Puberdade Normal e Precoce

Page 1

PUBERDADE NORMAL E PRECOCE

Ana Paula Montenegro


PUBERDADE Período de transição entre a infância e a vida adulta:  Maturação gonadal;  Caracteres sexuais secundários;  Aceleração do crescimento;  Aquisição de funções reprodutivas;  Modificações físicas e psicológicas.

Variabilidade fisiológica de quatro a cinco anos para o início da puberdade:  Fatores genéticos, étnicos, nutricionais, tendência secular.

SAAD, MJA; MACIEL, RMB; MENDONÇA, BB. ENDOCRINOLOGIA. RIO DE JANEIRO: ATHENEU, 2007.


DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA

8a Fem 9a Masc

Número de crianças

-2DP

Puberdade Precoce

-1DP

Média

+1DP

+2DP

Atraso Puberal

13a Fem 14a Masc Idade de início da puberdade PALMERT MR ET AL, JCEM, 2001.


FISIOLOGIA DA PUBERDADE NORMAL Neurotransmissores Inibitórios:

Excitatórios:

•Glutamato •Norepinefrina •Dopamina •Serotonina

_

+ GnRH

LH e FSH

•Opioides •GABA •VIP •CRH •Melatonina


Pulsos de GnRH

GnRH

Reativação

Inibição intrínseca do SNC

Fetal

Pós-natal

Infância

Puberdade

Adulto

Palmert MR et al., JCEM, 2001


Fatores Regulatórios da Secreção de GnRH INIBITÓRIOS

GABA

PERMISSIVOS Leptina

GnRH

NPY  endorfinas Opióides Melatonina

EXCITATÓRIOS GPR54/ Kisspeptina (KiSS-1) Glicina Glutamato TGF, EGF, IGF1 Norepinefrina Prostaglandinas Dopamina Serotonina

Inibição intrínseca do SNC

Fetal

Pós-natal

Infância

Puberdade

Adulto

Palmert MR et al., JCEM, 2001



FISIOLOGIA DA PUBERDADE NORMAL Outros fatores que interferem na puberdade:  Fatores genéticos (correlação com a idade da menarca materna e concordância entre inicio da puberdade entre gêmeos)  Fatores étnicos  meninas afro-americanas tendem a entrar em puberdade mais cedo  Fatores nutricionais  papel da leptina  Tendência secular


FISIOLOGIA DA PUBERDADE NORMAL Fatores que interferem na puberdade:

• Idade de puberdade paterna e materna influencia a puberdade dos filhos • Não é sexo específica • Idade média de inicio da puberdade sustenta os achados de antecipação puberal (secular) • Antecipação mais significativa para o desenvolvimento das mamas, para a qual hereditariedade tem menos impacto do que para idade da menarca • Influencia ambiental podem ter importância no declínio da idade do início da puberdade em meninas


IDADE DE INÍCIO DOS CARACTERES PUBERAIS Herman-Guiddens MA et al, 1997: Quando comparado com Tanner, o estágio 2 de mamas foi observado 1 ano mais cedo para meninas caucasianas e 2 anos mais cedo para afro-americanas; Não se observou mudança na idade média da menarca; Não há evidências de que a antecipação puberal detectada no sexo feminino esteja ocorrendo também no sexo masculino. MONTE, O ET AL. ENDOCRINOLOGIA PARA O PEDIATRA. 3. ED. SÃO PAULO: ATHENEU, 2009.


IDADE DE INÍCIO DOS CARACTERES PUBERAIS 94. 6

100.0 90.0

Brancas

70.0

88. 0

67. 9

AfroAmericanas

60.0

48.3

50.0

38. 2

40.0 27.2

30.0 20.0

14.7

14.3

10.0 0.0

100. 96. 0 6

77. 4

80.0

(% )

98. 4

7.6 1.0 3.1

3

0.9 4

5.7 1.9

5

6.7 3.7

6

7

8

9

10

11

12

MONTE, O ET AL. ENDOCRINOLOGIA PARA O PEDIATRA. 3. ED. SÃO PAULO: ATHENEU, 2009.


MARSHALL E TANNER, 1970 P1

M1

P2

M2

M3

P3

P4

P5

M4

M5


MARSHALL E TANNER, 1970 P1

G1 Vol: 1- 3 cc

P2 G2 Vol: 4-8 cc

P3

G3 Vol: 10-12 cc

P4 G4 Vol: 15-20 cc

G5 Vol: 25 cc

P5


VOLUME TESTICULAR O volume testicular médio de adolescentes brasileiros: G2: 4ml G3: 9ml G4: 16ml G5: 20ml As variações são muito amplas; Testículos adultos podem ter entre 12 e 30ml. CHIPKEVITCH, E. AVALIAÇÃO CLÍNICA DA MATURAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA. J PEDIATR (RIO J) 2001; 77 (SUPL.2): S135-S142


ESTADIAMENTO PUBERAL A maioria dos adolescentes não diverge entre os dois componentes do estadiamento mais do que em um estágio; Situações como G1P3, G4P1 ou M3P1, embora raras, podem ser vistas em adolescentes normais; No entanto, diferenças importantes também podem ser sinal de patologia (suprarenal, testicular).

CHIPKEVITCH, E. AVALIAÇÃO CLÍNICA DA MATURAÇÃO SEXUAL NA ADOLESCÊNCIA. J PEDIATR (RIO J) 2001; 77 (SUPL.2): S135-S142


ESTIRÃO PUBERAL O estirão dos meninos ocorre cerca de dois anos depois que o pico de VC nas meninas; O estirão puberal representa ganho de aproximadamente 20% da estatura e 50% do peso adultos do indivíduo; Estirão de peso nas meninas ocorre após a menarca, com aumento da massa gorda (1,14kg/ano); Nos meninos, o estirão de peso ocorre junto com o estirão do crescimento, às custas de ganho de massa magra. MONTE, O ET AL. ENDOCRINOLOGIA PARA O PEDIATRA. 3. ED. SÃO PAULO: ATHENEU, 2009.


MENINAS Inicia-se com aceleração da velocidade de crescimento, que precede a telarca; Telarca é o primeiro sinal perceptível; Menarca é um marcador tardio da puberdade feminina; Maior acúmulo de gordura;

2,5 2,5 anos anos

De modo geral, a menarca se correlaciona significativamente com a idade da telarca.

SETIAN, N. ENDOCRINOLOGIA PEDIÁTRICA. 2. ED. SÃO PAULO: SARVIER, 2002.

Telarca (M2) Pubarca Estirão puberal – pico da VC (M3) Menarca – desaceleração do crescimento (M4)


MENINOS Inicia-se com aumento testicular acima de 3ml de volume ou 2,5cm no maior diâmetro; Aumento de massa muscular; Crescimento inicia-se distalmente. Aumento do volume testicular (G2) Crescimento do pênis (comprimento  diâmetro) e pubarca Pelos axilares Estirão puberal – pico VC (G4) Pelos faciais (G4-5) Mudanças na voz (G5) SETIAN, N. ENDOCRINOLOGIA PEDIÁTRICA. 2. ED. SÃO PAULO: SARVIER, 2002.


PUBARCA O aparecimento de pelo pubianos é dependente primariamente dos andrógenos adrenais em ambos os sexos; Adrenarca ocorre independentemente da maturação hipotálamo-hipófise-gonadal (gonadarca).

SAAD, MJA; MACIEL, RMB; MENDONÇA, BB. ENDOCRINOLOGIA. RIO DE JANEIRO: ATHENEU, 2007.


VARIANTES FISIOLÓGICAS Aceleração constitucional do crescimento e da puberdade (ACCP) Retardo constitucional do crescimento e da puberdade (RCCP)  Nascem com estaturas semelhantes e atingem mesma estatura final que a média da população geral, porem, o crescimento e desenvolvimento puberal ocorrem em ritmos diferentes com variação da época de inicio e de tempo de duração da puberdade;  Redução do período entre telarca e menarca tem sido observado em indivíduos com inicio mais tardio da puberdade quando comparados com aqueles de início precoce. MONTE, O ET AL. ENDOCRINOLOGIA PARA O PEDIATRA. 3. ED. SÃO PAULO: ATHENEU, 2009. SAAD, MJA; MACIEL, RMB; MENDONÇA, BB. ENDOCRINOLOGIA. RIO DE JANEIRO: ATHENEU, 2007.


VARIANTES FISIOLÓGICAS

MONTE, O ET AL. ENDOCRINOLOGIA PARA O PEDIATRA. 3. ED. SÃO PAULO: ATHENEU, 2009.


VARIANTES FISIOLÓGICAS Telarca Precoce Isolada:  Apresentação isolada;  Eixo inativado;  Evolução lenta e não-progressiva;  Crescimento adequado;  Maturação óssea normal;  Tendência à involução espontânea.

T3 T2

CARVALHO, AB. PUBERDADE. FORTALEZA: ENDOCRINOLOGIA PEDIÁTRICA 2007. 58 SLIDES, COLOR, 25 CM X 20CM


PUBERDADE PRECOCE Definição:  Meninas  aparecimento de caracteres sexuais secundários antes de 8 anos;  Meninos  aparecimento de caracteres sexuais secundários antes de 9 anos.


AVALIAÇÃO DA PUBERDADE PRECOCE Historia clinica cuidadosa:  Tempo de aparecimento  Ritmo de evolução dos caracteres sexuais  Uso de medicamentos que contenham esteroides  Investigar traumas ou infecções de SNC  Antecedentes familiares  **Intervalo entre dois estágios é de 1ano, sendo considerado anormal quando abaixo de 6 meses.


AVALIAÇÃO DA PUBERDADE PRECOCE Exame físico:  Peso e altura (com desvio-padrão); 3a6m  Estadiamento de Tanner;  Outros achados: acne, pelos axilares, excesso de oleosidade em face e couro cabeludo, presença de massas abdominais e pélvicas e observar a presença de manchas no corpo.


CLASSIFICAÇÃO PUBERDADE PRECOCE Puberdade Precoce Central:  Ativação prematura do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal; Puberdade Precoce Periférica:  Produção autônoma de esteroides sexuais.


PUBERDADE PRECOCE CENTRAL Incidência de 1:5000 a 1:10000 Mais frequente no sexo feminino Meninas  69 a 98% de causa idiopática Meninos  2/3 tem anomalias neurológicas

(50% TU de SNC)


PUBERDADE PRECOCE CENTRAL Etiologias:  Sem anomalias SNC:  Idiopática  Genética: mutações ativadoras KISS1R e KISS1 mutação inativadora MKRN3  familiar  Com anomalias SNC - Orgânica:  Hamartomas hipotalâmicos  Tumores de SNC  Malformações congênitas  Radiação, Traumas e Infecções


PUBERDADE PRECOCE Etiologias:  Secundária a exposição prévia a esteroides sexuais:  Tratamento tardio da HCSR  TU secretores de esteroides sexuais  Testotoxicose  Sd. McCune Albright  Desreguladores endocrinos químicos


DIAGNÓSTICO DA PUBERDADE PRECOCE CENTRAL Avaliação Hormonal:  Dosagem de estradiol e testosterona  LH basal > 0,2mUI/mL  Teste do GnRH  Pico de LH > 5 mUI/mL


DIAGNÓSTICO DA PUBERDADE PRECOCE CENTRAL Exames de Imagem:  Idade óssea  avançada em relação a idade cronológica  USG pélvico nas meninas  útero > 3,4 cm³ e ovários > 1,8 cm³  TC de crânio  investigar lesões de SNC  RNM  diagnosticar a presença de hamartomas hipotalâmicos


INDICAÇÃO PARA BLOQUEIO PUBERAL 1 – Desenvolvimento puberal acelerado:

 Formas progressivas de puberdade precoce de qualquer etiologia;  Puberdade acelerada (entre 8-9 anos nas meninas, entre 9-10 anos nos meninos); 2 – Potencial de estatura adulto normal:

 Predição de altura final abaixo do Percentil 2,5;  Predição de altura fina abaixo da AA;  Avanço de IO (maior que 1 ano);  Perda de potencial de estatura durante o seguimento.


PUBERDADE PRECOCE CENTRAL PROGRESSIVA Quando tratar?

Clínico

Puberdade acelerada

Progressão estágios puberais

Tempo de progressão 3-6m

Velocidade de crescimento

Acelerada > 6cm/a

Predição de estatura adulta

Abaixo da AA

Laboratorial IO

Avanço > 1a

LH basal e pico após estímulo LHRH

Faixa puberal

Estradiol

Normal ou aumentado

US

Volumes uterino e ovarianos aumentado


TRATAMENTO - OBJETIVOS Supressão do HHG, da secreção de gonadotrofinas e dos esteróides gonadais; Regressão dos caracteres sexuais secundários, inclusive menstruações; Desaceleração do avanço de maturação óssea, retomada da VC normal = melhor prognóstico de altura final; Normalização dos problemas psicossociais.


OBRIGADA


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.