Editorial Instituições em frangalhos, democracia em xeque As denúncias oriundas das gravações dos diálogos entre Michel Temer e um dos donos da empresa JBS fizeram cair por terra os argumentos daqueles que acreditavam ter sido o impeachment de Dilma algo natural e comum à “democracia”. A farsa que engendrou a deposição de Dilma Rousseff precisa ser desmontada, embora os personagens que armaram a cilada façam de tudo para se esconder e encobrir a imensa podridão que está embaixo do tapete da política brasileira. Está cada vez mais evidente que Dilma caiu por motivos meramente políticos. Lembremos que, em outubro de 2014, ao não aceitar o resultado das urnas, a oposição, sob a liderança do senador afastado e acusado, Aécio Neves, começou uma campanha para derrubar o governo. Ao perder o apoio popular e sofrer linchamentos públicos por mais de um ano, a Presidente foi nocauteada. Temer se abancou no poder. A partir daí, foi posto em prática o projeto de retirada de direitos da classe trabalhadora. A oposição pouco se importou se o impeachment ilegítimo desembocaria no agravamento de uma das maiores crises institucionais do Brasil. O impeachment sem crime abriu um grave precedente na falha e frágil democracia brasileira, onde um/uma presidente pode ser derrubada banalmente. A irresponsabilidade oposicionista nos trouxe para um momento da vida nacional em que as instituições estão em frangalhos, e a democracia que resta está em xeque. O Poder Executivo, na figura de Michel temer, está isolado, despertando a desaprovação de mais de 95% do povo brasileiro graças ao seu projeto perverso, sua ilegitimidade e as graves denúncias que pairam no ar. A Câmara e o Senado Federal, vistas como antros de corruptos fisiologistas, há muito não têm a confiança da população. O Judiciário, com uma atuação política e parcial, deu sinal verde para o golpe, despertando a desconfiança daqueles que observam que hoje pessoas são presas sem provas e culpadas até que se prove o contrário. Lá fora, o Brasil, que até pouco tempo alçava voo em busca da sua soberania a partir de novas alianças que iam além do alinhamento com os Estados Unidos, hoje é visto como uma republiqueta de bananas, onde um golpe de Estado, coisa comum na nossa trágica história, foi aplicado por corruptos. A reação mundial foi forte, e só engoliu o impeachment quem de alguma forma se beneficiou dele. E qual o caminho para sanarmos o problema e reconquistarmos a confiança em nós mesmos? Os rumos apontam que a saída de Temer, novas eleições e diretas, renovação do Congresso Nacional e uma ampla e verdadeira Reforma Política são as bases para reconstruir a democracia e despertar a confiança da população. Somente com uma superdose de democracia – verdadeira - voltaremos à normalidade do Estado de direito e respiraremos ares menos densos e mais progressistas. A Constituição precisa ser ressuscitada.
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CAPA
Golpe de 2016 intensificou crises política e econômica A injustificada deposição de Dilma Rousseff jogou o país no abismo; trabalhadores amargam regime de retirada de direitos
O
s escândalos de corrupção que se sucedem no núcleo do governo, a economia fazendo água, o desemprego atingindo a faixa dos 14 milhões de trabalhadores e o carrinho do supermercado cada vez mais vazio mostram que as coisas só pioraram. A
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crise política-econômica se agrava a cada instante, e Temer não tem legitimidade para comandar o País. O que melhorou ao longo deste ano, em que Michel Temer está comandando o Brasil? Nada! Esse é um rápido resumo do resultado do golpe de 2016, que completou um ano em maio. Não foi preciso
utilizar tanques, baionetas e soldados. A deposição de Dilma Rousseff foi feita dentro de uma farsa legal, no Congresso Nacional. A enganação nacional foi comandada por Eduardo Cunha, Michel Temer e Aécio Neves, patrocinada por empresários, acobertada pelo Supremo Tribunal
“Os escândalos de corrupção que se sucedem no núcleo do governo, a economia fazendo água, o desemprego atingindo a faixa dos 14 milhões de trabalhadores e o carrinho do supermercado cada vez mais vazio mostram que as coisas só pioraram. ”
Federal e divulgada com estardalhaço pela mídia liderada pela Rede Globo. Tudo seguindo todos os trâmites para dar cara de legalidade ao processo. Mas o golpe ainda não foi concluído. O projeto de retirada de direitos da classe trabalhadora está em pleno vigor. Temer, munido do criminoso projeto “Ponte Para o Futuro”, trouxe nas suas mangas a PEC de congelamento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos, as reformas previdenciária, trabalhista e a ampliação da terceirização. Ou seja, além
de cortar gastos em saúde e educação, entre outras áreas, o governo quer que o trabalhador se aposente mais tarde, contribua mais tempo e se sujeite a uma semiescravidão. Durante o rápido segundo mandato de Dilma Rousseff, a mídia e o Poder Judiciário fizeram um trabalho sujo, endossando o golpe, enquanto empresários financiaram uma sistemática campanha para desestabilizar o governo. Deu certo. Parte do povo brasileiro foi levado a pensar que a presidente deveria deixar o cargo para trazer tranquilidade ao
país e pôr fim à crise política-econômica. Pouco importava se a chefe do Executivo havia ou não cometido irregularidades. E ela não cometeu qualquer ato ilícito; até o momento ninguém conseguiu provar o contrário. Contudo, a oposição tratou de “encontrar” um motivo. As pedaladas fiscais, praticadas pelos antecessores do governo da petista, bem como pelo ilegítimo sucessor, foram as desculpas encontradas pela oposição para usurpar o resultado das urnas. Mas nestes mais de
365 dias em que Temer está ilegitimamente à frente da Presidência da República, a farsa do impeachment aos poucos está sendo revelada. Muita gente já despertou e percebeu que foi usada como massa de manobra em um projeto de poder que visava derrubar uma presidente para dar espaço a uma quadrilha de dilapidadores da riqueza nacional. Neste momento, a mobilização popular é primordial. Só mesmo o engajamento da classe trabalhadora poderá barrar o projeto massacrante da direita.
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REFORMAS
Usurparam o poder para dar sustentação ao projeto que visa retirar direitos dos trabalhadores
A
s consequências do golpe parlamentar de 2016 são muitas na vida do/a trabalhador/a brasileiro/a. Não à toa Michel Temer foi colocado no poder para dar vazão ao projeto entreguista e escravista que está sendo aplicado. A política de arrocho das contas públicas, as reformas previdenciária, trabalhista e a ampliação da terceirização vieram para fazer as vontades do grande empresariado brasileiro. Conheça os malefícios dos projetos do governo federal.
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“Professores/as com menos de 50 e 45 anos, respectivamente, vão perder o direito a aposentaria especial. A “deforma” ainda vai equiparar a idade de aposentadoria de mulheres e homens, prejudicando aquelas que cumprem tripla jornada ao se revezar entre trabalho, tarefas de casa e atenção aos filhos e demais familiares.”
A Reforma da Previdência quer obrigar o trabalhador brasileiro a trabalhar mais e se aposentar no fim da vida Projeto objetiva satisfazer os interesses dos grandes empresários brasileiros e o Capital Internacional
O
projeto da Reforma da Pr evidê nc ia veio para agradar à classe empresarial, sedenta por lucro a qualquer custo. Com a desculpa mentirosa de que a Previdência Social detém um rombo de bilhões de reais, respaldado pelo duvidoso discurso da grande mídia, o governo quer obrigar brasileiro a trabalhar mais e se aposentar quase no leito de morte. Todos os trabalhadores, exceto os militares, servidores do Judiciário e políticos, amargarão os inúmeros malefícios das mudanças previdenciárias. Embora o governo negue, os direitos serão diminuídos, e o acesso à aposentadoria será mais difícil. O que hoje é um direito e consequência de quem labora diariamente, em um futuro próximo será uma conquista, quase um prêmio por resistir física e
mentalmente a tantos anos no mercado de trabalho. Entre diversos pontos, a Reforma estabelece que o brasileiro deverá contribuir 49 anos para a previdência, caso queira se aposentar com o valor integral, e trabalhar pelo menos até os 65 anos de vida. Por exemplo, um jovem que começar a trabalhar formalmente aos 24 anos se
aposentará aos 73. Professores/as com menos de 50 e 45 anos, respectivamente, vão perder o direito à aposentaria especial. A “deforma” ainda vai equiparar a idade de aposentadoria de mulheres e homens, prejudicando aquelas que cumprem tripla jornada ao se revezar entre trabalho, tarefas de casa e atenção aos
filhos e demais familiares. Aposentados vão perder a integralidade e paridade nas aposentadorias. O projeto é tão nefasto, que não vai permitir que uma pensionista acumule sua aposentadoria e a pensão do cônjuge falecido. Veja abaixo uma tabela que detalha ponto a ponto a Reforma da Previdência:
Reforma da Previdência 1 - Acaba com a aposentadoria especial para professores/as; 2 - O/A trabalhador/a poderá contribuir a vida inteira e não se aposentar, pois corre o risco de morrer antes; 3 - Proíbe que a mesma pessoa acumule aposentadoria e pensão total; 4 - O/A trabalhador/a rural terá que contribuir por 25 anos e se aposentar aos 65 anos ou mais;
5 - Acaba com a aposentadoria dos/as idosos/as e pessoas com deficiência, mulheres aos 60 anos e homens aos 65 sem tempo de contribuição; 6 - Acaba com a aposentadoria com remuneração total para professores/as da ativa e aposentados/as; 7 - Extingue a pensão integral; 8- Elimina a diferença na idade entre homens e mulheres para se aposentar.
Um projeto desse nível, que sequer foi discutido com a população, não é nem de longe aceitável. Entidades sindicais e movimentos sociais estão à frente da luta que visa barrar esse projeto. O contraponto está sendo feito nas ruas e nas discussões políticas.
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Não existe rombo na previdência O motivo que o governo alega para fazer a reforma é que anualmente a previdência tem um rombo gigantesco e a conta não fecha. Mas é mentira! Tal rombo não existe. Dados da ANFIP comprovam que a previdência é superavitária. Ou seja, todo ano sobram milhões em caixa. A receita do INSS, ao contrário do que é reverberado por governo e mídia, é sustentada não somente pelas contribuições de quem mensalmente tem seu desconto debitado na folha de pagamento. Além dos 352 bilhões de reais que entram com as contribuições, a previdência tem como receita o COFINS - Contribuição para o financiamento da Seguridade Social - (200,9 bilhões), a CSLL - Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido -
(59,7 bilhões), o PIS/PASEP - Programa de Integração Social e do Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - (53 bilhões), as entidades da seguridade (20 bilhões) e outras contribuições (7,8 bilhões). Tudo soma R$694 bilhões. Enquanto isso as despesas, incluindo benefícios previdenciários (436 bilhões), benefícios assistenciais (41,8 bilhões), Bolsa Família e outros (26,9 bilhões), Saúde (102,2 bilhões), benefícios Fat (48,2 bilhões) e outras despesas (27,9 bilhões), totalizando 683 bilhões de reais. Ou seja, a previdência arrecada anualmente R$694 bilhões e gasta 683 bilhões de reais. Os números comprovam que o governo mente ao tentar convencer a população de que existe um rombo previdenciário.
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E mesmo se o rombo existisse, há maneiras de aumentar as receitas do setor sem mexer nos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Números apresentados pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional demonstram que empresas públicas e privadas têm com o governo uma dívida previdenciária de 426 bilhões de reais. Valor suficiente para ajudar a cobrir as despesas da previdência. 82% dos devedores são empresas atualmente ativas. Ou seja, se o governo cobrase ao menos parte dessas dívidas, a Reforma da Previdência não precisaria ser feita. Então, por que o governo não cobra essas dívidas e quer o trabalhador perca direitos históricos e não consiga se aposentar?
Cobrar grandes devedores evitaria o colapso O colapso na previdência não existe na atualidade, mas poderá ocorrer nas próximas décadas, alertam especialistas. Por isso mudanças na previdência devem ser feitas. Contudo, não nos moldes propostos pelo atual governo. Os trabalhadores não podem ser penalizados. É importante frisar que o governo “se esquece”, sabemos o porquê, de cobrar aos grandes devedores e sonegadores (grandes empresas e conglomerados) o que eles devem à previdência social. Na balança, é justo que os grandes detentores de fortunas arquem com a maior parte da conta. Uma reforma digna e humana deve ser feita, preservando os direitos dos brasileiros.
Implementação da Reforma Trabalhista legaliza a semiescravidão no mercado de trabalho Reforma precariza as relações trabalhistas e retira as mínimas garantias do trabalhador
A
escravidão está de volta. Não é exagero afirmar que o Brasil, em pleno século 21, vai ver novos escravos, independendo de cor. Mas escravos remunerados. A velada semiescravidão vem no rodo da Reforma Trabalhista. Isso porque as relações trabalhistas vão ser precarizadas. Em termos simples, o empregador terá mais poder sobre o empregado. Ou seja, com a “modernização” trabalhista a lei vai permitir que verdadeiros abusos sejam cometidos. A Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), implementada em 1943, ficará em segundo plano, pois
o que ficar acordado entre patrão e funcionário vai se sobrepor, e tudo dentro da lei. Por exemplo, salário e carga de trabalho poderão ser negociados, assim como o parcelamento das férias e a diminuição do tempo de descanso, seja através de acordos individuais, seja de coletivos. Os liberais podem dizer que isso facilita a vida das empresas e empregados e garante a manutenção de empregos, mas não passa de mera mentira, pois o
trabalhador que não aceitar “negociar” com o patrão possivelmente terá de procurar outro emprego. E, caso o combinado não seja obedecido, o empregado poderá recorrer à Justiça do Trabalho. Mas o acesso será mais difícil, pois honorários serão cobrados até de quem comprove que não tem condições de pagar. Além disso, o poder do juiz de intervir será reduzido. Quem garante que a Justiça de fato mediará o processo
e obrigará o empregador a cumprir o acordado? As novas regras vão permitir que, por exemplo, salários sejam reduzidos para “salvar” a empresa. Em tempos de crise, quem se arriscará a não aceitar a diminuição de sua remuneração como tentativa de garantir o seu emprego? Confira abaixo alguns dos pontos da Reforma Trabalhista:
Reforma Trabalhista 1- O negociado entre patrão e empregado vale mais que a lei. 2- Jornada de trabalho de até 12 horas diárias, 48 horas semanais. 3- Mulheres grávidas e lactantes podem trabalhar em locais insalubres. 4- Remuneração por produtividade. 5- Contrato de 9 meses de experiência, demissão sem nenhum direito. 6- Os terceirizados receberão 30% a menos de remuneração e não terão direito ao 1/3 de férias. 7- Mulheres grávidas perderão a estabilidade no emprego. 8- Acaba com o concurso público. 9- Diminui em 1 hora o intervalo de descanso para
alimentação. 10- Reduz a base de cálculo com aprendizes e deficientes. 11- Não haverá respeito ao salário mínimo mensal. 12- Sonegação de verbas rescisórias de contratos. 13- Dificulta o ingresso do trabalhador na justiça do trabalho. 14- As empresas podem terceirizar qualquer serviço. 15- As empresas podem funcionar sem um único empregado. 16- Cria os contratos precários com tempo determinado. 17- Diminui a arrecadação tributária e previdenciária. 18- Jornada parcial significa redução de salários. 19- O ministério público do trabalho chama a atenção para acordos coletivos ilegais, como o trabalho de 34 horas seguidas. 20- As empresas contratantes não terão responsabilidade nenhuma de pagar direitos trabalhistas.
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TERCEIRIZAÇÃO
Nove motivos para você ser contra a nova lei da terceirização
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Por Repórter Brasil / Texto adaptado
oi aprovado o projeto de lei que facilita a terceirização e a subcontratação do trabalho. Descubra como a medida vai afetar seu dia a dia. O número de trabalhadores terceirizados deve aumentar. A nova lei abre as portas para que as empresas possam subcontratar todos os seus serviços. Antes, somente atividades secundárias podiam ser delegadas a outras empresas, como, por exemplo, a limpeza e manutenção de máquinas. Descubra por que você deve se preocupar com a mudança:
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MÍDIA
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Grande mídia brasileira ajudou a dar o golpe de Estado que levou Temer ao poder Rede Globo, Veja, Folha de São Paulo e demais veículos da grande mídia não pouparam esforços na campanha para demonizar o governo que não atendia aos seus interesses. para criar o fantasma das reformas de base e gerar uma comoção social. Diziam que Goulart era um esquerdista/ comunista irresponsável que estava levando o país ao caos e à baderna. O golpe militar/ civil foi um sucesso, e a mídia aplaudiu de pé a tomada de poder. Em editorial do dia 2 de abril de 1964, o jornal O Globo comemorou: “Ressurge a Democracia! ”. A derrocada de Goulart foi um trunfo para Roberto Marinho e os poderosos da época. Em 2016, a história se repetiu como farsa e tragédia, pois a grande mídia voltou a atuar para depor um presidente. A Rede Globo e todo o seu grupo, os jornalões Folha de SP, Estadão, as revistas Veja e Istoé, entre outras empresas
de comunicação, de forma velada ou não, fizeram uma maciça campanha contra o governo Dilma Rousseff. Cotidianamente manchetes explicitavam informações tendenciosas que objetivavam desgastar a imagem da Presidente. Sem uma análise profunda e embasada, bem como propositalmente se esquecendo de falar da crise internacional, afirmavam que o país estava à beira de um colapso e que Dilma era a responsável. A coisa foi ficando mais clara quando cada veículo resolveu escolher um lado e foi guerrear. Artigos e editoriais publicados deixavam mais transparente o posicionamento das famílias que comandam as grandes empresas de comunicação.
Crise econômica, falta de base parlamentar e os escândalos de corrupção nos bastidores do governo foram alguns dos argumentos utilizados na narrativa. O lulopetismo foi duramente criticado, o legado petista posto em xeque e o ódio ao PT e à esquerda incentivado abertamente. Criou-se um terror em cima do bolivarianismo, e por várias vezes vozes da imprensa burguesa cometeram o absurdo de afirmar que o governo ia dar um golpe de Estado e implantar uma ditadura de esquerda. A campanha surtiu o efeito esperado e Dilma Rousseff perdeu, em menos de 2 anos de governo, a capacidade de comandar a nação, diante de um ambiente tão hostil.
Foto: Brasil 247
olpe de Estado é algo comum na história brasileira. A República foi implementada em 1889 através de um golpe que pôs fim à monarquia vigente. A “Revolução” de 1930 também não passou de um golpe que colocou Getúlio Vargas no poder e findou a República Velha. Em 1964, o enredo golpista se repetiu, e uma “revolução” militar/civil que surgiu com um discurso salvador transformou o Brasil em uma ditadura de 21 anos. E de que lado esteve a mídia? Hoje se sabe que, por exemplo, em 1964 reconhecidamente os grandes meios de comunicação da época se aliaram aos militares na derrubada de João Goulart. Uma narrativa foi construída
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INTERNACIONAL
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Mídia internacional denunciou golpe no Brasil O olhar da imprensa estrangeira é frontalmente contrário ao da mídia golpista do Brasil; jornalistas internacionais apontaram que foi golpe sim
o contrário dos grandes conglomerados de comunicação do Brasil, a mídia internacional reiteradas vezes denunciou o golpe que a ex-presidenta Dilma Rousseff sofreu em 2016. Desde o início, a ampla cobertura internacional apontou as contradições do
processo de impeachment que foi aberto pelo hoje preso ex-deputado Eduardo Cunha como forma de vingança contra a presidenta. Os jornalistas estrangeiros não pouparam críticas à situação política brasileira e denunciaram que Dilma, que não cometeu qualquer crime de responsabilidade,
estava sendo deposta por um Congresso repleto de parlamentares corruptos que queria barrar o andamento da Lava Jato, algo que a presidenta não quis fazer. A revista britânica “The Economist”, que tecia críticas ao governo Dilma, questionou o processo de impeachment e os argu-
mentos utilizados pelos parlamentares. Já o maior jornalão americano, o The New York Times, disse que a deposição de Dilma pouco tinha a ver com as pedaladas fiscais, pretexto utilizado pela oposição. Veja abaixo algumas das manchetes sobre o golpe no Brasil que saíram pelo mundo:
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TRAIDOR DO POVO
O
Em audiência, senador Garibaldi antecipou que ia trair seus eleitores votando contra os(as) trabalhadores(as) Apostando na memória fraca do eleitor, Garibaldi nem mesmo disfarçou sua intenção
Senador potiguar Garibaldi Alves Filho (PMDB) anunciou como ia votar nas reformas previdenciária e trabalhista. O comunicado foi feito em audiência com centrais sindicais e sindicatos. Na ocasião, o parlamentar disse que seu voto seria a favor de ambas as reformas. Garibaldi cumpriu a promessa e disse sim à aprovação da Reforma Trabalhista. Até o fechamento desta revista, a Reforma da Previdência ainda não havia sido votada.
A coordenadora geral do SINTE/RN, professora Fátima Cardoso, participou da audiência. Ela conta que os sindicalistas se reuniram com o senador para pedir a retirada dos projetos das reformas previdenciária e trabalhista: “Pedimos para ele articular junto aos colegas, a fim de retirar da pauta do Senado os projetos das reformas. Mas ele disse que não podia atender nosso pedido. ” Fátima conta que o senador disse achar necessárias as reformas e que
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o governo Temer precisaria delas para sobreviver politicamente: “Ele disse que as reformas não podem ser suspensas, porque são uma condição natural para manter o governo de pé”. Na conversa, os trabalhadores falaram dos males das reformas, onde professores vão perder a aposentadoria especial, mulheres se aposentarão mais tarde e os aposentadores perderão a integralidade e paridade. “Ainda apontamos que a Reforma Tributária deve preceder as outras.
Porque ela pode mostrar quem são os grandes sonegadores de impostos, provando que a classe trabalhadora não é a responsável pelo descalabro econômico e por isso não pode ser penalizada”. A sindicalista lamentou a posição do senador e afirma que ele, a exemplo de outros parlamentares do RN, será colocado na galeria dos traidores do povo: “Levaremos a mensagem à categoria e à população em geral: Quem vota contra os trabalhadores é um traidor do povo”.
DIRETAS JÁ Ocupa Brasília deu o pontapé inicial na jornada de luta pelas Diretas Já Os trabalhadores em educação do RN participaram da atividade que reuniu 200 mil pessoas
A
jornada de luta em prol de eleições diretas para a escolha de um/uma novo/a presidente/a do Brasil começou no Ocupa Brasília. A atividade, convocada pela CUT Brasil, outras centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, aconteceu em 24 de maio, reunindo cerca de 200 mil trabalhadores de diversos
segmentos na capital federal. Estudantes e movimentos sociais também participaram da atividade. Os trabalhadores/as em educação do Rio Grande do Norte participaram do ato histórico. O SINTE/RN, integrou a delegação do RN que esteve na capital. 11 ônibus foram enviados. Na ocasião, aconteceram protestos contra as
reformas previdenciária, trabalhista, e a ampliação da terceirização foi realizada. Os manifestantes também exigiram a saída de Michel Temer da presidência da República. Temer convocou as forças armadas; manifestantes sofreram forte repressão A manifestação
pacífica foi marcada por uma forte repressão de forças policiais. Além da polícia, o governo decretou a convocação das forças armadas, que cercou o entorno do Congresso Nacional. Manifestantes foram expulsos com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Vários ficaram feridos. Um foi baleado. Policiais foram flagrados usando munição letal.
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A LUTA NAS RUAS
Esquerdas criaram frentes de resistência ao golpismo; centrais conclamaram trabalhadores para a luta Movimentos e partidos criaram as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo; principais centrais sindicais do País tiveram agenda de luta contra o golpe
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tentas ao quadro de instabilidade política instalada no Brasil, as esquerdas resolveram criar duas frentes de resistência ao golpe e intensificar a luta por meio de uma ampla agenda de atividades. Foi assim que as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo foram criadas no segundo semestre de 2015. Ambas ligadas a movimentos e partidos de esquerda, elas nasceram já protagonizando o processo de resistência ao golpe contra os trabalhadores brasileiros. A Frente Brasil Popular, ligada ao governo Dilma 2, centrou-se em lutar contra a onda conservadora e ao mesmo tempo combater a política de austeridade sinalizada pela presidenta petista, mesmo apoiando
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o governo. Já o “Povo Sem Medo” fixou sua luta contra o discurso conservador da direita e a agenda que Dilma vinha implementando ao longo do segundo mandato, sempre com um tom crítico e oposicionista. Com os mesmos intuitos que as frentes, as centrais sindicais de esquerda do país criaram uma ampla agenda de luta. A CUT Brasil, entidade à qual o SINTE/RN é filiado, assim como as demais centrais, concentrou a luta ocupando as ruas do País. Diversas atividades foram promovidas. Desde o
movimento “Não Vai ter Golpe”, que apregoou a luta contra a derrubada de Dilma Rousseff, até o “Fora Temer”, que o próprio nome já diz, resultando no “Diretas Já”, que repete o movimento oitentista e exige o direito a votar para presidente.
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O Sinte-RN organizou os trabalhadores em educação, que fizeram a diferença nas manifestações
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umprindo o seu papel, o SINTE/ RN se engajou na luta contra o golpe. Atos, passeatas, conversas, campanhas, entre outras coisas, foram os instrumentos legais utilizados pelo Sindicato para resistir democraticamente à onda conservadora e golpista. Atentos/as, os/ as trabalhadores/as em educação do Rio Grande do Norte atenderam aos chamados do SINTE e fizeram bonito, lotando ruas, avenidas e praças.
Luta resultou no sucesso das greves gerais de 31 de março, 28 de abril e 30 de junho contra as reformas
A
força dos movimentos desembocou nas greves gerais dos trabalhadores do País. Os três dias de paralisação contra as reformas previdenciária, trabalhista e a terceirização levaram milhões de trabalhadores às ruas, comprometendo o funcionamento de várias empresas país afora, trazendo prejuízos para os patrões, conforme o planejado. As greves surtiram efeito, pressionando os parlamentares, resultando em inúmeros adiamentos das votações das reformas propostas pelo governo Temer.
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NACIONAL Projeto de senadora do DEM propõe demitir servidor que não for aprovado em teste semestral
A
senadora Maria do Carmo Alves, do DEM de Sergipe, é a autora de um projeto de lei que propõe demitir o servidor público que for reprovado em uma avaliação semestral. O projeto de Lei Nº 116/2017 se estende à administração pública direta, autarquias
e os três poderes e prevê a demissão de concursados que já cumpriram o estágio probatório. Como será o processo? A cada 6 meses o funcionário passará obrigatoriamente por um teste. Quem não alcançar a nota estabelecida em regulamento será demitido
Se esse projeto de sumariamente. Os que receberem nota inferior lei passar na Comissão de a 30% nas 04 avaliações Assuntos Sociais (CAS) e se aplicadas serão demitidos. receber decisão terminativa Os que não obtiverem e for aprovado seguirá para desempenho superior a a Câmara dos Deputados. 50% em 05 das últimas E o que esperar dos/as avaliações serão demitidos. Para substituir esse demitido parlamentares? É preciso pode ser qualquer pessoa tomar as ruas e derrotar esse projeto. sem concurso público. Extra Classe I Agosto/Setembro - 19
HUMOR
Brasileiros abusaram dos “memes” para rir em meio à tragédia do golpe de 2016 As redes sociais ficaram abarrotadas de sátiras criativas acerca da deposição da presidenta Dilma Rousseff
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izem por aí as boas e más línguas que brasileiro tem um jeitinho próprio de ser. Malandro, gozador, capaz de rir de si mesmo até em meio às tragédias da história. E não foi diferente quando Dilma Rousseff deu adeus ao cargo de presidente após ser deposta em um processo de impeachment que foi uma farsa. Os brasileiros, como de costume, ousaram e abusaram no uso de memes para tirar sarro da crise política. Confira abaixo alguns dos “memes” mais criativos criados pelos internautas país afora:
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Igreja se posicionou publicamente contra as reformas do governo Temer Sinte-RN saiu em defesa do arcebispo de Natal Dom Jaime que foi atacado pelos conservadores por causa do seu posicionamento em favor do povo
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sista dos líderes religiosos ganhou diversos apoios, bem como atraiu ataques. Movimentos sociais e ativistas de esquerda se aliaram aos religiosos enquanto apoiadores das reformas e atacaram verbalmente, nas redes sociais, os padres e cardeais. Um exemplo disso foi o arcebispo de Natal Dom Jaime Vieira Rocha. O líder ganhou apoios dos movimentos das esquerdas locais ao mesmo tempo que
foi criticado e atacado por ativistas de direita após explicitar que é contra as reformas de Temer e conclamar os fiéis para a luta pela manutenção dos direitos da classe trabalhadora. Os ataques sofridos por Dom Jaime renderam notas de apoio e solidariedade. O SINTE/RN emitiu uma nota condenando os ataques e se solidarizando com o arcebispo de Natal. “Dom Jaime não está só!
Pode contar com o SINTE/ RN e demais entidades e personalidades que levantam a bandeira da Justiça Social para barrar a maior e mais criminosa retirada de direitos do povo brasileiro. Não às reformas previdenciária, trabalhista e a terceirização. Sim à vida e à plena liberdade de pensamento e ideias”, dizia um trecho da nota divulgada pelo Sindicato. Foto: UOL
igreja católica do Brasil se posicionou abertamente contra as reformas previdenciária e trabalhista, propostas pelo governo Michel Temer. Vários padres e cardeais, seja por meio de nota ou mesmo nos sermões das missas, anunciaram para seus fiéis que são contrários às mudanças na legislação trabalhista e nas regras para aposentadoria. A posição progres-
Dom Luciano Steiner, secretario-geral da CNBB; entidade se posicionou abertamente contra as reformas do governo Temer
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MOBILIZAÇÃO
Artistas brasileiros s o golpe aplicado e Determinados e corajosos, os homens e mulheres
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iante dos acontecimentos políticos que afligem o Brasil pelo menos desde o final de 2014, quando Dilma Rousseff foi reeleita por 51 milhões de votos e teve seu governo-2 sabotado pela oposição, os artistas brasileiros que atuam em artes distintas vêm se posi-
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cionando abertamente. Com a compreensão de que a arte não se faz apenas em cima do palco, dentro do teatro, nas notas musicais ou versos literários e que ela transborda tamanha sua importância, vários fizeram e estão a fazer um importante papel na resistência contra a deposição de Dilma e o
regime de retirada de direitos instalado por Michel Temer. Nomes como o ator Wagner Moura, que desde sempre disse não ao golpe e usou os meios para marcar sua posição progressista, bem como Gregório Duvivier, que, com o seu humor ácido, ferino e inteligente, tece duras críticas contra
se posicionaram contra em Dilma Rousseff das artes vêm cumprindo um importante papel na resistência contra o golpe a deposição de Dilma e o sistema implementado por Michel Temer, são exemplos de artistas que dizem não ao que está acontecendo no País. O renascimento do movimento intitulado “Diretas Já”, de mesmo nome que aquele que aconteceu em 1983/1984 para pedir o
fim da ditadura e o direito a votar para presidente, já colocou na luta um leque de artistas em várias partes do Brasil. O golpe contra Dilma Roussef até pôs Chico Cesar, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Emicida, Pitty, entre outros, no mesmo palco em São Paulo e Rio de Janeiro, para fazerem uso da música como
forma de resistência contra os desmandos cometidos por Temer e sua trupe. Milhões de brasileiros acompanharam o movimento indo às ruas protestar e exigir a saída de Temer e o direito à escolha do(a) novo(a) líder da nação. Chico Buarque e outros intelectuais não se calaram e também se posi-
cionaram contra a derrubada da presidenta Dilma Rousseff. O coro de pessoas de renome reforça a importância da luta contra a retirada de direitos e a derrubada de um governo que nasceu sob o manto da ilegitimidade e sem possuir qualquer condição política de comandar o país.
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Animações produzidas pelo SINTE/RN denunciaram os males da Reforma da Previdência
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Ao todo 3 vídeos já foram produzidos pelo Sindicato o longo deste ano, o SINTE/RN vem
lançando animações para denunciar os prejuízos da
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Reforma da Previdência para o/a trabalhador/a brasileiro/a,
entre outras coisas. Até o fechamento desta revista, 3 vídeos da série sobre a Reforma da Previdência tinham sido produzidos pela assessoria de comunicação do Sindicato. O primeiro vídeo apontou que as mulheres da educação vão ser duramente atingidas pela reforma previdenciária, perdendo a aposentadoria especial, por exemplo. O segundo trouxe informações sobre, independentemente da área de trabalho, haverá mudanças na vida das mulheres a partir da implementação da Reforma, tendo elas que se aposentar com a mesma idade dos homens. O terceiro e último da série mostra o cálculo que vai tirar mais dinheiro do bolso do já sofrido trabalhador brasileiro.