Revista Bá número 8

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POR

MARIANA BERTOLUCCI

OUTUBRO/NOVEMBRO 2014 - N° 08 - R$ 7,00

SHIRLEY MALLMANN Bela, simples e bem-sucedida, a modelo gaúcha fala dos filhos, da moda e dos planos de voltar ao Brasil

TELMO e ALEXANDRE REIS Trama de trabalho, dedicação e doação

HELLÔ CAMPOS Exuberância e charme pelo mundo

MICHELI SCARIOT Juventude e atitude na cultura da Serra Gaúcha

PHILIPPE REMONDEAU O sabor mais gaúcho dos franceses


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editorial

sumário

SALVE RAINHA

Salve, Rainhas! Boa leitura, Mariana Bertolucci 04 |

06 SHIRLEY, A PRIMEIRA, A TOP RAINHA

A minha história é do século passado. Eu, uma afoita repórter de Zero Hora estreando na cobertura de sucursal de praia num dos últimos anos da década de 90. A única imagem que me daria a capa do jornal tinha 1,80m de altura, olhos azuis e era a primeira modelo brasileira a ficar famosa nas passarelas do mundo. Gaúcha de Santa Clara do Sul, Shirley Mallmann não fazia ideia do quanto era importante, para muitos repórteres como eu, o fato de ela escolher Capão da Canoa para passar o Réveillon com a família. Depois de investidas diárias, muita confusão (sim, eu praticamente já fazia invasões diárias a casas, jardins e barracas na areia de veranistas loiros e altos), percorridas a imobiliárias, areia, ruas e ruas devagar, de carro, agachada, a pé, de bicicleta. Tudo atrás das possíveis casas alugadas pelo Clã Mallmann. Protagonizamos a perseguição, eu dirigindo e o meu querido e talentoso colega retratista José Doval de canhão na mão. Nos unia a imensa necessidade de fazer um registro da modelo brasileira mais famosa do mundo em Capão da Canoa. A foto não ficou a melhor, até por isso paramos na contracapa. Mas clicamos Shirley Mallmann na Paraguassu em frente ao Banrisul, com chuva e toalha na cabeça. História que lembrei subindo o elevador que me levou ao quarto de hotel onde quase 20 anos depois encontrei a diva. O papo supergostoso com nossa musa fashion foi cheio de simples e emocionantes reflexões sobre a vida fora daqui, a família e a carreira. Além da bonita história da top gaúcha, na coluna de Orestes de Andrade você vai saber como foi o Baile Imperial do século 19 que o Spa do Vinho organizou e ofereceu. A produtora de moda Elene Abrahão também enfeita as páginas desta edição, além da gata Júlia Fleck, nossa nova colunista. Ivan Mattos ainda nos presenteia com Ana Lonardi, outra diva que está ganhando palcos e aplausos. Patricia Urquiola é a designer espanhola que reina quase absoluta no universo masculino de designers talentosos, como nos conta um deles, o nosso orgulho e colunista Henrique Steyer.

Cinderela contemporânea


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Presença na voz

Olhar curioso

Editora: Mariana Bertolucci Projeto e ExecuÇão: TAB Marketing Editorial www.tabeditora.com.br

CIDADÃO DO MUNDO

SOTAQUE BRASILEIRO

O Mais gaúcho dos franceses

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O TEMPO DA DELICADEZA

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Diretoria: Mariana Bertolucci mail: mariana@revistaba.com.br Simone M. Pontes mail:simone@tabeditora.com.br

Editora de Moda: Isadora Bertolucci Marketing e Comercial: Denise Dias Tel: (51) 9368.4664 Mail: denise@revistaba.com.br

No controle da prole

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Doce contemplação

BELEZA CIRCULAR

LÁ NOS FUNDOS DO PUPPI

DINÂMICA E CONTAGIANTE

Revisão: Renato Deitos

A revista Bá não se responsabiliza pelas opiniões expressas nos artigos assinados. Elas são de responsabilidade de seus autores. Todos os direitos são reservados.

Sabor e charme rústico

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Colunistas: Ana Mariano André Ghem Claudia Coutinho Claudia Tajes Cristie Boff Danilo Aranha Fabiana Fagundes Flavia Mello Henrique Steyer Jaqueline Pegoraro e Carol Zanon Julia Fleck da Rosa Ivan Mattos Lígia Nery Lívia Chaves Barcellos Marcelo Bragagnolo Marco Antonio Campos Orestes de Andrade Jr. Pati Leivas Silvana Porto Corrêa Verônica Bender Lima Vitor Raskin Vitório Gheno

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capa

SHIRLEY PRIMEIRA, A TOP RAINHA Fotos Raul Krebs e arquivo pessoal

Uma hist贸ria de contos de fadas. A menina que virou Cinderela nas passarelas conta que adora o seu jardim e que tem projetos para voltar ao Brasil.

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Era quando aterrissava nos Pampas que Shirley percebia a repercussão de seu trabalho

Quem lembra da história da menina linda, comprida e pobre do interior que virou modelo internacional, conheceu um príncipe encantado e viveu feliz para sempre? Pois é, a dona da abóbora transformada em carruagem e primeira gata borralheira gaudéria que virou princesa no insensado mundo fashion atende pelo nome de Shirley Mallmann. Nascida em 15 de fevereiro em Santa Clara do Sul no ano de 1977, do alto de sua admirável humildade, ainda que orgulhosa da surpreendente trajetória profissional que em 2014 completa 20 anos, ela nega os rótulos de ícone ou referência. Mesmo que pela descrição do site Wikipédia a estonteante loura seja descrita como “...uma modelo brasileira. Foi a primeira grande top model do Brasil, abrindo caminho para as modelos brasileiras no exterior.” Pois bem, antes da fama, ela trabalhava numa fábrica de sapatos na cidade vizinha à sua, Lajeado: “Quando fui para Nova York, meus pais não tinham nem telefone, então não tinha como eu

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falar com eles. Não tinha internet, não tinha Skype, não tinha nada”. Depois de dois anos por lá, conheceu o marido, o cabeleireiro norte-americano Zaiya Latt, e com ele teve Axil, 12, e Ziggy, 6: “Até conhecê-lo, só trabalhava. Chegava em casa, assistia TV pensando em aprender inglês e ia dormir. Não tinha vida

social porque não conhecia nada e não havia brasileiros por lá. Foi difícil me enturmar, eu trabalhava muito e foi tudo muito rápido, e como não tinha internet, não sabia das coisas do Brasil”. Somente quando a bela pisava no Aeroporto Salgado Filho e protagonizava cenas de perseguição, flashes roubados


e assédio da imprensa é que percebia que algo estava acontecendo. E era com ela. Imortalizada como modelo do primeiro perfume de Jean-Paul Gaultier, a gaúcha estrelou o Calendário Pirelli e desfilou para Dolce & Gabbana, Valentino, Armani, Helmut Lang, Dior e Prada, entre muitos outros. Radicada há 18 anos nos EUA, aos 17 acompanhou uma colega de fábrica num curso de modelos onde caiu nas graças do competente profissional da moda Xico Gonçalves. Desde então, emendou um trabalho no outro. Modesta, Shirley acha que estava apenas no lugar certo e na hora mais certa ainda. Se não fosse ela a despontar feito um foguete de Santa Clara para Nova York, seria qualquer outra gaúcha promissora. Nós não concordamos, Miss Mallmann. Acreditamos que ninguém daria melhor esse pontapé inicial no disputado celeiro brasileiro no cobiçado mundo fashion. E quando a pergunta para nossa Cinderela dos Pampas é sobre ser mãe novamente, ela não balbucia: “Por enquanto, não. Meu marido adoraria ter uma menina, mas é muita coisa. Já é

difícil, sabe, essa coisa de ser mãe, viajar, esposa, casa, é complicado”. Sim, sabemos, Shirley. Sabe o que faz da nossa top rainha fashion ainda mais encantadora, fascinante e saída de carne e osso de um conto de fadas? É que ela transita com igual elegância e prazer na passarela, onde vira estrela do jet set, no estúdio, na cozinha ou jardim da casa onde mora em Long Island, com a mão na terra cuidando das plantas. Prepara o café da manhã e o lanche da escola, limpa a cozinha, faz almoço, ajeita a casa e arruma a janta. No meio da entrevista, toca o celular e é Axil, que estava com dor de cabeça longe dos pais. Ela engata uma pergunta na outra: “Better? Do you taking something? Are you better? Are you drinking water? Listening to me. Are you feeling better, ok? Call me after. I Love You, babe...”. Em seguida, ela me olha com um misto de alívio por ouvir a voz do filho melhor e ainda instigada com seu mal-estar: “Está estranho isso, algo está acontecendo. Vou investigar, ele está me mandando algum recado, alguma ansiedade...”. Seguimos e ela me conta que ainda consegue ir à aca-

demia, que gosta de ioga e pilates, tomar café com os amigos e que pensa no futuro. Sobre isso, a única certeza é que deseja voltar para o Brasil com a família e com algum projeto relacionado à moda: “Quanto mais tempo passo no Brasil, mais aprendo sobre o que é possível fazer. Algo com moda, porque é o universo que aprendi, é só o que sei fazer...”. Também discordamos que seja só isso, Miss Mallmann. Revista Bá – Como você dribla a ansiedade feminina de ser mãe, trabalhar, cuidar da casa e fazer tudo ao mesmo tempo? Shirley – Desligar o telefone é uma boa. Me ajuda muito e devo fazer isso uma vez por semana. Perco meu telefone, das 17h da tarde até às 10h do dia seguinte, porque sou viciada em telefone. Bá – Por que a família mora longe? Shirley – É, também porque estou sempre checando e-mail e parece que, quando você não para, ninguém para. Então, uma hora você tem que parar. Leio bastante, isso ajuda. Assisto a filmes com os

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meus filhos, ou a um programa de TV gravado que está lá esperando para ser visto em algum momento especial. Bá – Você sente culpa em alguns momentos por trabalhar longe dos meninos? Shirley – É, há cinco minutos meu filho ligou dizendo que está com dor de cabeça. Estou aqui, meu marido em Manhattan, há duas horas de casa. Nós moramos na praia, a babá não atende o telefone, e um amigo meu, que vai lá em casa cuidar dos cachorros, está sem carro para pegá-lo na escola. E ele está lá com dor e sempre acontece quando estou viajando e

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meu marido trabalhando. Daí bate a culpa. Bá – Quando e como foi mudar para Nova York? Shirley – Me mudei para Nova York em 1996, tinha acabado de fazer 19 anos. Sempre morei lá e viajei a Europa toda. Sinto saudade da família, da cultura, porque os norte-americanos são um pouco frios. Não sei se frios é a palavra certa, mas lá é tudo planejado. Eles se falam por e-mail. Tudo por e-mail. Sempre tem que estar correndo muito, todo mundo sempre trabalhando, não é aquela cultura aconchegante de família, que um bate na porta do outro e vem tomar chimarrão. A família se

Shirley sente falta da cultura do Rio Grande do Sul e do aconchego da família


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A vida lá fora tem que ser mais planejada, tudo é mais prático e corrido.

encontra e faz um churrasco, não existe isso. Porém, é prático esse estilo de vida quando você é uma pessoa que viaja, que tem filho, tem que planejar tudo e ser organizada. Então, tem um lado que ajuda, mesmo sendo um pouco mais fria, mas ajuda a você se planejar. O resto da semana vai ser assim e assado. Nós dois, infelizmente, não temos rotina, nunca sei para onde vou na próxima semana. Ainda mais depois que você tem uma família, mas tentamos o máximo possível deixar tudo certinho porque temos dois filhos. A rotina deles fica, e nós nos quebramos com a nossa, eu e o marido (risos). Bá – Dá para contar com a sogra norte-americana? Shirley – Sim, mas minha sogra tem 81 anos. Com o Axil ela ajudou muito. Foi um dos motivos por que nos mudamos para Long Island, porque eles moravam há 20 minutos. Ela ajuda muito ainda, mas agora operou a coluna, e ficou mais complicado.

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Bá – Como foi optar por virar modelo? Shirley – A minha família era muito humilde e não tinha muita opção de ganhar dinheiro em Santa Clara do Sul. Meus pais não tinham renda para nos pagar uma faculdade. Bá – Trabalhava já antes? Shirley – Sim, trabalhava

numa fábrica de calçados. Quando eu peguei o meu primeiro trabalho em Porto Alegre, meu salário na fábrica, na época, acho que era R$ 150 mensais. Eu fiz um comercial da Renner que pagou R$ 400 para filmar um dia. Nossa! Foi aquela coisa, meu Deus do céu, eu pensei, nunca mais quero voltar para aquela fábrica. E se realmente eu


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Quando me chamaram para ir para São Paulo, foi bem difícil, porque eu e meus pais não tínhamos dinheiro nenhum...

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campanha da Fórum e me chamou para várias campanhas e acabou me levando para trabalhos fora do Brasil.

pudesse trabalhar como modelo, eu queria tentar. Mas naquela época não tinha essa onda de modelo brasileira fazer sucesso lá fora como hoje. Não sabíamos se ia dar certo. Quando me chamaram para ir para São Paulo, foi bem difícil, porque eu e meus pais não tínhamos dinheiro nenhum para me mandar para São Paulo e não sabíamos o que ia ser. Como eu tinha feito alguns trabalhos aqui em Porto Alegre, conheci pessoas muito bacanas e comecei a me guiar por elas. Tive muita sorte, sempre pessoas muito boas pintaram no meu caminho para me ajudar.

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Bá – Xico Gonçalves foi um deles, né? Shirley – Muito. Um muito especial. Uma pessoa que tem um coração de ouro, até roupa ele me deu quando saí de Porto Alegre. Logo que cheguei em São Paulo, morei com um monte de modelo e logo comecei a trabalhar. O que foi bem bom. A Regina Guerreiro me viu num casting na minha primeira semana de moda em São Paulo, e dali ela me “bookou” para fazer capa de Elle. Desde então, comecei a trabalhar bastante. Antes mesmo de sair do Brasil, depois de um ano, uma fotógrafa alemã chamada Ellen Von Unwerth veio fazer uma

Bá – Era esse o seu sonho? Shirley – Na verdade, meu sonho era ser uma mulher independente, com meu dinheiro próprio, com meu apartamentinho e o meu carrinho. Bá – Então, já realizamos? Shirley (Risos) – É, esse era o meu sonho. Bá – Como eram outros tempos, você não tinha nos primeiros meses a real dimensão do sucesso que estava fazendo no Brasil e que era a primeira modelo brasileira conhecida no mundo da moda. Você chegou a ficar assustada em alguma situação? Shirley – Uma vez cheguei no Sul e não conseguia chegar na frente da casa dos meus pais de tantos


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carros. Era a Caras, a Veja, IstoÉ, Zero Hora, RBS. Foi uma loucura, um carro atrás do outro, eu escondida dentro de casa, não sabia o que fazer. O pai e a mãe dando chimarrão, chamando o pessoal, atendendo todo mundo. Eu não entendia nada daquilo, a Ana, minha irmã, ia lá fora. Parece que não era comigo tudo aquilo. Essa parte que foi difícil de viver, porque eu não sou esse tipo de pessoa. Sou fechada, isso foi complicado, porque eu não gosto da minha vida pessoal exposta daquele jeito. Bá – Você manteve essa postura reservada ao longo da carreira, né? Shirley – Um dia, cheguei no aeroporto e vazou que eu tava chegando. Foi quase uma perseguição. Acho que sim, eu tento. Porque eu adoro a minha família, adoro os meus amigos, adoro sair, adoro Santa Clara, beber um vinho, me sentar num restaurante. Quero ter uma vida tranquila, gosto de me sentir confortável e à vontade, fazendo as coisas que me dão prazer. E aceitar isso foi difícil no começo para mim. Claro, fui entendendo e fazendo algumas escolhas, percebi que isso

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agora fazia parte da minha vida e aprendi a lidar e a escolher como fazer. O que eu posso fazer e como eu posso fazer. Porque eu sei que eu tenho que viver a minha vida, e também que preciso aproveitar as coisas boas da carreira que escolhi. Entendi que é uma coisa boa, um orgulho para mim. E hoje tenho orgulho do que me tornei. Você aceita como parte de você, gostando e aprendendo a dividir e a conviver com essas coisas. Bá – Eram tempos de início da febre pelas celebridades e as perseguições dos paparazzi no Brasil... A carreira de modelo se profissionalizando justamente neste momento e as tops fazendo parte desse universo. Como foi ser, de certa forma, uma das pioneiras desse way of life? Shirley – As pessoas não sabiam e não conheciam como e o que era ser modelo. Era ignorância geral. Aquilo que não sabemos, não entendemos. Meus pais também ficaram assustados de me largar sozinha em São Paulo. Aos poucos, quem leva a sério percebe que é uma carreira profissional que era pou-

co conhecida. Não tinha internet, o que eles tinham eram algumas revistas de referência. A profissionalização das modelos vem acontecendo há algum tempo. O Brasil hoje é um grande polo de moda. Não só de modelos, mas de fotógrafos, estilistas, maquiadores, toda a área fashion do Brasil cresceu muito com os desfiles. Paulo Borges tem um papel importante nesse contexto. Era mais um hobby, eu acho. Não se vivia da carreira de modelo na época em que eu comecei. Até se podia viver, mas era um curto tempo. Era bem diferente. Bá – Como você se sente fazendo parte desse divisor de águas e sendo uma referência para uma carreira que hoje é o sonho de meninas no País e no mundo todo? Shirley – Acho que já surgiu tanta gente, tantos talentos no fashion brasileiro, que não tenho direito de me sentir referência. Bá – Mas foi a primeira... Shirley – É legal, mas em seguida já vieram tantas outras que acho que era algo que estava para acontecer a qualquer momento. Eu tava no lugar certo, na hora


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Ser mãe e modelo foi mais um dos desafios que Shirley venceu

engravidou”. Algumas pessoas se encorajavam com a minha história. Se eu, que era modelo, e em tese era complicado engravidar, tinha engravidado, elas também iam engravidar. Foi uma coisa legal para mim isso, eu representar isso.

certa. Foi muito uma questão de sorte e de saber aproveitar a oportunidade quando ela cai no seu colo. Bá – Você inovou na maternidade também, dentro de um contexto da época em que as modelos adiavam o sonho de serem mães e muitas até abriram mão. Shirley – Na minha época, tinha um tabu. Na verdade, não sabia como ia ser porque a minha primeira gravidez foi um acidente. Quando descobri, fiquei um pouco apavorada, até porque na minha agência nenhuma outra modelo tinha engravidado ou tido filho. Foi aquele telefone-

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ma: “Gente, tô grávida!”. Graças a Deus, tinha um grupo de clientes que já trabalhavam e conviviam comigo que não mudou nada. Segui trabalhando. O que mudou foi a falta de tempo, a correria. Fiz escolhas diferentes e mudei a minha rotina de trabalho. Mas continuei trabalhando, e isso também foi sorte. Acho que foi uma época em que o mercado mudou e as clientes começaram a querer se aproximar mais das modelos. Nesse sentido, consegui passar uma ponte de ligar a mulher moderna, a mãe que trabalha, à profissional modelo. E um pouco criou-se isso. Eu ouvia muito “que legal que tu

Bá – Você tem conseguido cada vez mais pelas suas escolhas estar mais aqui no Sul e no Brasil. Trazendo os meninos para o seu país e a sua família. Como você conduz essas escolhas? Shirley – Na verdade, meu sonho é voltar a morar no Brasil. Então, aos poucos eu quero trazer mais minha família, me enturmar mais de novo. Fiquei muito tempo fora, sem trabalhar quase no Brasil. Porque eu trabalhava muito lá fora e não dava muito tempo de vir. As crianças eram menores, a viagem longa. Quando eles começaram a ficar mais velhos e independentes, e a falar quando algo incomoda, eu me senti mais confortável de deixá -los. E aí começaram a rolar alguns trabalhos no Brasil, com algumas pessoas incríveis que admiro, desfiles


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A agenda de Shirley é pautada por seus filhos. Ela procura estar sempre junto deles

de novo que não fazia há muito tempo. Com profissionais que gosto muito não só como profissionais, mas também como pessoas. Com quem eu sempre quis trabalhar ou voltar a trabalhar. E aí foram rolando mais e mais e foi indo. Está muito bom. Consigo me sentir em casa um pouco mais. Bá – Essa volta tem uma data, algum projeto em especial? Shirley – Não, não é um projeto de voltar apenas. Uma hora. Bá – O marido é seu parceiro? Shirley – Sim, tem o colégio das crianças. Eles são bilíngues, mas não falam e escrevem, só entendem. É uma das coisas das quais eu sinto culpa. Por não ter insistido mais no português. O Axil entende e fala tudo, mas o Ziggy já é um pouco mais complicado. Ele se recusa a falar, e diz: “Não estamos no

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Brasil”. Meu marido entende superbem, é bom de línguas, fala fluente também o francês, que ajuda. Bá – Qual o seu critério para aceitar um trabalho? Shirley – O critério maior é ser para e com pessoas de quem eu gosto e admiro. Bá – Mais editoriais ou passarela? Shirley – Um pouco dos dois. Minha agência já liga quando oferece o trabalho: “Ó, é com fulano, beltrano e sicrano”, e já decido ali mesmo. Bá – O que sente falta daqui? Shirley – Sentar na roda de chimarrão na frente de casa domingo de tarde e ver os carros passarem. Escutando um som, com carro aberto, esses dias fizemos isso em Santa Clara. Bá – Você consegue ir sempre a Santa Clara nas suas vindas?

Shirley – Todas as agendas são planejadas pelas crianças. Às vezes, ele tira a semana e não trabalha porque eu estou no Brasil trabalhando, e, por mais que queira dar um pulo na minha cidade, não dá, porque eu tenho que voltar e ele já tem que sair para trabalhar. É assim. Tentamos não deixar as crianças à noite com babás. Sempre com um de nós. Bá – Como é a sua rotina lá nos Estados Unidos? Shirley – Os dois estudam e pegam aquele ônibus amarelo na esquina de casa. Moramos numa casa. Eu que preparo o café deles, faço lanchinho, levo na esquina. Como os horários são diferentes, coloco um no ônibus, volto e preparo o outro. Daí, olho a cozinha e é aquela explosão. Empregada não é algo comum. Faço comida, bolo, que eles adoram, cuido do jardim, então eu planto e mantenho. Não almoçamos todos os dias, é mais uma saladinha, um lanche. Lá a hora da comida é a da janta. O Axil chega às 15h30 e o Ziggy


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Criada para ser

cartola_normal capa independente, nossa

Cinderela acreditou em seus sonhos e sempre lembra do que seu pai lhe ensinou

chega às 16h, e às 17h30, 18h, estamos jantando. Tentamos sempre sentar todos juntos para saber o que está acontecendo na vida um do outro. Bá – E se você não tem trabalho, faz essa vida de casa? Shirley – É, faço as coisas por casa, vou à academia, gosto de pilates e ioga. Visito alguns amigos, tomo um café. Faço compras. Tenho relação com poucas pessoas da cidade, algumas amigas modelos que moram mais perto, mas a maioria dos meus amigos mora em Manhattan. Bá – Tem alguém que você admira muito? Shirley – É difícil essa pergunta, porque tem tanta gente bacana que a gente acaba conhecendo durante a vida. Você vai pegando certas coisas, e boas, das pessoas. Como uma faz isso, ou como aquela faz aquilo. Vai começando a admirar muitas delas. O meu pai eu admiro muito, se fosse para falar de uma pessoa só. Ele sempre apoiou a mim e aos meus três irmãos. Fomos criados para sermos

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independentes. Fomos criados para fazermos o que quiséssemos. Ele sempre acreditou junto e nos deixou ir atrás dos nossos sonhos, sem deixar de cultivar a essência e as coisas boas. Ele sempre nos orientou sobre os riscos que encarávamos na vida. Nunca disse não, mas dizia bem sério: “Vai, mas pense no que é certo e no que é errado. Você tem que se olhar no espelho e se sentir bem”. Bá – Você parece bem família e bem orgulhosa das suas origens. Você conseguiu ajudar os seus pais e a família no início da carreira? Shirley – Nossa família sempre foi muito unida. A Ana nasceu um ano depois de mim e eu sou a mais velha, dividimos tudo, o quarto, a cama, tudo. E sempre vimos tudo o que nossos pais passaram,

como eles batalharam para nos criar. Mas sempre com muito amor, dando opções, “encouraging”, como eles dizem aqui. Incentivando a gente, dando opções para a gente mesmo sabendo que pouco podiam fazer. Bá – Poderia ter feito algo diferente em algum momento? Alguma coisinha sempre tem. Shirley – Muitos, mas não olho para trás, se tivesse feito outras coisas, talvez não teria a minha vida. Acabo não me arrependendo de nada, porque todas as escolhas que eu fiz, as certas e as erradas, me trouxeram a vida que tenho hoje. Não que a minha vida seja perfeita, mas eu não mudaria nada na minha vida. Todas as escolhas me guiaram. Bá – O que realiza você? O que deixa você muito feliz?


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O que aquece a sua alma? Shirley – Eu acho que sempre volta à família, à saúde, ao amor. Ao vínculo, Hoje o Axil tem 12 anos, e o Ziggy tem 6, não tem coisa melhor que a gente ter uma conversa com eles na hora do jantar, saber como estão. E pensar, nossa como a gente se dá bem, não tem ninguém doente, ninguém brigando, a comida não queimou, tá tudo ok (risos). Bá – Como você se define? Shirley – Reservada, contida, não sou tímida, mas poucas pessoas me conhecem como eu sou. Não é nem que eu queira ser desse jeito, mas eu sou. Mas adoro uma boa festa com os amigos, dançar um monte, amo trabalhar, a minha família. Sou otimista, eu acho. Bá – Qual a sua sensação sobre o País como brasileira que mora fora? Shirley – Acho que o Brasil tem jeito e eu torço. Acho que as pessoas estão entendendo que, se unindo, aos poucos a coisa pode acontecer. Antes, eram cheias de medos e de controle sobre as pessoas, se eu fizer isso vou perder

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meu emprego. Tem que focar na educação, né? Acho que o Brasil está crescendo e sendo mais bem visto fora. Todo norte-americano que eu conheço quer vir conhecer o Brasil. Na verdade, a gente que sabe como as coisas acontecem aqui, sabe que não é bem assim, que os problemas continuam. Eles, não. Bá – E sobre a espionagem e a monitoração virtual norte-americanas? Shirley – Na real, todo mundo monitora todo mundo. Ainda mais quando tem alguma coisa que alguém pode tirar de alguém. Bá – Tem algum estilista queridinho por quem tem um carinho especial? Shirley – No caso nas minhas relações com Alexander McQueen e John Galliano, misturou o pessoal com o profissional, não vejo como substituí-los. Sobre Galliano, sei que se recuperou muito, se arrepende, ficou bastante tempo num Rehab e está começando do zero. Poucos estendem a mão para ele. Bá – E modelo? Shirley – Quando era menor, amava a Linda Evangelista, sempre achei a

mais linda, Uma camaleoa, pintava o cabelo de todas as cores e ficava incrível, sempre foi a que eu mais gostei. Bá – Você se aproximou de alguma dessas pessoas que admira, pela carreira comum... Shirley – Dele, Galliano, me aproximei bastante e viramos amigos. Como já na época ele exagerava, e não tinha muito a ver comigo, acabamos nos afastando. E um fotógrafo que já morreu, pessoas do meio fashion incríveis que acabei tendo oportunidade de conhecer com o coração muito bom. Bá – O que deixa você chateada no comportamento das pessoas? Shirley – Sabe quando uma pessoa não trata a outra bem pelo simples fato de não ser educado? Que se acha melhor que os outros? Numa ocasião, uma pessoa que jantava comigo tratou mal um garçom, e fiquei com vontade de voar no cara. Daí, parece que eu quero levantar e dar um abraço no garçom. Me irrita demais tratar mal quem é mais simples. Isso se chama prepotência, e é uma coisa tão feia... Me deixa muito chateada e brava. MB


Foto: Charlene Cabral

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BĂĄ, que delĂ­cia

O chef francês Philippe Remondeau escolheu Porto Alegre para morar e ele trouxe na bagagem toda uma herança de sabores.

SOTAQUE BRASILEIRO Por Simone M. Pontes Fotos Eduardo Carneiro

Philippe Remondeau não fugiu à tradição familiar. Nascido em Bagnols-sur- Cèze, em Avignon, sul da França,

no berço de uma família totalmente ligada à gastronomia, seria surpreendente se o rapaz trilhasse outro cami-

nho. Os pais eram donos de um charmoso hotel-restaurante; o avĂ´, de uma confeitaria e padaria em Paris;

Atum marinado com abacate e chuchu Ingredientes: t J GH ILOH‘ GH DWXP t OLPDaR 7DLWL t FKXFKX t DEDFDWH SHTXHQR DYRFDWR t WRUUDGDV FRPSULGDV t J GH JHQJLEUH t PO GH D]HLWH GH ROLYD t VDO H SLPHQWD GR UHLQR D JRVWR

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Na cozinha do Chez Philippe a dedicação ao melhor resultado é o principal ingrediente

o tio era pâtissier... Crescer rodeado por aromas e sabores despertou em Philippe o interesse pelo ofício, dando continuidade ao caminho percorrido pelas gerações anteriores. Ele começou seu aprendizado no Relais et Chateau Le Vieux Castillon. Em seguida, trabalhou como cozinheiro quando serviu em Marselha. Londres também lhe reservava uma surpresa do coração. Lá, conheceu a brasileira Norma, com quem casou na França; permaneceu por mais dois anos como chef do La Coupole, restaurante administrado até hoje pela sua família. Norma teve um papel determinante em sua trajetória. A paulistana queria ficar mais perto de sua família e resolveu voltar ao Brasil. Ele veio junto. Em São Paulo, no ano de 1992, Philippe

iniciou uma nova etapa na carreira. O primeiro restaurante em que trabalhou foi o La Tambouille, depois veio O Leopoldo. Em 1995, outra oportunidade profissional. Dessa vez em Porto Alegre. participar de um festival de gastronomia no Hotel Plaza São Rafael, Philippe veio e trouxe a esposa para conhecer a cidade. Norma gostou, e o casal resolveu ficar na capital gaúcha. Durante cinco anos

o chef comandou o badalado restaurante da rede Plaza, o Le Bon Gourmet. O ano de 2000 representou mais um marco profissional. Estava na hora de voar mais alto. E assim, o restaurante Chez Philippe abriu suas portas. Nestes 14 anos de casa cheia e muito trabalho, o chef ainda se dedica a levar curiosos viajantes ao sul e sudoeste da França e ainda ministrar aulas aos que se aventuram nas panelas.

1) Corte o atum em cubos de 1 cm. Coloque-os em uma bacia e esprema o suco do limão sobre os cubos de atum. Tempere com sal, pimentado-reino e com o gengibre picado. Deixe marinar por 1 hora. Corte o chuchu e o abacate em cubos iguais aos do atum. Quando o atum estiver marinado, adicione os cubos de chuchu e abacate e o azeite de oliva. Para servir, coloque em um copo com torrada.

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Bá, que viagem

CIDADÃO DO MUNDO De alma inquieta e olhar curioso, José Marcos Guimarães já percorreu boa parte do mapa múndi. No momento, de mala e cuia por Porto Alegre, inaugura em breve com André Antunes um novo espaço de cultura, a minigaleria e loja de fotos Major Tom 28 |

Ficar entre quatro paredes nunca foi o programa predileto de José Marcos Guimarães, o Baco, como é carinhosamente chamado: “Até o trânsito e ficar horas num carro me provoca uma certa fobia”. Antes de optar pela Comunicação Social e graduar-se em Publicidade e Propaganda, Baco trabalhou em banco. Foi nessa época que sentiu o desejo de colocar a mochila nas costas. Então, o guri de 17 anos que escutava Ipanema e frequentava o Taj Mahal e o Ocidente enfiou na cabeça que, se o Collor ganhasse a eleição, ia embora do Brasil. Não deu outra. A ideia inicial era ir para Londres, mas como uma amiga morava em Amsterdã, decidiu passar lá as duas primeiras semanas. Ficou três anos: “Nessa época, conheci Andaluzia, na Espanha, Paris, e outros lugares lindos. Amsterdã é o máximo”. Nesse tempo, fez de tudo um pouco para se manter, conheceu uma turma que trabalhava com colheita de maçã no norte da Itália e foi para lá que foi, na região de Trentino: “Trabalhávamos em pequenas propriedades e à noite acampávamos na beira do lago Santa Giustina. Foi um tempo demais, vi Nirvana antes de ficar famoso na MelkWeg”. Aos


25 anos, desembarcou no Salgado Filho com a ideia de tirar o passaporte italiano e voltar para estrada. Deixou embasbacadas as tias todas com um corte moicano, calças rasgadas e um estilo que ainda assustava na Porto Alegre dos anos 90. Acabou engatando uma nova aventura no norte de Minas Gerais com o pai e não menos aventureiro José Joaquim de Lima Guimarães, talentoso especialista da saúde pública e músico apelidado de Zequinha Guanabara: “O pai comprou umas terras por lá. Trabalhei de tratorista e quase casei. De lá fui direto para Londres, trabalhei como subchef de cozinha, mergulhei na música eletrônica e ia ao Club Dog”. De volta a Porto Alegre, formou-se na

Famecos, passou pela Dez Propaganda e, em 2007, fez malas para Cuba, também acompanhado do pai, que queria conhecer o sistema de saúde pública do país de Fidel Castro. Aliás, é da infância que Baco recorda os primeiros sinais de paixão por viajar. Com o pai, a mãe Maria Beatriz Mariante Brutto e os três irmãos menores, acampava no Morro da Preguiça em Garopaba, e se lembra de um joguinho sobre viagem e as primeiras e emocionantes expedições pela exuberância natural do balneário catarinense. Sua viagem mais recente foi para a Austrália. Morou em Perth com a namorada, que foi convidada para trabalhar lá: “Bom, ela não precisou me convidar duas vezes”. De 2008 a 2012, Baco mirou

seu olhar curioso ao continente australiano. De volta à capital gaúcha, Baco se reapaixonou pela fotografia. Antes das viagens todas, fez um curso no Senac, aos 17 anos. O projeto agora é uma minigaleria/loja de fotografias batizada de Major Tom, homenageando uma canção de Bowie. Com o fotógrafo André Antunes, deve abrir as portas do novo espaço de cultura da cidade na Galeria Independência nos próximos meses. MB São sobre Fremantle e Perth as dicas que ele selecionou com exclusividade para a Bá. O Fremantle Arts Centre http://www.fac.org.au/ é um lugar que vale a visita. Tem expos de arte, shows, cursos de gastronomia e café. Em Perth, o Green & Co (123, Oxford St, Leederville) tem tortas e cafés num ambiente muito cool. O Moore & Moore Cafe, também é uma graça e é um espaço cultural e de gastronomia em Fremantle http://mooreandmoorecafe.com/. | 29


AnaMariano

AS RAZÕES DO RISO Minha mãe entrou no que pensava ser o velório do gerente do seu banco. Compungida, fez o sinal da cruz, rezou um pouco, deu os pêsames à família. Quando chegou perto do caixão, viu que o defunto era outro, aliás, sequer era defunto, era defunta, uma mulher. Disfarçando o acesso de riso num “choro” convulsivo, ela fugiu covardemente do velório e das explicações. A situação é engraçada? Sob alguns aspectos, que não o do morto e da família dele, sim, mas, como diria minha neta, por quê? Sempre me pergunto por que rimos. Numa primeira definição, o riso, em vez é aproximação, simpatia. Mas não apenas. Se fosse, não riríamos vendo alguém levar um tombo no programa do Faustão. Por que precisamos segurar o riso quando alguém cai ou leva uma pancada? Li em algum lugar que, nesses casos, o riso, ao invésem vez de ser aproximação, é afastamento. Ao rirmos, estamos afirmando: ele é o palhaço, comigo não vai acontecer dessa forma. Segundo Jô Soares (aliás, por que o Jô é mais engraçado gordo?), um especialista: não há limites no humor, mas há uma linha tênue entre humor e grossura. Se tem graça, é humor. Se não tem, vira grossura. Concordo, mas, como continuaria perguntando a minha neta, quando uma coisa tem graça? Mortes e funerais, em princípio, não são engraçados e, no entanto, Morte no Funeral é um filme muito divertido sobre coisas que acontecem num velório. A cena do assassinato do anão gay (sim, tem um anão gay ) é hilária. Já há algum tempo a moda são blogs, sites, livros e programas que fazem piadas sobre o câncer. Um dos blogs, o da cartunista Amy Marash, autora do livro Cancer is so Funny, retrata, através de desenhos, os medos, angústias e alegrias de sua luta contra um câncer avançado com metástase no fígado. A coisa toda não se resume a blogs. Há filmes, como a comédia 50/50, seriados de TV, como The Big C,

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livros e reportagens. t Todos feitos para rir. A sociedade de oncologia apoia (é claro) essas iniciativas, diz que o bom humor é fundamental, que boas risadas liberam endorfina, o que incentiva o sistema imunológico. Um portador de câncer de próstata, participante de um grupo de apoio a pacientes oncológicos, disse, numa entrevista que, no início, sentia-se incomodado com as piadas sobre câncer, mas, “depois de três meses, percebi que mais ríamos do que chorávamos”. Se além de aproximação, o riso é um afastamento, estariam essas pessoas se afastando da doença? Ou se aproximando e rindo dela? Até pouco tempo atrás, (acho que até hoje), as pessoas evitavam dizer a palavra câncer e agora fazem piada? Por quê? Vou ter que responder a mim mesma e à minha neta que não sei. A vida é tragicômica e o ser humano é tão inesperado quanto o seu riso.


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ping cartola_normal -pong

MANDANDO BEM NA VIDA Foto Rafaella Bourscheid

Foi babá de modelo, deu plantão em porta de colégio atrás de novos talentos fashion, criou um site quando ninguém sabia bem o que era e, provavelmente, se você era daquela turma que frequentava os épicos domingos do Dado Bier, já deve ter sido surpreendido por ele com algum “flashaço”. Afinal, quem é Paulo Guerra? Ou Paul War, como ele mesmo se intitula... Assessor de imprensa? RP? Promoter? Paparazzi? Ele comemorou no início de 2014 os 20 anos de carreira ligados à moda. Aos 15 anos, nas férias de julho em Porto Alegre com a tia 32 32 ||


e artista Vera Chaves Barcellos, foi apresentado ao sedutor mundo dos vernissages, litografias e retratos. Formado em Publicidade e Propaganda e Administração de Empresas, trocou de vez Carazinho pela capital no início dos fervidos anos 90: “Não tinha amigos, sofri todo o isolamento possível que os porto-alegrenses fazem com quem não é da turma ou do colégio. Lembro que foi ruim essa parte. Foi a coprodução de três projetos com o fotógrafo Dudu Carneiro que atraiu a mídia e alavancou outros trabalhos.

Como aconteceu a vocação para a moda? Não teve vocação. Formado e sem emprego, no Rio, li uma notícia no jornal que dizia que a agência do John Casablancas abriria em Porto Alegre. Fiz contato e fui o assistente de produção do evento Phytoervas Look 93. E o Mandando Bem? Tinha uma coluna na revista Dado News, também produzida por Marcelo Bragagnolo que falava das new faces antes do sucesso. Quase todas fizeram carreira. Era o feeling dos bookers, fui precursor ao falar de modelos iniciantes. O Mandando Bem foi a continuação disso. O Sul e o Brasil ainda são celeiro de beldades? São as misturas. São tantas gaúchas acontecendo fora daqui que muitas nunca ouvimos falar. Qual seu sonho? Cada feedback ou pauta aceita e publicada é uma pequena grande vitória. Mas meu sonho é morar fora do Brasil. Ainda sonho reativar a festa Faces que está engatilhada, mas não saiu. Queria uma edição épica, com show do Jota Quest com tudo liberado. No que a moda do Sul é excelente? O mercado da moda está cheio de gente talentosa do Sul. Designers, maquiadores, fotógrafos, stylists e modelos. Como você se define? Alegre, divertido e muito curioso. O que deixa você feliz? Praia com sol e calor e água clara. A fotografia é hobby ou profissão? Desde cedo revelava, ampliava em preto e branco. Ganhei aos 18 anos uma máquina Nikon FM2. Em 1988, tudo que a geração selfie sente, de registrar tudo e se fascinar pela imagem, eu tive aos 18 anos, no final dos anos 80. O que mais fascina o seu olhar de fotógrafo? A natureza. O momento congelado e eternizado. MB | 33


ping-pong

ELEGÂNCIA SEM INTENÇÃO Foto Arnoni Lenz Hostyn

Elene Abrahão se criou correndo, subindo em árvore, andando de patins e jogando taco no Rio, em Porto Alegre e em Santo Ângelo: “A vida cigana me deu bagagem de hábitos e estilos”. O amor pela moda vem da mãe, que tinha loja infantil e confecção. Ela levava para os pais das amigas comprarem, criava cintos e acessórios que ela os vendia. O estilo da bela mocinha era esquisito: “Meio homeless. O pai detestava. Na confecção da mãe, me meti a desenhar coleções”. Aos 22, foi sua hora de ser mãe de Mariana: “Meu maior e mais lindo aprendizado. Cresci, ganhei foco, objetivo e lutei para ser mais forte, sem chance de desistir. Uma força desconhecida e que me deu um sentido na vida”. Há 20 anos, Elene assina e participa de incríveis produções de moda e figurino: “Adoro pesquisa e descoberta de novidades. E me fascina colocar minha identidade nos trabalhos”.

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Sempre gostou de moda? Sempre gostei de me vestir com inspiração, de alguém da rua ou uma imagem de revista. Não me preocupava com a opinião alheia, e sigo assim. Mudar para São Paulo... Estava andando em círculos profissionalmente em Porto Alegre. São Paulo tem uma vida cultural e artística que amo e um ótimo mercado de trabalho. E ficar longe da filha? Toda mudança gera uma quebra, uma sensação de perda. Ela tem 18 anos, quis ficar fazendo design e namorando. Mesmo triste com a “separação”, estou feliz de vê-la seguindo seu caminho e sonhos. Um misto de dever cumprido e dor da perda. Quem é Elene? Alguém que luta pela vida, o trabalho, amor e autoconhecimento. Hoje estou mais centrada nas minhas verdades. O menos é cada vez mais. Busco o essencial, o verdadeiro, não me iludo com o que “parece ser”. Desejo? Equilibrar alma e matéria. Seguir crescendo, como um todo. Sinto-me pequena em coisas que ainda preciso aprender. Estudar e viajar para sempre... Um valor? Respeitar o outro é respeitar a si próprio. Quem te inspira? Iris Apfel por seu estilo único, forte e colorido, provando que o belo não tem idade. Chanel por libertar as mulheres quando elas eram amarradas pela moda e Costanza Pascolato, por ser simples e sofisticada. O que falta para a moda brasileira? Autoconfiança. Ainda copiamos o que é feito fora. Temos informação, personalidade, inspiração e estilistas incríveis, mas ainda são poucos para o nosso potencial e falta incentivo do governo. MB

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objetosedesejos

HenriqueSteyer

BENDITA FRUTA ENTRE OS HOMENS Em um universo dominado pelo masculino, Patricia Urquiola ganha prêmios e mostra que não existe gênero na criatividade. 36 |


Quero criar formas novas e mais sofisticadas de vida. Patricia Urquiola

O ramo do design parece ser um dos poucos onde os homens ainda se destacam mais do que as mulheres. Poucas são as designers reconhecidas internacionalmente em um universo dominado pelos criativos. Mas toda regra tem exceções. Patricia Urquiola é a prova viva disso. Nascida em Oviedo, Espanha, vive e trabalha em Milão, onde assina criações para grandes grifes de móveis como Alessi, B&B Itália e Flos. Seu talento não caiu do céu. Ela estudou para isso e foi colaboradora do mestre Achille Castiglioni, com quem deve ter aprendido muito. Na lista de qualidades para se gabar, destaque para a Medalha de Ouro de Belas Artes recebida pelo Governo espanhol e pelo rei da Espanha. Seus produ-

tos estão presentes nas coleções permanentes de robustos museus do quilate do MoMA, de Nova York, e do Triennale de Milão. Ela afirma não estar interessada nos velhos significados dos objetos como camas, sofás e cadeiras. Ela está preocupada em criar formas novas e mais sofisticadas de vida para um mundo coberto por um monte de coisas ultrapassadas e sem vida. Algumas pessoas dizem que a sensualidade e sensibilidade são qualidades femininas, e que as mulheres são diferentes dos homens na qualidade de serem mais flexíveis, adaptáveis e capazes de realizar várias tarefas simultâneas. Deve ser por essas razões que Patrícia surpreende à todos, ano após ano, com suas criações.

Chasen S2 Criada para a Flos, este pendente proporciona iluminação difusa, que pode ser ajustada por meio de um movimento mecânico que abre as grelhas, variando assim o formato da peça. Olé!

Bohemian Chaise Longue Desenhada para grife Moroso, traz uma nova roupagem para o tradicional capitonê com cores vivas e forma orgânica.

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arte arte

Tudo em Ana Lonardi chama a atenção, mas é a voz que mais emociona.

IvanMattos jornalista

O TEMPO DA DELICADEZA Fotos arquivo pessoal

Quem vê o mulherão que é a bela cantora Ana Lonardi, não imagina que por trás daquela figura forte, sedutora, se esconde um ser doce, suave e extremamente delicado. As aparências enganam, diz a letra daquela canção de outra grande cantora. Só que Ana Paula Lonardi, 27

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anos, 1m79cm de altura, dentes alvos e unhas negras, não quer se impor nem pela força, nem pelo tamanho que se agiganta quando pisa num palco. A voz aveludada que emite quando canta sambas ou standards do jazz faz com que se pare tudo só para prestar atenção àquela

moça que seduz a ponto de hipnotizar. Apesar de gostar de música desde os cinco anos, espantou a própria família quando cantou pela primeira vez em público em casa mesmo, para os íntimos, sob luz baixa e em cima de um aparador de louças, à capela. A música? Summertime, de George


Gershwin. Surpreendido, o pai ignorava que a filha tivesse aquele potencial. Mas ela já tinha suas predileções musicais, herdadas dele mesmo. Fã de Jorge Vercilo tomou a decisão de cantar, ainda aos 16 anos, depois de assistir a um show do artista e registrar em seu diário este encontro. Dona de um ouvido absoluto, como se diz em linguagem musical, fez aulas de canto, cantou acompanhada pelo pianista Adão Pinheiro, conheceu Paulo Dorfman e gravou algumas demos – fitas para mostrar seu trabalho – com Fly me to the Moon e Brigas Nunca Mais, que chegaram às mãos do radialista Júlio Fürst que logo colocou para tocar no rádio. A amiga Michele La Porta, sua primeira incentivadora, estava certa ao reconhecer nela uma grande promessa musical. Fã confessa de Louis Armstrong e Ella Fitzgerald reconhece a influência americana herdada do pai que a apresentou ao jazz, mas se derrete por Paulinho da Viola e seus sambas delicados. Costuma dizer que “ele me cura, me consola com suas letras”. Sempre plugada nas redes sociais, garimpa músicas na Internet e é vidrada nos grooves e sonoridade de tudo o que ouve.

ele me cura, me consola com suas letras

Quando o cineasta Maurice Capovilla precisou de uma cantora para o seu filme Nervos de Aço, baseado em músicas de Lupicínio Rodrigues foi apresentado a Ana pelo mago Claudinho Pereira. Em poucos meses, estava filmando ao lado de Arrigo Barnabé enfrentando sua primeira experiência frente às câmeras. Com Ana Lonardi, as coisas são assim. Repentinas. Através de indicações foi convidada para integrar a segunda edição do The Voice Brasil, arregimentando outro universo de fãs após sua participação no programa. Ela

não quer pouco. Atualmente está envolvida na préprodução de seu primeiro CD que na verdade, serão dois. Vai lançar logo um CD duplo, com composições próprias, standards do jazz e algum samba do mestre Paulinho da Viola, que ainda não escolheu. Certo mesmo é a gravação de Samba e Amor, de Chico Buarque e algumas parcerias com Allan Dias Castro, Rodrigo Allende e outras de Grecco Buratto, em que está colocando a voz guia. A timidez confessa contrasta com seus desejos para o tipo de música que ela quer fazer. “Eu quero que o meu som seja muito sexy, que ele desperte os cinco sentidos das pessoas. Eu quero que a minha música tenha uma função, que ela transforme as pessoas, que as ajude a se conhecerem melhor, ajude a sentirem o que elas não acessaram ainda, algo quase terapêutico”. Formada em psicologia pela UFRGS, Ana acredita que música tenha o mesmo papel de um terapeuta. “E isso eu entendi na faculdade, a música é um espelho, ela te faz mergulhar dentro de ti. Quero tocare as pessoas em um nível espiritual. Não no sentido de religião, mas de conexão consigo mesmo”, acrescenta.

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CristieBoff

designer e artista plástica

Milhazes em Miami Estará em cartaz no Perez Art Museum Miami de 19 de setembro à 18 de janeiro a exposição Jardim Botânico. É uma retrospectiva da carreira da artista Beatriz Milhazes (1960). Insensada no mercado mundial de arte a carioca abusa das cores vivas e das flores e arabescos, abstração geométrica e uma influência do modernismo em sua vibrante obra. Vale a pena conferir a artista brasileira na Biscayne Blvd, 1103.

Gaeta por Cy Twombly Amante de Gaeta, o americano Cy Twombly (Lexington, 1928/Roma, 2011) viveu parte de sua vida por lá, numa encantadora cidadezinha que fica em um golfo. O extraordinário artista comtemporâneo se inspirava na paisagem, pintava, fotografava, esculpia... A mostra em cartaz no Museo Diocesano’ de Gaeta, até 26 de outubro, Fotografie di Gaeta vem impregnada dessas emoções, sentimentos e do olhar poético de Cy. Sua produção fotográfica realizada em Gaeta tem imagens do porto, da sua casa com vista panorâmica, da praia. Sua obra também pode ser visitada em expos permanentes, como por exemplo na Tate Modern, em Londres.

Sebastião Salgado em Milão Composta por imagens de homens, paisagens, animais e modos de viver, a mostra Genesi que fotógrafo brasileiro realizou em suas passagens por territórios vastos como a Sibéria, Canadá, Brasil, Madagascar, Nova Guiné. Sempre exercendo e atento ao seu forte papel social, o grande Salgado deixa qualquer um de boca aberta diante de tanta beleza em branco e preto. Depois de embasbacar os gaúchos é a vez dos milaneses aplaudirem o talentoso retratista no Palazzo della Ragione até o dia 2 de novembro. 40 |


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trama

PAIXテグ NO DNA Foto Vini Dalla Rosa

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A Revolução de 1964 iniciara em março, e no dia 6 de dezembro do mesmo ano Telmo Reis formava-se em Medicina pela UFRGS. Dois anos depois, em 1966, o jovem doutor Telmo completava dois anos de residência em Neurocirurgia, em Porto Alegre. De lá para cá, além da mulher, Sílvia, dos filhos Marcelo e Alexandre e dos netos, Ana Laura e Pedro, o que move a vida do gaúcho de Santo Ângelo é o apaixonante desafio de desvendar o sistema nervoso para melhorar a vida das pessoas: “Ouvir o paciente, que conduzirá ao diagnóstico, e depois tratar o paciente, tudo dignifica e gratifica. É o médico diante da complexidade imensa, envolvente e sedutora que é a Neurologia”. Candidato a uma pós-graduação em Neurocirurgia na Universidade de Londres, ele viajou no Natal de 1966, a bordo do navio inglês Amazon. Depois de paradas nas ilhas Canárias e em Vigo, desembarcou no porto de Southampton, no dia 11 janeiro do ano seguinte, com US$ 2 mil dólares no bolso e uma vontade desmedida de aprender. Submetido à banca,

ganhou a vaga e uma dura rotina na enfermaria e no centro cirúrgico inglês. Segredo? Trabalho árduo, pouco sono, sem saber se é segunda-feira, domingo ou feriado: “O inglês se rende para quem trabalha e é honesto”, entrega com gestual sereno. No primeiro ano, Telmo participou de exatos 600 procedimentos cirúrgicos. Em 1967, foi ao III Congresso Europeu de Neurocirurgia, em Madri. O primeiro de vários de que veio a participar ao longo dos 48 anos de carreira. A segunda etapa de treinamento, em 1968, foi na Universidade de Edimburgo. O professor John Gillingham chefiava um centro de excelência no tratamento da Doença de Parkinson e outros distúrbios do movimento em terras escocesas: “Era uma unidade superespecializada nessa área e eu gostava do tranco. Era ‘pauleira’ dia e noite”. Desde então, foram aproximadamente 750 cirurgias de sua equipe, que conta, nos últimos 15 anos, com o filho Alexandre. Muitas delas de extremo pioneirismo e excelência, que fizeram do serviço de Neurocirurgia no Hospital Moinhos de

Vento uma referência em Neurocirurgia Funcional. Nos últimos 12 anos, pai e filho estudaram e introduziram em Porto Alegre a técnica de Implante de Estimulador Cerebral Profundo, que alivia os sintomas dessas doenças significativamente e com trauma cirúrgico bem menor do que as operações de antes: “Sou grato por ter entre meus colegas jovens o meu filho”. Desde pequeno, Leco, como é carinhosamente chamado, admira a dedicação e o empenho do pai com a Neurologia e a Neurocirurgia para melhorar a vida das pessoas: “Encarar esta profissão e todas suas dificuldades aumentavam minha vontade de seguir seus passos”. A especialização em Neurocirurgia foi uma consequência natural, e, depois de dez anos de dedicação extrema, eles trabalham juntos: “Me sinto abençoado por trabalhar ao lado de meu pai, melhor amigo e mestre. Sua vitalidade, a capacidade de se aprimorar e o nosso convívio são o combustível que me faz a cada dia desejar ser um médico melhor e mais completo. Fiz a escolha certa”. MB

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eutenhovisto

AINDA MELHOR COM MARINA JaquelinePegoraro CarolZanon www.eutenhovisto.com

entre a rotina da filhinha e a sua operadora de turismo, a Soul Traveler, que já conta com escritórios em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e São José do Rio Preto. Sempre atentos às novidades na área do turismo para os clientes da empresa surgiram mais dois segmentos: a College Turismo e o portal Snowonline, o primeiro e-commerce de pacotes de viagem para neve do Brasil. FOTO VINICIUS DALLA ROSA

Sensível e generoso, Zé Adão Barbosa é um verdadeiro demiurgo.

Camila Macedo e André Napp estão ainda mais felizes na Cidade Maravilhosa desde que a pequena Marina nasceu. A carioquinha de alma gaúcha é o centro das atenções da dupla que sempre gostou de ganhar o mundo em viagens para os quatro cantos do planeta. Há 8 anos juntos em solo fluminense, Camila, carioca criada em Porto Alegre e Dedé, gaúcho, há quase 20 no Rio, agora se dividem

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Brazilian love Desde setembro nas plataformas virtuais Itunes Store, Spotify, Sonora, o EP do músico gaúcho Julio Serrano é o primeiro disco inteiramente produzido pelo cantor e marca a estreia como produtor musical.

Brazilian Love Feeling foi feito no Rio de Janeiro, onde mora desde 2007 e participa ativamente da cena musical em festivais ao lado de nomes poderosos da música brasileira como Jorge Aragão, Tony Garrido, Evandro Mes-

quita, Claudio Zoli, Ed Motta e Paulo Ricardo. Foi no Abbey Road, mesmo estúdio dos Beatles, em Londres, que masterizou e finalizou o último disco. Ficou curioso? Acesse: http://www.soundcloud. com/julio-serrano

Frugal Café Recém-inaugurado no Jardim Botânico, o Frugal Café, no Rio, tem uma proposta saudável com várias opções sem glúten, sanduíches deliciosos e sucos refrescantes. Ainda conta com a POP – Polo de Pensamento Contemporâneo, espaço de estudo, mobilização e de cultivo da geração de ideias, onde são ministrados cursos, oficinas, debates e eventos culturais. Os chefs e sócios do café, Felipe Winter de Brito e Mariana Rodrigues, apostam na qualidade com preço acessível. Não tem mais desculpas para não ter uma alimentação equilibrada.

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CláudiaTajes

ALMOÇO EM FAMÍLIA Quando eu tinha família grande, pai, mãe, irmãos na área, tios, tias, primos, primas, namorados(as) e agregados(as), o domingo era um dia especial (hoje é igual aos outros, e ainda com todos os trabalhos que não terminei exigindo a desova até o fim do Fantástico). Quando eu tinha família grande, o domingo começava a ser planejado lá por quarta ou quinta. Que haveria um almoção, haveria. Tratava-se de decidir o cardápio e o número de convidados – com uma certeza: seriam muitos. No meu caso, o almoço de domingo ganhou status de evento quando meus pais compraram uma casa em Ipanema, uma que precisaria de muita reforma para virar a casa dos sonhos. Não importa. O sonho era deles e os dois se encarregaram de dividi-lo com os convivas. Os tios e primos, visitas mais frequentes e as mais divertidas, não falta-

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vam. Ex-vizinhos do prédio antigo, colegas de trabalho, ex-colegas de trabalho, amigos de outros carnavais, pessoas que nunca soube de onde surgiram. A rotatividade nos meios-dias de domingo fazia inveja ao Barranco. A cozinha ficava com o meu pai. Se não fosse churrasco, feijoada. Ou comida árabe. Ou massas e mais massas. O ponto baixo acontecia uma vez a cada inverno: o domingo do mocotó. Meu pai começava a preparar o troço na sexta, e o cheiro que saía da panela em ebulição interminável se espalhava por tudo. Tinha cheiro de mocotó nos quartos, nos banheiros, no pátio, no jardim, na rua toda, nas nossas roupas e cabelos. Um cheiro que bem poderia ser o de um homem sendo cozido em fogo baixo em um caldeirão. Não comi e não gostei. Já uma das minhas irmãs, mais afeita às selvagerias

culinárias, exagerou tanto no tamanho e na repetição do prato que foi parar no hospital. Intoxicação por mocotó, algo a ser esquecido na biografia de uma dama. Naquela hora em que todo mundo já está satisfeito e até o assunto à mesa rareia, nessa hora sempre me dava um aperto na barriga. Nada a ver com necessidades de qualquer ordem. É que um almoço para muita gente implica muitos pratos, muitos talheres, muitos copos, muitas panelas, muitas xícaras, muito para limpar. Acho que acontecia em todas as famílias da época: a louça suja cabia às mulheres, mais especificamente às filhas dos donos da casa. Bem verdade que as primas sempre ajudavam. Entrar na cozinha depois de um festim, isso sim é pesadelo. Eu preferia lavar para ditar o ritmo do serviço. Lei dos trabalhos forçados: se o


lavador for uma lesma, o que seca está condenado a ver o sol do domingo ir embora através da bascu-

lante da cozinha. Não raro alguma das gurias desaparecia, sobrecarregando as que sobravam. As alega-

ções iam de má digestão à urgência para terminar um tema de aula que, se não fosse o domingo do almoço em família, jamais seria feito. Quando eu tinha família grande, todo mundo acordava cedo no domingo para arrumar a casa para as visitas. Quarto esculhambado, sala com cacarecos atirados, filhos largados no sofá vendo TV, nada disso era admitido. E todos participavam das conversas, sem essa de ficar em um mundo próprio no seu canto – bem verdade que não existiam tablet, iPhone etc. Hoje o almoço de domingo perdeu a liturgia, raramente o horário de um e outro combina para uma sagrada refeição juntos. A sala vive cheia de cacarecos e o quarto do filho não é esculhambado, já passou desse estágio há séculos. A vida parece diferente, mas então escurece e, vinda de algum lugar, a música do Fantástico atravessa a parede avisando que o domingo acabou. Impossível não sentir um aperto na barriga – nada a ver com necessidades de qualquer ordem. De tocaia na porta, a segunda-feira espera. E sabe-se lá o que a semana vai trazer.

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Décor Fabiana Bá Fagundes

TRANSFORMANDO PAISAGENS Bibiana é daquelas gurias de olhar sereno e observador, criada na estância de seu pai em São Borja até os 11 anos de idade, dona de uma beleza clássica, e trouxe de lá muitas de suas preferências e características marcantes em seus trabalhos hoje espalhados Rio Grande do

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Sul afora. Formada no ano de 2000 na Agronomia da UFRGS, foi na área do Paisagismo que se realizou como profissional, juntando a arte de projetar com a necessidade do contato com a natureza que trouxe da infância. Há 15 anos, Bibiana vem transformando paisagens

no Rio Grande do Sul, residenciais e comerciais, ou mesmo prestando consultorias na área ambiental e de manejo e manutenção de áreas verdes. Tem também em seu currículo várias estâncias no interior do estado, trabalhos pelos quais ela tem um carinho especial, pois a remetem


Apaixonada pelo que faz, Bibiana tem como ambição trazer vida à paisagem através de elementos da natureza para levar KDUPRQLD H EHP HVWDU ½V pessoas

aos lúdicos tempos de menina no interior. Nesse tipo de trabalho, ela cita a possibilidade de trabalhar escalas maiores, onde a vegetação inicia próximo às casas e aos poucos vai

se misturando à paisagem rural, quando o jardim se confunde com o campo e a linha do horizonte. Já na cidade, muitas vezes se depara com projetos que necessitam de um impacto, em que se faz necessário o uso de plantas grandes que cumprem um papel estético mais importante. É o caso de áreas comerciais, como agora o Trend City Center, complexo de torres comerciais e residenciais e open mall, que estão ficando prontos. Apaixonada pelo que faz, tem como ambição trazer vida à paisagem através de elementos da natureza para levar harmonia e bem-estar às pessoas. Ela conta feliz a história de alguém que procurou por ela para dizer que era encantada com seus jardins e que a decisão da compra de um terreno na serra em

um condomínio foi por um labirinto verde, plantado por ela há mais de dez anos, local preferido da filha. Esse é o retorno que ela almeja, pois acredita ser este o papel do paisagista. Mãe da Maria Clara (6) e do Francisco (4), hoje ela divide seu tempo de mãe e profissional e ainda acha um tempo para a fotografia, hobby que utiliza para registrar seus trabalhos e a evolução deles. Fora isso, ainda neste ano vai realizar um desejo antigo, participar de um encontro e exposição anual de paisagistas em Denver, Estados Unidos, organizado pela ASLA (American Society of Landscape Architects). Assim Bibiana vai mudando as paisagens por aí, lidando com as “intempéries”, sejam elas quais forem, e nos encantando com suas criações.

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crônica

O GRITO DE Por Mariana Bertolucci

Há mais de um século da abolição da escravatura e após 20 anos do fim do apartheid (1948 a 1994) na África do Sul, mal o mundo se despede de Nelson Mandela e a imprensa brasileira personificou o racismo. Dando-lhe nome, sobrenome, procedência, estado e até time de futebol. Atentando-lhe à vida e punindo-a severamente. O que aconteceu com a torcedora do Grêmio nas últimas semanas não faz sentido. Transformá-la em bode expiatório é submetê-la ao julgamento impulsivo de uma sociedade raivosa e hipócrita que se embala ao sabor da manchete do momento.

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A exclusão do clube da Copa do Brasil também causa espanto, mas as cenas de racismo durante a partida entre o time gaúcho e o Santos devem fazer as pessoas pensarem. Situações idênticas a essas acontecem todo o tempo e no mundo inteiro longe dos registros dos cinegrafistas e não devem ser mais compreendidas ou toleradas por nós com normalidade cúmplice. Bode expiatório ou protagonista de mais um factoide de 2014, em vez de ser massacrado tanto pela imprensa quanto pela sociedade, o semblante agressivo de Patrícia Moreira da Silva bem que poderia ser

símbolo de uma mudança de pensamento muito mais ampla do que os necessários bons modos em ambientes públicos e de convivência exaltada, como costumam ser os estádios de futebol. Escrevo bem que poderia, porque o mais provável é que ela continue a ser rotulada negativamente apenas. E, assim que o assunto deixar de vender jornais e gerar cliques, ele será abruptamente substituído por algum outro fato igualmente “interessante”. E já que isso aconteceu mesmo e na vida real não existe túnel do tempo, que o grito raivoso de Patrícia seja responsável por uma postura diferente de ver-


PATRÍCIA

dade nas atitudes e nos valores de cada um de nós e dos nossos filhos. Não apenas nos próximos dias. Que, cada vez que alguém vier em nossa direção à noite numa rua deserta, o medo de quem sabe sermos assaltados ou abordados não tenha absolutamente nenhuma relação com a cor da pessoa que se aproxima. Que as pessoas não encham mais a boca para dizer que não são racistas, desde que a miscigenação racial não seja na sua família. Isso para não citar tantas outras histórias vergonhosas envolvendo crianças “totalmente livres de preconceitos”.

Ou não? Isso lhe parece chocante ou realista ao extremo? Aos meus olhos são situações, inclusive, bem mais sérias e preocupantes dos que as de torcedores inflamados e tolos em estádios de futebol. Numa entrevista à Globo News, o ex-jogador da Seleção e ativista francês Lilian Thuran disse algo que poderia ser repetido e repercutido tanto quanto o grito de Patrícia. Thuran explica que a vítima de racismo adulta é ciente de como funciona o mecanismo do preconceito e não sofre tanto, pois tem o discernimento de entender que quem está com problema é aquele

que está tentando atingir e não ele. Diferente da criança que sofre racismo, que pode acreditar que quem tem problema é ela. Assim, necessitamos criar nossos filhos livres da homofobia, para que esses conflitos de diferenças não estejam acima da humanidade. Uma educação humanista que coloque o humano em primeiro plano. Viu, Patrícia? Como, ainda, todos nós temos trabalho árduo pela frente... Que o seu grito signifique e acorde ainda muito mais gente. E principalmente que, no lugar de toda a vergonha que você ainda sente hoje, você possa sentir orgulho.

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cartola_normal Bá, quelugar

Duda, Pipa e Carol

NOS FUNDOS DO PUPPI Fotos Raul Krebs

Aberto pela primogênita Giovana Baggio há 15 anos na Dinarte Ribeiro, o restaurante Puppi Baggio ajudou a fazer da rua Dinarte Ribeiro, um dos xodós dos porto-alegrenses, mudou de casa, aumentou de tamanho, mas conservou o DNA e a rua, sob a batuta de Cristiana Baggio. Em 2014, fecha o ano com o espaço de eventos Lá nos Fundos, onde Cristiana

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conta com a ajuda da irmã caçula e sócia, Carolina Baggio O manjericão perfuma os muitos recantos cheios de charme do jardim, onde um banco de madeira rústica lembra os das praças que só as cidades encantadoramente pequenas têm. Ali, entre os pés de pitangueiras e de limão siciliano, os clientes do Puppi Baggio esperam sua vez. É assim,

meio com jeito de casa de vó, que há 15 anos, as Baggio gostam de receber as pessoas. Não por acaso tem esse nome o restaurante italiano da Dinarte Ribeiro que os porto-alegrenses aprenderam a gostar. Assim como o espaço gastronômico criado por uma das netas e hoje administrado por outra, o Vô Puppi era casa cheia. Presença alegre que gostava de caçar, con-


tar muitas histórias e reunir a família. Os muitos retratos das paredes do Puppi Baggio contam um pouco dessa trajetória herdada de pais e mães para os filhos. Os traços não menos afetivos da artista e amiga, Clarissa Motta Nunes, também estão lá. Emoldurando um cenário tão singelo, como requintado, tão acolhedor, como surpreendente. Se o calor da lareira atrai, o deck aquecido também é disputado. Por ali pelo Puppi, a tarefa menos fácil é resistir aos clássicos da estação fria como a polenta bristolada, os 32 molhos e mais de 60 opções de massa. Nos meses de temperatura mais amena, o deck também reúne quem gosta de uma boa pizza, de saladas, grelhados ou outros pratos, combinados com um chopp gelado ou um vinho da caprichada carta. Uma das estrelas que costuma adoçar os satisfeitos paladares é a tortinha Kinkan, assinada pela tia Maria, mãe de Giovana, Cristiana e Carolina. Além

de toda essa atmosfera irresistível e naturalmente cheia de cantinhos concebidos com sabor e amor, o Puppi Baggio encanta porque todos os detalhes, olhares e cuidados também têm os jeitos e os cheiros doces da infância. Novidade de 2014 que deve deixar o lugar, Melhor Italiano da revista Veja, ainda mais queridinho da cidade. Ao lado da caçula, Carolina, Duda, como é carinhosamente chamada, acaba de abrir as portas do Lá nos Fundos, um canto cheio de estilo que receberá eventos de pequeno e médio portes na parte de trás do Puppi: “Todo mundo dizia: ‘Vocês tinham que fazer algo aqui atrás, um lugar para eventos, aqui é tão gostoso’..., Fizemos.”, conta a empresária e restauranteur Duda. A casa vai trabalhar com empresas e chefs parceiros para diferentes tipos de eventos. Entre eles as de ambientação Omelette Eventos e La Festa Mini e os chefs Felippe Sicca, Flavinha Mello e Alexandre Baggio. MB

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deolho

MarceloBragagnolo publicitário e agente

TALENTO DOBRADO Fotos Carlos Sillero Beleza Edu Sauer

Bem cedo, as irmãs Gabriella e Manuela Bordasch experimentaram a independência que a vida de modelo oferece. Aos 15 e aos 14 anos de idade, respectivamente, já se mudavam para trabalhar como modelos em São Paulo. Enquanto Gabriella era preparada para o mercado mais comercial – estrelou campanhas para Itaú, Dove e Garnier, entre tantas –, Manuela era direcionada para o segmento fashion, viajando o mundo e percorrendo passarelas de marcas importantes como Chanel, Missoni, Dior e Kenzo, além de se

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fazer presente em páginas de publicações como Teen Vogue e Elle. Da experiência, ambas trazem como recompensa a maturidade precoce, a lidar com os “nãos”, a aprender a conviver com a solidão, conquistar o próprio dinheiro através do trabalho disciplinado e interagir com pessoas e

culturas diversas. Se na época Gabriella sonhava no futuro trabalhar como médica em ONGs e campos de refugiados, com as viagens foi descobrindo virtudes e novas vontades. Curiosa, desenvolveu o hábito de documentar tudo, escrevendo a respeito e através de vídeos que fazia dos lugares, apren-


dendo de forma autoditada a editá-los. Começava a enxergar no jornalismo uma via para fazer as duas coisas: informar e auxiliar o próximo. Para Manuela, o contato com o mercado da moda rendeu uma chave para o futuro profissional. Quando voltou a Porto Alegre para cursar Rela-

ções Internacionais com ênfase em Marketing e Negócios, teve a ideia de buscar uma fórmula que encurtasse o caminho dos consumidores de moda até o produto final. Hoje Gabriella apresenta notícias sobre as condições meteorológicas em telejornais da RBS TV, é editora do jorna-

lístico Notícias TVCom e se realiza em perceber que pode auxiliar a vida das pessoas, através da informação, oferecendo-lhes meios de exercer a cidadania. Manuela criou o Steal The Look, um portal de conteúdo de moda que serve de atalho rápido entre a informação e os canais de venda dos lançamentos do mundo da moda – negócio que a fez instalar escritório em São Paulo, centro comercial e editorial do país. Para ela, o feedback positivo dos usuários e perceber que o serviço se expande, com milhões de acessos mensais, é algo empolgante. Entre os objetivos de Gabriella há o plano de um grande documentário. Já realizou um curta-metragem intitulado Pies Calzados, que retrata a vida de um microempreendedor em Cuba, está produzindo o segundo, sobre as peculiaridades de uma tribo de índios guaranis e tem um longa-metragem como meta. Manuela não esconde a alegria com o sucesso crescente do Steal The Look, compartilhada com mais três sócios e revela o próximo passo, que é expandir o negócio para outros países.

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AndréaBack

Publicitária e Jornalista

ENTUSIASMO E SIMPATIA Foto Fo tos s Arqu quivo qu iv v pess soall

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InBá

Polo de turismo, Gramado hoje com o entusiasmo de sua Secretária de Cultura, Michelle Scariot.

“Fico feliz por tratar de assuntos positivos, afinal, nossa rotina são sempre mais problemas a resolver do que boas histórias a contar.” Com esta mensagem atenciosa, Michele Scariot, a secretária de Cultura de Gramado, aceitou o convite para contar um pouco de sua história e de seu trabalho como titular deste órgão da serra gaúcha que, como ela, é jovem, mas está fazendo a diferença na sua cidade! Além dos já consagradíssimos Festival de Cinema e Natal Luz, que sozinhos já dariam trabalho para o ano inteiro, passam por ela projetos das mais variadas dimensões, formas de expressão e de diferentes públicos-alvo. Dois exemplos:


o Gramado Fantasia, um dos maiores carnavais de salão do mundo, e o Festival de Música de Gramado, para músicos locais. Mais que a política, é a gestão pública que corre nas veias de Michele. No serviço público desde os 18 anos, recebeu o convite para assumir a Secretaria da Cultura há 1 ano e meio, quando era chefe de Gabinete do prefeito Nestor Tissot: “Da Chefia do Gabinete trouxe minha experiência em administrar prioridades e conflitos. Uso para a Secretaria da Cultura e para minha vida”. E ao assumir, qual o

primeiro desafio desta mulher solteira de 30 anos, que mora sozinha e cursa Especialização em Gestão Pública? Provar que, apesar de jovem e bonita, tem capacidade! “Os resultados do meu trabalho só me fazem acreditar que é bom fazer bem”, diz, com aquele brilho no olho de quem gosta do que faz. “Nunca levantei sem vontade de trabalhar.” Superadas as resistências iniciais, a Secretária Michele concentra atualmente seus esforços em uma meta: “Quero que o cidadão local se descubra consumidor da cultura que ele ajuda a produzir. Temos uma tradição

na participação da população nos eventos como artesãos, ou artistas até, mas não como plateia. Eles se dão muito pouco direito ao lazer. E Gramado tem uma oferta cultural muito rica. O objetivo da Secretaria é mudar este costume”. Se depender da disposição desta neta do Seu Darci, louca pela comida caseira do CTG Manotaço (atenção, gente, fica a dica!), cheia de disposição e caráter para correr atrás do que tem que ser feito, pode-se prever que em breve o povo da Região das Hortênsias será assíduo à agenda cultural de Gramado!

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OutBá

ARTISTA ALÉM DA FORMA Foto Fernanda Fink

Carioca radicada em São Paulo, Gilda Vogt ocupou no último mês cinco galeriasdo Margs com 105 obras datadas de 1970 a 2012 e lançou um primoroso livro sobre os 45 anos de sua valiosa contribuição à arte brasileira Pelas criteriosas mãos do curador de arte e diretor do Margs Gaudêncio Fidelis, a artista plástica foi presenteada com a exposição Gilda Vogt: Uma Retrospectiva. Muitos dos seus trabalhos estão no acervo do museu gaúcho e em outras importantes coleções brasileiras. Ela não economiza encantamento com Fidélis: “Acho que já vou virar gaúcha, com tantos trabalhos no acervo e essa preciosíssima restauração que foi feita para a retrospectiva”. Foi uma oportunidade de voltar às origens, pois o sobrenome é do avô gaúcho da colônia alemã do Vale do Sinos, Otto Vogt, que casou com a carioca Gilda e teve um filho em Porto Alegre: “Meu pai foi para o Rio com 3 anos e virou a casaca. Tenho o sotaque do meu avô

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Acho que já vou virar gaúcha, com tantos trabalhos no acervo. 3

na lembrança querida dele”. A infância e a adolescência da desligada e sonhadora Gilda foram no Cosme Velho e em Petrópolis. A mãe tinha dons para o paisagismo e foi precursora no País ao lado de Burle Marx; o pai era um executivo aventureiro e excêntrico de muitos hobbies que amava o mar e fazia caça submarina. Embora o Sul faça parte de suas origens e o Rio seja sua cidade natal, foi em solo paulista que foi arrebatada pelas artes plásticas: “Foi lá, com todos os valores humanos variados dos paulistas queridos. Mesmo com a cidade maltratada e sem ar para respirar, o que cansa muito mais”. A primeira aula de xilogravura foi aos 12 anos, no Rio. Aos 16, foi com os pais para São Paulo e se aproximou de artistas como Anna Bella Geiger e Ivan Serpa, e da turma da escola Brasil, que frequentou, entre 1970 e 1973. Uma escola viva, de experiências criativas e estimulantes, que, segundo Gilda, “era maravilhosa, não dá para explicar assim rápido e em palavras”. Aliás, para Gilda pouca coisa pode ser explicada. Ela acredita e vive bem mais aquilo que sente. Assim, puro e genuíno. Livre e experimental, impregnado de

improviso e intuição é seu processo de criação: “Lido com sensações íntimas, meu caminho para retratar a pessoa é sempre o da espontaneidade que existe na relação e suas emoções. Olho a tela e penso: ‘O que eu vou fazer?’. E começo em meio a essa dúvida, enchendo de questões que só o resultado final me dá. Sem controle ou modelo a seguir, mas intuir mesmo“, conta Gilda, que desde pequena canalizou a energia no seu olhar e na sensibilidade que ele traz. Sem fechar possibilidades para técnicas ou inspirações. O resultado são pinturas tão fortes como delicadas, processos diferentes que apresentam o mesmo peculiar e denso foco sobre o mundo: “Tem a colega, a amiga, a empregada, a vizinha, a filha da vizinha, retratos da família, hoje mais voltada para fora da família”. Na parte de trás da casa onde mora com o também artista e marido, Dudi Maia Rosa, com quem teve Rafael, Joana e Marcelo e os netos Dora e Antonio, fica o ateliê, em São Paulo. Nas paredes, obras e retratos de outras ainda por existir , fotos impressas de outras, temáticas, imagens, traços, pinceladas e sensações que se cruzam e/ou se sobre-

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*LOGD 9RJW %HOIRUG 5R[R AcrĂ­lica sobre tela [ FP Acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS Fotografia: Paulo Risi *LOGD 9RJW 1DWXUH]D 0RUWD AcrĂ­lica sobre tela [ FP Coleção Particular Fotografia: Paulo Risi $ HOHJDQWH ,GD *XV parGilda Vogt 0RQD AcrĂ­lica sobre tela [ FP Coleção Vogt Maia Rosa Fotografia: Paulo Risi *LOGD 9RJW Autorretrato com )LOKRV Ă“leo sobre tela [ FP Coleção Particular Fotografia: Paulo Risi ,]DEHO )DULD elegGilda Vogt 6DQGUD AcrĂ­lica sobre tela [ FP Coleção Particular Fotografia: Felipe Bertarelli 60 |

pĂľem, para em seguida retornarem em outros formatos e cores. Uma espĂŠcie de catĂĄlogo particular do encontro de todas as suas vertentes em 50 anos: “Muitos nĂŁo tenho ideia da data. Ă€s vezes me inspiro com lembranças, fotos de jornais, relatos, açþes. HĂĄ casos em que me convido para ir Ă casa da pessoa, provoco uma invasĂŁo, um constrangimento para mim mesma, uma intimidade que talvez nĂŁo exista. Um jeito de me sentir aprofundando, entrando nas pessoasâ€?. Desde a lua de mel na Europa, o casal desenha e aquarela em viagens, sempre com troca, conversa e alegria. Quando pergunto se o marido a influencia, a resposta ĂŠ: “Claro, acho muito bom isso acontecer. Mas tambĂŠm nĂŁo ĂŠ tĂŁo fĂĄcil explicar, e sim sentir. Tive sorte de me apaixonar por eleâ€?.

A influĂŞncia dos pais vem com naturalidade do mar e da natureza. Ela tambĂŠm dialoga permanentemente com psicanĂĄlise, literatura, referĂŞncias ao cinema e Ă filosofia: “Sonhos sĂŁo mais realidade para mim, quase nunca sonho. Gosto de aproveitar a vida em tudo. Certas coisas boas, e Ă s vezes ter a consciĂŞncia e sentir bem as desagradĂĄveis e doloridas â€?. Ela gosta tambĂŠm de mĂşsica, de ouvir e de cantar. Se, ao lembrar do pai, ela pintou garoupas e o mar, um homem negro cuidando do filho tambĂŠm chama a atenção e vira arte: “Uma situação nova cada vez mais comum. Tento olhar para os que estĂŁo fora. Fora do padrĂŁo, fora da modaâ€?. Do que sente saudade Gilda? “De tudo e o tempo todo nesta vida.â€? NĂŁo esperĂĄvamos que fosse diferente. MB


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OrestesdeAndradeJr. jornalista e Sommelier

SPA DO VINHO RECRIA BAILE IMPERIAL DO SÉCULO XIX Fotos Divulgação

Uma festa com requinte que remonta outra época fez dos convidados integrantes de um verdadeiro baile de dois séculos atrás Recriar o passado de forma mais real possível é uma tendência no turismo de experiência mundial. Nos Estados Unidos, a cidade de Williamsburg, em Virgínia, está parada no

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tempo, mais precisamente no século 17. Nela, o visitante encontra um Distrito Colonial restaurado que, nos últimos anos, proporciona uma experiência mais completa e luxuosa.

É assim que o centro de Williamsburg passou a ser conhecido não apenas pelas residências coloniais, mas também por um luxuoso spa e lojas caras de arte folclórica, assim


como restaurantes que servem pratos inspirados na época com os vinhos da região – antes desprezados e agora valorizados. Tudo para sentir, na pele e na alma, como era viver há quatro séculos. No Grand Hotel de Paris, anualmente o Baile Imperial revive o século 19, quando imperavam, sobre a França, Napoleão III e sua Eugênia de Montijo. A inspiração francesa chegou ao Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha. O Spa do Vinho & Condomínio Vitivinícola realizou o Baile Imperial pelo sexto ano seguido, no dia 6 de setembro, véspera da Proclamação da Independência. “É a recriação, nos mínimos detalhes, da primeira noite do Império brasileiro”, explicou, orgulhosa, a sócia diretora do Spa do Vinho, Deborah Villas-Bôas Dadalt. Não há ilusão cenográfica, nem efeito que soe falso. Os convidados, com traje

de gala, e alguns com roupas do século 19, foram anunciados, um a um, na entrada do baile. Todos ganharam máscaras para entrar no clima. Foi uma verdadeira volta no tempo. O banquete de cinco pratos harmonizados com vinhos brasileiros foi servido em meio a espetáculos de dança, ballet e ópera. O jantar foi concebido pelos conhecidos chefs Felipe Pinelli e Evandro Comiotto, que interpretaram os alimentos servidos na época numa sequência de cinco pratos servidos à francesa. Quatro rótulos de vinhos foram lançados no baile – o espumante Nature da Don Laurindo, o vinho branco Dá’divas Chardonnay 2012, o tinto Quatro Castas 2012 da Almaúnica e a nova safra do VE 2008, rótulo símbolo do Vale dos Vinhedos (RS), da Miolo e do Spa do Vinho.

Não há dúvida que é uma rica reconstituição histórica, que cria uma atmosfera para realmente as pessoas viverem como se fosse naquela época. No mais alto requinte e bom gosto. Bem próximo de nós. A 130 quilômetros de Porto Alegre. Ano que vem tem mais.

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Pati Leivas close

BAIRES QUERIDO Buenos Aires continua bonita e apesar da crise e desenvolveu uma característica muito própria: a alta gastronomia. Os bairros Palermo Soho e Palermo Hollywood concentram restaurantes do gabarito de cidades como São Paulo e Nova York com chefs mundialmente reconhecidos e culinária inspirada nas tendências mais atuais (molecular, raw food, exótica e orgânica). Fiz um pequeno tour dia desses que vou mostrar para vocês: Bienvenidos, o Hotel Faena é um case: tem dez anos e é tão, mas tão moderno que ainda hoje o ambiente e a decoração são atuais e até um pouco ousados. Lá acontece o show moderno Tango Rojo com bailarinas gatésimas e figurinos lindos. A comida é ótima, com entrada, prato principal e sobremesa inclusos, além do bom vinho nacional. O preço do programa é 500 doletas para o casal. Mas vale, viu? Já no outro extremo da gastronomia compartilho com vocês o melhor hambúrguer da vida. Um lugar que parece uma garagem, todo grafitado, com um cardápio de quatro opções (e escrito à mão!): Burguer 64 |

Joint!!! Nada a ver com a rede americana, o lugar vive lotado e só galera trabalha lá: reduto da turma descolada, não capriche muito no look, pois eles têm uma placa escrito “no Kardashians allowed” Kkkkkkk! #ficadica. Já o Tegui é um dos mais moderninhos: cozinha de autor, menu confiança e necessidade de reserva. Para mim a experiência valeu mais que a comida. Para finalizar, uma escapada mal-intencionada.... Que tal um restaurante afrodisíaco? Vá com o par e não com amigos... Ou entre no clima, pois o Te Mataré Ramirez é um convite à libertinagem, com shows sensuais e teatros eróticos (tudo bem família, nada abusivo) As comidas nem são muito criativas, mas os nomes e descrições dos pratos são. Impudico y volcánico me conquistó com tus palavras obcenas ... e eu comi um capeletti com tinta de lula recheado de cordeiro maravilhoso. Enfim. Pois Buenos Aires tem tudo isso e muito mais. Note-se que nem falei em carnes e parrillas... preciso voltar e vocês precisam me contar se gostaram. Mais fotos dessas e de outras comidinhas no @patileivas. Besos!


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Dé LígiaaNery Bán daSilveira cartola_normal cartola

ARMAS E ALMAS DIGITAIS A velocidade com que os processos de mudança hoje ocorrem trazem o bônus da descoberta, da melhoria de vida. Mas junto com esta experiência estamos sendo testemunhas de uma ansiedade paralela que insiste em nos acompanhar, deixando sempre a impressão de que estamos devendo algo ao universo, que não entendemos de tudo, que não podemos tudo. A mudança vem de forma exponencial, mas nosso pensamento é linear, e esta conta não fecha. Colocamos no bolso um equipamento de ultima geração e assim achamos que vamos conseguir transitar e nos conectar com este novo cenário. Estas passam a ser as armas digitais, que como todas as demais armas podem fazer o bem ou o mal. Na verdade, todo este cenário criado não foi feito por ninguém além de nós mesmos. O talento destas gerações foi o gerador deste cenário do qual muitas vezes

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nos sentimos tão reféns. A verdadeira transposição está posta como um desafio. Estamos precisando desenvolver almas digitais. Issto significa conseguir sair do mundo analógico para o mundo digital, mas mudando o paradigma relacional. Neste desafio não falamos necessariamente de perdas, mas de algumas mudanças, falamos de novos olhares, de somar e não necessariamente subtrair. Neste novo cenário, que não é mais uma escolha, precisamos olhar para fora e aprender sem medo do novo, pois ele nos mostra a própria razão de viver. Em contrapartida, muitas vezes é preciso diminuir o ruído, parar de fazer perguntas ou imaginar respostas, aquietar-se e deixar com que nossa alma e nosso corpo de forma intuitiva nos contem o que já sabem. A convivência das gerações nas famílias, nas organizações, parece cada vez mais desafiadora, mas ela sempre existiu, apenas

com diferentes nuances. O momento da grande transformação da tecnologia também de alguma forma já foi vivido, como na Revolução Industrial, por exemplo. O jovem que criticamos na empresa por ser tão diferente é igualzinho ao nosso filho que está em outra. Assim, também, aquele chefe que não me entende é o pai ou a mãe exatamente igual ao que ficou em casa. O estado reclamatório é o que não leva a lugar nenhum, precisamos parar de tentar achar vilões ou heróis, prestar a atenção ao que está disponível e somar, despertar! Gosto muito da frase que ouvi um dia desstes: “Nós somos as pessoas pelas quais estávamos esperando.” Por isso todo o contexto que no rodeia é o kit completo e certamente vamos dar conta e crescer com isso. “Não adianta nem me procurar em outros timbres, em outros risos. Eu estava aqui o tempo todo. Só você não viu!” (Pitty)


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VeronicaBender

dermatologista

ÉPOCA DE CUIDAR DA PELE

O clima e a temperatura desta época do ano são propícios aos procedimentos dermatológicos peelings e lasers para a renovação e revitalização da pele, tanto do rosto como corporais. Eles ajudam a reparar os danos causados pelo sol como manchas, linhas faciais e flacidez. Tratamentos com ácido hialurônico e toxina botulínica também estão em alta nas clínicas dermatológicas, como o preenchimento de olheiras, com o objetivo de melhorar o aspecto de cansaço e suavizar esta área. A associação destas técnicas, conhecida como softlift, proporciona rejuvenescimento e harmonia facial. Além das áreas tradicionais como testa, glabela e área de pés de galinha, a aplicação do botox na base do nariz, eleva a ponta nasal, principalmente quando a ponta desce ao sorrir. E na região do contorno do rosto o tratamento é conhecido

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como lifting de Nefertiti. Uma referência de beleza na sua época e ainda nos dias atuais. Os olhos são a expressão da alma, mas, se não for bem cuidada, essa região pode ser a primeira a dar sinais de envelhecimento. Aos 30 anos, algumas mulheres já se queixam de rugas finas e alteração na textura da pele. E, aos 40 anos, a atrofia subcutânea e muscular pode salientar as bolsas de gordura. Para quem quer aprender a cuidar melhor da área dos olhos, o primeiro passo é procurar um dermatologista que indique um creme específico. Além da qualidade, quantidades excessivas podem facilitar a entrada do creme no olho. O tratamento e os cuidados com essa região são basicamente os mesmos da face, como limpeza, proteção e hidratação diárias. Entre os tratamentos para rejuvenescer e atenuar os sinais da idade que acometem

esta região estão a toxina botulínica para as linhas de expressão, preenchedores para atenuar as olheiras e rugas e luz pulsada ou laser fracionado com o objetivo de clarear e rejuvenescer. Você sabia que vermelhidão no rosto nem sempre é sinal de timidez? A rosácea é uma doença genética que leva à hiper-reatividade dos vasos da pele, especialmente nas pessoas de pele clara. Os vasos se tornam dilatados e fatores de inflamação são ativados, gerando o flushing (ficar vermelho e quente em determinadas situações, como em ambientes quentes e após tomar vinho ou chá), vermelhidão persistente, espinhas e espessamento da pele do nariz. A sua origem não é totalmente compreendida, mas há fatores que desencadeiam e pioram a doença, como exposição ao sol, alterações hormonais, mudanças climáticas, fumo,


álcool, cafeína, alimentos condimentados e apimentados. O frio pode piorar o quadro, com surgimento de vermelhidão persistente e lesões inflamatórias como espinhas, mesmo nessa transição de clima do início da primavera, quando as temperaturas ainda são baixas em regiões como Sudeste e Sul. Durante o frio, quem sofre com o problema deve evitar banhos demorados e com água muito quente, além de bebidas e comidas picantes consumidas neste período. Mesmo nesta época, é fundamental usar filtro solar diariamente e manter a hidratação da pele com substâncias calmantes como água termal, chá verde, camomila e aloe vera. Os tratamentos variam de acordo com a gravidade da rosácea, e podem incluir produtos tópicos como hidratantes e calmantes, até antibióticos orais na fase aguda, com muita inflamação. Para alguns casos, podem ser indicados luz intensa pulsada e um tipo específico de laser para vasos. Para o espessamento da pele, especialmente da região do nariz, os lasers fracionados podem ser eficazes.

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LíviaChavesBarcellos

A ARTE DE VER MIAMI No início, a Florida e, especialmente Miami, era invadida pelos americanos e canadenses, que vinham buscar um veranico, fugir do frio, os famosos “snow birds”. Depois da chegada de Fidel Castro a Cuba, foi o momento dos ricos cubanos se instalarem por lá. Eles construíram uma nova cidade, fizeram hotéis de luxo, casas maravilhosas, um paisagismo que lembra

muito o seu país natal. Depois houve uma verdadeira invasão de cubanos menos endinheirados, mas que queriam fugir do regime castrista. Agora chegou a vez da turma de brasileiros. Aos poucos, estão indo, comprando imóveis e muitos se instalam definitivamente por lá, na cidade que batizaram carinhosamente de “A Melhor Cidade Brasileira”. E não deixa de ser.

A vida em Miami é muito mais fácil, as escolas são gratuitas e o sistema de saúde é perfeito. Adoro passar uns dias por lá, tenho acompanhado o crescimento e vejo, cada vez mais, pessoas falando português. Uma boa dica é programar uma viagem perto do fim do ano para fazer as compras de Natal. Os preços são convidativos e tem lembrancinhas divinas. A melhor cidade brasileira tem clima quente o ano todo

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Fazer compras é um dos motivos para se ir a Miami, mas a vida cutural é intensa.

Dicas da Lívia: – Verificar passaporte, visto e fazer um seguro de viagem. – Reservar hotel ou alugar um apê. Muitos são muito bem localizados e acomodam até quatro pessoas. Fica mais em conta do que hotel. – Fazer uma lista dos seus principais interesses na cidade. E não se esquecer de incluir uma visita a Wynwood, sobre a qual já falei na edição anterior e considero imperdível. Não deixe de curtir os grafites do brasileiro Kobra, que estão espalhados por lá. – Na hora das compras, antes de tudo, visite o Bal Harbour. É o shopping mais chique, top do top, luxo total. E caro... Mas é ali que você vai ver as

novidades e a tendência da moda. Aconselho um almoço no Carpaccio, que é super badalado e a comida deliciosa. – De lá, vá para o Aventura Mall, que é excelente, tem de tudo, inclusive preços acessíveis. Finalmente, não deixe de ir ao Sawgrass Mills, que melhorou demais, tem lojas de importantes grifes, como o Sawgrass é enorme, vá ao Colonade, que é o melhor dos pavilhões. - Outro programão p é ir a Bocca Raton. Restaurante bom é o que não falta. Adoro o Joe’s Stone Crab, que é em Miami Point e só abre na alta temporada. - E lembre-se de que a Art Basel Miami começa nos primeiros dias de dezembro. Enjoy!

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MarcoAntônioCampos

EU SOU O HOMEM DE FERRO Robert Downey Jr. é hoje um dos mais lucrativos atores de Hollywood Dizer que a vida do cara daria um filme pode parecer um lugar-comum, mas neste caso não é nada menos que a pura realidade. Robert Downey Jr., um americano de Nova York,

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hoje com 49 anos, jamais teve formação superior em arte dramática, mas, sendo filho de um escritor e produtor cinematográfico e de uma atriz, nasceu no meio que viria a consagrá-lo.

Seu primeiro papel foi no filme Pound, aos cinco anos de idade, e daíi em diante foram mais de oitenta (!) filmes em cinema e televisão. Ainda muito jovem, ganhou papel de coadjuvante fixo em Saturday Night Live e em filmes como Mulher Nota 1000 e Tuff Turf, O Rebelde. Quando interpretou um jovem viciado na adaptação cinematográfica do livro Abaixo de Zero (1987),


de Bret Easton Ellis, foi considerado “o maior ator de sua geração”, mas seu envolvimento com drogas o levou a dizer que “virou um reflexo exagerado de seu personagem no drama”. Downey Jr. se auto define neste período como “pinel, sexy, lindo e bêbado”. Em 1992, viveu o papel-título de Chaplin de Richard Attenborough, pelo qual foi indicado ao Oscar de Melhor Ator.

No ano de 1999, passou doze meses preso na Califórnia por posse ilegal de arma, tempo que ele se nega a abordar em entrevistas e diz que somente vai contar em seu livro de memórias. Robert Downey Jr. tem duas indicações ao Oscar (a outra foi de Melhor Ator Coadjuvante por Trovão Tropical), três Globos de Ouro (Ally McBeal, Chaplin e Sherlock Holmes), além de um prêmio de

elenco em Shortcuts e um Bafta (Chaplin). Do ponto de vista de sucesso comercial, ele se tornou hoje o astro número um das bilheterias de Hollywood, ao ser o primeiro a estrelar simultaneamente três franquias de enorme sucesso: Homem de Ferro, Os Vingadores e Sherlock Holmes. Seu Tony Stark reinventou os heróis cinematográficos baseados em histórias em quadrinhos, conjugando a coragem e as aventuras com uma comicidade e uma ironia poucas vezes vistas antes nas telas. Ainda em 2014, Downey Jr. vai ser visto em O Juiz, ao lado do monstro sagrado Robert Duvall, vivendo um advogado que volta a sua cidade natal obrigado a defender seu pai, um veterano juiz acusado de assassinato. Robert Downey Jr. vem sendo muito questionado sobre heróis e se saiu com duas tiradas excelentes sobre o tema: “Se quero ser um herói para o meu filho? Não. Eu gostaria de ser um ser humano muito real. Isso é suficientemente difícil.” “Eu acho que todos nós fazemos coisas heroicas, mas herói não é um substantivo, é um verbo.”

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Dé D éc éc co oAí rBá Bá Por

EM CIMA DA SERRA FlavinhaMello Chef e DJ

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Desta vez fui conduzida pela personagem Kim Barcellos, a subir os Campos de Cima da Serra, destino Cambará do Sul. Kim Barcellos é jovem, dinâmica, competente e empreendedora. Quem vê essa gaúcha invocada, loirinha de olhos verdes, obstinada atrás de um computador, não consegue enxergar a imensidão de ideias e planos que ficam funcionando dentro de sua mente. Tem a curiosidade da juventude e fome de conhecimento. Se tivesse que ser traduzida em uma só palavra, escolheria a palavra lealdade. Foi em uma viagem dentro desse universo que surgiu a vontade de inovar e mostrar para o mundo lugares especiais e experiências inesquecíveis. Surgiu ai a ideia do blog Checkim, onde ela viaja o Brasil inteiro, dando dicas de gastronomia e cultura. Na aventura a Cambará do Sul ela convidou eu e meu namorado Pedro Castellarin a irmos com ela. A etimologia do lugar vem do tupi-guarani e significa “folha de casca rugosa”. É o nome de uma árvore dos Campos de Cima da Serra e que deu origem ao nome da cidade. Nossa primeira parada foi o Parador Casa da Montanha. Em seguida, fomos ao cânion Fortaleza, localizado no Parque Nacional da Serra Geral, a 23km do centro de Cambará do Sul. O cânion é considerado um dos mais exuberantes da região. Voltamos ao Parador que fica na encosta de um lindo rio, cercado de araucárias e um verde infinito. Ficamos hospedados em uma cabana linda, com climatização e com uma banheira Jacuzzi localizada na sacada para curtirmos a paisagem do alto do rio Camarinhas. A região é contemplada por rara beleza e lá também está o cânion Itaimbezinho, passeio que fizemos no domingo. O parque foi criado em 1959, e tem o mais famoso cânion da região, possui 5,8km de extensão e paredões íngremes, dando a impressão de que foram cortados a “fio de faca”, originando o seu nome (itai = pedra + aimbé = afiada, cortante). Entre as quedas d’água estão a Véu de Noiva e a das Andorinhas. Com certeza uma região encantadora, que vale a pena conhecer.


Tudo para o seu evento

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AndréGhem

CRESCER É DESAPEGAR tenista profissional

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Quando era criança, como muitas que vejo ao meu redor, gostava de juntar e colecionar coisas. Coisas em geral, como chaveiros, bonequinhos, latinhas promocionais em edições limitadíssimas. Objetos sem valor, a que tentamos dar valor por ter pena de jogar fora. Olho para trás e vejo: tudo tralha. Nunca fui incentivado a ter uma coleção que nos dias de hoje pudesse compartilhar nas redes sociais. Mãe, te agradeço por isso. Não por me desestimular a armazenar e estocar porcarias, mas por ter me ensinado a passar adiante. Desapegar é crescer. Das coleções nada sobrou, alguns poucos hobbys como o da escova de dente foi o que ficou. Viajo sempre com umas cinco, seis escovas, gosto de variar. Em casa talvez tenha uma dúzia delas, todas diferentes, para momentos estratégicos de limpeza. Nem toda escovação é igual, gosto de poder optar por uma limpeza mais longa e suave, mais rápida e pegada, com vibração ou mesmo em HD. Esta última, com mais do dobro de cerdas de uma escova normal, faz com que seus dentes sintam prazer da alta definição. Tem louco para tudo.


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SilvanaPortoCorrêa

Com dons para o marketing e a comunicação e dona de um magnetismo poderoso, Hellô Campos sonhou ser CEO de uma grande empresa. A vida, porém, a colocou no comando da família e de seus quatro filhos: Camila, Florenza, Fernando e Robert.

DINÂMICA E CONTAGIANTE Fotos Jade Mattarazzo

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Até os seis anos, Hellô Campos viveu em Santos, onde seu pai, Pedro Paulo Campos de Campos, construiu a Cosipa. A infância foi divina em Porto Alegre, cheia de molecagem e amigos queridos da rua Juvenal Müller. Aluna do Colégio Americano, a Lolô para os amigos de Caxias, Imbé e Torres, onde passava férias com os irmãos Helena, André e Claudia, com os quais também divide boas memórias da piscina do Leopoldina Juvenil, onde recorda que passou a melhor parte da infância e da adolescência. Dinâmica, destemida e cheia de vida, Hellô jogou voleibol até os 40, ganhando o Campeonato Mundial de Masters, em St. Louis, no Missouri”. Entre as paixões da loira estonteante está a música: “Adorava Yes, Pink Floyd, Beatles, Four Tops, Earth, Wind & Fire. Sempre ia aos shows. Toquei piano por


7 anos, mas nunca saí do 5º ano. No conservatório, descobriram que eu não lia notas e tocava de ouvido”. Hoje, a avó de Isabella confessa que ainda se surpreende com seu coração: “Não sabia que ainda podia amar tanto assim”. Depois de morar em São Paulo, onde foi diretora de Marketing da Mitsubishi Motors para todo o Brasil, mudou para Miami e encarou um país novo, com nova cultura, com os filhos na bagagem: “Nos desafios é que crescemos. Ancorei um TV Talk Show em Miami que me abriu novos horizontes e amizades por todo o mundo”. Livre, intensa e curiosa, viajar é quase uma necessidade, já que ela não consegue ficar muito tempo no mesmo lugar. Hellô é corretora de imóveis de luxo em Miami, e para trabalhar os looks são sempre mais sóbrios. Pretinhos básicos e uma pashmina: “Gosto de jeans e camiseta branca quando estou com amigos, e Cavalli é meu estilista favorito para roupas mais transadas. Chanel para alta-costura”. A casa em Miami é clean, colorida por obras de arte: “Less is Best! Um mix de moderno com peças antigas é o meu cenário favorito”. Quando

pergunto sobre sua grande qualidade, ela responde que é a honestidade. Os amigos brincam que sofre de “sincericídio”: “Às vezes, me mato por ser tão sincera. O que mais valorizo é o que enfatizei na criação de meus filhos, a integridade. Um defeito meu é não esquecer fácil quando me fazem mal”. Quando não está viajando, a rotina de Hellô tem aulas de musculação e cardio cinco vezes por semana com um treinador brasileiro. Organiza os assuntos da casa e vai mostrar apartamentos aos clientes. Os almoços são sempre fora com clientes, colegas ou amigos, e os fins de semana de praia em seu canto favorito, o Soho

House, em Miami Beach. De Porto Alegre, sente saudade da infância, do pai querido, e adora curtir a neta, a família e rever os amigos. A cidade de seus olhos é a que vive, Miami Beach, mas Paris, Nova York e Mykonos também a encantam. O que o tempo e a vida lhe ensinaram, Hellô? “Aprendi a me agradar mais do que aos outros. Não faço o que não tenho vontade. Sou muito agradecida a Deus pelos filhos que me deu e as possibilidades que colocou em meu caminho. Fazer o bem é a coisa mais saudável do mundo. Luz própria e alegria de viver são fundamentais para o sucesso e a felicidade. Faça o bem, que volta em dobro.”

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maquiagem beleza

O AFLORAR DA PRIMAVERA DaniloAranha maquiador

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A primavera é conhecida pelo seu cheiro de flor suave, o colorido das plantas e matas e o frescor incomparável da sua estação. Época de aproveitar as temperaturas agradáveis e abusar dos tons mais vibrantes, assim como o frescor da estação, na maquiagem! (foto 1) Nessa época, a maquiagem deve ser leve, colorida e com cores mais vivas. Os tons laranja e rosa-claros trazem toda a jovialidade desta época oca do ano. Essa transição de cores deve ser feita de maneira natural, até porque e logo teremos o verão, e nele já antecipo: as cores res flúor vêm com força total. tal. Como esse batom, m, que já é o queridi-nho e continuará durante as próximas estações (foto o 2) baton FLAT OUT UT

FABULOUS M.A.C A pele, sempre muito iluminada e com contornos suaves, faz parte dessa obra floral feita no rosto com toda a harmonia de uma boa maquiagem. Nessa época, todos os sentidos do corpo começam a ficar mais vibrantes, e a maquiagem não poderia ser diferente: as cores tímidas começam a dar espaço às cores mais vivas e que deixam toda a maquiagem com aspecto de estar realmenda pele. (foto 3) te à flor d grande dica é: quanto meA grand mais! Menos base, menos é m corretivo, isso trará mais nos cor vigor e delicadeza à maquiagem, exatamente como a primavera pede. Se for para prima abusar, abuse dos primes, abusa hidratantes labiais com dos h blushes cremosos, e cor, b sombras em tons mais as som vivos fazem todo o trabalho os lábios com naturalidade, n começam a ficar mais ousados e coloridos, e uma ótima combinação é o delineador preto, que fica perfeito e como sempre atemporal. (foto 4) Chegou a hora de abusar do frescor. Divirta-se em meio a essa transição de cores. “Lembre-se: maquiagem tem que ser uma versão melhorada de você mesma, não transformar você em outra pessoa.”

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JuliaFleck cartola_normal

Desde pequena sou fascinada por moda, decoração, beleza, cultura pop e viagens. Adoro me comunicar e dividir experiências, então criei um blog para contar tudo que me atrai no mundo. Acesse também www.juliafleck.com. br e seja bem-vindo.

To drink Um dos destaques do 300 Cosmo Dinning é a carta de drinks. O queridinho do momento é o Moscow Mule, uma deliciosa mistura de vodka, limão e espuma de gengibre. É uma explosão refrescante de sabores!

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To wear A coleção de óculos de sol do designer Thierry Lasry que não sai do rosto das famosas já chegou ao mercado brasileiro. As características da marca são o toque “vintage futurístico” e os detalhes divertidos nas criações. Madonna, Rihanna, Paris Hilton e Alicia Keyes já elegeram seus favoritos. O meu é o Magnety e custa cerca R$ 1,5 mil. Para os homens a minha dica é a marca de óculos de sol Illesteva. A grife italiana se diferencia pelo processo hand made, e você ainda pode escolher as cores da armação, hastes e lentes para deixar com a sua cara (cerca de R$ 750).


Os 5+ por Jorginho Goulart: O beauty artist dá dicas valiosas de produtos acessíveis e com longa duração pra arrasar no make do dia a dia. 1. Máscara de cílios In Extreme Dimension 3D, M.A.C (R$99): sempre começar passando o rímel para não correr o risco de borrar a sombra. 2. Lápis Black Urban, Decay (cerca de R$70): cremoso e macio, proporciona uma cor poderosa e duradoura.

3. Primer Le Blanc de Chanel, Chanel (cerca de R$ 100): ajuda a uniformizar a textura da pele, disfarçar linhas e dar durabilidade ao make.

4. Rímel para Sobrancelha Speed Brown, Benefit: gel natural de longa duração e possui um tom universal que é adequado para todos os tons de sobrancelha, além de uniformizar os fios ainda cobre falhas. 5. Base Compacta Prep+Prime BB, M.A.C (R$140): essa base compacta deve ser utilizada para realçar os traços, criando um jogo de sombras que irá delinear o rosto.

RoubandoaCena

FOTO: VINI DALLA ROSA

Maurício Malcon

Julia Teixeira Coufal e Bettina Becker Angela Di Verbeno

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PaxLuxLuv

O TEMPO É AGORA E “DO AGORA” IsadoraBertolucci www.paxluxluv.com.br

Entre o material e o espiritual, a moda encontra outros caminhos

Eis que esta coluna de dicas de moda curada por museus e eventos pelo mundo sempre explorou o desconhecido e solitário universo de cavar a conexão dicotômica entre moda e espiritualidade. Pois, definitivamente, são duas paixões existenciais desta que vos escreve. Às vezes, em uma caminhada sem destino final, podemos nos perder, a não ser que outras pessoas reconheçam o rumo comum. Quando falamos em tendências, falamos em situação atual do mundo e quais os sinais que este presente nos dá. Pois há quatro anos meus neurônios conectaram-se em uma só direção. O acesso a informação fez com que acordássemos para uma realidade sem volta, somos parte de algo bem maior, tenha você crenças extras ou não. Foi lendo o site de Susie Bubble, o precursor Style Bubble, que descobri uma

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linda evidência: Susie, uns chamam de blogueira, eu a considero uma exímia contextualizadora de tudo que borbulha de forma válida na moda atual. Ela identificou o movimento, marcas e iniciativas que trilham o equilíbrio entre o material e o espiritual. O que Rubi Warrington chama de Nowage, o tempo do agora. São pessoas e marcas que

Não nos alimentaremos mais esteticamente, nem para preencher vazios; nosso consumo se tornará espiritual

entenderam e aplicaram fenômenos que eu conversava com as paredes. Não nos alimentaremos mais esteticamente, nem para preencher vazios; nosso consumo se tornará espiritual, já que nos libertamos para o autoconhecimento, e a consequência natural é trilharmos estes caminhos. Como a enxurrada de economistas de Wall Street que foi para o interior montar uma cervejaria artesanal. Objetivando: quanto mais despertos estivermos, menos nosso consumismo agirá de forma cega. E toda uma onda se forma para que nossos desejos mais profundos, de fato da alma, sejam preenchidos. Estejamos alertas, receptivos e preparados. Não parece ser uma onda oportunista, o mundo clama pelas descobertas que vêm de dentro para fora. + www.stylebubble.co.uk em Spiritual High. + http://thenuminous.net/ Fotos da Revista Numeró China Numéro, Salvation. Numero China, August 2014 Photography: Sofia Sanchez & Mauro Mongiello Stylist: Samuel Francois Hair: Romina Manenti Makeup: Rie Omoto

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moBá

GOD IS INHERENT A escolha das vestimentas como manifestação de nossos personagens. Deus é inerente, está dentro de nós, quanto mais nossa terceira pele se evidencia, mais cores texturas e ousadias tornam-se possíveis. Este ensaio é sobre o sagrado.

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Fotografia: Manoela D’almeida Styling: Isadora Bertolucci Beleza: Daniele Wickert Modelo: Lucas Kehl (Ford Models Sul) Retouching: Carlos Barros

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Agradecimentos: Me Gusta Brechó, Las Gallas Brechó, acervo de Rodrigo Pires, e DerCanvas para Loja Pandorga.


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BELEZA CIRCULAR Azuis de toda a sorte, vermelhos de diversas vibrações, pretos e nudes cremosos nos trazem vazados, linhas e ondas e uma doce contemplação. 94 |


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“You’re thinking about something, my dear, and that cartola_normal makes you forget to talk.” Lewis Carroll

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Todas as peças de tricot manual foram desenvolvidas por Helen Rödel especialmente para a indústria de Linhas Círculo. www.circulo.com.br cartola_normal

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Fotografia: Jorge Bortoli Modelo: Cecilia Plentz Premier Model Management Styling: Isadora Bertolucci Beleza: Daniele Wickert

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Publi

EMOLDURANDO PORTO ALEGRE Pedro Gabriel foi o talento escolhido pela Cyrela Goldsztein para emoldurar o pôr do sol da cidade no ponto mais alto de Petrópolis. O Porto Alegre Incomparável será em um cenário único com ângulo de 180º para a cidade e a melhor vista da capital gaúcha para o pôr do Sol, mesmo nos andares mais baixos. Todos os 68 apartamentos de 126 e 162 metros quadrados, com 2 e 3 boxes, são de frente para a praça. No apartamento decorado por Raul Pêgas podemos perceber todas as possibilidades de convivência com o espaço gourmet com churrasqueira integrada ao living, lareira e cozinha com

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copa. Na sala, anelas do piso ao teto integram ainda mais o horizonte exuberante, cenário em todos os ambientes. Porto Alegre é assim. O olhar dá um mergulho na piscina e sai lá no horizonte. Com Pedro, assinam também a obra a Bonini Arquitetura, o paisaigista Benedito Abbud Arquitetura Paisagística e Takeda Arquitetura e Paisaigismo e a BG Arquitetura assinam esse impressionantre projeto que ainda toda a infra -estrutura de ambinetes como Brinquedoteca, Espaço Teen, Fitness, Salão de Festas, Lounge Externo Gourmet, praça com mirante, quadras, piscina cobertas e infantil.

Uma suave elegância com a funcionalidade que um bom projeto proporciona ao arquiteto de interiores focado no bem-estar dos moradores. Raul Pêgas


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VitorRaskin

Gloria Kalil foi a convidada especial para talk show no Country Club

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%HWLQKD )OHFN 6FKXOW] UHFHEHX &ODXGLD Bartelle na concorrida apresentação de jóias 0DWKHXV 'q$JRVWLQ H 2FW¾YLR 0DUFDQWRQLR Bortoncello na festa de formatura dos amigos $ HOHJDQWH ,GD *XV SDUWLFLSRX GH XPD das concorridas noites de arte

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MARTHA BECKER brindou a chegada da Primavera e dos 40 anos no Country Club

KARINA STEIGER e PEDRO CORBETTA RIBEIRO na comemoração black tie que marcou as quatro décadas da bela

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MISTURE BÁ

Por Mariana Bertolucci Fotos Christiano Cardoso, Liane Neves e Vini Dalla Rosa

ANA PAULA JUNG e ANIK SUZUKI

LAURA BIER MOREIRA na Oui Chérie


Estonteante: MARCIA BRUN ainda mais bela com os brincos NK Joias e vestido St. Trois

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Acima, ANA HELENA JARDIM e VIRGINIA VASCONCELLOS Acima, THAIS MALLMANN, MANUELA VILLAR e DANIELA SANT ANNA receberam as clientes e amigas no coquetel oferecido pela Bá na charmosa Oui Chérie!

Acima, MARIANA XAVIER.

Acima, REGINA WALLAUER E PAULA RIBEIRO. Abaixo, THAIS STARLING E PAULA DAUDT SARMENTO LEITE

Acima, MARIANA MACHADO SIMÕES. Abaixo, LIVIA MACHADO e ALINE MENDES

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Acima, FERNANDA SCLOVSKY nas picapes

Acima, LISE JUNG E ISABEL MARTINS. Abaixo, CRISTIANE CERENTINI Abaixo, XUXA PIRES e CACÁ MINUZZI


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social

Acima, LUCIANA FLECK DA ROSA e IEDA SOUZA . Abaixo, DEBORA SIROTSKY DVOSKIN PAIVA recebeu ao lado de SILVANA PORTO CORREA no coquetel oferecido pela Bá para mostrar sua coleção da Debora Dvoskin Joias

Acima, NARA SIROTSKY. A direita, JULIANA DAVIS

Acima, ANGELA XAVIER e TATIANA NOLL

GOIA TELLECHEA e CRISTINA JUSTO À esquerda, VITORIA CHAVES BARCELLOS e ANA THEREZA CHAVES BARCELLOS MOTTA 108 |

Acima, LIANA MARCANTONIO e KATIA TAVARES CORREA.


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Acima, CORA e MARIANA PINTO RIBEIRO. Abaixo, CINTHIA PICCININI

Acima,LENISE BRUN. Abaixo, ALINE MOURA entre JANETE e GABRIELA TROIS no coquetel oferecido pela Bá de lançamento da nova coleção da St. Trois

Acima, ROBERTA SIMON na St.Trois Abaixo, CATARINA COSTA SIROTSKY

Abaixo, MARTHA LEAL e GRAÇA VELHO.

CINTHIA ALMEIDA

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ROBERTA ASMUZ

Acima, MARIA HILDA MARSIAJ


a sua assessoria de imprensa no rio grande do sul e no brasil

www.agenciacigana.com

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Acima, Ana Claudia Peixoto na St.Trois Abaixo, Linda, ANA GABRIELA GUIMARテウS

Acima, CLAUDIA DAL POZZO

Acima, MARCELA DEL ARROYO Abaixo, TATIANA e FABIANA NOLL receberam ao lado de Marcia Brun no coquetel de lanテァamento da NK Joias, oferecido pela revista

Acima, DEBORA GUICHARD. Abaixo, BIBIANA TELLES

Acima, FRAN BRADENBURG e GREICE MERLIN BOFF 112 |


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Manequim cartola_normal VitórioGheno

Eu frequentava desfiles de moda quando morei em Paris no início dos anos 1950, para poder desenhar e ilustrar os desfiles. Muitos desenhos que fiz lá, eu mandei para o Brasil para serem publicados em revistas cariocas de variedades, entre elas a Revista RIO do Roberto Marinho. “Moda também é arte, moda também é cultura.”

FOTO: NÁDIA RAUPP MEUCCI

artista plástico

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