Maio e junho de 2014 n° 167, ano XIV
Gol de placa ou bola fora? E mais:
Oportunidades geradas pela Copa do Mundo no Brasil fazem empresariado avaliar condições de jogo para buscar a vitória
Em evento na Câmara, CNC aponta carga tributária como vilã da economia Página 22 Confederação defende ampliação do Simples Nacional Página 26
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EDITORIAL
O turismo em novo patamar De tudo o que se tem falado sobre a Copa do Mundo, o que parece inquestionável é a visibilidade que o Brasil terá com a realização do evento. Positiva ou negativa. Qual será o balanço final, esse é o ponto que, a poucos dias do início do evento, ninguém pode prever com exatidão. Os mais pessimistas já davam como uma oportunidade perdida, tendo em vista o noticiário negativo que antecedeu o início da competição, principalmente o relacionado com as obras dos estádios, de infraestrutura e de mobilidade urbana. Para os que defendem esse argumento, a superexposição do País teve um efeito contrário ao que se esperava, e ampliou com lupa os problemas de organização e planejamento durante a fase preparatória. Mas não devemos subestimar o que pode ficar de positivo depois que os últimos visitantes tiverem embarcado de volta para seus países, especialmente em setores ligados à atividade turística. Como mostrou o Seminário Turismo Brasil – Balanço Pré-Copa do Mundo, os Grandes Eventos e as Perspectivas para o País, evento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, em parceria com o jornal O Globo e o apoio da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, há um enorme potencial a ser explorado. O bom aproveitamento da exposição midiática do País, a despeito dos problemas enfrentados até aqui, vai depender, no que diz respeito ao turismo, do poder de articulação dos diversos atores envolvidos. E os benefícios virão, ainda que a médio e longo prazos. Governos, parlamentares, empresários, profissionais do setor e especialistas precisam conjugar esforços e atuar de forma coordenada, para que a forte vocação do Brasil para o turismo, com sua diversidade de paisagens e climas e a hospitalidade de seu povo, possa enfim ser aproveitada. Os benefícios e a geração de riquezas que o turismo responsável e sustentável pode trazer para o Brasil devem ocupar definitivamente um lugar de destaque na mente de todos os envolvidos com os destinos de nossa nação. O Sistema CNC-Sesc-Senac vai continuar trabalhando e contribuindo para isso. Boa leitura!
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Presidente: Antonio Oliveira Santos Vice-presidentes: 1º ‑ José Roberto Tadros; 2º ‑ Darci Piana; 3º ‑ José Arteiro da Silva; Abram Szajman, Adelmir Araújo San‑ tana, Bruno Breithaupt, Carlos Fernando Amaral, José Evaristo dos Santos, José Marconi Medeiros de Souza, Laércio José de Oliveira e Leandro Domingos Teixeira Pinto. Vice-presidente Administrativo: Josias Silva de Albuquerque
Capa
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Tratos à bola
Vice-presidente Financeiro: Luiz Gil Siuffo Pereira Diretores: Alexandre Sampaio de Abreu, Antonio Airton Oliveira Dias, Carlos Marx Tonini, Daniel Mansano, Edison Ferreira de Araújo, Euclides Carli, Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Hugo de Carvalho, Hugo Lima França, José Lino Sepulcri, Ladislao Pedroso Monte, Lázaro Luiz Gonzaga, Luiz Gastão Bittencourt da Silva, Marcelo Fernandes de Queiroz, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, Pedro Jamil Nadaf, Raniery Araújo Coelho, Valdir Pietrobon, Wilton Malta de Almeida, Zildo De Marchi Conselho Fiscal: Arnaldo Soter Braga Cardoso, Lélio Vieira Carneiro e Valdemir Alves do Nascimento CNC NOTÍCIAS Revista mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Ano XIV, nº 167, 2014 Gabinete da Presidência: Lenoura Schmidt (Chefe) Assessoria de Comunicação (Ascom): ascom@cnc.org.br Edição: Cristina Calmon (editora-chefe) e Celso Chagas (editor Executivo – Mtb 30683) Reportagem e redação: Celso Chagas, Edson Chaves, Geraldo Roque, Luciana Neto, Marcos Nascimento e Felipe Maranhão (estagiário) Design: Programação Visual/Ascom Revisão: Daniela Marrocos Impressão: WalPrint Gráfica e Editora Colaboradores da CNC Notícias de maio e junho de 2014: Felipe Stefanon (Ascom/CNC), Ênio Zampieri e Thaís Peters (Apel/CNC), Laura Figueira e Katia Costa (Senac-DN), Alexandra Mato (FNHRBS), Rafaela Barbosa (Fenavist), Gisele de Oliveira (Fecombustíveis), Marcos Arzua, Dorva Rezende e Manoela de Borba (Fecomércio-SC), Camila Barth (Fecomércio-RS), Nayara Lessa (Fecomércio-AC), Aristóteles Quintela (Fecomércio-RO) e Patrícia Odenbreith (InPress Porter Novelli). Créditos fotográficos: Cristiano Costa/Fecomércio-DF (Página 4), Divulgação/Fecomércio-ES (Página 4), Christina Bocayuva (Páginas 7, 19, 20, 21, 37, 43, 46 e 52), Divulgação/Senac-DN (Páginas 13 e 48), Carolina Braga (Páginas 14 e 39), Zeca Ribeiro (Página 22), Joanna Marini (Página 23), Ivo Lima (Página 24), Edgar Marra (Páginas 26 e 27), Eliana Vieira (Página 29), Sergio Vale (Página 40), Divulgação/Fecomércio-SP (Página 41), Eliaine Souza (Página 42), Marcos Nascimento (Página 43) Divulgação/ Panrotas (Página 44), Carla Zigon (Página 45), Roberto Stuckert Filho (Página 46), Divulgação/Fecomércio-RN (Página 47), Divulgação/Sesc-MT (Página 49), Divulgação/Fecomércio-CE (Página 50), José Arthur Capella (Página 51), Felipe Maranhão (Página 51), Shannon Stapleton/Reuters (História em Imagem). Ilustrações: Marcelo Vital (Capa, Páginas 2, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16 e 17), Carolina Braga (Páginas 10, 11, 16, 17, 25, 30, 31, 33 e 34). Projeto Gráfico: Programação Visual/Ascom-CNC A CNC Notícias adota a nova ortografia. CNC - Rio de Janeiro Av. General Justo, 307 CEP.: 20021-130 PABX: (21) 3804-9200
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CNC - Brasília SBN Quadra 1 Bl. B - n° 14 CEP.: 70041-902 PABX: (61) 3329-9500/3329-9501
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Ações, estimativas e a opinião de representantes da CNC mostram que o comércio de bens, serviços e turismo já contribui para que o Brasil contabilize vitórias além da Copa do Mundo. Para isso, a arena do jogo precisa ser a melhor possível.
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Seminário na Câmara debate cenário econômico Em palestra no Seminário Brasil Novo, realizado na Câmara dos Deputados, a CNC apontou a carga tributária como um dos principais vilões da prosperidade do mercado e do desenvolvimento econômico. Participaram autoridades dos poderes Executivo e Legislativo e representantes de outras entidades.
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FIQUE POR DENTRO
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BOA DICA
6 OPINIÃO
- Antonio Oliveira Santos: O Trabalho Decente no Brasil
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- O legado da Copa do Mundo para o Brasil
REUNIÃO DE DIRETORIA
- Compromisso com a moralidade
INSTITUCIONAL
- Seminário Brasil Novo debate perspectivas econômicas - VI Encontro de Assessores de Comunicação é realizado em Curitiba - Capacitação e crédito são discutidos na CBMC - Aprovado o texto-base do Simples Nacional
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Deputados aprovam mudanças no Simples
Texto-base da Lei da Micro e Pequena Empresa foi aprovado na Câmara, permitindo mudanças significativas. Segundo o Sebrae, as MPEs geraram, entre 2000 e 2011, sete milhões de empregos com carteira assinada no Brasil, registrando média de crescimento anual de 5% nos empregos formais.
Cheia do Rio Madeira leva prejuízos a Rondônia e Acre
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Atuação das Federações do Comércio do Acre e de Rondônia se mostra fundamental para minimizar os impactos da cheia do Rio Madeira, que corta os dois Estados e fechou a principal ligação por terra entre eles. Programa Sesc Solidário ajudou com doações às famílias desabrigadas em Porto Velho e Rio Branco.
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Turismo apresenta pedidos do setor no Fórum Panrotas Entidades representativas do turismo nacional entregam documento com reivindicações do setor ao ministro do Turismo, Vinicius Lages, durante o Fórum Panrotas 2014, realizado no início de abril em São Paulo. O evento contou com o apoio institucional da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
SUMÁRIO 28
ENTREVISTA
- Bruno Breithaupt, vice-presidente da CNC e presidente da Fecomércio-SC
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PESQUISAS CNC
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- ICF: Intenção de consumo dos brasileiros volta a cair - Peic: Endividamento de famílias sobe de novo em abril - Icec: Quadro econômico incerto reduz confiança do empresário
CONJUNTURA ECONÔMICA
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- O crédito fácil e a inflação
ARTIGO
- Luiz Claudio Almeida: Reforma dos portos não zarpa
EM FOCO
- Impactos da cheia do Rio Madeira no Acre e em Rondônia - Fecomércio-SP orienta empresários sobre o risco de falta de água na Grande São Paulo - Sindicatos se unem por menos tributação
PRODUTOS CNC
- CNC promove melhorias nas práticas de gestão
TURISMO
- Turismo apresenta reivindicações no Fórum Panrotas - Hotelaria debate propostas e principais tendências - FNHRBS pede inclusão da alimentação no Brasil Maior - Conselho de Turismo aborda o papel da consultoria no setor
SISTEMA COMÉRCIO
- Comércio e turismo em debate no RN - Brasil é destaque no WorldSkills Americas - Pesquisa mostra hábitos culturais do brasileiros - Fecomércio-CE realiza missão empresarial aos EUA - Central do Comércio é novidade em Santa Catarina - Sesc abre unidade no Chuí, extremo sul do Brasil - Sistema Comércio realiza Semana Gastronômica do Paraná - Fecomércio-PE vai ao governo contra prejuízos em Abreu e Lima
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FIQUE POR DENTRO Joaquim Barbosa inaugura restaurante do Senac no STF O Distrito Federal conta com mais um restaurante e lanchonete-escola do Senac, desta vez nas dependências do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF). A inauguração aconteceu no dia 1º de abril e teve a presença do presidente do STF, Joaquim Barbosa, ao lado do presidente da Fecomércio-DF, Adelmir Santana. “Desejamos que a oportunidade aqui dada aos estudantes prospere e lhes permita crescer na profissão”, afirmou o presidente do STF. O Senac-DF tem outros quatro espaços pedagógicos de gastronomia já em atividade. Saiba mais em www.senacdf.com.br.
Turismo sustentável em debate no Mato Grosso do Sul A cidade de Bonito (MS) sediou a 8ª Conferência de Ecoturismo e Turismo Sustentável (Ecotourism and Sustainable Tourism Conference – ESTC 2014), promovida entre 27 e 30 de abril pela The International Ecotourism Society (Ties), em parceria com a Embratur. O evento teve o apoio do Sistema CNC-Sesc-Senac e da Fecomércio-MS. O foco da conferência foi o debate para a construção de uma economia voltada para o fortalecimento do ecoturismo, com a participação da comunidade, aliada à preservação ambiental. “O ecoturismo tem a capacidade de transformar a vida da comunidade e gerar renda para as famílias, unindo a preservação ambiental ao desenvolvimento econômico, proporcionando mais qualidade de vida”, disse a presidente do Ties, Kelly Bricker, na abertura do evento. Foram discutidas importantes diretrizes e estratégias para consolidar a sustentabilidade do turismo no Brasil. O desenvolvimento econômico, os investimentos empresariais, a legislação e a participação da comunidade foram alguns dos importantes aspectos analisados para a definição de ações que promovam a sustentabilidade.
Selo comemorativo dos 60 anos da Fecomércio-ES Em comemoração ao aniversário de 60 anos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), o Ministério das Comunicações e os Correios lançaram um lote de selos e carimbo comemorativo. O lançamento aconteceu na abertura da Vitória Expovinhos 2014, no dia 21 de abril. Durante o evento, o presidente em exercício da Fecomércio-ES, João Elvécio Faé, realizou o primeiro o ato simbólico de aplicação do selo e carimbo, que passam a circular em todo o País. “Em uma data como os 60 anos, é uma oportunidade da Fecomércio-ES agradecer toda a classe empresarial capixaba, que é a responsável por tamanho reconhecimento alcançado ao longo de seis décadas de história”, destacou o presidente.
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BOA DICA
Nuances intelectuais do século XX Em Pensando o século XX, da editora Objetiva, o século passado ganha vida como uma época de ideias. Último livro do historiador e pensador britânico Tony Judt, falecido em 2010, a obra apresenta os triunfos e os fracassos de intelectuais proeminentes, de várias ideologias políticas e religiosas, explicando suas ideias e os riscos de seus compromissos políticos. Trata-se de uma série de conversas íntimas entre Judt e seu amigo e colega historiador Timothy Snyder, baseada em textos da época e orientada pela intensidade da visão deles. É um livro sobre o passado, mas é também um argumento em favor do tipo de futuro pelo qual o mundo deverá passar.
Novos conceitos para a prática profissional da segurança privada A segurança privada é uma das áreas do setor de segurança que mais contratam e buscam profissionais no mercado de trabalho. São atividades como a escolta armada e o transporte de valores. Para atuar nessas atividades, existem cursos obrigatórios por lei, e cada um exige habilidades específicas do profissional. O livro Sou Segurança – Novos Conceitos e Prática Profissional, escrito por Claudio Krause Karzmierczak e Jonas Alves da Silva, explica o dia a dia da segurança privada, as habilidades solicitadas e como desenvolvê-las. Publicada pela editora Senac São Paulo, a obra trata ainda de prevenção e combate a incêndios, rota de fuga e orientações para prevenir crimes e ocorrências, não só no local de trabalho, mas na própria comunidade.
Livro traz curiosidades sobre a história de Brasília 1001 coisas que aconteceram em Brasília e você não sabia é um livro escrito pelo jornalista Hélio Queiroz e publicado pela Editora Senac Distrito Federal, que mostra curiosidades ligadas à história e aos aspectos geográficos, arquitetônicos e culturais da cidade, relatadas de forma simples e divertida. São cerca de setecentos contos, ocorridos antes, durante e depois da construção de Brasília, sobre os bastidores político-financeiros, os acontecimentos do dia a dia nos canteiros de obra e as festas e comemorações necessárias para o entretenimento dos pioneiros.
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OPINIÃO
O trabalho decente no Brasil Em artigo, o presidente da CNC destaca que oportunidades sustentáveis de trabalho surgem de empresas inseridas em um ambiente de negócios saudável e propício ao empreendedorismo
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uito se vem discutindo sobre o “trabalho decente”, embora não haja na literatura jurídica um conceito preestabelecido ou de consenso entre os atores sociais. Para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o trabalho decente vem sendo entendido como trabalho “produtivo e adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade de organização sindical e negociação coletiva, equidade e segurança, sem qualquer forma de discriminação, e capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas que vivem de seu trabalho”. Assim, pode-se afirmar que o trabalho decente pressupõe a existência de um elo, de um equilíbrio de forças com as empresas
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sustentáveis, visando adotar uma política democrática condizente com o desenvolvimento econômico e social de um País. Aduz-se que a promoção do trabalho decente requer, necessariamente, a participação e o compromisso do governo com as organizações de empregadores e de trabalhadores em permanente e contínuo exercício de diálogo social. Entretanto, é de suma importância contar com um ambiente propício, que estimule o investimento, a iniciativa empresarial, os direitos dos trabalhadores, o crescimento e a manutenção de empresas sustentáveis. O conceito de empresa sustentável vai além das questões de natureza ambiental, requerendo a integração e o equilíbrio, no médio e lon-
OPINIÃO
O trabalho decente pressupõe a existência de um elo, de um equilíbrio com as empresas sustentáveis
Antonio Oliveira Santos Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
go prazo, entre três importantes pilares do desenvolvimento: econômico, social e ambiental. O trabalho decente requer, portanto, a geração de empregos que somente podem ser ofertados por empresas economicamente sustentáveis. Para tanto, o diálogo social, instrumento de maior importância, vem na construção de estratégias de melhoria dos institutos, tais como, da segurança e saúde do trabalho, da negociação coletiva e da legislação trabalhista, adequando-se aos anseios da relação do trabalho, dentro de um formato acordado diretamente entre as partes interessadas. O trabalho decente, prática ética e obrigatória no meio empresarial, aliado às empresas sustentáveis, significa um passo
maior para a geração de empregos produtivos e de qualidade, inclusive permitindo inserir o jovem no mercado de trabalho. Empresas sustentáveis são, portanto, fonte de crescimento, riqueza e trabalho decente. Para promover sua atuação, é necessário um ambiente de negócios saudável e propício ao empreendedorismo, marcado pela clareza e previsibilidade das regras. Um ambiente de insegurança jurídica, excesso de burocracia e elevada carga tributária deteriora a competitividade e afeta negativamente as condições de operação empresarial. Além disso, modelos de governança que estabelecem um permanente diálogo com a sociedade favorecem a atuação de empresas sustentáveis. Artigo publicado no Jornal do Commercio-RJ em 8 de maio de 2014
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CAPA
Seleção de fatores Treinamento, qualificação, estratégia, técnica, rapidez, equilíbrio... Os adjetivos se encaixam na descrição de um time preparado para ganhar qualquer jogo. Se essa lógica pode explicar os resultados nos campos durante a Copa do Mundo, fora deles é uma certeza – é preciso esforço além das quatro linhas para que o torneio mundial não caia na mítica falta de memória do brasileiro, nem no descrédito mundial
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CAPA
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CAPA
É
Ganhos com a Copa precisam ultrapassar estádios
possível que, no momento em que lê esta matéria, você já tenha se programado para assistir aos jogos da Copa do Mundo no Brasil, o que pode incluir logística, consumo e segurança, entre outros preparativos. Da mesma forma, o comércio de bens, serviços e turismo está aguardando a rea lização do evento no Brasil – com otimismo, mas com conhecimento de que os desafios são grandes. “O papel histórico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) é o de exercer uma liderança que propicie o fortalecimento das empresas dos setores que representa e, por meio desse fortalecimento, contribuir para o desenvolvimento do Brasil, de suas instituções e de sua população. Em relação à Copa do Mundo não poderia ser diferente”, afirma o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos. Segundo ele, as ações do Sistema CNC-Sesc-Senac revertem-se em benefícios não apenas para os empresários, mas também para o imenso contingente de trabalhadores que ajudam a impulsionar o setor, como é o caso do trabalho realizado pelo Senac no campo da educação profissional e pelo Sesc nos serviços que presta nas áreas de la-
zer, cultura, educação, saúde e qualidade de vida. Muitos são os segmentos afetados pelo mundial. A indústria voltada para a chamada “linha marrom” é um deles – importadores e varejistas se preparam para o aumento na demanda que, a cada quatro anos, provoca impactos positivos na venda de produtos eletrônicos de uso doméstico. “Embora alguns equipamentos passem a ser mais demandados no período que antecede o início dos jogos, inegavelmente a venda de televisores é o carro-chefe das vendas”, aponta Fabio Bentes, economista da CNC. Tendo como base a receita do varejo, apurada por meio das pesquisas mensais de comércio do IBGE, a Confederação estima que o mundial de futebol eleve em R$ 863 milhões a receita das lojas especializadas na comercialização de artigos de uso pessoal e doméstico no segundo trimestre de 2014. Esse segmento responde por, aproximadamente, 6% do faturamento anual do varejo brasileiro. A previsão da CNC considerou projeções para a inflação do setor no segundo trimestre de 2014 (+1,9% em relação aos três primeiros meses do ano) e a média das expectativas para a taxa de câmbio ao final do primeiro semestre do ano corrente (R$ 2,23).
Taxa de ocupação dos estabelecimentos de hospedagem (hotéis, pousadas, albergues, pensões e motéis) no período de jogo nas cidades-sede 98%
Rio de Janeiro
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São Paulo
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Brasília
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Salvador
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Confirmada a previsão, o efeito da Copa do Mundo sobre as vendas desse segmento no segundo trimestre de 2014 deverá ser de aproximadamente 2,9% em relação aos três primeiros meses do ano, quando as vendas totalizaram R$ 30,3 bilhões, segundo estimativas da CNC. As Copas de 2006 e 2010 provocaram impactos reais de 2,4% e 2,6% no mesmo período. “Sendo assim, o histórico de redução no preço dos televisores e o encarecimento dos serviços de manutenção desde 2002, além da perspectiva de estabilidade da taxa de câmbio, deverão, mais uma vez, estimular a troca de aparelho”, aponta Bentes. Ocupação hoteleira otimista Assim como a venda de televisores deve ser boa, a ocupação dos estabelecimentos de hospedagem (hotéis, pousadas, albergues, pensões e motéis) aponta para resultados positivos para o setor nas 12 cidades-sede durante a Copa do Mundo. Levantamento da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS) mostra que o Rio de Janeiro lidera o ranking de ocupação por parte dos turistas (98%), seguido por Recife, com 90% (veja ilustração abaixo).
Os dados da Federação consideraram, para os períodos de reserva para os dias de jogos, três diárias: a que antecede a partida de futebol, a do dia da partida e a do dia seguinte. “Cada cidade-sede tem especificidades que estão determinando o número de reservas. De um modo geral, podemos dizer que a taxa de ocupação é positiva, apesar dos percalços que o setor enfrentou durante a preparação para o mundial”, contextualiza Alexandre Sampaio, presidente do Conselho de Turismo da CNC e da FNHRBS. De acordo com Sampaio, em alguns casos a ocupação pode ser considerada muito boa, como em Brasília, com 70%, já que julho é período de recesso do Congresso Nacional e, consequentemente, os hotéis têm baixas reservas; e também em Porto Alegre, com 80% – por causa da proximidade com países da América do Sul a cidade receberá muitos turistas da região, além de ter uma agenda de jogos que desperta grande interesse de torcedores.
As janelas em amarelo mostram a ocupação prevista pela FNHRBS. Para tabular os números, a Federação utilizou dados dos sindicatos filiados em todo o País, dos escritórios regionais da entidade em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte e, ainda, de ABIH-SP, ABIH-MG e ABIH-BA 90%
Recife
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Fortaleza
Natal
Manaus
Porto Alegre
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Curitiba Fonte: Pesquisa direta CNC
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CAPA
Senac entra em campo com qualificação
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Copa do Mundo no Brasil vai gerar um fluxo de 3,6 milhões de turistas, número equivalente à metade do total de visitantes nacionais e estrangeiros que vão circular no País este ano, de acordo o Ministério do Turismo. Por conta disso, os serviços de hospedagem e alimentação, transporte, agências de viagens e serviços culturais e recreativos são apontados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) como prioritários e, consequentemente, os que mais demandam vagas – 47,9 mil – para o megaevento. Para os profissionais qualificados pelo Senac, com o crescimento de oportunidades no comércio de bens, serviços e turismo nas 12 cidades-sede e regiões do entorno, aumentam as chances de marcar o gol da vitória no campo do trabalho. Somente nos últimos quatro anos, cerca de 900 mil alunos se formaram ou iniciaram seus estudos nas áreas de Turismo, Saúde, Gestão de Negócios, Produção Alimentícia e Idiomas. Entre os cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) mais procurados de 2010 a 2013, destacam-se: Agente de Informações Turísticas, Recepcionista de Eventos, Organizador de Eventos, Cozinheiro, Ajudante de Cozinha, Camareira em Meios de Hospedagem e Auxiliar Administrativo. Em relação aos cursos Técnicos de Nível Médio que despontam na preferência estão: Hospedagem, Guia de Turismo, Administração, Enfermagem e Segurança do Trabalho. Com o Programa de Educação Profissional Senac em Campo, a instituição vem intensificando, desde março de 2011, suas ações para o atendimento das demandas da área de turismo nos megaeventos esportivos – a Copa das Confederações (2013), a Copa do Mundo da Fifa de 2014 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. “O principal objetivo é promover ainda mais inclusão social, além de aumentar as chances de carreira e ascensão profissional dos trabalhadores já inseridos nas atividades
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econômicas relativas ao turismo”, afirma o diretor-geral do Departamento Nacional do Senac, Sidney Cunha. Para isso, o Senac realizou uma pesquisa – Senac na Copa 2014 –, um ano antes do lançamento do programa, e identificou as reais necessidades de qualificação profissional no mercado por meio de entrevistas com os responsáveis por 716 estabelecimentos distribuídos pelos setores de Alimentação (592) e de Hospedagem (124), em parceria com a FNHRBS. “Adequamos o nosso portfólio e ampliamos a produção de títulos de cursos on-line nesse segmento”, explica a diretora de Educação Profissional do Departamento Nacional do Senac, Anna Beatriz Waehneldt. Tabelinhas de sucesso Em cada estado-sede da Copa do Mundo o Senac promove ações de relacionamento com o mercado, criando parcerias para desenvolver competências e oportunidades de contratação de alunos e ex-alunos no megaevento. Na Bahia, o Banco de Oportunidades do Senac promoveu a participação de 324 ex-alunos do Senac no processo seletivo da quarta maior agência de marketing esportivo no mundo – a CSM Sport & Entertainment –, que cuida da seleção de profissionais para a Copa. Serão contratados, no total, 700 profissionais temporários para trabalhar nos jogos da Arena Fonte Nova, em Salvador. No Espírito Santo, parcerias com as Secretarias Municipais e Estadual de Turismo, em que se destaca o Programa Qualifica ES, garantiram a capacitação de cerca de 5 mil pessoas. Já em Pernambuco, o programa Learning for Life (Aprendendo para a Vida), da Diageo (líder mundial na produção de bebidas alcóolicas), em parceria com o Senac, vem capacitando jovens de 18 a 34 anos nos cursos de Bartender, Organizador de Eventos, Recepcionista em Meios de Hospedagem, Recepcionis-
CAPA Em 2012, o Hotel-Escola Senac Ilha do Boi, no Espírito Santo, foi credenciado como acomodação oficial para a Copa do Mundo no catálogo oficial de acomodação da Fifa
ta de Eventos, Gestão de Varejo e Garçom, nos Municípios de Olinda, Paulista, Goiana, Carpina e Nazaré da Mata. Também em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, o Senac participa do projeto Táxi Ok, que oferece cursos de inglês para taxistas do Recife. Para compartilhar experiências e sensibilizar o empresariado mineiro para as oportunidades dos megaeventos, o Senac promoveu palestras para mais de 13 mil pessoas, que avaliaram a infraestrutura de atendimento ao turista na última Copa, na África do Sul. No Paraná, a empresa Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), instituição que controla o sistema de transporte público na cidade, já qualificou centenas de profissionais com os cursos de idiomas do Senac. O Senac em São Paulo é um dos parceiros da ação Via Rápida Idiomas, que integra o Programa Via Rápida Emprego, do governo do Estado. São 50 mil vagas para estudo a distância de inglês ou espanhol, destinadas aos profissionais de bares e restaurantes, meios de hospedagem, espaços turísticos e comércio que atuam nos Municípios que recebem delegações da Copa ou que são considerados rotas de turismo no Estado. Pronatec Copa
nha, Agente de Informações Turísticas e Recepcionista de Eventos foram os cursos mais procurados no ano passado. Como para um bom atleta, preparação para mão de obra é essencial.
O Senac manteve ações, por meio do Pronatec Copa, para a qualificação de jovens e adultos, com mais de 18 anos, nos segmentos de Turismo, Hospedagem, Gastronomia, Eventos e Lazer em 120 destinos turísticos no País. Línguas (inglês e espanhol), Recepcionista em Meios de Hospedagem, Organizador de Eventos, Camareira em Meios de Hospedagem, Auxiliar de Cozi-
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CAPA
Legado: Brasil se firmar como destino turístico
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Alexandre Sampaio discursa na abertura do seminário. À esquerda, Vinicius Lages, ministro do Turismo, e Luiz Fernando Pezão, governador do Rio de Janeiro
Seminário mostra que exposição positiva, participação maior do turismo na economia e estímulo ao retorno dos visitantes serão as grandes conquistas do País com o mundial
om o objetivo de traçar um diagnóstico das oportunidades, vantagens e desafios que o País pode enfrentar com a Copa do Mundo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) realizou, no dia 26 de maio, em parceria com o jornal O Globo e apoio da Federação Nacional de Hotéis, Bares, Restaurantes e Similares (FNHRBS), o seminário Turismo Brasil Balanço Pré-Copa do Mundo, os Grandes Eventos e as Perspectivas para o País. Na abertura do evento, Alexandre Sampaio, presidente do Conselho de Turismo da CNC e da FNHRBS, destacou que o presidente da Confederação, Antonio Oliveira Santos, é enfático ao orientar que as ações do Sistema CNC-Sesc-Senac busquem, com excelência e de forma contínua, o desenvolvimento do turismo nacional e das empresas do setor, sobretudo pelos benefícios que as entidades podem gerar para a economia e para a sociedade, com gera-
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ção de emprego e renda. “Devemos nos posicionar de forma uníssona na defesa de nossos interesses”, afirmou Sampaio, para destacar a importância da representação, do envolvimento e do alinhamento das entidades do trade nos pleitos, em um ano estratégico para os negócios. “O empresariado tem que se dedicar, de maneira proativa, à elevação do nível de representação neste país”, complementou. Na abertura do segundo painel, o secretário-geral da Confederação, Eraldo Alves da Cruz, destacou a importância do trabalho do Conselho de Turismo e da Câmara Empresarial de Turismo, órgãos consultivos da Confederação, para o desenvolvimento do setor. “Foi no Conselho de Turismo da CNC que nasceram as principais entidades do turismo nacional”, afirmou. Também na abertura do evento, o ministro do Turismo, Vinicius Lages, apresentou os gargalos e as oportunidades que existem na área. Ao traçar breve histórico
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do setor no Brasil, Lages citou a criação da Embratur e a Lei Nacional do Turismo como indutores de desenvolvimento. Mas há muito, ainda, o que fazer, como a melhoria e a otimização da infraestrutura. “É um enorme desafio integrar diferentes destinos internos, haja vista a deficiência logística e de infraestrutura que ainda temos”, contextualizou. Para o ministro, o futuro da atividade é positivo: “A retomada dos investimentos em infraestrutura e a melhoria de renda da classe média ajudaram na expansão do turismo nacional nos últimos anos. Temos novos mercados, novos perfis de turistas, que buscam novas experiências. E há projeções que mostram que, em 2017, seremos o terceiro mercado aéreo do mundo”, disse Lages. Competitividade e Destino Brasil O primeiro painel, com o tema Competitividade, teve a participação do professor Doutor da Escola Politécnica da USP Jorge Eduardo Leal e de Diogo Canteras, sócio-diretor da HotelInvest. Os especialistas abordaram as perspectivas do transporte aéreo e da indústria hoteleira a longo prazo. Para Jorge, o Brasil deve atender às recomendações internacionais de segurança para a aviação nacional, mas transformar todas elas em obrigações impede o desenvolvimento do setor aéreo. Segundo o especialista, deve haver equilíbrio ao se tratar do assunto. Capacitar operadores e desenvolver a capilaridade dos aeroportos também seriam avanços que, por consequência, ajudariam a atividade turística brasileira. “O objetivo do setor deve ser o de desenvolver a infraestrutura que
já temos, pensando em conseguir atender, principalmente, à demanda interna, que é crescente, e não apenas os grandes eventos”, comentou Diogo Canteras. Também participaram do painel a cônsul-geral da Grã-Bretanha, Paula Walsh, e Samuel Lloyd, gerente do escritório na América Latina da VisitBritain. Ambos apresentaram a experiência vivida pelo país nas Olimpíadas de 2012. “O turismo foi um importante legado. No ano pós-Olimpíadas, em 2013, tivemos o melhor ano da história do turismo da Grã-Bretanha; recebemos 33 milhões de turistas”, frisou Paula Walsh. O turismo pode ajudar muito o Brasil economicamente, na opinião do senador Antônio Carlos Valadares. “A geração de emprego nessa área oferece oportunidades tanto para quem tem especialização quanto para profissionais com nível de escolaridade mais baixo, como, por exemplo, camareiras e ajudantes de limpeza”, declarou. O segundo painel contou com a participação da ex-presidente da Embratur Jea nine Pires. Segundo ela, foram feitas 370 mil reservas por turistas oriundos de países como Estados Unidos, Austrália, Argentina e Chile. A maioria dos turistas ficará no País entre nove e 21 dias, visitando entre uma e duas cidades. “É hora de o Brasil esquecer o complexo de vira-lata e celebrar a Copa”, disse Jeanine. “O grande legado que esperamos é que os visitantes saiam do Brasil com vontade de retornar”, diz Sampaio. E para isso, todo o setor empresarial torce junto.
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Contagem regressiva Estudo revela mapa da chegada de turistas ao Brasil para o mundial de futebol. “O antes já acabou”, afirma Jeanine Pires, ex-presidente da Embratur
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ara traçar um retrato das chegadas dos principais países emissores de turistas para o Brasil nos meses de junho e julho de 2014, assim como das viagens dos brasileiros ao exterior no mesmo período, a empresa espanhola Forward Data (Fowardkeys®) realizou estudo em parceria com a Pires & Associados no Brasil. As principais conclusões são otimistas. Os últimos dados, atualizados 20 dias antes da Copa, mostram que o total de reservas internacionais no período dos jogos – considerado de 6 de junho a 13
Total de reservas internacionais para a Copa (de 6 junho a 13 julho)
370 mil reservas São duas vezes e meia mais reservas que no mesmo período do ano passado.
Fonte: Pesquisa Pires & Associados/Fowardkeys
de julho – alcançou o número de 370 mil (um crescimento de 2,5 vezes, comparado com as reservas feitas em igual período do ano passado). Por sua vez, o total de reservas internacionais para os meses inteiros de junho e julho de 2014 (não apenas no período dos jogos) já alcançou o número de 452 mil. Mais da metade dessas reservas (54%) foram feitas com uma antecedência de 120 dias da viagem, o que mostra que os turistas desse tipo de evento se programam com maior antecedência. Além disso, a maioria deles pretende permanecer no País de 9 a 21 dias. “O antes já acabou. O que poderia ter sido feito pela promoção do País no exterior já foi feito, e essa era uma tarefa de todo o País”, afirmou Jeanine Pires, ex-presidente da Embratur e diretora da Pires & Associados, durante sua participação no seminário Turismo Brasil - Balanço Pré-
Conclusões pré-Copa do Mundo • Os principais países emissores para a Copa do Mundo Fifa 2014 são: EUA (com mais de 81 mil reservas), Argentina (com 30 mil), seguidos de Chile, Alemanha e Reino Unido (com cerca de 20 mil reservas cada). • O turismo emissor do Brasil para o exterior mudou na alta temporada de junho a julho – o nível máximo de reservas acontece em meados de junho e cai para valores do ano passado na semana da final da Copa, mostrando que os brasileiros pretendem voltar para casa no período final da competição. • As reservas internacionais para outros destinos da América do Sul tiveram
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um aumento pequeno nas chegadas nos meses de junho e julho de 2014 (+1%), o que sugere que o desempenho do turismo receptivo nos demais países do continente não foi afetado pela Copa do Mundo. • Até maio de 2014, os resultados mostram a seguinte distribuição do número de reservas internacionais para as cidades-sede do mundial: Rio de Janeiro (34,7%), São Paulo (33,1%), Salvador (5,3%), Fortaleza (4,7%), Brasília (4,5%), Recife (4,3%), Belo Horizonte (4,1%), Natal (3,2%), Manaus (2,2%), Porto Alegre (2,1%), Curitiba (1,2%) e Cuiabá (0,8%).
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EUA (22%)
Percentual de reservas dos cinco principais países emissores
UK (5%)
+351%
Os países que mais cresceram em número de reservas na comparação com o mesmo período do ano passado (6 de junho a 13 de julho)
+153%
Argentina (8%)
+138%
+135%
UK
Colômbia
Chile (5%) Alemanha (5%)
Austrália Fonte: Pesquisa Pires & Associados/Fowardkeys
-Copa do Mundo, os Grandes Eventos e as Perspectivas para o País. Segundo Jeanine, o empresariado e autoridades públicas devem aproveitar que as expectativas em relação ao Brasil ainda não estão altas para promover melhora na imagem do País, fazendo com que os turistas possam vir com uma expectativa e sair com outra realidade, uma realidade melhor. “Esta é a grande oportunidade para se trabalhar”, disse ela também no seminário. A executiva destacou, ainda, a importância do pós-Copa do Mundo. “O momento depois culmina com os Jogos Olímpicos, que, para mim, é um evento mais importante do que a Copa do Mundo, porque será realizado no Rio de Janeiro, a grande porta de entrada do Brasil e principal destino turístico no exterior. Ainda temos mais uma ótima oportunidade de nos promover para o mundo”, concluiu.
Canadá
Fonte: Pesquisa Pires & Associados/Fowardkeys
Metodologia As análises foram baseadas em dados de reservas realizadas até maio de 2014 para o período considerado pelo estudo. As chegadas internacionais incluem reservas feitas por passageiros que vão fazer pelo menos um pernoite no destino, excluindo trânsitos, viagens de um dia e viagens somente de ida ou somente de volta. Foram considerados todos os mercados internacionais, e as viagens ao exterior incluem reservas em voos com saída e chegada ao Brasil.
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Compromisso com a moralidade
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mpresários de todo o País se reuniram na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no dia 13 de maio, no Rio de Janeiro, para a reunião mensal de diretoria da entidade. Um dos principais destaques do encontro foram os termos do Compromisso Nacional pelo Emprego e Trabalho Decente na Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014. A diretoria da entidade decidiu, de forma unânime, por não aderir aos termos do documento, conforme redigidos. Após parecer de seus consultores Ernane Galvêas (econômico), Bernardo Cabral (jurídico) e Renato Rodrigues (sindical), a CNC considerou que a assinatura do Termo de Compromisso implicaria na aceitação de todas as suas condições, dentre as quais algumas relativas ao poder estatal e outras, inclusive de ordem econômica, que não podem ser absorvidas pelo setor produtivo. O trecho do Termo que estabelece como objetivo a promoção de iniciativas de inclusão laboral capazes de transformar parte das ocupações temporárias em oportunidades de empregos permanentes e formais é um exemplo. A CNC entende que, além da dinâmica própria do mercado de trabalho, a sazonalidade da Copa do Mundo vai gerar vagas temporárias de trabalho nas empresas do comércio de bens, serviços e turismo, o que, por si só, estimula e impulsiona a economia, mas não pode garantir a posterior absorção dos trabalhadores. Isto dependerá de fatores externos associados ao mercado e à economia, entre outros. O presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, destacou na reunião que a Confederação sempre contribuiu para o aprimo-
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ramento da capacitação dos profissionais em todas as modalidades do comércio, por meio do Sesc e do Senac. Todos os cursos, projetos e ações oferecidos pelas entidades, inclusive durante a Copa do Mundo, estão perfeitamente alinhados com a legislação existente sobre os temas contemplados no documento. O presidente da entidade afirmou ainda que, por ocasião da primeira versão do Termo de Compromisso, a entidade comunicou em carta ao Ministério do Trabalho e Emprego, (MTE) em 14 de janeiro, sobre os esforços constantes do Sesc e do Senac para a capacitação de mão de obra nos setores que representa. Outra crítica dos empresários foi o trecho que dispõe sobre o prazo de vigência do documento, que se prolonga até o fim do mês de agosto – e não ao fim do mundial de futebol –, o que descaracteriza sua natureza sazonal e também das contratações decorrentes. Por fim, a Confederação considera ainda que o poder de polícia do estado, cujo compromisso é assegurar e prevenir qualquer forma de trabalho que viole a legislação brasileira, não cabe às entidades representativas, por evidente falta de legitimidade. Estoques Assim como na reunião de diretoria de abril, realizada no dia 24, em Brasília, o presidente Antonio Oliveira Santos abriu os trabalhos falando de economia. “Acontecimentos recentes têm gerado certo desânimo no empresariado”, disse, ao se referir à inflação, à oferta de crédito e à política econômica do governo. Carlos Thadeu de Freitas, chefe da Divisão Econômica (DE), alertou aos empresários do setor para a cautela quanto ao aumento de estoques a médio prazo.
REUNIÃO DE DIRETORIA
O economista apresentou uma análise dos números da economia relativos ao primeiro trimestre do ano. Carlos Thadeu informou que a taxa de câmbio no Brasil vive um período de incertezas. Segundo o economista, o preço do dólar no Brasil pode variar em consequência de eventos internos e das taxas de juros nos Estados Unidos. “O Banco Central americano (Federal Reserve, o Fed) está dando sinais de confiança, de que não vai mudar a política de juros. O Banco Central europeu também sinaliza com a manutenção de juros baixos, assim como o do Japão. Estes fatores e as intervenções cambiais frequentes do Banco Central têm contribuído para que o dólar não dispare”, disse. Carlos Thadeu de Freitas explicou que a taxa de câmbio manteve, em março e em abril, a apreciação iniciada em fevereiro, e já mostra valorização relativa ao dólar de mais de 10% desde fevereiro e 6,5% em relação ao início do ano. “O movimento acompanha uma onda global de valorização das moedas emergentes, devido ao aperto monetário e à percepção de que os ativos brasileiros estão demasiadamente baratos”, destacou Thadeu. O economista frisou que a valorização do câmbio pode ajudar a diminuir as pressões inflacionárias de curto prazo e deve reduzir a quantidade de intervenções do mercado futuro. “Ainda assim, é possível que essa seja uma tendência de curto prazo, ainda que possa se prolongar por mais algum tempo”, completou. Retorno para investidores De acordo com Carlos Thadeu de Freitas, o Brasil tem oferecido taxas de retorno por volta de 3,72% a investidores
estrangeiros, o que atrai ações de carry trade, aplicações que consistem em tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e investi-lo em outra moeda, onde as taxas de juros são maiores. “Com isso, o real chegou a valorizar 6,6% em relação ao dólar. Com valorização da moeda e taxa de retorno elevados, quem investiu no início do ano foi beneficiado. No entanto, a curto prazo, é possível que os juros baixos praticados nos EUA gerem nova bolha especulativa, já que a política expansionista do País não pode ser mantida por muito tempo. E, mesmo com o emprego em níveis razoáveis, deve pesar na balança dos americanos o controle da inflação, o que pode refletir na alta do dólar e no avanço da inflação no Brasil. “Todo cuidado é pouco com os estoques, porque a demanda, ainda satisfatória, pode diminuir, ao contrário dos juros bancários, que podem se manter em níveis elevados”. Carlos Thadeu falou ainda da possibilidade de aumentos dos preços que, até então, o governo vinha administrando, como os de energia elétrica e de combustíveis. “O custo vem mais tarde”, disse, ao fim de sua apresentação.
Empresários reunidos no Rio de Janeiro avaliaram o cenário econômico e concluíram: não é hora de aumentar estoques
Diretoria elege novo diretor Na reunião de diretoria da CNC realizada no dia 24 de abril, o primeiro item da pauta dos empresários foi a eleição de um novo diretor. Ari Bittencourt, da Federação do Paraná, foi eleito pelo voto de 21 dos membros votantes. “Ari é um sindicalista devotado às causas não só sindicais, como econômicas e àquelas relativas à nossa atuação, em defesa dos representados”, disse o presidente Oliveira Santos.
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Fenavist alerta sobre contratação de segurança privada para a Copa Assunto muito debatido na reunião de Diretoria da CNC, as regras para contratação de segurança privada no período da Copa do Mundo têm causado preocupação dos empresários do setor. No encontro de 13 de maio, no Rio de Janeiro, o diretor da casa e presidente da Federação Nacional das Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist), Odair Conceição (foto), alertou para a incapacidade de atender a demanda com as regas atuais para contratação de mão de obra. Segundo ele, a Fifa exige que a segurança dentro dos estádios seja privada, num contingente total de 30 mil trabalhadores. Como o setor conta com 800 mil profissionais já alocados, a solução proposta pela federação foi a contratação destes profissionais nos dias em que estão de folga. Outra opção foi a possibilidade de contratação eventual, por períodos de curta duração. As propostas não foram aceitas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo Odair, a Fenavist encaminhou manifestação ao Ministério ponderando o passivo que uma equipe de segurança mal preparada pode gerar. “Os profissionais que atuam na segurança de grandes eventos precisam passar por treinamentos específicos. Não podemos contratar empresas de forma precária”, alertou. O assunto é acompanhado de perto pela Fenavist. No início de abril, representantes da federação reuniram-se com representantes do Ministério, com a finalidade de discutir acerca da forma de contratação dos vigilantes na Copa do Mundo Fifa 2014. No encontro, debateram qual a melhor forma de contratação para os vigilantes trabalharem no período dos jogos da Copa, sem trazer penalizações às empresas contratadas. De acordo com a entidade, o Ministério do Trabalho e Emprego, diante das várias propostas apresentadas, descartou a hipótese do trabalho eventual na atividade fim, e esclareceu a necessidade de ser assinada a Carteira de Trabalho (CTPS), conforme legislação em vigor. A Fenavist sugeriu durante o encontro a possibilidade das empresas de segurança privada firmarem um contrato, evidenciando qual a forma prevista de remuneração, direitos e deveres do trabalhador contratado, a fim de trazer maior segurança jurídica às empresas contratantes.
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Ética não é uma prática temporária para o comércio “A proposta do Ministério do Trabalho e Emprego para assinarmos um termo de compromisso temporário trata da prática de caráter, de procedimento, da ética em nossas ações, como se isso pudesse ser temporário. Nosso comportamento é esse, de seriedade, de ética, de caráter, da adoção de procedimentos legais. Essa é a orientação institucional da Confederação e não vamos admitir que, independente da Copa do Mundo, seja diferente”. A opinião de Adelmir Santana, vice-presidente da CNC, sobre o Trabalho Decente, foi dada na reunião de Diretoria de 13 de maio, no Rio.
Menos ousadia dos empresários nos negócios “Diante de todos os fatos a que assistimos em nosso dia a dia, levando-se em consideração os obstáculos da carga tributária do País, é perceptível que os empresários estão deixando de ousar. E se as empresas não conseguem manter suas atividades de forma saudável, não há investimento, não há interesse em continuar com o negócio”, afirmou José Roberto Tadros, vice-presidente da CNC, ao falar sobre a economia na reunião de Diretoria realizada em Brasília no dia 24 de abril.
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Brasil Novo debate perspectivas econômicas
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Ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresenta perspectivas para o Brasil diante da crise economica mundial, na abertura do evento
Em palestra no Seminário Brasil Novo, a CNC aponta a carga tributária como um dos principais vilões da prosperidade do mercado e do desenvolvimento econômico
Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) participou do Seminário Brasil Novo, em 29 de abril, no auditório Nereu Ramos, da Câmara dos Deputados, reunindo representantes do poder executivo, legislativo, confederações empresariais (CNI, CNA, CNF e CNT), entidades jurídicas (como a OAB), econômicas (como o Banco Central) e institutos de pesquisa econômica (como o Ipea e o Dieese). Promovido pela Comissão de Finanças e Tributação (CFT), o evento foi aberto pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, também participou. Com o objetivo de discutir com os mais diversos segmentos o presente e o futuro da economia brasileira, buscando a compreensão e a análise de cenários, e alternativas para enfrentar os obstáculos que ainda emperram o desenvolvimento do País, o seminário foi organizado em três painéis
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de debate. A CNC integrou o terceiro e, também, a mesa de encerramento, ao lado do presidente da CFT, Mário Feitoza; do ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri; do vice-presidente de Finanças e Controladoria da Caixa Econômica Federal; e do economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Max Leno. O Brasil no contexto da crise mundial Mantega destacou a redução da taxa de desemprego e a desigualdade da população mesmo com crise externa. O ministro mostrou que o índice de desemprego brasileiro em fevereiro chegou a 5,1%, enquanto nos Estados Unidos ficou em 6,7% e nos países da Zona do Euro, em 11,9%. “Neste momento de crise a nossa taxa de desemprego vem caindo, enquanto na zona do Euro o desemprego está crescendo. Ao longo desse período, estamos construindo um estado de bem-estar social, a ascensão das camadas mais pobres da população, a constituição de uma classe média. Em 2002, 37% da população brasileira compunha essa categoria de classe de renda média. Em 2014, já temos 60% da população brasileira nessa categoria, são quase 120 milhões de cidadãos.” Durante sua apresentação sobre as perspectivas da economia brasileira, fez análise da economia mundial, desde o período de crise – apontado como 2008 a 2013 –, até 2014, quando, segundo ele, se inicia a recuperação dos Países. Além disso, comentou as perspectivas da economia brasileira. “Temos boas perspectivas de retomar um crescimento mais vigoroso na economia brasileira. A razão disso é que a crise internacional que afetou todos os Países nos últimos cinco anos está terminando”.
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O ministro afirmou que 2013 foi um ano difícil para todas as nações, o que as levou a crescer menos. Ele apontou aquelas que cresceram mais de 2%. “Os EUA, por exemplo, cresceram 1,9%. O Brasil conseguiu uma taxa de 2,3%. É bem inferior às que estávamos acostumados antes da crise, porém é superior à da maioria dos Países do G20.” Juros, inflação e alta do dólar Guido Mantega explicou a alta do dólar, da inflação e das taxas de juros em 2013, apontando uma alteração na agenda econômica dos Estados Unidos: “Os emergentes passaram por uma turbulência, principalmente após o Fed (o Banco Central dos Estados Unidos) ter anunciado a redução dos estímulos monetários que têm praticado com a economia americana. Com isso, houve deslocação nos fluxos de capitais, que foram em direção dos EUA para aproveitar os rendimentos maiores, levando a uma desvalorização cambial da maior parte dos emergentes, necessidade de adaptação das políticas, elevação de taxas de juros, e, sobretudo, perda de confiança, o que eu chamaria de ‘mau humor do mercado’ em relação aos países emergentes”. Segundo ele, em 2014 o governo brasileiro prevê melhoria. De acordo com a previsão do Fundo Monetário Internacional, os EUA devem ter crescimento um pouco maior, podendo fechar o ano com 3%, dando sinais de que está saindo com mais vigor dessa crise e trazendo dinamismo à economia mundial. E afirmou que os emergentes estarão sempre crescendo acima dos desenvolvidos, porém, por enquanto, à taxas mais modestas, em função da falta de dinamismo da economia mundial. “O comércio internacional, maior termômetro da atividade econômica, não se recuperou ainda, o que dificulta a retomada do crescimento”.
O quadro econômico na visão da CNC Representante O representante da CNC, consultor da Presidência, Roberto Nogueira, abordou os aspectos da política tributária brasileira. “Depois de 20 anos debatendo tributação, sou forçado a afirmar que o debate sobre o tamanho da carga tributária, hoje, é menos importante que o debate sobre sua qualidade, tamanha a dimensão da deterioração sistêmica da tributação nesse período”. Ele apontou paradoxos e consensos: “Todos aqui já ouviram ou leram que o nosso sistema tributário é complexo, oneroso, induz à sonegação (especialmente a involuntária), é anticompetitivo, anticomércio exterior e anti-investimento. Ouviram que é preciso reduzir o tamanho da carga tributária; que é preciso simplificar o sistema como um todo e, em especial, as obrigações acessórias e consolidar a legislação fiscal, reduzindo-a, porque é insuportável deparar-se com cerca de 250 mil normas em vigor; e que deveria haver um regulamento único do ICMS”. Segundo ele, na ausência de condições políticas para uma reforma para valer, União, estados e municípios partiram para iniciativas isoladas, que deterioram a qualidade do sistema. Nogueira reafirmou que “o Brasil precisa de uma reforma tributária que nos conduza a um espécie de esperanto tributário, ou seja, que tenha a mesma linguagem da maioria dos Países, em especial dos nossos concorrentes”. Para ele, o Brasil, sobretudo a classe empresarial, precisa de uma reforma que simplifique, mitigue a burocracia, amplie a transparência e resulte em redução da carga total; redução da burocracia; e preservação e modernização da legislação do Simples Nacional. “A CNC defende um modelo tributário moderno e adequado às necessidades do País e sua crescente importância econômica no mundo globalizado”, finalizou.
da CNC, Roberto Nogueira, aponta o peso da carga tributária na prosperidade do comércio e no desenvolvimento do País
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Integração e troca de ideias Sexta edição do Encontro de Assessores de Comunicação do Sistema Comércio é realizado em Curitiba
Participantes do encontro em Curitiba. À direita, Darci Piana e Cristina Calmon na abertura do evento
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cidade de Curitiba, por meio da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR), foi a anfitriã da sexta edição do Encontro de Assessores de Comunicação do Sistema Comércio, realizado nos dias 19, 20 e 21 de maio, na sede da federação. Participaram os assessores de comunicação das federações nacionais e estaduais ligadas à CNC, além de representantes do Sesc e do Senac. A integração do trabalho do Sistema Fecomércio-PR deu o norte ao Encontro, por meio das palavras do presidente anfitrião, Darci Piana, que discursou na abertura do evento. “Somos um só, cada um cumprindo o seu papel, seguindo as diretrizes nacionais, mas sempre trabalhando em conjunto”, afirmou Piana, que destacou a atuação das três entidades – Fecomércio, Sesc e Senac – não apenas em comunicação, como em outras áreas. A mesa de abertura foi composta ainda pela chefe da Assessoria de Comunicação da CNC, Cristina Calmon, pelo coordenador de Jornalismo da Fecomércio-PR, Ernane Buchmann, pelo diretor regional do Senac-PR, Dimas Fonseca, e pelo diretor da Casa do Cliente, Paulo Clemen. O evento apresentou debates e palestras sobre a importância do planejamento das ações em comunicação e do gerenciamento da imagem na mídia. A diretora da Rebouças e Associados, Nádia Rebouças, falou sobre Planejamento estratégico de comunicação, alertando aos participantes
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sobre a importância da visão sistêmica no planejamento das ações. “Precisamos entender como as coisas funcionam e, além, entender como as pessoas sentem. Desenvolver uma mudança de atitude a partir da mudança de pensamento”, afirmou Nádia, que enfatizou o relacionamento humano nas ações de comunicação. Os presentes também puderam conhecer o Índice de Qualidade de Exposição na Mídia (IQEM) e o Índice de Credibilidade de Imagem (ICI) apresentados pelo diretor-geral de Análise e Pesquisa da CDN Comunicação Corporativa, Fernando Pesciotta. O assessor legislativo da CNC, Ênio Zampieri, apresentou a Rede Nacional de Assessorias Legislativas (Renalegis) e como esse trabalho desenvolvido pela Assessoria Junto ao Poder Legislativo (Apel) pode ser trabalhado pelas assessorias de comunicação das federações. Os participantes puderam assistir aos cases de comunicação do Sistema, como o trabalho do Núcleo de Comunicação e Marketing da Fecomércio-PR; as estratégias para geração de mídia espontânea da Fecomércio-RS; o desenvolvimento da revista Fecomércio-PB; a presença digital da Fecomércio-SC e o trabalho com assessoria de imprensa da CNC. Além disso, os assessores de comunicação puderam conhecer o trabalho do Sesc da Esquina e do Paço da Liberdade, dois espaços de promoção à cultura do Sesc em Curitiba.
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Capacitação e crédito são discutidos na CBMC Senac compartilha suas ações no Pronatec em reunião da Câmara Brasileira de Materiais de Construção, que recebeu o diretor da Caixa Econômica
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primeira reunião da Câmara Brasileira de Materiais de Construção (CBMC) do ano, realizada em 08 de abril, na sede da CNC, em Brasília, recebeu convidados como a assessora do Senac Nacional, Maria Luiza Araújo, e o diretor de Cartões e Financiamento ao Consumo da CEF, Mário Ferreira Neto. Presidida pelo coordenador, Roberto Breithaupt, teve ainda a presença do vice-presidente Administrativo da CNC, Josias Albuquerque. Mário explicou o funcionamento do Construcard, um sistema de financiamento concedido pela Caixa para compras exclusivas de material de construção, onde o beneficiário tem de dois a seis meses para comprar o que precisar e, durante este período, paga somente os juros dos valores utilizados. “É importante a discussão, porque só é possível melhorar se trabalharmos juntos com o setor para entender as necessidades. Esse tipo de produto que criamos é algo que interessa muito à cadeia e é importante a aproximação com o setor, para que consigamos evoluir nesse serviço”, disse o diretor da Caixa. O grupo também discutiu projetos de lei prioritários para o setor, como o que limita o peso dos pacotes de cimento, areia, cerâmica, etc. em 30 quilogramas. Segundo a Câmara, a alteração é importante, pois, além de facilitar a operação logística, evitaria danos aos produtos, danos trabalhistas (devido ao alto peso), e, enfim, perda de vendas. Senac no Pronatec Seja pelo Programa Senac de Gratuidade (PSG), ação de inclusão social, destinada ao público de baixa renda e baixa
escolaridade, ou pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) – instituído pela Lei nº 12.513, em 2011, e que visa ampliar a oferta de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) à população brasileira, por intermédio de uma série de projetos e ações – o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) oferece cursos técnicos relacionados ao segmento de construção, tanto em ocupações no comércio dos produtos, por exemplo em vendas; como os relacionados à infraestrutura, como pedreiro de alvenaria, pintor, eletricista, encanador e outros. Maria Luiza apresentou à CBMC dados e atuações do Senac em prol da capacitação de profissionais brasileiros para o setor do comércio. Em 2013, o Senac registrou 2.456.183 atendimentos, sendo 1.663.685 matrículas em cursos, 462.586 pelo PSG e 479.437 pelo Pronatec. Esses cursos, em especial a aprendizagem, a capacitação e o aperfeiçoamento, são cursos com no mínimo 40 horas. O aperfeiçoamento e a aprendizagem, com até mil horas. “Aqui no aperfeiçoamento e na capacitação acredito que estejam os profissionais demandados pelo setor de construção. Embora esse não seja um setor próprio do Senac, estamos à disposição para customizar aqueles cursos, oferecendo-os inclusive no local de trabalho, tanto pelo PSG, sem qualquer custo para o aluno, como via Pronatec”, explicou Maria Luiza. CNC Notícias
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Aprovado o texto base do Simples Nacional Lei da Micro e Pequena Empresa teve texto-base aprovado na Câmara dos Deputados, permitindo mudanças significativas para estas empresas que, segundo o Sebrae, geraram, entre 2000 e 2011, sete milhões de empregos com carteira assinada no Brasil, registrando média de crescimento anual de 5% nos empregos formais
E Breithaupt aponta mudanças, no plenário da Câmara, ao lado do ministro Afif e do presidente do Sebrae Nacional
m 07 de maio, o Plenário da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do PLP nº 221/2012, do Relator Claudio Puty (PT-PA), que permite mudanças na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa (Lei Complementar nº 123/2006). Entre elas, destacam-se o fim da substituição tributária para alguns setores e a inclusão de novas categorias no regime de tributação simplificada. O substitutivo aprovado tem como principais pontos: disciplina o cadastro nacional único de contribuintes, de modo a simplificar a abertura e a baixa de pessoas jurídicas; torna obrigatória a previsão do tratamento diferenciado a que se refere o art. 179 da Constituição: toda nova obrigação que venha a afetar o pequeno deve-
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rá prever o tratamento diferenciado, sob pena de inexigibilidade; prevê tratamento diferenciado para multas contra pequenos, com redução de até 90%; amplia o sublimite estadual às faixas do Simples Nacional; prevê tratamento diferenciado em matéria de depósito prévio para recurso à Justiça do Trabalho; entre outros. A Câmara dos Deputados ainda deliberará sobre alguns destaques para votação em separado, em relação a alguns dispositivos do texto base. Após essa etapa, o PLP 221 será encaminhado para deliberação do Senado Federal. A CNC e as empresas Os micros e pequenos empresários brasileiros têm buscado modificações, en-
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tre elas: a obrigatoriedade de tratamento diferenciado em todos os instrumentos legais; a universalização do acesso ao Simples Nacional; a limitação da substituição tributária do ICMS para optantes do Simples Nacional; o Cadastro único por CNPJ e restrição ao impedimento por outros cadastros. Esses pleitos estão nos Projetos de Lei Complementar 221 e 237, ambos de 2012. Da mesma forma, o Sistema CNC é favorável à aprovação dos projetos, que permitirão melhores condições de desenvolvimento dos pequenos negócios do setor de comércio de bens, serviços e turismo; e tem se empenhado para isso. Histórico do pró-Supersimples Em 9 de abril, durante a reunião da Comissão Geral convocada para discutir o tema no Plenário da Câmara, reunindo parlamentares, micros e pequenos empresários; entidades empresariais; o Sebrae Nacional, representado pelo seu presidente, Luiz Barreto; trabalhadores; estudantes; e federações da indústria e do comércio promoveram uma movimentação pró-Supersimples. O presidente da casa, Henrique Eduardo Alves, afirmou a importância das alterações para o País: “Estamos buscando o aprimoramento de uma legislação que gerou um dos maiores avanços para os agentes econômicos brasileiros. A Lei Geral tornou efetivo
o tratamento diferenciado aos pequenos empresários em respeito ao artigo 179 da Constituição Federal, que se ampara no princípio da igualdade”, disse. Lá, o maior militante do governo à causa, o ministro de Estado Chefe da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, afirmou: “Esse projeto não é de iniciativa do Executivo; nasceu dentro do Parlamento. Estamos ouvindo cada estado, com as caravanas da simplificação. O nosso relator teve a coragem de colocar que qualquer lei, norma ou regulamento na união, estado ou município, que não dê o tratamento diferenciado não vale para elas”. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo também se fez presente, representada por três de seus vice-presidentes – Bruno Breithaupt, também presidente da Fecomércio-SC; Adelmir Santana, presidente da Fecomércio-DF; e o deputado Laércio Oliveira. Na tribuna, Bruno declarou que o empreendedorismo ocupa papel-chave no desenvolvimento de qualquer sociedade. “Ele é a face criativa dotada de poder para transformar a realidade de pessoas e comunidades e o elemento-chave que impulsiona o desenvolvimento do País.” Em entrevista a seguir, conversamos com ele, que, representando o empresariado do comércio de serviços, bens e turismo, tem realizado importante trabalho em prol da modificação dessa Lei.
Durante movimento pró-Simples Nacional, Guilherme Afif defende a manutenção da Lei pelo tratamento diferenciado
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ENTREVISTA
Bruno Breithaupt
CNC defende ampliação do Simples Nacional A Fecomércio-SC trabalhou por avanços no regime do Simples e colheu bons frutos no estado, mas o caminho ainda é longo na conquista nacional, aponta Bruno Breithaupt, vicepresidente da CNC e presidente da federação
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina tem sido importante protagonista na defesa dos interesses da micro e da pequena empresa. Dentre o conjunto das medidas inseridas nos dois projetos, quais seriam aquelas mais significativas para o empresariado? Atuamos junto à nossa bancada e ao Congresso desde o início deste tema. Em agosto do ano passado, tivemos a oportunidade de receber em nossa sede do Sesc Cacupé, em Florianópolis, a audiência pública da Comissão especial que avaliou as alterações ao Simples Nacional. Na ocasião, lançamos a Cartilha do Simples Nacional. Em abril de 2014 ocupamos a tribuna da Câmara dos Deputados, levando ao conhecimento do Brasil o que pensam os empresários do comércio de bens, serviços e turismo de Santa Catarina. Daquela tribuna pudemos destacar os avanços e as limitações do texto aprovado pela Comissão especial, e que seguiria para apreciação pelo Plenário da Câmara. Defendemos avanços necessários: a inclusão de todas as atividades econômicas que não podiam adentrar no regime (universalização do Simples); a exclusividade da participação das empresas do Simples nos processos licitatórios na modalidade convite, acrescido de 50% no valor limite deste tipo de licitação; e o fim da incidência de juros e correção monetária nas recuperações judiciais das empresas enquadradas no regime. Também ressaltamos os pontos fundamentais que estavam de fora daquele texto: fim da substituição tributária para as MPEs, e a expansão do teto de faturamento para enquadramento no Simples. Após o mandamento constitucional, em 1988, para que fosse dado tratamento diferenciado às MPEs, passaram-se 18 anos para se chegar à LC 123, a Lei Geral da Micro e da Pequena Empresa. Como o
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senhor qualifica as propostas em tramitação, e quais são as possibilidades de serem aprovadas pela Câmara dos Deputados, pelo Senado Federal e sancionadas ainda em 2014? O texto aprovado pela Comissão especial era mais avançado que o texto-base aprovado pelo plenário da Câmara em maio. A lista de produtos onde a ST incidiria nas MPEs aumentou significativamente, compreendendo praticamente todos os setores da economia. Além disso, a universalização transformou-se num mecanismo sem favorecimento ao setor de serviços, que ao optar pelo Simples o faz sob uma faixa de tributação elevada em relação aos demais. A realidade comprovou a dificuldade em avançar na exclusão da ST para o Simples. Ainda assim,continua importante a garantia de algumas conquistas ao setor produtivo, bem como a certeza de que há espaço para debate, conformando um ambiente politicamente favorável a novas mudanças na Lei Geral. Paralelamente às propostas contidas, há pleitos de nova elevação do limite de faturamento para enquadramento das empresas no Simples Nacional. O limite de R$ 2,4 milhões prevaleceu de 2006 a 2012. Em 2013, esse limite subiu para R$ 3,6 milhões. O senhor vê possibilidade do limite subir, a curto prazo, para R$ 4,5 milhões, como reivindicam algumas entidades? É muito difícil que esta elevação do teto ocorra. O atual estágio da negociação no Congresso Federal já demonstrou que este ponto está praticamente fora da agenda deste ano. As atuais dificuldades de cumprimento da meta de superávit primário do Governo Federal barraram esta discussão, já que, supostamente, um aumento do teto implicaria em renúncia fiscal.
Bruno Breithaupt
Este importante tema, que garantiria a reconstituição das perdas inflacionárias e um novo impulso ao Simples, além de uma maior racionalização da carga tributária, fica de fora este ano. Qual seria o efeito da aprovação dos projetos mencionados na cultura empreendedora do País e na geração de emprego e renda? A aprovação dos projetos representaria um importante incentivo ao segmento das micros e pequenas empresas, já que avançaria na garantia de um regime efetivamente diferenciado. As MPEs são a base da economia. Apesar de não serem as empresas que mais arrecadam, são aquelas que mais contratam, garantindo emprego e renda e uma sólida base econômica e social. Enquanto o Governo Federal envolve-se muito diretamente nos debates e parece disposto ao avanço que o senhor defende, porque razão os governos estaduais (e até municipais) aparentemente não demonstram o mesmo interesse? Seria receio de perder arrecadação? Ou ausência de compromisso com as políticas públicas voltadas para as micros e pequenas empresas? O Governo Federal recuou no avanço do projeto, que poderia entrar em questões mais “espinhosas”. Atuaram também com grande peso as secretarias estaduais da Fazenda, reunidas no Confaz. Assuntos como a Substituição Tributária não avançaram como deveriam, em função deste receio de perda de receita pelos estados e pela União. Apesar disso, em Santa Catarina, recentemente foi aprovado um Estatuto estadual da MPE, com destacada atuação da Fecomércio-SC. Acreditamos que o assunto só tem movimento, no âmbito federal ou estadual, a partir da atuação política dos reais interessados, as entidades empresariais, principalmente as
ENTREVISTA
ligadas ao comércio, onde predominam as micros e pequenas empresas. O ministro Guilherme Afif tem sido um crítico mordaz da burocracia e parece inclinado a deslanchar um ataque a esse problema que aflige a todas as empresas e cidadãos. Qual o seu entendimento a respeito da burocracia e seus efeitos nos negócios? Seria o momento das entidades empresariais criarem novo foco de defesa dos interesses das empresas, especialmente das MPEs? A burocracia é um dos grandes inimigos dos negócios, principalmente daqueles que estão iniciando, em grande parte pertencentes ao segmento das MPEs. Um empreendedor não pode ver seus esforços frustrados pela dificuldade em abrir sua empresa, recolher seus impostos, contratar empregados e todas as outras atividades de caráter burocrático. Uma empresa de micro ou pequeno porte não tem recursos para se assessorar de advogados, contadores, economistas, engenheiros e todos os demais profissionais que cuidam de aspectos ligados à burocracia. O regime diferenciado, com menos burocracia no pagamento de tributos, se configurou em importante elemento de incentivo ao empreendedorismo. Além do combate à ST no Simples Nacional – visando preservar o tratamento diferenciado no pagamento de impostos –, é preciso avançar em outros regimes simplificados. É necessário, por exemplo, um Simples Trabalhista, facilitando a contratação de mão de obra, potencializando o acesso das MPEs aos mercados internacionais. Por isso mesmo, o universo de defesa do Simples precisa ser ampliado, inclusive como maneira indireta de levar a cabo algumas reformas fundamentais para a economia brasileira, fazendo das MPEs um primeiro passo, para, no futuro, alcançar a simplificação para todos os segmentos econômicos, sejam eles micros, pequenos, médios ou grandes. CNC Notícias
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PESQUISAS NACIONAIS CNC
Intenção de consumo dos brasileiros volta a cair A alta acima do esperado de preços em abril, o nível elevado de endividamento e o aumento do custo do crédito vêm refletindo em um maior comedimento do consumo
A
persistência da inflação e a oferta de crédito mais caro pós-aumento da Selic, a taxa básica referencial de juros da economia, influenciaram negativamente a decisão de consumo dos brasileiros, que recuou pelo segundo mês consecutivo. A pesquisa sobre a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) realizada pela Divisão Econômica da CNC constatou uma queda de 0,3% em abril, na comparação com o mês imediatamente anterior, e de 4,1% em relação a abril de 2013. O índice está no menor patamar desde agosto do ano passado. A ICF é composta por sete componentes. Quatro deles, Emprego atual, Renda atual, Compra a prazo e Nível de consumo atual, comparam a expectativa do consumidor em relação à igual período do ano passado. Os demais itens referem-se a perspectivas de melhoria profissional para os próximos seis meses, expectativas de consumo para os próximos três meses e avaliação do momento atual quanto à aquisição de bens duráveis. Na comparação mensal, a maior parte dos componentes da pesquisa registrou variações negativas, exceto pelos quesitos Emprego atual e Perspectiva de consumo, que exibiram leve aumento. Já na comparação anual, a ICF apresentou variação negativa em todos os itens da pesquisa, como já havia ocorrido no mês anterior. A alta acima do esperado do nível de preços no período, o nível elevado de endi-
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vidamento e o aumento do custo do crédito vêm refletindo em um maior comedimento do consumo. Na mesma base de comparação, o último resultado positivo foi em dezembro de 2012. Na avaliação em que se leva em conta o grupo salarial dos entrevistados, observou-se que o nível de confiança das famílias com renda abaixo de dez salários mínimos manteve-se praticamente estável, com elevação de 0,1% na comparação mensal. Já entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos houve retração de 1,6%. O componente Emprego atual registrou pequena elevação em relação a março (0,3%), porém mostrou queda de 2,4% na comparação com abril de 2013. Mesmo que tenho sido pequena percentualmente, a sensação de segurança de famílias no que diz respeito a seu emprego subiu de 45,6% em março para 45,8% em abril. Ao mesmo tempo, o item relacionado à renda apresentou redução, igualmente pequena, de 0,1%, na comparação mensal. Ante o mês de abril de 2013, a queda foi bem mais elevada, de 2%. A lenta recuperação da atividade vem comprometendo a confiança em relação ao emprego e à renda. Apesar da desaceleração, a manutenção das condições favoráveis do mercado de trabalho, com baixa taxa de desemprego, deverá sustentar o otimismo das famílias em um nível favorável nos próximos meses.
PESQUISAS NACIONAIS CNC Indicador
abr/2014
Variação mensal
Variação anual
Emprego atual
132,5
+ 0,3%
- 2,4%
Perspectiva profissional
127,5
- 2,3%
- 0,6%
Renda atual
139,5
- 0,1%
- 2%
Compras a prazo
129,4
- 0,3%
- 4,9%
Nível de consumo atual
98,2
0%
- 4,2%
Perspectiva de consumo
132,4
+ 0,7%
- 2,5%
Momento para duráveis
116,9
- 0,1%
- 12,3%
ICF
125,2
- 0,3%
- 4,1% Fonte: Pesquisa CNC
O componente Nível de consumo atual manteve-se estável na comparação mensal. Entretanto, em relação a abril de 2013, o item recuou 4,2%. A maior parte das famílias (36,6%) declarou estar com o nível de consumo igual ao do ano passado. Além dos indicadores percentuais, os resultados da ICF podem ser avaliados sob o ângulo do grau de satisfação ou insatisfação dos consumidores. Índices abaixo de 100 pontos indicam uma percepção de insatisfação; acima de 100 (com limite de 200 pontos) indicam o grau de satisfação. O indicador Nível de consumo atual alcançou, em abril, 98,2 pontos, o menor resultado da série histórica. O crédito ainda mais caro e o nível de endividamento das famílias, que voltou a subir (veja matéria nas páginas 26 e 27), mais uma vez impactaram negativamente a intenção de Compras a prazo. O componente apresentou recuo de 0,3% na variação mensal e de 4,9% em relação ao mesmo período do ano passado. O item Momento para duráveis recuou 0,1% na comparação mensal. Em relação a abril de 2013, houve forte queda de 12,3%. O economista da CNC justificou que os mesmos fatores incidentes dos últi-
mos meses, como o aumento das taxas de juros, a maior volatilidade da taxa de câmbio e a ausência de medidas de estímulo, vêm mantendo a intenção de consumo em patamar inferior ao do mesmo período do ano passado. Os 18 mil pesquisados pela CNC responderam ainda sobre suas expectativas em relação à Perspectiva profissional e revelaram menor otimismo: recuo de 2,3% na comparação mensal e de 0,6% sobre o mesmo período de 2013. A maior parte das famílias (59,6%) considera positivo o cenário para os próximos seis meses. O índice situou-se em 127,5 pontos, indicando um nível favorável de satisfação. O item Perspectiva de consumo registrou aumento de 0,7% em abril em relação a março. Na comparação anual, o indicador apresentou recuo de 2,5%. Nessa mesma base de comparação, as famílias com renda de até dez salários mínimos registraram redução de 0,7%, ao passo que aquelas com renda acima de dez salários apresentaram queda de 10,6%. A previsão da Divisão Econômica da CNC é de que o volume de vendas do varejo tenha um crescimento ao redor de 4,9% em 2014.
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PESQUISAS NACIONAIS CNC
Endividamento de famílias sobe de novo em abril O cartão de crédito, como tem mostrado a CNC, foi apontado pelas famílias como o principal tipo de dívida
D
epois de um pequeno recuo em março, voltou a subir em abril o percentual de famílias com dívidas, que chegou a 62,3%, ante 61% no mês anterior. Houve, no entanto, um leve recuo na comparação com o índice de abril do ano passado (62,9%), como constatou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) da CNC. O estudo abrange dívidas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, financiamento habitacional, prestação de carro e seguro. O cartão de crédito, como o levantamento tem continuamente mostrado, foi apontado por 74,8% das famílias como o principal tipo de dívida. Seguem-se os carnês (16,9%) e o financiamento de veículo (13,8%). Observou-se que as famílias têm se mostrado mais cautelosas em relação ao seu endividamento. Segundo a economista Marianne Hanson, da Divisão Econômica, responsável pelo trabalho, isso se explica pela alta do custo do crédito, que desestimula a contratação de novos empréstimos ou financiamento. A alta do indicador foi observada nos dois grupos de renda da pesquisa, que tem dados coletados em todas as capitais dos estados e no Distrito Federal, com cerca de 18.000 consumidores. Para as famílias que
ganham até dez salários mínimos, o percentual de famílias endividadas foi de 64,1% em abril de 2014, ante 63,5% em março deste ano e 63,8% em abril de 2013. Para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de famílias endividadas teve alta expressiva: passou de 49,6% em março para 53,3% em abril. Neste mesmo mês no ano passado, o percentual de famílias com dívidas nesse grupo era de 58,5%. Na comparação anual, houve queda apenas para a faixa de maior renda. O item “dívidas ou contas em atraso” da pesquisa acompanhou o comportamento do indicador de famílias endividadas: alta na comparação mensal (que foi de 20,8% para 21%) e queda em relação a abril de 2013, quando esse indicador alcançava 21,5% do total. A elevação do número de famílias com contas ou dívidas em atraso de março para abril de 2014 se deveu ao comportamento observado na faixa de renda inferior a dez salários mínimos, revelou a economista. Na comparação anual, se observou queda em ambas as faixas de renda. Entre as famílias com ganho menor, o percentual passou de 23,3%, em março, para 23,5% em abril de 2014. Em abril de 2013, 23,8% das famílias nessa faixa de renda haviam declarado ter contas em atra-
Peic – Síntese dos resultados (% em relação ao total de famílias) Total de endividados
Dívidas ou contas em atraso
Não terão condições de pagar
Abr. de 2013
62,9%
21,5%
6,7%
Mar. de 2014
61%
20,8%
7,1%
Abr. de 2014
62,3%
21%
6,9% Fonte: Pesquisa CNC
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so. Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, segundo ela, o percentual de inadimplentes alcançou 10,5% em abril de 2014, ante 10,7% no mês anterior e 11,2% em abril de 2013. Outro resultado interessante da Peic foi a queda, na comparação mensal, do percentual de famílias que permanecerão inadimplentes porque declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso (7,1% em março e 6,9% em abril). Em relação em abril de 2013, o índice chegou a 6,7%. Em relação aos indicadores de inadimplência, registrou-se a terceira alta consecutiva mensal. Essa tendência ascendente se explica pela sazonalidade (situação ou fato que ocorre tradicionalmente num período específico do ano) e também pelo elevado custo do crédito. “As famílias que não conseguiram reduzir o seu endividamento e demandaram novos créditos, tiveram que pagar prestações com taxas de juros maiores, comprometendo ainda mais a sua renda. Esses fatores influenciaram na percepção menos favorável quanto à capacidade de pagamento das famílias”, comenta Marianne Hanson. A análise por faixa de renda do percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso também mostrou comportamento distinto entre os grupos de renda pesquisados. No de faixa salarial maior, o indicador alcan-
çou 2,5% em abril de 2014, contra 2,4% no mês anterior e 2,7% em abril de 2013. Para o grupo com renda de até dez salários mínimos, o percentual de famílias sem condições de quitar seus débitos recuou de 8,6%, em março de 2014, para 8,3% em abril. Em relação a abril do ano passado, houve elevação de 0,6 ponto percentual. A proporção das famílias que se declararam muito endividadas aumentou entre os meses de março e abril de 2014 – de 11% para 11,8% do total de pesquisados. Na comparação anual, contudo, houve redução nesse indicador. Ainda na comparação entre abril de 2013 e abril de 2014, a parcela que declarou estar mais ou menos endividada passou de 22,2% para 24,1%, e a parcela pouco endividada passou de 28,5% para 26,3% do total dos endividados. Finalmente, a Peic apurou que, em abril, foi de 59,8 dias o tempo médio de atraso entre as famílias com contas ou dívidas não quitadas. O tempo supera os 58,1 dias de abril de 2013. O tempo médio de comprometimento com dívidas entre as famílias endividadas foi de 6,9 meses, sendo que 26,6% estão comprometidas com dívidas de até três meses, e 31,9%, por mais de um ano. Para os próximos meses, a Divisão Econômica da CNC avalia que o cenário vai continuar desfavorável na questão do endividamento das famílias, que devem se manter mais cautelosas. CNC Notícias
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Quadro econômico incerto reduz confiança do empresário A percepção menos favorável das condições econômicas correntes foi a maior responsável por essa retração mensal, na avaliação da Divisão Econômica da CNC
A
confiança dos empresários do comércio continua recuando e, em abril, esse indicador registrou queda mensal pelo sexto mês consecutivo. Com esse resultado, chegou ao nível mais baixo em 22 meses, aproximando-se do piso histórico em toda a série da pesquisa Índice de confiança do empresário do comércio (Icec), registrado em julho de 2012. O Icec é apurado exclusivamente entre os tomadores de decisão de aproximadamente seis mil empresas do varejo, localizadas em todas as capitais do País. Seu objetivo é detectar as tendências das ações empresariais do setor. A percepção menos favorável das condições econômicas correntes foi a maior responsável por essa retração mensal, avalia o economista Fabio Bentes, que
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coordena a pesquisa realizada pela Divisão Econômica da CNC. No comparativo anual, houve queda de todos os componentes do Icec, o que ocorre pelo segundo mês consecutivo. Um dos três subindicadores do Icec, o Índice de condições atuais do empresário do comércio (Icaec) caiu 10,6% na comparação anual e se manteve, pelo terceiro mês seguido, no nível de insatisfação (abaixo dos 100 pontos). O Icaec compara a situação econômica do País, do setor de atuação e da própria empresa, em relação ao mesmo período do ano anterior. Tanto em relação a abril de 2013 quanto no comparativo com o mês anterior (-0,4%), a avaliação menos favorável da economia foi o item que apresentou os maiores recuos. No comparativo mensal,
PESQUISAS NACIONAIS CNC Índice de confiança dos empresários do comércio – 2011 a 2013 135
130
125 2011 120
2012 2013
115
2014 110
105
JAN.
FEV.
MAR.
ABR.
MAIO
JUN.
JUL.
AGO.
SET.
OUT.
NOV.
DEZ.
Fonte: Pesquisa CNC
somente as condições correntes das empresas dos entrevistados revelou crescimento. A avaliação das condições correntes da economia atingiu o menor patamar desde o início da pesquisa, informou Bentes. Para 63,3% dos empresários consultados, houve piora no cenário econômico nos últimos 12 meses. Em abril do ano passado, essa percepção atingia 51,5% dos entrevistados. O Índice de expectativas do empresário do comércio (Ieec) foi outro subindicador que teve desempenho fraco. Apesar do patamar ainda elevado em abril, os seis comparativos dos seus componentes registram retrações. O Ieec também avalia a situação econômica do País, do setor de atuação e da própria empresa, porém em relação ao futuro a curto prazo. “O arrefecimento do otimismo dos empresários do comércio é concomitante à queda na avaliação das condições correntes, uma vez que no comparativo anual, ambos os subíndices passaram a registrar variações negativas desde agosto de 2013”, explicou o economista da CNC. Em relação a março, a maior queda mensal se deu na perspectiva para o setor. Ainda assim, 81,3% das empresas esperam um cenário melhor para o comércio nos próximos meses. Regionalmente, o Norte (163,5 pontos) e o Centro-Oeste (155,7) são as regiões onde estão os empresários com os maiores graus de otimismo. Nos últimos 12 meses, essas mesmas regiões são as que acumulam o maior aumento do volume de vendas do varejo, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio feita pelo IBGE.
Após dois meses contribuindo para derrubar a confiança dos empresários do comércio, o item que apura as intenções de contratação voltou a reagir positivamente em abril. Dentre as empresas pesquisadas, 70,1% devem contratar nos próximos meses. Porém, a maioria (55%) deve fazê-lo de forma moderada. Esse item foi o único a apresentar variação positiva no Índice de investimento do empresário do comércio (Iiec), na passagem de março para abril. Esse subindicador do Icec avalia a expectativa de contratação de funcionários para os próximos meses, o nível de investimentos em relação ao mesmo período do ano anterior e o patamar atual dos estoques diante da programação de vendas. A CNC projeta para este ano a abertura de 339,9 mil postos de trabalho no comércio, contra as 310,4 mil de 2013. Os demais componentes do Iiec apresentaram quedas, tanto na comparação mensal quanto na anual. As quedas na intenção de investimentos refletem o encarecimento do crédito para capital de giro, cuja taxa atual (21,8% ao ano) se encontra no patamar mais elevado desde abril de 2012 (23% ao ano). O investimento em estoques, por sua vez, revela a mesma inconstância dos últimos meses. Esse comportamento reflete as incertezas em relação ao desempenho das vendas nos próximos meses, por conta do aumento dos preços de alimentos, luz e gasolina, taxas de juros mais altas e expectativa de inflação em torno de 6,5%. CNC Notícias
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CONJUNTURA ARTIGO ECONÔMICA
O crédito fácil e a inflação O consultor econômico da CNC, Ernane Galvêas, critica a alta oferta de crédito por parte de dois grandes bancos, e aborda o cenário atual do Brasil, analisando os movimentos sociais que acontecem desde junho de 2013
A
atual política econômica do Brasil está baseada na expansão fácil do crédito, subsidiada pelo BNDES e pela Caixa Econômica, cujos recursos são, basicamente, fornecidos pelo governo. Nos últimos 12 meses, a expansão do BNDES chegou a 15,9% e a da CEF a 32,2%. Nas economias modernas, o crédito substituiu a moeda como instrumento de liquidez. Na medida em que essa liquidez é gerada pelos dois grandes bancos públicos, ela se derrama por toda a economia, em ritmo superior à geração de bens e serviços. Em consequência, surgem as pressões inflacionárias. Ao lado do déficit público, a expansão do crédito é, sem dúvida, a causa mais importante da inflação. A ação do governo, pois, gera a inflação, com permanente tendência para superar os 6,5% da meta superior explicitada pela política monetária. Então, o governo, para controlar a inflação que ele próprio gerou, recorre ao expediente relativamente fácil – e desaconselhável – de represar os reajustes de preços dos combustíveis, da energia elétrica, dos transportes urbanos, além de utilizar a taxa de câmbio com esse mesmo propósito. Por essa via, conseguiu desestruturar administrativa e financeiramente duas das mais importantes empresas nacionais, a Petrobras e a Eletrobras. Esse é o “angu de caroço” com que convive hoje a economia brasileira. E
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como uma coisa puxa a outra, as pressões inflacionárias que se alimentam do déficit público e da expansão do crédito levaram a outro equívoco, qual seja o da elevação da taxa de juros básica e da valorização cambial, cujos resultados, somados, constrangem a poupança nacional e os investimentos, dando origem ao déficit persistente nas contas-correntes do balanço de pagamentos. Pôr ordem nesse imbróglio financeiro e fiscal não vai ser fácil. Conjuntura político-social A rigor, não existe no Brasil uma situação econômica de crise, embora seja crítica a fase que atravessa a indústria e a paralisação do comércio exterior. No contexto econômico global, o crescimento econômico em torno de 2% neste ano não configura recessão, do mesmo modo que a inflação ao nível de 6,5% continua administrável. E temos ainda a taxa de desemprego no nível histórico mais baixo (5%). O que realmente tumultua e preocupa, na conjuntura atual, é o estado social fora da lei e da ordem. Vários grupos de baderneiros se organizam como milícias, que se entrosam e se programam por meios eletrônicos, com rapidez e alcance surpreendentes. Os baderneiros aproveitam as manifestações cívicas pa-
CONJUNTURA ECONÔMICA
A expansão do crédito é a causa mais importante da inflação
Ernane Galvêas Consultor econômico da CNC
cíficas e as greves legais e vão às ruas como vândalos, quebrando vitrines de lojas e bancos, incendiando ônibus. Na greve dos motoristas no Rio de Janeiro, foram incendiados 467 ônibus, deixando a população sem meios para regressar às suas casas no final do dia. O que se vê nos movimentos de rua, desde meados do ano passado, é a falta de uma reação eficiente do poder público, capaz de assegurar a lei e a ordem, como manda a Constituição da República, e contrapor-se à baderna e à violência. O Brasil se equipara, hoje, a muitos países africanos e também à vizinha Venezuela, uma espécie de antessala do Brasil de amanhã. Atividades econômicas O grande drama que o País vive, neste momento, é a perspectiva de racionamento de energia, por falta d’água nos reservatórios da região Sudeste. A falta de chuvas ameaça 200 cidades paulistas. O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos informa, com base nos dados da PNAD-IBGE, que o PIB cresceu na última década 27,8%, enquanto a renda média avançou 52% e o extrato dos 10% mais pobres teve ganhos de renda de 106%. Esses seriam os benefícios proporcionados pela política social. Por outro lado, pesquisa divulgada pelo Jornal Valor esclarece que 88% dos
300 executivos brasileiros consultados não planejaram aumentar seus investimentos em função da Copa do Mundo. Da mesma forma, o consumidor brasileiro está mais pessimista sobre a situação financeira e o emprego (ACSP). A inadimplência no varejo teve crescimento recorde de 8,6% em abril, em relação a abril de 2013. Comércio O comércio varejista continua crescendo fortemente, mas perdendo força. Em março, as vendas dos supermercados caíram 7,8% em relação a março de 2013, mas subiram 6,9% ante fevereiro. No acumulado do ano, subiram 5,18% (Abras). Entre janeiro e fevereiro, a receita do setor de Serviços caiu 3,0%, principalmente Serviços prestados às famílias (-12,2%). De acordo com as previsões da CNC, as vendas do varejo devem chegar a 5%, em 2014. A inflação persistente corrói o poder de compra dos consumidores. A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) caiu 4,1% em abril, ante abril de 2013. Em São Paulo, 51,1% das famílias estão endividadas (Peic – Fecomércio-SP). A greve rodoviária no Rio de Janeiro terá produzido uma queda de 70% nas vendas (CDL-Rio). O mercado de navegação doméstica (cabotagem) cresceu 27% no 1º trimestre.
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ARTIGO
Reforma dos portos não zarpa Licitações atrasadas e incertezas quanto à gestão das docas e à contratação de práticos são alguns dos entraves para a implementação da nova lei dos portos, aponta Luiz Claudio de Pinho Almeida, economista da CNC e representante da entidade na Comissão Portos
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Lei nº 12.815/2013 – nova Lei dos Portos – que teria o condão de atrair investimentos e soltar as amarras do sistema portuário brasileiro, infelizmente ainda não deixou o cais. De acordo com os planos do governo, seriam aplicados mais de R$ 54 bilhões em investimentos privados até 2017, sendo que R$ 31 bilhões até 2015. Com essas inversões seria possível lograr a modernização e aumento da capacidade de operação dos portos, a redução de prazos e custos e a mudança do modelo de gestão. O assunto foi encaminhado através de Medida Provisória – a seguir transformada em Lei, onde a iniciativa privada foi ouvida, mas pouco atendida em relação à construção do modelo. Os setores empresariais mais sensíveis ao tema têm buscado o diá logo construtivo com as autoridades. Em março a Comissão Portos – onde a CNC mantém representação – realizou reunião com o ministro chefe da Secretaria Especial dos Portos, Antônio Henrique Pinheiro Silveira, quando foi feito um balanço, com resultado distante do desejável, sobre a implantação das medidas propugnadas na nova Lei dos Portos. Até o momento, ainda não foi possível realizar as licitações para exploração dos
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Lotes 1 (abrangendo o Porto de Santos e os Portos do Pará) e 2 (que cobre Paranaguá, Salvador, Aratu e São Sebastião), inicialmente previstas para janeiro desse ano. Em outubro de 2013, os estudos do lote 1 e 2 foram entregues ao TCU, que em dezembro determinou 19 alterações. Além disso, o TCU recomendou a reabertura da consulta pública do Lote 2. Após a adequação, as propostas foram submetidas novamente ao TCU em janeiro de 2014. Novos pareceres técnicos ficaram prontos em abril e já estão sendo analisados pelos relatores. Assim, os leilões do Lote 1 talvez só ocorram em maio. E os demais lotes também irão sofrer atrasos substantivos. O processo de licitação de dragagem vinha correndo dentro do previsto. Foram lançados os editais de Santos e Fortaleza, mas sem sucesso. Nenhuma das propostas dentro do Regime diferenciado de contratação atingiu o referencial econômico do governo. Quanto à implantação de um novo modelo de gestão das docas, existem representações no TCU e na Justiça. O processo de mudança, que seria iniciado pelo porto de Santos e pelos portos do Pará, irá experimentar significativo atraso. A empresa vencedora da licitação teve o resultado
ARTIGO
Terminais de uso privativo podem reduzir custos operacionais
Luiz Claudio de Pinho Almeida Economista da CNC
questionado por outra concorrente, que considerou a qualificação viciada, levando ao questionamento judicial. Em relação à decisão de elevar o número de práticos em 50%, já foi realizado concurso, ainda em 2013. No entanto, dezenas de ações e liminares impedem a posse da nova turma. Já os candidatos aprovados, também vêm ingressando na justiça, para tentar garantir o seu direito às vagas. Mas a maior vitória até agora foi do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra), que, liminarmente, embargou o processo. O escoamento da safra de 2014 pelo Porto de Santos foi objeto de um esquema emergencial, que funcionou bem, evitando o caos de 2013. Mas uma solução definitiva esbarra no conflito porto x cidade. A população de Santos é contrária ao crescimento do porto e a prefeitura da cidade baixou lei municipal visando conter qualquer novo avanço. Quanto aos TUPs (Terminais de Uso Privativo), o processo está seguindo com mais consistência. Através dos TUPs as empresas podem escoar cargas de terceiros, além das próprias. Antes só podiam operar cargas próprias através de seus terminais. Assim, o sistema só servia a
empresas como Petrobras, CSN, Vale e demais gigantes da mineração e agronegócio. Embora o investimento nos TUPs seja elevado, várias empresas foram constituídas com a finalidade específica de atuar no setor. Ou seja, os antigos terminais privados, que eram tão somente uma etapa no processo operacional das companhias, passaram a ser também um negócio aberto a investidores. As vantagens dos TUPs em relação aos portos públicos se referem, principalmente, à redução dos custos de operação. Existem em curso vinte solicitações de construção de TUPs, e já estão sendo firmados os primeiros aditivos de prorrogação antecipada de contratos, com a previsão de investimentos pesados. No entanto, um interesse maior poderá ser gerado, a partir do equacionamento de questões como o equilíbrio econômico e financeiro dos contratos de concessão anteriores, onerados pelo pagamento de taxa de outorga, o que não ocorre com os novos contratos, onde a licitação estabelece como vencedor o concorrente que apresentar o menor custo e a maior capacidade de movimentação de carga. Esses são alguns dos problemas que vêm tornando a reforma portuária um nó de marinheiro difícil de desatar.
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EM FOCO
Muita água no norte... Cheia do rio Madeira deixa milhares de desalojados e provoca impactos na economia de Rondônia e do Acre
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s águas começaram a baixar no mês de maio em Rondônia, após mais de três meses de cheia do rio Madeira, que corta o estado e passa também pelo Amazonas. A maior cheia da história do rio fez com que as águas atingissem mais de 20 metros acima do nível normal, inundando ruas, casas e pontos turísticos, como o Parque da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Os prejuízos foram sentidos também no Acre, porque o transbordamento do rio bloqueou parte da BR-364, principal ligação por terra do estado com Rondônia e com o resto do País. Em pouco tempo, o estado viu sinais de desabastecimento de itens básicos, como leite, combustíveis e medicamentos, entre outros. Segundo levantamento da Fecomércio-AC, 75% dos empresários acreanos consideravam agravantes as consequências para o comércio das inundações, e outros 43% demonstraram preocupação com o comprometimento do fluxo de caixa. Atuação do Sistema Comércio
Caminhão tenta passar pela BR364, única ligação por terra entre Rondônia e Acre
A atuação da Fecomércio-AC e da Fecomércio-RO, junto com o Sesc e o Senac, foi fundamental para a definição de ações que pudessem minimizar os impactos da cheia na economia local e também na rotina das famílias atingidas pelas enchentes. Estima-se que, apenas em Rondônia, o número de desabrigados tenha passado de 20 mil. Em Rondônia, com o nível do rio já baixando, começa a articulação para a recons-
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trução do estado. Em abril, foi realizado um encontro com representantes dos governos do Acre e de Rondônia, parlamentares, representantes do setor produtivo e 31 entidades governamentais e da sociedade organizada. “Os impactos são muito grandes e difusos, porém sabemos que somente agora, com a liberação da BR-364 no trecho entre Jacy-Paraná e Abunã é que as mercadorias vendidas em fevereiro poderão ser entregues”, afirmou o presidente da Fecomércio-RO, Raniery Coelho. Segundo o presidente da Fecomércio-AC, Leandro Domingos, os prejuízos são significativos, mas, com apoio do governo será possível amenizar a situação enfrentada pelos comerciantes. “O governo fez o esforço de postergar a cobrança do ICMS, mas acreditamos que ainda não é o suficiente. Precisamos conversar com os bancos para atenuar a situação dos nossos empresários. Além disso, temos realizado constantemente uma análise para detectar os produtos em falta, para depois fazer a reposição”, sugeriu. Sesc Solidário O Departamento Nacional do Sesc, por meio do programa Sesc Solidário, enviou para os dois estados atingidos pela enchente 106.862,1 quilos de alimentos para as famílias desabrigadas. O primeiro carregamento chegou a Porto Velho em 16 de abril. Já no Acre, os produtos foram distribuídos em 7 de maio. O Mesa Brasil montou 1.500 cestas básicas. “Esses alimentos deverão atender mais de 2.400 famílias. No total, temos uma estimativa de que cerca de 6.500 pessoas sejam beneficiadas com a entrega dos sacolões,” destaca a diretora regional do Sesc no Acre, Débora Dantas.
EM FOCO
...pouca água em São Paulo Sistema Cantareira, principal rede de abastecimento da maior metrópole da América Latina, atinge 8% da capacidade
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região metropolitana de São Paulo sofre desde o começo deste ano com a falta de abastecimento do sistema Cantareira, reservatório de água controlado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) que atende 8,45 milhões de pessoas. Outras 1,41 milhão de pessoas que não são atendidas pela Sabesp recebem água da represa. Segundo o governo paulista, o mês de janeiro teve apenas 87,8 milímetros de chuva, o pior índice em 84 anos (a média histórica é de 260 milímetros). Em maio, o sistema Cantareira atingiu o pior patamar da história, com apenas 8,2% de toda a sua capacidade. Atualmente, Cantareira opera com o chamado “volume morto”, reserva de 400 milhões de metros cúbicos de água que fica embaixo da represa e que aumentou o volume para cerca de 27%. Segundo a Sabesp e a Agência Nacional de Águas (ANA), a reserva do volume morto deve durar até novembro. Apesar disso, os problemas com a falta de água já começam a preocupar consumidores e empresas. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (Fecomércio-SP) tem orientado os empresários do comércio a adotar medidas de racionalização no uso de água que garantam a redução de consumo, como por exemplo, substituição de torneiras por outras com menor pressão e se possível, o armazenamento de água ou seu reuso. Os maiores prejudicados, no entanto, são os micros e pequenos empresários. “O grande comércio até pode se defender com poço artesiano ou reuso, mas os menores têm de seguir as dicas de economia”, afirmou o professor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomércio-SP, José Goldemberg. Em 2009, em parceria com a Sabesp, a federação elaborou uma cartilha para conscientizar os empresários paulista-
nos quanto ao uso racional da água no comércio. O material deve ser reeditado em breve. “Eliminar vazamentos de torneiras, evitar banhos prolongados ou limpar a calçada com vassoura são algumas das alternativas para a redução do consumo. Porém, quando a necessidade de contenção acaba, devido a chuvas abundantes, essas boas práticas devem permanecer e, a partir daí, os hábitos de consumo realmente mudam”, explicou José Goldemberg. A federação paulista também afirma que os impactos ainda não foram sentidos de forma tão intensa porque não foi introduzido o racionamento de água. O governo do estado de São Paulo adotou medidas para quem consumir menos água, como desconto de 30% na conta para quem reduzir o gasto do volume de água em 20% e, no sentido inverso, multa para os que aumentarem o consumo. Para o professor, no entanto, não deve haver prejuízos para a Copa do Mundo em São Paulo por conta do baixo abastecimento. “O uso do volume morto da Cantareira elevou o nível do reservatório, o que deve permitir a regularização do fornecimento de água da Sabesp até o fim do ano, mesmo se não chover”, concluiu.
José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomércio-SP
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EM FOCO
Sindicatos se unem por menos tributação
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Adelmir Santana (à esq.) na abertura do evento. À dir., Fernando Gonzáles, gerente de TI da CNC
Diminuição da alta carga tributária foi o principal tema debatido no 30º Congresso Nacional de Sindicatos Patronais, realizado em Minas Gerais
indicatos de todo o Brasil se reuniram entre 9 e 11 de abril, em Belo Horizonte (MG), para o 30º Congresso Nacional dos Sindicatos Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Conasipa). Em 2014, o evento mudou de “Encontro” para “Congresso”, alinhando-se à proporção que o encontro tem tomado nos últimos anos. “Há 30 anos o Congresso reúne empresários e sindicalistas, buscando o intercâmbio de ideias para promover o desenvolvimento do comércio”, afirmou o vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Adelmir Santana. Representando o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, Santana discursou na abertura do evento e criticou a alta carga tributária que incide sobre os empresários do comércio. “O empresário é duramente atingido pela adversidade dos impostos oriundos de estados e municípios”, afirmou Santana, que também é presidente da Fecomércio-DF. A abertura teve ainda a presença do governador de Minas Gerais, Alberto Pinto Coelho, do prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, do presidente do Sindilojas-BH e anfitrião do evento,
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Nadim Donato Filho, e do presidente do Sindilojas-SP, eleito patrono do evento, Ruy Nazarian. O 30º Conasipa foi palco de reuniões temáticas separadas por grupos de assessores jurídicos, executivos e de comunicação. Além disso, o evento também trouxe painéis com assuntos específicos por áreas de atuação, como shoppings centers, comércio de rua, franquias e turismo. Palestras O ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Afif Domingos, realizou palestra sobre o Simples Nacional. Segundo ele, é preciso impedir que a cultura da burocracia continue no Brasil. “Precisamos direcionar nosso tempo e energia para acabar com a burocratização, gerando mais vendas e maior capacidade de produção. Já fizemos muito com o Simples Nacional e com a implantação dos Microempreendedores Individuais (MEIs), mas podemos fazer muito mais”, afirmou Domingos. O evento também teve palestra sobre Inovação em Sindicatos, realizada pelo gerente de Tecnologia da Informação da CNC, Fernando Gonzáles, e conduzida pelo presidente do Sindilojas-RJ, Aldo Gonçalves.
PRODUTOS CNC
Equipe Deplan: Roberto Santos, Jorge Albino, Roberto Defacio, Ester Vasconcelos, Vivian Cunha, Quênia Baptista, Lilian Barbosa, Cylene Dutra e Daniel Lopez (na foto menor)
CNC promove melhorias nas práticas de gestão Escritórios de projetos, processos e orçamento da entidade completam dois anos de atividade
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Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sempre buscou implementar práticas que possibilitem a melhoria de suas atividades na defesa dos empresários dos setores que representa. Isso diz respeito também à gestão interna dos processos da entidade. Desde 2012, novas subdivisões do Departamento de Planejamento (Deplan) da CNC trabalham com o objetivo de acompanhar e gerenciar as ações da entidade, promovendo melhorias em diversos setores. São eles, o Escritório de Projetos, o Escritório de Processos e o núcleo de Orçamento Gerencial. A iniciativa partiu de um trabalho em parceria com a Fundação Dom Cabral, realizado em 2011, que trouxe o conhecimento necessário para a implementação das áreas. A criação dos escritórios permitiu à CNC priorizar projetos, acompanhar o seu desempenho, e controlar custos. O Escritório de Projetos, por exemplo, tem a responsabilidade de gerenciar o portfólio de projetos da CNC e dar suporte à sua implementação. O Escritório de Processos avalia e gerencia os processos mapeados, dando suporte à realização destes, integrando os múltiplos processos e consolidando suas informações. Já a área de Orçamento Gerencial consolida e administra o orçamento realizado pelas
áreas da CNC, provendo suporte técnico e acompanhando seus resultados. “Hoje temos um maior controle das etapas e melhor definição de escopo dos projetos, além de termos melhorado as ações de planejamento e orçamento”, afirma o chefe do Deplan, Daniel Lopez. A partir da criação destes núcleos, iniciativas importantes para o Sicomércio passaram a ter acompanhamento constante, em conjunto com as áreas técnicas da entidade. Uma dessas iniciativas é o Banco de Dados da Negociação Coletiva, um sistema que irá viabilizar a busca e registro de informações sobre acordos coletivos realizados pelas entidades sindicais patronais e laborais. “Este foi um trabalho que surgiu a partir das discussões da Comissão de Negociação Coletiva do Comércio (CNCC), criada para alinhar o trabalho das negociações em todo o sistema sindical patronal”, afirmou a assessora do Escritório de Projetos da CNC, Lilian Barbosa. Este projeto está atualmente em fase de finalização. Outros projetos que estão sendo acompanhados e irão impactar no trabalho das entidades do Sicomércio são a melhoria do Sistema de Gestão das Representações (SGR) e o Sistema de Informação Parlamentar (SIP), que gerenciam as informações das representações da CNC e da atividade parlamentar de interesse do empresariado, respectivamente. CNC Notícias
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TURISMO
Turismo apresenta reivindicações no Fórum Panrotas O ministro do Turismo, Vinicius Lages, prometeu usar os pedidos contidos no documento entregue pelas lideranças empresariais como base da sua gestão
O ministro Vinicius Lages (no primeiro plano à direita) recebe o documento com as reivindicações do turismo, junto com o deputado Renato Molling
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entrega do documento de reivindicações do setor ao ministro do Turismo, Vinicius Lages, ao candidato à presidência do País, senador Aécio Neves, e ao presidente da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, Renato Molling, foi um dos destaques do Fórum Panrotas – Tendências do Turismo 2014. Realizado nos dias 1º e 2 de abril, no Centro Fecomércio de Eventos, em São Paulo, o evento contou com apoio institucional da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O documento “Reivindicações da Indústria do Turismo” foi assinado por lideranças empresariais, como o presidente do Conselho de Turismo da CNC, Alexandre Sampaio, que também preside a Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares (FNHRBS). Segundo Sampaio, o documento também foi entregue ao ministro da Aviação Civil, Moreira Franco. “A CNC teve um papel importante, por ajudar a viabilizar o evento e construir, de forma conjunta, esse documento”, afirmou. A proposta do trabalho é consolidar as pautas reivindicadas pela cadeia produtiva do turismo, propor a criação de um canal de diálogo mais eficiente e trans-
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parente com o governo. Entre os pleitos, destacam-se a ampliação da malha aérea, a promoção do turismo doméstico e internacional, a facilitação da obtenção de vistos para estrangeiros e a contratação do trabalho de curta duração para o setor. O ministro Lages prometeu usar os pedidos como base da sua gestão à frente do Ministério. “Recebo o documento em um momento oportuno. A reflexão do setor se alinha à agenda de competitividade que o MTur vem trabalhando. Entendemos que precisamos construir juntos as soluções de crescimento do turismo e o Conselho Nacional de Turismo será o fórum para discutir essas questões”, afirmou. O documento também foi assinado por representantes de entidades como a Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), a Associação Brasileira de Empresa de Eventos (Abeoc) e a Associação Brasileiras de Operadoras de Turismo (Braztoa), entre outras. Em sua 12ª edição, o Fórum Panrotas 2014 debateu este ano os desafios do setor e temas referentes a distribuição, marketing e vendas.
TURISMO
Hotelaria debate propostas e tendências Conotel 2014 reúne principais lideranças e executivos do setor no Brasil, em evento marcado pelo foco no novo relacionamento com os clientes
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m dos mais expressivos eventos do setor de turismo no País, o 56º Congresso Nacional de Hotéis (Conotel) foi marcado pelo debate de uma pauta atualizada, que incluiu desde a política de concessão de vistos e questões de natureza tributária e trabalhista até as últimas tendências que estão transformando o relacionamento com os clientes na área de hospedagem. Este ano, o tema geral do Congresso foi justamente “A nova hotelaria a partir do hóspede”. Realizado de 9 a 11 de abril no Transamérica Expo Center, em São Paulo, pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional), o 56º Conotel teve patrocínio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Na abertura, Alexandre Sampaio falou sobre a aprovação da Lei de flexibilização dos vistos, que estava sendo avaliada desde 1994 e que, agora, depende apenas da sanção da presidente Dilma Rousseff. Sampaio fez um apelo ao deputado federal Renato Molling, presidente da Comissão de Turismo da Câmara, também presente à mesa de abertura do evento, para interceder por outras reivindicações do setor. “Precisamos que o Legislativo e o Executivo enveredem para o debate, já encaminhado, de flexibilização da legislação trabalhista, para possibilitar o trabalho de curtíssima duração e a inclu-
são do setor de alimentação fora do lar no Plano Brasil Maior”, afirmou Sampaio. Ele lembrou que o empresariado deve estar atento e se unir, para que esse projeto do atual governo, que desonera importantes setores da economia, seja mantido após 2014. Entre as reivindicações do setor, o presidente da ABIH Nacional, Enrico Fermi, anunciou que tinha recebido uma ligação do deputado Otávio Leite, informando sobre a aprovação da Lei de flexibilização dos vistos. “Nosso setor é composto de 25.800 meios de hospedagem no País”, afirmou Fermi, que lembrou o aumento de associados à entidade nos últimos três anos, de 1.218 para 3.983, e a importância crescente do segmento para a economia do País. Fermi agradeceu o apoio da Confederação ao Conotel e a presença de Eraldo Alves da Cruz, secretário-geral da CNC. Eraldo mediou o painel “Cenários Futuros”, em que questionou o chamado Custo Brasil e o monitoramento de tarifas. Nos debates com alguns dos principais nomes do turismo brasileiro, o Conotel 2014 apresentou um panorama completo de tendências do setor hoteleiro, como as novas exigências do hóspede de lazer, corporativo e de eventos e as inovações tecnológicas que estão transformando a forma como os hóspedes fazem suas escolhas.
O secretário-geral da CNC, Eraldo Alves da Cruz mediou o painel “Cenários Futuros”, questionando o Custo Brasil e o monitoramento de tarifas
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TURISMO
FNHRBS pede inclusão da alimentação no Brasil Maior Sampaio cumprimenta a presidente Dilma Rousseff em reunião no Palácio do Planalto
O presidente do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes Bares e Similares (FNHRBS), Alexandre Sampaio, reforçou com a presidente Dilma Rousseff o pedido de inclusão dos setores de alimentação fora do lar, das empresas de
eventos e dos parques temáticos de entretenimento no Plano Brasil Maior. Segundo Sampaio, esses setores são intensivos na contratação de mão de obra e extremamente afetados pela sazonalidade do turismo. A reivindicação foi feita em reunião do Governo Federal realizada em 27 de maio, no Palácio do Planalto, com os setores contemplados pelo Plano Brasil Maior. Na ocasião, o governo anunciou que irá prorrogar até 2016 as medidas de desoneração da folha de pagamento. Se não fosse renovado, o Plano deixaria de valer no fim deste ano. “Para a hotelaria, a primeira fase do Brasil Maior foi muito positiva: contribuiu com o aumento da empregabilidade, o crescimento da massa salarial e a elevação das exportações”, afirmou Sampaio. Além da presidente Dilma, estiveram presentes no encontro os ministros da Fazenda, Guido Mantega, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, e o secretário de Política Econômica, Márcio Holland.
Conselho de Turismo aborda o papel da consultoria no setor O professor e consultor Bayard Boiteux fala para o Conselho de Turismo da CNC
O Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) recebeu, em 14 de maio, Bayard Do Coutto Boiteux, professor do curso de MBA em negócios turísticos da Universidade Candido Mendes (Ucam), e consultor. Boiteux abor-
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dou o papel da consultoria nas atividades turísticas e as tendências do mercado. Para Bayard, o crescimento da atividade econômica do turismo aumenta a demanda por consultorias, como consequência dos processos de terceirização, e para ajudar as empresas a consolidar vantagens competitivas em um mercado globalizado. Por isso, ele também aposta nas fusões entre empresas de consultoria brasileiras com consultorias internacionais, para ampliação e alcance de novos mercados. “Em um universo de empresas familiares, como é o caso do turismo no Brasil, a consultoria se faz necessária para preparar novas gerações e, sobretudo, tornar as empresas mais inovadoras e rentáveis”, afirma Bayard. Para isso, o consultor deve conhecer metodologias e técnicas inerentes à logística e qualidade e estar direcionado a soluções, conclui.
SISTEMA PONTOCOMÉRCIO DE VISTA
Comércio e turismo em debate no RN Seminário Motores do Desenvolvimento reuniu empresários e poder público para debater os desafios para o crescimento das atividades no estado
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Sistema Fecomércio-RN promoveu, em 28 de maio, a 20ª edição do Seminário Motores do Desenvolvimento, com o tema “Comércio, Serviços e Turismo: os desafios dos pilares da economia potiguar”. O projeto faz parte de uma série de ações em homenagem aos 65 anos da entidade. O presidente do Sistema Fecomércio-RN, Marcelo Queiroz, abriu o evento criticando a alta carga tributária imposta aos empresários e destacando o trabalho da entidade. “São 65 anos de permanente luta em defesa dos interesses do nosso segmento empresarial, que se traduz num sustentáculo do setor produtivo do estado, respondendo por 40% do PIB, 46% da mão de obra formal e contribuindo com 60% do ICMS arrecadado”, afirmou. Também presente na abertura do evento, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves, falou sobre a importância do turismo para a economia do Rio Grande do Norte. “Duvido que se encontre uma atividade que tenha um alcance tão rápido, que gera renda, empregos e autoestima imediatos. Setor público e privado têm que se unir para fazer da bandeira do turismo um dos segmentos mais importantes de nossa economia”, disse Alves. O turismo foi apontado como um dos segmentos que
pode se beneficiar com a Copa do Mundo, e os desafios do setor foram abordados, no encerramento do evento, pelo presidente do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS), Alexandre Sampaio. Ele apontou a importância de sanar problemas como a ampliação da malha aérea, melhor promoção doméstica e internacional, e a possibilidade de contratos de trabalho de curta duração. Mas afirmou ainda que é preciso aproveitar a oportunidade de visibilidade da Copa do Mundo. “O legado para os empresários do turismo vai ser o de imagem. Se fizermos uma Copa em que não tenhamos muitos problemas, mesmo com passeatas, faremos com que os turistas percebam que temos um bom atendimento, bons serviços e queiram voltar ao Brasil, além daqueles que conhecerão o País através da televisão”, concluiu. Além das autoridades citadas, o evento contou com a participação do ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho; da governadora do estado, Rosalba Ciarlini, da empresária Luiza Trajano, além de membros da diretoria do Sistema Fecomércio e da Fiern, entre outros.
Empresária Luiza Trajano (à esq.) e o presidente do Sistema Fecomércio-RN, Marcelo Queiroz
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SISTEMA COMÉRCIO
Brasil é destaque no WorldSkills Americas Brasileiros conseguiram 25 medalhas de ouro na competição regional de educação profissional, que contou com representantes do Senac
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Brasil foi o grande vencedor do WorldSkills Americas 2014, a etapa continental da maior competição de educação profissional do mundo. O WorldSkills Americas foi realizado entre os dias 2 e 5 de abril, em Bogotá, na Colômbia. Ao todo, 186 estudantes de 17 países americanos competiram em 31 categorias diferentes. Os estudantes brasileiros garantiram medalhas de ouro em 25 das ocupações disputadas. A anfitriã Colômbia foi a segunda colocada, com sete medalhas de ouro. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) fez parte da delegação brasileira, com quatro representantes. Os alunos Anderson de Almeida (Bahia), Juliana Almeida (Rio Grande do Norte) e Rita de Cássia Agliardi (Rio Grande do Sul) conseguiram o primeiro lugar nas categorias serviço de restaurante, cabeleireiro e técnico de enfermagem, respectivamente.
Da esq. p/dir.: Anderson de Almeida, Rita de Cássia, Juliana Almeida e Poliana Nascimento, os representantes do Senac no WorldSkills
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Já a mineira Poliana Nascimento ganhou a medalha de bronze na ocupação de cozinha. A diretora de Educação Profissional do Departamento Nacional do Senac, Anna Beatriz Waehneldt, acompanhou o campeonato e lembrou que esta terceira edição da WorldSkills Americas contou com um número maior e mais preparado de concorrentes: “Mesmo assim, o Brasil mostrou que tem a excelência da educação profissional no continente americano”, afirmou. Estiveram presentes também os diretores regionais Marina Almeida (BA), Hélder Cavalcanti (RN) e José Paulo da Rosa (RS). “Toda a riqueza da WorldSkills se repercute na nossa metodologia de ensino. Ganham os alunos, a instituição e a sociedade, que tem, cada vez mais, profissionais bem preparados”, pontuou Hélder Cavalcanti. A próxima edição mundial do WorldSkills será realizada pela primeira vez no Brasil, entre 11 a 16 de agosto de 2015, em São Paulo.
SISTEMA COMÉRCIO
Pesquisa mostra hábitos culturais dos brasileiros Levantamento do Sesc pretende aumentar o debate sobre o fomento à cultura no País O Serviço Social do Comércio (Sesc), em parceria com a Fundação Perseu Abramo, realizou um levantamento para descobrir quais são os hábitos culturais dos brasileiros. A pesquisa Públicos de Cultura ouviu 2.400 pessoas em 139 municípios brasileiros, sendo que sete em cada dez pessoas pesquisadas trabalham no ramo de Serviços (45%) ou do Comércio (29%). A pesquisa mostra que boa parte da população não se dedica a atividades culturais. Nos fins de semana, 34% dos entrevistados realizam tarefas em casa, 34% realizam atividades de lazer e apenas 4% praticam atividades culturais. Nos dias úteis, a proporção é ainda maior: 58% dos entrevistados gastam o tempo livre com atividades em casa. No que diz respeito às produções culturais, a pesquisa revela que a parcela de brasileiros engajados na ampliação da cultura é muito pequena. Apenas 15% dos entrevistados afirmam que cantam em grupo ou individualmente, 13% praticam alguma dança e 10% tocam instrumentos. As atividades menos produzidas são teatro e expressão corporal, cada uma soma apenas 1% dos entrevistados. “Os dados reforçam a necessidade de aprofundarmos as discussões sobre a função artística no País”, afirmou a gerente de Cultura do Departamento Nacional do Sesc, Marcia Costa Rodrigues. O Sesc está realizando seminários em diversos estados brasileiros para disseminar o conteúdo da pesquisa. “Com a realização dos seminários, poderemos não só divulgar estas informações, como também fomentar o debate, estimular a construção de políticas, articulando os diversos atores envolvidos e considerando as diferentes realidades de cada região”, afirma Marcia.
Brasil que não lê O levantamento do Sesc confirmou a pouca disposição dos brasileiros para a leitura. 58% dos entrevistados afirmaram que não leram nenhum livro nos últimos seis meses, 12% leram apenas um livro e 11% leram dois. Os temas literários mais procurados são romance ou ficção, seguidos pela bíblia e por livros de cunho religioso e espiritualista. Quanto às exposições, 26% dos entrevistados afirmaram que não gostam de frequentá-las, e outros 26% não souberam opinar ou nunca visitaram. Os entrevistados também mostraram predileção às peças de teatro de comédia (33%), embora 28% não soubessem dizer qual seu gênero preferido ou nunca foram ao teatro. A música sertaneja é o estilo musical preferido de 40% dos entrevistados, seguida pela MPB (23%), o forró (20%) e a música gospel (18%). A pesquisa completa traz ainda outros dados sobre o gosto dos brasileiros, incluindo também hábitos relacionados à TV, cinema e outras atividades culturais. Veja na íntegra em http://bit.ly/PublicosDeCultura
Sarau no Sesc Mato Grosso. Pesquisa aponta baixa adesão dos brasileiros em atividades culturais
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Fecomércio-CE realiza missão empresarial aos EUA A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Ceará (Fecomércio-CE) realizou entre 9 e 20 de abril sua primeira Missão empresarial internacional. A comitiva de 43 pessoas liderada pelo presidente da entidade, Luiz Gastão Bittencourt, foi aos Estados Unidos com foco na “imersão para a construção da excelência no mundo dos negócios”. A programação foi dividida entre Miami e Orlando, no estado da Flórida, e contou com visita ao Departamento de Economia e Desenvolvimento de Miami e à Câmara do Comércio Brasil-Miami. Além disso, os integrantes participaram de seminário de capacitação, com foco no desenvolvimento da excelência e tendências do varejo, capacitação com o Disney Institute, além de visitas técnicas a diversas empresas do varejo americano. A realização da Missão abre um novo ciclo para a Fecomércio-CE, segundo Bittencourt. “A partir dela lançaremos nosso projeto de formação para gestores, que incluirá também o conhecimento do papel institucional do sindicalismo patronal, da Fecomércio, da função, da organização e princípios de seus braços operacionais, Maria Deufrus,do Sesc, Senac e IPDC, além do Sebrae e das diversas atividades e Departamento de Miami, e Luiz diferenciações do comércio de bens, serviços e turismo”, afirmou. Gastão Bittencourt
Central do Comércio é novidade em Santa Catarina Um guia de oportunidades para os empresários do comércio de bens, serviços e turismo de Santa Catarina. Essa é a proposta da “Central do Comércio”, um portal lançado pela Fecomércio-SC, que oferece produtos e serviços das mais diversas áre-
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as, disponibiliza um grande banco de talentos, além de possibilitar acesso a uma série de descontos e vantagens oferecidos pelas empresas parceiras da Fecomércio-SC. O lançamento oficial aconteceu em março e foi realizado nas seis principais regiões catarinenses: Norte (Joinville), Sul (Criciúma), Oeste (Chapecó), Vale do Itajaí (Blumenau), Serrana (Lages) e Grande Florianópolis. Segundo o gerente de Planejamento da Fecomércio-SC, Renato Barcellos, o Banco de Talentos da Central do Comércio possui mais de 400 mil currículos cadastrados, facilitando a vida de quem procura emprego ou de quem quer contratar profissionais qualificados. Todas as empresas de Santa Catarina podem se cadastrar para fazer parte da Central, que está disponível em http://www. fecomercio-sc.com.br/centraldocomercio.
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Sesc abre unidade no Chuí, extremo sul do Brasil Presente de norte a sul do Brasil, o Serviço Social do Comércio (Sesc) inaugurou uma unidade no município de Chuí, no Rio Grande do Sul. A cidade de pouco mais de 5 mil habitantes fica na fronteira com o Uruguai, e é conhecida como o ponto mais ao sul do País. A inauguração aconteceu em 29 de abril, e contou com a presença do vice-presidente da CNC, José Roberto Tadros; da chefe do Gabinete da Presidência da CNC, Lenoura Schmidt; do presidente do Sistema Fecomércio-RS, Zildo De Marchi e do prefeito de Chuí, Renato Hernandez Martins. A nova unidade irá funcionar como escola de Educação infantil e terá ginásio de esportes, quadra de grama sintética, consultório odontológico e uma biblioteca com acesso à internet. O Sesc Chuí também irá desenvolver ações de turismo social e atividades culturais, assim como os
projetos Habilidades de estudos e Iniciação esportiva. A Prefeitura de Chuí doou o terreno e o investimento na construção do prédio e a aquisição de equipamentos foi feita em conjunto pelo Sesc Nacional e o Sistema Fecomércio-RS.
Lenoura Schmidt, José Roberto Tadros e Zildo De Marchi em visita ao Sesc Chuí
Sistema Comércio realiza Semana Gastronômica do Paraná Nos dias 8 a 11 de abril, foi realizada mais uma Semana da Gastronomia Regional no restaurante-escola do Senac na Câmara dos Deputados. O Senac Paraná enviou cinco instrutores para Brasília, que conduziram o evento com o auxílio dos funcionários da Casa. Representantes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o consultor da Presidência, Roberto Nogueira; o chefe da Assessoria junto ao Poder Legislativo, Roberto Velloso; a subchefe do Gabinete da Presidência, Cristinalice Oliveira e a chefe da Assessoria de Gestão das Representações, Wany Pasquarelli, prestigiaram os sabores da cozinha paranaense, na companhia do diretor do Senac Gastronomia, José Carlos Cirilo, e do diretor Regional do Senac-PR, Vitor Monastier. Entre as iguarias que mais despertaram a curiosidade dos presentes estava o Bar-
reado, um dos pratos mais típicos do cardápio paranaense, feito com carne bovina. De acordo com o chef Executivo do restaurante-escola do Senac na Câmara dos Deputados, Diego Peixoto Jacob, a expectativa era atender mais de mil pessoas nos dois primeiros dias de bufê. A Fecomércio-PR é a quarta a participar, depois da Bahia, Minas Gerais e Santa Catarina.
Roberto Nogueira, José Carlos Cirilo, Cristinalice, Vitor Monastier, dep. Alex Canziani, Wany Pasquarelli e Roberto Velloso
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Fecomércio-PE vai ao governo contra prejuízos em Abreu e Lima Em reunião com o governador de Pernambuco, Josias Albuquerque pediu incentivos ao comércio local, que sofreu com saques em massa após a greve da PM A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), junto com o Ministério Público do Estado, reuniu-se com o governador João Lyra Neto para cobrar providências em relação aos saques que aconteceram nas lojas dos Municípios de Paulista e Abreu e Lima. Os Municípios, que ficam na Região Metropolitana do Recife, sofreram uma onda de ataques no comércio local durante a greve da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Estado nos dias 14 e 15 de maio. Na ocasião do encontro, o presidente da Fecomércio-PE, Josias Albuquerque, entregou nas mãos do governador um documento oficializando algumas providências e um pendrive com imagens dos saques às lojas do Município de Abreu e Lima. Segundo o documento, “a grande maioria dos empreendimentos atingidos não possui estruturas administrativa e financeira adequadas para recuperar e retomar as suas atividades regulares, bem como garantir a manutenção dos empregos”. A Fecomércio-PE solicitou ao governo do Estado abertura de linha de crédito em banco oficial para atender às necessidades e possibilitar a retomada das atividades dos comerciantes, especialmente os de médio e pequeno portes. Além disso, também foram solicitados devolução do ICMS antecipado na fronteira e do Imposto de Substituição Tributária (conforme prevê a Lei Complementar nº 87/1996, no que se refere aos estoques saqueados); prorrogação do prazo de recolhiJosias Albuquerque, presidente da Fecomércio-PE, entregou documento ao governo pernambucano
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mento de ICMS normal a recolher e apurado nos próximos seis meses; e avaliação da possibilidade de adotar outras medidas que facilitem a recuperação de tais prejuízos. Mercadorias estão sendo devolvidas Após a situação que se instaurou em Abreu e Lima em 14 de maio, foi montada a Operação Pernambuco, realizada em parceria entre a Força Nacional e o Exército, para restaurar a ordem. Parte das mercadorias roubadas durante os saques estão sendo devolvidas voluntariamente pela população. Segundo o Ministério Público, as pessoas não estão sendo presas em flagrante no ato da devolução, mas todos os envolvidos identificados serão indiciados.
HISTÓRIA EM IMAGEM (REUTERS/Sara Farid )
Planeta Bola A seleção de futebol do Paquistão não estará em campo na Copa do Mundo Brasil 2014, mas um time de operárias do País trabalhou forte para garantir o suprimento de um produto básico para a realização do maior torneio de futebol do planeta: a bola. Acostumada a trabalhar com os campeonatos alemão e francês, além da Liga dos Campeões da Europa, a fábrica na cidade de Sialkot foi escolhida pela Adidas, fornecedora oficial da Fifa, para produzir as unidades da Brazuca para a Copa. Embora o País conviva com problemas como salários baixos e até registro de trabalho infantil, todos os 1.400 funcionários da fábrica estavam enquadrados dentro das regas trabalhistas internacionais. Cerca de 25% da força de trabalho da empresa é composta por mulheres. De acordo com as tradições do País, elas vestem o niqab, um tipo de véu islâmico.
Excelência em
educação profissional O Senac tem como característica a busca contínua pela excelência na educação profissional para o Setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Desde sua criação, em 1946, a Instituição já atendeu mais de 58 milhões de brasileiros. E o Senac não para. A cada dia, são criadas mais ações inovadoras, que promovem o crescimento profissional de mais trabalhadores e, assim, contribuem para o constante desenvolvimento do país. Em 2013:
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cerca de milhão de matrículas gratuitas mais de
2,5 milhões de atendimentos presente em
4.610 munícipios
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