães Rosa e, mais ou menos na mesma época, assisti ao belo Mutum, de Sandra Kogut, que reforçou em mim a decisão pelo trabalho com não-atores.


MARIANA PRETI Diretora de Romance a la Nelson Qual sua formação e a trajetória

já tenha sido concluído e exposto a

no cinema até a realização deste

diferentes plateias.

filme?

Sou estudante do curso de graduação em Audiovisual pela UFES. À época do filme, cursava o quarto período. Participei também, como atriz, do curta-metragem Gota d’água. Com que recursos/ fontes de financiamento o filme foi feito?

Foram utilizados recursos próprios, sem qualquer patrocínio ou financiamento. O que lhe motivou a realizar seu filme e que proposta estética você apresenta nele? Fale sobre a ideia original do projeto e sobre sua visão do filme, hoje, uma vez que ele

Sempre escrevendo vários roteiros, poucos deles eu tinha possibilidades de filmar. Motivada pelo desejo de começar a produzir, escrevi um roteiro que se enquadrasse nas possibilidades financeiras e de produção que eu tinha. Tentei me valer de uma estética realista ao máximo, extraindo dos atores uma interpretação bem pouco estilizada, que brotasse mais de suas partituras orgânicas que de conceitos estereotipados de personagens do gênero dramático, ao qual o curta tende. A ideia original era fazer pequenas menções à Nelson Rodrigues, porém algumas foram cortadas e apenas o teor da narrativa e o diálogo entre os planos psicológico, real e alucinatório permaneceram.


Como você descreveria sua maneira de fazer filmes, seu modo de produção? Como você pensa o tipo

tratamento dispensado ao roteiro e à forma como os planos de linguagem são utilizados.

de cinema que está realizando? Quais filmes, cineastas ou outros

Faço filmes com ajuda de pessoas que almejam o mesmo que eu: trabalhar com o audiovisual. Sem muitos recursos financeiros, humanos ou tecnológicos, improviso como posso para sanar problemas nestes quesitos e outros que por desventura surjam. Faço questão de participar de toda a pré-produção, da produção e da pós. O fato de estudar um pouco de cada uma dessas funções me faz querer conhecer bastante bem todas elas, até que me adapte melhor a uma/algumas e passe a focar nelas. Quanto ao tipo de cinema que realizo, penso que, pertencente a um gênero clássico, uma ficção dramática, realizei uma obra autoral, dado o

produtos culturais serviram-lhe de referência na produção deste trabalho? Com que outros cineastas, brasileiros ou estrangeiros, você aqui dialoga?

O curta foi inspirado nas obras de Nelson Rodrigues, bem como de Clarice Lispector. No primeiro baseei minha narrativa, o tipo de drama e a montagem; na segunda, obtive inspiração para fazer dialogar os tempos psicológicos e cronológicos. Gosto de pensar que dialogo com o cinema de Almodóvar em termos narrativos, não estéticos.


LUCAS BONINI E WAYNER TRISTÃO Diretores de La isla de las muñecas

Qual sua formação e a trajetória no cinema até a realização deste filme?

Wayner: sou formado em artes / animação UFMG. Fiz ampliação de estudos em fotografia de cinema e animação na Universidad Nacional de Córdoba, Investigação no Instituto Mexicano de Cine. Realizei vários curtas experimentais e animações, desde 2004, como: Viaduto (2009), Automoville (2011) e Série família em férias (2012). Lucas: sou Formado em serviço social pela Faculdade Novo Milênio. Realizo oficinas de cineclubismo e educação, com a finalização de diversos curtas com estudantes de escolas públicas. Dirigi os videoclipes Lucha libre (2010), Choripan (2011) e Índio cocaleiro (2012).

mem-ilha, curta-metragem dirigido por Ana Paula Sobreiro e Daniela Camila. Com que recursos/ fontes de financiamento o filme foi feito?

La isla de las muñecas foi realizado a partir de uma investigação prévia na Cidade do México, local onde um de nós desenvolvia uma pesquisa, que resultou tanto neste filme quanto no música de cilindro. Não contou com nenhum apoio institucional, sendo realizado com recursos próprios. O que lhes motivou a realizar seu filme e que proposta estética vocês apresentam nele? Falem sobre a ideia original do projeto e sobre sua visão do filme, hoje, uma vez que ele já tenha sido concluído e exposto a diferentes plateias.

Desde 2009 formamos a Garupa Filmes, através da qual realizamos os curtas Pela parede (2011), Ilhados (2012), La isla de las muñecas (2012) e Música de cilindro (2011), dirigidos por nós dois, além de Ho-

Há muito temos abordado o tema das relações interpessoais e do espaço territorial, que se amplifica a partir de uma vivência densificada na ilha, cujo limite é clarificado


pelo entorno aquático. De modo que a temática é sempre recorrente (Homem ilha, Ilhados, Ilha das bonecas). A intenção de se utilizar película super-8 na fotografia parte da ideia fantasmática do espaço da Ilha das Bonecas, uma ilha perdida na localidade de Xochimilco, ao sul da Cidade do México. A sujeira da película amplia a deformação das bonecas e a diegese baseada no espanto. Também a fotografia em super-8 dialoga com a estética dos antigos filmes de viagem, tão popularizados nesse formato. A tênue linha narrativa segue as palavras do guia que deambulam pela ilha buscando novos padrões, mas perdendo-se no tempo da mesma forma que a ilha, não atingindo nunca uma realização plena, uma vez que a impossibilidade de atualização é justamente o fator de interesse do lugar. A montagem privilegia o detalhe das bonecas e sua sobreposi-

ção com crianças, passando assim de um espaço lúdico ao futuro inexistente do lugar. Como vocês descreveriam sua maneira de fazer filmes, seu modo de produção? Como vocês pensam o tipo de cinema que está realizando?

Partimos de uma ideia bem digerida entre os dois diretores, que aportam visões complementares. Segue ao momento onde a ideia se encontra justificada e conceitualizada passa-se a realização com o auxílio de storyboards e mapas de fotografias. Quais filmes, cineastas ou outros produtos culturais serviram-lhes de referência na produção deste trabalho? Com que outros cineastas, brasileiros ou estrangeiros, vocês aqui dialogam?

Como a localização infere diretamente no mundo ritualístico mexicano, abordamos uma visão mais onírica, baseada em Castañeda com tinturas do surrealismo típico do país com a miscigenação Nahuatl e cultura espanhola. O kitsch como fenômeno latino, presente nas imagens, trilha sonora e montagem. Entre os documentaristas, destacamos Eduardo Coutinho e o lado vazio das coisas; Joris Ivens e o lado contemplativo; Grierson e o realismo social. Na ficção, nos interessa o sublime de Tarkovski; as cores de Kurosawa; as inovações tecnológicas de cinemas contemporâneos (sobretudo francês e asiático, cuja semiótica existe na fotografia), o grotesco de Scola (sobretudo em Feios, sujos e malvados) e, como citado acima, os vídeos de viagens em super-8.


SIDNEY SPACINI Diretor de A história do puteiro mais antigo de Vitória Qual sua formação e a trajetória no cinema até a realização deste

mos com o apoio do Departamento de Comunicação Social da Ufes.

filme? O que lhe motivou a realizar seu

Meu interesse inicial foi pelo vídeo e, antes de fazer A História do puteiro mais antigo de Vitória, que é meu primeiro filme, eu trabalhei em alguns experimentos com videoinstalações. Esse projeto, Videoliteraturas, foi contemplado em 2010 por uma bolsa da Secretaria da Cultura do Espírito Santo, através do Programa Rede Cultura Jovem. Eram vídeos baseados em textos literários que vinha produzindo; não tinham intuitos narrativos. Procurava alguma relação com os espaços em que os trabalhos foram realizados. A partir daí comecei a cozinhar a ideia de um vídeo com uma estrutura narrativa mais formal. Depois de um ano, veio esse filme. Com que recursos/ fontes de financiamento o filme foi feito?

O filme foi realizado também com o apoio do edital Rede Cultura Jovem, dessa vez na categoria de Núcleo de Produção. Também conta-

filme e que proposta estética você apresenta nele? Fale sobre a idéia original do projeto e sobre sua visão do filme, hoje, uma vez que ele já tenha sido concluído e exposto a diferentes platéias.

A verdade sobre esse filme é que ele foi concebido como documentário. Sempre gostei de temáticas que explorassem memórias e tabus, e a temática da prostituição no estado já me chamava a atenção para um trabalho há muito tempo. Esse tipo de assunto fica marginal - não se fala da prostituição em livros de história convencionais, e mesmo quando se fala, trata-se o assunto de forma velada, mascarada. Na pesquisa pra estruturar esse documentário tivemos alguns contratempos. O maior deles foi a busca pelas fontes. Não que não houvesse fontes, mas pelo teor do assunto a maior parte delas não queria falar. O intuito de se fazer um documen-


tário foi ficando cada vez mais distante. Daí mudamos a proposta, trouxemos elementos ficcionais e modelamos isso de forma a ser um documentário recheado de fatos ficcionais. Eu ainda encaro nosso produto como um documentário, apesar da hibridação intencional das classificações. O filme teve uma repercussão boa até agora, e espero que ele continue deixando os espectadores desavisados com a dúvida do que viram. Acho que isso faz dele um filme de sucesso; consegue causar no público a desconfiança, fazer o espectador pensar. Isso é certamente um grande ganho.

filmes: trazer à tona temáticas que estão cobertas por um tipo de silêncio generalizado. Se incomoda ouvir sobre algo, é disso que quero tratar. Não é uma simples vontade de gerar polêmica. Vejo como um desejo sincero de dar espaço para que mais coisas sejam discutidas, mesmo que não pelo filme em si. Outra característica é misturar formatos - ficção, documentário e tudo mais que houver entre esses “extremos”. Sou fascinado por como essas estéticas se definem na cabeça do público e como se pode quebrar esses vínculos. Pretendo dar continuidade a minha obra seguindo essa linha híbrida.

Como você descreveria sua maneira de fazer filmes, seu modo de

Quais filmes, cineastas ou outros

produção? Como você pensa o tipo

produtos culturais serviram-lhe de

de cinema que está realizando?

referência na produção deste trabalho? Com que outros cineastas,

Os filmes que eu penso estão interessados principalmente na questão da memória e do tabu. Interesso-me por personagens que foram esquecidos, lugares que são mal-vistos. A marginalidade dos personagens me atrai muito, talvez seja o que mais me impulsiona a fazer

brasileiros ou estrangeiros, você aqui dialoga?

No primeiro momento, quando se tratava de um documentário que carecia de fontes, eu estava me baseando em tudo que já tinha entrado em contato no vasto campo do

documentário. Essa fase embrionária do filme foi bastante regada por Agnès Varda, uma documentarista pela qual tenho profunda admiração. A influência para o cruzamento entre documentário e ficção veio de uma série de filmes que já fazem esse jogo. Um dos mais importantes é o Jogo de cena, de Eduardo Coutinho - um dos maiores documentaristas do mundo, na minha humilde opinião. A mistura que se faz nesse filme me deixou por muito tempo com dúvidas, e ainda deixa, sobre o que envolve o espectador, mesmo o que é a dita “verdade” no cinema. Outro filme que me despertou o interesse pelo uso da estética documental na construção de ficções foi Zelig, de Woody Allen. O filme é basicamente uma ficção envelopada em uma estética documental. Acho que o primeiro foi o que colocou a ideia em movimento na minha cabeça e o segundo foi o que deu a chave para que o documentário se realizasse; a ficção e o documentário podem compor um mesmo filme.


RAPHAEL ARAÚJO Diretor de Confinópolis Qual sua formação e a trajetória

vez que ele já tenha sido conclu-

no cinema até a realização deste

ído e exposto a diferentes pla-

filme?

téias.

Sou formado em artes plásticas pela UFES. Antes disso, em meados de 2002/2003, juntamente com um grupo de amigos fundamos uma produtora de vídeos chamada Camarão Filmes e Ideias Caóticas. Fazíamos alguns filmes roteirizados na hora, de forma colaborativa, e nosso equipamento se resumia numa câmera VHS. Fizemos três curtas na época O homem que caga sangue, Trash Master – o mestre dos lixos e Baralho é o caralho.

O grande motivo deste filme foi a nossa vontade de retomar a produção audiovisual iniciada anos antes com a Camarão Filmes. Trabalhar com os mesmos amigos, agora com outras vivências. Dentre as propostas sugeridas pelo grupo para filmagem, Confinópolis mostrou-se mais desenvolvida para uma adaptação em vídeo. Esta história foi originalmente concebida em forma de quadrinhos, por isso a estética foi pensada para manter as características desse meio. Percebo que Confinópolis tem um lado provocador, feito e pensado para incomodar o expectador. O filme não se ateve a critérios técnicos ditos como certos e corretos. Observa-se isso através do tratamento de som, estourado, incompreensível em alguns momentos. O tratamento de imagens preto e branco com bastante contraste, interferência; o uso de uma câmera DSLR com regulagem de luz automática; aspecto low tech; animação no meio do filme; ima-

Com que recursos/ fontes de financiamento o filme foi feito?

A maior parte dos recursos vieram do Rede Cultura Jovem e a menor parte de nossos próprios bolsos. O que lhe motivou a realizar seu filme e que proposta estética você apresenta nele? Fale sobre a idéia original do projeto e sobre sua visão do filme, hoje, uma


gens reais captadas durante as passeatas que aconteceram em Vitória em 2011; tudo isso foi pensado de maneira a criar um conjunto que fortalecesse o enredo. Como você descreveria sua maneira de fazer filmes, seu modo de produção? Como você pensa o tipo de cinema que está realizando?

A produção dos filmes nos quais tive uma participação ativa, se caracterizam por serem artesanais, colaborativos e por serem feitos com o que se tem em mãos. Penso que o cinema deve ser simples, direto, verdadeiro e que passe alguma mensagem, de preferência contestadora e transgressora. Quais filmes, cineastas ou outros produtos culturais serviram-lhe de referência na produção deste trabalho? Com que outros cineastas, brasileiros ou estrangeiros, você aqui dialoga?

Em Confinópolis, nota-se uma forte influência do contato com o Punk e o underground. Alguns filmes que acho que foram marcantes nessa produção foram: Videodrome, Akira, Altered states, Begotten, Evil Dead, Repoman, Suburbia, Deus e o Diabo na Terra do Sol, Natural Born Killers. E os filmes dos diretores Hitchcock, George Lucas, Werner Herzog, Jodorowsky, Fernando Arrabal, Lars Von Trier, John Waters, David Lynch, Takashi Miike, Akira Kurosawa, Peter Baiestorff e muitas outras coisas.



OS LADOS DA RUA Diego Zon 15’ 35mm 2012 COR ES FICÇÃO Sinopse: “Carrão” é um garoto que, apesar de seu comportamento excêntrico, vive livremente o ritmo de vida de uma típica cidade de interior. Ao ser surpreendido por um acontecimento que ameaça destruir seu mundo particular, precisará encontrar um caminho que o liberte novamente. Direção, Roteiro e Produção Executiva: Diego Zon Diretor de Produção e Direção de Arte: Djanira Bravo Fotografia: Alexandre Barcelos Montagem e Animação: Marcelo Moll Trilha Sonora: José Luis Oliveira Som: Eduardo Yep Edição de Som: Francisco Slade Elenco: Danilo Andrade, Carlos Henrique Dorrescan, Luiz Carlos Cardoso, Ítalo Nicoli, Marcos Silva Oliveira, Sara Passabon, Alcélio Monteiro, Tonny Campbell, Lucas Rosa e Guilherme Gomes Filmografia do Diretor: A nona vítima (2011); O Maestro em Si (2010).

AO VIVO DE BERGUE PAULO SENA 12’ DVD 2011 COR ES FICÇÃO

Sinopse: Rosembergue liga a TV e acompanha ao vivo, em todos os canais, um sequestro inusitado e atemporal: Ele mesmo mantendo uma refém em sua própria casa. Culpado ou inocente? Existe verdade no que vemos? A essência não está nos fatos. Talvez nas possibilidades e impressões deixadas pelo caminho. Direção, Roteiro e Produção Executiva: Paulo Sena Diretor de Produção: Cabeloseco Fotografia: Alexandre Barcelos Direção de Arte: Emerson Evencio Montagem: Yuri Salvador Trilha Sonora e Edição de Som: Felipe Mattar Som: Constantino Buteri, Fernanda Butiar e Felipe Mattar Elenco: Renato Peres, Lorena Campoi, Leonardo Patrocínio, Gustavo Sampaio, Camila Bautz, Eduardo Fonseca e Fabrício Duarte.


GALINHA D’ANGOLA Daniel Salaroli 11’ HDV 2012 P&B ES FICÇÃO

Sinopse: Um menino procura seu pai, no meio da mata. O caminho o leva a um sonho estranho. O curta-metragem Galinha D’Angola foi rodado no interior do estado do Espírito Santo, numa região onde a mata atlântica ainda se encontra bastante preservada. Todos os atores são pessoas que vivem em Todos os Santos, pequena vila próxima ao local das filmagens. Direção, Roteiro e Produção Executiva: Daniel Salaroli Diretor de Produção: Dominique Lima Fotografia: Julia Zakia Direção de Arte: Manuela Curtiss e Eva Kaiser Montagem: Tiago Marconi e Daniel Salaroli Som e Edição de Som: Guile Martins Elenco: Carlos Marcena, Thalysson Leal, Vanderli Bubach e Juliana Bubach Filmografia do Diretor: Outro (2006); Noturno (2004).

ROMANCE A LA NELSON Mariana Preti 8’ HDV 2012 COR ES FICÇÃO

Sinopse: Como nas tragédias rodriguianas, o amor incestuoso, a paixão lésbica e o amor não correspondido destroem a vida de três jovens. Julia, Vanessa e Lucas estão entrelaçados num ciclo amoroso, nenhum deles correspondido, mas todos eles apaixonados. Direção, Roteiro e Produção Executiva: Mariana Preti Diretor de Produção: Maria Grijó Fotografia, Montagem, Trilha Sonora, Som e Edição de Som: Diego Locatelli Direção de Arte: Elis Rosa Reis Elenco: Erick Cola, Jessica Gasparini Filmografia do Diretor: O que é da matéria (2012).


LA ISLA DE LAS MUÑECAS Wayner Tristão e Lucas Bonini 6’ HDV 2012 COR ES DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Numa ilha habitada por brinquedos, o lado lúdico pode ser preterido ao fantasmático. Direção, Roteiro, Fotografia e Montagem: Wayner Tristão e Lucas Bonini Produção Executiva: Gina Becerril Diretor de Produção: Shirley Sotelo Direção de Arte: Vanuza Andrade Trilha Sonora: Lucas Bonini Som: Peu Edição de Som: Alex Cepile Elenco: Carlos Hernandez Filmografia do Diretor: Pela Parede (2011); Lucha Libre (2010); Viaduto (2009).

A HISTÓRIA DO PUTEIRO MAIS ANTIGO DE VITÓRIA Sidney Spacini 11’15” HDV 2011 COR ES FICÇÃO

Sinopse: O pseudo-documentário “A História do Puteiro Mais Antigo de Vitória”, contará pedaços da história do prostíbulo “Higher Ground” que acaba de ser fechado e resgatará seus principais personagens. Direção, Roteiro e Montagem: Sidney Spacini Produção Executiva e Diretor de Produção: Joyce Castello Fotografia: Waldemar Teixeira Direção de Arte: Guilherme Rebêlo Animação: Camila Torres Trilha Sonora, Som e Edição de Som: Diego Locatelli Elenco: Oswaldo Oleari, Tito Evangelista, Marilda Teles Maracci, Marcelo Zumerle, Tete Rocha, Juliana Lisboa, Priscilla Martins, Michele Marques, Jorge Luiz, Carolini Covre Filmografia do Diretor: Roleta Russa (2010); Luzdosól (2010); Reality-Show (2010); O Grito dos Incluídos (2009).


CONFINÓPOLIS - A TERRA DOS SEM-CHAVE Raphael Araújo 16’17” HDV 2012 P&B ES FICÇÃO Sinopse: Confinópolis é uma cidade, um país ou um lugar onde o totalitarismo reina e as pessoas são trancadas em seus próprios corpos que, no lugar de rostos, têm fechaduras sem chave. O clima de policiamento e violência dominam a narrativa. Contada em preto e branco, a história torna o absurdo do estado totalitário ainda mais contrastante, sem floreios ou discursos amistosos. Nesse cenário, um sujeito sem nome começa a agir contra o patrulhamento imposto pelo totalitário Fechadura Hernandez. Em suas buscas ele descobre que pode mudar a realidade do aprisionamento em Confinópolis, mas o caminho para isso é sombrio. Direção, Roteiro e Diretor de Produção: Raphael Araújo Produção Executiva: Marcial Vieira Fotografia: Alexandre Barcelos e Raphael Araújo Direção de Arte: Alexandre Brunoro, Alex Vieira, Guido Imbroisi e Raphael Araújo Montagem: Alexandre Barcelos, Alexandre Brunoro e Raphael Araújo Animação: Filipe Mecenas Trilha Sonora: Alexandre Barcelos, Fazinho e Felipe Mattar Som e Edição de Som: Alexandre Barcelos e Alex Ferreira Elenco: Daniel Boone, Fonzo Squizzo.




I Mostra

CORSÁRIA


IÇAR VELAS, APROVEITAR O TEMPO BOM Erly Vieira Jr e Rodrigo de Oliveira Curadores

Numa cena do filme Alma Corsária (1993), de Carlos Reichenbach, em um bate-boca entre dois poetas, um deles dispara: “Você não acha meio cretino a gente ficar aqui se enchendo com tanta erudição enquanto as coisas acontecem lá fora?” A resposta vem certeira e malcriada: “O que te falta é vivência!” A discussão segue, mas a pergunta incômoda continua a ecoar na cabeça do espectador. Numa época em que podemos nos nutrir de todo um repertório audiovisual, de ontem e de hoje, de perto e de longe, e que nos é

apresentado tanto pelas mostras e festivais de cinema quanto pelos torrents de internet, o que fazer com tantas referências, tanta informação, tantos caminhos possíveis traçados a cada vez que se liga uma câmera? Como se apropriar disso tudo para em seguida estabelecer um diálogo possível com as imagens que produzimos acerca do mundo que nos rodeia? Como reinventar essas referências dentro de um projeto cinematográfico próprio, que busca questionar o contexto onde cada cineasta se insere, como se deixasse uma assina-


tura pessoal durante esse processo de investigação sonora e visual? Como transformar esse repertório em “vivência”, sem se deixar fascinar pelas saídas já testadas e consagradas das vertentes autorais hegemônicas no cinema mundial? Por isso recorremos à metáfora implícita no título do filme do saudoso Carlão. Na era das grandes navegações, corsários eram piratas que, ao menos na aparência, agiam a serviço do rei. Seu ofício era o de saquear as embarcações dos impérios rivais e se apropriar de suas mercadorias, de modo a fortalecer o soberano a quem serviam. Acreditamos que talvez estejamos diante de uma geração que também incorpora um imaginário do cinema mundial contemporâneo, afirmando assim o fazer cinematográfico como uma atividade pirata por excelência, no sentido de se apropriar e ressignificar as imagens que nos rodeiam. Daí estabelecerem um amplo diálogo com as mais diversas vertentes cinematográficas contemporâneas, já que se trata de uma leva de realizadores que teve, tanto no ofício cinéfilo quanto na experiência de graduação específica em cinema

e audiovisual, portas de acesso e diálogo com outros cinemas até então invisíveis para o espectador médio brasileiro – e muitos deles continuaram ampliando esse diálogo, em suas carreiras, na medida em que alguns de seus trabalhos passaram a frequentar as seleções de grandes festivais mundo afora (Cannes, Locarno, Clermont-Ferrand, Oberhausen, Veneza, Berlim), tornando-se vozes relevantes dentro desta polifonia toda. E esse diálogo se faz de forma muito mais ampla que em qualquer outro momento da história do cinema brasileiro, seja revisitando outros nomes do cinema moderno, para além dos já amplamente debatidos e conhecidos (pensemos, por exemplo, em nomes outrora pouco usuais, mas que ecoam fortemente no curta-metragem brasileiro dos últimos anos, como o Godard dos 70/80, a dobradinha Huillet/Straub, Chantal Akerman, Robert Bresson), seja ampliando o universo de referências possíveis na história do cinema brasileiro – Sganzerla, Bressane, o próprio Reichenbach, Walter Lima Jr, Tonacci e outros tantos. Ou ainda, estabelecendo um intenso jogo de trocas diretas com as ima-

gens apresentadas por alguns dos cineastas mais importantes do século XXI: de Kiarostami a Weerasethakul, de Claire Denis a Jia Zhang-Ke, passando por Hou Hsiao-Hsien, Bertrand Bonello, João Pedro Rodrigues, Tsai Ming-Liang, e os filipinos Lav Diaz e Raya Martin – presenças raras no circuito exibidor brasileiro, mas constantes nas retrospectivas de centros culturais, mostras, cineclubes, e sobre as quais a nova crítica de cinema brasileira (surgida na mesma internet onde estes filmes podem ser encontrados) se debruçou ampla e profundamente. Fica, todavia, a questão: a serviço de quem estão esses novos corsários? De algum movimento cinematográfico? Provavelmente não, muito embora alguns desses projetos individuais possuam diversos pontos evidentes de contato. Rótulos como o “Novíssimo” mais parecem sacos de gatos em que imagens tão distintas entre si, ainda que produzidas numa mesma época e país, relutam em se imiscuir, dada a diversidade de naturezas que compõem suas respectivas experiências estéticas. Mas talvez eles estejam a serviço do próprio cinema, aqui encarado sob uma


versão cosmopolita, de um desejo antropofágico, que sempre esteve na raiz da cultura nacional – daí cada um defender, a partir de seus filmes, um cinema que lhe interesse, um cinema de resistência (não há dúvidas de que estejamos sob ataque), contrapondo-se inclusive aos formatos hegemônicos que se esperam do cinema autoral que frequenta o circuito dos grandes festivais mundiais. Disso provém uma certa imprevisibilidade. No conjunto de filmes apresentado dentro da Mostra Corsária, alguns já apontam para novos e talvez inesperados rumos dentro de filmografias individuais já conhecidas: pensemos nos novos trabalhos de Gui Castor, Anita da Rocha Silveira, Karen Akerman, ou ainda em realizadores que já se arriscam no formato de longa-metragem e que retornam periodicamente ao curta tanto para revisar rumos já tomados quanto para buscar arejamento em seus projetos autorais já consolidados, como Caetano Gotardo, Allan Ribeiro e os cearenses Pedro Diógenes e Ricardo & Luiz Pretti (e certamente também Guto Parente, parceiro constante destes, selecionado para a Mostra Competitiva de Curtas).

Ao tomarmos o nome da mostra emprestado de Alma corsária, assumimos aqui a possibilidade do cineasta brasileiro Carlos Reichenbach, falecido no começo deste ano, ser uma espécie de farol a nortear uma série de posturas que demarcam essa geração. Isso é visível, por exemplo, desde a adoção de um projeto radicalmente autoral como assinatura crítica do cineasta diante do mundo, até uma postura de forte respeito à cinefilia – inclusive no exercício do cineclubismo e da crítica, áreas das quais alguns desses realizadores são originários. E isso se faz com uma intenção clara de alargar os cânones cinematográficos, apropriando-se das mais diversas formas narrativas de invenção, seja no campo tradicional do cinema de autor, seja nos gêneros populares subestimados pela crítica conservadora, sempre valorizando a radicalidade da experiência proposta ao espectador como parâmetro a ser atingido. E se temos a impressão, diante de tantos filmes tão diferentes entre si, de se ver pela primeira vez certos tipos de narrativas audiovisuais, ao menos no cinema nacional, o que isso quer dizer? Trata-se de uma

geração que busca, no repertório ainda em movimento do cinema contemporâneo, instrumentos que os ajudem a lançar outros olhares sobre nosso próprio país: saquear a tal aldeia global para pensar as questões do aqui e agora. Produzir outras imagens potentes do Brasil, para além das já existentes nos cânones da nossa historiografia oficial. Cruzar o repertório nessa busca por vivências, numa atitude deveras cosmopolita, porém sem os usuais deslumbres pelo que o forasteiro tem de irrecusável ou fascinante (a que Carlão teria uma denominação: é preciso evitar a “tapeçaria”). Uma tomada de posição consciente dos tensionamentos entre o local e o global, buscando traduzir isso em propostas estéticas muitas vezes inéditas no nosso cinema. E uma atitude adotada sem reservas: que se apropriem de Chantal Akerman ou do cinema filipino, das canções radiofônicas “classes D-E” de Stevie B, da new wave do Blondie ou do sentimental Altemar Dutra, que se fale de um lied composto por Franz Schubert ou do primeiro dia depois de se abandonar o emprego, dos clipes da Madonna, de doenças misteriosas, do bonitão que se parece com o vampiro de Crepúsculo ou de


se ter a Adriana Calcanhotto como vizinha: coisas que estão no mundo, e sobre as quais é imperativo falar, sempre sob um olhar próprio, reformador e instigante. E aqui, em lugar do deslumbre, seja pela cultura pop ou por um cânone erudito ou marginal-cult, estamos diante de um universo de pequenas revelações, de alumbramentos que se espraiam pela experiência cotidiana. Assim, não pensamos nesse conjunto de filmes como uma espécie de separatismo diante do cinema nacional dito “oficial”, com pretensões de fundação de um novo mundo paralelo, com suas próprias regras, como supunham algumas apressadas leituras na época da explosão deste novo cinema autoral brasileiro. Pensamos sim, num conjunto de filmes que se pauta pela aceitação da diferença como força produtiva dentro do próprio mundo. A intenção talvez seja a de marcar território não pela recusa, mas por querer habitar plenamente o mundo, de extrair dele as tais “vivências”, com direito a enfrentar os riscos que se pagam por tal empreitada. Identificamos um retorno ao artifício, depois de anos em que a experiência do real manipulado, revela-

tório, parecia liderar as ideias deste novo cinema (a ficção nunca esteve tão mais forte no curta-metragem como agora), sempre com base num engajamento com a própria experiência de se estar no mundo. A cartografia de algumas das linhas de força deste novo cinema autoral de curta-metragem surge, assim, demarcada nos cinco programas que compõem a Mostra Corsária. No primeiro dia, pretendemos discutir a criação de universos particulares dentro do recorte do real. A partir do curta do Carlão Reichenbach, Equilíbrio e graça, de 2002, buscamos apontar para essa primeira distinção dos filmes da Corsária: a proposta de intervenção e de confronto do cineasta diante do real, seja ele reinventado em memórias (Mauro em Caiena), tragicômico em seu exercício autoficcional (Ovos de dinossauro na sala de estar) ou a partir de uma dimensão irrecusavelmente política do engajamento (Retrato de uma paisagem). O trajeto do protagonista do filme de Pedro Diógenes parece ser definidor desta postura: vai-se à rua, ao mundo, o cineasta pleno de suas próprias convicções, mas igualmente disposto a

se deixar desmentir pelo contato com o outro, sem nunca suprimir a diferença. O dissenso é também uma tentativa de inserção, sobretudo quando se apresenta de forma criativa – o real também encena a si mesmo sob suas próprias convicções, e a conversa de um cineasta e seu objeto é sempre a disputa entre dois contadores de história. Já o segundo dia discorre sobre a ideia da inocência e da juventude. Se, por um lado, a descoberta do amor pode se fazer tanto dentro de um flerte naturalista diante do mundo (Pequenos), ou ainda da abstração literária (Os barcos), por outro a perda da inocência pode se dar a partir de algo que impele seus protagonistas para o espaço exterior, a rua, estabelecendo um confronto subjetivo com a arquitetura da cidade (Elefante invisível), muitas vezes através de uma dimensão sensorialmente convidativa para o espectador, como nos experimentos sonoros que atravessam os longos planos de caminhada em Palhaços. Aqui, em lugar do apego de certo cinema brasileiro à infância/ adolescência como lugares da pureza, os filmes debruçam-se sobre os reflexos imediatos da falência


desse projeto na vida jovem/adulta, ainda que isso se encerre sob a égide do exílio em um lugar inventado, como no idílio nada fantasioso do filme de Caetano Gotardo e Thais de Almeida Prado. No terceiro dia, a investigação das potências do feminino: não à toa a sessão começa e termina com cenas de partos. Primeiro, um parto físico, em A cabra – que inclusive conduz a uma atmosfera de total louvação ao artifício, deliciosamente ironizado na surpreendente citação ao bolero de Altemar Dutra. Depois, o parto da angústia, materializado no apelo à dimensão fantástica, em meio à narrativa realista que até então conduzira Animador. Entre um e outro, vemos uma série de trajetos possíveis da figura feminina e suas questões, seja situando-se como alternativa para se lidar com o isolamento urbano, inserindo uma dose de doçura e esperança na banalidade cotidiana (Com vista para o céu), seja através da mediação do desejo masculino sob uma ótica um tanto psicodélica de carnavalização dos enunciados (Não dê ouvidos a ele...), ou mesmo de uma reconquista do direito de narrar sua própria história

– como no longo e extremamente potente plano em que uma mulher narra sua própria história em Canção para minha irmã. No quarto dia, o foco se desloca para as relações interpessoais sob a crise do jovem diante de um mundo corrompido, numa lógica de vício e desesperança que transborda dos três primeiros filmes que iniciam o programa. De um lado, a incapacidade de amar materializa-se na sucessão de madrugadas, parceiras que abandonam ou são abandonadas sequencialmente, trilhas sonoras de motéis baratos e um tom de cafajestagem ora sussurrada, ora escancarada em O amor nunca acaba. De outro, uma angústia confessada nos depoimentos das duas protagonistas de Star power ready, por vieses que ora nos remete a Bergman, ora a Bresson, numa espera protelada por partidas de videogame, luzes de boate, alguns drinques e um videoclipe que passa na televisão. Ainda, o intenso diálogo que se faz em Os mortos-vivos com o início da vida adulta e seus riscos, em personagens que flutuam entre os encontros e desencontros amorosos nas baladas noturnas (numa cidade cuja arquitetura parece em constante con-

vulsão), ensaios de banda, idas ao shopping, um processo de abertura afetiva ao mundo simbolizado tanto na leveza da descoberta do outro quanto na seriedade do peso de viver, por uma obsessão por pequenas e grandes mortes performatizadas (o casal vitimado pelo gás, o rapaz que some no mar “instagramatizado”, a dúvida entre cometer ou não facebookicídio, o sonho com o vampiro de Hollywood, a canção-lamento “Last Kiss”, que ganha uma letra leve e quase frívola na sua versão em português). E, no meio disso tudo, Meu amigo mineiro, que aparentemente se pauta pela mesma visão distópica dos filmes anteriores, partindo do mote de um anfitrião que se ausenta quando da chegada do visitante, para empreender todo um inventário afetivo numa cidade desconhecida pelo forasteiro, que passa a ressignificá-la aos poucos, numa gradual retomada da esperança a partir da redescoberta da amizade. No quinto dia, leva-se mais a fundo o embate entre real e artifício. Aqui testemunhamos o triunfo deste último, contra a ampla revoada recente das mais diversas vertentes do documentário, dos filmes-dispositivo e filmes-ensaio, bem como


dos híbridos entre real e ficcional, o cinema de crônica minimalista do cotidiano e, sobretudo, os flertes sensoriais da “estética do fluxo” que pareciam tão onipresentes nos domínios do curta e do longa-metragem até pouquíssimo tempo atrás. É nesse conjunto de três filmes que temos, talvez mais até do que no restante da mostra, o real e a encenação chocados um contra o outro, e vislumbramos alguns dos fragmentos que restam disso. O programa começa com a mise-en-scène da loucura em Permanências, passa para outro realismo, que transita pelo fantástico em sua esfera mais aterradora/desesperadora (traduzido num close crucial do rosto enfaixado em As heranças, e na caminhada que se segue em direção ao mar bravio), onde o conceito se resume a um “real é tudo aquilo que sangra”, para enfim desembocar num elogio ao drama brechtiano, ao todo-falso, em Incêndio, em especial nos jogos que

se fazem entre as performances rigidamente calculadas da pianista e do canto e o conteúdo programático exigido pelo lied de Schubert, a cantar as agruras de pai e filho diante da presença mortífera e fascinante de Erlkönig, adaptado diretamente do texto de Goethe. Diante dos filmes deste último programa, fica uma questão ainda a ser respondida: essa vontade de artifício, que em maior ou menor escala perpassa esse conjunto de vinte filmes, seria a direção para a qual o cinema brasileiro atualmente aponta? Depois de uma volta pela estética do fluxo e pela desdramatização, um futuro de retorno ao artifício? Fiquemos de olho nos próximos desdobramentos destes corsários. Afinal, há todo um oceano ainda inexplorado e repleto de fortunas invisíveis a serem minuciosamente saqueadas e reinventadas. Vida longa à Mostra Corsária.



EQUILÍBRIO E GRAÇA Carlos Reichenbach 13’ 35mm 2002 COR PR DOCUMENTÁRIO Sinopse: Viagem ao imaginário das sensações a partir do encontro de um pensador católico e monge trapista com o “pai” do zen budismo. Direção e Roteiro: Carlos Reichenbach Produção Executiva: Maria Ionescu Diretor de Produção: Eliana Bandeira Fotografia: Jacob Solitrenick ABC Direção de Arte: Luís Rossi Montagem: Cristiana Amaral Edição de Som: Eduardo Santos Mendes e João Godoy Elenco: Plínio Soares, Masamitsu Adache, Luciana Brites, Adriana Holtz, Roberta Marcinkoski, Soraya Landin, Kátia Spássova e as vozes de Flavia Rea, Plínio Soares e Carlos Reichenbach Filmografia do Diretor: Falsa Loura (2007); Garota do ABC – Aurélia Schwarzenega (2003/4); Bens Confiscados (1999); Dois Córregos (1999); Alma Corsária (1994), Desordem em Progresso (1988/90); Anjos do Arrabalde (1986); Filme Demência (1985); Extremos do Prazer (1983); A Rainha do Fliperama (1982); O Paraíso Proibido (1981); Amor, Palavra Prostituta (1980/82); Império do Desejo (1980); A Ilha dos Prazeres Proibidos (1978); Sede de amar (1978); Lilian M., Relatório confidencial (1974/75); Corrida em busca de amor (1971); A Badaladíssima dos trópicos X Os picaretas do sexo (1970); Alice (1968).

MAURO EM CAIENA Leonardo Mouramateus 19’ HDV 2012 P&B CE DOCUMENTÁRIO Sinopse: Uma vez um instrutor de parapente me disse que flutuar no ar, em voo livre, não é tão perigoso. O maior perigo é a partida, e a chegada. E isso faz bastante sentido. É, faz muito sentido. Direção, Produção Executiva, Diretor de Produção e Fotografia: Leonardo Mouramateus Roteiro e Montagem: Leonardo Mouramateus e Salomão Santana Som: Leonardo Mouramateus, Lucas Coelho de Carvalho e Rodrigo Fernandes Edição de Som: Lucas Coelho de Carvalho Elenco: Marcos, Júnior, Albaniza, Mauro, Leonardo e Godzilla Filmografia do Diretor: Charizard (2012); Estrela Distante (2012); Europa (2011); Dias em Cuba (2011); Fui à Guerra e não te Chamei (2010).


OVOS DE DINOSSAURO NA SALA DE ESTAR Rafael Urban 12’ DVD 2011 COR PR DOCUMENTÁRIO Sinopse: A alemã Ragnhild Borgomanero, de 77 anos, estudou fotografia digital e fez cursos de Photoshop e Premiere para manter viva a memória de seu falecido esposo, Guido, com quem reuniu a maior coleção particular de fósseis da América Latina. Direção e Roteiro: Rafael Urban Produção Executiva: Ana Paula Málaga e Rafael Urban Diretor de Produção: Henrique Ribeiro Fotografia: Eduardo Baggio Direção de Arte: Maria Andrade Montagem: Ana Lesnovski Som: Robertinho de Oliveira Edição de Som: Alexandre Rogoski Elenco: Ragnhild Borgomanero Filmografia do Diretor: Bolpebra (2011); Atrizes (2008); Uma volta no parque (2008); João e Maria (2006).

RETRATO DE UMA PAISAGEM Pedro Diogenes 34’ HDV 2012 COR CE DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Um filme sobre a cidade. Um filme sobre pessoas. Estamos vivendo o começo da era da sociedade urbana. Um novo campo ainda ignorado e desconhecido. E o cenário do futuro ainda não se encontra estabelecido. Direção, Roteiro e Som: Pedro Diogenes Produção Executiva e Diretor de Produção: Carol Louise Fotografia: Victor de Melo Montagem: Irmãos Pretti e Guto Parente Elenco: Tavinho Teixeira Filmografia do Diretor: No Lugar (2011); Os Monstros (2011); Estrada para Ythaca (2010); Miúdos (2008); Ficamos felizes com sua marcante presença nesse momento tão especial de nossas vidas (2008); Cruzamento (2007).


PEQUENOS Alexandre Rafael Garcia 14’ HDV 2012 COR PR FICÇÃO

Sinopse: Férias de verão, e o menino Lucas se diverte com seus amigos no bairro onde moram. Cada dia que passa ele se aproxima mais de Ana. Direção e Roteiro: Alexandre Rafael Garcia Produção Executiva e Diretor de Produção: Anderson Simão, Evandro Scorsin e Wellington Sari Fotografia: Renata Corrêa Direção de Arte: Ana Deliberador Montagem: Christopher Faust Som e Edição de Som: Alexandre Rogoski Elenco: Lucas Gabriel, Julia Yara, Augusto Cerqueira, Ana Henriqueta, Anderson Da Silva, Daniel Miqueias, Lucas Vicenzo e Luiz Godói Filmografia do Diretor: Sobrenatural (2012); Memórias do meu tio (2011); Intervalo (2010); Pastoreio (2009).

PALHAÇOS Andy Malafaya 14’53” HDV 2011 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Um homem. Muitos caminhos. O mundo fora do eixo. Nenhuma solução. Direção e Roteiro: Andy Malafaya Produção Executiva: Carol Veiga Diretor de Produção: Vania Catani Fotografia: Pedro Santos Direção de Arte: Helen Leal e Jorge Alencar Montagem: Vitor Medeiros Trilha Sonora e Edição de Som: Rafael 16 Rodrigues Som: Marcelo Baraldi Elenco: Fred Demarca e Sergio Santeiro Filmografia do Diretor: Ventos do Açu (2012); Projeções (2012).


ELEFANTE INVÍSIVEL Elisa Ratts 15’ MINIDV 2012 COR CE FICÇÃO

Sinopse: Um sonho. Uma avenida sem semáforos. Um menino e um elefante. Direção: Elisa Ratts Roteiro: Elisa Ratts e Leonardo Mouramateus Produção Executiva: Vila das Artes Diretor de Produção: Maurício Macedo Fotografia: Elisa Ratts e Leonardo Ferreira Direção de Arte: Raisa Christina e Dayse Barreto Montagem: Rodrigo Fernandes Som: Lucas Coelho Edição de Som: Marina Mapurunga e Érico Sapão Elenco: Átila Tahim de Sousa, Kardec Miramez, Francisco José Azevedo Mota, José Maurilio de Oliveira, Maria do Carmo Moreira, Pedro Ígor Aragão, Lucas Oliveira, José Maria Queriroz Jr. e João Emannuel Saraiva.

OS BARCOS Caetano Gotardo e Thaís de Almeida Prado 23’ HDV 2012 COR SP FICÇÃO Sinopse: Vi folhas que se moviam. Pensei: “É um pássaro em seu ninho.” Separei as folhas e olhei; mas não havia pássaro nenhum. As folhas continuavam a se mover. Fiquei assustada. Enquanto corria, cada vez mais depressa, eu gritava. O que movia as folhas? O que move meu coração, minhas pernas? Direção, Roteiro e Montagem: Caetano Gotardo e Thaís de Almeida Prado Produção Executiva: Lara Lima e Marcelo Lima Diretor de Produção: Raul Arthuso Fotografia: Flora Dias Direção de Arte: Felipe Diniz Som e Edição de Som: Edson Secco Elenco: Anne Rodrigues, Lígia Zilbersztejn, Rafael Eihati, Renan Belfante, Thiago Pereira e Yohanna Rodrigues Filmografia do Diretor: O que se move (2012); Outras pessoas (2010); O menino japonês (2009); Areia (2008); O diário aberto de R. (2005); Feito não para doer (2003); Passagens (2011); Sohl Canal (2010), Exercice de regarde (2010); Movimento n.35 em pé menor (2008).


A CABRA Gui Castor 12’ HDV 2010 COR ES FICÇÃO

Sinopse: A vida é um inferno desejado. Direção, Roteiro, Fotografia, Montagem e Som: Gui Castor Trilha Sonora: Pablo Loureiro Elenco: Sandro Costa e João Moraes Filmografia do Diretor: Bratislava (2011); Galharufa (2011); Café com Pernas (2010), El Chivo a Baco (2009); Harmonia do Inferno (2008); Anjo Preto (2007); A Iniciação (2007); Maia (2006); Lita (2005); Lágrima (2005).

NÃO DÊ OUVIDOS A ELES... Leonardo Esteves 17’30” 35mm 2012 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Um filme rodado no verão! Sem dinheiro, sem roupa e sem-vergonha! Direção, Roteiro, Produção Executiva e Diretor de Produção: Leonardo Esteves Fotografia: Vanderci Aguiar Direção de Arte: Liane Esteves Montagem: Marta Luz Trilha Sonora: Thiago Ricarte Som: Emiliano Sette Edição de Som: Marta Luz Elenco: Rogério Skylab, Ricardão Voogt e Haroldo Paulino Filmografia do Diretor: Alguém tem que honrar essa derrota! (2009); Emprego Temporário (2007).


COM VISTA PARA O CÉU Allan Ribeiro 10’ HDV 2011 COR RJ FICÇÃO Sinopse: Homem e mulher tentam contato em uma grande metrópole, diante de tanta incomunicabilidade, onde o som urbano invade os espaços. Direção e Montagem: Allan Ribeiro Roteiro: Allan Ribeiro e Douglas Soares Produção Executiva e Diretor de Produção: Ana Alice de Morais Fotografia: Daniel Bustamante Direção de Arte: Fernanda Teixeira e Yves Moura Som: Ives Rosenfeld Edição de Som: Daniel Turini e Fernando Henna Elenco: Adriana Calcanhotto e Marcelo Dias Filmografia do Diretor: Esse amor que nos consome (2012); A Dama do Peixoto (2011); Ensaio de Cinema (2010); Depois das Nove (2008); O Brilho dos Meus Olhos (2006); Papo de Botequim (2004); Boca a Boca (2003); Senhoras (2002).

CANÇÃO PARA MINHA IRMÃ Pedro Severien 17’ HDV 2012 COR PE FICÇÃO

Sinopse: Um rio sobre a ponte. Memórias na casa sem teto. Irmã triste. Uma canção. Direção: Pedro Severien Roteiro: Luiz Otávio Pereira e Pedro Severien Produção Executiva e Diretor de Produção: Manoela Torres Fotografia: Pedro Sotero Direção de Arte: Thales Junqueira Montagem: Tita Trilha Sonora: Tiago de Melo Andrade Som: Nicolas Hallet e Simone Dourado Edição de Som: Rafael Borges e Vinicius Lima Elenco: Tiago de Melo Andrade, Sandra Possani, Junior Black e Thaíse Moura Filmografia do Diretor: São (2009); Carnaval inesquecível (2007).


ANIMADOR Cainan Baladez e Fernanda Chicolet 21’ 35mm 2012 COR SP FICÇÃO

Sinopse: Ligia trabalha num parque de diversões. Fica suspensa num brinquedo de bolinhas, onde as crianças tentam acertar o alvo para derrubá-la. Seu uniforme é uma fantasia. Direção e Produção Executiva: Cainan Baladez e Fernanda Chicolet Roteiro: Fernanda Chicolet Diretor de Produção: Mario Monteiro Fotografia: André Luiz de Luiz e Marcella Paschoal Direção de Arte: Laura Carvalho e Fernando Timba Montagem: André Bomfim Som: Clara Cervantes Edição de Som: Eric Ribeiro Elenco: Fernanda Chicolet, Caetano Gotardo, Lumi Abe, Daniel Ortega, Eliana Teruel e outros. Filmografia do Diretor: Aphasia (2011).

O AMOR NUNCA ACABA Ricardo Pretti e Luiz Pretti 20’ HDV 2012 COR CE FICÇÃO

Sinopse: Não importa quem. Seja Ela - esse alguém. Não impossível que ainda vem. Direção, Roteiro, Produção Executiva e Montagem: Ricardo Pretti e Luiz Pretti Diretor de Produção: Carol Louise Fotografia: Luiz Pretti Direção de Arte: Lia Damasceno e Themis Memória Som: Pedro Diogenes Elenco: Rodrigo Fischer, Carol Louise, Lia Damasceno, Milena Pitombeira, Rúbia Mércia, Themis Memória e Verônica Cavalcanti Filmografia do Diretor: No Lugar Errado (2011); Os Monstros (2011); Estrada para Ythaca (2010); Rumo (2009); Longa vida ao cinema cearense (2008); Cartaz (2008); Às vezes é mais importante lavar a pia do que a louça ou Simplesmente Sabiaguaba (2006).


OS MORTOS-VIVOS Anita Rocha da Silveira 20’ 35mm 2012 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Bia está off-line. As mensagens enviadas serão entregues quando Bia estiver on-line. Direção, Roteiro, Produção Executiva e Montagem: Anita Rocha da Silveira Diretor de Produção: Bianca Tonini e Débora Gusmão Fotografia: João Atala Direção de Arte: Constanza de Córdova e Betina Monte-Mór Som: Fellipe Mussel e Bernardo Uzeda Elenco: João Pedro Zappa, Natália Lebeis, Clarice Lissovsky, Pedro Tambellini, Anita Chaves e Maria Clara Contrucci. Filmografia do Diretor: Handebol (2010); O Vampiro do Meio-Dia (2008).

STAR POWER READY Bernardo Barcellos, Isabela Mota, Leonardo Levis e Luisa Marques 17’ DVD 2011 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Ele veio, mais uma vez. Direção e Roteiro: Bernardo Barcellos, Isabela Mota, Leonardo Levis e Luisa Marques Produção Executiva e Diretor de Produção: Bernardo Barcellos e Leonardo Levis Fotografia: Lucas Barbi Direção de Arte: Isabela Barcellos Montagem: Bernardo Barcellos e Luisa Marques Som: Francisco Guarnieri Edição de Som: Bernardo Barcellos, Luisa Marques, Jesse Marmo e Vinicius Leal Elenco: Isabela Marques, Luisa Marques e Francisco Guarnieri.


MEU AMIGO MINEIRO Victor Furtado e Gabriel Martins 23’ HDV 2012 COR CE FICÇÃO

Sinopse: Gabi, tô te esperando pra conhecer minha cidade. Chega aí, Vitim. Direção, Roteiro e Fotografia: Victor Furtado e Gabriel Martins Produção Executiva e Diretor de Produção: Carol Louise Montagem: Guto Parente Trilha Sonora: Gabriel Martins Som: Pedro Diógenes Elenco: Gabriel Martins, Victor Furtado, Luciana Vieira, Joana de Paula, Natalia Bezerra e Lucas Ribeiro Filmografia do Diretor: Raimundo dos Queijos (2011); Dona Sônia pediu uma arma emprestada ao seu vizinho Alcides (2011); Contagem (2010).

PERMANÊNCIAS Ricardo Alves Jr 34’ HDV 2011 COR MG DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Do lado de dentro o ar é mais denso. Direção e Diretor de Produção: Ricardo Alves Jr Roteiro: Diego Hoefel e Ricardo Alves Jr Produção Executiva: Rita Cupertino Fotografia: Tomas Perez Silva Montagem: Ernesto Gogain Som: Pablo Lamar Filmografia do Diretor: Convite para jantar com o camarada Stalin (2008); Material Bruto (2007).


AS HERANÇAS Giovani Barros 18’ HDV 2011 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Os machucados de Pedro estão demorando para sarar. Direção e Roteiro: Giovani Barros Produção Executiva: Eduardo Cantarino Diretor de Produção: Eduardo Cantarino e Maria Sayd Fotografia: Flora Dias Direção de Arte: Mayra Sergio Montagem: Douglas Soares Trilha Sonora: Dorgas Som e Edição de Som: Thiago Yamachita Elenco: Vitor Mayer, Alexandre Mofati, Andre Dale e Erida Castello Branco Filmografia do Diretor: Uma Canção de Dois Humanos (2009).

INCÊNDIO Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes 23’10” HDV 2011 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: A melhor aula termina com uma lição. Direção, Roteiro, Montagem e Edição de Som: Karen Akerman, Miguel Seabra Lopes Produção Executiva: João Matos Diretor de Produção: Joana Gusmão Fotografia: Paulo Menezes Direção de Arte: Cypress Cook Trilha Sonora: Franz Schubert Som: Ricardo Leal Elenco: Joana Craveiro e António Moniz Pereira Filmografia do Diretor: A Festa Que Caiu Do Céu (2008); Acossada (2006); São Jorge De Camunguelo (2004); Tem Alguém Aí? (2001); Quem Mora Na Minha Cabeça (2010); Alasca (2009); Perímetro (2006); Golgota Zwei (2004); Dia que não vejo o tejo não é dia (2002); À Deriva (2000); Por que é que eu não disse nada (1999).




II Mostra

QUATRO

ESTAÇÕES


MERGULHO NA LIBERDADE Rodrigo de Oliveira Curador

Um dado fundamental para a Mostra Quatro Estações é o fato de ela não ter sido programada de partida, mas sim imposta pelo conjunto de filmes com temática LGBT que encontramos em meio à curadoria. Surgida no ano passado como um evento único, em forma de mostra paralela que apresentava um panorama deste cinema nos últimos anos, em 2012 a Mostra Quatro Estações ganha caráter oficial, competitivo, e o espaço tradicional da meia-noite, como já acontece nos festivais mundo afora. Para além da presença de filmes com temática próxima em outras seções do Festival de Vitória (Na sua companhia na Mostra Competitiva Nacional de Curtas

e Esse amor que nos consome na de Longas, por exemplo), este grupo poderoso e diverso de curtas acabou pedindo para si um espaço de exibição – e parte desse pedido nasce justamente da ideia de grupo. A imagem homossexual no cinema brasileiro contemporâneo de longa-metragem é algo fugidia, escassa ou tomada por clichês ou simplesmente preconceito. A alternativa audiovisual mais popular, a teledramaturgia, parece ainda mais atrasada neste encontro com os personagens e os dramas desta população. O espaço do curtametragem sempre carregou esta tarefa de ser o espaço privilegiado para a exposição desta imagem,


por permitir mais liberdades de encenação. Ainda assim, por muito tempo pensava-se no personagem homossexual dentro de um contexto que lhe era estranho e/ou hostil. Grande parte da produção acabava se fundando no contraataque à imagem depreciativa dos meios mais populares, e sentiase obrigada a fazer um elogio à diversidade contra a estupidez da homofobia, defendendo o espaço de direito do LGBT neste meio social que o rejeitava. Os dramas da aceitação, as denúncias do preconceito ou a tentativa de “dar voz própria” e “mostrar a realidade” do personagem homossexual que foram fundamentais para um levante de consciência para o público geral, ao mesmo tempo, acabaram minando algumas rotas de aprofundamento em questões específicas de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. A força dos filmes da seleção da Mostra Quatro Estações reside justamente na ideia da comunidade homossexual, em oposição ao personagem isolado. Ainda que os dramas isolados estejam presentes, eles surgem colocados na arena do coletivo, entre pares que já não precisam se esconder em guetos ou tempos específicos. Livres para expressar seu amor na rua, no contexto da cidade aberta, estes filmes acabam tendo a chance de dar um mergulho radical no específico (pensemos no sadomasoquismo de Filme para poeta cego ou

na dúvida sobre a preferência de posturas sexuais em Homem completo), ao mesmo tempo em que não buscam contemporizar as arestas de seus protagonistas. Gays e lésbicas enfurecidos (a travesti protagonista de Quem tem medo de Cris Negão?, o casal feminino em conflito em Jibóia), eventualmente até desagradáveis (Homem completo e seu jogo de um protagonista antipático que, talvez só por isso, por sua franqueza e fraqueza, conquiste nossa simpatia). A orientação sexual não os condiciona, apenas os enriquece – inclusive naquilo que não os isola do mundo, mas, ao contrário, os revela como humanos, simplesmente.

da cama ou no grito de um bar. Mesmo grito que toma as amantes de Jibóia, que vivem seu duelo em praça pública, sem meios-termos. Por fim, os dois documentários da seleção, um que é todo ausência e outro que é a presença radical. Enquanto Quem tem medo de Cris Negão? reconstrói um mito a partir da memória daqueles que lá estiveram, sem nunca recorrer à figura em si (calada pela morte e pela ausência de registro), Filme para poeta cego é justamente a experiência do mito, revelado em sua intimidade, para o qual o cineasta contribuirá com o próprio corpo, diminuindo radicalmente a distância com o objeto – tornandose, por fim, comum a ele.

A ideia da comunidade é uma conquista, e ela é uma questão de cinema, antes de qualquer outra coisa. O filme mais solar da seleção, Gaydar, é ao mesmo tempo a tentativa de levar a linguagem da comédia popular carioca a um lugar raro (a afetação realista, honesta) e um conto sobre a exposição da homossexualidade sem mediações. Angorá e Abismo estendem tramas que se espalham por espaços e tempos diversos, e nesse movimento acabam traçando uma geografia afetiva ao mesmo tempo íntima e social. Uma deambulação de outra ordem se dá com o protagonista de Homem completo, cuja busca pessoal se confronta sempre com a imagem do casal, do compartilhamento, no segredo

Perceber-se em comunidade, identificado a seus pares, inserido no contexto do corpo social coletivo, sem distinções é, no fim, para onde ruma toda a luta do movimento LGBT. Esta liberdade cobra um preço, defendido pelos filmes da Mostra Quatro Estações com vigor e inventividade: é preciso ir mais fundo.



HOMEM COMPLETO Rui Calvo 15’ BETACAM 2012 COR SP FICÇÃO

Sinopse: Durante uma noite, Marcelo parte em uma busca obsessiva por um homem que satisfaça os seus desejos. Direção e Roteiro: Rui Calvo Produção Executiva: Tatiana Custódio Diretor de Produção: Isis Valenzuela e Vinicius Casimiro Fotografia: Thaisa Oliveira Direção de Arte: Dicezar Leandro Montagem: Tatiana Custódio e Rui Calvo Som: Célio Franceschet e Roney Freitas Edição de Som: Eric Ribeiro Elenco: Eduardo Gomes, Thiago Carreira, Ricardo Henrique, Germano Melo e Gilda Nomacce Filmografia do Diretor: Encanto (2006); Nossa Paixão (2006).

JIBOIA Rafael Lessa 18’ 35mm 2011 COR SP FICÇÃO

Sinopse: Aurora, uma cabeleireira da Rua Augusta, aceita fingir ser a mãe de sua amante adolescente, Gracekelly, sem saber que os planos da menina vão colocar em risco seu verdadeiro amor. Direção e Roteiro: Rafael Lessa Produção Executiva: Colin Elliott, Vanessa Agricola e Sara Silveira Diretor de Produção: Monica Branco Fotografia: Rodrigo Graciosa Direção de Arte: Fernando Zuccolotto Montagem: Lívia Arbex Trilha Sonora: Lucas Marcier Som: Gabriela Cunha Elenco: Gilda Nomacce e Gabriela Vergani


QUEM TEM MEDO DE CRIS NEGÃO? René Guerra 25’ HD 2012 COR SP DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Cristiane Jordan, ou Cris Negão como era chamada, foi uma travesti cafetina do centro de São Paulo conhecida por seus métodos violentos de controle das outras travestis. Odiada e temida por uma legião, ela também tinha seus fãs, até que tragicamente foi assassinada com dois tiros na cabeça. O filme é um mergulho no universo das travestis, a partir dessa figura lendária do submundo de São Paulo. Direção e Roteiro: René Guerra Produção Executiva: Juliana Vicente Diretor de Produção: Carla Comino Fotografia: Matheus Rocha Montagem: Yuri Amaral Som: Ivan Russo Edição de Som: Guile Martins Elenco: Phedra D. Córdoba, Gretta Star, Thalia Bombinha, Divina Núbia, Roberta Gretchen e Marlene Loçasso Filmografia do Diretor: Os Sapatos de Aristeu (2008); Casa (2009).

FILME PARA POETA CEGO Gustavo Vinagre 25’ HD 2012 COR SP DOCUMENTÁRIO

Sinopse: Glauco Mattoso, poeta cego sadomasoquista, aceita participar de um documentário sobre a sua própria vida, mas as condições que ele impõe dificultam o trabalho do jovem diretor. Direção e Roteiro: Gustavo Vinagre Produção Executiva: Juliana Vicente Diretor de Produção: Carla Comino Fotografia: Thais Taverna Direção de Arte: Márcia Beatriz Granero Montagem: Rodrigo Carneiro Som: Ivan Russo Edição de Som: Raymi Morales-Brés Elenco: Glauco Mattoso e Akira Nishimura Filmografia do Diretor: Dykeland (2009).


GAYDAR Felipe Cabral 11’55” DVD 2012 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Rafael é um jovem que está cansado de só chegar em caras que se dizem héteros. Não querendo mais passar por esse tipo de constrangimento, ele consegue um aparelho que acabará com todas as suas dúvidas, o Gaydar. Direção, Roteiro, Produção Executiva e Diretor de Produção: Felipe Cabral Fotografia e Montagem: Bernardo d´Ávila Direção de Arte: Darília Oliveira Trilha Sonora: Marcelo Castilho Som: Hamilton Dias Edição de Som: Conrado d´Ávila Elenco: Alexandre Mello, André Mansur, Ariane Rocha, Átila Toledo, Eduardo Rios, Felipe Cabral, Felipe Galvão, Gabriel Falcão, George Sauma, João Pedro Zappa, João Sant´Anna, Julia Stockler, Nivea Richa e Thiago Marinho

ANGORÁ Emerson Evêncio 10’30” DVD 2011 COR ES FICÇÃO

Sinopse: Angorá é um desencontro entre Bruno, Fabrício, Silvio e Lucio, suas crises e um gato. O Filme é uma tentativa recortada e não linear de aproximar o medo, a culpa, o ego e o sensível pelo olhar felino. Direção e Roteiro: Emerson Evêncio Produção Executiva: Cabelo Seco Diretor de Produção: Lorena Louzada Fotografia: Alexandre Barcelos Direção de Arte: Andresa Rodrigues Montagem: Yuri Salvador Trilha Sonora, Som e Edição de Som: Felipe Mattar Elenco: Gabriel Sanches, Rodrigo Band, Paulo Roque e Luis Carlos Ayres. Filmografia do Diretor: Tudo mudou (2008); Visão de Vaga-Lume (2007).


ABISMO Aleques Eiterer 20’ HDV 2011 COR MG FICÇÃO

Sinopse: E, contudo, se fecho os olhos, e mergulho, dentro em mim, vejo à luz de outro sol, outro abismo. Direção, Roteiro e Produção Executiva: Aleques Eiterer Diretor de Produção: Olívia Aragão Fotografia: Tiago Scorza Montagem: Nilson Alvarenga Som: Samuel Strappa Edição de Som: Luís Eduardo Carmo Elenco: Ricardo Martins, Pablo Sanábio, Breno Sanches, Andreh Viéri e Ângela Câmara Filmografia do Diretor: A Demolição (2007); Ausência (2004); Verdade ou Conseqüência (2002); O Vestido Dourado (2000); O Livro (1999).


Se liga na produção audiovisual da juventude capixaba. São dezenas de curtas- metragens e webséries realizadas desde 2010 com o apoio dos Editais Rede Cultura Jovem. Você pode conferir essas e outras produções toda semana no Yah! TV. portalyah.com

Execução:

Realização:


Para contemplar as novas plataformas de produção audiovisual, o Festival de Vitória - 19º Vitória Cine Vídeo promove pela primeira vez o Concurso de Mídias Alternativas. O objetivo é fomentar a produção brasileira através do incentivo e valorização dos produtos multimídias. Participam filmes com duração máxima de dois minutos, de todos os gêneros cinematográficos, feitos em qualquer suporte de captação, realizados nos últimos dois anos. Os filmes inscritos concorrem a duas premiações, uma pelo júri técnico oficial (troféu Marlin Azul de Mídia Alternativa e uma câmera DSLR) e outra pelo júri popular online (troféu Marlin Azul). A votação estará aberta durante os dias do festival pelo site www.vitoriacinevideo.com.br.

FILMES DO CONCURSO #vainabola, de Raul Chequer, Daniel Furlan, Juliano Enrico, David Benincá, Gabriel Labanca e Klaus Berg (ES, 1’25’’) 2ª queda d’água, de Altiere Leal (MG, 1’59’’) Água e telefone, de Lobo Pasolini (ES, 1’05’’) Aposte no índio, de Klaus Berg, Raul Chequer, Daniel Furlan, Gabriel Labanca, Juliano Enrico, David Benincá (ES, 1’37’’)

Mímese, de Carolina Loose e Renato Loose (MG, 2’) O passarinho, de Guilherme Rebêlo, Isis Dequech, Victorhugo Amorim (ES, 41’’) Os Grilos do sul gritam aurora, de Lucas Sá (RS, 2’) Outro mundo é possível, de Wayner Tristão (ES, 1’) Outros olhos, de Rafael Borges e Carlos Queiroz (ES, 2’) Pequeno incômodo, de Wayner Tristão (ES, 1’)

As meninas, de Guilherme Rebêlo, Isis Dequech e Victorhugo Amorim (ES, 1’)

Ritmo urbano, de Lorena Aranha e Carlos Queiroz (ES, 2’)

Benjamin, de Leonardo Patrocínio (ES, 1’58’’)

Só, de Pedro Bomfim (RJ, 1’59’’)

Família em férias, de Wayner Tristão (ES, 1’)

Sol, Céu Azul, de Raphael Araújo (ES, 1’08’’)


Concurso

Mテ好IAS ALTERNATIVAS


Sessão Especial Vitória Cine Vídeo




A TÍMIDA LUZ DE VELA DAS ÚLTIMAS ESPERANÇAS

75’40” 16mm 2012 COR PR FICÇÃO

Quinta-feira (8/11) - 18h - Estação Porto

Uma história construída por nuances dramáticas e com certa dose de humor. Duas mulheres solitárias, que há décadas dividem o mesmo teto, as mesmas mágoas, ranhetices, angústias e fantasmas do passado. Zizi e Antonieta são cúmplices de uma vida que não viveram e sonharam viver.

Direção: Jackson Antunes e Salete Machado Roteiro: Jackson Antunes e Salete Machado, baseado na peça teatral homônima de Milson Henriques Fotografia: Celso Kava e Bruno Zotto Montagem: Pedro Merege Som: Robertinho de Oliveira Trilha Sonora: Xenon Pinheiro Elenco: Cristiana Britto e Lúcia Talabi.


ORLANDO BOMFIM JR DESAPARECIDO POLÍTICO 22’ DVD 2012 COR ES DOCUMENTÁRIO Um recorte afetivo e histórico da vida de Orlando Bomfim Júnior, advogado, jornalista, militante e dirigente do Partido Comunista Brasileiro, capturado e desaparecido por forças da Ditadura Militar em outubro de 1975. Com depoimentos de familiares e companheiros de militância e jornalismo, o filme recupera um tempo de lutas sociais e políticas pela construção da vida democrática do Brasil.

Sexta-feira (9/11) - 19h - Estação Porto Direção: Orlando Bomfim Netto Fotografia: Carlos Tourinho e Marcos valério Guimarães Montagem: Marcos Valério Guimarães Filmografia: Tutti Tutti Buona Gente(1975); Mestre Pedro de Aurora – Pra Ficar Menos Custoso (1978); Canto para a Liberdade – A Festa do Ticumbi (1978); Itaúnas – Desastre Ecológico (1979); Augusto Ruschi Guainumbi (1979); As Paneleiras do Barro (1983); Dos Reis Magos dos Tupiniquim (1985); Linhas Paralelas (2010).


A MULHER DE LONGE 73’ HDV 2012 COR RJ DOCUMENTÁRIO

Reconstituição poética do filme inacabado dirigido pelo escritor mineiro Lucio Cardoso em 1949 na aldeia de pescadores de Itaipu/Niterói, a partir de cenas recuperadas e de trechos do diário da filmagem.

Sábado (10/11) - 18h - Estação Porto Direção e Roteiro: Luiz Carlos Lacerda Produção Executiva: Cavi Borges Fotografia: Alisson Prodlik Montagem: Luiz Carlos Lacerda e Alisson Prodlik Som: François Wolf Elenco: Narração de Angelo Antonio. Filmografia do Diretor: Mãos vazias (1972); O princípio do prazer (1979); O acendedor de lampiões (1980); Leila Diniz (1988); For All – o trampolim da Vitória (1997); Viva sapato! (2004); Vida vertiginosa (2009); Casa 9 (2011).


Homenagem a

LAURA CARDOSO


O Festival de Vitória - Vitória Cine Vídeo completa, nesta edição, 19 anos. Quase duas décadas de uma trajetória marcada por desafios constantes e por muitas alegrias. A maior delas, partilhar com vocês, plateia fiel que se renova e se amplia a cada ano, uma programação que traz as novidades do cinema e uma noite especial. Mais uma vez, dividimos o ponto alto do nosso encontro com uma grande estrela do cinema nacional. Esta é uma festa que temíamos não conseguir realizar, afinal a convidada especial, a nossa homenageada, vive um momento de sucesso absoluto e muitas solicitações: do alto dos seus 85 anos, ela, a maravilhosa Laura Cardoso, dividiu com a protagonista da novela Gabriela, durante quatro meses, os coronéis e as jovens do Bataclan, a atenção dos telespectadores e os refletores dos fotógrafos. Nos momentos em que esteve em cena, foi absoluta! Nos momentos em que não aparecia, criava uma grande expectativa. Foi a estrela desse remake. Sete décadas de

atuação, muito estudo, total empenho e dedicação infinita, comprovam sua fidelidade em viver mulheres distintas, fortes, cômicas e que garantem sucesso nas telas. Laura Cardoso, Laurinda de Jesus Cardoso Balleroni, integrou o elenco de mais de 50 novelas, 19 filmes e 13 peças teatrais. Desde que começou, na Rádio Kosmos, não para. Fez rádio-teatro, atuou na TV Tupi, na Record e há décadas está na Globo, disputada por autores e diretores. Todos querem partilhar do seu talento, aprender com ela.

pel, sempre com uma atuação surpreendente, perfeita, brilhante. O talento inato, esta grande atriz aperfeiçoa diariamente com trabalho. Laura se diz uma contadora de histórias chata e perfeccionista. Ela é ainda franca e verdadeira. Generosa e pronta para ensinar. Incansável na dedicação à interpretação, essa maneira peculiar de contar histórias ela escolheu ainda menina, enfrentando a oposição da família, mas sempre com uma determinação férrea.

Merecidamente, é premiadíssima! Seu grande admirador Tony Ramos lembra que ela é a campeã do Troféu Roquete Pinto, mas prefere se esconder no anonimato.

Figura carimbada no álbum de estrelas nacionais, Laura aceitou o nosso convite e aqui está para abrilhantar o nosso festival e receber muito carinho: tê-la no Festival de Vitória é um privilégio muito grande.

Os prêmios todos que Laura recebe traduzem o seu talento e a sua importância para a dramaturgia brasileira. Do anonimato, ela não pode desfrutar: a cada ano Laura Cardoso é mais visível, porque o seu trabalho de intérprete se renova a cada pa-

Laura Cardoso, queridíssima grande dama da cena brasileira, receba as nossas homenagens, nosso terno carinho e os nossos agradecimentos pelo presente constante que é o seu desempenho nos palcos e nas telas. Lucia Caus


Homenagem a

LUIZ TADEU TEIXEIRA


A escolha de Luiz Tadeu Teixeira para ilustrar as páginas do catálogo do homenageado do Festival de Vitória – 19º Vitória Cine Vídeo, é também uma maneira de homenagear a geração que mais se empenhou em instigar a cultura audiovisual em terras espírito-santenses. Para quem iniciou a carreira ainda no final dos anos 60, a homenagem é tardia, mas não menos pertinente na intenção de consagrar o trabalho deste que foi, e ainda é, um dos mais importantes ativistas desta linguagem. Crítico, controverso e enérgico em todos os momentos em que é preciso, Luiz Tadeu transitou entre o jornalismo e o cinema. Esteve presente e atuante no processo de criação da Associação Brasileira de Documentaristas e Curta Metragistas do Espírito Santo – ABD Capixaba, entidade que reúne e representa os interesses dos cineastas capixabas. Com o devido mérito, foi eleito presidente da entidade entre 2002 e 2004. Para o Vitória Cine Vídeo, é um importante colaborador que atuou no júri e em outras frentes ao longo dos 19 anos do festival. Ator, jornalista, diretor de cinema e teatro. Foram muitas as áreas em que Luiz Tadeu Teixeira se aventurou em sua jornada pela cultura capixaba. Mas nenhuma foi tão importante quanto a função de pai, que ao estimular seus filhos no exercício do audiovisual, fez da cultura capixaba sua própria família. Lucia Caus


CINE GALPテグ

ITINERANTE Verテ」o de 2013



13º Festivalzinho de

CINEMA

de Vitória

5 a 9 de novembro, 9h e 14h30 - Cine Metrópolis - UFES Com uma programação de curtas brasileiros de temática infanto-juvenil de diferentes linguagens e gêneros cinematográficos, o Festivalzinho de Cinema promove duas sessões diárias para cerca de três mil alunos de escolas públicas, além de crianças de Casa de Acolhida e associações sócio-educativas previamente agendadas. As crianças também votam no melhor filme, que leva o troféu Marlin Azul de júri popular, e é exibido na edição seguinte do festival. O vencedor de 2011, a ficção “As Férias de Lord Lucas”, integra a programação deste ano.

ESCOLAS AGENDADAS Dia 05/11 9h

EMEF Zilda Andrade – Bonfim – Vitória

Programa + Educação da EMEF Ayrton Senna – Vista Mar – Cariacica 14h30 EMEF Neusa Nunes Gonçalves – Nova Palestina – Vitória

EMEF Ayrton Senna (anexo) – Vista Mar – Cariacica

Associação de Moradores do Parque Moscoso – Centro – Vitória

Casa de Acolhida Abrindo Caminhos – Jardim América – Cariacica

EEEF Sizenando Pechincha – Barcelona – Serra

14h30 EMEF Juscelino Kubitschek de Oliveira – Maria Ortiz – Vitória

Dia 08/11

Dia 06/11

9h

9h

EMEF Maria Augusta Tavares – Jardim Botânico – Cariacica

EMEF São Vicente de Paula – Centro – Vitória EMEF Elzira Vivácqua dos Santos – Jardim Camburi – Vitória

14h30 MEF José Áureo Monjardim – Fradinhos – Vitória EMEF Ayrton Senna (sede) – Vista Mar – Cariacica

14h30 EMEF São Vicente de Paula – Centro – Vitória EMEF Elzira Vivácqua dos Santos – Jardim Camburi – Vitória

EMEF José Áureo Monjardim – Fradinhos – Vitória

Dia 09/11

Dia 07/11

9h

9h

14h30 EMEF Eliane Rodrigues dos Santos – Ilha das Caieiras – Vitória

EMEF Neusa Nunes Gonçalves – Nova Palestina – Vitória

EMEF Eliane Rodrigues dos Santos – Ilha das Caieiras – Vitória




AS FÉRIAS DE LORD LUCAS Tatiane Neguete 15’ HDV 2008 COR RS FICÇÃO Sinopse: Uma marca roxa no pescoço da irmã deixa Lucas, um menino de oito anos, muito preocupado. Ele tem certeza que ela foi mordida por um vampiro e que agora ela está condenada a ser uma morta-viva pelo resto da eternidade. A fim de livrá-la dessa terrível maldição, Lucas travará uma verdadeira guerra contra o namorado da irmã – a quem o menino julga ser “o vampiro mestre”. Direção: Tatiana Nequete. Produção: Jéssica Luz. Direção de arte: Carmela Rocha. Direção de Fotografia: Bruno Polidoro Desenho de Som: Tiago Bello. Roteiro: Tatiana Nequete e Luis Mário Fontoura Edição e finalização: Fábio Canale. Trilha sonora Original: Everton Rodrigues. Trilha Tema: The Lord Winchesters - Tomás Bello, Rodrigo Del Toro, Fernando Efron e Augusto Stern Elenco: Arthur Quadros, Alexandre Cardoso, Amanda Ogando, Celso Zanini, Lurdes Eloy, Simone Buttelli e Tuti Müller.

MEIO A MEIO Danilo Amorim 02’40” HDV 2012 COR ES ANIMAÇÃO

Sinopse: Duas formigas brigam por uma mesma fruta no galho de uma árvore até que algo inesperado acontece. Direção, roteiro, animação, fotografia e montagem: Danilo Amorim. Som: Thomaz Magalhães/Ulisses Bezerra e Glauco Castelhano. Trilha Sonora: Thomaz Magalhães.


JOÃOZINHO DE CARNE E OSSO Paulo Vespúcio 15’45” HDV 2012 COR RJ FICÇÃO

Sinopse: Pai reúne sua família todas as noites em volta de uma fogueira para contar estórias. Numa dessas noites recebem uma visita inesperada que faz Joãozinho enfrentar seus mais profundos medos. Direção e roteiro: Paulo Vespucio. Fotografia: Lucas Loureiro. Montagem: Antônio Fernandes. Som: Tuninho Muricy. Trilha Sonora: Fernando Santos e Juliana Alves. Elenco: Giordano Becheleni, Joao Felipe, Leticia Spiller, Lucas Cabral, Paulo Vespucio, Pedro Novaes e Marina Galdino. Filmografia do diretor: Pinga-fogo e a Idade (2009).

A FLOR E A TEMPESTADE Gabriel S. S. Nocera 6’ DVD 2012 COR ES ANIMAÇÃO

Sinopse: Em uma pequena casa isolada do resto do mundo, um velho homem se afasta do convívio com as pessoas. Magoado por suas lembranças de um triste passado, este senhor, Adolfo, passa seus últimos dias arrependido por não ter visto seu filho crescer. Porém, em meio a esse cenário melancólico, algo inusitado acontece. Apenas uma simples flor e a força de uma grande tempestade irão mudar seus últimos momentos de vida. Direção, roteiro, fotografia e montagem: Gabriel S. S. Nocera. Animação: Bruno Nogueira. Trilha Sonora: Kátia Sanábio.


A BICICLETA DO VOVÔ Henrique Dantas 13’ DVD 2012 COR BA FICÇÃO Sinopse: A Bicicleta do Vovô aborda a relação entre avô e neto. Em um lugar muito distante, O Reino do Sertão Pelejado, homens-morcegos capturam lendas através de televisores. Surgem, então, o Super Tigre e o Mestre Conselheiro para salvar o nosso planeta das forças malignas da Feiticeira Mabá. É contando essas histórias que vô Rui transforma a infância do neto Cauê em um universo de aventuras e fantasias, re-significando símbolos através de um olhar mais lúdico sobre as coisas da vida. Direção: Henrique Dantas. Roteiro: Henrique Dantas e Tacilla Siqueira. Animação: Taygoara Aguiar. Fotografia: Pedro Semanovschi. Montagem: Bau Carvalho e Henrique Dantas. Som: Ana Luiza Penna. Trilha Sonora: Benedikt. Elenco: Cauê Interaminense, Edgard Navarro, Fafá Pimentel e Frieda Gutmann.

O GUITARRISTA NO TELHADO Guto Bozzetti 11’ HDV 2011 COR RS ANIMAÇÃO

Sinopse: Em 1969, os Beatles fizeram seu último concerto ao vivo no terraço da gravadora Apple em Londres. Mais de 40 anos depois, em Porto Alegre, o músico Cláudio André também quer ser famoso e, aconselhado pela vizinha Débi, monta um show no telhado do prédio onde mora. Direção, roteiro, fotografia e montagem: Guto Bozzetti. Animação: Anderson Sudário e Guto Bozetti. Trilha Sonora: Charles Master, Fabricio Licks e Guto Bozzetti. Elenco: Charles Master, Duda Calvin, Deborah Finocchiaro, Fabricio Licks, Diego Medina e Ingra Liberato.


MÁQUINA DE SORVETE Christopher Faust 16” HDV 2011 COR PR FICÇÃO

Sinopse: Martin trabalha há um ano com uma máquina expressa de sorvetes em frente a um mercadinho. Martin há um ano está apaixonado pela garçonete que trabalha na lanchonete do outro lado da rua, com quem nunca trocou uma palavra. Agora, algumas estranhas histórias e uma garota de descendência asiática farão Martin ter coragem de falar com ela pela primeira vez. Direção: Christopher Faust. Roteiro: Christopher Faust e Wellington Sari. Fotografia: Renata Corrêa. Montagem: Alexandre Rafael Garcia. Som: Samuel Jacintho. Filmografia: “Festa no apartamento da Suzana” (2012), “Tudo bem” (2012), “Coloridos” (2011), “O Último Dia” (2010), “Garoto Barba” (2010).

REALEJO Marcus Vinícius Vasconcellos 12’47” HDV 2012 COR SP ANIMAÇÃO

Sinopse: A cada lua cheia, um realejo mágico decide o futuro de todos os habitantes de um misterioso planeta. Um desses seres, cansado dessa rotina opressora, fará o impossível para mudar sua realidade. Direção e roteiro: Marcus Vinícius Vasconcelos. Animação: Débora Slikta, Gabriel Costa, Liciani Vargas, Marcus Vinícius Vasconcelos e Rosana Sallum, Animador extra: Bruno Kieling. Montagem: Rodrigo Araujo. Som: Duda Tsuda e Ricardo Reis. Trilha Sonora: Duda Tsuda.


ZIMBÚ Marcos Strassburger Souza 3’35” DVD COR SP ANIMAÇÃO

Sinopse: Uma bola de futebol aparece em uma tribo africana isolada do mundo. Ela chega até os pés de um guerreiro africano que descobre a magia do futebol. Direção: Marcos Strassburger Souza. Trilha E Sonoplastia: Bill Szilagyi, Daniel Amaro, Hélder Nóbrega. Vozes: Aline Leles, Bill Szilagyi, Daniel Amaro, Hélder Nóbrega, Lais Nóbrega P.Tribst, Letícia Correa, Lívia Camarotto e Neusa Nóbrega Prando.



9 de novembro, às 15h Mesa redonda “MERCOSUL Audiovisual: as oportunidades de integração regional na era digital”. Hotel Senac Ilha do Boi Aberto ao público

O Festival de Vitória vai sediar a Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do MERCOSUL (RECAM). A Secretaria do Audiovisual/ SAV-MINC é a instituição titular do Brasil na representação da reunião, seguida da ANCINE (Agência Nacional do Cinema). Com o propósito de desenvolver e implementar a integração das indústrias cinematográficas e audiovisuais da região, a RECAM é realizada bianualmente em diferentes cidades-sede dos países integrantes do

Mercosul. Criada em 2003, a RECAM tem como principal objetivo minimizar as assimetrias produtivas entre os países da região, potencializando sua integração pela identidade e valores culturais que ao mesmo tempo os une e distingue. A cidade receberá a visita de 20 representantes dos estados membros, Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Participam também os membros dos Estados associados, representando a Bolívia, Colômbia, Chile, Equador e Peru.



LANÇAMENTOS Quinta-feira (8/11) - 15h - Hotel Ilha do Boi



Lançamento da Revista Nós #5 no Festival de Vitória 19º Vitória Cine Vídeo

Quinta, 8 de Novembro 15h no Hotel Ilha do Boi

Parceria:

Realização:


Filme Cultura crítica e reflexão cinematográfica edições anteriores e conteúdo exclusivo

www.filmecultura.org.br últimos números: Cinema Brasileiro AGORA Personagem/Personagens Arrasa Quarteirão

Os filmes brasileiros que todo mundo viu Vanguarda = Inovação

8

Febre de Cinema

Gustavo Dahl

O Cinema Brasileiro e Ele Cinema e Teatro

Cenas de uma relação


A Revista Taturana é uma realização da Kinoarte, com tiragem trimestral. Entre os destaques da 10ª edição está um texto de Caetano Gotardo sobre seu primeiro longa O que se move, três artigos sobre o cinema americano dos anos 1980, além do perfil da obra de Andrea Tonacci e comentário visual a partir do filme Demência, um dos maiores clássicos de Carlos Reichenbach. Na seção Espaço Literário, a tradução de uma carta inédita do cineasta americano Jim Kleist para Terrence Malick.


Livro “No Coração do Mundo”, de Denilson Lopes

Nos 10 ensaios de No coração do mundo, Denilson Lopes se apoia e inspira-se na noção de interculturalidade – o fato de dar importância cada vez maior aos trânsitos não só geográficos, mas às viagens feitas pelos meios de comunicação de massa – para estudar como se dá a hibridização multicultural a partir da análise de obras do cinema contemporâneo. O pesquisador traça um diálogo profícuo com as ideias de Silviano Santiago, Nestor Garcia Canclini e Arjun Appadurai, entre outros nomes, para mapear de forma original a produção cinematográfica dos últimos vinte anos. No material de análise de Lopes, estão os filmes de Claire Denis, Wong Kar-Wai, Jia Zhang-ke, Abderrahmane Sissako, Wim Wenders, Lucrecia Martel, Pedro Costa, Béla Tarr, Lisandro Alonso, Tsai Ming Liang, Hou Hsiao-Hsen, José Guerín, Karim Aïnouz, Esmir Filho, entre outros.


A Trilogia do Esquecimento Lançamento em blu-ray A trilogia do esquecimento é composta pelos curtas Satori Uso, Booker Pittman e Haruo Ohara. Produzidos pela Kinoarte, a série narra a passagem de um poeta, um músico e um fotógrafo pela Londrina dos anos 1950. Escritos e dirigidos por Rodrigo Grota, os filmes conquistaram mais de 50 prêmios.


XIV Concurso de

ROTEIRO CAPIXABA


Viabiliza a realização de curta-metragem digital inédito e estimula a formação audiovisual. O roteiro premiado é anunciado no último dia do festival, dia 10 de novembro, quando também será exibido o curta Pique Esconde, de Dominique Lima, premiada na edição de 2011. A premiação é em parceria com as seguintes empresas: Link Digital

Finalização digital HD; import de até 15 min de material; 4h de correção de cor; 8h de finalização geral; master Hdcam.

CTAv

Certificado de empréstimo de som e 1 câmera BL 35 mm por período de 2 semanas, com data de validade de 1 ano a partir da entrega do prêmio.

CiaRio

R$ 8.000,00 em locação de equipamentos de iluminação.

Festival

R$ 20 mil em dinheiro para produção do curta-metragem, destinados exclusivamente a contratação de equipe, fitas, mídias, efeitos especiais (caso o filme necessite), criação de créditos, legendas e cópias.

ROTEIROS PREMIADOS NAS EDIÇÕES ANTERIORES Macabéia (1998)

Vanessa (2005)

Roteiro: Erly Vieira Jr. Direção: Erly Vieira Jr., Virgínia Jorge e Lizandro Nunes.

Roteiro e direção: Rebecca Monteiro Tosta.

Escolhas (1999)

Roteiro e direção: Jefinho Pinheiro.

Roteiro e direção: Ana Cristina Murta. Mundo Cão (2000) Roteiro: César Chaia, Marcelo Martins, Sérgio Marangoni, Poliana Côgo e Sáskia Sá. Direção: Sáskia Sá. Manoela (2001) Roteiro: Aristeu Carlos Simões. Direção: Fabrício Coradello. A Passageira (2002)

Agrados para Cloê (2006) Dia de Sol (2007) Roteiro e direção: Virgínia Jorge. Raiz que Racha a Rua (2008) Roteiro e direção: Alexandre Serafini. A Ladeira (2009) Roteiro e direção: Iza Rosemberg.

Roteiro: Glecy Coutinho. Direção: Glecy Coutinho e Margarete Taqueti.

Pela Parede (2010)

Primeira Paróquia do Cristo Sintético (2004)

Pique Esconde (2011)

Roteiro e direção: Gabriel Menotti.

Roteiro: Dominique Lima.

Roteiro: Lucas Bonini e Wayner Tristão.


DEBATES

com os Realizadores


Encontros diários abertos ao público com os realizadores do filmes da Mostra Competitiva da noite anterior e da Mostra Corsária do dia, para troca de idéias e experiências sobre a produção audiovisual brasileira. A mediação será feita pelos curadores do Festival, Erly Vieira Jr e Rodrigo de Oliveira.

5 a 9 de novembro - Cine Metrópolis - UFES às 11h, debate da Mostra Competitiva, e às 13h15, debate da Mostra Corsária


Evento de

PRÉ-LANÇAMENTO

Exibição do longa-metragem

14 de agosto - 19h30 - Cinemark - sala 1 - Shopping Vitória


Febre do Rato Dir. Claudio Assis


Oficinas CURSO INTEGRADO DE CINEMA Ao final das oficinas será exibido o curta-metragem produzido pelas oficinas de Roteiro, Direção e Trilha Sonora. Roteiro José Roberto Torero 5 a 9 de novembro, das 9h às 13h Hotel Ilha do Boi Direção Jorge Bodanzky 6 a 9 de novembro, das 14h30 às 18h30 Prédio Laboratório Multimídias do Centro de Artes - UFES Trilha Sonora no Cinema David Tygel 6 a 9 de novembro, das 14h30 às 18h30 Prédio Laboratório Multimídias Centro de Artes - UFES


OUTRAS OFICINAS Como Produzir um Filme de Baixo Orçamento Cavi Borges 7 e 8 de novembro, das 8h às 12h Hotel Ilha do Boi Finalização Digital Jal Guerreiro e José Rubens Hirsch 5 a 9 de novembro, das 8h às 12h Hotel Ilha do Boi Direção de Atores para Cinema Luiz Carlos Lacerda 6 a 9 de novembro, das 14h30 às 17h30 Prédio Laboratório Multimídias Centro de Artes - UFES


PRÊMIOS ADICIONAIS

TROFÉU MARLENE A segunda edição da Mostra Quatro Estações traz sete curta-metragens de temática LGBT que disputam o troféu Marlene.

TROFÉU CORSÁRIO Três melhores filmes dos 20 curta-metragens que compõem a Mostra Corsária, que estreia este ano em homenagem ao cineasta Carlos Reichenbach, recebem o troféu Corsário.




Programação Geral Segunda-feira (05/11)

8h - OFICINA de Finalização Digital (Hotel Ilha do Boi) 9h - OFICINA de Roteiro (Hotel Ilha do Boi) 9h - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 12h - Mostra Corsária, seguida por debate (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 19h - Abertura 19º VCV (Estação Porto) Homenagem ao cineasta capixaba Luiz Tadeu Teixeira Mostra Foco Capixaba e Mostra de Longa (Estação Porto) Longa: O que se move, de Caetano Gotardo 22h - Show de Cida Moreira e Andrea Marquee (Estação Porto)

Terça-feira (06/11)

8h - OFICINA de Finalização Digital (Hotel Ilha do Boi) 9h - OFICINA de Roteiro (Hotel Ilha do Boi) 9h - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 11h - Debate com realizadores da Mostra da noite anterior (Cine Metrópolis - UFES) 12h - Mostra Corsária, seguida por debate (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - OFICINA de Direção de Atores para Cinema (Lab UFES) 14h30 - OFICINA de Trilha Sonora para Cinema (Lab UFES) 14h30 - OFICINA de Direção (Lab UFES) 19h - Mostra de Curtas e Mostra de Longa (Estação Porto) Longa: O Som ao redor, de Kléber Mendonça Filho

Quarta-feira (07/11)

8h - OFICINA de Finalização Digital (Hotel Ilha do Boi) 8h - OFICINA Como Produzir um Filme de Baixo Orçamento (Hotel Ilha do Boi) 9h - OFICINA de Roteiro (Hotel Ilha do Boi) 9h - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 11h - Debate com realizadores da Mostra da noite anterior – (Cine Metrópolis - UFES)

12h - Mostra Corsária, seguida por debate (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - OFICINA de Direção de Atores para Cinema (Lab UFES) 14h30 - OFICINA de Trilha Sonora para Cinema (Lab UFES) 14h30 - OFICINA de Direção (Lab UFES) 19h - Mostra de Curtas e Mostra de Longa (Estação Porto) Longa: Strovengah, de André Sampaio

Quinta-feira (08/11)

8h - OFICINA de Finalização Digital (Hotel Ilha do Boi) 8h - OFICINA Como Produzir um Filme de Baixo Orçamento (Hotel Ilha do Boi) 9h - OFICINA de Roteiro (Hotel Ilha do Boi) 9h - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 11h - Debate com realizadores da Mostra da noite anterior (Cine Metrópolis -UFES) 12h - Mostra Corsária, seguida por debate (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - OFICINA de Direção de Atores para Cinema (Lab UFES) 15h - Coletiva com homenageada e lançamento de livros ( Hotel Ilha do Boi) 14h30 - OFICINA de Trilha Sonora para Cinema (Lab UFES) 14h30 - OFICINA de Direção (Lab UFES) 18h - Sessão especial VCV com o filme: A tímida luz de vela das últimas esperanças, de Jackson Antunes (Estação Porto) 19h - Mostra de Curtas (Estação Porto) 20h30 - Homenagem à atriz Laura Cardoso e Mostra de Longa (Estação Porto) Longa: A Cidade é uma só?, de Adirley Queiroz


Sexta-feira (09/11)

8h - OFICINA de Finalização Digital (Hotel Ilha do Boi) 9h - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 11h - Debate com realizadores da Mostra da noite anterior (Cine Metrópolis -UFES) 12h - Mostra Corsária, seguida por debate (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - Festivalzinho (Cine Metrópolis - UFES) 14h30 - OFICINA de Direção de Atores para Cinema (Lab UFES) 14h30 - OFICINA de Trilha Sonora para Cinema (Lab UFES) 14h30 - OFICINA de Direção (Lab UFES) 15h - Encontro RECAM - Encontro de Autoridades Audiovisuais do MERCOSUL (Hotel Ilha do Boi) 19h - Sessão Especial VCV com o filme: Orlando Bonfim Jr – desaparecido político, de Orlando Bonfim Netto (Estação Porto) Mostra de Curtas e Mostra de Longa (Estação Porto) Longa: Esse amor que nos consome, de Allan Ribeiro 22h - Show do cantor Zéu Britto (Estação Porto) 00h - Mostra Quatro Estações (Estação Porto)

Sábado (10/11)

18h - Lançamento de Longas Nacionais: (Estação Porto) Filme A mulher de longe, de Luiz Carlos Lacerda Filme de Encerramento Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes Filme Pique esconde, vencedor do Concurso de Roteiro 2011 21h - Premiação (Estação Porto) 22h - Festa de encerramento com show do Titãs (Ilha Shows)


Curadores Erly Vieira Jr. Formado em Cinema, Erly é também escritor e professor do Departamento de Comunicação Social da UFES. Doutor em comunicação pela UFRJ, realizou dez curtas-metragens, entre eles Macabéia (2000), Saudosa (2005), Grinalda (2006), Eu que nem sei francês (2008) e O ano em que fizemos contato (2010).

Rodrigo de Oliveira Graduado em cinema pela Universidade Federal Fluminense, é redator da Revista Cinética, além de crítico de cinema e cineasta. É roteirista dos longas-metragens Sobre a neblina, de Paula Gaitán, atualmente em pós-produção, e Terraço, de Gustavo Beck, em desenvolvimento. Em 2011, Rodrigo escreveu, produziu e dirigiu com Vitor Graize seu primeiro longa-metragem de ficção, As horas Vulgares.

Júri Mostra de Curtas-metragens Cássio Starling Crítico, curador, pesquisador e professor de história do audiovisual. Graduado em Filosofia pela UFMG. Colabora para o jornal Folha de S. Paulo. Integra, desde 2010, o grupo de curadores da Cinema Sem Fronteiras (Mostra de Cinema de Tiradentes, CineOP e CineBH). É também consultor editorial da Coleção Folha Clássicos do Cinema (2009) e organizador, editor e autor das coleções Folha Cine Europeu (2011) e Folha Charles Chaplin (2012). Autor do livro Em Tempo Real (Ed. Alameda, 2006), sobre narrativas de séries de TV. Denilson Lopes Professor da Escola de Comunicação da UFRJ e também autor das obras: No coração do mundo (2012); A delicadeza: estética, experiência e paisagens (2005), O homem que amava rapazes e outros ensaios (2002) e Nós os mortos: melancolia e neo-barroco (1999). Luiz Soares Júnior Formado em Filosofia-Heidgeger e a questão da Verdade, é co-editor da Revista Cinética e mantém um blog de crítica de cinema, o cinemacomcana.blogspot.com e o blog de tradução de crítica francesa de cinema, o www.dicionariosdecinema.blogspot.com.

Nataraney Nunes Formada em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco, atua como diretora, roteirista e editora. Escreveu e dirigiu o curta Um outro ensaio (2010) e foi editora de diversos longas, como Desenrola - o filme (2011); O Guerreiro Didi e a ninja Lili (2008), Porraloukinhas (2007), Fica comigo esta noite (2006), A Máquina (2006), entre outros. Também possui larga experiência com séries de TV, tendo trabalhado nas Quase anônimos (Multishow, 2010); Todas as mulheres do mundo (1ª e 2ª temporadas); Sexo frágil (exibido no Fantástico); Ó Paí, Ó (2008 e 2009), entre outras. Vitor Graize Dirigiu o longa-metragem As horas vulgares (2011), exibido na Mostra Aurora da 15ª Mostra de Cinema de Tiradentes, no II Festival Lume de Cinema, entre outros. Também dirigiu o documentário Olho de gato perdido (2009), realizado para o programa DOCTV. Foi diretor de produção do longa-metragem Sobre a neblina, de Paula Gaitán; e assistente de direção do longa O sol nos meus olhos, de Flora Dias e Juruna Malon, ambos com lançamento previsto em 2013. Em 2010, realizou em Vitória/ES a Mostra Cinema Brasileiro Inédito, no Cine Jardins.


Júri Mostra Foco Capixaba Alexandre Serafini Diretor e roteirista dos curtas Observador; Raiz que racha rua e 2 e meio. Atualmente preside a ABD e C/ES, associação que representa os realizadores independentes do Espírito Santo.

Júri de Longas e Mostra Corsária Cleber Carminati Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Professor na área de História, Estética e Linguagem Audiovisual do curso de Comunicação Social da UFES. Ilana Feldman Doutora em Ciências da Comunicação - Cinema pela Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde desenvolveu a tese Jogos de cena: ensaios sobre o documentário brasileiro contemporâneo, e mestre em Comunicação e Imagem pela UFF, por qual também se graduou em Cinema e atua como pesquisadora, crítica e realizadora. Paula Gaitán Poeta, fotógrafa e artista plástica. Atualmente é sócia da produtora Aruac Produções. No cinema foi premiada em Amiens, na França; no Festival de San Francisco, nos EUA e em Brasília com o longa-metragem UAKA/ SKY (1989), filmado no Xingú. Foi professora durante 10 anos de cinema experimental na Escola de Artes Visuais do Parque Laje.

André Dib Jornalista, atua também com pesquisador e critico de cinema. Acompanha os festivais de cinema mais importantes do Brasil e, desde 2011, a Berlinale (Alemanha). Como repórter, atuou nos jornais Diário de Pernambuco, Gazeta de Alagoas e Folha de Pernambuco. Colabora com a Revista Continente, Instituto Goethe, Instituto Overmundo e Portal Cinema Pernambucano. É filiado à Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Verônica Gomes Formada em Comunicação Social - Jornalismo pela UFES. É presidente do Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões no Estado do Espírito Santo – SATED-ES, diretora artística do Centro de Cultura Guaananira e coordenadora do Ponto de Cultura Na Ponta dos Pés. Dirigiu os espetáculos teatrais A casa de Bernarda Alba, de Federico Garcia Lorca; Terror e miséria do III Reich, de Bertolt Brecht; Valsa nº 6, de Nelson Rodrigues, entre outros. Também fez participação no cinema nos filmes Lamarca, de Sérgio Resende; Cais dos cães, de Marcos Veronese; Lali, de Sérgio Medeiros e Queimado – a revolta dos escravos, de Mark Miranda e João Carlos Coutinho. Sáskia Sá Mestre em Educação e graduada em Comunicação Social - Jornalismo pela UFES. É vice-presidente do CNC – Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros. Trabalhou como coordenadora de conteúdo e de monitorias pelo CNC, de oficinas e do Programa Cine Mais Cultura da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura.


Júri Mostra Quatro Estações Aubrey Effgen Formado em Comunicação Social – Jornalismo pela UFES, é analista de mídias sociais e criador do Grupo CORES - Consciência, Orgulho e Respeito no Espírito Santo. Max Pederzini Graduando em Ciências Biológicas na UFES. É promotor de eventos, ativista e co-autor do blog destinado ao público LGBT: www.babadocerto.com. Paulo Gois Graduado em Comunicação Social - Jornalismo pela UFES, é assessor de imprensa da Secult/ES e editor da revista Nós. Faz parte da ABD Capixaba e do Plur@l Grupo de Diversidade Sexual. Sérgio Rodrigo Ferreira Graduado em Comunicação Social - Jornalismo e Mestre em Psicologia pela UFES, é artista gráfico, blogueiro e jornalista. Integrante do Grupo de Estudo e Pesquisa em Sexualidades (GEPSs) e do Laboratório de Pesquisa em Internet e Cultura (Labic). Criador e autor do blog: www.babadocerto.com.

Júri Concurso de Mídias Alternativas André Blas Formado em Antropologia, atua como documentarista, designer e estrategista de conteúdo, com projetos globais focados em cultura de vanguarda digital, arte, novas mídias e inovação social. Atualmente é advisor e membro do conselho da organização americana Freewaves, referência global em mídia experimental.

Júri 14º Concurso de Roteiro Capixaba Ailton Franco Jr. Formado em Economia e Cinema, trabalha como produtor de eventos, filmes, teatro e curador desde 1992. É o criador, produtor e diretor do Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro – Curta Cinema. Já produziu longas, documentários e curtas-metragens e atualmente está desenvolvendo projetos de cinema (longa-metragem e documentários), além de eventos e espetáculos teatrais. Jackson Antunes Com mais de trinta peças encenadas, todas de autores brasileiros, Jackson Antunes também é cantor e compositor, tendo gravado vários CDs e feito shows no Brasil e no exterior. Em 1991 estreiou na novela Renascer, na qual interpretou o jagunço Damião, que ganhou prêmios como o Troféu Imprensa e o Prêmio APCA (da Associação Paulista dos Críticos de Arte). Fez sua estreia como diretor com o filme A tímida luz de velas das últimas esperanças (2010). Sua última atuação no cinema foi no filme O palhaço, de Selton Mello. Rafael Braz Formado em Jornalismo e em Direito, Rafael Braz é crítico de cinema do Caderno 2 de A Gazeta, Gazeta Online e rádio CBN. Foi editor de cinema da Revista Paradoxo e crítico de cinema da revista Welcome Planet.


Ficha Técnica Diretora Lucia Caus

Renata Moça Rubens Benites

Produção Executiva e Administrativa Larissa Caus Delbone Vieira Reginaldo Castro

Produção Festa e Cerimonial Anginha Buaiz

Projeto Visual Orlando da Rosa Farya Coordenação de Produção Gabriela Nogueira Guilherme Fontana Helena Santos Souza Ylenia Silva Coordenação de Comunicação Rodrigo de Oliveira Assessoria de Comunicação Galpão Produções e IBCA Gabriela Gonçalves Katler Dettmann Curadoria Erly Vieira Jr Rodrigo de Oliveira Comitê de Organização Alexandre Wacker César Baptista Flávia Cândida da Silva Michelle Guimarães Renata Moça Equipe de Produção André Rangel Alexandre Benon Cláudia Madureira Vidal Creuzeni Fernandes Dalva de Oliveira Daniela Bragato Helena Santos Jennifer Arndt Jorge Luiz Duarte Miranda Marcela Caseira Nibele Caus Filho Olival Pereira Junior (Pezão)

Receptivos Festival Brenda Silva Lourenço Bruno de Alencar Felipe Pertel Baptista Manoela Chiabai Thiago Miller 13º Festivalzinho de Cinema Coordenação Rosemeri de Assis Barbosa Equipe de Produção Aline Villela Antonio Lázaro Silva Nascimento Claudia Passoline Huana Gonçalves Michel Varejão Pedro Cogô Zulma de Alcântara Ascaciba Assessoria de Comunicação Palavra! Assessoria de Comunicação RF Assessoria de Comunicação Site Silvio Alencar Redes Sociais Mariana Bomfim Editoração Catálogo Nildo Neves Silvio Alencar Editora do Caderno dos Festivais Sandra Medeiros Vinhetas do Festival Mirabólica Fotógrafo Claudio Postay

Operação de Ilha Fran de Oliveira Nardo de Oliveira TV VCV Fran de Oliveira Gabriele Stein Criação do troféu Marlin Azul e do troféu Corsário Orlando da Rosa Farya Criação do troféu Marlene Jean R. Engenheiro de Projeção 35 mm e Digital José Luiz de Almeida Som João Henrique Pirola Iluminação Antonio dos Anjos Produção de Elenco Del Cast Nonato Freire Hospedagem Emanuel Nascimento Passagens aéreas Edilson Pedrini Transfer de Cópias e Inscrições Guilherme Fontana Coordenação de Transporte André Leal Contabilidade Agenor Araújo Filho Impressão Grafitusa Magnetismo Sinalização Comunicação Visual Tec Print


Agradecimentos Altair Caetano Ana Cristina Murta Andréa Bitti Anginha Buaiz Antônio Leal Beatriz Lindenberg Beth Kfuri Bruno Lago Bruno Pereira Cariê Carla Buaiz Carol Ruas Christopher Faust Cine Metrópolis Cinemark Clauber Petri Cláudia Cabral Claudio Assis Daise Nespoli Dalva de Oliveira Danilo Amorim Danilo Queiroz Departamento de Comunicação Social da UFES Edilson Barboza Edina Fujii Eduardy Cabral Elynes Soares Emerson Rodrigues Emílio Font Ériton Berçaco Erlon Paschoal Fábio Calazans Fórum dos Festivais Gabriel S. S. Nocera Gustavo Cabral Vieira Guto Bozzeti Henrique Dantas Hotel Ilha do Boi Hotel Sheraton Vitória Hugo Amboss Iriny Lopes Jacob Delbone Jal Gurreiro

Janine Mendes Correa Jean R Jocimar Breda Jolhiomar Nascimento José Eugênio Vieira José Luiz Almeida José Luiz Capelini Carminati Kaedy Azevedo Lena Azevedo Leticia Dalvi Liana Correa Lisiane Taquari Luiz Paulo Veloso Lucas Luiz Robério da Silva Marcelo Siqueira Marcos Strassburger Souza Marcos Valério Guimarães Marcus Vinícius Vasconcellos Maria Alice Lindenberg Maria Antonieta Lindenberg Maria Gladys Mário Emílio Marselha Assad Miguel Delbone Vieira Neusa Mendes Patrícia Baby Paulo Hartung Paulo Vespúcio Priscilla Paiva Siqueira de Alencar Regina Alves Ricardo Albert Roberto Farias Rodrigo Linhales Rogerio Favoretti Rosana Caran Rosaura Gomes Pereira Rosenildes Ramos Ruy Dias Ruth Reis Shopping Vitória Tatiana Ribeiro Menezes Tatiane Neguete Thales Siqueira de Alencar Webson Bodevan Oliveira


Agradecimentos Especiais Governo do Estado Governador Renato Casagrande Secretário de Estado de Cultura Maurício José da Silva Secretário de Estado de Economia e Planejamento Robson Leite Nascimento Secretário de Estado de Gestão e Recursos Humanos Alcio de Araújo Secretário de Estado de Governo Tyago Ribeiro Hoffmann Prefeitura de Vitória Prefeito João Coser Secretário Municipal de Cultura Alcione Pinheiro Senado Federal Senadora Ana Rita Esgário Câmara dos Deputados Deputado Estadual Claudio Vereza Deputada Estadual Luzia Toledo Ministério da Cultura Secretária do Audiovisual Ministério da Cultura Sav Ana Paula Dourado Santana Petrobras Presidente Graça Foster Instituto Sincades Diretor Idalberto Luiz Moro Gerente Executivo Dorval Uliana Rede Gazeta Carlos Fernando Lindenberg Letícia Lindenberg Estação Porto Fabrício Noronha Codesa Presidente Clovis Lascosque Sinalização e Comunicação Visual Diretor Executivo André Merotto


Apoio





Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.