Alegoria

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Editorial Temos orgulho e enorme satifação em declarar que a revista Alegoria nasceu. A peça em suas mãos é resultado de um arduo trabalho de diversos profissionais, dedicamos mais da metade de varios dos nossos dias para trabalhar nesta revista para que você leitor sinta prazer em ler em ter nossa revista em suas mãos. Como capa da primeira edição trazemos a artista canadense Jen Mann. Trazemos artistas novos e também artistas experientes, mas que procuram sempre se renovar. Em sua essencia, a Alegoria é a junção de tudo o que há de melhor no mundo das artes e entreterimento.




vista sua identidade


Índice Arte 8a9

Música 10 a 13

Cinema 14 a 15

Capa

19 a 21

Entrevista 24 a 25

Coluna: Carolina Lancelloti 28 a 29

Agenda Cultural 30 a 31

TV

34 a 37

Literatura 38 a 41

Baboseiras 42

Coisa Nova 44 a 48

Coluna: Gregório Duvivier 49



ARTE

ALEGORIA


ARTE

Sensações do

L

orem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma bandeja de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como também ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essencialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum, e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares de editoração eletrônica como Aldus PageMaker.

Futuro

Ao contrário do que se acredita, Lorem Ipsum não é simplesmente um texto randômico. Com mais de 2000 anos, suas raízes podem ser encontradas em uma obra de literatura latina clássica datada de 45 AC. Richard McClintock, um professor de latim do Hampden-Sydney College na Virginia, pesquisou uma das mais obscuras palavras em latim, consectetur, oriunda de uma passagem de Lorem Ipsum, e, procurando por entre citações da palavra na literatura clássica, descobriu a sua indubitável origem. Lorem Ipsum vem das seções 1.10.32 e 1.10.33 do “de Finibus Bonorum et Malorum” (Os Extremos do Bem e do Mal), de Cícero, escrito em 45 AC. Este livro é um tratado de teoria da ética muito popular na época da Renascença. A primeira linha de Lorem Ipsum, “Lorem Ipsum dolor sit amet...” vem de uma linha na seção 1.10.32. O trecho padrão original de Lorem Ipsum, usado desde o século XVI, está reproduzido abaixo para os interessados. Seções 1.10.32 e 1.10.33 de “de Finibus Bonorum et Malorum” de Cicero também foram reproduzidas abaixo em sua forma exata original, acompanhada das versões para o inglês da tradução feita por H. Rackham em 1914.

“Feito pra ver,

ouvir, colorir e criar” É um fato conhecido de todos que um leitor se distrairá com o conteúdo de texto legível de uma página quando estiver examinando sua diagramação. A vantagem de usar Lorem Ipsum é que ele tem uma distribuição normal de letras, ao contrário de “Conteúdo aqui, conteúdo aqui”, fazendo com que ele tenha uma aparência similar a de um texto legível. Muitos softwares de publicação e editores de páginas na internet agora usam Lorem Ipsum como texto-modelo padrão, e uma rápida busca por ‘lorem ipsum’ mostra vários websites ainda em sua fase de construção. Várias versões novas surgiram ao longo dos anos, eventualmente por acidente, e às vezes de propósito (injetando humor, e coisas do gênero).

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MUSICA

Texto: Lugar de Mulher

grrrl POWER! Kat, nascida Katriana Sandra Huguet, ĂŠ filha de cubanos e nasceu em Miami, em 1990.


MUSICA

E

la começou a rimar com oito anos e a escrever suas próprias músicas aos quinze. Aos dezoito pegou a grana que juntou trabalhando como garçonete, se mandou para Nova York e lá gravou e lançou algumas músicas de forma inwdependente, mas logo chamou a atenção de uma grande gravadora, que lançou seu primeiro disco, My Garden, no começo de 2015. Kat diz que seu albúm é; “uma abundância de sons, não muito diferente de um jardim de flores ocê tem margaridas, girassóis, flores de salgueiro, espinhos – todos invocando diferentes emoções, expressões e significados. Estou convidando todos ao meu jardim, minha mente, minha música .” Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma bandeja

“Estou convidando todos ao meu jardim. Minha mente, minha música”

de tipos e os embaralhou para fazer um livro de modelos de tipos. Lorem Ipsum sobreviveu não só a cinco séculos, como também ao salto para a editoração eletrônica, permanecendo essencialmente inalterado. Se popularizou na década de 60, quando a Letraset lançou decalques contendo passagens de Lorem Ipsum, e mais recentemente quando passou a ser integrado a softwares de editoração eletrônica como Aldus PageMaker Tudo que Kat compõe tem sua marca, sua voz de timbrão rouco e grave e forte, suas letras que falam da dureza de ser uma latina em Miami, de amor, de sexo, de ser mulher. E que mulher! Espero apenas coisas maravilhosas vindas dessa moça que já começou a carreira mandando muito bem.

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MADE

FOR MUSIC


Musica

Texto: Papel Pop

Os melhores álbuns de 2014 Segundo eu mesma.

Banda do Mar

O lançamento de Banda do Mar sai agora com ares de novidade, principalmente pelos fãs de ambos, que sentiam a forte presença de um e de outro nos discos solos de cada um. A surpresa do momento está ligada somente à participação mais que essencial do músico Fred Ferreira (Buraka Som Sistema), que somou um balanço no conjunto da obra, caracterizando o trabalho de forma singular.

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The Black Keys

Silva

O oitavo álbum do duo norte-americano The Black Keys é igual a sua capa: uma viagem! Há cerca de um mês atrás, tomei um susto ao escutar Fever, o primeiro single. Pensei que todas as músicas seriam iguais e que seria a chacota do ano, mas na primeira audição me surpreendi com Weight of Love. A primeira música seria uma amostra do que realmente viria por aí: baixo comendo solto e guitarras psicodélicas.

Silva mostrou seu valor desde o início de sua carreira, muito antes do lançamento de Claridão (2012), já que o disco chegou com seis músicas que já conhecíamos de seus EPs anteriores. Com isso, Vista pro Mar entrará para a discografia do capixaba Lúcio Souza como seu segundo álbum, mas carrega nos ombros onze faixas pensadas só para ele e uma identidade ainda mais própria que o anterior, dois fatores que contribuíram para a qualidade final da obra.


Musica

Foster the People

Se discos também não devem ter suas qualidades julgadas pela capa, ao menos podemos deduzir algumas coisas por ela. No caso do segundo trabalho da Foster the People, que teve a arte assinada pelo mesmo artista de Torches, saem os bichinhos de aspecto subservivo e entra em cena uma modelo cercada de paparazzos, que fotografam o momento em que ela vomita um poema de cima de seu pódio de barras de ouro que, como sabemos, vale mais do que muita coisa. Só disso, já tiramos que o álbum será construído por semelhanças e diferenças de seu anterior, demonstrando um caráter mais crítico (como já era esperado) sem perder a identidade dow grupo - e a identidade visual tem um papel importante nesse aspecto.

Tove Lo

O material vem todo conceitual, dividido em três atos - “The Sex”, “The Love”, “The Pain” -, nos quais ela tenta criar uma narrativa lírica entre as músicas. E consegue. Claro, nada é tão rígido e podemos pensar que tal música se encaixaria também em outro momento, já que sexo, amor e dor muitas vezes se misturam. É com essa base que o disco mais chama atenção. Além das produções impecáveis de hitmakers conhecidos, como Shellback, e toques de mãos novas, The Struts, que nos fazem redescobrir a EDM com todas suas nuances, é liricamente que o trabalho mais se destaca.

Lana del Rey

Depois de estourar no mundo inteiro com o álbum indie pop “Born To Die”, Lana Del Rey lançou em 2014 um álbum ainda menos voltado para rádios ou um grande público. Seu novo trabalho é bastante conceitual, mas não tem nada de pedante. São músicas que refletem seu verdadeiro estilo da melhor maneira possível.

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Texto: Adoro Cinema

Medianeras Buenos aires na era do amor virtual

S

abe aqueles filmes que começam meio estranho e de repente mudam, capturando sua atenção minuto a minuto e tornando-se uma agradável surpresa? Esse longa com título grande demais (no Brasil) é um belo exemplo. Medianeras (título original) são as laterais dos prédios, que viraram local de propaganda e já abrigaram murais de pintores. O tal restante inserido em terras brasileiras (Buenos Aires na Era do Amor Digital) deve-se a correlação que o texto faz entre a arquitetura, a modernidade, o crescimento desordenado de uma cidade (no caso, a capital argentina) e o que vem a reboque para seus habitantes. Achou meio maluco? É, mas pode apostar que no decorrer da história a peculiaridade das construções (como as medianeras) ganhará destaque e você vai até rir com elas. Com dois atores em perfeita sintonia com o texto, Javier Drolas (O Mural) e a bela Pilar López de Ayala (Lope), a história mostra a depressão começando a bater na porta de Martin e Mariana, seus personagens. Ele faz sites, ela é vitrinista, um é debochado, a outra tem fobia de elevador e enquanto o primeiro curte Guerra nas Estrelas e Astro Boy, a segunda se diverte com “Onde Está Wally?”. Eles são diferentes, pensam igual, não se conhecem, são vizinhos e, principalmente, solidários na dor da solidão. Entre encontros e desencontros, citações de Woody Allen (Manhattan) e Tim Burton (O Estranho Mundo de Jack), algumas passagens são memoráveis. Como alguns momentos da vida de Mariana “musicados” por um misterioso vizinho de parede, fera no piano, e que ela parece dominar com um inusitado “controle remoto”. Só vendo para crer e se encantar.

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Nascida de um curta de 2005, esta modesta coprodução dos “hermanos” é bem resolvida com roteiro equilibrado, escrito por Gustavo Taretto, que estreia (bem) na direção de um longa. Dotado de bom gosto com a câmera, algumas de suas sequências são únicas e encantadoras, seja dentro de uma vitrine, num simples take de um rosto apoiado numa mão artificial ou numa sensual “transa” com um manequim. E não faltarão cenas de causar estranhamento e delírios nos que curtem belas imagens. Quando fazem uso da intervenção gráfica na película, Taretto e sua equipe premiam o espectador com momentos de doce simplicidade e encantamento, conjugados com uma trilha sonora de primeira e edição inteligente. Além de um final extremamente inspirador, ornamentado com um gostoso sorriso, não saia antes dos créditos finais para poder curtir a dupla dublando “Ain’t No Mountain High Enough” (Diana Ross & The Supremes & The Temptations). Assim, um dos méritos desta produção, sem dúvida alguma, foi não se deixar levar pela solução óbvia, costurando cada detalhe para virar um deliciosa comédia urbana, bucólica, dramática e romântica. Assim mesmo, cheia de adjetivos para combinar com o longo título. Talvez as personalidades dos personagens ajudem a explicar o refúgio encontrado por ambos na internet. Martin se trata de fobias e, aos poucos, tenta se livrar do isolamento que o consumiu; ele trabalha como web designer. Já Mariana acaba de sair de um relacionamento de muitos anos e está vivendo uma verdadeira bagunça, refletida em seu apartamento; ela trabalha como vitrinista.


CINEMA

ALEGORIA


E A MODERNIDADE espanhola



Capa

Jen Mann

Strange Beauties


Capa

J

en Mann, uma jovem artista de Mississauga, Ontário – Canadá, estudou na Ontario College of Art and Design (OCAD), em Toronto, recebendo seu BFA em Gravura, em 2009. Atualmente seu trabalho tem sido exibido internacionalmente e tem tido destaque em publicações on-line.Amantes da arte, é hora de se impressionar com ilustrações incrivelmente realistas feitas pela canadense Jen Mann. A artista encanta e supera nossas expectativas de pinturas realistas. Sua pintura é centrada em temáticas como subconsciente, liberdade, percepção de beleza, identidade e uma visão feminina do mundo em que habitamos. As imagens apresentadas trabalham rostos de mulheres com expressões pensativas e ausentes, combinadas com grandes sobreposições s ecores. De acordo com Jen Mann, a inspiração vem pela natureza, existencialismo, infância e história. As pinturas são realmente inacreditáveis. Na sua mais recente série intitulada “Strange Beauties“, a artista se inspirou no universo do circo, ilusões, sonhos, inocência e brincadeiras de infância, a série explora a beleza e as

suas mais diversas facetas, wwcapturando momentos sinceros, as pinturas evocam um sentido ingênuo e não filtrado de beleza semelhante à vivida na infância. Usando cores e saturação para primeiro plano os elementos elegantes e atraentes em imagens de outra forma ímpar, Mann capta o mundo através de “óculos cor de rosa.” Um olhar intenso e profundo repleto de sentimentos, intimidade e honestidade. É um fato conhecido de todos que um leitor se distrairá com o conteúdo de texto legível de uma página quando estiver examinando sua diagramação. A vantagem de usar Lorem Ipsum é que ele tem uma distribuição normal de letras, ao contrário de “Conteúdo aqui, conteúdo aqui”, fazendo com que ele tenha uma aparência similar a de um texto legível. Muitos softwares de publicação e editores de páginas na internet agora usam Lorem Ipsum como texto-modelo padrão, e uma rápida busca por ‘lorem ipsum’ mostra vários websites ainda em sua fase de construção. Várias versões novas surgiram ao longo dos anos, eventualmente por acidente, e às vezes de propósito (injetando

humor, e coisas do gênero). Existem muitas variações disponíveis de passagens de Lorem Ipsum, mas a maioria sofreu algum tipo de alteração, seja por inserção de passagens com humor, ou palavras aleatórias que não parecem nem um pouco convincentes. Se você pretende usar uma passagem de Lorem Ipsum, precisa ter certeza de que não há algo embaraçoso escrito escondido no meio do texto. Todos os geradores de Lorem Ipsum na internet tendem a repetir pedaços predefinidos conforme necessário, fazendo deste o primeiro gerador de Lorem Ipsum autêntico da internet. Ele usa um dicionário com mais de 200 palavras em Latim combinado com um punhado de modelos de estrutura de frases para gerar um Lorem Ipsum com aparência razoável, livre de repetições, inserções de humor, palavras não características, etc. Lorem Ipsum é simplesmente uma simulação de texto da indústria tipográfica e de impressos, e vem sendo utilizado desde o século XVI, quando um impressor desconhecido pegou uma bandeja de tipos e os embaralhou para fazer um livro.

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Capa

C

omo já dissemos antes, Jen é uma artista absurdamente talentosa que explora a beleza não percebida, ou melhor, não esteriotipada. Explora a naturalidade dos seres humanos, e algumas vezes dos animais. Ela mistura com essa naturalidade cores que nenhum ser humano tem, dando a suas obras toques de irrealidade. Foi para OCAD e graduou-se com BFA em 2009. Desde então têm-se centrado principalmente na pintura, e recentemente seu trabalho tem se inclinado para retratos de grande escala. Strange Beauties é uma espécie de arte que foi provocada por uma frustração com a falta de materiais e idéias. Ela queria encontrar a beleza no erro, ou a idéia de mau ou errado. Essa idéia influenciou as suas escolhas de cor, ela criou algo irreal e ao mesmo tempo muito real. Ela decidiu redefinir o que era belo, ignorando todos os padrões de beleza que conhecemos. Jen diz está preocupada em atingir o espectador de alguma forma, sentimentalmente ou não. Mesmo que a obra tenha um significado diferente para cada pessoa, pois no final a pintura leva um aspecto muito pessoal nela. Não podemos 22

esperar que todas as pessoas sintam al-guma a mesma coisa com determinada obra, afinal isso depende muito do repertorio e das experiências de cada ser. Ela acredita que para ser uma artista você tem que estar sujeito ao erro e a falhas, para ser criativa e ter sucesso isso conta muito. Há muitos altos e baixos na

vida de uma artista.Jen está montando sua próxima exposição individual, na galeria Portland Oregon. Esse trabalho trata-se de algo mais abstrato e irreal. Ela vai trabalhar com a realidade perdida dos seres. Algo mais complexo, não menos sensacional, que Strange Beauties.


Capa

“Strange Beauties é uma arte provocada pelo erro”

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Entrevista

Texto: Revista TPM

Autumn Sonnichsen: A fotografa de nus femininos mais surpreendente do país.

U

m dia, Autumn tocou minha campainha, com uma caixa de DVDs embaixo do braço – ela é minha vizinha, mora no apartamento de cima. Era um seriado americano dos anos 1950, estrelado pela Lucille Ball, I love Lucy. Ela disse: “Vizinho, você precisa assistir isso”, e foi entrando. A gente pediu uma pizza, ela começou a me contar da sua vida. Tinha sido atropelada havia menos de um mês, por um ônibus, na esquina da Cardeal Arcoverde com a Oscar Freire. Mancava e trazia no antebraço uma cicatriz de uns 20 centímetros. De resto, parecia ótima, as covinhas do seu sorriso característico. “Cortaram meu tríceps no meio para colocar uma placa. As pernas estão inteiras, aleluia”, ria. Autumn Querida Sonnichsen nasceu em Los Angeles – seu segundo nome, “Querida”, quem deu foi o pai, que morou por um tempo no México. Autumn gosta de velejar, andar a cavalo, tomar vinho, correr longas distâncias – numa semana ideal faz 80 quilômetros. Tem 31 anos. Em abril, vai completar dez que vive no Brasil. Veio passar seis meses e foi ficando. Antes, morou em Berlim, no Cairo, Cidade do Cabo, Nova York, Paris. Fã de fotógrafos como Eikoh Hosoe, William Eggleston e Nan Goldin, é especialista em nus, fotos sensuais. Seu grande tema são os corpos, as mulheres. Já perdeu as contas de quantas fotografou para Trip, Playboy, entre outros títulos. Vive rodeada por suas modelos. “Paisagens sem uma mulher dentro são um desperdício”, fala. “Se estou num lugar lindo e não tenho uma menina, fico perdida.” Para Autumn, suas fotos estão fixadas no seguinte tripé: atenção aos detalhes; empolgação; e 26

No país há dez anos, ela vive uma vida como poucos: ‘’Eu viajo muito, só tiro fotos legais, mulheres lindas me procuram’’ tentativa de manter um alto nível de bom gosto. Muito embora flerte com certa vulgaridade, algo típico norte-americano. Gosta de mulheres bagunçadas, com cabelos ondulados. Gosta de abundância, brilho, paetês, exagero. “Qualquer pessoa que vai comigo na feira e tem que voltar para casa carregando quatro melancias sabe do que estou falando”, brinca. Autumn passou a infância atravessando os Estados Unidos de carro. Sua mais recente exposição, Home of the Brave, era uma coleção de imagens que fez na estrada. “Gosto desse vazio do meu país enorme, das mulheres que andam de botas, a comida farta.” No dia desta entrevista, a vegetariana Autumn cozinhou uma abóbora, com queijo frito. No meio do almoço, o interfone tocou, era Mariana, uma de suas modelos e queridas atuais. Mariana dá aulas de pole dan-

ce. “Eu escrevi para a Autumn, queria ser fotografada. Ela disse que adorava pole dance. A gente super se amou desde o primeiro dia”, conta Mari, sorrindo. Enquanto corta e cozinha as abóboras, Autumn diz que fotografar é saber criar climas, um ambiente. “Isso às vezes importa mais do que a luz.” Através de suas imagens, quer falar com todos. “Minha ideia é fazer um tipo de arte que o cara que trabalha no posto de gasolina entenda, por instinto”, resume. Durante muito tempo Ernest Hemingway foi seu ídolo, e seu ideal de vida, diz, está num dos livros dele, O jardim do Éden. “O personagem mora no sul da França, tem duas mulheres lindas, pesca, come paradas ótimas, fica feliz, bebe muito, nada, faz esporte, escreve as paradas dele, tá ótimo”, ri. Autumn acredita que pedir para alguém tirar a roupa é um momento único. Abre um vinho.


Entrevista Alegoria: Você se mudou para o Brasil em 2005. O que te atraiu em São Paulo? Autumn Sonnichsen: Eu vim passar seis meses e fui ficando. Eu demorei para gostar da cidade, tipo um ano e meio. Porque quando você chega aqui é difícil, complicado. O que eu mais gosto em São Paulo é a estética da cidade, não é um lugar reconhecível. Não tem um edifício internacionalmente reconhecido. Pode ser qualquer cidade, é tipo um mar de prédios. E São Paulo é uma cidade que me recebeu muito bem. E antes? Antes disso eu estava no Egito. Passei oito meses no Cairo, estava casada. O Cairo é uma cidade que cansa muito. Você tem que sempre andar vestida, de burca, no calor. Tem que andar de manga comprida, tem que sempre prestar atenção aonde você vai. Mas o deserto é foda. Eu tinha um cavalo e andava a cavalo todos os dias. Eu via o sol se pôr atrás das pirâmides, com as minhas amigas em volta. A gente andava a mil por hora. Os beduínos faziam chá pra gente. Era tudo superdramático e bonito. Eu tinha meu namorado, estava apaixonada, a gente comia superbem, eu ia à feira, cozinhava, era incrível. Mas era cansativo pra caralho viver lá. A cidade exige muito de você. É sujo. Pegar um táxi é cansativo. Tudo é cansativo. E você foi pra lá por causa desse cara? É. Ele trabalhava na embaixada, era americano. Depois, ele foi mandado de volta pra Washington, e eu fiquei ainda um pouco porque tinha me inscrito na faculdade, tinha que terminar um semestre. Eu estudava história da arte. E no Cairo tem uma universidade americana. Aí fiquei, e ele voltou para Washington. Terminamos, mas continuamos amigos. Mas chegou uma hora que eu não me via morando mais lá, sabe. Daí pensei: o Brasil, o paraíso, as minas andando de biquíni na rua, tem caipirinha, parece ótimo [risos]. Eu não conhecia ninguém no Brasil. Fui atrás de um anúncio no Google. Onde morou aqui? Em São Paulo, morei na Vila Mariana, na rua dos Pinheiros, depois na Maria Paula, na alameda Santos, depois na praça da República, depois no Copan, depois vim pra cá, na Tupi, Higienópolis.

Aqui é o lugar mais legal. É uma rua meio carioca, as meninas andam de chinelo, com cachorro. Gosto da minha varanda, das árvores. Pensa em continuar no Brasil? Nunca vou sair daqui. Mesmo se ficar um tempo fora, quero sempre voltar. Tenho amigos que fazem o lugar valer a pena. É igual você se apaixonar pela sua mulher e sua mulher morar aqui. Eu sinto falta da minha família, claro. Especialmente depois que meu irmão morreu. Antes eu não tinha muita pressa de voltar pra casa. Achava que sempre todo mundo ia estar lá. Depois que o meu irmão morreu, eu vi que eles não iam estar lá sempre me esperando. Então agora faço um esforço. Minha irmã vai se casar agora e eu vou até lá. Eu os vejo pelo menos uma vez por ano. Tento convencê-los a vir pra cá, mas ninguém nunca vem. É longe, é complicado, mais fácil eu ir. Seu irmão morreu como? Câncer, um linfoma. Tinha 22 anos. Ele era massoterapeuta, estudava educação física, queria ser fisioterapeuta de futebol americano. Descobriu tarde demais. Isso foi há três anos. Não quero muito falar disso. Foi uma época superpesada. Você gosta muito de Hemingway, né? Muito, sim. Ele foi meu ídolo, eu queria ser ele. Quando eu estava no colégio, até antes, gostava daqueles caras vagabundos que ficavam nos cafés, bebendo. Eu achava o máximo. Tem um livro que adoro: O jardim do Éden. É um dos últimos dele, eu acho bem bonito, sincero. Aquele é o meu ideal de vida, o jeito que eu gostaria de viver. Tem um pouco a ver com a maneira que procuro levar a vida, acho. Que jeito é esse? Pô, o personagem mora no sul da França, tem duas mulheres lindas e maravilhosas, pesca, come paradas ótimas, fica feliz, bebe muito, nada muito, faz esporte, fica feliz, tem as minas dele, escreve as paradas dele, tá ótimo [risos]. Tá tudo ótimo. Parece uma ideia interessante de boa vida. Trabalhar muito, usar o corpo. Mas você não tem que fazer esporte. Acho a ideia de fazer esporte um pouco ruim às vezes. É preciso usar o corpo, sim, de alguma forma.

Tem que comer muito bem, tem que ser muito ligado no que come, tem que trepar direito e amar muito. E estar no lugar que gostaria de estar. O que não te agrada na ideia de esporte? Bom, quando eu era criança a minha irmã era muito competitiva, e ela era uma atleta mil vezes melhor que eu. Então nunca tive essa vontade de ganhar, competir, chegar na frente. Eu posso correr 30 ou 40 quilômetros. Mas não quero ser mais rápida do que ninguém. Quando eu corro com pessoas eu corro mais devagar do que quando corro sozinha. Nunca tive um espírito competitivo. Nunca quis ganhar. Para ser feliz é preciso usar o corpo, mas isso não significa que seja preciso fazer esporte, treinar. Sou razoavelmente forte, gosto de ficar ao ar livre, nadar, correr, pedalar, me sentir bem, livre, parte da natureza. Mas sem a neurose da ideia de fazer esporte. Você gosta do sul da França, né? Adoro. É um lugar ideal. Você pode pedalar, correr, minha afilhada mora lá, tenho amigas lá. É um lugar com uma qualidade de vida impecável, a comida é foda, tem o mar, o mar não tem onda, e para mim é ótimo porque eu gosto de nadar. É seu lugar preferido no mundo? Não, aqui é meu lugar predileto. Aqui é o meu lugar. São Paulo? Ou Brasil? São Paulo é onde estão os meus amigos, e meu lugar predileto é onde meus amigos estão. Mas eu gostaria de morar na praia. Sempre gostei de mar. Acho que provavelmente vou acabar morando num barco quando for velha. Ia curtir ser uma velha morando num barco. Meus pais se conheceram num barco. Como é essa história? Meu pai era professor de história da música, minha mãe era aluna dele. Era um barco em que se faz intercâmbio. Passa-se um ano ou seis meses da faculdade no barco. Tem todos os professores, todas as aulas. Minha mãe estudava educação. Ela era noiva de outro cara. Minha avó achava o casamento precipitado, falou que minha mãe devia conhecer o mundo primeiro. Colocou minha mãe nesse barco. Ela conheceu meu pai, voltou, deu o anel de volta para o namorado, um drama. Minha avó não ficou nada feliz, não 27


Entrevista foi ao casamento. Meu pai é 22 anos mais velho que minha mãe (hoje ele tem 80, minha mãe, 58), tinha dois filhos da idade dela, era casado. Eu sabia que ele tinha uma ex-mulher, mas só fui saber que ele era casado nessa época há três anos. A mulher dele estava no barco, junto. Dos fotógrafos clássicos norte-americanos (Evans, Avedon, Winogrand, Arbus etc.), de quem você gosta, por quê? Algum brasileiro? Quando era mais jovem, eu amava Edward Weston, muito. Minhas primeiras fotos de nu eram todas em PB, clássicas, com fundo preto. Eu gostava muito de estudar as sombras na pele, a forma, tudo que hoje em dia acho que é quase instantâneo, não penso mais tanto a respeito. Eikoh Hosoe, meu fotógrafo favorito, dizia que as sombras eram mais importantes que a luz. Eu levava isso muito a sério. Hosoe tem um trabalho lindo, esquisito, forte, animal, sensual, e ao mesmo tempo muito frio. George Pitts, grande fotógrafo e professor de história da sexualidade na fotografia, foi a primeira pessoa que me disse que eu era uma grande colorista. Caiu muito a ficha nesse dia. Comecei a perceber de forma mais apurada como eu usava as cores, que até aí era meio sem querer. Até então eu me interessava mais pela luz e a forma. Também foi aí que prestei mais atenção nas cores dos outros. Eggelston é um dos grandes mestres, a Nan Goldin também e o Wim Wenders. Do Brasil tenho grande respeito pelo Sebastião Salgado. No geral, quando me interesso pelo trabalho de alguém, é sempre alguém que faz algo muito diferente do que eu faço. Foto de revista é arte? Eu gosto de cultura popular. Outro dia fui para a praia com um amigo. No caminho, paramos num posto de gasolina para comprar um baralho e lá estava a Playboy. A Playboy vinha com um baralho, com fotos de algumas mulheres que posaram para a revista. Eu tinha feito boa parte das fotos. Meu amigo falou: “Poxa, deve ser muito legal você parar num posto de gasolina e ver fotos que você fez”. Eu adoro isso, acho a coisa mais incrível. É algo que vale para você como artista, que vale para o mundo. E ao mesmo tempo vende na porra de um posto de gasolina. Tem gente que diz que é uma coi28

sa meio machista. Eu não vejo como algo negativo. As meninas que fotografo adoram. Elas se sentem bonitas, felizes, é algo prazeroso. Elas vão ficar velhas, vão ser avós incríveis e vão falar: “Olha como a vovó era gostosa quando era jovem”. É demais. E todo o debate sobre objetificação da mulher etc.? Acho uma discussão banal. Não faz sentido. O corpo é bonito. Não é machista olhar para um corpo e achar bonito. Elas são donas dos corpos, têm autonomia. Isso é algo profundamente feminista. Você é feminista? Do ponto de que todo mundo é igual, sim. Obviamente gostaria que todo mundo fosse igual, que as mulheres ganhassem igual aos homens, o que já melhorou muito. Mas essa conversa de discussão de feminismo na classe média alta no Brasil, eu não me interesso. O Brasil é uma sociedade classista. Sei que há muito o que ser feito, mas, de certa forma, o feminismo já venceu, estamos num bom ritmo de conquistas. Agora o que temos que fazer é cuidar de quem não tem nada. Essa é a conversa que me interessa. Essa é a conversa do Brasil, a conversa do mundo. Se você quer falar do feminismo na Arábia Saudita, ótimo. Esse é o lugar pra ter essa conversa. Aqui no Brasil precisamos gastar o tempo e a energia com outras coisas. As mulheres que são pobres estão na merda. E a gente tem que ajudá-las. Mas não é por elas serem mulheres, é por serem pobres. Como você aborda as mulheres que tem vontade de fotografar? Eu não faço muito isso, sendo bem sincera. Tem exceções, mas poucas. Essa garota sobre quem te falei outro dia, por exemplo, é uma exceção. Eu estava em Utah, que é um lugar onde eu não tenho mulheres, modelos. Minha mãe mora lá agora. Acho Utah um dos lugares mais bonitos do mundo. Eu sempre acho que paisagens sem uma mulher dentro são um desperdício. Se estou num lugar lindo e não tenho uma menina, fico perdida. E Utah é um lugar que eu sempre quis fotografar. Eu pensava: “Ah, um dia eu levo uma menina de Los Angeles, uma modelo conhecida”. Mas nunca acontecia. E então esbarrei nessa garota. Cheguei nela, na rua, me apresentei. E ficamos muito amigas. Até hoje a gente faz fotos juntas O que te chama a atenção numa modelo? Depende. Toda mulher é diferente, né. Eu gosto de mulher foda, e toda mulher tem seus motivos pra ser foda, sabe. A Mari, que vem aqui daqui a pouco, ela é foda porque ela tem uma ligação muito forte com o corpo, ela faz

pole dance. Você já se fotografou nua? Sim, mas faz tempo. Eu tinha 23 anos. Foi ok. Eu tiro foto porque gosto das outras pessoas, sou pouco interessada em mim mesma. E o que te atrai na nudez? A gente não vive num mundo onde a gente anda pelado o tempo todo, sabe. Pedir para alguém tirar a roupa é um momento único, às vezes a gente esquece disso. Quando uma mulher fica nua para uma foto, a sensação é a de que aquele é o momento dela, é o melhor momento dela, ela está no ápice. E isso você nunca tem em nenhum outro tipo de foto. As mulheres não fazem isso todo dia. Elas escolhem o momento certo. E isso é legal, é maravilhoso, e eu vivo isso todos os dias. Você tem Instagram? Eu acho Instagram um tédio. Eu gosto de seguir umas minas, umas minas que ficam na academia, com roupa de oncinha, que eu acho muito engraçado. Eu sigo umas minas que fazem ioga, e sigo meus amigos, mas só meus amigos de coração. Mas é isso: eu acho o Instagram um tédio. Todo mundo coloca filtro e acha que faz foto bonita, e eu não quero saber de foto bonita.


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GUARDE SEUS MOMENTOS DE UMA FORMA INSTANTANEA


cOLUNA: Carolina lancelloti

Pro verão, com amor.

O sol começa a esquentar os dias de Novembro e então eu lembro do nosso primeiro verão. Não faz muito tempo, mas a saudade já bate – saudade de sei lá o que. De dias com frio na barriga, de primeiras vezes, de inocência e água fria dos banhos de cachú. Saudade de sei lá o que, se hoje já é quase Dezembro outra vez e a estrada chama, chama e queima, nos esperando passar. Vamos pra algum lugar onde só exista sol e mar, pele e sal. A barraca é abrigo, mas se chover, se molha comigo. A gente come se a fome bater, a gente dorme se o sono chamar, na rede, na areia, no carro, na estrada. Com você é qualquer hora e qualquer lugar. Então me leva e se entrega, pra que a gente não precise mais ser só e possa somente ser. Eu e você. É verão, meu amor.



AGENDA CULTURAL

Texto e Fotos: Catraca Livre

Grandes compositores da música nacional e internacional serão lembrados em um show único da Caravana Tonteria, formada por Letícia Sabatella (composições e voz), Paulo Braga (piano), Fernando Alves Pinto (serrote, trompete, violão e voz) e Zéli Silva (contra-baixo). O espetáculo é apresentado no Sesc Vila Mariana (SP), na quinta, dia 16 de abril, a partir das 21h. Os ingressos custam até R$ 25 e podem ser adquiridos no site do Sesc a partir das 16h do dia 7 de abril.


AGENDA CULTURAL

Os cinéfilos e roqueiros de plantão não podem perder a terceira parte da mostra “Cinema e Rock ’n Roll”, em cartaz no Cine Humberto Mauro (BH), de 27 de março a 14 de abril. As sessões acontecem de segunda a sexta-feira, a partir das 17h, e aos finais de semana, a partir das 16h. A entrada é grátis. A mostra conta com 12 clássicos cinematográficos que exploram a relação entre música e a sétima arte. Um dos destaques é “Os irmãos cara de pau” (1980), de John Landis. Depois de sair da cadeia, o blusman Jake reencontra seu irmão Elwood.

Quem não teve a chance de ver os clássicos do cineasta Stanley Kubrick (1928 - 1999) em um grande telão de cinema, já pode comemorar. O Caixa Belas Artes (SP) promove de 3 a 8 de abril a mostra “Stanley Kubrick: o legado”, que exibe os seis últimos filmes concebidos pelo cineasta. Isso inclui o drama de época “Barry Lyndon” (1975), que completa 40 anos de existência. O ingresso para cada sessão pode custar até R$ 22.


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Are you ready for

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DIENNER?


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Texto e fotos: Game Of Thrones BR

Game Of Thrones Tudo o que pode acontecer na quinta temporada do universo de George R.R. Martin.

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próxima temporada de “Game Of Thrones”, que marca o quinto ano da série, já foi anunciada pela HBO para estrear em 12 de abril na televisão. Infelizmente para os fãs ainda faltam cerca de dois meses de espera pela frente para voltar a acompanhar a trama de Daenerys e os outros personagens. A chegada de Oberyn Martell foi um dos pontos fortes da quarta temporada. Agora é a vez de dar boas vindas a novos personagens desta família, que devem esquentar os jogos políticos de Westeros. Doran, Trystane, Nymeria, Tyene e Obara farão o Sol, que representa o emblema da Casa Martell, brilhar nos novos episódios. A chegada de Oberyn Martell foi um dos pontos fortes da quarta temporada. Agora é a vez de dar boas vindas a novos personagens desta família, que devem esquentar os jogos políticos de Westeros. Doran, Trystane, Nymeria, Tyene e Obara farão o Sol, que representa o emblema da Casa Martell, brilhar nos novos episódios. O que eles são? Onde vivem? Do que se alimentam? Parece que a nova temporada será o momento de, finalmente, saber um pouco mais sobre essas criaturas. Além de descobrir o que eles tanto querem com as 36

crianças. Esse é um assunto pouco conhecido até para quem já leu os livros da saga. O cabeludo charmoso, que esteve em episódios da 2ª temporada ajudando Arya Stark, tem seu retorno confirmado em 2015. Jaqen é um dos homens sem rosto da região de Bravos, que nasceram com uma habilidade especial de modificar sua aparência conforme queiram. E Arya vai viajar até a Terra natal de Jaqen para procurá-lo agora que Hound está morto. Assim começa a jornada da jovem para se tornar também uma Faceless, com um novo rosto costurado sobre o seu. Serão cenas que, certamente, vão causar nervosinho nos mais sensíveis! No entanto, assistir Arya se transformando em uma assassina será um dos plots mais esperados e mais emocionantes do momento. Pelo que foi insinuado em trailers anteriores da série, Tyrion quer encontrar um candidato a soberano forte o bastante para protegê-lo de Cersei e outras ameaças. E deve enxergar na domadora de dragões essa possibilidade. Por isso, não se surpreeenda se ele virar aliado da moça e repassar toda sua astúcia política para ela durante essa 5ª temporada. Garota Stark finalmente conseguiu se livrar do seu sequestrador Sandor Clegane — e agora está indo para Braavos encontrar seu

velho amigo Jaqen H’ghar, com aquela moeda misteriosa. O que ela vai pedir a ele? Ajuda para reerguer Winterfell? Ajuda para matar todos seus inimigos? Ajuda para virar uma assassina? As opções são muitas e uma mais interessante do que a outra. O sádico Ramsay Bolton transformou Theon Greyjoy numa criatura sem alma ou emoções. Mas será que ainda existe alguma coisa do velho príncipe das Ilhas de Ferro dentro de Reek? Ou ele vai passar o resto de seus dias como um cachorrinho de Ramsey? Faz muito tempo que Winterfell não aparece na série. O que levantou a nossa curiosidade: como está a cidade? Já que a família Bolton é a nova líder do norte, faria todo sentido para eles reerguerem este símbolo da região. Outra opção é deixá-la às cinzas para apagar a memória dos Stark de uma vez por todas. Seja lá a decisão deles, gostaríamos de saber qual é. É um fato conhecido de todos que um leitor se distrairá com o conteúdo de texto legível de uma página quando estiver examinando sua diagramação. A vantagem de usar Lorem Ipsum é que ele tem uma distribuição normal de letras, ao contrário de “Conteúdo aqui,


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Prepare-se! O inverno está chegando! E a quinta temporada de Game Of Thrones também. A pequena garota Stark finalmente conseguiu se livrar do seu sequestrador Sandor Clegane — e agora está indo para Braavos encontrar seu velho amigo Jaqen H’ghar, com aquela moeda misteriosa. O que ela vai pedir a ele? Ajuda para reerguer Winterfell? Ajuda para matar todos seus inimigos? Ajuda para virar uma assassina? As opções são muitas e uma mais interessante do que a outra. O sádico Ramsay Bolton transformou Theon Greyjoy numa criatura sem alma ou emoções. Mas será que ainda existe alguma coisa do velho príncipe das Ilhas de Ferro dentro de Reek? Ou ele vai passar o resto de seus dias como um cachorrinho de Ramsey? Faz muito tempo que Winterfell não aparece na série. O que levantou a nossa curiosidade: como está a cidade? Já que a família Bolton é a nova líder do norte, faria todo sentido para eles reerguerem este símbolo da região. Outra opção é deixá-la às cinzas para apagar a memória dos Stark de uma vez por todas. Seja lá a decisão deles, gostaríamos de saber qual é. Faz muito tempo que Winterfell 38

não aparece na série. O que levantou a nossa curiosidade: como está a cidade? Já que a família Bolton é a nova líder do norte, faria todo sentido para eles reerguerem este símbolo da região. Outra opção é deixá-la às cinzas para apagar a memória dos Stark de uma vez por todas. Seja lá a decisão deles, gostaríamos de saber qual é. Muito se fala nas belezas de Highgarden, administrada pelos Tyrell, e em Casterly Rock, dos poderosos Lannister. São as duas famílias mais ricas de Westeros. Já está na hora da série mostrar como são essas cidades, não? O Montanha e o Hound estão numa péssima situação de saúde. Mas se até na vida real o 50 Cent sobreviveu a 9 tiros, por que na ficção estes dois personagens casca grossa não podem resistir aos seus ferimentos? É esperar para ver. No confuso jogos dos tronos, o bastardo Gendry Baratheon é um dos cidadãos de Westeros com mais argumentos para assumir o reino. O problema é que ele não tem apoio de ninguém — nem dele mesmo. Mas se alguém po-

Enfim o pequeno Bran Stark encontrou o Corvo de Três Olhos, que pelo jeito é um velho feiticeiro. Mas para que ele fez essa jornada toda? Para voar? Aumentar seus poderes telepáticos e ficar como o professor Charles Xavier? Outra questão é se o seu destino está relacionado ao de Westeros ou se a caminhada foi simplesmente de teor pessoal. O reino de Westeros é dividido, basicamente, entre quem suporta ou se opõe aos Lannister. No momento Tyrion está queimado com ambos. Para onde ele vai fugir, então? Braavos? Norte da Muralha? Brasil? Só Deus sabe. O todo poderoso Tywin Lannister morreu e o rei Tommen Baratheon ainda é uma criança. Quem vai dar as cartas em Porto Real agora? Criou-se um verdadeiro vácuo neste papel. Então teremos nesta próxima temporada, numa disputa paralela pelo trono, um verdadeiro combate pelo cargo de Mão do Rei. O inverno está chegando, como os Stark avisam há muito tempo. E pelo visto, os White Walkers terão um papel ativo nesta estação. Ao contrário do que parecia, eles não são simplesmente um grupo de zumbis da neve: descobrimos que eles são, na verdade, uma turma organizada que mais parece uma raça alienígena. O que eles estão fazendo com os bebês que sequestram?


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Fotos oficiais da quinta temporada. 39


Literatura

U M A N O V A L I T E R A T U R A, M E N O S B R A S I L E I R A ?

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Literatura Texto: Outras Palavras

“Cresciam as roças de cacau, estendendo-se por todo o sul da Bahia, esperavam as chuvas indispensáveis ao desenvolvimento dos frutos acabados de nascer, substituindo as flores nos cacauais”, descrevia Jorge Amado em Gabriela, cravo e canela, de 1958. “O trânsito fica horrível, a cidade, esse caos que está hoje, e além do mais eu acabo sempre perdendo o guarda-chuva”, escreveu Carola Saavedra quase 50 anos depois, em Toda Terça, de 2007.

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realidade brasileira mudou nas últimas décadas, e isso se reflete na literatura. Apesar da variedade de temas em meio a um país mais industrializado e globalizado, é possível apontar algumas tendências na atual geração de escritores. Se antes predominava um ambiente rural ou tropical, hoje as histórias se passam num Brasil urbano ou até mesmo fora de um cenário brasileiro identificável. Os jovens autores são menos preocupados com a identidade nacional. “Por muitos anos, essa identidade foi definida como um retorno ao campo ou ao Brasil ‘autêntico'”, diz o prefácio da edição O melhor dos jovens romancistas brasileiros da revista literária britânica Granta, de 2012. Já os escritores de hoje, “filhos de uma nação mais próspera e aberta, são cidadãos do mundo tanto quanto são brasileiros”. A Granta publicou trechos de 20 jovens autores, como Saavedra, Daniel Galera e Michel Laub. Estes e outros novos nomes figuram entre os 70 escritores que representarão o Brasil na Feira de Frankfurt deste ano. O equilíbrio entre autores consagrados e os da nova geração foi um dos critérios de escolha, afirma o crítico literá-

Autoficção, rasura do real e política.Costa Pinto aponta que, a partir da década de 1970, é difícil falar em homogeneidade na literatura brasileira, e o recorte geracional passou a ser simplesmente temporal. Mas ele reconhece a recorrência da temática urbana. “Existe uma tendência de se falar da experiência do indivíduo urbano, culto, de classe média, envolto com questões subjetivas e pessoais, mas tendo como pano de fundo – mais ou menos – a questão brasileira”, diz. A professora e crítica literária Beatriz Resende, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, também aponta “uma recusa do tema nação”. Assuntos como corrupção, violência e democracia podem aparecer, mas dispersos pelo cotidiano urbano. Como diz Costa Pinto, o foco não está no aspecto social e histórico brasileiro, e a narrativa se volta para questões “intrinsecamente pessoais do escritor”. Esse olhar voltado para si mesmo resulta em mais uma característica nos escritos da nova geração: a chamada autoficcção – ou seja, a ficcionalização da própria vida. É o caso da obra Filho eterno, em que Cristóvão Tezza romanceia a experiência como pai de um portador da síndrome de Down, ou de Diário da queda, em que Michel Laub mistura vida pessoal e a sua origem judaica com

elementos de ficção.Resende identifica ainda a tendência de “rasura do real”, ou seja, “desrealizar a narrativa realista”. Ela aponta como exemplo o drama íntimo e familiar de Barba ensopada de sangue, de Daniel Galera. “Numa narrativa formalmente realista até então, entra o horror, a figura tétrica do avô que deveria estar morto”, aponta a especialista. Menos realista e mais ensimesmada, poderia-se pensar que a literatura contemporânea também é menos politizada. A geração atual está, de fato, menos interessada do que a anterior em questões explicitamente políticas, como desigualdade social e ideologia. Os escritores mais jovens eram muito novos quando a ditadura militar chegou ao fim, nos anos 1980, e a luta pela liberdade tomou conta da sociedade brasileira. Mas, como destaca o crítico literário Miguel Conde, “a força política de um texto literário não depende do enredo”. Escrever sobre política não é mais falar explicitamente sobre ideologia, mas sim tratar de questões do cotidiano, como o papel da mulher na sociedade ou o cotidiano na cidades, concorda Resende. Um exemplo é o romance Cidade de Deus, de 1997, em que Paulo Lins tematiza o cotidiano violento do bairro carioca homônimo a partir da própria experiência como morador. Se quanto aos temas ainda é possível identificar tendências na nada homogênea geração atual, em termos formais e estilísticos há menos variáveis comuns. Um aspecto recorrente é a escrita em primeira pessoa, como aponta o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, professor de literatura da PUC-RS. “Os jovens hoje, de uma maneira esmagadora, falam na primeira pessoa.” Um consenso entre os especialistas é que os escritores brasileiros westão se profissionalizando. “Escritor nunca havia sido profissão no Brasil”, diz Resende. Era preciso exercer outra atividade para ganhar a vida. Hoje, cada vez mais autores buscam viver da literatura. É o caso de Saavedra, que se diz “escritora em 100% do tempo”, e de Luiz Ruffato, que deixou o jornalismo para dedicar-se somente à literatura. Além disso, Conde aponta que hoje o autor atua como um “vendedor do próprio texto”, percorrendo eventos literários, como a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), e participando de redes sociais para divulgar seu trabalho. 41


Literatura Texto e Imagens: O Chaplin e Livraria Cultura

4 escritores da nova literatura que você precisa conhecer.

Mãos de Cavalo (Companhia das Letras, 2006), de Daniel Galera. Que Barba Ensopada de Sangue que nada. O grande livro de Daniel Galera chama-se Mãos de Cavalo. Embora eu ache “Barba” um grande livro também, e talvez a questão aqui é que Mãos de Cavalo seja a introdução temática perfeita para o livro mais recente do escritor. Não é o romance de formação perfeito porque está longe de ser politicamente correto, e é esta sua maior qualidade. A forma como se lida com a violência, os relacionamentos, a imperfeição de nossas cidades. Um livro sobre o quanto é preciso se fazer para provar a si mesmo que se é homem, aos dez, aos quinze, ou aos trinta anos de idade. (Talvez o ideal aqui seja, depois, emendar a leitura com Barba Ensopada de Sangue.)

A Tristeza Extraordinária do Leopardo-das-Neves (Companhia das Letras, 2013), de Joca Reiners Terron. Difícil definir o estilo desse livro. Sobre a história, acontecimentos macabros no bairro do Bom Retiro, vistos por uma multiplicidade de personagens tão macabros quanto. Terron usa do fantástico e do horror para escrever uma metonímia da cidade de São Paulo, no microcosmo do bairro do Bom Retiro, que recebeu várias levas de imigrantes diferentes, de diferentes nacionalidades. É significativo o fato do maior observador dos eventos ser um insone, condição em que mal se diferencia se está desperto ou sonhando quando à noite, pois na noite de São Paulo tanto pode se acontecer que você pode acabar se perguntando se aquilo é a linguagem da literatura fantástica mesmo ou a constatação do real.

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Literatura

Vida de gato ( Editora 7 Letras, 2012) É um livro para quem quase morre de amor e não tem medo de viver de amor. Mesmo rejeitada, a personagem Camila não se entrega. Bebe sozinha no seu bar preferido ou com o amigo Miranda fazendo um tour pelos botecos. Camila sai à procura de seu homem, quer que ele se explique e espera algo mais do homem para quem se entregou. Sem dinheiro, sem casa e sem seu namorado, ela não titubeia. Sabe o que quer e só faz o que quer.

Diário da Queda (Companhia das Letras, 2011), de Michel Laub. Tido por muitos como o melhor livro brasileiro dessa nova safra, este é um romance corajoso. Sobre enfrentamento, trauma, perda. Mas sem choradeira. Aqui também temos uma ficção autobiográfica, em que o escritor entrelaça três gerações; ele próprio, o pai (com quem tem uma relação conflituosa), e o avô (sobrevivente do holocausto). A narrativa poderosa de Laub une as três histórias levando o leitor a conseguir juntar todos os pedaços em um só fio, no ponto decisivo do livro, mesmo o que pareça improvável.

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Texto: Revista TPM

Como fugir de uma discussão política? 1

Em família use todas as técnicas misturadas. Use o mantra: “É, é, é”. Concorde com coisas que não concorda, atenda ligações imaginárias e também oculte (finja que não está ouvindo o que aquele seu tio está falando) e bloqueie. Bloqueie internamente o que eles dizem, bloqueie a sua vontade de discordar. E, claro, oculte sua família no Facebook e não conte para eles que você tem Twitter. Aproveite essa ferramenta só para falar mal da sua família, do povo do Facebook, do táxi e do ônibus.

Fuja do TEXTÃO!

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Concorde. Com tudo. Sempre. Nas pausas da pessoa repita o mantra: “É, é, é”, enquanto faz a lista do mercado mentalmente. No caso de a pessoa apelar dizendo que o único jeito de melhorar o país é voltar com a ditadura, pegue o telefone imediatamente e finja que está falando com alguém. Tudo tem limite. Se você for corajoso, diga: “Meu pai foi assassinado na ditadura, prefiro não falar disso”. Mentirinha social.

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Não tenha Twitter. Se você tiver e nunca discutir política, você vai perder boa parte da diversão. Ou então você vai apanhar de graça mesmo. Um dia estará lá falando algo sobre a Lana Del Rey e alguém vai te responder: “Mas em época de eleições e você falando disso?”. Para esses casos, existe um botão mágico chamado bloquear.

E por ultimo, mas não menos importante: No Facebook existe um botão maravilhoso chamado “ocultar”. Com ele, você pode fazer desaparecer da sua timeline aquela pessoa mala que escreve coisas, a seu ver, absurdas. Ocultar salva vidas, amizades e relações familiares. E não é só na política. Se você não ocultar, pode cair em tentação de discutir com a pessoa. Não faça isso! O pior lugar para discutir política é o Facebook. A conversa nunca acaba, outras pessoas se metem e o que era chato vira um transtorno. Ah, não escreva nada, mas absolutamente nada em posts políticos de quem não concorda com você. Se resolver encarar, bem... aí é porque você está a fim de discutir e o problema é seu.


Livre de culpa. Livre de sacrificio animal.


coisa nova

Na primeira edição da revista e desta sessão, apresentamos o trabalho da linda e multitalentosa, Ingrid Lima, a melhor miga que qualquer pessoa poderia ter. Meritocracia é isso aí, queridos.


coisa nova





Coluna: Gregório Duvivier

É MENINA! Aproveita enquanto ela ainda não engatinha, isso daí quando começa a andar é um inferno É menina, que coisa mais fofa, parece com o pai, parece com a mãe, parece um joelho, upa, upa, não chora, isso é choro de fome, isso é choro de sono, isso é choro de chata, choro de menina, igualzinha à mãe, achou, sumiu, achou, não faz pirraça, coitada, tem que deixar chorar, vocês fazem tudo o que ela quer, isso vai crescer mimada, eu queria essa vida pra mim, dormir e mamar, aproveita enquanto ela ainda não engatinha, isso daí quando começa a andar é um inferno, daqui a pouco começa a falar, daí não para mais, ela precisa é de um irmão, foi só falar, olha só quem vai ganhar um irmãozinho, tomara que seja menino pra formar um casal, ela tá até mais quieta depois que ele nasceu, parece que ela cuida dele, esses dois vão ser inseparáveis, ela deve morrer de ciúmes, ele já nasceu falante, menino é outra coisa, desde que ele nasceu parece que ela cresceu, já tá uma menina, quando é que vai pra creche, ela não larga dessa boneca por nada, já podia ser mãe, já sabe escrever o nomezinho, quantos dedos têm aqui, qual é a sua princesa da Disney preferida, quem você prefere, o papai ou a mamãe, quem é o seu namoradinho, quem é o seu príncipe da Disney preferido, já se maquia dessa idade, é apaixonada pelo pai, cadê o Ken, daqui a pouco vira mocinha, eu te peguei no colo, só falta ficar mais alta que eu, finalmente largou a boneca, já tava na hora, agora deve tá pensando besteira, soube que virou mocinha, ganhou corpo, tenho uma dieta boa pra você, a dieta do ovo, a dieta do tipo sanguíneo, a dieta da água gelada, essa barriga só resolve com cinta, que corpão, essa menina é um perigo, vai ter que voltar antes de meia-noite, o seu irmão é diferente, menino é outra coisa, vai pela sombra, não sorri pro porteiro, não sorri pro pedreiro, quem é esse menino, se o seu pai descobrir, ele te mata, esse menino é filho de quem, cuidado que homem não presta, não pode dar confiança, não vai pra casa dele, homem gosta é de mulher difícil, tem que se dar valor, homem é tudo igual, segura esse homem, não fuxica, não mexe nas coisas dele, tem coisa que é melhor a gente não saber, não pergunta demais que ele te abandona, o que os olhos não veem o coração não sente, quando é que vão casar, ele tá te enrolando, morar junto é casar, quando é que vão ter filho, ele tá te enrolando.

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liberte-se da exploração animal



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