VIDA REVISTA
sem dor ANO I - EDIÇÃO 02
ENTREVISTA Márcio Atalla fala sobre a importância da prática de exercícios físicos e de cultivar bons hábitos. ALIMENTAÇÃO Café: médicos e pesquisadores se dividem entre os benefeicios e malefícios da bebida. QUESTÃO DE SAÚDE O que as dores querem dizer? Pequenas dores podem apontar problemas maiores.
COLUNA Qual é o seu
problema?
Editorial
Sumário Instalado em Campinas, o maior pólo tecnológico de Brasil, e mais precisamente no bairro do Cambuí, o Singular – Centro de Controle da Dor – disponibiliza para o Brasil um modelo inovador de tratamento de patologias que causam dor. Nosso objetivo é proporcionar ganhos em qualidade de vida para o indivíduo mediante a ação sinérgica da equipe multiprofissional. www.singular.med.br
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Especial: Coluna
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A sua dor é crônica? Por Dr. Fabrício Assis Chamamos de dor crônica aquela que persiste além de três meses, seja contínua ou intermitente. Então, um indivíduo que apresenta crises de dor por esse tempo, mesmo que com uma frequência pequena, são considerados portadores de dor crônica. A dor crônica deixa de ter a função de proteção e alerta que alguma coisa está errada. Deixa de ser um sintoma e passa a ser a própria doença. É como se o alarme estivesse disparando de uma maneira errada. Existe uma disfunção no sistema que percebe a dor, como um curto circuito, e que leva a uma piora gradativa de todo o problema se não tratado corretamente. É o que chamamos de sensibilização do sistema nervoso. Além disso, a dor crônica interfere na vida do paciente como um todo, muitas vezes levando a problemas emocionais, financeiros, familiares e sociais. Por esta razão é necessário um tratamento interdisciplinar, muitas vezes com acompanhamento com psicólogos e, em alguns casos, psiquiatras. O grande vilão da coluna é sem dúvida o estresse o qual somos submetidos nos dias de hoje. Não podemos esquecer também que a obesidade e a falta de uma atividade física regular são muito prevalentes nos dias de hoje. Por esta razão, é fundamental buscar tratamento médico o quanto antes. Controle é essencial para deixar de conviver com esse desconforto.
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Revista Vida sem Dor
Notícias – Trabalho norturno, hepatite A, ansiedade, LER, osteoartrite.
Entrevista – Márcio Atalla.
A revista Singular é uma publicação do Singular – Centro de Controle de Dor produzida pela Conexus Comunicação Jornalística.
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Bem-estar: Bicicleta: sua maior aliada.
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Questão de saúde: Dor. Um mal necessário
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Alimentação:Herói ou vilão?
REDAÇÃO Editora-chefe Ana Sniesko Colaboraram nesta edição Texto: Carolina Vilela Fotos: Shutterstock Revisão: Daniel Consani Coordenação de Arte Philipe Aquino Arte Luana Santana e Philipe Aquino Projeto Gráfico Livia Almeida Serviços Administrativos Fabiana Steavnv
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Dicas diversas: A importância da ginástica laboral.
30 Fale com a gente E-mail: atendimento@grupotriunfo.combr Cartas: Rua Carolina Prado Penteado, 1122 - Nova Campinas – Campinas, CEP: 13092-470. Fax: (19) 2139-9000
Infográfico: Olhar em 4D.
Notas temáticas: Sindrome do pânico
Perguntas e respostas
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Pergunte ao especialista: A sua dor é crônica?
Revista Vida sem Dor
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Ansiedade Patológica
Notícias Por Sonia Xavier
Trabalho noturno, problemas para a saúde. As oportunidades de emprego no horário noturno levam um número cada vez maior de pessoas a optarem por mudar de vida (e também o seu horário de trabalho). Para isso, se dispõem a trocar o trabalho diurno pelo noturno ou mesmo participar do revezamento de turnos. O que essas pessoas não imaginam é que essa decisão pode ter graves consequências para a saúde. Segundo Renata Federighi, consultora do sono da Duoflex, trocar a noite pelo dia pode prejudicar, e muito, à saúde do individuo. “O sono diurno nunca compensa, em termos de qualidade e também de quantidade, as horas não dormidas no período da noite. Fatores como ausência da luz, a temperatura do corpo, além da secreção da melatonina, são encontrados apenas durante o sono noturno”, afirma Renata. Segundo ela, os efeitos são sentidos de imediato, logo na troca de rotina, e incluem sonolência, fadiga, falta de atenção, deficiência quanto à memória e raciocínio, além da predisposição a doenças ligadas à baixa imunidade, como gripes, problemas cardiovasculares e metabólicos. “Quem troca a noite pelo dia pode desenvolver predisposição à obesidade. Algo decorrente da ação incorreta do hormônio da saciedade chamado de leptina, sem contar a maior resistência à ação da insulina, que afeta os indivíduos que
possuem diabetes”. Além disso, outros pontos podem ser afetados diretamente quando se opta por trabalhar no período noturno. “Muitos trabalhadores que aderem a essa rotina tendem a manifestar problemas gástricos como: azia, má digestão, úlceras gástricas, irritações no cólon. Isso porque, ao optarem por essa prática, as pessoas têm a tendência de se descuidarem da alimentação correta”, explica ela.
Como prevenir a Hepatite A A hepatite A é a mais comum das hepatites e, normalmente, tem uma evolução benigna e seu tratamento é feito apenas com sintomáticos para náuseas e vômitos, assim como para febre. A transmissão desse tipo de hepatite ocorre pela via fecal oral, ou seja, o vírus é eliminado pelas fezes e entra em contato com o corpo quando ingerido por alimentos e líquidos contaminados com as fezes. “É necessário cuidado especial em relação ao local onde comemos e bebemos, e é imprescindível lavar as mãos após usar o sanitário e na manipulação de alimentos”, explica o dr. Carlos Eduardo Prado Costa, médico clinico geral da Clínica Ictus Homem e membro da Sociedade Internacional de Medicina Sexual. Embora a evolução da hepatite A seja benigna, ela tem uma variável fulminante que leva a morte rapidamente. “A hepatite A pode 4
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levar trinta dias da contaminação até a manifestação dos sintomas e, as vezes, pode ocorrer sem nenhuma manifestação sintomática”, alerta o dr. Carlos. Os sintomas mais comuns são a icterícia (amarelão), colúria (urina escura), acolia (fezes brancas), fadiga, mal-estar geral, letargia (sonolência, apatia), náuseas e vômitos, febre e dor de cabeça, dor no lado direito do abdômen. O dr. Carlos orienta que é importante tomar cuidados, como evitar o uso de alimentos ricos em gordura e uso de álcool de qualquer quantidade. Indica-se uma dieta mais rica em carboidratos, principalmente de pequenas quantidades regulares de doces e principalmente pé de moleque. “Aos diabéticos, o açúcar deve ser muito restrito assim como os demais carboidratos”, lembra. A vacina contra hepatite A é 100% eficaz e deve ser iniciada em crianças a partir de um ano de idade em duas doses com intervalo de seis meses; no adulto, não há limite de idade
A Ansiedade Patológica é uma doença séria. Seus sintomas variam bastante e existem até casos de obesidade e insônia que têm, em sua raiz, tal patologia. Como em toda síndrome, o diagnóstico tem que ser feito por um especialista e pelo conjunto de sintomas físicos e emocionais que devem perdurar, no mínimo, por seis meses. “Os sintomas podem incluir dificuldades para relaxar, dormir e se concentrar, cansaço excessivo, irritabilidade, tensão muscular, boca seca, enjoos, diarreia e taquicardia, entre outros problemas”, explica a psicóloga Amélia Kassis, diretora da Companhia Zen. De acordo com Amélia, algumas técnicas têm se mostrado eficazes no tratamento da ansiedade, como a psicoterapia, que ajuda “a melhorar a percepção do indivíduo sobre si mesmo e o mundo, aumentando sua autoestima e desenvolvendo sua capacidade de sentir prazer”. Já o ioga, segundo ela, “também pode ajudar o paciente a reaprender a respirar, aumentando a consciência e o controle de si mesmo”. “Outras sugestões são a terapia corporal, que aumenta sua percepção corporal e redireciona sua energia vital, e a massagem, que permite trabalhar em pontos específicos do corpo para equilibrar e administrar conflitos físicos e emocionais”, explica.
LER, como evitar? Muitas pessoas sentem dores e incômodos nos braços, punhos, cotovelos e ombros, mas não sabem o motivo. Pensam que se trata de uma dor passageira ou algum mau jeito momentâneo. O fato é que essas dores contínuas podem ser sintomas da LER (Lesão por Esforço Repetitivo) que consiste em uma síndrome que afeta os membros superiores, “com queixa de grande incapacidade funcional, causada primariamente pelo próprio uso de mãos e braços em tarefas que desenvolvem movimentos locais ou posturas forçadas”, explica o dr. Ulisses dos Santos, chefe da equipe de Ortopedia e Traumatologia do Hospital San Paolo, centro hospitalar de média complexidade, localizado na zona norte de São Paulo. O quadro de inflamação local, quando não tratado, pode levar ao diagnóstico de LER. As vítimas mais comuns são os trabalhadores braçais que usam abusivamente os membros superiores para uma atividade que se repete constantemente durante os dias e os atletas de determinados esportes como os jogadores de tênis e golfe. A principal dica é a prevenção, ou seja, evitar fazer qualquer esforço repetitivo. Em todos os casos, medidas locais, como o alongamento e a crioterapia, técnica na qual se aplica baixas temperaturas em regiões locais do corpo são fundamentais para a prevenção. É recomendado ainda a procura de um médico para uma avaliação e auxílio no tratamento, que varia de paciente para paciente. Segundo o dr. Ulisses, é importante destacar que uma vez feito o diagnóstico de quadro de LER, e por se tratar de algo crônico, o tratamento leva algum tempo, e, muitas vezes, o quadro se agrava devido a demora do paciente em procurar um médico especialista.
Entenda a osteoartrite Segundo o reumatologista, diretor do Iredo (Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares), Sergio Lanzotti, a dor da osteoartrite geralmente está relacionada com a rigidez matinal (tipicamente com duração de aproximadamente 30 minutos) ou a realização de atividades físicas, como subir escadas, levantar-se de uma cadeira, pular ou fazer uma caminhada longa. Os pacientes queixam-se frequentemente que o joelho parece “sair do lugar”. É preciso investigar a dor de cada paciente, pois várias condições médicas podem causar dores nas articulações, como bursite ou gota. “Algumas pessoas apresentam os sintomas da osteoartrite mais cedo do que outras, dependendo de sua história médica, bem como da frequência com que elas se envolvem em atividades que podem ferir as articulações. Alguns tipos de osteoartrite, especialmente nas articulações dos dedos, podem ser problemas de família”, comenta Lanzotti. E atividades, como corrida, podem aumentar o risco de desenvolver artrose mais tarde na vida? De acordo com o reumatologista, esportes ou lesões por sobrecarga podem, muitas vezes, levar ao aparecimento da osteoartrite. Mas um estudo recente relatou que idosos saudáveis podem praticar exercícios, como corrida e caminhada, sem aumentar o risco de desenvolver artrose do joelho.
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Coluna Por Sonia Xavier
Entenda os principais males que afligem essa importante estrutura do corpo e seus respectivos tratamentos
Por tais razões, a coluna precisa de cuidados e atenção. Dores nessa região devem ser investigadas e tratadas, embora se perceba muitas pessoas convivendo com perturbações constantes nessa estrutura.
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Especial
A coluna vertebral é um dos órgãos mais importantes do corpo humano, pois tem duas funções essenciais: ela serve como eixo de sustentação da estrutura corporal, auxiliando nos complexos movimentos realizados por ele; e é responsável pela condução das estruturas nervosas, tornando possível o encontro da raiz sensitiva e motora do corpo.
...a coluna precisa de cuidados e atenção. Dores nessa região devem ser investigadas e tratadas...
Segundo o anestesiologista e médico intervencionista da dor, Dr. Fabrício Dias Assis, cerca de 95% de todas as dores na coluna são chamadas de lombalgias inespecíficas, que são aquelas que não possuem uma causa identificável muito clara, e que normalmente estão relacionadas com a degeneração da própria coluna. As causas mais comuns são a dor discogênica, a dor facetaria, a dor sacroilíaca e as dores musculares. O médico também explica que os sintomas destas lombalgias inespecíficas são muito parecidos em todos estas patologias e, clinicamente, não é possível fazer um diagnóstico correto do tipo de dor apresentado pelo paciente. Os exames de imagem nestes casos também ajudam muito pouco e, em geral, servem para se descartar uma lombalgia específica. “Muitos estudos demonstram uma incidência muito alta de alterações na Ressonância em pacientes assintomáticos, e do outro lado, nenhuma ou pequenas alterações em pacientes bastante incapacitados pela dor são achados. Então, hoje possuímos uma ferramenta fundamental para um diagnóstico preciso da exata fonte da dor na coluna, que são os bloqueios diagnósticos. Desta forma vamos testar se uma estrutura é dolorosa ou não, e determinar, fisiologicamente, onde está a causa da dor”, comenta. Já 5% das dores que acometem a coluna são as dores lombares que apresentam uma causa pontual e objetiva, que são chamadas de lombalgias específicas. Suas causas 6
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mais comuns são as fraturas, infecções ou tumores na coluna. Dr. Fabrício ressalta, porém, que algumas patologias fora da coluna também, em alguns casos, podem ser a causa da dor nas costas, como um aneurisma de aorta ou um câncer de pâncreas, por exemplo. Para diagnosticar essas doenças, exames de imagem como raios-X, tomografia e ressonância magnética são os métodos mais usados para determinar o diagnóstico. Fabrício também explica que existem os chamados “red flags”, ou sinais de alerta vermelho, que são sinais e sintomas que o paciente apresenta e que pode ajudar o médico a entender que tais dores na coluna se tratam de uma lombalgia específica. São eles:
• Idade acima de 55 anos ou pacientes muito jovens; • História de trauma ou acidente importante; • Dor constante, progressiva e que piora com o repouso; • Deformidades estruturais na coluna; • História de câncer prévio; • Abuso de drogas • Uso crônico de corticóides; • Progressão de sinais neurológicos (disfunção da bexiga ou intestino, alterações progressivas da sensibilidade com ou sem acometimento motor); • Restrição à flexão lombar; • Febre ou perda de peso inexplicável.
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Dr. Eduardo também explica que a maioria das doenças da coluna não possui prevenção, mas como a de maior incidência são as doenças degenerativas, nesse caso há como fazer prevenções primárias como, manter-se sempre magro, praticar atividades físicas, evitar impacto e cargas e não fumar, pois o cigarro é inimigo da cicatrização, evitando que traumas constantes e comuns que a coluna sofre possam ser facilmente reparados. “Além disso, manter sempre uma postura correta, corrigindo os ombros e sentando de forma adequada, já que esta posição é a que gera mais carga para a coluna”, diz e sugere: “Para
aquelas pessoas que trabalham muito tempo sentadas é importante intercalar essa posição, levantando-se e andando”.
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Dor com febre também pode indicar infecção na coluna, dor nas costas em pacientes com câncer pode indicar uma metástase, principalmente câncer de pulmão, mama ou próstata
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Segundo o neurocirurgião e especialista em coluna, Dr. Eduardo Iunes, a maioria das dores nas costas são de causa muscular e dura no máximo quatro semanas. Os pacientes, percebendo a continuidade da dor ou dores que passam de uma região para outra, como pescoço para braço, lombar para a perna, ou seja, que corre de um membro para outro, deve investigar a doença. “Dor com febre também pode indicar infecção na coluna, dor nas costas em pacientes com câncer pode indicar uma metástase, principalmente câncer de pulmão, mama ou próstata”, diz.
Dor crônica na coluna Caso a dor na coluna dure mais que três meses, já é chamada de crônica, seja ela contínua ou intermitente. Então, um indivíduo que apresenta crises de dor, mesmo que com uma frequência pequena, por mais de três meses, são considerados portadores de dor crônica. “A dor crônica deixa de ter a função de proteção e alerta que alguma coisa está errada. Deixa de ser um sintoma e passa a ser a própria doença. É como se o alarme estivesse disparando de uma maneira errada. Existe uma disfunção no sistema que percebe a dor, como um curto circuito, e que leva a uma piora gradativa de todo o problema se não tratado corretamente. É o que chamamos de sensibilização do sistema nervoso”, explica Dr. Fabrício. Além disso, o médico também afirma que a dor crônica interfere na vida do paciente como um todo, muitas vezes levando a problemas emocionais, financeiros, familiares e sociais. “Aqui se faz necessário falar sobre a importância de um tratamento interdisciplinar, muitas vezes necessitando de acompanhamento com psicólogos e, em alguns casos, psiquiatras”, afirma ele. 8
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Tratamentos Quando se sabe o motivo das dores na coluna, que são em apenas 5% dos casos, é mais fácil indicar o melhor tratamento aos pacientes, mas como 95% dos pacientes possuem lombalgias inespecíficas, o quadro muda. Dr. Fabrício diz que após uma avaliação adequada e a realização do bloqueio diagnóstico, com a confirmação da exata fonte da dor, é passado o tratamento, que deve ser instituído de maneira gradual e interdisciplinar. “É importante salientar que a grande maioria das dores crônicas na coluna são de natureza degenerativa e, portanto, não têm como tratar a sua causa. É o caso, por exemplo, das hérnias de disco, artroses, desgastes etc. Quando existe uma causa definida e específica, passível de ser curada, este deve ser o objetivo do tratamento, tentando extirpar a sua causa. É o caso de infecções, tumores, deslocamentos grandes, chamados de listeses, que geram instabilidade na coluna”, explica e complementa: “A cura pode ser conseguida em uma percentagem muito pequena das pessoas; na grande maioria, o tratamento da dor, com reestabelecimento de uma vida normal é o objetivo do tratamento, e o paciente tem que estar com as expectativas alinhadas neste caminho”. A fisioterapia, o tratamento medicamentoso e, em alguns casos, o tratamento psicológico, são o primeiro passo neste sentido, e uma grande parte dos pacientes têm alívio adequado de sua dor nesta etapa. Este é chamado de tratamento interdisciplinar. Já, segundo Dr. Fabrício, os procediment os minimamente
invasivos são o segundo passo para o tratamento, quando as dores ainda persistem. O médico diz que a medicina tem evoluído muito neste sentido e várias técnicas estão disponíveis atualmente com este objetivo. “Dentre as terapias minimamente invasivas podemos destacar os bloqueios terapêuticos com corticoides, os bloqueios por radiofrequência, os procedimentos de descompressão percutânea do disco intervertebral, a vertebroplastia, os sistemas implantáveis e a aplicação de Botox”. E todos esses tratamentos são seguros para o paciente? De acordo com Dr. Fabrício, todos estes procedimentos, inclusive os bloqueios diagnósticos, são realizados com a ajuda de equipamentos de imagem, normalmente um equipamento de raios-X chamado de intensificador de imagens. O ultrassom e a tomografia também podem ser utilizados em alguns casos. Desta forma, atingese uma precisão e segurança muito grandes do correto posicionamento das agulhas. “Com exceção dos sistemas implantáveis todos os outros tratamentos devem ser instituídos antes de tratamentos cirúrgicos mais invasivos, os quais serão realizados quando a dor persiste mesmo após os tratamentos minimamente invasivos. Portanto, as cirurgias na coluna são indicadas em apenas uma pequena percentagem dos casos, porém tem o seu espaço para alguns pacientes”, ressalta. No caso de dores, mesmo que pontuais, Dr. Eduardo aconselha nunca se automedicar ou fazer ações na coluna, o que pode piorar a dor. O neurocirurgião sugere também que se use colchões de densidade 33, durma de lado, com as pernas flexionadas e um travesseiro entre elas, que se evite permanecer muito tempo sentado, e atividade física pelo menos por 30 minutos, três vezes por semana. Com relação ao tratamento sempre a base de relaxante muscular, Dr. Eduardo explica que essa é uma forma de verificar se o problema é muscular, caso a dor desapareça ele ajudou a tratar a crise, mas caso o problema não seja esse, o medicamento não fará efeito o que deverá ser investigado. Já Dr. Fabrício alerta que o uso crônico de anti-inflamatórios é um grande problema nos dias de hoje. Além de não serem medicações adequadas para estes casos, ainda podem trazer sérios riscos à saúde do paciente, como úlceras no estômago, hipertensão arterial e insuficiência renal. Para finalizar, o médico diz que os problemas na coluna são multifatoriais, ou seja, uma junção de sucessivos fatores. Segundo Dr. Fabrício, a parte genética parece ser a mais importante em determinar se uma pessoa irá apresentar uma degeneração mais precoce ou tardia, mas outros fatores como trauma, hábitos de tabagismo e alcoolismo, prática de atividade física regular ou não, sintomas emocionais como estresse, ansiedade e depressão, obesidade e alterações posturais também são importantes em acelerar ou não o processo degenerativo. “Normalmente, o conjunto destes fatores é que vai determinar quem sofrerá de dor na coluna ou não, e em caso afirmativo, se mais jovem ou em idades mais avançadas”, afirma. Revista Vida sem Dor
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Causas mais comuns de Lombalgias inespecíficas 1. A dor discogênica é aquela causada pela degeneração do disco intervertebral e responde por cerca de 40%
de todos os casos de dor crônica lombar, sendo a sua principal causa. O disco é aquela estrutura que fica entre 2 vértebras e tem como uma de suas funções principais a de amortecer a carga que é exercida na coluna. Possui uma “gelatina” por dentro, e quando a sua capa vai enfraquecendo e se rompe, esta gelatina vaza para fora e o paciente então pode começar a ter dor.
Como funcionam os principais tratamentos invasivos na coluna 1.
Os bloqueios com corticoide e por radiofrequência são as técnicas de eleição para a dor facetaria e a dor sacroilíaca. São procedimentos realizados através da introdução de agulhas em alvos específicos, e que objetivam bloquear a dor e permitir que o paciente faça uma reabilitação adequada. Também podem ser utilizados em alguns casos de dor por hérnias de disco.
2. As descompressões percutâneas do disco intervertebral é uma cirurgia
minimamente invasiva do disco onde, através de uma agulha uma pequena parte do disco é retirada, descomprimindo o nervo afetado pela hérnia. Tem uma boa indicação para os casos onde esta hérnia está contida. É um procedimento ambulatorial realizado sob sedação, com o paciente acordado, e que permite uma rápida recuperação do paciente, diminuindo consideravelmente as complicações relacionadas às cirurgias abertas.
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2. A dor facetaria é causada pela inflamação nas pequenas articulações da coluna, que são chamadas de
facetas. Contribui com 15 a 45% de todos os casos de lombalgia crônica, dependendo da faixa etária. O aumento da idade aumenta a sua incidência e sua principal causa é o desgaste destas articulações, que chamamos de artrose.
3. A dor sacroilíaca é a terceira causa mais frequente de dor crônica na coluna com incidência em torno de 19%.
É causada pela inflamação da articulação do final da coluna com a bacia, chamada de articulação sacroilíaca. Já nos pacientes operados submetidos à artrodeses (colocação de parafusos), a dor sacroilíaca pode chegar a até 60% de incidência naqueles que ainda continuam com dor depois da cirurgia.
4. As dores musculares, como causa principal da dor, respondem por cerca de 5-10% dos casos de lombalgias
crônicas. Aqui vale salientar que 100% dos pacientes com dores crônicas na coluna possuem dores musculares, mas na maioria deles esta dor é secundária a um outro problema primário, como os citados acima. Os músculos mais comumente acometidos são o Psoas, o Quadrado Lombar e o Piriforme.
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A síndrome pós-laminectomia é a dor que persiste mesmo após o paciente ser submetido a uma cirurgia na coluna. Os estudos demonstram que após um ano, cerca de 20% dos pacientes operados estão iguais ou piores que antes do procedimento. A má indicação da cirurgia e complicações como a fibrose peridural, que é a cicatriz que se forma no local da cirurgia e pode englobar os nervos, são as suas principais causas.
6. A estenose de canal lombar indica uma degeneração mais avançada da coluna e, em geral, é mais presente em pacientes com idade acima de 60 anos. Neste caso, o centro da coluna, chamado de canal espinhal, onde está contida a medula espinhal e os nervos, apresenta-se estreitado, havendo uma compressão destas estruturas nervosas.
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Revista Vida sem Dor
A vertebroplastia está indicada para o tratamento da dor devido a fraturas por achatamento da coluna. Envolve a introdução de uma agulha no local da fratura. Também é um procedimento ambulatorial realizado com o paciente acordado sob sedação e com o alívio quase que imediato da dor sentida pelo paciente.
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A aplicação do Botox é um tratamento simples e eficiente para o tratamento das dores musculares refratárias a terapia convencional. É injetado dentro do músculo alvo e promove um relaxamento duradouro deste.
5. Os sistemas implantáveis podem ser divididos
em dois tipos principais: as bombas de infusão intratecal de fármacos e os estimuladores medulares. Em geral, são o último passo no tratamento da dor de coluna, normalmente instituídos naqueles pacientes cuja cirurgia aberta não teve o sucesso esperado
Entrevista Por Carolina Vilela Na pré-história, o homem primitivo andava cerca de 19 km por dia. Hoje, o homem atual anda, em média, 800 metros. Mas, infelizmente, o movimento do homem do passado fez com que o corpo humano necessitasse de atividade física, tornando o sedentarismo um risco à saúde. Essa é a bandeira levantada pelo professor de educação física e especialista em nutrição aplicada à atividade física e a doenças crônicas Márcio Atalla. Atalla tornou-se nacionalmente conhecido durante o quadro Medida Certa, do Fantástico, da TV Globo, no qual foi responsável pelo programa seguido pelos apresentadores Renata Ceribelli e Zeca Camargo para conseguirem perder peso. Após o sucesso desse quadro, o programa de televisão resolveu repetir a experiência e convidou o ex-jogador Ronaldo para ser a estrela da segunda edição.
Todo mundo em
movimento! Conheça tudo sobre a filosofia de vida do professor de educação física Márcio Atalla: “As pessoas não querem emagrecer, elas querem ser emagrecidas”.
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Revista Cuidado a Mais
O professor iniciou sua carreira preparando atletas de alto nível, mas a vontade de conscientizar as pessoas a adotarem um estilo mais saudável de vida o levou, em 2000, a criar a marca BemStar, criando um portal de informação, que depois evoluiu para outras mídias como a revista BemStar, o livro “Segredos do GNT para o seu BemStar” e, na TV, com o programa BemStar. Hoje, além de atender em sua clínica em São Paulo, Atalla é colunista da revista Época e da Rádio CBN e acaba de lançar seu mais novo livro: “Sua Vida em Movimento”, pela Editora Paralela.
VSD – Um de seus trabalhos, no início da carreira, foi preparar a atriz Claudia Liz para um filme em que ela deveria perder 6 quilos. Muitas atrizes mudam radicalmente seu corpo e alimentação para trabalhos específicos. Em sua opinião, esse é um processo saudável para o corpo? Por um tempo específico, tem transformações que são saudáveis e tem outras que não. Então, se você pegar uma pessoa que engorda 20 quilos, obviamente não é saudável. Agora, uma outra que tem que emagrecer e ficar num biótipo bom, é saudável. Tudo depende da transformação. Mas sendo num tempo específico, algo para um papel, por mais que faça mal a saúde, se a pessoa reestabelece o padrão dela, está tudo certo. No caso da Claudia, ela precisava perder seis quilos e já era super magra, modelo número 1 do Brasil, e o método que eu usei com ela, foi engordá-la 3 quilos antes da gravação e, durante a gravação, ela perdeu seis. Então, na verdade, ela só perdeu três. Ela foi bem e para conseguir isso não tem jeito: malhação e alimentação. VSD – Você já preparou diversos atletas de alto nível tanto no Brasil quanto fora dele. Qual a principal diferença ao preparar uma pessoa que não é atleta? Tem várias diferenças. A primeira é que, no caso do atleta, aquilo é a profissão dele, então ele tem muito mais tempo para se dedicar, tem muito mais estrutura, ele depende daquilo para viver, então, obviamente, tem uma entrega muito maior e muito mais fácil. Ao mesmo tempo, ele depende de resultado de rendimento, então, nesse caso, tem que se tirar o máximo desse atleta, o que é mais difícil
do que uma pessoa que só precisa de qualidade de vida. Você não precisa saltar um metro ou correr 100 metros em nove segundos. Nada disso. Então, existem vantagens e desvantagens. VSD – Você já preparou diversos atletas de alto nível tanto no Brasil quanto fora dele. Qual a principal diferença ao preparar uma pessoa que não é atleta? Tem várias diferenças. A primeira é que, no caso do atleta, aquilo é a profissão dele, então ele tem muito mais tempo para se dedicar, tem muito mais estrutura, ele depende daquilo para viver, então, obviamente, tem uma entrega muito maior e muito mais fácil. Ao mesmo tempo, ele depende de resultado de rendimento, então, nesse caso, tem que se tirar o máximo desse atleta, o que é mais difícil do que uma pessoa que só precisa de qualidade de vida. Você não precisa saltar um metro ou correr 100 metros em nove segundos. Nada disso. Então, existem vantagens e desvantagens. VSD – E como fazer para que uma pessoa comum atinja tais objetivos, já que ela não tem tais motivações? Tem que entender o ser humano. Existe uma evolução, ou seja, porque nós chegamos aqui? Só sobreviveram os seres mais adaptados, teoria de Darwin. Os ambientes em que o ser humano viveu eram locais em que ele era obrigado a se movimentar. Então, na verdade, nosso corpo é programado para fazer movimento. Se você não faz, ele não funciona bem, começa a pagar um preço muito alto para funcionar e daqui um tempo ele não vai conseguir Revista Vida sem Dor
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manter esse equilíbrio. Essa é a verdade. Então, a primeira coisa, quando chega alguém na minha clínica, é explicar porque o movimento é importante, ou seja, porque sem ele não vai ter saúde, mesmo com um milhão de remédios. Dá mais trabalho, mas é importante educar e explicar, porque isso passa a ser a motivação para essa pessoa ter saúde e ter muitos anos com qualidade. VSD – Quem se movimenta muito no trabalho leva vantagem, nesse sentido? Ou a atividade física só é benéfica de outra forma? Você tem dois tipos de atividade física. Uma que é a atividade programada, que é ir à academia, num grupo de corrida etc.. E a não programada. Em 196,0 o Brasil tinha apenas 6% de pessoas acima do peso e ninguém ia à academia. Isso já responde a sua pergunta. Obviamente, um carteiro que dá 10 mil passos por dia é uma pessoa totalmente ativa, o risco dele ter algum problema é muito menor. E foi na Inglaterra, na década de 40, que começaram os primeiros trabalhos relacionando atividade física com o coração. Eles viram que as pessoas que dirigiam os trens, comparadas com as pessoas que trabalhavam na plataforma andando, apresentavam um nível de acidente cardiovascular seis vezes maior. Então, eles perceberam que uma pessoa que se movimenta o dia inteiro no trabalho não tem necessidade de ir à academia. VSD – Na realidade atual, qual o maior impeditivo de uma vida saudável para as pessoas? É você lutar contra a natureza do ser humano. O homem nunca se movimentou por prazer, ele sempre se movimentou por necessidade. Há um milhão de anos, ele se movimentava para caçar e não por prazer. Em 1960, ele não gastava quase 500 calorias a mais por dia por prazer, e sim, porque se tinha menos escadas rolantes, menos elevadores, não tinha controle remoto... Então, o mais difícil é mostrar que, hoje, a necessidade da pessoa é ter qualidade de vida. E ter qualidade de vida não é chegar a 70, 80 anos tomando um monte de remédios. Que vida é essa se você não tem qualidade e autonomia? Eu acho que o grande desafio é lutar contra essa coisa do ser humano que não faz atividade física por prazer e, sim, por necessidade. E a necessidade hoje é ter qualidade de vida. VSD – Muitas pessoas têm acesso a informações sobre como levar uma vida saudável, mas não colocam em prática. As pessoas possuem muita informação errada: 70% de tudo que circula hoje por aí não é verdade. São os milagres que faz com que as pessoas tentem vender revistas, mas, por exemplo, quando você pega uma capa de uma revista que diz emagreça seis quilos em uma semana é uma mentira. Você está enganando o cara. Emagrecer é perder 14
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gordura, ninguém perde seis quilos em uma semana, só se tirar uma perna. Na verdade, a pessoa perde peso com algumas manobras ali, mas não quer dizer que é gordura, mas sim, massa muscular, e chega a ser até um malefício para a saúde. Aí vêm alternativas milagrosas como o óleo de coco, que não emagrece, tem muita gordura saturada. Então, hoje o que eu vejo é que as pessoas não querem emagrecer, elas querem ser emagrecidas. As pessoas procuram sempre o caminho mais fácil, um atalho e, junto de algumas informações relevantes, você tem um monte que não é relevante. A capa da revista Saúde de fevereiro diz assim: “Revolução na Nutrição, Carboidrato à noite não engorda”. Que revolução? Quem é sério, quem pesquisou, nunca falou que carboidrato à noite engorda. Então, é um absurdo, mas virou verdade. Outra coisa: está cheio de nutricionista que recomenda a dieta da proteína, ela não funciona, é muito ruim para o corpo, mas as pessoas dão, porque você vai perder quatro quilos em uma semana. Mas perdeu gordura? Não. VSD – Então, em sua opinião, o que pode motivar as pessoas a mudarem seus hábitos? O bolso. Faz igual no Japão: quem não cuida da saúde paga mais plano de saúde. Tem que doer no bolso. Primeiro, claro, tem um tom de brincadeira, mas punir faz parte do processo de educação. Eu acho que tudo parte do processo de educação. E aí eu falo em educação ampla, não só em educação física e nutricional. Educar dá trabalho, mas é a forma mais eficiente. Eu acho que você tem que educar desde pequeno, e o que se aprende quando criança é mais fácil seguir para o resto da vida e, nesse caso, eu acho que é um trabalho de política de saúde pública. Falo isso há 10 anos, e isso começa a acontecer, mas se o governo não olhar para isso, ele quebra muito rápido. Os EUA estão quebrando por conta da saúde e eles estão tendo que mexer nisso. Lá existe um modelo de corresponsabilidade com relação ao plano de saúde. Se você pega países do Leste Europeu, Canadá, Japão, que investem na prevenção, eles têm níveis de obesidade muito pequenos e uma população muito bem educada, não só na parte de saúde, como num todo e você consegue equilibrar esse jogo. Acabou de sair uma pesquisa do HCor e da Santa Casa, que diz que 65% dos paulistas estão acima do peso. Então, hoje, do jeito que o Brasil caminha, se você não educar, vai ter que chegar a medidas mais radicais. Na Inglaterra, eles querem que as pessoas paguem mais impostos por refrigerante, fast food, só vai poder anunciar depois das nove da noite e na CBN vieram me perguntar se eu era a favor disso: é lógico que eu sou contra. Na Inglaterra tem o tal do “fish and chips”, que é um peixe com batata frita. Aquilo tem tanto óleo que é pior que comer um lanche do McDonald´s. Eu levo uma pessoa, às vezes, para ir comer num self service e a pessoa consegue fazer uma opção pior do que comer no McDonald´s.
VSD – E como o Governo pode investir em prevenção? Ele tem que educar, fazer campanhas através do Ministério da Saúde e tem que dar opção. Não adianta dar informação e não dar opção. Ou seja, não adianta eu ir no metrô e ter uma máquina de bala e chocolate e eu não ter acesso a uma alimentação saudável. Hoje, vemos campanha de AIDS, dengue etc.. Ou seja, é o “Ministério da Doença”, só cuidam da doença, mas tem que cuidar da prevenção. O ideal é que se coma de maneira fracionada, diminua gordura saturada, aumente o seu consumo de fibra e beba muita água. Para o Governo, não é nada lançar esse tipo de campanha, mas não é feito. VSD –Você acha que caminhamos para uma sociedade mais saudável? Não, mais obesa. Nos EUA, agora, pela primeira vez o índice de obesidade diminuiu. Eles fizeram uma campanha e começaram três anos do Governo Obama e foi a primeira vez que diminuiu o nível de obesidade, mas muito pouco. E educação é um processo lento, não vai ter um resultado imediato, mas sim, em 10 anos. Mas tem que começar. VSD –E que tipo de treinamento de baixo custo e fácil acesso você indica? Andar, acumular passos durante o dia. Se você der 10 mil passos no dia você é considerado uma pessoa extremamente ativa e vai diminuir em 60% a chance de ter problema cardíaco, 50% de ter diabetes, 49% de chance de ter depressão, diminui a ansiedade em mais de 40%. VSD –No Fantástico você incentivou muito a atividade de pular corda. É indicado para qualquer pessoa? Sim, para a maioria das pessoas. Claro que a dor é sempre o limite, mas pular 10, 15 minutos, e não precisa ser contínua, é um exercício maravilhoso. VSD –Em seu site você propõe um programa de três meses para fazer as pessoas se adaptarem a um estilo de vida mais saudável. Como funciona esse programa na prática? Funciona basicamente como o que eu fazia no quadro Medida Certa do Fantástico, que, na verdade, foi baseado no que eu fazia na clínica. Eu faço a orientação inicial, a pessoa vem com os exames de sangue, exames médicos, eu olho, e, em cima desses exames todos, eu faço todo o programa de atividade física e oriento a parte nutricional. Quando precisa de uma coisa mais específica, minha nutricionista entra ajudando e essa pessoa tem três meses para atingir a meta. Ela pode treinar em qualquer lugar, não precisa treinar comigo, mas o ideal é que ela siga essa programação.
VSD –Como é possível perceber que o seu estilo de vida não é saudável? É só você olhar o seu exame de sangue, está lá. Mas em todo o caso, apenas 4% da população mundial que é magra tem um estilo de vida ruim. O resto, não vai ter jeito, ele vai fazer e vai sentir. A circunferência abdominal é uma ótima medida para mensurar isso. É só seguir os parâmetros da OMS, homens acima de 102, sinal vermelho total, e mulheres acima de 88 centímetros também. VSD –Em uma entrevista você comentou que “ser saudável é pensar saudável”. De que forma isso acontece na prática? Pensar saudável acontece assim: eu vou num restaurante self service. Eu adoraria pegar o bife a milanesa todo o dia, eu adoraria ao invés da salada de fruta pegar um chocolate. Então, o que é pensar saudável? É você ter todas as opções de comida, mas saber que você precisa incluir fibra, diminuir um pouco de gordura, saber que precisa colocar seu corpo em movimento, ou seja, você ter essa consciência e colocar em prática. Não adianta você querer ser saudável com a cabeça do gordo. Você não vai conseguir. Às vezes, você emagrece o corpo, mas a cabeça não resolveu e você volta para o padrão antigo. A coisa mais difícil de mudar é o estilo de vida e isso só muda quando a cabeça aceitou essa mudança, senão ela faz um sacrifício durante um tempo e depois volta. VSD –Ser saudável é um sacrifício? Para mim, não é sacrifício nenhum, principalmente quando eu falo em movimento, porque eu sempre adorei fazer. Então, é difícil eu falar com as pessoas que não gostam, porque eu não entendo as dificuldades dessa pessoa, porque eu não passei por isso. Às vezes, eu estou arrebentado no final do dia e falo: “meia hora de bicicleta vai me deixar novo”, ou “nossa, uma partida de tênis vai bem”, como eu fiz ontem à noite com o Ronaldo, quando eu estava cansado. VSD –Quais as dicas que você dá para quem quer perder gordura localizada e definir o corpo? Não existe definir o corpo. Isso é muito engraçado. Como você define o corpo? Tendo menos gordura e massa muscular, porque se você tem massa muscular e gordura você não vai definir, mas se você tem massa muscular e está magro, essa massa vai aparecer e é assim que chegase ao corpo definido. Então, o melhor sempre é você combinar pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica na semana e uma atividade de ganho de massa muscular, que pode ser musculação, pilates, ginástica localizada etc..
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Bem-estar Por Matias Salse
Bicicleta: sua maior aliada
Mais do que uma opção sustentável e ecologicamente correta, pedalar diariamente fortalece a saúde (e melhora o humor!).
O Brasil é o segundo país com mais academias do mundo, A cada dia, o número de adeptos da chamada “vida simples” e das bikes aumenta, seja para buscar uma nova alternativa de transporte, colaborar com o meio ambiente ou buscar benefícios para a saúde. Mas, quais são os pontos controversos? Que cuidados tomar? O que é preciso levar em conta na hora de optar pela bicicleta? De acordo com o fisioterapeuta do esporte e do Instituto Wilson Mello de Campinas-SP e especialista em terapia manual ortopédica, Juliano Assirati Xidieh, o ciclismo traz benefícios físicos e emocionais, contribuindo muito para a qualidade de vida. Como atividade aeróbica, gera perda de peso, ajuda a equilibrar a pressão, os níveis de triglicérides e ajuda a diminuir o estresse, que é um dos principais males da vida moderna. Além disso, o ciclismo trabalha principalmente o equilíbrio e a confiança, além de relaxar e tonificar os músculos da coxa. “Praticado com bom senso e na medida da forma física de cada um, a atividade quase não tem restrições, além de a bicicleta ser uma atividade aeróbia sem impacto, diminuindo assim a sobrecargas nas articulações, principalmente nos membros inferiores do corpo”, explica. Nesse sentido, Juliano diz que o exercício de bicicleta é indicado para praticamente todas as faixas etárias, a não ser crianças que não desenvolveram a parte cognitiva e equilíbrio. “Mas, em crianças a partir de dois anos e meio de idade, já dá para ensinar a praticar bicicleta com rodinhas, retirando gradativamente de acordo com a evolução da prática da bicicleta”. Outras contraindicações ligadas à idade para o uso da bicicleta são: idosos que já tenham alguma limitação física que os impossibilite se exercitar com a bicicleta; e idosos que tenham perdido o senso do equilíbrio ou que apresentam déficit cognitivos ou motor. “Uma alternativa para a população idosa que apresente algum tipo de limitação para o ciclismo na rua, é a bicicleta ergométrica ou estacionária, que oferece o mesmo tipo de exercício, sem risco de queda para o usuário”, sugere Juliano, e enfatiza: “Nas demais idades, para quem não apresenta nenhuma limitação, a bicicleta é um excelente exercício”.
Quem tem problemas no joelho e acredita que a prática do esporte pode prejudicar ainda mais o membro se engana. O fisioterapeuta explica que a bicicleta é bastante indicada para quem tem esse tipo de problema, pois é uma atividade que não gera impacto nas articulações do joelho, e ainda, ajuda a fortalecer os músculos da coxa e na diminuição do peso. No entanto, Juliano ressalta a importância da orientação de profissionais nesse caso, pois, se indicada incorretamente, em uma fase de determinada lesão, pode piorar os sintomas. Como em qualquer esporte, o exercício em bicicleta requer atenção. O primeiro ponto está relacionado aos equipamentos de segurança que devem ser usados para a prática da bicicleta. São eles: capacete para proteger a cabeça em caso de queda, luvas para as mãos, óculos para proteção dos olhos. O segundo aspecto está ligado a prevenções quanto à parte física, que consistem na realização de alongamentos dos músculos envolvidos no exercício e aquecimento das articulações. Segundo Juliano, outros focos de atenção são: manutenção da bicicleta e o local onde a prática do exercício ocorrerá. “Se for na rua, evite trechos com muito trânsito e vias que não tenham acostamento, para evitar que os carros circulem com distância lawteral menor do que três metros”. Poucas são as situações em que a bicicleta pode ser prejudicial à saúde, mas algumas pessoas precisam evitar a prática do esporte, por exemplo, se tiver alguma restrição ou lesão ortopédica, como: lesões agudas de tendões do joelho, lesões agudas de ligamentos de membros inferiores, lesões no quadril.
Treinamentos Existem alguns tipos de treinamento para o ciclismo, desde atividades para pessoas que praticam o esporte como forma de diversão, até para atletas de alta performance. De acordo com Juliano, para a população de modo geral, que pratica o ciclismo de forma regular, sem fins competitivos, é recomendável realizar treinos intervalados, da seguinte forma: “Um treino dividido em estímulos e recuperação adequada a um objetivo. Um conjunto de estímulos e pausa formam, então, uma série estabelecendo-se uma relação entre estímulo/pausa que geralmente é: um minuto de estímulo, dois minutos de pausa ou vice-versa. Um treino intervalado, geralmente, é composto por várias séries com intervalos entre elas. Esse tipo de treino é de fácil execução e tem bons resultados em termos de ganho de condicionamento cardiovascular”, explica. Somado aos treinos, é de fundamental importância realizar alongamentos dos músculos que serão envolvidos na prática do exercício da bicicleta. Desta maneira,
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recomenda-se realizar alongamento de média intensidade antes da prática da bicicleta, principalmente dos músculos isquiotibiais (posterior da coxa), quadríceps (anterior da coxa), tensor da fáscia lata (laterais da coxa) e músculos adutores (internos da coxa), lembrando também de alongar a musculatura da coluna lombar, que é muito utilizada no ciclismo para manutenção da postura na bicicleta. “Os alongamentos têm papel fundamental na prevenção de lesões, melhorando a nutrição dos músculos envolvidos. Os alongamentos podem ser realizados após a atividade, porém é importante esperar de 30 a 40 minutos após o exercício para realizá-los”, sugere Juliano.
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Como em qualquer esporte, o exercício em bicicleta requer atenção. O primeiro ponto está relacionado aos equipamentos de segurança que devem ser usados para a prática da bicicleta.
Como preparar a sua bike
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Dicas valiosas
Para tornar a atividade saudável e evitar riscos, é preciso regular a bicicleta da forma correta. Juliano diz que a regulagem é muito importante, principalmente para evitar o desenvolvimento de lesões, devido à má posição durante a execução do exercício. Veja as dicas do especialista sobre como preparar a sua bike antes dos treinos:
1.
O banco ou selim da bicicleta é de fundamental importância, pois garante melhora do desempenho e evita lesões, principalmente de joelho e quadril. A posição recomendada para altura do banco é: com o indivíduo do lado da bicicleta, o banco tem que estar na altura do quadril, bem na região superior do osso da bacia.
2. Quando estiver sentado no selim e com o pé no pedal, o joelho tem que estar quase esticado, formando um ângulo de 155 a 160 graus. 3.
Outra regulagem importante é quanto à distância do selim para a mesa do guidão. Recomenda-se que o antebraço formando um ângulo de 90 graus com o braço, toque o cotovelo na ponta do selim e o dedo médio deve tocar o guidão; com isso, está determinada a forma mais ergonômica da distância entre o selim e o guidão, lembrando que o selim deve ficar, em média, quatro centímetros acima do guidão. Revista Vida sem Dor
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Alimentação Por Carolina Vilela
Café: herói ou vilão?
Conheça os benefícios e os cuidados que se deve ter com a ingestão do adorado cafezinho.
Há cerca de 300 anos, o café tornou-se uma bebida popular, consumida e apreciada em todo o mundo, embora a sua utilização como “alimento” tenha começado bem antes disso. Assim, ele se tornou sinônimo de hospitalidade na maioria das casas brasileiras e é consumido mais de uma vez ao dia por boa parte da população. Mas será que ele faz bem à saúde? Segundo a nutricionista do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e da Conhecer Consultoria, Lenita Borba, o café não é um alimento nutricionalmente completo, porém pode ser consumido moderadamente. A dose recomendada, e que não oferece riscos, é de 500 miligramas de cafeína por dia, quantidade presente em 4 a 5 xícaras de café de 50 ml. Nessa esteira, a pósgraduada em fisiologia do exercício e em nutrição clínica funcional, Daniela Mendes, ressalta que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o café possui mais do que cafeína e estimase que o grão torrado seja combinado por mais de 200 compostos químicos, como ferro, zinco, potássio, magnésio, aminoácidos, proteínas, gorduras, açúcares, entre outros. Mas ela ressalta que essa composição pode variar de acordo com as espécies existentes de café, tipo, tempo de processamento e modo de preparo. Lenita complementa e destaca a presença de cálcio, fósforo e vitaminas C e K, importantes para as funções metabólicas do nosso organismo. Diante disso, dá para dizer que essa bebida tão desejada e comum traz benefícios à saúde? A nutricionista do Dante Pazzanese afirma que, por sua ação estimulante
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provinda da cafeína, o café pode colaborar no combate a doenças como a depressão e influenciar em um maior ritmo de atividade diária. Os ácidos clorogênicos, também presentes na bebida, são substâncias com importantes efeitos antioxidantes e que ajudam a prevenir males como as doenças cardiovasculares. Daniela vê ainda mais benefícios. Segundo ela, a bebida pode ajudar/melhorar a energia, sonolência, cansaço, capacidade de concentração, além de estar associada à prevenção das doenças de Parkinson, Alzheimer, cálculos renais, diabetes tipo 2 (sendo o mais recomendado o café descafeinado), depressão, asma (devido ao seu efeito broncodilatador) e cirrose (principalmente cirrose alcoólica).
Cuidados Em contrapartida, Daniela Mendes alerta que o café consumido com açúcar ou adoçante e mesmo em copo plástico pode gerar o efeito contrário, ou seja, favorece a intoxicação e a hiperglicemia. Além disso, ela lembra que alguns autores indicam uma relação do café com o aumento do risco de doenças cardiovasculares (devido ao aumento da homocisteína e cortisol). Já Lenita alerta para os cuidados que se deve ter com a própria cafeína. De acordo com a especialista, há indícios de que a cafeína, quando consumida em grande quantidade, estimula a eliminação de cálcio através da urina, o que reduz a quantidade do mineral presente nos ossos. “Por este motivo, também não é recomendado o consumo de café e leite juntos, pois o leite é rico em ferro, cálcio e vitamina C; em conjunto com o café, ele perde todas as suas propriedades, pois a Revista Vida sem Dor
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cafeína dificulta a absorção desses nutrientes. O melhor é escolher uma entre as duas bebidas”, afirma. Para quem tem problemas de refluxo gastroesofágico, Lenita sugere que diminua as doses. A gastrite também pode ser outro problema que exige redução do consumo de cafeína, pois esta pode se tornar um fator de irritação da mucosa do estômago. “No caso de mulheres na menopausa, a restrição do consumo é recomendada para evitar a perda de cálcio dos ossos, que costuma estar acelerada nessa fase. Além disso, por ser estimulante, o consumo em excesso em pacientes hipertensos, estressados, pode potencializar os sintomas das doenças”, enfatiza ela. Ainda falando dos cuidados que se deve ter, para quem tem colesterol alto, Daniela pede atenção: o café expresso pode aumentar os níveis endógenos de colesterol. “Já o café filtrado não apresenta este aumento, pois a parte lipídica (o cafestol e o kahweol) fica retida no filtro”. A dose máxima do cafezinho expresso é de 3 xícaras pequenas por dia. Vale ainda dizer que, caso o organismo seja mais sensível, doses, mesmo pequenas, podem influenciar no sono. Por este motivo, cada pessoa deve perceber sua tolerância individual. Segundo Lenita, a cafeína é uma substância estimulante do sistema nervoso central e, por isso, o café incentiva a vigília, mantém a atividade cerebral e afasta a sonolência. Assim, para não atrapalhar o sono durante a noite, ela aconselha evitar a bebida após as 16h.
Contraindicações O café, principalmente o cafeinado, não é recomendado para quem tem/é:
• Gastrite ou úlcera; • Distúrbio de ansiedade; • Hipertensos; • Anêmicos; • Adultos de idade avançada que não consomem cálcio e vitamina D em quantidades adequadas; • Taquicardia; • Tremores; • Insônia; • Azia; • Náuseas; • Dor de cabeça; • Alto nível de estresse; • Colesterol alto.
Leva ao vício? Para a nutricionista do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, o consumo excessivo de café (além da dose recomendada) pode levar a um consumo cada vez maior, pois o organismo se adapta às doses de cafeína. Porém, este cenário não pode ser considerado um vício, mas um hábito diário. Daniela também comenta o assunto e afirma que a bebida apresenta um risco de dependência, sim, mas relativamente baixo quando comparado às drogas. “A interrupção do consumo pode gerar sintomas de abstinência como dores de cabeça, sonolência, depressão, ansiedade, irritabilidade, dores musculares entre outros”.
Bom para o fígado Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Tasso Moraes, o café deve ser considerado e destacado como um alimento funcional. Além de oferecer nutrientes, ele contém substâncias capazes de reduzir o risco de doenças. O pesquisador e sua equipe observaram, por exemplo, uma boa atuação no fígado, quando ofereceram a um grupo de ratos uma ração especial, feita com café, e notaram uma diminuição de nódulos hepáticos. Como esses nódulos tendem a virar tumores, o professor afirma que é possível deduzir que a bebida protege contra o desenvolvimento de tumores. Outro estudo, este do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, avaliou 766 pacientes que tiveram hepatite C e entre aqueles que bebiam mais de três xícaras de café por dia, houve uma desaceleração no desenvolvimento da doença. O que ocorre no organismo ainda é estudado, mas há hipóteses de que compostos fenólico sejam a causa dos benefícios. Também faz parte desse rol de substâncias positivas: o ácido clorogênico, o ácido cafeico, o ácido ferúlico e o ácido p-cumárico, todos com ação antioxidante.
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DOR, Por Eduardo Cossomano
um mal necessário.
Entenda as causas desse incômodo e quando ele deve ser motivo de preocupação
Segundo o médico intervencionista da dor e presidente do Capítulo Latino-americano do World Institute of Pain, dr. Charles Amaral de Oliveira, a dor é uma sinalização de nosso organismo de que algo não está bem e serve como um protetor da vida já que nos limita e chama atenção para algo indesejado. Ele também explica que a dor aguda (finalizada em até três meses) é um sintoma de uma doença. Já a dor crônica, que persiste por mais de três meses, passa a ser a doença. “Ela não tem mais caráter protetor. Esta dor crônica leva à ansiedade e depressão. E depressão e ansiedade agravam uma dor crônica”, explica ele. Mas faz um alerta: “Uma dor inicia-se insidiosamente e pode ir ‘cronificando’. Uma dor de cabeça, quando negligenciada ou medicada aleatoriamente, pode tornar-se uma dor crônica e de difícil controle. Há dores de cabeça que ocorrem por abuso de medicações”. E, em algum momento, as dores podem não significar preocupação? Charles diz que é humanamente impossível buscar auxílio médico para toda e qualquer dor. Sua dica é não negligenciar a dor que está se repetindo, intensificando e mudando seu padrão.
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Uma dor de cabeça, quando negligenciada ou medicada aleatoriamente, pode tornar-se uma dor crônica e de difícil controle. Há dores de cabeça que ocorrem por abuso de medicações
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Questão de Saúde
NPequenas dores podem apontar problemas maiores, que devem ser investigados com atenção. Isso faz com que os maus hábitos da automedicação sejam muito perigosos para a saúde, já que muitas vezes um problema superficial é tratado, mas não a sua real origem.
A dor de cabeça, por exemplo, é uma das mais comuns no ser humano e algumas pessoas a sentem com mais intensidade e frequência que outras. Charles explica que a automedicação de forma regular e indiscriminada para curar uma dor de cabeça, por exemplo, pode transformar um problema simples em algo bastante complexo, ou seja, uma simples cefaleia em cefaleia crônica diária por abuso de medicação. Isso ocorre porque o corpo começa a acusar a falta da medicação, desejando cada vez mais sua presença.
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Antes de ir ao médico, é interessante que o paciente preste atenção em alguns detalhes, pois eles ajudarão o médico a interpretar melhor os sintomas e entender o que acontece com o paciente, entre eles: o início da dor, se ela é contínua ou intermitente, o que a faz piorar, o que a faz melhorar e a característica da dor, ou seja, se é queimação, pontada, fisgada ou cólica. Para investigar o que realmente causa a dor em um paciente, Dr. Charles explica que um dos métodos é colocar uma injeção com anestésico no local citado pelo paciente, pedindo para que ele repita os movimentos que lhe causavam dor. Caso ela passe, fica constatado o local que está causando o desconforto e, assim, o médico pode receitar o melhor tratamento para o problema. “Esse procedimento é chamado de bloqueio diagnóstico e se acerta em 80% o diagnóstico”, diz. Ao ter ciência do local exato que traz a dor, uma das opções do médico pode ser queimar o nervo que a causa. Mas o médico enfatiza o cuidado de que isso seja uma segunda alternativa, ou seja, já tendo feito o bloqueio diagnóstico.
Medindo a dor Ainda não existe um aparelho ou ferramenta que consiga medir a intensidade da dor, para cada pessoa ela acontece de uma forma e as pessoas só entendem quando uma é maior que a outra através de comparações. “Dor é algo intangível. Como diz o professor Dr. José Oswaldo de Oliveira Jr.: dor é testemunho. A princípio, devemos sempre acreditar no que nos diz”, cita Dr. Charles. O médico também comenta que é comum utilizar réguas que marcam de 0 a 10 sendo 0 ausência de dor e 10 a pior dor existente para aquela pessoa. Assim, ao longo do tempo, é possível fazer uma aferição não absoluta de como a dor está evoluindo. Questionários específicos para diferentes regiões do corpo também são aplicados e mostram se a pessoa está realizando mais atividades que antes, deixando os médicos mais seguros sobre a evolução do caso. Um exemplo é o questionário de qualidade de vida (SF-36) e o questionário de Beck para dor lombar. Dr. Charles também explica que um exame bastante interessante e que auxilia a visualizar a dor é o exame de termografia, em que se faz fotos infravermelhas do corpo e compara a simetria entre ambos os lados do corpo. Regiões onde há inflamação se apresentarão mais aquecidas. Estas máquinas mostram diferenças de 0,1 grau Celsius. Segundo o especialista, alterações acima de 1 grau entre pontos simétricos contrabaterias são sugestivos de patologia.
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O que é dor? A IASP (International Association for the Study of Pain) define a dor como uma “experiência sensorial e emocional desagradável, associada a dano presente ou potencial, ou descrita em termos de tal dano”, demonstrando que a dor sempre apresenta um componente subjetivo.
Estímulos mecânicos, elétricos ou químicos são transportados da pele até a medula onde será transportado por intermédio de neurotransmissores até o cérebro. Ali, se toma conhecimento da dor e seus impactos. Algumas medicações fazem uma modulação desta informação, dificultando chegar esta informação ao cérebro e, por consequência, gerando menos mensagens que o corpo esta sendo agredido.
Cabeça: dor de cabeça, neuralgia do trigêmino;
Pescoço:
OAP AR AÇÃ 1 DE TIR
Como se lê na definição de dor da IASP, dor é uma experiência sensorial e emocional desagradável. Portanto, uma ameaça de agressão, ou bulling, são questões que podem gerar dor e sofrimento independentemente de haver ocorrido uma agressão física.
O que as dores em certos lugares do copo podem representar:
hérnia de disco e artrose;
Tórax e coração: herpes zooster e infarto agudo do miocárdio;
Lombar: hérnia de disco e dor da degeneração do disco conhecida como dor discogênica;
Pelve (vista posterior): dor na articulação sacroiliaca (articulação que liga o sacro ao osso ilíaco e é a terceira maior causa de dor lombar;
Pelve (vista anterior): endometriose;
Membros Inferiores: trombose venosa profunda.
QUANDO A DOR APARECER, TRATE DELA NUM INSTANTE. Alívio extra2 Maior duração e rapidez de ação que o paracetamol Segurança3,4 Menos efeitos gastrointestinais
Cuidados com a morfina Segundo Dr. Charles, a morfina, um dos derivados do ópio, é uma das drogas naturais mais eficazes no alívio da dor severa e contínua. Por outro lado, deve ser utilizada somente por prescrição médica, pois, além de ser uma substância controlada, cada pessoa tem uma resposta diferente a este fármaco, portanto, a dosagem pode ser diferente de acordo com a pessoa, seu histórico médico e perfil psicológico. Os opioides funcionam mediante sua ligação com os receptores de opiáceos, que são altamente concentrados nas áreas do cérebro que controlam a dor e as emoções. Quando opiáceos se ligam a estes receptores, podem aumentar os níveis de dopamina nas áreas de recompensa do cérebro, produzindo um estado de euforia e relaxamento e analgesia. 26
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BR – IBU – 13.01.01 – Mar/2013
Economia5 Caixa com10 cápsulas e menor desembolso
Dor que pode levar ao suicídio De acordo com Dr. Charles, uma das piores dores que existem é a neuralgia ou neuvralgia do trigêmio. Segundo ele, essa é uma dor que “quem tem nunca esquece e pode levar a pessoa ao suicídio”. É uma dor muito, muito forte que pega um lado da face, dura segundos e desaparece. O problema é que ela geralmente volta com grande intensidade, em intervalos de tempo variáveis. A dor é causada devido a uma inflamação do trigêmio, que pode estar sendo tocado por um vaso ou artéria que fica pulsando em cima dele. Outros especialistas também acreditam que a neuralgia do trigêmeo resulta, provavelmente, da perda da bainha de mielina que envolve o nervo trigêmeo e que, depois de perdê-la, pode sofrer descargas elétricas.
NÃO USE ESTE MEDICAMENTO EM CASOS DE ÚLCERA, GASTRITE, DOENÇA DOS RINS OU SE VOCÊ JÁ TEVE REAÇÃO ALÉRGICA A ANTI-INFLAMATÓRIOS.
NOVALFEM (ibuprofeno). Indicações: alívio temporário da febre e de dores de leve a moderada intensidade como cefaleia tensional, lombalgia, dor muscular, enxaqueca, de gripes e resfriados comuns, de artrite e dor de dente. M.S.: 1.1300.1090. Farm. Resp.: Antonia A. Oliveira - CRF-SP n° 5854. Referências bibliográficas: 1. Hersh EV et al. Ibuprofen Liquigel for Oral Surgery Pain. Clinical Therapeutics. 2000;22:1306-1318. 2. Olson NZ, et al. Onset of analgesia for liquigel ibuprofen 400 mg, acetaminophen 1000 mg, ketoprofen 25 mg, and placebo in the treatment of postoperative dental pain. J Clin Pharmacol. 2001 Nov;41(11):1238-47. 3. Doyle G, et al. Gastrointestinal safety and tolerance of ibuprofen at maximum over-the-counter dose. Aliment Pharmacol Ther. 1999 Jul;13(7):897-906. 4. Rampal P, et al. Gastrointestinal tolerability of ibuprofen compared with paracetamol and aspirin at over-the-counter doses. J Int Med Res. 2002 May-Jun;30(3):301-8.postoperative dental pain. J Clin Pharmacol. 2001 Nov;41(11):1238-47. 5. Revista ABC Farma. 2012 Jul;20(251).
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Veja as dicas de movimento de Carolina para cada especificidade no trabalho:
Dicas diversas
A importância da ginástica laboral
1. Profissionais que trabalham muito tempo sentados
Para indivíduos que trabalham muito tempo sentados são indicados alongamentos de membros inferiores e tronco. Quando se trata de pessoas que passam muitas horas no computador, é necessário acrescentar o alongamento de membros superiores e coluna cervical. Além disso, é importante que a ergonomia na área de trabalho seja avaliada e adaptada, se necessário.
Diminuição de tensões musculares e melhora na produtividade estão entre os benefícios
A ginástica laboral é um dos itens mais destacados dos programas de ergonomia implantado por empresas que se preocupam com a saúde física e o bem-estar de seus funcionários. São exercícios de alongamento e fortalecimento muscular que devem ser realizados diariamente no próprio ambiente de trabalho. De acordo com a Doutoranda em Ciências da Cirurgia pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e fisioterapeuta do Instituto Wilson Mello, Carolina Lins, os exercícios laborais preparam o corpo para a jornada de trabalho e os benefícios são percebidos em médio e longo prazo com a diminuição de tensões musculares e melhora na produtividade. “É importante lembrar que os indivíduos que realizarão os exercícios devem ser submetidos, anteriormente à prática da atividade, a exames médicos periódicos sem apresentar disfunções osteo-musculares severas. Nesses casos, um trabalho específico deverá ser desenvolvido”, explica ela. A fisioterapeuta também alerta que todas as dicas de ginástica laboral são importantes, porém não substituem a atividade física regular. Ela afirma que para a manutenção da saúde do sistema neuromúsculoesquelético é necessário praticar atividade física, no mínimo, três vezes por semana. Além disso, a alimentação saudável deve fazer parte dos hábitos de vida do indivíduo, minimizando, assim, problemas de ordem cardiovascular e ortopédica. “Dessa maneira, as chances de desconfortos e disfunções do aparelho locomotor poderão ser evitadas”, ressalta.
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2. Profissionais que carregam muito peso Pessoas que carregam peso no trabalho como pedreiros, mestre-de-obras e entregadores e carregadores devem evitar o peso excessivo, solicitando ajuda de terceiros. Uma boa dica é carregar o peso o mais próximo possível do tronco e retirá-lo do chão flexionando os joelhos. Mais: sempre tentar dividir a sobrecarga nos dois braços e realizar alongamentos nos intervalos das descargas de materiais. Fortalecimento da musculatura profunda do abdômen ajudará a manter a coluna lombar estabilizada e, consequentemente, protegida.
3. Profissionais que pegam trânsito para ir trabalhar
Atualmente, é muito comum ouvirmos reclamações sobre o trânsito carregado das metrópoles brasileiras. Horas parado em uma mesma posição podem acarretar em desconfortos musculares por todo o corpo. Exercícios de respiração para alívio do estresse e música agradável, seguidos de alongamentos cervicais ajudam a diminuir a ansiedade e tensão causada por tal situação. Pequenas séries de 30 segundos para cada grupo muscular são suficientes para obter bons resultados dentro do carro.
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Síndrome do Pânico tem cura aliada a diversos tratamentos A Síndrome do Pânico é caracterizada por ataques recorrentes de medo, que são situações inesperadas de ansiedade aguda, pânico intenso, gerando grande desconforto e a impressão de que algo ruim vai acontecer, como por exemplo, a sensação de morte iminente ou sensação de que está prestes a perder o controle ou desmaiar ou ter um ataque cardíaco ou mesmo um receio extremo de enlouquecer. Este transtorno tem cura, mas o tratamento, para ser resolutivo, deve ser pensado em longo prazo. Muitas vezes, os pacientes acabam procurando diversos especialistas por causa dos sintomas físicos causados ou agravados pelos transtornos emocionais. É muito comum que ao primeiro episódio de pânico o paciente procure um Pronto-Socorro, pensando tratar-se de um ataque cardíaco ou alguma outra condição clínica grave. O tratamento mais indicado para a Síndrome são medicações antidepressivas, que podem ou não ser associados a ansiolíticos. Betabloqueadores também podem ser utilizados. Além do tratamento medicamentoso, a psicoterapia também pode ser bastante eficaz no tratamento deste transtorno. A acupuntura também pode ser associada ao tratamento por promover redução do estresse e ansiedade, alívio dos sintomas físicos da doença, relaxamento e melhora da qualidade de vida. É muito importante, também, buscar mudanças em hábitos de vida. Assim, atividade física, alimentação saudável e balanceada devem ser incorporadas ao diaa-dia do paciente. Técnicas de relaxamento, yoga, meditação, exercícios respiratórios, tai chi, entre outros, são práticas que podem trazer grandes benefícios para o tratamento.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), os “Transtornos Mentais e Comportamentais são condições caracterizadas por alterações mórbidas do modo de pensar e/ou do humor, e/ou por alterações mórbidas do comportamento associadas à angústia expressiva ou deterioração do funcionamento psíquico global”. Tais alterações, para serem caracterizadas como Transtorno Mental, devem ser condição persistente ou recorrente e devem causar deterioração ou comprometimento do funcionamento pessoal em uma ou mais esferas da vida. Nem sempre um comportamento anormal ou uma alteração do estado afetivo por um curto período significam a presença de um Transtorno Mental. Sintomas como irritabilidade, fadiga, insônia, dificuldade de concentração, esquecimento, ansiedade, alterações de apetite ou ainda queixas somáticas, tais como dores persistentes, desconfortos abdominais, medo ou insegurança, alterações persistentes de humor, preocupações excessivas, mudanças de comportamento, euforia ou inquietação, podem indicar a existência de um Transtorno Mental.
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Ansiedade além dos limites
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Depressão também traz dor física Não é raro que pacientes deprimidos tenham queixas clínicas frequentes. Além de cansaço, fadiga, sensação de falta de energia, é comum tais pacientes sofrerem com dores crônicas (cefaleias, lombalgias, cervicalgias, dores musculares e fibromialgia) e sintomas autonômicos relacionados a um desequilíbrio de funcionamento do Sistema Nervoso Autônomo. Entre eles podemos citar sintomas cardiológicos (palpitações, arritmia, taquicardia, dor e aperto no peito), sintomas gastrointestinais (cólicas abdominais, náuseas, dor ou desconforto abdominal, síndrome do intestino irritável), sintomas neurológicos (cefaleias, formigamentos, alterações sensoriais), sintomas gerais (zumbidos, vertigens, falta de ar, cansaço, tonturas, fraqueza muscular), e sintomas ginecológicos (cólicas ou desconforto abdominal, alterações menstruais, dor na relação sexual).
Hábitos de vida saudáveis, sono restaurador, atividades físicas moderadas, alimentação adequada...são fundamentais para a prevenção e combate ao estresse.
A ansiedade é uma resposta a uma situação ameaçadora. Funciona como um sinal de alerta, uma advertência de alguma ameaça, seja ela interna ou externa. Esta reação passa a ser patológica quando se prolonga por um período maior que o esperado para a resolução de determinada situação e causam sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional, ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. É também preocupante quando há preocupações (ou expectativa) excessivas, que ocorrem na maioria dos dias pelo período mínimo de seis meses, com diversos eventos ou atividades, associadas a alguns dos seguintes sintomas: inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele, cansaço, dificuldade de concentrar-se ou sensações de “branco” na mente, irritabilidade, tensão muscular ou perturbação do sono. O tratamento da Ansiedade varia de acordo com o tipo de mal, mas tem como objetivos gerais reduzir os sintomas clínicos para que o paciente se sinta mais seguro, melhore
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sua autoestima, confiança e otimismo e seja capaz de suportar melhor as adversidades da vida. É possível tratar a ansiedade com terapias farmacológicas ou não farmacológicas. As medicações mais indicadas são os antidepressivos, associados ou não a benzodiazepínicos. Dentre as terapias não farmacológicas existe a psicoterapia, acupuntura, yoga e meditação.
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Notas temáticas
Como identificar alguém com Transtorno Mental
Evitar situações de estresse é a melhor forma para combater a doença O melhor tratamento para o estresse é a sua prevenção. Hábitos de vida saudáveis, sono restaurador, atividades físicas moderadas, alimentação adequada, momentos de descanso, relaxamento e lazer, são fundamentais para a prevenção e combate ao estresse. Outro ponto importante é conseguir identificar as situações causadoras de estresse em nossa vida diária. Se forem situações que podem ser evitadas, muito bem. No entanto, algumas situações não podem ser evitadas. Nestes casos, reconhecê-las já é um grande passo para prevenir que o estresse chegue à exaustão. Desenvolver estratégias para gerenciar esse estresse e intercalar estes momentos com atividades calmas e de tranquilidade, relaxamento. O sono restaurador também é de extrema importância para a prevenção das consequências de períodos prolongados de estresse. Revista Vida sem Dor
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Perguntas e respostas
O que é dor crônica? A dor crônica é aquela que dura mais de três meses, que persiste além do tempo razoável para a cura de uma lesão. É aquela em que ocorre uma mudança de comportamento e estilo de vida da pessoa, resultando em perda do sono, do trabalho, do raciocínio e memória e da relação com a família e do mundo que a cerca.
O que acontece primeiro: a dor física ou emocional? Nesse caso, há uma via de mão dupla. Uma pessoa pode enfrentar longos períodos de dor e tratamentos com insucessos e isto lhe permitir desencadear quadros de estresse, depressão ou ansiedade, bem como o longo período de estresse, depressão e ansiedade podem levar uma pessoa a desenvolver aspectos psicossomáticos como a dor.
Dor crônica tem cura, tem tratamento? Sim, existe tratamento, é possível ter um controle da dor, uma melhora da qualidade de vida, das relações sociais, do trabalho, das relações familiares através de tratamentos interdisciplinares bem como da participação ativa e da interação do paciente com seu tratamento.
Pacientes com dor, encaminhados para avaliação psicológica, devem pensar que os médicos estão sugerindo que sua dor é de fundo exclusivamente emocional? Não, muito pelo contrário. Nos últimos anos, sabe-se que o paciente deve ser avaliado, diagnosticado e tratado como um indivíduo pleno, integrado em seus aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais. Com esta visão, o tratamento interdisciplinar em dor crônica busca integrar as áreas, a fim de melhor compreender e dar assistência ao tratamento da dor. O aspecto psicológico, nas últimas décadas, tem sido compreendido com um dos pilares que podem corroborar tanto para a melhora quanto para a manutenção da dor.
A depressão pode causar, prejudicar ou agravar a dor crônica? A depressão não tratada adequadamente pode colaborar para o aparecimento de quadros dolorosos, bem como agravá-los ou mesmo impedir o sucesso de tratamentos que utilizem técnicas minimamente invasivas. Por isso, hoje se busca avaliar os pacientes também quanto aos aspectos emocionais, e, muitas vezes, este se torna o primeiro foco a ser direcionado e tratado na dor. A partir da sua melhora, o médico pode se utilizar de técnicas com maior eficácia e segurança no tratamento.
A hipnose pode ser usada para o tratamento da dor crônica? Sim, a hipnose pode ser muito útil. Trata-se de mais uma técnica, ferramenta que pode ser utilizada pelo psicólogo no tratamento da dor crônica. Essa técnica pode ser usada visando modificações cognitivas centrais: autoconceito, identidade pessoal e regras tácitas disfuncionais. Busca-se identificar as estruturas cognitivas básicas que causam problemas como a dor e, por meio da hipnose, mudá-las. Esta é a arte da hipnoterapia, embora haja grande fantasia e mitos a cerca desta técnica.
O que são aspectos psicossomáticos e como eles influenciam a dor? O termo “psicossomático” é bastante utilizado quando uma doença física (ou não) tem seu princípio na mente. O que leva os pacientes a terem uma avaliação conjunta com um psicólogo. As doenças psicossomáticas podem se manifestar em diversos sistemas que compõem o nosso corpo como, por exemplo, nervoso (enxaqueca); articulações (artrite, artrose, tendinite, etc); músculo-esquelética (dor miofascial) etc.. É comum, nos casos de doenças psicossomáticas, que o paciente enfrente dificuldades no diagnóstico e até insucesso dos tratamentos propostos, gerando uma passagem por vários médicos especialistas em busca da cura ou alívio da dor. Considerando-se que os aspectos emocionais podem, sim, interferir na dor física das pessoas, nas últimas décadas tem havido uma busca pela integração das diversas áreas.
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Fonte: Todas as questões foram respondidas por Ana Paula Cachola, psicóloga clínica, mestre em Psicologia, especialista em Terapia Comportamental Cognitiva. Ela é também pós-graduada em Avaliação e Tratamento Interdisciplinar em Dor Crônica e tem vivência no Serviço de Reumatologia em Dor Crônica no Hospital Clínic y Providencial de Barcelona, Espanha.
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Pergunte ao especialista Dr. Fabrício Assis
Referência
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A dor crônica interfere na vida do paciente como um todo, muitas vezes levando a problemas emocionais...
A sua dor é crônica? Chamamos de dor crônica aquela que persiste além de três meses, seja contínua ou intermitente. Então, um indivíduo que apresenta crises de dor por esse tempo, mesmo que com uma frequência pequena, são considerados portadores de dor crônica. A dor crônica deixa de ter a função de proteção e alerta que alguma coisa está errada. Deixa de ser um sintoma e passa a ser a própria doença. É como se o alarme estivesse disparando de uma maneira errada. Existe uma disfunção no sistema que percebe a dor, como um curto circuito, e que leva a uma piora gradativa de todo o problema se não tratado corretamente. É o que chamamos de sensibilização do sistema nervoso. Além disso, a dor crônica interfere na vida do paciente como um todo, muitas vezes levando a problemas emocionais, financeiros, familiares e sociais. Por esta razão é necessário um tratamento interdisciplinar, muitas vezes com acompanhamento com psicólogos e, em alguns casos, psiquiatras. O grande vilão da coluna é sem dúvida o estresse o qual somos submetidos nos dias de hoje. Não podemos esquecer também que a obesidade e a falta de uma atividade física regular são muito prevalentes nos dias de hoje. Por esta razão, é fundamental buscar tratamento médico o quanto antes. Controle é essencial para deixar de conviver com esse desconforto.
mundial no tratamento da dor No mundo inteiro, somente 16 centros de tratamento de dor possuem a certificação internacional “Excellence in Pain Practice Award”. O Singular – Centro de Controle da Dor é um deles – e o único no Brasil. Aqui, além de infraestrutura completa e uma equipe multidisciplinar, estão dois dos seis médicos brasileiros com o título de Fellow, concedido pelo World Institute of Pain. Tudo para que você trate a dor de forma eficaz e individualizada, recuperando sua qualidade de vida.
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