Ano 22 Setembro de 2016
Leia mais nas páginas 3 e 4
Veja nesta edição: Concretização do golpe contra Dilma aponta para o total desmonte da educação pública sob a gestão temerária de Temer Pág. 2
Ser antipolítico favorece a burguesia e prejudica os interesses da classe trabalhadora
Governo golpista quer retirar direitos dos(as) trabalhadores(as)
Pág. 5
Pág. 9
Setembro de 2016 I Extra CLasse
EDITORIAL
Concretização do golpe contra Dilma aponta para o total desmonte da educação pública sob a gestão temerária de Temer
A
O peemedebista aplicará medidas duras e prejudiciais aos trabalhadores
conclusão do golpe e, por consequência, o afastamento definitivo da presidenta Dilma Rousseff são a pá de cal que faltava sobre as políticas voltadas para a educação pública implementadas ao longo da última década. A saída definitiva da presidenta significa que o presidente Michel Temer terá o caminho livre para fazer um governo que levará o país a um retrocesso de décadas em cerca de dois anos e meio. Afinal, o programa “temista” não passou pelo crivo popular das urnas. Assim Temer poderá aplicar medidas impopulares sem temer prejuízos políticos. E a realidade mostra que a marcha ré já foi iniciada bem antes de os(as)
“
Tratou de acabar com o pacto pela alfabetização na idade certa, o Pronatec, o Ciências Sem Fronteiras na graduação, o portal dos diplomas, cortou 90 mil bolsas do FIES, revogou as nomeações para o Conselho Nacional da Educação e ainda pretende retirar a redação do ENEM deste ano.
senadores(as) colocarem o último prego no caixão do já falecido mandato de Dilma. De maio para cá, ocasião em que a petista foi afastada ainda de forma provisória, Temer já propôs o fim da destinação de 50% dos recursos do Fundo Social, bem como de 75% dos royalties do petróleo para a educação pública. E não para por aí. O peemedebista também
“
2
já tratou de acabar com o pacto pela alfabetização na idade certa, o Pronatec, o Ciências Sem Fronteiras na graduação, o portal dos diplomas, cortou 90 mil bolsas do FIES, revogou as nomeações para o Conselho Nacional da Educação e ainda pretende retirar a redação do ENEM deste ano. Mas o pacote de bondades “Temerniano”
não para de aumentar, pois ele já anunciou que em 2017 as universidades federais sofrerão um corte de 45% nos investimentos. Perceba que tudo isso foi feito em menos de três meses de gestão Temer. O cenário, que é bastante tenebroso, poderá piorar até 2018, quando deverão ocorrer novas eleições presidenciais. Até lá sofrerão todos, sobretudo a educação pública e os(as) filhos(as) dos(as) trabalhadoras(as), que tanto necessitam. O que está em jogo é a educação de uma geração. Somente o engajamento dos trabalhadores nas lutas, principalmente os que atuam na educação, poderá frear os retrocessos que estão sendo implementados a contragosto da classe trabalhadora.
EXPEDIENTE Av. Rio Branco, 790 - Centro - Natal/RN - Fones:(84)3211-4434 ou (84)3211-4432 E-mail: sinte_rn@hotmail.com I www.sintern.org.br Coordenação Geral: Simonete Carvalho de Almeida, José Rômulo Arnaud Amâncio, José Teixeira da Silva Diretoria de Organização: Francisco de Assis Silva, Eliane Bandeira e Silva Diretoria de Administração e Finanças: Maria Luzinete Leite de Oliveira Pinto, Cristiane Medeiro Dantas Diretoria de A. Jur. e Defesa do Trab. em Educação: Telma Lúcia de Oliveira Alves , Vera Lúcia Alves Messias Diretoria de Comunicação: Miguel Salustiano de Lima, Francisco Leopoldo Nunes Diretoria de Relações Sindicais e
Interior: Ionaldo Tomaz da Silva, Francisco Alves Fernandes Filho Diretoria de Formação Sindical e Educacional: Marcos Paulo Medeiros da Cunha, Enoque Gonçalves Vieira Diretoria de Cultura e Lazer: José Lavousier Nogueira, Joildo Lobato Bezerra Diretoria de Organização da Capital: Sergio Ricardo de Carvalho Oliveira Diretoria de Relação de Gênero: Maria Inês Almeida Morais, Inalvete Medeiros Lucena Diretoria dos Aposentados: Marlene Sousa de Moura, Simão Pedro da Silva
Diretoria de Org. dos Funcionários de Educação: Ana Lucélia Chaves, Izauro Ribeiro Dantas Neto Diretoria de Adm. da Casa do Trabalhador em Educação: Marilanes França de Souza Diretoria de Organização da Educação Infantil: Gidália Ferreira de Andrade. Jônatas de Souza Lima Suplente do Conselho Diretor: Inalda Teixeira de Lira, Maria de Fátima Costa, Erlon Valério Silva de Araújo, Josivaldo do Nascimento, Maria Vicência Arimatéia dos Santos, Rafhael de Lima Barbosa, Jucyana Myrna Teixeira da Silva
Produção: L4 Comunicação Jornalista responsável: Leilton Lima DRT/RN 579. Denor Ramos DRT/RN 1980 Diagramação: Marknilson Barbosa. Revisão: Silvaneide Dantas Endereço: Av. Cel. Estevam, 1139 - Cond. CECOM - Sala 09 - Alecrim Natal/RN - Fone/fax: (84) 3212-2388 E-mail: elequatro@uol.com.br
Setembro de 2016 I Extra CLasse
Nestas eleições os(as) trabalhadores(as) em educação têm a oportunidade de criar sua própria bancada, elegendo vereadores e prefeitos comprometidos com a educação pública
“
Quem são os candidatos nestas eleições? Quais são as propostas? Quem está verdadeiramente engajado na luta dos trabalhadores, sobretudo os da educação? Por que é importante ajudar a construir uma bancada da educação? Quem está tentando ludibriar os eleitores?
verdadeiramente engajado na luta dos trabalhadores, sobretudo os da educação? Por que é importante ajudar a construir uma bancada
“
S
erão eleitos este ano vereadores(as) e prefeitos(as) que atuarão pelos próximos quatro anos. Essa é a hora em que você, trabalhador e trabalhadora em educação, terá a oportunidade de escolher candidatos engajados na defesa da educação. Por isso, é importante parar, refletir e questionar: Quem são os candidatos nestas eleições? Quais são as propostas? Quem está
da educação? Quem está tentando ludibriar os eleitores? É fundamental compreender a importância do
voto, saber que ele pode sim influenciar e fazer com que a cidade possa ser menos desigual e mais justa ou contribuir para que o município continue sofrendo nas mãos de grupos políticos burgueses. Não adianta reclamar da situação e continuar votando nas mesmas oligarquias, por acreditar que não existem candidatos honestos e interessados em trabalhar para a comunidade.
3
4
Setembro de 2016 I Extra CLasse
O SINTE/RN lançou a campanha “Voto Consciente”, que explica a importância de escolher pessoas engajadas na defesa dos interesses dos profissionais da educação
P
ensando na importância de abrir mentes apolíticas e pautadas no velho senso comum, o SINTE/RN está promovendo a campanha “Voto Consciente”. A campanha tem como objetivo orientar os cerca de 60 mil trabalhadores(as) em educação pública do RN a votarem em candidatos comprometidos com a educação e seus trabalhadores, para garantir a possibilidade de conquistas e evitar retirada de direitos. A coordenadora geral em exercício do SINTE, professora Simonete Almeida, explica que a campanha não defende o voto em nenhum candidato ou partido específico: “A ideia é orientar a categoria a refletir como classe antes de depositar seu voto na urna. Escolher candidatos engajados na luta da educação é fundamental, ainda mais agora diante da
atual conjuntura política e social”. A sindicalista disse ser importante que cada trabalhador em educação converse com amigos, colegas e familiares, explicando quem são os partidos comprometidos com a classe trabalhadora: “A ideia é votarmos em bloco, para
assim garantirmos nossa representação nas câmaras e prefeituras espalhadas pelo RN”. Já o coordenador geral do SINTE/RN, professor Rômulo Arnaud, acredita que lutar pelos direitos dos trabalhadores será menos difícil se câmaras municipais e prefeituras
forem ocupadas por vereadores e prefeitos ligados à educação: “O momento exige de nós, trabalhadores em educação, a reflexão sobre a importância do processo eleitoral e de votar em candidaturas comprometidas com as bandeiras da educação. Podemos fazer várias bancadas em diver-sos municípios do Estado, elegendo colegas professores”. Ele exemplifica a importância do voto ao lembrar que, se na Assembleia Legislativa tivesse uma bancada ligada à educação e comprometida com todos os trabalhadores, o projeto de lei que autorizou novo saque na previdência do Estado não teria sido aprovado: “De 24 deputados que temos, apenas 3 votaram contra esse novo saque na previdência. Isso mostra que naquela Casa estamos quase sem ninguém que represente a nossa luta”.
Setembro de 2016 I Extra CLasse
Ser antipolítico favorece a burguesia e prejudica os interesses da classe trabalhadora Os desmandos e o senso comum levam os eleitores a acharem que todos os políticos e partidos são iguais
“
Há bons políticos. Há gente honrada, comprometida e honesta. Nós temos que procurar quem são essas pessoas.
de impunidade e revolta paira no ar. Apesar disso, expor incansavelmente essa narrativa contribui com a ideia do senso comum de que não há pessoas honestas e dispostas a representar os cidadãos, conforme a ciência política determina. É o que afirma a coordenadora geral em exercício do SINTE/
“
E
scândalos de corrupção, fisiologismo, nepotismo, troca de “favores” e cargos entre os partidos. Essas são algumas das práticas historicamente comuns nos bastidores do mundo político. Tão banais que os brasileiros estão acostumados, tanto que não ficam surpresos diante da descoberta de um novo escândalo. E tudo “acaba em pizza”, pois dificilmente alguém que possui um intocável manto político vai parar na cadeira. A sensação
RN, professora Simonete Almeida. A sindicalista compreende que essa insatisfação popular com a classe política é compreensível, mas afirma que é um erro tentar nivelar todos os políticos: “Achar que todos os políticos e partidos são iguais contribui com os interesses da classe dominante. Pois
esse pensamento nos leva a votar errado, sempre esperando que as coisas melhorem por si sós. Isso nos afasta da política, dando ainda mais espaço para que pessoas desonestas entrem na política e/ou continuem no poder. ” Simonete alerta que os eleitores têm que observar todos os candidatos, pesquisar o histórico de trabalho e luta, saber quem é ficha suja: “Há bons políticos. Há gente honrada, comprometida e honesta. Nós temos que procurar quem são essas pessoas”.
SINTE/RN firma convênio com a Hapvida
O
O novo convênio visa disponibilizar mais uma opção de plano de saúde para os sindicalizados
SINTE/RN firmou convênio com a operadora de plano de saúde Hapvida. A partir de agora, os trabalhadores(as) em educação filiados(as) ao Sindicato e os seus dependentes poderão aderir ou migrar para o plano, que tem mensalidades a partir de R$ 115,14. Além do preço convidativo, o plano garante ao trabalhador em educação uma cobertura completa, para ele(a) e seus dependentes, com condições especiais, consultas, exames e internações sem carência. O contrato foi firmado através da diretora de assuntos financeiros do SINTE/RN, professora Luzinete Leite, que afirma vir negociando com a operadora desde o ano passado.
Para o SINTE/RN, o novo convênio visa disponibilizar mais uma opção de plano de saúde para os sindicalizados, com condições especiais, e que atenda a realidade econômica da categoria. Mais informações, através do SINTE/ RN, no telefone: (84) 3211 4434, e/ou com o Sr. João Maria, através dos números: 98886-5302 (Oi), 99924-5818 (Tim) e 2040-0903 (Fixo). Confira os valores, de acordo com as faixas etárias e os tipos de internamento. Obs: A tabela de valores refere-se ao plano de saúde Hapvida Nosso Plano para os trabalhadores em educação filiados ao SINTE/ RN, com cobertura ambulatorial hospitalar com obstetrícia e sem coparticipação.
5
6
Setembro de 2016 I Extra CLasse
O dia em que um deputado afirmou que ‘no RN há professores que não merecem o que ganham’ A declaração foi dada em fevereiro de 2015 pelo deputado e atual candidato à prefeitura de Natal Kelps Lima
H
á dias que ficam marcados na memória das pessoas e nas telas da história, seja pelo impacto, negatividade ou positividade de um fato ocorrido. E 12 de fevereiro de 2015 foi um desses dias. Naquela data, Kelps Lima, que é deputado federal e atual candidato à prefeitura de
Natal, afirmou em uma sessão legislativa que no Rio Grande do Norte “há professores que não merecem o que ganham”. A declaração do parlamentar foi dada durante a votação de um projeto de lei que reajustaria o salário dos professores e especialistas em educação da rede estadual. O político ain-
da defendeu a política “meritocrática”, em que o professor ganha um bônus a partir do seu desempenho dentro da sala de aula. Na época, a declaração de Kelps gerou polêmica e protestos dos profissionais da educação. Percebendo o erro que havia cometido, o parlamentar divulgou uma nota alegando inocência
e tentando incriminar o SINTE. Contudo, não teve êxito a tentativa do parlamentar de jogar a culpa sobre o Sindicato. Isso porque no dia 20 de fevereiro, o SINTE veiculou um VT comprovando que o deputado de fato atacou os trabalhadores em educação. Ve j a o v í d e o acessando o link: http://bit. ly/2cXwXMo
Luiz Almir: o protagonista de um episódio de desrespeito e destempero para com os(as) educadores(as) de Natal O vereador xingou os profissionais da educação comparando-os a cães e cadelas
N
o dia 12 de abril deste ano, o vereador Luiz Almir teve um momento de destempero verbal, expressando o seu desrespeito para com os(as) educadores(as) de Natal em sessão na
Câmara Municipal. Respondendo a protestos contra seu posicionamento contrário aos interesses da categoria, o vereador xingou os educadores, comparando-os pejorativamente a cães e cadelas: “Podem latir aí até dar uma dor”, declarou
durante a sessão. As agressões verbais foram seguidas pelo desdém ao potencial eleitoral da categoria: “Não quero os votos de vocês, bando de bestas!”, bradou. (Veja o vídeo que mostra o momento em que o vereador agrediu os professores acessando o link: http://bit. ly/2cpWJGj A coordenadora geral em exercício do SINTE/RN, professora Simonete Almeida, afirma que a atitude do vereador não pode ser esquecida. Ela lembrou que a missão de educar cabe
a pessoas com capacidade não só de absorver conhecimento quanto de repassálo: “Condição inversamente contrária à pecha que o vereador tentou imputar a nós que somos profissionais da educação”. Referindo-se à forma desdenhosa com que o vereador tratou os votos dos educadores, a coordenadora lembra que os profissionais da educação sabem escolher entre os que os representam e os que os atacam: “Tenho certeza que nas urnas os colegas educadores vão lembrar deste lamentável episódio protagonizado pelo vereador Luiz Almir”.
Setembro de 2016 I Extra CLasse
Escola Sem Partido: Projeto de deputado do Rio Grande do Norte poderá cercear a liberdade do educador em sala de aula O PL 1411/2015, que prevê pena de três meses a um ano e até punição com multa, foi apresentado por Rogério Marinho (PSDB-RN); A proposta vem ganhando adeptos pelo país afora
O
Imagem: Freepik
deputado federal Rogério M a r i n h o (PSDB-RN) se deu ao enorme trabalho de elaborar e propor um ditatorial projeto de lei que ameaça prender o professor que cometer “assédio ideológico” nas escolas. O PL 1411/2015, que prevê pena de três meses a um ano e até punição com multa, propõe ainda alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e incluir entre os direitos da
criança e do adolescente a regra que permite o aluno “adotar posicionamentos ideológicos de forma espontânea, livre de assédio de terceiros”. O PL também quer inserir no Código Penal o crime de “expor aluno a assédio ideológico, condicionando o aluno a adotar determinado posicionamento político, partidário, ideológico ou constranger o aluno por adotar posicionamento diverso do seu, inde-
pendente de quem seja o agente. ” Oriundo de uma oligarquia política conservadora, o deputado potiguar usa o argumento de que o educador deve “apresentar todas as vertentes interpretativas dos fenômenos estudados, sem fazer proselitismo, sem desvirtuar o fato, sem omitir dados e sem fazer indicações morais discutíveis”. O coordenador geral do SINTE/RN, pro-
fessor José Teixeira, avalia que o autor do projeto tem como único objetivo impedir que as escolas produzam cidadãos com senso crítico: “Não é desejo do Rogério Marinho que os alunos possam ter capacidade de analisar os fatos, a sociedade e que possam também questionar e afrontar os dogmas e ‘verdades’ impostas pelo sistema”. José Teixeira lembra que somente a partir da manutenção da ignorância do povo é que serão mantidos os currais eleitorais: “Para Rogério, nós somos agentes perigosos, capazes de despertar ideais que podem sacudir e modificar um sistema”. O coordenador ainda afirma que Rogério Marinho também deseja atingir os partidos de esquerda que, segundo o PL, vêm disseminando as suas ideologias com o propósito de implementar a sua hegemonia política, além de propagar o nazismo/fascismo ditatorial. “Neurose, fantasia e Olavo de Carvalho se misturam no texto do projeto apresentado por Rogério Marinho”, afirmou o sindicalista.
7
Setembro de 2016 I Extra CLasse
O inconformismo de quem perdeu nas urnas em 2014 e veio a sugerir a divisão do Brasil O caso foi protagonizado pela vereadora Eleika Bezerra, que ficou inconformada com a derrota dos seus dois candidatos à presidência da república
A
s eleições de 2014 mostraram que alguns apoiadores das candidaturas e determinados candidatos à Presidência da República que foram derrotados não se conformaram com o resultado das urnas. Logo após a divulgação dos resultados, alguns tiveram comportamentos inesperados. Foi o caso da vereadora de Natal Eleika Bezerra. Embora na época não fosse candidata a nenhum cargo, ela teve candidato à presidência pelo seu partido, o PSDC,
“
Eleika Bezerra propôs a divisão do Brasil, traçando as regiões Norte e Nordeste como uma “Nova Cuba”, sugerindo a implosão do Estado de Minas Gerais e em seu lugar a construção de um lago e nominando os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo e as regiões Centro Oeste e Sul como um novo Brasil.
e apoiou o senador Aécio Neves no segundo turno. Ao perceber que seus candidatos à presidência foram derrotados, ela mostrou o seu descon-
“
8
tentamento em uma postagem no seu perfil no Facebook. No post, a parlamentar propôs a divisão do Brasil, traçando as regiões Norte
e Nordeste como uma “Nova Cuba”, sugerindo a implosão do Estado de Minas Gerais e em seu lugar a construção de um lago e nominando os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo e as regiões Centro Oeste e Sul como um novo Brasil. A publicação gerou indignação e vários protestos. Em resposta, a professora divulgou uma nota esclarecendo que não teve “o intuito de promover o preconceito entre regiões” e que usou o direito de expressar o que pensa.
Setembro de 2016 I Extra CLasse
Governo golpista quer retirar direitos dos(as) trabalhadores(as) Por CNTE Congelamento do Piso Salarial Nacional do Magistério e das políticas sociais A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 241/2016 pretende congelar as remunerações dos servidores públicos da União e suspender as vinculações constitucionais para a saúde e a educação (artigos 198, I e 212 da CF-1988), ficando os investimentos nessas e demais áreas sociais condicionados à regra de reposição pelo IPCA. Sem as verbas asseguradas pela Constituição, e sob um teto limite de reajuste salarial pela inflação (podendo ser menor de acordo com a arrecadação de impostos), o piso salarial do magistério e as políticas de valorização da carreira profissional ficarão comprometidos também por 20 anos.
Graves limitações para os planos de carreira nos estados e municípios O Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 257/2016 caminha na mesma direção da PEC 241, com vistas a congelar os salários de servidores públicos dos estados e municípios. Além disso, o PLP impõe aumento da alíquota previdenciária do/a servidor/a para 14%, fixa limites menores para as despesas com a folha de pessoal a cada quadrimestre, exige a implementação nos estados de regimes suplementares (privados) para aposentadoria de servidores e estabelece critérios para a adequação das contas públicas com foco no arrocho salarial das categorias de servidores, ampliando as possibilidades de demissões no serviço público.
Terceirização dos/as profissionais da educação O Projeto de Lei (PL) nº 4.330/2006 e a Lei 9.637, de 1998, esta última julgada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em abril de 2015, abrem as portas para a privatização das escolas públicas, por meio de Organizações Sociais, e para a terceirização de todos/as os/as profissionais (professores, pedagogos/especialistas e funcionários administrativos escolares). Os novos contratos, sem concurso público e sem qualquer
vínculo com o empregador, poderão ser feitos sem as garantias trabalhistas (férias, 13º salário, FGTS e outras), atrelados apenas às horas efetivas de trabalho e com interrupções nos períodos de férias escolares. Os atuais servidores concursados deverão se enquadrar em novos planos de carreira, sem correlação com os atuais, sobretudo em relação às progressões por tempo de serviço, titulação e outras.
Fim dos royalties do petróleo para a educação e seus efeitos nas políticas de valorização profissional O piso salarial do magistério, mesmo com as contingências de valores apontadas pela categoria, constitui importante vitória rumo à valorização de todos/as os/as trabalhadores/ as em educação do país. Porém, os projetos de lei (PL) nº 4.567/2016 e 6.726/2013, que tratam da privatização do Pré-sal e do fim do regime de partilha na exploração do petróleo e gás natural, diminuem e até mesmo desvinculam recursos de royalties e do Fundo Social do Petróleo
destinados à educação pelas leis 12.351, 12.734 e 12.858. Essas mudanças legislativas inviabilizarão o cumprimento das metas do Plano Nacional de Educação, dentre as quais, a que prevê equiparar a remuneração média do magistério à de outras categorias profissionais de mesma escolaridade e a que estende o piso salarial nacional aos funcionários da educação, na perspectiva de diretrizes para os planos de carreira de todos/as os/as profissionais da escola pública.
9
10
Setembro de 2016 I Extra CLasse
A meritocracia como política remuneratória e a Lei da Mordaça A estrutura de planos de carreira para os profissionais da educação básica, que o governo golpista pretende implantar no Brasil, segue as orientações do FMI, do Banco Mundial e da OCDE, pois visam substituir os atuais critérios de tempo de serviço e de qualificação acadêmica por resultados focados estritamente nos testes de proficiência estudantis. Ou seja: as remunerações dos/as educadores/as passarão a ser variáveis, na forma de bônus e gratificações
temporárias, que não serão incorporados aos vencimentos de carreira dos profissionais. Também pouco importarão as condições estruturais das escolas e o perfil social dos estudantes para que os profissionais da educação sejam avaliados num sistema meritocrático universal válido para o Brasil inteiro. Já o PL 867/2015 e outros correlatos pretendem amordaçar os/as educadores/as escolares, retomando princípios da ditadura militar nas escolas.
Aumento da idade para aposentadoria e fim da aposentadoria especial As informações preliminares do governo golpista sobre a próxima reforma da Previdência dão conta de que ela acontecerá ainda em 2016 e que será válida tanto para os/as empregados/as da iniciativa privada como para os/as servidores/as públicos/ as. Em suma, as mudanças na legislação se pautam na elevação da idade mínima de
homens e mulheres para 65 ou 67 anos – sem diferenciação de sexo e abrangendo os atuais contribuintes que ainda não se aposentaram –, na vinculação da idade mínima ao tempo de contribuição para todos os regimes (Próprios de servidores públicos e Geral do INSS), na limitação da aposentadoria rural e no fim da aposentadoria especial do magistério.
Setembro de 2016 I Extra CLasse
A
O que é bom para os Estados Unidos não é bom para o Brasil
primeira declaração do primeiro ministro de Relações Exteriores da ditadura Juracy Magalhães, da UDN, o PSDB da época, não deixava dúvidas de que a política internacional soberana de Santiago Dantas estava revertida radicalmente: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Adaptava-se à frase original, de que “O que é bom para os Estados Unidos é bom para a General Motors”. Passávamos a ser uma espécie de empresa norte-americana, de filial dos Estados Unidos na América Latina, o que Ruy Mauro Marini chamou de subimperialismo norteamericano. Mais tarde, Richard Nixon disse: “Para onde for o Brasil, irá a América Latina”, com a esperança de que a política da ditadura civil-militar se estendesse pelo continente. A ditadura mergulhou o Brasil no alinhamento subordinado aos Estados Unidos na Guerra Fria, assumindo todos os supostos da Doutrina de Segurança Nacional, que orientava
a própria instalação da ditadura. A luta contra a subversão comunista – definida muito amplamente, a ponto de abarcar qualquer divergência com o regime militar – passou a orientar a ditadura brasileira e sua política externa, absolutamente subordinada à dos Estados Unidos. A ponto que o Brasil foi o único país que enviou tropas para acompanhar as dos Estados Unidos para derrubar o regime democraticamente eleito da República Dominicana. Depois de privilegiar as políticas de integração regional na América Latina e os intercâmbios Sul-Sul, com o governo surgido do golpe militar, as orientações impostas pelo ministro interino de Relações Exteriores, José Serra, retomam as relações bilaterais privilegiadas com os Estados Unidos. O ministro se reuniu com o secretário de Estado, John Kerry, assim como passou a defender as posições norteamericanas em relação à Venezuela, ao Mercosul à Unasul e à Celac, assim como em relação aos governos dos outros países vizinhos, com aproximações
grandes com o Paraguai e a Argentina, e de confronto com a Venezuela, a Bolívia e o Equador. Na prática, o ministro retoma a orientação de que “o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”, que inclui o distanciamento em relação aos Brics e a aproximação com a Aliança para o Pacífico. O Brasil passou a desfazer toda a projeção internacional que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tinha construído, promovendo relações de conflito agressivo com os antigos aliados, e de simpatia com os Estados Unidos. Bastou pouco tempo de interinidade, para que o Mercosul tenha sido neutralizado, as declarações do governo instaurem um clima de conflitos e agressividade com os vizinhos, de distância com os Brics. Serra representa diretamente os interesses estadunidenses, que querem que o Brasil baixe o seu perfil internacional, se aproxime da Aliança para o Pacífico, constitua um eixo neoliberal e por livre comércio com
Por CUT Brasil
o governo argentino, isole a Venezuela, a Bolívia e o Equador e desarticule os processos de integração regional. O que é bom para os Estados Unidos é um Brasil intranscendente, que quando se expressa, seja apenas para referendar as posições norte-americanas, que constitua um bloco regional pró-livre comércio, que ajude os Estados Unidos a isolar e, eventualmente, a derrotar os governos que mantêm posições soberanas na região. O que é bom para o Brasil, ao contrário, é fortalecer as alianças SulSul, os Brics antes de tudo. É priorizar os processos de integração regional, apoiar os governos progressistas, recuperar a capacidade de ação do Mercosul, apoiar os governos da Venezuela, da Bolívia, do Equador, para que possam resolver de forma soberana seus problemas e avancem no caminho que se definiram até aqui. O que é bom para o Brasil é o que é bom para a América Latina, para o Sul do mundo, para a soberania brasileira.
11
12
Setembro de 2016 I Extra CLasse
PARA REFLETIR
Político honesto — Eu sou honesto! A mulher olhou com cara de desdém: — Honesto e político? Meu filho, isso é como água e óleo, não se misturam. — Mas minha senhora, eu nem me elegi ainda, sou candidato pela primeira vez! — Pré ladrão. Está esperando só uma oportunidade para roubar. — Mas eu já tive essa oportunidade e nunca roubei. Administrei uma associação de idosos que me confiavam a senha de suas contas bancárias, fui diretor financeiro de um sindicato e também síndico. Mexi em muito dinheiro, recebi propostas de corrupção e, em vez de aceitá-las, denunciei. Tenho centenas de pessoas que podem testemunhar o que digo. Aliás, foram elas que me convenceram a sair como candidato justamente por isso. — Ah, como tem gente iludida. Acreditam em qualquer coisa. — Minha senhora, eu sei que a maioria dos políticos é desonesta, mas existe uma minoria de gente honrada querendo fazer um bom trabalho em favor de todos. Se essas pessoas não tiverem um voto de confiança tudo vai continuar do jeito que está. — Gente honrada na política!? Daqui a pouco você vai começar a falar em disco voador e homenzinhos verdes. — Olha aqui. A senhora não acha que é muito
Por Leilton Lima
cômodo para os políticos desonestos que todo mundo acredite que somos iguais? Se todo mundo parecer bandido, então fica fácil se esconder no meio da multidão. Enquanto nós, os honestos, somos hostilizados injustamente, eles se perpetuam no poder, sempre se reelegendo. A mulher foi pega desprevenida. Nunca tinha pensado sobre isso. Varreu a mente à procura de uma saída para aquele argumento e decidiu sair pela tangente: — É… essa aí até que faz um pouco de sentido. Mas você não é tão honesto assim. Já mostra o contrário só em querer passar essa perfeição toda. Vai dizer que nunca fez nada errado? O candidato derreou os ombros e soltou um suspiro. — Tá. Eu confesso, quando eu era pequeno quebrei o vaso preferido da minha mãe e coloquei a culpa no gato. Apesar de ser mais baixa que ele uns 15cm, a mulher olhou de cima a abaixo e finalizou, vencedora: — Não disse?