Revista Vida Sem Dor 04

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VIDA REVISTA

sem dor ANO I - EDIÇÃO 04

ENVELHEÇA COM SAÚDE Práticas para manter a qualidade de vida e garantir dias melhores

DE OLHO NO TREINO! Confira dicas para não sofrer com lesões

O ASSOMBRO

DAS MULHERES Entenda as principais dores que afligem o sexo feminino


Editorial

Sumário Instalado em Campinas, o maior pólo tecnológico do Brasil e, mais precisamente, no bairro do Cambuí, o Singular – Centro do Controle da Dor – disponibiliza para o Brasil um modelo inovador de tratamento de patologias que causam dor. Nosso objetivo é proporcionar ganhos em qualidade de vida para o indivíduo mediante a ação sinérgica da equipe multiprofissional. www.singular.med.br

A revista Vida Sem Dor é uma publicação do Singular – Centro de Controle de Dor, produzida pela Conexus Comunicação Jornalística.

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Notícias – Influência do IMC da mãe na obesidade do filho e muito mais

Especial – O Assombro das mulheres

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Entrevista – Dr. José Bento, o médico que entende as mulheres

Bem-estar – O poder das agulhas

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EDITORIAL Dor não escolhe gênero. Seja homem ou mulher, qualquer paciente está sujeito a passar por um desconforto. Porém, uma pesquisa inglesa apontou que as mulheres são mais sensíveis a diversos tipos de incômodo. O resultado surpreende, já que o sexo feminino é conhecido por tolerar tão bem as dores do parto e tantas outras. De qualquer maneira, a constatação auxilia as pesquisas médicas em busca de tratamentos específicos para esse gênero. O tema é explorado na matéria que estampa a capa da revista Vida Sem Dor, que ainda traz uma entrevista com o Dr. José Bento, ginecologista conhecido pelas suas participações em programas de televisão. Esta edição, ainda, traz uma reportagem sobre os benefícios da acupuntura para a saúde e de que maneira essa terapia milenar pode auxiliar no combate das dores crônicas. Boa leitura!

ERRATA Na edição 3 da revista Vida Sem Dor (pp. 30 e 31), as questões sobre fibromialgia foram respondidas por Dr. Rodrigo Vasconcelos, fisioterapeuta do Singular – Centro de Controle da Dor.

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REDAÇÃO Editora-chefe Ana Sniesko Colaboraram nesta edição Texto: Carolina Vilela Fotos: Shutterstock Revisão: Daniel Consani Coordenação de Arte Philipe Aquino Arte Luana Santana e Philipe Aquino Projeto Gráfico Livia Almeida Serviços Administrativos Fabiana Steavnv

Fale com a gente E-mail: atendimento@grupotriunfo.com Cartas: Rua Carolina Prado Penteado, 1.122 - Nova Campinas – Campinas-SP, CEP: 13092-470. Fax: (19) 2139-9000

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Alimentação – Quinoa, o cereal inca que está até no espaço

Questão de Saúde – Dor na infância

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Notas temáticas – Sorte genética

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Dicas diversas – Cuidado com as lesões

Perguntas e respostas

Artigo – Nasce a SOBRAMID

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DOR CRÔNICA EM NÚMEROS

Notícias Por Carolina Vilela

IMC DA MÃE X OBESIDADE INFANTIL

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Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a dor crônica afeta 30% da população do mundo. Somente nos Estados Unidos, esse problema acarreta um prejuízo anual de 550 milhões de dias de trabalho perdidos. O número alarmante fez com que as autoridades de saúde daquele país considerassem esta como sendo a década da dor. Ainda nos Estados Unidos, são investidos US$ 150 bilhões/ano com tratamentos para curar a dor crônica. Os valores alarmantes são resultado das horas de trabalho perdidas e do custo dos medicamentos utilizados para o tratamento, bem como do despreparo dos pacientes, que não sabem definir os sintomas que sentem. Nesse

Um estudo relacionado à influência das mães e dos pais no desenvolvimento do sobrepeso e da obesidade, publicado na revista Pediatric Obesity em junho de 2013, mostra que entre o nascimento e a infância tardia (entre 2 e 3 anos e meio) o Índice de Massa Corporal (IMC) da mãe tem uma influência muito maior do que o do pai na obesidade infantil, sugerindo que o controle do peso na gestação pode ser muito benéfico como fator de prevenção. Segundo o pediatra Moises Chencinski, os resultados mostram que aumenta a importância do prénatal adequado, com uma orientação de alimentação saudável para o controle do ganho de peso durante a gestação. “Além disso, a observação de que a influência do IMC materno não é constante, mas sim no recém-nascido e após os 2 anos de idade, sugere que há uma janela de oportunidades na infância precoce onde intervenções direcionadas a filhos de mães com sobrepeso e obesas podem ser mais eficazes”, afirma.

CONSEQUÊNCIA DAS DORES OROFACIAIS

GRAVIDEZ AFETA OS SINTOMAS DA ARTRITE REUMATOIDE

BRASIL REGISTRA AUMENTO DA SÍFILIS EM GRÁVIDAS

Dores de dente — as mais comuns e, a despeito de corriqueiras, têm forte impacto no sistema de saúde e na qualidade de vida das pessoas.

Algumas doenças autoimunes, incluindo a artrite reumatoide e o lúpus, apresentam uma melhora de seus sintomas durante a gravidez. “A artrite reumatoide, muitas vezes, entra em remissão durante a gravidez. Algumas estatísticas mostram que até 75% das mulheres com artrite reumatoide vão entrar em remissão a partir do segundo mês de gravidez. A gravidez pode fazer com que o sistema imunológico hiperativo se comporte de outra maneira, além de aumentar a produção de alguns hormônios que têm efeitos protetores durante a gestação”, explica o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, diretor do Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares.

Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo aponta que o número de notificações de sífilis em mulheres grávidas aumentou mais de 1.000% em seis anos. Em 2005, foram notificados pelos municípios paulistas 189 casos de sífilis em gestantes, número que pulou para 3.260 notificações em 2011. O resultado é consequência do crescimento do número de municípios e serviços que passaram a notificar casos de sífilis, passando de 55 cidades em 2005, para 230 em 2010. A quantidade de serviços notificadores passou de 117 para 1.046, respectivamente. De acordo com o estudo, metade das gestantes notificadas têm idade entre 20 e 29 anos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a sífilis congênita poderá ser considerada uma doença eliminada quando os índices atingirem 0,5 caso para mil nascidos vivos.

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A dor orofacial é uma condição de dor relacionada à cabeça, face, pescoço e estruturas da cavidade oral — incluem-se as dores de cabeça com origem no sistema nervoso, relacionadas a fatores psicológicos e por doenças graves, como tumores e AIDS. “A boca, pela complexidade do sistema trigeminal, incluindo a inervação dental, é a região do corpo humano considerada como uma das mais complexas em termos de diagnóstico da dor”, comenta o cirurgião-dentista José Tadeu Tesseroli de Siqueira, atual presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED). Segundo pesquisas recentes no Brasil, algumas das dores orofaciais mais comuns na população são:

Disfunções da ATM (articulação temporomandibular) — causas comuns de dor crônica na face e de cefaleia secundária. Oclusão dentária, bruxismo, postura mandibular ou cervical e estresse são os principais fatores de risco e as mulheres são as mais afetadas.

sentido, a Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor encaminhou ao Ministério de Saúde o projeto de uma campanha nacional, conhecida como Brasil sem Dor, para o esclarecimento de todos. “O objetivo é que o tema ‘dor crônica’ comece a ser discutido nas escolas de medicina e, com a modificação do currículo, se estenda em cursos e programas desenvolvidos nas comunidades para ajudar o médico a identificar a doença e a tratá-la”, diz o presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), José Tadeu Tesseroli de Siqueira.

PESQUISA COM CÉLULAS DE PORCOS PODE AJUDAR DIABÉTICOS Um estudo israelense descobriu que uma proteína do sangue que combate a inflamação, chamada Alpha 1, pode proteger da rejeição ilhotas pancreáticas transplantadas de animais, desde que essa proteína seja usada em combinação com outra terapia contra rejeição. As ilhotas pancreáticas são responsáveis pela produção de insulina. O estudo foi financiado pela Juvenile Diabetes Reserch Foundation. A descoberta pode abrir as portas para a possibilidade de que essas ilhotas sejam transplantadas de mamíferos, como porcos, para pacientes que sofrem de diabetes tipo 1. Se a experiência funcionar, poderá significar a redução de doses diárias de insulina.

Neuralgia trigeminal — afeta quatro em cada 100 mil doentes, mas causa enorme sofrimento. Confunde-se com dor de dente e ocasiona múltiplas extrações dentárias desnecessárias. Câncer bucal — pode manifestar-se por variados tipos de dores bucais e confundir-se com as demais causas de dor. No Brasil, em 2003, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) relacionou-o como a oitava causa de morte por câncer. Síndrome da ardência bucal — atinge cerca de 6% das mulheres idosas e produz queimor desconhecido, que é confundido com pura manifestação emocional. Revista Vida sem Dor

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Especial Por Carolina Vilela

O ASSOMBRO

DAS MULHERES Entenda as principais dores que afligem o sexo feminino

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entir dor é uma capacidade que qualquer pessoa, de qualquer gênero, possui. Mas será que uma mulher está mais acostumada a conviver com a dor do que um homem? E mais, será que, por conviver tanto com diversos tipos de dores, seu organismo já está mais acostumado e, por isso, aguenta mais esse tipo de incômodo que os homens? Pelo menos uma vez na vida você já se questionou sobre isso e o que muitos acreditam é que a mulher é mais forte do que o homem nesse caso, mas a comunidade científica tem apontado o contrário em seus estudos. Segundo a pesquisa liderada por Ed Keogh, da Universidade de Bath, no Reino Unido, as mulheres não apenas reclamam mais de dor durante suas vidas, como também sofrem de episódios com frequência e duração maiores e em mais áreas do corpo do que os homens.

O estudo mostrou que há diferenças na maneira como homens e mulheres pensam e se sentem em relação às dores. Essa constatação, segundo os pesquisadores, poderia ajudar a estabelecer tratamentos diferenciados. Por exemplo, a ansiedade pode afetar os gêneros de maneiras diversas e as estratégias empregadas para o combate da dor têm o potencial de contribuir para agravar o problema. Em um comunicado da Universidade, o cientista Ed Keogh disse que os novos estudos têm mostrado que as mulheres experimentam um número de episódios de dor muito maior do que os homens. Já os motivos que causariam as discrepâncias entre os sexos, em relação à dor, são desconhecidos. “Enquanto alguns sugerem explicações concentradas em mecanismos biológicos, como diferenças genéticas e hormonais, parece importante levar em consideração, também, os fatores sociais e psicológicos”, afirma ele. E aquele mito de que o homem é mais fraco para as dores do que as mulheres também tem sido, a cada pesquisa, mais derrubado. “Antes achávamos que as mulheres eram mais fortes e que a dor as incomodava menos que aos homens, porém, estudos recentes demonstraram que isto não é verdade. As mulheres possuem, em geral, limiar de dor menor que os homens. E, provavelmente,

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fatores genéticos são os principais responsáveis”, comenta o anestesiologista e médico intervencionista da dor do Singular – Centro de Controle da Dor, Dr. Fabrício Dias Assis. O mesmo atesta a Dra. Telma Mariotto Zakka, ginecologista, obstetra e coordenadora do Comitê de Dor Urogenital da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED). Segundo ela, por conta dos hormônios sexuais femininos e masculinos, acredita-se que as mulheres têm um limiar menor de dor, ou seja, menor tolerância à dor do que o homem. “Existe uma série de estudos que afirmam isso. Quando você aumenta o estrógeno, aumenta o limiar de dor. Então, dentro desse universo, é sabido que a mulher tem mais queixa de dor porque ela busca mais o serviço para tratar essa dor do que o homem”, explica ela. Assis também afirma que as dores crônicas são mais prevalentes nas mulheres e isto acontece devido a fatores como: diferenças fisiológicas, condicionamento social, questões culturais, falta de consciência individual e social e à falta de conscientização entre os prestadores de cuidados de saúde. Em relação ao condicionamento social, Dra. Telma ressalta que as formas como a família e a sociedade respondem à dor de crianças do sexo masculino ou feminino é diferente, e isso pode impactar na forma como pessoas desses gêneros reagem a ela quando se tornam adultos. “O menino tem que ser forte e não chorar, enquanto menina é sempre tratada como vítima, como coitadinha”, comenta. Além de os estudos mostrarem que a mulher tem um limite para dor muito menor do que o homem, devido à sua natureza elas têm que conviver com dores que são tipicamente femininas, como é o caso das cólicas menstruais ou dismenorreia. E, nesse caso, há vários tipos de dores que podem corresponder a várias causas. A dor pode ser branda, causando cólica, desconforto, sensação de peso no ventre ou nas costas. A dor pode ser moderada, causando, além do desconforto, sensação de mal-estar, diarreia e dor de cabeça. E, também, pode ser muito forte, incapacitando a mulher de realizar suas atividades, durando de dois a sete dias e sendo acompanhada de transtorno gastrointestinal, inclusive com vômitos, dor referida nas costas, nas coxas e cefaleia. Segundo o Dr. Fabrício, o tratamento da dismenorreia, quando primária, pode incluir o uso de medicações da classe dos anti-inflamatórios, anticoncepcionais e é recomendada, também, uma dieta com menos gordura animal, laticínios e ovos, insistindo na ingestão de vegetais, sementes cruas e nozes. O exercício físico moderado e regular e medidas gerais, como bolsa de água quente, banho morno e massagens relaxantes auxiliam no alívio da

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dor. Já o tratamento da dismenorreia secundária é avaliado conforme cada caso e, em alguns, se recorre à cirurgia. Os especialistas afirmam que as dores de cabeça, as dores pélvicas, a fibromialgia, as dores miofasciais, osteoartrite de joelho e ATM – Disfunção da Articulação Temporomandibular, estão entre as maiores queixas entre as mulheres. Para a Dra. Telma, não existe fórmula mágica para prevenir essas doenças e dores, mas, ainda hoje, a melhor maneira é ter uma boa alimentação, fazer atividades físicas, não fumar, não beber e dormir oito horas por dia. “Um estilo de vida saudável ainda é a grande dica. No caso da dor crônica, muitas vezes ela é a doença e não o sintoma. As mudanças de estilo de vida e de comportamento, o enfrentamento da dor no seu dia a dia, a busca pelo acompanhamento médico e psicológico e mudanças de postura são maneiras para conseguir não perpetuar a dor”, diz ela.

GERAR A VIDA E CONVIVER COM A DOR Dar a vida é um privilégio que apenas as mulheres têm mas, junto ao período de nove meses, também podem vir algumas dores que são comuns ou não à gravidez. Conheça as principais dores que podem acompanhar as mulheres nesse momento:

DOR NOS SEIOS Esse incômodo é comum, principalmente nas primeiras semanas de gestação. Nessa fase, as mamas aumentam de volume. A razão? Elas estão se preparando para a amamentação. Mas nem todas as mulheres se queixam desses sintomas.

DOR PÉLVICA Bastante comum, acontece por causa do crescimento e do enrijecimento do útero na gestação. Geralmente acontece devido às contrações. Essa dor tem intensidade e localização variável, de acordo com o período da gravidez.

DOR LOMBAR O incômodo é consequência do peso da barriga, conforme a gestação avança. Para sustentar o

corpo, é natural que a mulher mude seu eixo, projete o tórax para a frente e afaste as pernas.

DORES NA VIRILHA E NA RAIZ DA COXA Aparecem por volta da 26ª semana e ocorrem porque, nessa fase, o feto, o líquido amniótico e a placenta já somam um peso considerável sobre a pelve. Essa sobrecarga comprime os músculos e, com eles, os vasos e nervos. Na medida em que a gestação avança o incômodo tende a aumentar.

DOR DE CABEÇA O crescente inchaço, acúmulo de líquidos que afeta todo o corpo, pode deixar a gestante mais predisposta a ter, por exemplo, a sinusite e, consequentemente, uma dor de cabeça. Mas, se for permanente e muito intensa, a dor deve ser pesquisada para a certeza de que não há nenhuma alteração mais grave.

CÓLICAS As cólicas são normais e estão presentes em todos os momentos da gravidez. Numa primeira fase, ligadas ao crescimento do útero e, depois, às contrações. “Mas devem ser sempre relatadas ao médico, principalmente se são intensas, em demasia e acompanhadas de sangramento vaginal. E, dependendo do tempo de gravidez, as cólicas podem sinalizar que está chegando a hora de o bebê nascer.

DOR NAS ARTICULAÇÕES As dores articulares estão associadas ao acúmulo de líquido nas articulações, comum nessa fase. E isso causa dor porque deixa alguns nervos comprimidos, além de prejudicar a mobilidade dos dedos.

DORES NAS PERNAS A gravidez sobrecarrega o corpo da mulher e, principalmente, seu sistema cardiovascular. E é aí que surgem os inchaços e as dores nas pernas.

DORES NO ESTÔMAGO A cada dia que o bebê cresce, sobra menos espaço, por isso é tão comum aquela sensação de estômago apertado. Nessa fase, também o sistema digestivo

fica mais lento, fazendo com que a mulher se sinta “cheia” com uma quantidade menor de alimentos; e a azia e o refluxo são consequências disso.

Dra. Telma explica que desconfortos podem acontecer durante a gravidez e os mais frequentes nas mulheres são as dores musculoesqueléticas. Cerca de 88% das mulheres, segundo ela, terão lombalgias. Essas dores não são normais, mas são necessárias algumas artimanhas como: mudança no estilo de vida, melhora na postura, fisioterapia, alongamentos e, às vezes, cintas abdominais para melhorar a pubalgia ou até medicamentos para poder aliviar essas dores, obviamente observando as fases da gestação.

PÓS–PARTO Segundo pesquisa publicada, o Instituto de Medicina da Academia de Ciências dos Estados Unidos (IOM) descobriu recentemente que 18% das mulheres que fazem cesarianas e 10% das que fazem partos normais relatam ainda ter dor um ano depois do parto. Para o Dr. Fabrício, a dor crônica pós-operatória é uma entidade clínica bastante comum e negligenciada pelos profissionais da saúde. Pode ter várias causas, como dores neuropáticas, que são inflamações dos nervinhos que são cortados durante as cirurgias e dores miofasciais, que são dores musculares e podem, também, ocorrer devido à atrofia ou contratura do músculo. “Alguns tipos de cirurgias, como as cirurgias de mama, têm uma incidência de dor pós-operatória extremamente alta. Até 30% das pacientes que foram submetidas à mastectomia têm dor crônica após um ano da cirurgia”, comenta ele. De acordo com o médico, identificar a causa é fundamental para tratar essas dores pós-parto. Uma vez identificada a causa, pode-se instituir o tratamento apropriado, que vai desde as medicações específicas até bloqueios anestésicos ou neurolíticos de alguns nervos. “Quanto mais precocemente o tratamento for instituído, melhores serão os resultados alcançados”, ressalta. Para a Dra. Telma, quase sempre as dores no pós-parto ocorrem devido a rotina de ter um bebê e não pelo fato da cirurgia em si, como é o caso da Síndrome do Túnel do Carpo (por conta da mulher segurar muito a criança). E 100% das lactantes têm dores musculoesqueléticas. “Sobre a pesquisa, é preciso entender melhor que tipos de dores essas mulheres sentem após o parto”, diz ela.

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A ginecologista diz que as mulheres podem desenvolver dores neuropáticas por conta da cesariana, mas são casos bastante incomuns. “Em meus 35 anos de profissão nunca vi uma mulher com esse problema no meu consultório”, comenta. Ela diz também que é preciso analisar a experiência dos médicos que fazem as cesarianas, pois esta pode ser a causa de a cirurgia ser mais bem conduzida ou não. Para finalizar, Dra. Telma diz que a melhor maneira de tratar uma mulher é o acolhimento, sem rótulos. “É imaginar que aquele ser humano, se está buscando um tratamento, é porque tem dor. E, às vezes, essa mulher é vítima de abuso sexual, físico, moral – e que ela pode não contar na primeira consulta, por mais que seja liberada, porque ainda hoje tem a região genital cheia de preconceitos e mitos. É importante entender isso na mulher e aceitar. A partir do momento em que fizermos uma escuta atenciosa e respeitosa, muito melhor a trataremos e melhor qualidade de vida ela terá”.

DOR PÉLVICA CRÔNICA A dor pélvica crônica pode ser considerada um sério problema de saúde pública. A prevalência estimada de dor pélvica crônica é de 3,8% em mulheres de 15 a 73 anos (superior à enxaqueca, asma e dor nas costas), variando de 14 a 24% em mulheres na idade reprodutiva, com impacto direto na sua vida conjugal, social e profissional. Cerca de 60% das mulheres com a doença nunca receberam o diagnóstico específico e 20% nunca realizaram qualquer investigação para elucidar a causa da dor. Em unidades de cuidados primários, 39% das mulheres queixam-se de dor pélvica. Ela é responsável por 40% das laparoscopias ginecológicas, 10% das consultas ginecológicas e, aproximadamente, 12% das histerectomias.

Causas: 1. Dor de origem somática: o estímulo doloroso inicia em estruturas como pele, músculos, fáscias, ossos e articulações. Frequentemente é menos intensa, geralmente em pontadas e a paciente, em geral, consegue localizar um ponto específico de dor; 2. Dor de origem visceral: usualmente é mal localizada, frequentemente em cólicas, às vezes associada a fenômenos autonômicos, como náuseas, vômitos e reações emocionais; 3. Dor de origem psicológica: embora alterações de personalidade, de conduta e depressão tenham papel bem definido na maneira de percepção da dor, a dor pélvica crônica psicogênica é menos frequente, sendo um diagnóstico de exclusão. O seu tratamento deve ser feito por uma equipe multidiscplinar e não somente focado em tratamentos físicos, mas também emocionais, socioculturais, familiares etc. “O médico intervencionista em dor também tem um papel fundamental no manejo do paciente com dor pélvica crônica, podendo ser decisivo para o seu correto diagnóstico e tratamento. A utilização dos bloqueios diagnósticos pode ser muito útil para diferenciar se estamos nos deparando com uma dor visceral, uma dor neuropática ou uma dor de parede. O bloqueio diagnóstico pode ser realizado para testar a hipótese de que determinada estrutura seja a fonte da dor do paciente”, finaliza Dr. Fabrício.

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Entrevista Por Carolina Vilela

O MÉDICO QUE ENTENDE AS MULHERES

OAP AR AÇÃ 1 DE TIR

QUANDO A DOR APARECER, TRATE DELA NUM INSTANTE.

Dr. José Bento, ginecologista e obstetra, fala sobre as principais doenças que atingem o sexo feminino

Alívio extra2 Maior duração e rapidez de ação que o paracetamol Segurança3,4 Menos efeitos gastrointestinais

BR – IBU – 13.01.01 – Mar/2013

Economia5 Caixa com10 cápsulas e menor desembolso

NÃO USE ESTE MEDICAMENTO EM CASOS DE ÚLCERA, GASTRITE, DOENÇA DOS RINS OU SE VOCÊ JÁ TEVE REAÇÃO ALÉRGICA A ANTI-INFLAMATÓRIOS.

NOVALFEM (ibuprofeno). Indicações: alívio temporário da febre e de dores de leve a moderada intensidade como cefaleia tensional, lombalgia, dor muscular, enxaqueca, de gripes e resfriados comuns, de artrite e dor de dente. M.S.: 1.1300.1090. Farm. Resp.: Antonia A. Oliveira - CRF-SP n° 5854. Referências bibliográficas: 1. Hersh EV et al. Ibuprofen Liquigel for Oral Surgery Pain. Clinical Therapeutics. 2000;22:1306-1318. 2. Olson NZ, et al. Onset of analgesia for liquigel ibuprofen 400 mg, acetaminophen 1000 mg, ketoprofen 25 mg, and placebo in the treatment of postoperative dental pain. J Clin Pharmacol. 2001 Nov;41(11):1238-47. 3. Doyle G, et al. Gastrointestinal safety and tolerance of ibuprofen at maximum over-the-counter dose. Aliment Pharmacol Ther. 1999 Jul;13(7):897-906. 4. Rampal P, et al. Gastrointestinal tolerability of ibuprofen compared with paracetamol and aspirin at over-the-counter doses. J Int Med Res. 2002 May-Jun;30(3):301-8.postoperative dental pain. J Clin Pharmacol. 2001 Nov;41(11):1238-47. 5. Revista ABC Farma. 2012 Jul;20(251).

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uem se interessa por qualidade de vida já deve ter visto Dr. José Bento nos principais programas de televisão. Atualmente, ele faz parte do grupo de médicos que colabora com o programa da Rede Globo BemEstar e em algumas manhãs é possível vê-lo explicando como prevenir e tratar doenças que atingem as mulheres. Mas, antes de estar na mídia o médico construiu uma sólida carreira que começou na Faculdade de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes, em 1981. Fez residência médica no Hospital das Clínicas, foi professor titular da Universidade de Taubaté e, desde os anos 80, trabalha como ginecologista e obstetra nos Hospitais Albert Einstein e São Luís, além de se manter ligado também às maternidades dos hospitais Revista Vida sem Dor

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Santa Joana e Santa Catarina. Com toda a sua especialidade na saúde feminina, também possui uma clínica em São Paulo com o seu nome, que foi planejada com o objetivo de proporcionar em um só local diversas especialidades médicas com foco na mulher, oferecendo assistência em Ginecologia e Obstetrícia, Endocrinologia, Cardiologia, Nutrição, Fisioterapia e Estética.

VSD – Várias doenças, como fibromialgia, artrite e artrose, acometem muito mais o sexo feminino. É possível dizer, então, que as mulheres possuem uma saúde mais frágil que os homens? Dr. José Bento – Algumas patologias realmente são mais frequentes na mulher, mas outras são mais frequentes nos homens, como infarto do miocárdio, hipertensão arterial, doenças do colesterol. Agora, a mulher, por ter uma variação hormonal muito grande durante o mês, pode ficar mais suscetível a algumas doenças; por exemplo: a TPM pode deixá-la com uma maior tendência à depressão por uma modificação dos neurotransmissores. Pelo fato de ter essa perda sanguínea todo mês, ela pode ter anemia, mioma, pólipo endometrial, patologias femininas que só ocorrem por causa das modificações hormonais. Mas, apesar do organismo da mulher ser um pouco mais delicado, ele é mais forte do que o do homem.

VSD – A cólica menstrual pode gerar uma dor crônica e por quê? Dr. José Bento – Existem dois tipos de dor de cólica menstrual: aquela cuja causa é orgânica e a por causa hormonal ou funcional. As cólicas por motivos hormonais normalmente se dão em mulheres jovens, adolescentes, que apresentam agrupamento de um hormônio chamado prostaglandina, que faz o útero contrair mais e causa mais cólica. A cólica por motivos orgânicos normalmente 14

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é causada por endometriose, miomas ou pólipos, e acomete mulheres a partir de 35 anos de idade. Então, dependendo da época em que a cólica acomete mais, você pode dizer se é orgânica ou funcional.

têm três tipos de doses diferentes, que são as trifásicas, com menos efeito colateral, que são indicadas para mulheres que têm inchaço ou dor de cabeça com o uso da pílula.

VSD - E a cólica orgânica é crônica ou não?

VSD – Qual a relação entre fertilidade e obesidade? Mulheres obesas têm mais dificuldade para ter filhos?

Dr. José Bento – Não necessariamente. Ela é engravescente, ou seja, vai piorando conforme vai passando o tempo e enquanto você não tira a causa, que é orgânica, você não consegue tratar.

VSD - Quais os tipos de tratamentos que podem ser feitos? Dr. José Bento – Se a cólica for por causa funcional é necessária uma medicação para diminuir a quantidade de hormônios que estão levando essa mulher a ter cólica. Se for por causa orgânica, você precisa tirar essa causa, seja um mioma, pólipo etc. Então, vai depender do tipo da causa que leva a mulher a sentir essa cólica.

VSD - E quais critérios devem ser levados em consideração pelo médico ao receitar uma ou outra pílula anticoncepcional? Dr. José Bento – Hoje, o médico vai fazer primeiro um exame clínico e vai pedir alguns exames de sangue para tentar afastar algumas patologias que são contraindicações da pílula. Por exemplo, hepatopatias, doenças do fígado, doenças da coagulação sanguínea, mulher que tem ou já teve câncer de mama, são todas contraindicações para o uso da pílula. Mas existem pílulas que não têm o componente estrogênico, apenas progesterona, então, essas são indicadas para quem tem coagulação sanguínea. Existem vários tipos de pílulas no mercado, aquelas de um hormônio só, as de dois tipos combinados – estrogênio e progesterona – que são as mais comuns e, ainda, pílulas que

Dr. José Bento – O tecido gorduroso é um depósito de estrogênio, que é o hormônio feminino. Esse hormônio atrapalha a ovulação, a fabricação do óvulo pela mulher. Então, a mulher que quer ter filhos precisa, primeiro, ter um peso adequado. Caso contrário, não conseguirá engravidar por conta do excesso de estrogênio que ela tem circulando.

VSD – Quais os principais sintomas que mostram que uma mulher chegou à menopausa? Dr. José Bento – Os principais sintomas são aqueles causados pela falta de estrogênio, são sintomas relativos, como por exemplo, secura vaginal, calor aumentado, aqueles fogachos, uma irritabilidade muito grande, a diminuição da libido, o aumento de peso e a insônia. Esses são sinais de que o estrogênio está sumindo e que a mulher deve fazer a reposição.

VSD – E, nesse caso, todas as mulheres têm que fazer a reposição hormonal ou não necessariamente? Dr. José Bento – O ideal seria que todas as mulheres fizessem essa reposição e procurassem repor com hormônios de menor efeito colateral, que são aqueles que elas produziam quando tinham 35 anos de idade. A mulher deve usar hormônios, primeiro porque melhora muito sua qualidade de vida e, segundo, porque as protege contra osteoporose e doenças cardiovasculares, que são as que mais matam a mulher hoje em dia. Existem alguns estudos mostrando que esses hormônios até melhoram o sistema

imunológico dessas mulheres, levando à menor incidência de doenças.

VSD – Existem alguns vegetais que possuem hormônios naturais. Essa reposição pode ser feita através deles? Dr. José Bento – Esses alimentos que contêm substâncias semelhantes aos hormônios não podem ser considerados reposição. Eles podem amenizar um ou outro sintoma, mas não vão causar os benefícios dos hormônios. Se a mulher quiser fazer uma reposição séria, ela deve procurar um ginecologista e deve fazê-la com quem entende, e de maneira adequada.

VSD – De que forma a reposição hormonal impacta no psicológico da mulher? Dr. José Bento – A mulher que faz reposição hormonal apresenta raciocínio mais rápido e melhora da memória, o que traz um benefício também em sua vida profissional porque acaba havendo melhor comunicação entre os neurônios. Ela diminui as chances de ter as doenças cerebrais degenerativas da velhice. Então, os benefícios são enormes. A falta de hormônio pode levar à depressão. E cada caso tem que ser muito bem estudado, porque existem diversos tipos de hormônios no mercado.

VSD – Muitas mulheres chegam ao ponto de tirar o útero. Quando essa situação deve acontecer? Causa algum tipo de problema para a mulher? Dr. José Bento – O câncer é o motivo da retirada do útero de 10% das mulheres. Outras tiram porque sangram demais, têm mioma. Outras apresentam dor durante a menstruação, endometriose. Então vai depender de cada caso, mas, normalmente, se puder evitar essa retirada é melhor. Claro que se for por causa de câncer ninguém Revista Vida sem Dor

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vai discutir, tem que tirar e acabou. Porém, se for por conta de uma hemorragia, de um mioma, existem tratamentos clínicos para evitar essa retirada.

Bem-estar Por Carolina Vilela

VSD – Essa retirada pode causar problemas psicológicos na mulher? Dr. José Bento - Sim, a mulher pode se abalar psicologicamente porque, afinal de contas, o útero é um órgão importante, pois está ligado à maternidade. Então, pode causar transtornos psicológicos para ela e, por isso, deve ser retirado apenas em casos de extrema necessidade.

VSD – Como deve ser usada a fisioterapia para os órgãos genitais e para quais tipos de doenças? Dr. José Bento – A fisioterapia deve ser usada por todas as mulheres acima de 45 anos de idade. Por todas! Para quê? Para fortalecer a musculatura perineal, pois dependem muito dela para não terem infecção urinária, alguns tipos de corrimento e incontinência urinária, que está presente em mais de 60% das mulheres depois dos 50 anos de idade. O motivo disso é a musculatura que vai ficando mais flácida, que vai perdendo o seu fecho muscular conforme vai envelhecendo. Então, toda mulher acima de 45 anos deveria fazer essa fisioterapia para fortalecer essa musculatura tão importante em sua vida.

O PODER

DAS AGULHAS Entenda porque a acupuntura pode ser uma boa opção no tratamento do estresse e da ansiedade

C

omo grande herança da China, a acupuntura faz parte da tradicional medicina do país. De seu início não se sabe ao certo, mas existem indícios que vem sendo praticada desde a pré-história. No Brasil, a técnica começou a ser usada em 1960, trazida pelos imigrantes japoneses, mas por muito tempo apenas em ambientes familiares ou nas colônias dos imigrantes, já que muito preconceito e resistência permaneciam sobre ela. Hoje, muitos especialistas a consideram um método de tratamento complementar e já é reconhecida no Ocidente, inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

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A arte de inserir pequenas agulhas em diversas partes do corpo, os chamados pontos de acupuntura, é uma forma de tratar e prevenir doenças. Segundo a psiquiatra especializada em acupuntura médica do Singular – Centro de Controle da Dor, Dra. Gabriela de Freitas, estes pontos são áreas que possuem maior número de terminações nervosas livres, entre outras estruturas celulares, que ao serem “ativadas” pela agulha, desencadeiam uma série de reações físicas e químicas responsáveis pelos efeitos terapêuticos da acupuntura. Além da ação local causada pela inserção da agulha, essas reações transmitem a informação dada pela manipulação da agulha até o sistema nervoso central, ativando também áreas cerebrais e aumentando a liberação de substâncias que são responsáveis pela sensação de bem-estar e relaxamento. “Assim, podemos dizer que a acupuntura age tanto no local da agulha quanto à distância, causando redução da dor, ativando o fluxo energético corporal, aumentando o relaxamento, a sensação de bem-estar e tranquilidade”, diz ela. “A inserção das agulhas promove o equilíbrio do corpo e da mente, tonificando áreas que têm deficiência de energia e desfazendo bloqueios energéticos, fazendo a energia vital fluir harmoniosamente por todo o corpo. Com isto a acupuntura auxilia na promoção da saúde e prevenção de doenças, além de tratar desequilíbrios energéticos e funcionais e auxiliar no tratamento de doenças orgânicas já instaladas, promovendo melhorias na qualidade de vida dos pacientes”, acrescenta Gabriela. No tratamento de doenças consideradas o “mal do século”, como estresse e ansiedade, a acupuntura pode ser uma grande aliada, pois ativa a liberação de neurotransmissores que são responsáveis pela sensação de

bem-estar e de relaxamento, como a serotonina, dopamina e endorfinas. A psiquiatra explica que a acupuntura pode ser usada como primeiro tratamento para essas doenças e diz que, muitas vezes, associar psicoterapia pode trazer respostas mais eficazes, principalmente quando se tem casos crônicos ou incapacidade e prejuízos importantes. “O psiquiatra também deve ser consultado para que seja avaliada a necessidade de tratamento farmacológico”, diz. Já em casos mais graves ou com outras patologias associadas, Gabriela explica que a acupuntura pode ser utilizada como terapia adjuvante ao tratamento, pois auxilia na melhora da qualidade de vida do paciente, melhorando o sono, contribuindo para a redução do estresse e da ansiedade, regularizando o funcionamento do intestino, entre outros efeitos benéficos.

COMPLEMENTANDO O TRATAMENTO A acupuntura é apenas uma parte do tratamento para estresse e ansiedade. De acordo com Gabriela, diferente dos tratamentos alopáticos convencionais em que se prescreve drogas que combatem certas doenças (exemplo: “antidepressivo” - remédio contra depressão; “antibiótico” - remédio contra infecções bacterianas etc.), o princípio da acupuntura é

melhorar a energia de defesa do próprio paciente, para que assim ele consiga combater com sua própria energia os desequilíbrios que estão lhe causando problemas. Assim, a acupuntura ajuda o próprio corpo a se fortalecer para combater mais eficazmente diversas doenças e prevenir futuros desequilíbrios. “Quanto mais ativa for a participação do paciente em seu próprio tratamento, maiores são as chances de bons resultados, uma vez que para que a saúde seja restabelecida, muitas vezes são necessárias mudanças de hábitos de vida, mudanças de hábitos alimentares e mudanças na maneira como enfrentamos as adversidades, incluindo os pensamentos e sentimentos que cultivamos”, conta. Em relação aos pontos do corpo estimulados no tratamento da ansiedade e estresse, a psiquiatra ressalta que eles dependem de cada paciente. Segundo ela, a prescrição dos pontos é feita após a avaliação cuidadosa de cada paciente, quando são investigadas a história de vida, a constituição física desde o nascimento, doenças prévias, cirurgias já realizadas, traumas físicos ou emocionais, além do funcionamento dos órgãos e vísceras naquele momento.

O número de sessões também varia para cada caso, dependendo da condição clínica do paciente e da gravidade da doença. Em geral, ela diz que são indicadas uma ou duas sessões por semana, por cerca de oito semanas, mas quando o estresse e a ansiedade já estão instalados há muito tempo e quando há outras doenças associadas o tratamento tende a ser mais longo. O tratamento é contraindicado para pessoas com infecções generalizadas na pele e em pontos que podem estimular as contrações uterinas nas gestantes, embora elas possam fazer o tratamento normalmente.

NÃO É BRINCADEIRA, CONHEÇA OS RISCOS! Segundo a psiquiatra Dra. Gabriela de Freitas, a aplicação incorreta da acupuntura pode causar lesões graves. “Há relato de caso de Pneumotórax* causado por inserção de agulha de acupuntura, o que é uma emergência médica; há pesquisas que apontam ainda “tamponamento cardíaco”, lesão grave que pode ser causada pela aplicação incorreta da agulha; e também lesões mais leves como formação de abscessos, celulite (infecção do tecido subcutâneo), entre outras”. É importante salientar que o tratamento é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina desde 1995 e, nesse sentido, o paciente deve buscar um profissional médico para que seja feito o diagnóstico apropriado da patologia. “Um quadro de estresse, por exemplo, pode ser o início de uma doença mais grave que necessita de investigação diagnóstica, com exames laboratoriais ou exames de imagem e outras formas de tratamento da medicina ocidental”, relata Gabriela. *Pneumotórax é a entrada de ar na cavidade pleural. Pleura é a membrana que reveste os pulmões.

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Alimentação Por Carolina Vilela

QUINOA, O CEREAL INCA QUE ESTÁ ATÉ NO ESPAÇO

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ara aqueles que acreditam na repetição da História, a quinoa pode ser um exemplo. Cultivada e adorada no Império Inca e depois esquecida, ela volta a ser consumida e suas propriedades reconhecidas; tanto que hoje faz parte da dieta de astronautas e pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. A quinoa é uma planta encontrada na Bolívia, Colômbia, Peru e Chile, e cultivada nos Andes bolivianos há mais de dez mil anos. Os incas a consideravam um cereal milagroso e, por isso, era conhecida como “Grano Madre” ou “Grano Oro”, consumida desde o final da amamentação e por toda a vida. O Conselho de Investigações dos Estados Unidos publicou um livro de estudos sobre a Quinoa onde se lê: “o segredo do tesouro perdido dos incas não era o ouro mas, sim, o cultivo do alimento que enriquece a dieta humana”. A quinoa foi substituída pela cevada desde que os espanhóis dizimaram o Império Inca e apenas continuou sendo cultivada por pequenos agricultores. Mais tarde, a partir das décadas de 1950 e 1960, suas propriedades foram redescobertas e, atualmente, tornou-se moda entre aqueles que desejam uma dieta mais saudável. Mas, afinal, o que a quinoa tem? Embora seja um cereal, muitos especialistas a chamam de pseudocereal, dados os seus nutrientes.

Saiba como uma dieta rica em frutas pode mudar a sua saúde

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Cada 100 gramas de farinha de quinoa conta com 60g de carboidratos, 14g de proteínas e 5,5g de gorduras, além de 5g de fibras. A nutricionista e mestre em clínica médica, Pérola Ribaldo, diz que os benefícios da quinoa devem-se ao alto teor de alguns nutrientes que participam da prevenção e auxiliam no tratamento de várias doenças. Primeiramente, ela é rica em amido, que fornece energia de boa qualidade ao organismo. Também conta com grande quantidade de proteínas completas, ou seja, proteínas de alto aproveitamento pelo corpo, essenciais na construção e manutenção dos tecidos, especialmente dos músculos. A gordura do grão conta com alta concentração de ácido graxo Omega3, que é um protetor cardiovascular importante e um elemento indispensável para o bom funcionamento do cérebro, além de prevenir vários tipos de câncer e envelhecimento precoce. Já, a boa concentração de fibras auxilia na redução dos níveis de colesterol, açúcar no sangue e ajuda no bom funcionamento intestinal, prevenindo também o aparecimento de câncer de intestino. “As fibras também reduzem a fome, podendo auxiliar nos quadros de emagrecimento”, diz Pérola. Além das propriedades citadas, a quinoa ainda contém altos teores de zinco, que é um mineral envolvido em várias reações enzimáticas e que auxilia na boa qualidade da pele, dos cabelos, é antidepressivo natural e um protetor cardíaco importante. Outro benefício do cereal é a prevenção da osteopenia e osteoporose, pois é uma fonte vegetal de cálcio, atuando na boa formação e manutenção dos ossos. “Além disso, os altos teores de Omega3 auxiliam na prevenção da perda óssea derivada da menopausa, uma vez que melhora a ação do estrógeno (hormônio diminuído na menopausa) e ameniza as consequências da menopausa, inclusive a osteoporose”, explica a nutricionista.

Para os vegetarianos, o grão pode ser uma opção na substituição da carne, por ter uma grande quantidade de proteína. Já para quem tem inflamações intestinais e intolerância ao glúten, a quinoa também é uma alternativa. Por ser isenta de glúten, é uma grande aliada na dieta dos celíacos, pois seus grãos, flocos e farinhas são substitutos perfeitos do trigo e de suas variações. Para o médico nutrólogo e membro da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), José Alves Lara Neto, a quinoa é considerada um alimento perfeito, segundo a Organização das Nações Unidas, e um dos vegetais com mais proteína, mas precisa ser processada para eliminar todos os antinutrientes, que são elementos presentes nos alimentos que impedem a absorção de outros que são importantes para o organismo. Neto enfatiza que nenhum alimento isolado tem condições de manter o equilíbrio necessário para a saúde do ser humano. “Então, é comer de tudo, sem comer tudo ou uma coisa só”, diz. E ressalta: “Não é nenhuma maravilha. Se formos analisá-la pelo custo-benefício, então é melhor que os brasileiros consumam a macaúba, que é muito produzida no país, é rica em proteína e estão dizimando. A grande riqueza é explorar o máximo possível a nossa dieta cultural”. Não deixando de olhar os benefícios do alimento, Neto alerta para os modismos que podem levar à medicalização e ao seu consumo em cápsulas, como outros alimentos que já estão sendo comercializados dessa forma, o que acaba levando o indivíduo a consumir mais carboidratos do que deveria, mais proteína do que deveria, provocando ações contrárias. Por exemplo, a alta ingestão de proteína pode diminuir o cálcio, provocando osteoporose. “Nessas variáveis é que se deve pensar”, diz ele.

Segundo Pérola, a melhor forma do consumo da quinoa é por meio dos grãos integrais, uma vez que mantém todas as propriedades do alimento, na forma mais íntegra e intacta. Ela pode ser colocada em saladas, iogurtes, vitaminas, batida com sucos ou cozida tanto sozinha, para consumir como salada fria, ou em preparações como o arroz. Sobre a quantidade, a nutricionista diz que não existe recomendação ideal fixa para o consumo diário da quinoa, pois varia de acordo com seu objetivo. Mas, de forma geral indica-se o consumo diário de duas colheres de sopa do grão. E alerta: “Em excesso pode causar diarreias e aumentar o peso, já que é um alimento rico em fibras e bastante calórico”. 22

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RECEITAS Veja como preparar a quinoa, incluindo-a como prato principal, ou mesmo como acompanhamento:

TABULE DE QUINOA

RISOTO DE QUINOA, MUSSARELA DE BÚFALA E TOMATES FRESCOS

Ingredientes • 1 xícara (chá) de quinoa em grãos • 2 xícaras (chá) de água • 1 cebola • 1 tomate • 1 pepino

1. Cozinhe os grãos de quinoa na água, por 25 minutos ou até que a água tenha evaporado por completo. Leve à geladeira para esfriar.

• 3/4 xícara de quinoa • 5 conchas de caldo de legumes • 1/4 de xícara de vinho branco • 1 xícara de tomates cereja • 1/2 xícara de mussarela de búfula em cubinhos • 1/2 cebola picada • 1 dente de alho picado • Azeite a gosto • Sal a gosto • 1 colher (sopa) de manjericão fresco

2. Pique todos os ingredientes, tempere com o suco de limão, azeite e sal e volte à geladeira.

• 2 colheres (sopa) de hortelã

3. Sirva.

• Limão espremido a gosto • Sal a gosto

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Ingredientes

• 2 colheres (sopa) de cheiro verde • Azeite a gosto

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MODO DE PREPARO

MODO DE PREPARO

1. Pique a cebola e o alho bem miudinhos e refogue no azeite. 2. Acrescente a quinoa e refogue mexendo bastante. 3. Acrescente o vinho e mexa por cerca de 2 minutos ou até que o álcool evapore totalmente. 4. Adicione quatro conchas do caldo de legumes gradativamente, até que os grãos estejam macios. 5. Junte os tomates cortados em quatro, o manjericão picadinho e mais uma concha de caldo de legumes para que os tomates cozinhem, mas sem desmanchar. 6. Finalize acrescentando a mussarela. 7. Sirva em seguida.

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Questão de Saúde Por Carolina Vilela

DOR NA INFÂNCIA Avaliação e tratamento adequados são essenciais para evitar dores crônicas e problemas por toda a vida

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or não é um sintoma exclusivo dos adultos. Crianças também sentem e, embora seja difícil de aceitar, muitas também têm que conviver com dores crônicas. Segundo o estudo “Dor na Criança – Avaliação e Terapêutica”, realizado por Durval Campos Kraychete, diretor científico da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, e por Suedy Brito Coelho Wanderley, médica dos serviços de emergência pediátrica dos Hospitais Aliança (Salvador-BA), as situações de dor na infância repercutem de forma física e psíquica para toda a vida. Por isso, tratar a dor na infância é tão importante, pois corresponde ao futuro que esse indivíduo terá. O próprio estudo afirma que a dor em criança é tratada de forma inadequada, sendo necessário prevenir esse sintoma e, quando ele existir, tratá-lo precocemente. Segundo a médica pediatra com especialização em cancerologia pediátrica, Dra. Raquel Quiles, não é comum dores crônicas em criança, exceto se ela tiver alguma doença crônica de base, como câncer (leucemias, linfomas etc.), anemia falciforme ou algumas doenças reumatológicas, quando podem ter a dor de maneira persistente (ou crônica). Ela explica que as crianças sem doenças de base, ou seja, sadias, podem apresentar mais comumente as “dores recorrentes”, que são as que se manifestam de maneira intermitente, com certa frequência. “Para a definição de ‘Dores Recorrentes na Infância’ usamos os seguintes critérios: pelo menos três episódios de dor durante um período mínimo de três meses, com intensidade suficiente para interferir nas atividades habituais da criança”, explica. As causas mais comuns de dores recorrentes têm que ser acompanhadas para descartar as suas causas orgânicas. Segundo Raquel, esse tipo de

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dor é o mais comum em crianças e se manifesta como dor de cabeça, membros ou dores abdominais. “Neste caso manifestam os chamados sinais de alerta para a dor; o pediatra investiga se eles estão presentes e a possível causa. Mas geralmente, na grande maioria dos casos de dores recorrentes, os sinais de alerta não estão presentes e as causas orgânicas não são a causa dessas dores (que muitas vezes, manifestam-se não só como cefaleia ou dor nos membros, por exemplo, mas também associadas)”, explica.

Outro recurso para identificar a dor é pedir para que a criança pinte num corpo de criança o local onde está sentindo o incômodo. A escala de Oucher, citada no quadro, é outra ferramenta em que a dor é representada através de seis fotografias de crianças com dor: o paciente tem que escolher aquela com a qual ele mais se identifica.

tratamento. “Quando o paciente tem doenças de base, o tratamento da dor deve ser feito juntamente com o especialista que acompanha o paciente”, explica.

Segundo a médica, o tratamento da dor depende da causa: as crianças têm especificidades e o tratamento deve ser particularizado a elas. Mas a pediatra afirma que, assim como nos adultos, são usados desde uma progressão de analgésicos comuns a anti-inflamatórios não-hormonais e até analgésicos mais potentes, os derivados de opioides (como a morfina), entre outros.

Segundo Raquel, as causas mais comuns de doenças, quando não se encontram os sinais de alerta, são as angústias, os aspectos emocionais envolvidos, as dificuldades nas relações familiares e sociais e, ainda, a forma de enfrentamento da dor e dos fatores que a influenciam na sua manifestação. Para a investigação dos casos de dores recorrentes, é fundamental o vínculo da criança e de sua família ao serviço/profissional de saúde, estabelecendo-se um pacto entre profissionais, a criança e seus responsáveis, visando o seu cuidado integral.

Para fugir do tratamento com remédios, ela afirma que existem tratamentos alternativos, como exercícios, fisioterapia, acupuntura (mesmo para crianças!), massagens, psicoterapia etc. “Eles podem auxiliar o tratamento (dependendo da causa da dor) e, muitas vezes, resolver o problema, por incrível que pareça, sem remédios (por via oral)”.

COMO DIAGNOSTICAR

Vale lembrar que atividade física e alimentação saudável são sempre boas práticas para tudo. “A atividade física geralmente ajuda, pois libera endorfina, hormônio responsável pela sensação de bem-estar. Uma alimentação adequada também é fonte de uma vida saudável e, consequentemente, sem dor”, diz Raquel.

Fazer um diagnóstico em crianças nem sempre é tão simples. Embora os exames clínicos sejam essenciais, nem sempre estão presentes neles as causas que levam à dor. Por isso, o contato entre médico e paciente é essencial sempre e em qualquer idade, mas o tato que o pediatra deve ter para diagnosticar a dor é um diferencial.

A observação dos médicos e das famílias é fundamental em todas as fases e em todos os sintomas. Raquel explica que a dor nas crianças se manifesta de forma diferente do que no adulto, mas a criança que não tiver as dores (recorrentes) devidamente diagnosticadas e tratadas pode se tornar um adulto com dor crônica. “E nos casos de doenças causando dores, cada uma tem o seu manejo de tratamento e o tratamento da dor deve ser feito conjuntamente, visando uma vida sem limitações, principalmente em relação à dor”, explica e completa: “É importante frisar que a criança não inventa dor, geralmente, mesmo quando a origem não é orgânica a dor é um pedido de ‘socorro’ e uma expressão de um sofrimento que não está sendo resolvido”.

De acordo com Raquel, o diagnóstico da dor na criança depende da idade, depende da dor ser aguda ou recorrente, ou ainda crônica, mas, fundamentalmente, da observação de seu comportamento. “Se uma criança fala que está com dor, mas continua brincando e não muda sua expressão, ela provavelmente está mimetizando uma fala de algum adulto com o qual ela convive, mas não é uma dor que valorizamos, pois não a está afetando. Se, por outro lado, a criança fica quieta (muitas vezes até bebês ficam hipoativos, ou chorosos), sem brincar ou querer fazer suas atividades habituais, com expressão de dor, nesses casos devemos valorizar a dor”, relata. Outra ferramenta para avaliar essa dor é utilizar escalas com carinhas de felizes a chorosas para crianças menores ou a escala numérica (de 0 a 10, sendo 0 = nada de dor, 5 uma dor média e 10 = a pior dor que já teve na vida) para crianças alfabetizadas e maiores. No estudo sobre avaliação e terapêutica, os médicos responsáveis usam escalas de avaliação da dor em pediatria, que ajudam o especialista a diagnosticar através de diversos indícios o que está acontecendo com a criança em cada faixa etária. 28

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pós-operatório quanto nos procedimentos médicos. Isso porque alguns autores relataram que a analgesia preventiva reduz a necessidade de analgésicos”. Além disso, a médica alerta que a administração de analgésicos não deve ser dolorosa, devendo-se evitar a via intramuscular quando outras possibilidades estiverem disponíveis ou quando a intensidade da dor não justificar o uso dessa e outras vias.

Com relação ao especialista adequado nessa avaliação, Raquel diz que um médico pediatra com boa formação investigará a dor do seu paciente ouvindo sua história (anamnese), procurando atentamente os sinais de alerta para aquela dor, fazendo um exame físico detalhado e, finalmente, se houverem sinais de alerta, investigando com exames e solicitando a avaliação de especialistas, caso necessário. Mas ela ressalta que quando não existem sinais de alerta, uma escuta atenta pode indicar a causa daquela dor e apontar qual a melhor alternativa para seu

TRATAMENTO ADEQUADO

Para finalizar, é importante ressaltar que embora a dor crônica afete a vida de uma pessoa em todos os aspectos, “de toda forma, mesmo quando a criança tem problemas de saúde, a dor crônica pode ser controlada para que ela tenha uma vida normal”, afirma a pediatra.

O estudo de avaliação e terapêutica recomenda que “o tratamento com analgésicos e sedativos tem o objetivo de aliviar a dor, de obter estabilidade fisiológica, de diminuir a ansiedade e de minimizar as consequências fisiológicas negativas. A dor deve ser tratada profilaticamente, tanto no Revista Vida sem Dor

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CONFIRA AS DICAS DO FISIOTERAPEUTA PARA EVITAR LESÕES:

Dicas diversas Por Carolina Vilela

CUIDADO COM AS

LESÕES Dicas de movimentos e práticas que devem ser feitos para evitar lesões na prática de exercícios físicos

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a busca de qualidade de vida, de um corpo mais saudável e com uma estética melhor as pessoas frequentam espaços como o das academias, mas a prática incorreta dos exercícios pode trazer sérias lesões ortopédicas. De acordo com Rodrigo A. Vasconcellos, fisioterapeuta do Singular – Centro de Controle da Dor e coordenador do Instituto Wilson Mello, as lesões mais comuns são as lesões musculares, tendinites, bursites e entorses ligamentares localizadas com mais frequência nos membros inferiores. “Elas ocorrem frequentemente por erros de treinamento por parte do aluno, que não segue instruções adequadamente ou por excessiva ênfase na estética corporal ocasionando lesões por sobrecarga, ou por parte de má ou insuficiente orientação profissional”, comenta.

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esteiras, bicicletas de spinning ou equipamentos de musculação e avise o responsável, pois acidentes e lesões podem ocorrer;

1. Antes de iniciar qualquer programa de atividade física faça uma avaliação cardiológica;

6. Musculação e treinos aeróbios variados são excelentes, porém procure sempre participar de aulas de alongamento para melhorar sua flexibilidade;

2. A avaliação física determina em qual nível de desempenho você está hoje para poder criar metas mensuráveis e realistas. A maioria das academias coloca como obrigatório este exame;

7. Hidrate-se adequadamente se você estiver fazendo exercícios por mais de 60 minutos. Você pode se beneficiar de bebidas isotônicas ou repositores de carboidratos;

3. Um dos fatores mais importantes na prevenção de lesões é o uso do bom senso. Não tente imitar cargas de peso da pessoa ao seu lado, mesmo ela sendo mais velha ou da mesma dimensão corporal que a sua. Cada pessoa tem um nível de condicionamento e isto é demonstrado pela avaliação física;

8. O warm up (aquecimento) antes de iniciar seu treino é um dos fatores mais importantes para prevenir lesões. O objetivo do aquecimento é aumentar gradativamente a frequência cardíaca, temperatura corporal, circulação sanguínea e a flexibilidade dos músculos e articulações que serão submetidos ao exercício;

4. Qualquer dor pós-atividade que durar mais que 48 horas necessita de uma consulta com um ortopedista ou fisioterapeuta especializado. Não ouça conselhos de leigos e não prossiga com o treinamento se estiver com dor. Até conseguir consulta, faça aplicações de bolsa de gelo no local por 25 minutos, três vezes ao dia;

9. Tenha uma alimentação saudável e balanceada. Consulte um nutricionista para orientá-lo em seus objetivos, isto pode parecer repetitivo, porém muitas lesões ocorrem porque o aluno, descontente com seu peso corporal, aumenta rapidamente a intensidade e duração de treinos aeróbios para reduzi-lo em curto prazo, expondo músculos e articulações à sobrecarga;

5. Faça atividade física com equipamentos corretos. Use roupas leves e ventiladas, tênis leve com bom amortecimento de impacto e frequencímetros para monitorar seus batimentos cardíacos e mantê-los em sua zona alvo. Observe na academia se existem equipamentos com defeitos de manutenção como

10. Procure sempre orientação em sua atividade física. Não seja autodidata. O número de academias em condomínios residenciais tem crescido e, muitas vezes, não tem a presença de um profissional qualificado, favorecendo erros de treinamento e levando às lesões.

AQUECIMENTO Veja algumas dicas de movimentos que devem ser feitos antes dos exercícios na academia:

MAIS COMUM DO QUE SE IMAGINA! Um estudo publicado na conceituada revista Medicine Sciences Sports Exercise, em 2002, demonstrou que dos mais de 6.000 praticantes que foram estudados, 25% já sofreram lesões ortopédicas na prática de atividade física e 1/3 destes pararam definitivamente a prática em que estavam envolvidos.

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Notas temáticas Por Carolina Vilela

SORTE GENÉTICA

Nunca é tarde Embora a receita para o envelhecimento saudável seja viver a vida toda com boas práticas de alimentação, de movimento, de prevenção de doenças etc., o geriatra comenta que nunca é tarde para mudar de hábitos e se preocupar com a velhice.

Pesquisas

Para o médico geriatra da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Salo Buksman, a principal receita para um envelhecimento saudável é nascer com uma genética predisposta a isso. Algo que não se pode comprar e nem remediar. Nesses momentos, nascer com sorte é o primeiro passo para ter uma velhice com saúde. Essa constatação mostra o motivo porque algumas pessoas, que nada fazem para ter uma vida saudável, conseguem viver muitos anos e bem. Para os que não nasceram com essa característica, o médico diz que o esforço será muito maior para alcançar essa longevidade com práticas de promoção da saúde que diminuam os riscos das doenças do envelhecimento.

Segundo Buksman, ainda existem muitas pesquisas na área experimental e básica, como, por exemplo, envelhecimento celular: tenta-se descobrir determinados tratamentos genéticos que poderiam mudar o time da célula para envelhecer mais lentamente ou não envelhecer. Mas, ele ressalta que ainda não existe nenhum produto à vista que seja eficiente para aumentar a longevidade e melhorar a qualidade de vida. De acordo com o geriatra, hoje isso ainda depende muito do esforço do indivíduo em promover a sua saúde.

Emoções que não levam à longevidade Buksman confirma que pessoas com raiva, mágoas, transtorno do humor, estresse e depressão têm uma qualidade de vida pior, maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, pressão alta, arritmia e podem ter eventos mortais mais cedo.

Exercício Físico e Quedas Musculação e Aeróbica

Segundo as Diretrizes Brasileiras da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, a implementação de um programa de exercícios físicos que melhore a força muscular e o equilíbrio, orientado de forma individualizada por profissional capacitado, é capaz de reduzir o risco de quedas. Esse tipo de intervenção também se revelou eficaz na prevenção de lesões provocadas por quedas em idosas institucionalizadas e em idosos mais frágeis, com déficit de força muscular e de equilíbrio.

Entre os fatores que pressupõem um estilo de vida que previne as doenças do envelhecimento está a prática constante de atividade física, como a musculação e a aeróbica. “A aeróbica condiciona melhor órgãos como o pulmão e o coração e melhora a irrigação cerebral”, comenta o geriatra.

Tai Chi Chuan

Menos sedentarismo, menos Alzheimer Pessoas que fazem atividade física têm menos riscos de desenvolver Alzheimer. A explicação exata não existe, mas a constatação está baseada em estudos estatísticos e epidemiológicos. Segundo Buksman, o motivo disso talvez seja a melhoria da irrigação sanguínea cerebral, que reduz o risco de doenças neurodegenerativas.

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As mesmas diretrizes apontam que a prática do Tai Chi Chuan melhora o equilíbrio, podendo prevenir quedas em idosos relativamente saudáveis, assim como naqueles sedentários.

Estatísticas Alguns estudos prospectivos relatados nas Diretrizes Brasileiras da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia indicam que 30% a 60% da população com mais de 65 anos cai anualmente e metade apresenta quedas múltiplas. Aproximadamente, 40% a 60% destes episódios levam a algum tipo de lesão, sendo 30% a 50% de menor gravidade, 5% a 6% injúrias mais graves (não incluindo fraturas) e 5% de fraturas.

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Perguntas e respostas

Qual o tratamento mais eficiente para a cura ou tratamento de alguém que tenha dor crônica?

Qual a diferença entre dor aguda e dor crônica? A dor crônica pode ser diferenciada da dor aguda pelo tempo de duração. A dor aguda dura dias ou semanas, enquanto a dor crônica dura de 3 a 6 meses, ou mais. Mas, a principal diferença entre essas duas entidades é o seu significado. Enquanto a dor aguda é um sistema de alerta, onde o cérebro nos avisa que algum dano está sendo causado em alguma parte do nosso corpo, a dor crônica se comporta como uma doença do sistema de percepção da dor, uma falha nesse mecanismo de alerta, onde a lesão em um tecido já não é o mais importante.

O tratamento multidisplinar é o mais eficaz para o tratamento de dores crônicas e inclui a medicina intervencionista, onde um médico especializado executa procedimentos minimamente invasivos, de acordo com o quadro doloroso do paciente, além de tratamentos psicoterápicos, fisioterápicos e, eventualmente, psiquiátricos.

É possível que uma dor que pareça física seja, na verdade, psicológica? As “dores psicológicas” são detectadas através de uma abordagem multidisciplinar. Exame clínico minucioso e sessões psicoterápicas são fundamentais para um panorama adequado do paciente. Quando indicados, exames complementares devem ser solicitados

É muito comum médicos receitarem injeções relaxantes quando a pessoa tem dor nas costas. Com o tempo eles podem ser prejudiciais? Qual a principal tecnologia, atualmente, para a detecção da dor? A dor é uma experiência subjetiva e ainda estamos distantes de uma tecnologia suficientemente eficaz para detectá-la. Atualmente dispomos de bloqueios diagnósticos para detectar a causa da dor. Esse bloqueios consistem em infiltrar pequenas quantidades de anestésicos em estruturas as quais suspeitamos que sejam causadoras da dor; essas infiltrações são realizadas sob visualização com aparelhos radiológicos ou ultrassonográficos em tempo real, para termos certeza do local exato a ser infiltrado. Na prática clínica, a termografia tem sido cada vez mais utilizada: consiste na captação do calor corporal através de uma câmera de infravermelho. A posterior análise das imagens e diferenças de temperatura pode indicar algumas patologias. Por fim, ainda não utilizada na prática clínica, temos a ressonância nuclear magnética funcional cerebral que pode evidenciar áreas ativas sabidamente relacionadas à dor.

O uso crônico de anti-inflamatórios é um grande problema nos dias de hoje. Além de não serem medicações adequadas para estes casos, ainda podem trazer sérios riscos à saúde do paciente, como úlceras no estômago, hipertensão arterial e insuficiência renal. E podemos adquirir estas medicações sem receita nas farmácias, como se fossem inócuas. As pessoas muitas vezes não têm noção deste problema.

O que é dor discogênica? A dor discogênica é aquela causada pela degeneração do disco intervertebral e responde por cerca de 40% de todos os casos de dor crônica lombar. O disco é aquela estrutura que fica entre duas vértebras e tem como uma de suas funções principais a de amortecer a carga que é exercida na coluna. Ele possui uma gelatina por dentro e, quando a sua capa vai enfraquecendo e se rompe, esta gelatina vaza para fora e o paciente pode começar a sentir dor.

As perguntas foram respondidas pelo Dr. Fabrício Dias Assis, anestesiologista e médico intervencionista da dor do Singular – Centro de Controle da Dor. 36

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Artigo Fabrício Dias Assis

Referência

A SOBRAMID tem como finalidade difundir a boa prática da medicina intervencionista da dor por todo o nosso país (...)

NASCE A SOBRAMID

Nós estamos muito alegres em anunciar a fundação da SOBRAMID (Sociedade Brasileira de Médicos Intervencionistas em Dor). Este fato coloca o Brasil em um lugar de destaque na área da medicina intervencionista da dor no cenário mundial. Antes, apenas os Estados Unidos possuíam uma sociedade organizada para representar os que atuam neste novo campo da medicina. A SOBRAMID tem como finalidade difundir a boa prática da medicina intervencionista da dor por todo o nosso país, através de educação médica continuada, certificação de profissionais capacitados e da representação dos profissionais que se dedicam a nova especialidade frente aos órgãos públicos competentes. A Medicina Intervencionista da Dor surge como uma das áreas mais importantes da medicina atual, visto que, com o envelhecimento cada vez maior de nossa população, a dor crônica surge como um dos maiores empecilhos para que possamos desfrutar de uma boa qualidade de vida. A dor de coluna, só para se ter uma ideia, chega a atingir até 35-40% das pessoas acima de 60 anos. Em maio passado tivemos o 1º Congresso da SOBRAMID realizado em Campinas – SP, que foi um grande sucesso e contou com a participação de profissionais de todo o Brasil e de vários países da América Latina. Os participantes tiveram a oportunidade de aprender com os principais nomes do intervencionismo em nosso país, além de palestrantes internacionais de grande renome, como o Dr. Menno Sluijter, um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da radiofrequência para o tratamento da dor. Fabrício Dias Assis, presidente da SOBRAMID, anestesiologista e médico intervencionista da dor do Singular – Centro de Controle da Dor.

mundial no tratamento da dor No mundo inteiro, somente 16 centros de tratamento da dor possuem a certificação internacional “Excellence in Pain Practice Award”. O Singular – Centro de Controle da Dor – é um deles, e o único no Brasil. Aqui, além de infraestrutura completa e uma equipe multidisciplinar, estão três dos seis médicos brasileiros com o título de Fellow, concedido pelo World Institute of Pain. Tudo para que você trate a dor de forma eficaz e individualizada, recuperando sua qualidade de vida.

R. Maria Monteiro, 968 • Campinas • SP Tel.: (19) 3251-2312

www.singular.med.br

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NOVALGINA® (dipirona mono-hidratada). Indicação: analgésico e antitérmico. M.S.: 1.1300.0058. Farm. Resp.: Antonia A. Oliveira - CRF-SP n° 5854. Última revisão: 22/12/11. Em caso de febre ou alergia, procure seu médico.


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