CNC Notícias 172

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Novembro de 2014 n° 172, ano XIV

Melhoria contínua

Novo Banco de Dados da Contribuição Sindical levará mais informação a federações e sindicatos

E mais: Entrevista: Bernardo Cabral, relator da Constituinte, fala sobre reforma política Página 18 Especialistas analisam cenário econômico Página 20

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EDITORIAL

Mais um passo A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo está empenhada em um processo de melhoria contínua de sua atuação, buscando garantir, em um trabalho coordenado com federações e sindicatos, a melhor representação dos empresários do setor terciário. Está em execução um conjunto vigoroso de iniciativas que aprimoram processos, ampliam a excelência sindical e reforçam a presença das entidades do Sistema Confederativo da Representação Sindical do Comércio (Sicomércio) como protagonistas nos assuntos que envolvem diretamente 2,5 milhões de empresas, responsáveis por 25% do PIB brasileiro e 16 milhões de empregos formais. A revista CNC Notícias vem informando sobre esse processo de modernização em curso, que está também alinhado com as transformações que o País vem experimentando em todos os seus setores, e que exigem entidades sintonizadas com as novas aspirações e necessidades de uma sociedade em constante mudança. Nesta edição, o tema de capa aborda mais uma dessas importantes iniciativas: o novo Banco de Dados da Contribuição Sindical (BDCS). Amadurecido e preparado em um cuidadoso projeto que contou com a participação das federações, o novo BDCS foi concebido para viabilizar a sustentabilidade financeira das entidades sindicais, fortalecendo o Sicomércio e, assim, a representação dos empresários. Ao se associar a moderna tecnologia a uma visão integrada do processo de administração do cadastro composto pelas empresas do comércio de bens, serviços e turismo, as entidades do Sistema passam a contar com uma ferramenta de ponta que vai permitir o acesso a informações atualizadas sobre a arrecadação da contribuição sindical e o incremento da base a ser trabalhada. Em suma, mais eficácia na arrecadação sindical, mais exatidão nas informações geradas. E mais um passo que permitirá avanços na atuação de federações e sindicatos. Boa leitura!

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Presidente: Antonio Oliveira Santos Vice-presidentes: 1º ‑ Josias Silva de Albuquerque; 2º ‑ José Evaristo dos Santos; 3º ‑ Laércio José de Oliveira. Abram Szajman, Adelmir Araújo Santana, Carlos de Souza Andrade, José Marconi Medeiros de Souza, José Roberto Tadros, Lázaro Luiz Gonzaga, Luiz Carlos Bohn e Pedro Jamil Nadaf. Vice-presidente Administrativo: Darci Piana Vice-presidente Financeiro: Luiz Gil Siuffo Pereira Diretores: Aldo Carlos de Moura Gonçalves, Alexandre Sam‑ paio de Abreu, Antonio Airton Oliveira Dias, Bruno Breithaupt, Carlos Fernando Amaral, Daniel Mansano, Edison Ferreira de Araújo, Eliezir Viterbino da Silva, Euclides Carli, Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante, Itelvino Pisoni, José Arteiro da Silva, José Lino Sepulcri, Leandro Domingos Teixeira Pinto, Luiz Gastão Bittencourt da Silva, Marcelo Fernandes de Queiroz, Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues, Pedro José Maria Fernan‑ des Wähmann, Raniery Araújo Coelho, Sebastião de Oliveira Campos e Wilton Malta de Almeida.

Capa

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Novo Banco de Dados da Contribuição Sindical

Conselho Fiscal: Domingos Tavares de Souza, José Apa‑ recido da Costa Freire e Valdemir Alves do Nascimento. CNC NOTÍCIAS Revista mensal da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo Ano XIV, nº 172, 2014 Gabinete da Presidência: Lenoura Schmidt (Chefe) Assessoria de Comunicação (Ascom): ascom@cnc.org.br Edição: Cristina Calmon (editora-chefe) e Celso Chagas (editor Executivo – Mtb 30683) Reportagem e redação: Celso Chagas, Edson Chaves, Geraldo Roque, Joanna Marini, Luciana Neto e Marcos Nascimento Design: Programação Visual/Ascom Revisão: Lívia Campos e Elineth Campos Impressão: WalPrint Gráfica e Editora

Programa vai facilitar o acesso das entidades sindicais do comércio aos dados das empresas representadas, além de viabilizar a sustentabilidade financeira. CNC promoveu modernização da sua estrutura tecnológica para o bom atendimento a essa nova demanda.

política precisa 18 Reforma sair do papel Consultor da Presidência da CNC, ex-senador e relator da Assembleia Nacional Constituinte, Bernardo Cabral fala à CNC Notícias sobre a sonhada reforma política no Brasil, desejo manifesto pela presidente reeleita, Dilma Rousseff. “Um sistema político, partidário e eleitoral mais ágil será capaz de acelerar outras reformas”, afirma Cabral.

Colaboradores da CNC Notícias de novembro de 2014: Joseane Costa (GP/CNC), Lidiane Nogueira (DS/CNC), Thaís Peters Soares (Apel/CNC), Laura Figueira (Senac-DN), Cesar Luiz Gonçalves (Fecomércio-PR), Dorva Rezende (Fecomércio-SC) e Délia Coutinho (Fecomércio-BA). Créditos fotográficos: Divulgação/governo de Minas Gerais (página 4), Christina Bocayuva (páginas 4, 7, 15, 16, 17, 21, 23, 32, 33, 38 e 41), Carolina Braga (páginas 11 e 19), Divulgação/ Fecomércio-SC (página 12), Acervo pessoal Raphael Monteiro (página 12), Reprodução/internet (página 24), Joanna Marini (página 25), Cleiton Thiele/SerraPress (página 34), Cesar Duarte (página 34), Reinaldo Ferrigno (página 35), Marcela Ribeiro (página 37), Carlos Terra (página 38), Divulgação/Fecomércio-PA (página 39), Banco de Imagens Senac (página 40), Divulgação/ Fecomércio-RS (página 42), Fernando Bond/Adjori-SC (página 44) e United Colors of Benetton’s Fabrica (História em imagem).

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FIQUE POR DENTRO

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BOA DICA

6 OPINIÃO

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Ilustrações: Carolina Braga (páginas 26, 27, 28, 29, 30, 31, 33 e 43).

Projeto Gráfico: Programação Visual/Ascom-CNC

A CNC Notícias adota a nova ortografia.

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CNC - Rio de Janeiro Av. General Justo, 307 CEP.: 20021-130 PABX: (21) 3804-9200

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CNC - Brasília SBN Quadra 1 Bl. B - n° 14 CEP.: 70041-902 PABX: (61) 3329-9500/3329-9501

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- Antonio Oliveira Santos: Os pilares da competitividade

- Novo Banco de Dados da Contribuição Sindical

REUNIÃO DE DIRETORIA

- Ajustes para a nova gestão são avaliados por empresários

ENTREVISTA

- Bernardo Cabral, consultor da Presidência da CNC


abordam conjuntura 20 Especialistas econômica do Brasil para 2015 Após as eleições presidenciais, é hora de fazer ajustes e repensar a política econômica do País. Esse pensamento é compartilhado pelo consultor Econômico da CNC, Ernane Galvêas, pelo chefe da Divisão Econômica da entidade, Carlos Thadeu de Freitas, e pelos economistas Luiz Roberto Cunha e João Paulo de Almeida Magalhães, que apresentaram suas análises sobre o atual cenário em um especial da CNC Notícias.

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Raio X do setor de eventos no Brasil

Estudo da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc) apresentado no Conselho de Turismo da CNC em outubro mostra que segmento cresce continuamente no Brasil e impacta positivamente a economia.

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GTT-MA: andamento de acordos setoriais

Grupo Técnico de Trabalho - Meio Ambiente da CNC reúne-se para discutir avanços como projetos empresariais para adoção da eficiência energética e do reúso da água. O encontro promoveu, também, o debate sobre o andamento de acordos setoriais em vários segmentos.

SUMÁRIO 20

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CONJUNTURA ECONÔMICA

- Ernane Galvêas: A política econômica e o sistema de preços - Carlos Thadeu de Freitas: Os desafios de 2015 - Cenário econômico pós-eleições em discussão no Conselho Técnico da CNC - Câmara dos Deputados lança publicação com apoio da CNC

PESQUISAS CNC

- ICF: Novo recuo em outubro - Peic: Menos endividados em qualquer faixa de renda - Icec: Confiança do comércio tem pior ano em 2014

TURISMO

- Raio X do setor de eventos no Brasil - Sustentabilidade no Festuris - Iniciativa privada deve complementar política de turismo - CNC esclarece sobre representatividade do turismo

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INSTITUCIONAL

- GTT sobre meio ambiente debate ações bem-sucedidas - CBCGAL: Regulamentação de promotores de vendas - CBCPAVE: Sistema tributário preocupa setor de autopeças e acessórios

PRODUTOS CNC

- Certificação digital é tema de evento no Pará

SISTEMA COMÉRCIO

- A atuação do Senac no Pronatec - Senac investe na educação corporativa - Senac-BA lança guia para a Chapada Diamantina - Entidades do Sistema engajadas na Outubro Rosa - Cartilha estimula uso racional da água em São Paulo - Missão da Fecomércio-SC visita China e Dubai

Errata: Na edição nº 171 da CNC Notícias, a ilustração da capa e das páginas 2 e 8 a 15 são de Ricardo Almeida.

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FIQUE POR DENTRO Setor produtivo se reúne no Rio A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sediou, no dia 28 de outubro, no Rio de Janeiro, um encontro com entidades de representação nacional do setor produtivo para debater, analisar e promover ações conjuntas relacionadas a políticas públicas, regulamentações e decisões do Poder Executivo em matérias de interesse comum. Participaram da reunião o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, o presidente da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), Luiz Carlos Trabuco (foto), e a presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu. Entre os assuntos da pauta estiveram a falta de independência do Conselho de Recursos da Previdência Social para julgar os processos administrativos e a regulamentação da terceirização.

Novos procedimentos para atualização no Cadastro Nacional de Entidades Sindicais A Secretaria de Relações do Trabalho (SRT) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) publicou a Portaria n° 8, de 17 de outubro de 2014, que altera algumas regras para inserção e atualização de dados das entidades sindicais no Cadastro Nacional de Entidades Sindicais (CNES). Entre as mudanças está a necessidade de inclusão das Atas de eleição e de apuração de votos do último processo eleitoral registradas em cartório da comarca da sede da entidade requerente. O passo a passo dos novos procedimentos e as demais orientações estão disponíveis em documento produzido pelo advogado Antonio Lisboa Cardoso, da Divisão Sindical da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), que pode ser acessado no link http://bit.ly/CNES-CNC.

Vice-presidente da CNC recebe Medalha Santos Dumont O vice-presidente Financeiro da CNC, Luiz Gil Siuffo, recebeu a Medalha Santos Dumont 2014, concedida pelo governo de Minas Gerais a pessoas que contribuem para o desenvolvimento e o progresso do Estado e do País. A cerimônia foi realizada no dia 20 de outubro, no Município mineiro de Santos Dumont, e agraciou, no total, 217 pessoas, entre políticos, autoridades, jornalistas e militares. Criada em 1956 para comemorar o primeiro voo do 14-Bis, a medalha simboliza o reconhecimento a Alberto Santos Dumont, visto como o pai da aviação brasileira, e é considerada uma das mais importantes condecorações concedidas pelo governo mineiro.

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BOA DICA O que aprender sobre empreendedorismo com o Vale do Silício Em De zero a um: O que aprender sobre empreendedorismo com o Vale do Silício, publicad­o no Brasil pela editora Objetiva, o autor, Peter Thiel, mostra como a inovação está diretamente ligada ao sucesso do negócio. Cofundador do PayPal e investidor em diversas startups, como o Facebook, Thiel revela como construir empresas que criem coisas novas e apresenta uma visão otimista do futuro do progresso, ensinando a fazer perguntas que levem a encontrar valor em lugares inesperados.

Livro aponta os dez maiores equívocos da economia Da cegueira catastrófica por dinheiro ao fracasso deste em nos trazer felicidade, passando pela crise econômica de 2008. O livro Economitos, publicado pela editora Record, explica que a economia é o resultado de processos complexos e imprevisíveis, que escapam aos modelos de risco, fazendo das crises uma constante. Formado em Oxford, o matemático canadense David Orrell aproveita o gancho e traça a história da economia desde suas raízes na Grécia Antiga até chegar aos centros financeiros de Londres e Nova York, mostrando erros e apresentando alternativas.

Vencedora do Nobel da Paz em biografia A biografia Eu sou Malala voltou às listas de livros mais vendidos depois do anúncio de que a paquistanesa Malala Yousafzai recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em 10 de outubro. O livro, publicado pela Companhia das Letras, traz à tona a curta biografia de Malala, que se tornou um símbolo de resistência ao regime Talibã por defender o direito de meninas poderem estudar. Ela sofreu um atentado do grupo extremista em 2012, sendo levada para tratamento à Inglaterra, onde mora e estuda atualmente. A menina dividiu o Prêmio Nobel com o indiano Kailash Satyarthi, que luta contra o trabalho infantil.

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OPINIÃO

Os pilares da competitividade Antonio Oliveira Santos, presidente da CNC, afirma em artigo que o Brasil não vai bem quanto ao desempenho econômico, à eficiência do governo, à capacidade empresarial e à infraestrutura, requisitos que o IMD aplica para medir a competitividade das nações

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á palavras que, de repente, passam a fazer parte do nosso cotidiano. Uma delas é competitividade, que, numa primeira aproximação, expressa a capacidade de concorrer vantajosamente perante terceiros, em nível de empresas, setores econômicos e nações. A competitividade das nações vem sendo estimada desde 1997 pelo Institute of Management Development (IDM), sediado em Genebra e voltado para o desenvolvimento da gestão empresarial. O foco dessa pesquisa é um conjunto de 60 países que geram um ranking ou classificação ordinal, em ordem decrescente de competitividade. Em 1997 o Brasil ocupava a posição 34; em 2012, passou a ocupar a posição 46, e em 2013, a posição 51, voltando à

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posição 46 em 2014. Seja como for, pelos sensores do IMD o Brasil tornou-se menos competitivo nesse espaço de tempo. Em outras palavras, entre os 60 países sua posição estava acima da posição mediana, e, atualmente, encontra-se bem abaixo. Em 2014, numa graduação de 0 a 10, o Brasil recebeu a nota 4,92, que contrasta fortemente com 8,92 de Cingapura e 8,60 da Alemanha. Para nosso consolo, a Argentina tem a nota 1,64, e a Venezuela, 1,02. Na realidade, o que tais notações pretendem medir é a produtividade total dos fatores, ou “produtividade fatorial”, como condicionante da competitividade de um país ante os demais. São quatro os pilares dessa notação: desempenho econômico, eficiência do governo, capacidade empresarial e infraestrutu-


OPINIÃO

Se nos dias atuais cada uma dessas condicionantes for examinada com base no conhecimento que temos do País, ficará assinalado que, em matéria de competitividade, bracejamos no mar da mediocridade

Antonio Oliveira Santos Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo

ra. Cada pilar é constituído por uma série de condicionantes, por seu turno compostas de uma multiplicidade de critérios. O desempenho econômico envolve avaliações sobre a economia nacional, o comércio exterior, o investimento estrangeiro, o nível de emprego e dos preços; a eficiência do governo compreende um juízo sobre as finanças públicas, a política fiscal, o marco institucional, a legislação empresarial e a estrutura societária; a capacidade empresarial é examinada por meio da produtividade, do mercado de trabalho, das finanças, das práticas gerenciais e de atitudes e valores; e a infraestrutura é desdobrada em básica, tecnológica e científica, saúde e meio ambiente e educação. Se nos dias atuais cada uma dessas condicionantes for examinada com base no

conhecimento que temos do nosso próprio país, ficará amplamente assinalado que, em matéria de competitividade, bracejamos no mar da mediocridade. Na conjuntura atual, quando o IMD coloca sua lupa sobre o Brasil, a queda da posição inicial na classificação ordinal da competitividade resulta do fraco desempenho econômico e do baixo nível de eficiência empresarial, na medida em que, no jogo das interações, são caudatários do que se passa na administração governamental, com sua pesada carga tributária, e da má qualidade e insuficiência da infraestrutura. São essas relações de interdependência que, expurgadas de conotações ideológicas, precisam ser revistas, para recolocar o País na trilha do crescimento econômico e do bem-estar social.

Artigo publicado no Jornal do Commercio-RJ em 20 de outubro de 2014

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CAPA

Uma ferramenta estratégica

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CAPA

O novo Banco de Dados da Contribuição Sindical (BDCS) vai facilitar o gerenciamento da arrecadação da contribuição sindical, bem como de outras contribuições, além de permitir um maior conhecimento sobre as empresas representadas e viabilizar a sustentação financeira destas. Até o momento, 22 federações já aderiram ao programa da CNC, que deve promover ainda mais o estreitamento da relação entre os sindicatos e os empresários do comércio de bens, serviços e turismo.

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CAPA

Pelo fortalecimento das entidades sindicais Novo Banco de Dados da Contribuição Sindical (BDCS) vai viabilizar a sustentabilidade financeira das entidades sindicais

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stá descrito na Visão da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC): “Liderar a comunidade empresarial do comércio de bens, serviços e turismo, com reconhecida influência no desenvolviment­o do País”. O exercício contínuo dessa liderança promove o fortalecimento do setor terciário no Brasil, que é, atualmente, responsável por ¼ do Produto Interno Bruto e pela geração de 16 milhões de empregos diretos e formais. No entanto, a CNC não atua sozinha. Essa liderança é trabalhada em conjunto e legitimada pelas mais de mil entidades sindicais patronais do setor, entre sindicatos, federações estaduais e nacionais – além da atuação e da representatividade do Sesc e do Senac. A integração entre as entidades sindicais e as empresas do setor é um dos pilares de sustentação do Sistema Confederativo da Representação Sindical do Comércio (Sicomércio). Por isso, iniciativas que visam fortalecer essas instituições também são prioridade para a CNC, que tem nos sindicatos a base para a representação e a defesa dos interesses das empresas que integram o plano do comércio de bens, serviços e turismo. Pensando nesse fortalecimento, a Confederação realiza, no mês de novembro, o lançamento de um programa que objetiva automatizar a troca de informações entre as entidades sindicais, incrementando a sua base cadastral e, com isso, a arrecadação sindical. Trata-se do novo Banco de Dados da Contribuição Sindical (BDCS). Novo software, novas estruturas O BDCS é um programa permanente da CNC que consiste no fornecimento de informações financeiras e administrativas sobre a arrecadação da contribuição sindical. Um banco de dados único e completo, com dados atualizados das empresas do comércio de bens, serviços e turismo.

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A chefe da Divisão Sindical da Confederação, Patrícia Duque, explica que o programa vai proporcionar às entidades mais conhecimento sobre sua base de representação, além de levar a elas a sustentação financeira. “Para o comércio de bens, serviços e turismo, esse programa é muito importante. A expectativa da Divisão Sindical é dobrar a arrecadação da contribuição sindical, para fortalecer as entidades do sindicalismo patronal do comércio brasileiro”, afirma Patrícia. Para chegar ao formato atual, o novo BDCS passou por muitas propostas, avaliações e discussões durante os anos de 2013 e 2014, em um comitê formado por integrantes da CNC e das federações estaduais e nacionais. Em 16 de outubro de 2013, foi realizado o III Encontro Nacional de Facilitadores do BDCS, para apresentação do Módulo I do sistema, referente à atualização da base cadastral das entidades sindicais. Nessa oportunidade, 21 federações aderiram ao programa. O Módulo II, relativo ao Controle e Emissão de Guias de Contribuição Sindical, foi apresentado no dia 12 de novembro de 2014, quando da realização do IV Encontro Nacional. Foram também divulgadas as novas funcionalidades incorporadas ao sistema com a finalidade de promover melhor depuração de grandes bancos de dados, como Sesc e Senac, juntas comerciais e Receita Federal, extraindo deles informações objetivas e sintéticas. Com o intuito de atender a essa nova realidade e permitir uma boa navegação no software, a Confederação promoveu uma remodelação de sua estrutura de tecnologia. “Para dar apoio e sustentabilidade a toda essa demanda de utilização que virá, nos últimos 16 meses fizemos uma reestruturação do nosso data center. Foram adquiridos equipamentos de última geração, com recursos de tolerân-


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cia a falhas”, explica o gerente de Tecnologia da Informação da CNC, Fernando González. “Além disso, ampliamos nosso link de dados com uma camada de segurança e instrumentos que nos permitem monitorar todo o ambiente tecnológico em que essa aplicação vai ser hospedada”, complementa González. Atuação das federações é fundamental Para ter acesso ao banco de dados, as federações devem formalizar a adesão com a indicação de um facilitador, que atua­rá como ponte entre a CNC e a federação. A partir daí, a Gerência de Tecnologia da Informação (GTI) da CNC liberará

uma senha de acesso ao novo sistema, que vai conter a base de dados cadastrais relativos às empresas representadas. Basta a adesão da federação para que os sindicatos a ela filiados integrantes do Sicomércio ou em processo de integração sejam inseridos no sistema. As entidades participantes deverão, então, atualizar no sistema: a relação de CNAE­s dos sindicatos a ela filiados integrantes do Sicomércio ou em processo de integração; a base de dados referente ao exercício anterior ao ano de adesão; e o arquivo retorno da federação e dos sindicatos. Após o cumprimento desses

Tela demonstrativa das funcionalidades do Banco de Dados da Contribuição Sindical, como o controle das guias e a prospecção de novas empresas

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requisitos, o sistema libera a consulta de empresas da categoria representada pela entidade. Além disso, o envolvimento das federações vai contribuir para o contínuo desenvolvimento do BDCS, por meio da usabilidade e da interação com o novo sistema. “A atuação das federações no programa auxiliará no desenvolvimento e no enriquecimento de novas funcionalidades do sistema, bem como nos aprimoramentos dos relatórios analíticos dos dados”, afirma Raphael Monteiro, gerente de Arrecadação e Cadastro da Fecomércio-DF e integrante do Comitê Consultivo do Banco de Dados da Contribuição Sindical.

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A Fecomércio-DF foi uma das entidades que receberam o programa-piloto do BDCS. Segundo Raphael, o programa vai além da arrecadação da Contribuição Sindical. “O banco de dados vai proporcionar às entidades sindicais um total controle da arrecadação não só da contribuição sindical, mas também das contribuições confederativa, assistencial e associativa. Por meio da baixa de pagamento do arquivo retorno eletrônico, a entidade terá acesso a relatórios analíticos e à identificação dos pagantes e dos inadimplentes”, completa Raphael. Demanda pelo sistema é antiga “O BDCS, sem dúvida, vai atender à expectativa das entidades, porque ele sur-


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ge de uma demanda que não é recente; é uma demanda antiga de melhoria na condição da arrecadação”, afirma o diretor Executivo da Fecomércio-SC, Marcos Arzua. A federação catarinense também testou o programa, ainda em fase piloto, e pôde comprovar os benefícios do novo software. “Além de permitir que os sindicatos, as federações e a CNC possam identificar os principais clientes, que são os empresários do comércio, teremos uma eficácia maior na arrecadação da contribuição sindical, o que proporciona a melhoria de renda e receita de todo o Sistema”, explica Arzua, que também integra o Comitê do BDCS. Ainda segundo o diretor da Fecomércio-SC, a chegada do novo software foi amplamente estudada, levando-se em consideração a realidade das entidades sindicais em todo o País. “O BDCS foi construí­do a partir de experiências que já existiam em outros estados

e que nos levaram a desenvolver esse sistema mais robusto e mais inteligente, que vai trazer essa melhoria de condições para o Sistema Comércio”, finaliza Marcos Arzua. Até o fechamento desta edição, 22 federações já haviam aderido ao novo BDCS. O novo sistema está em fase de planejamento para a implantação nas federações. Segundo a Gerência de Tecnologia da Informação da CNC, a meta inicial é realizar a implantação em duas federações por mês. A CNC também vai oferecer suporte e atendimento às entidades que utilizarão BDCS. “Estamos preparando uma equipe para atender às possíveis dúvidas que surjam nessa fase de implantação. Também estamos trabalhando para que cada federação tenha um meio eficiente de se comunicar para poder tirar suas dúvidas e que possamos atender no que for necessário”, afirma Fernando González.

Modelos de telas do Banco de Dados - à esquerda, do processo de geração de guia da contribuição e, acima, a que ilustra a análise da contribuição

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REUNIÃO DE DIRETORIA

Ajustes para a nova gestão são avaliados por empresários

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atuação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nas diversas esferas nas quais defende e representa os interesses dos empresários foi um dos temas abordados pelo presidente da entidade, Antonio Oliveira Santos, na reunião de Diretoria realizada dia 23, no Rio de Janeiro. “Somos uma entidade que representa um dos setores mais produtivos do País. Temos a preocupação de falar pela coletividade, na defesa dos interesses dos nossos representados”, afirmou Oliveira Santos no último encontro antes da posse dos novos diretores, dia 19 de novembro, em Brasília. O presidente da Confederação enfatizou que o desenvolvimento das atividades do setor terciário está diretamente conectado à política que o Brasil venha a adotar em relação à economia, citando em especial o comércio exterior, o câmbio e os reflexos das mudanças na sociedade. “Faço votos de que o País encontre uma boa solução para os seus interesses e que permita que o setor do comércio siga seu trabalho de construir, de fazer bem à sociedade, de melhorar o padrão de vida das pessoas, de defender as empresas e as atividades do segmento”, afirmou Oliveira Santos. Câmaras do Comércio Josias Albuquerque, vice-presidente Administrativo da Confederação, abordou mudanças no funcionamento e na composição das Câmaras Brasileiras do Comércio, órgãos que produzem estudos e sugestões e promovem debates sobre

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áreas específicas – como os setores ótico e de farmácias, por exemplo – para contribuir com a atuação política da entidade. Josias informou que as Federações do Comércio foram convidadas a indicar representantes para vagas ociosas nos órgãos, bem como para a composição da Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação (CBTI), reativada em outubro. (Para saber mais sobre as Câmaras, acesse o site da CNC.) “Estamos consultando as Federações do Comércio para que elas conheçam o trabalho realizado pela Câmara e indiquem quem poderá dela fazer parte”, explicou Josias. Segundo Josias, todas as providências relativas à Câmara de Tecnologia da Informação foram adotadas dessa forma. “Entramos em contato com os presidentes de todas as federações e pedimos que indicassem especialistas na área. O indivíduo terá que contribuir, mesmo que não seja associado da federação. Se, no seu estado, há alguém que tenha condições de exercer a atividade, ele poderá ser indicado. Mas agora será indicado com o aval da federação”, explicou o vice-presidente. “Precisamos renovar a atuação das Câmaras, principalmente em relação às atividades específicas. Reconheço como muito boa a iniciativa quanto à Câmara de Tecnologia da Informação. Penso de igual forma quanto às Câmaras que aqui existem, especialmente a Câmara Brasileira de Serviços Terceirizáveis. Quero me colocar à disposição para ajudá-lo na construção desse novo momento com referência à atuação setorial aqui na Confederação”, afirmou o vice-presidente Laércio Oliveira.


REUNIÃO DE DIRETORIA

Câmaras de Turismo A importância da atuação das Câmaras Empresariais de Turismo nos Estados brasileiros ganhou espaço na participação de Alexandre Sampaio, diretor da Confederação, na reunião de Diretoria. “É importante que as Câmaras Empresariais de Turismo, ou mesmo as Fecomércios que têm turismo em sua denominação, possam informar ao segmento empresarial dos seus estados sobre nossa representatividade”, disse. José Marconi Medeiros, vice-presidente, endossou a fala de Sampaio: “Gostaria de solicitar que fortaleçamos as Câmaras Empresariais de Turismo nas Federações do Comércio. Quero ressaltar o quanto é importante a Câmara Empresarial de Turismo nas federações. No nosso caso, na Paraí­ ba, não tínhamos pleno relacionamento com as entidades do trade turístico. Por causa da Câmara em nosso estado, a relação passou a ser muito importante e produtiva”, destacou. Economia Carlos Thadeu de Freitas, chefe da Divisão Econômica da CNC, falou sobre cenários futuros aos diretores da entidade. “O maior prêmio para o próximo governo é que o mundo está entrando novamente numa fase deflacionária. O Banco Central americano já disse que não vai aumentar a taxa de juros tão cedo; talvez continue até comprando papéis no mercado. A Europa está jogando dinheiro no mercado; e o Japão também. Então, a liquidez internacional é que vai salvar o próximo presidente, quem quer que seja, para ir

devagar arrumando a casa, ajustando a economia, subindo os preços administrados, sem que o Brasil entre numa recessão e sem que o dólar dispare”, explicou Carlos Thadeu. Segundo o economista, em qualquer circunstância 2015 será um ano difícil, porque as taxas de juros vão continuar altas. “Acredito que vamos ter um crescimento fraco do PIB, como o deste ano, provavelmente. A economia continua ainda em níveis satisfatórios; as pessoas estão satisfeitas com suas rendas. A massa de renda real em 12 meses está crescendo 2,9% – menos que no ano passado, mas está crescendo ainda. Isso dá um grau de satisfação”, contextualizou.

Última reunião antes de a nova Diretoria da CNC assumir foi marcada por análise de cenários e de melhorias internas, além de algumas despedidas

Renda vai ajudar, não os juros Para o chefe da Divisão Econômica da CNC, o que vai ajudar o comércio é a renda, e não os juros. “A renda vai continuar aumentando. A inflação, no ano que vem, começa alta, porque vamos ter uma série de reajustes no início do ano. Depois, com a economia fraca, se o dólar não subir muito, a tendência é voltar para níveis razoáveis, de 5% a 5,5%”, ponderou Thadeu de Freitas. Segundo o economista, em 2015 o crescimento do País será pequeno. “O Brasil não está à beira de quebrar, mas pode quebrar. Pode quebrar se o próximo governo, quem quer que seja, errar muito na economia. Agora, é óbvio que, se o cenário internacional mudar de novo, se as taxas de juros subirem nos Estados Unidos, a situação muda aqui dramaticamente”, finalizou.

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ECOS DA DIRETORIA

Representatividade sindical Adelmir Santana, vice-presidente da CNC, destacou a importância da representação sindical. “Representamos interesses corporativos e temos que defendê-los. Todos nós, ao fazermos isso nos Estados, estamos nos fortalecendo mutuamente. E esta casa, ao exercer, em caráter nacional, a força no Congresso, no Poder Executivo, nos tribunais superiores, no Poder Judiciário, tem esse respaldo do que é feito em todos os Estados brasileiros”, frisou Adelmir.

Novo mandato, novos desafios Laércio Oliveira, vice-presidente da CNC e deputado federal reeleito, saudou os diretores na reunião: “Quero renovar o meu compromisso com todos os meus colegas. Felizmente, o gabinete 629 continuará à disposição de todos. O telefone continua à disposição para todas as demandas necessárias. Naquilo que eu puder contribuir e ajudar, estarei sempre à disposição. Certamente, iniciarei um novo mandato com um cenário diferente. Mas, independentemente disso, renovamos o mandato na certeza da experiência adquirida”, ressaltou Laércio.

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ECOS DA DIRETORIA

Missão cumprida José Roberto Tadros falou sobre sua gestão à frente da CNC: “Passei quatro anos como 1º vice­ presidente desta casa e espero ter concluído este mandato seguindo os princípios básicos da minha vida: honradez, lealdade e espírito cristão. Quero agradecer a possibilidade de ter contribuído e sair, como de hábito, com a cabeça erguida, com o dever cumprido e a satisfação de ter, em uma parcela mínima, ajudado a Confederação”, disse Tadros.

Aprendizado e trabalho O diretor Hugo Lima França falou de seu trabalho na CNC: “Quero informar que estou me despedindo desta casa como diretor. Esses quatro anos foram um grande aprendizado. Tenho certeza de que estou saindo para a minha vida particular muito mais preparado. Quero aproveitar para parabenizar todos vocês que continuam exercendo esse trabalho em benefício do comércio do Brasil”, afirmou.

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ENTREVISTA

Bernardo Cabral

Reforma política já As eleições 2014 abriram espaço para questionamentos dos cidadãos a respeito das mudanças desejadas para País. Nesse sentido, a presidente da República reeleita, Dilma Rousseff, manifestou o desejo de atuar, em seu novo mandato, na direção de uma ampla reforma política. E a CNC Notícias levou o tema para ser discutido com o consultor da Presidência da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) Bernardo Cabral, especialista no assunto

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perfeiçoar o sistema político do País. Essa é a finalidade da reforma política no Brasil, que se daria por meio de emendas constitucionais para tentar melhorar o sistema eleitoral nacional, promovendo mais agilidade no atendimento aos anseios da sociedade. Uma reforma política ampla vem sendo articulada desde o governo Fernando Henrique Cardoso (FHC). No entanto, a única mudança substancial obtida desde então foi a instituição da reeleição, aprovada em 1997. Outra das grandes demandas de analistas políticos, a fidelidade partidária acabou sendo instituída por uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e posteriormente ratificada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o qual decidiu que o mandato pertencia ao partido, e não ao político. Tal decisão vem acarretando, atualmente, perda­s de mandatos eletivos de políticos que trocaram de partido depois de eleitos. A Lei da Ficha Limpa é outro exemplo de reforma política, aprovada em 2010, que passou a valer em 2012. Trata-se de uma legislação brasileira que foi emendada à Lei das Condições de Inelegibilidade, ou Lei Complementar nº 64, de 1990. Originada de um projeto de lei de iniciativa popular, promoveu a coleta de cerca de 1,6 milhão de assinaturas, com o objetivo de elevar a idoneidade dos candidatos. Segundo Cabral, a partir dessa reforma seria possível acelerar as demais, que todo cidadão brasileiro tanto clama, como a reforma tributária, de grande interesse do empresário e do trabalhador.

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Em que medida a reforma política poderia agilizar as demais reformas pleiteadas pelos empresários e pela sociedade brasileira? Ela só agilizará se sair do papel, com o envolvimento da população, a fim de que tire o empresário da perplexidade em que se encontra e da distância da sociedade brasileira, embora não esteja a ela indiferente. Isso porque um sistema político, partidário e eleitoral mais ágil, e tendo como parâmetro os reclamos da sociedade, será capaz, sem dúvida, de acelerar outras reformas, tais como a tributária, aqui colocada como exemplificativa, e não exaustiva. O empresariado brasileiro tem sido apontado, num contexto geral, como vilão na prática do financiamento eleitoral. Como desmistificar essa ideia? O financiamento público seria a saída? Será difícil espantar essa vilania de que sofre o empresariado brasileiro, porque esse financiamento gera a dependência de certos políticos ao poder das grandes empresas, tornando-os, ao se elegerem, vinculados aos interesses financeiros daquelas. Não me parece que o financiamento público seja a saída, porque ele só pode existir no voto de lista fechada, uma vez que, sem ele, não pode haver financiamento. O senhor pode falar a respeito da fidelidade partidária, questão inalterada pela Comissão do Senado destinada a elaborar propostas de mudanças? Segundo a Comissão, mantem-se a regra de perda de mandato para o parlamentar que trocar de partido. Qual a sua opinião?


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No meu entendimento, não parece que a troca pura e simples de partido ocasione a perda do mandato. O mais viável seria instituir que os eleitos nas eleições às quais concorreram poderiam, três anos depois, mudar de partido. Ou, ainda, a qualquer tempo, dele se desfiliar, se tivesse o partido rompid­o ou modificado as regras estatutárias que definiu ao tempo de sua criação. Nas últimas eleições, muito se falou no fim da reeleição. Recentemente, uma proposta de emenda à Constituição destinada a acabar com a reeleição foi rejeitada pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A reeleição faz bem ou mal ao processo eleitoral e à democracia brasileira? Infelizmente, a reeleição, que poderia ter se tornado algo palatável, acabou por se tornar um mal para o processo eleitoral e para a democracia brasileira. A minha opinião, em razão das barbaridades cometidas, é pela volta da duração do mandato para cinco anos, tanto para presidente como para governador e prefeito. Quais seriam os temas que deveriam compor uma eventual reforma política? Os temas, a meu juízo, seriam: a) sistemas eleitorais; b) financiamento eleitoral e partidário; c) extinção da suplência de senador, devendo ser convocado, no caso de substituição, impedimento ou afastamento, a qualquer título, o candidato que tiver obtido a maior votação depois dos eleitos, a fim de que o Estado não fique sem representação; d) fim das coligações nos pleitos proporcionais; e) voto facultativo; f) cláu-

ENTREVISTA

sula de barreira ou de desempenho; e g) fidelidade partidária. Os cientistas políticos afirmam que a reforma política só tem chance de sair do papel com a participação da sociedade, mais precisamente por meio de mobilização do povo. A presidente da República falou em submeter a proposta a plebiscito popular. Os líderes do Senado e da Câmara se manifestaram a favor de referendos pontuais a partir de uma proposta que venha a ser aprovada pelo Congresso Nacional. O que o senhor pensa a respeito? Por que é tão difícil fazer essa reforma? É difícil pela falta de compostura moral de alguns, pela ambição desmedida de muitos e pela neutralidade conveniente de quase todos aqueles que deveriam ultimá-la. Mas ela acaba por exibir, às escâncaras, o perfil de certos políticos – salvo honrosas exceções – portadores de um oceânico despreparo. E mais: precisará ela atender aos primado­s da democracia, uma vez que os institutos de pesquisa confirmam que 80% dos brasileiros desconfiam do Congresso e menos de 16% o aprovam. Talvez por essa razão 1/3 dos eleitores brasileiros acreditem que a democracia poderia funcionar sem o Congresso ou os partidos políticos, tornando-se evidente que essa manifestação é altamente perigosa, porque um parlamento fechado é época de ditadura. Finalmente, será um descomunal prejuízo à nação se não houver um acordo entre as correntes partidárias, e essa reforma se converter em simples fruto da conveniência das forças políticas eventualmente majoritárias. CNC Notícias

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CONJUNTURA ARTIGO ECONÔMICA

A política econômica e o sistema de preços Para Ernane Galvêas, a problemática da política monetária é administrar a taxa de juros de modo que não haja nem falta nem excesso de moeda/crédito para a estabilidade e o desenvolvimento da economia. “É fácil demonstrar essa relação, tanto na teoria como na prática”, afirma, em artigo

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bússola mais importante para regular e orientar a política econômica é a regra simples e racional da Lei da Oferta e Procura. É ela que nos ensina como se determinam os preços básicos da economia, o equilíbrio no mercado de bens e serviços, no comércio internacional, no mercado de trabalho, no sistema financeiro e nas relações dos agentes privados com o setor público. São esses ensinamentos simples do sistema de preços que nos informam e evidenciam os equívocos da atual política econômica. A nosso ver, estão distorcidos: 1. os preços dos bens e serviços, em face da intromissão demagógica do governo, na formação dos preços básicos dos combustíveis, da energia elétrica e dos transportes urbanos; 2. a taxa de câmbio, ora utilizada indevidamente para controlar a inflação, ora usada como hedge para atrair e proteger capitais estrangeiros, muitas vezes com objetivos especulativos; 3. o salário mínimo, regulado por rea­ justes reais com vistas à política social de transferência de rendas, sem qualquer vínculo com a produtividade do trabalho; 4. a taxa de juros básica (Selic), fixada com equivocada preocupação de regulação da demanda agregada (con-

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sumo e investimentos), sem levar em conta a dupla e contraditória política monetária praticada pelo governo por meio dos bancos oficiais; e 5. os tributos, como preço que a sociedade paga para sustentar o Estado, obeso e burocrático. Qualquer que seja a orientação política do novo governo que vai administrar o País até 2018, é da maior importância tratar de corrigir os equívocos da política econômica, derivados da má administração do sistema de preços. Esse é o caminho, a nosso ver, para superar a atual estagnação econômica e retomar o curso potencial e tradicional do crescimento econômico. Inflação e taxa de juros A taxa de juros é o instrumento adequado para combater a inflação quando a alta dos preços resulta de um excesso da demanda privada de consumo e de investimentos. Como esse não é o caso atual do Brasil, explica-se a preocupação do Banco Central (BC) de elevar os juros para atrair recursos estrangeiros, com o objetivo de coibir o déficit das contas externas, que se encaminha para mais de US$ 80 milhões em 2014. Entretanto, não se pode esquecer que o Tesouro Nacional deficitário está pagando R$ 250 bilhões anuais de juros sobre a dívida pública. Cabe, então, perguntar aonde quer chegar o Banco Central, com elevação da taxa


CONJUNTURA ECONÔMICA

É da maior importância corrigir os equívocos da política econômica, derivados da má administração dos preços

Ernane Galvêas Consultor Econômico da CNC

Selic, no momento em que a economia está quase parando. Desnecessária e inoportuna. Nota zero para o Banco Central. Política monetária e Banco Central independente A problemática da política monetária é relativamente simples: administrar a taxa de juros de forma que não haja nem falta nem excesso de moeda/crédito para a estabilidade e o desenvolvimento das atividades econômicas. É evidente que há uma estreita relação entre a taxa de juros e o nível do consumo e dos investimentos. É fácil demonstrar essa relação, tanto na teo­ria como na prática. No caso do Brasil, temos duas políticas monetárias, paralelas e conflitantes. De um lado, o Banco Central procurando conter a expansão do crédito e da liquidez, para que não se criem pressões inflacionárias, e do outro lado, o governo estimulando a expansão do crédito nos bancos públicos, especialmente no BNDES e na Caixa Econômica, mediante o suprimento de recursos oficiais a juros subsidiados. Dessa forma, anula-se a ação ordenad­a do Banco Central, que perde eficiência e eficácia. Sobra ao Banco Central a capacidade legal para impor uma adequada regulação ao sistema financeiro, cuidando de vigiar e corrigir desvios que ponham em risco a liquidez das instituições financeiras, e, assim, zelar pela segurança

dos recursos que os agentes econômicos depositam e investem nessas instituições, como prescrevem sabiamente os Acordos da Basileia. Nesse contexto, há de se preservar um grau adequado de autonomia e independência do Banco Central, colocando-o fora da intervenção política. Daí que o presidente do BC e seus diretores, indicados pelo presidente da República, devem ser aprovados pelo Senado. A julgar pela experiência internacional, seria justificável dar aos diretores do BC mandato de prazo fixo, como ocorre, no Banco do Brasil, com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e as demais agências reguladoras. Chegou-se, no Brasil, ao desnecessário exagero de conferir ao presidente do BC o status de ministro de Estado. Criou­ se, então, o problema de saber se esse ministro pode ou não ser demissível ad nutum, como todos os demais ministros, ou se deve ser preservado como um funcionário de exceção. Fui presidente do Banco Central de 1968 a 1974, e, nesse período, nunca se colocou a questão da autonomia ou independência em relação ao ministro da Fazenda. De outra feita, como ministro da Fazenda, de 1980 a 1985, jamais se levantou qualquer problema nesse relacionamento, em benefício da política econômica. A meu ver, a experiência brasileira é bastante para indicar como deve proceder o legislador. CNC Notícias

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Os desafios de 2015 Em artigo, Carlos Thadeu de Freitas Gomes, economista-chefe da CNC, fala sobre o que deverá ser feito no cenário econômico para o próximo ano, que, segundo ele, “será de ajustes”

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ano de 2015 será de ajustes. Entretanto, não são esperadas grandes surpresas na condução da política econômica no curto prazo. A conjuntura econômica atual demanda a correção dos desequilíbrios macroeconômicos, aprofundados recentemente. A maior parte da volatilidade presente dos ativos financeiros deve-se às dúvidas em relação à magnitude e à velocidade desses ajustes. No entanto, apesar de requerer atenção, o cenário está longe de ser catastrófico. Um dos desequilíbrios macroeconômicos atuais é a deterioração das contas públicas. A redução do superávit primário – devida em parte ao aumento dos gastos e desonerações e em parte ao baixo crescimento econômico, ao mesmo tempo que houve elevação das taxas de juros incidentes sobre a dívida – coloca em risco a sustentabilidade das finanças públicas no longo prazo. Adicionalmente, os grandes aportes feitos pelo Tesouro Nacional ao BNDES, ao elevar a dívida bruta, aumentaram seu custo. O superávit primário se aproxima de zero, e o déficit nominal é o maior desde 2009. O endividamento soberano ainda está em patamares confortáveis, mas não há mais espaço para maiores incentivos fiscais, e ajustes deverão ser feitos para retomar a sustentabilidade. As contas externas também indicam certo desequilíbrio. O cenário internacional, a partir de uma demanda externa

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fraca no período pós-crise, contribuiu para a reversão do saldo em conta-corrente. Apesar do crescimento ameno da demanda interna, a necessidade de financiamento externo deverá ser maior que os investimentos diretos externos neste ano. Os termos de troca ainda estão cerca de 15% mais favoráveis que em 2006, mas em níveis inferiores aos picos observados em 2011 e em trajetória de queda. O colchão de reservas acumuladas ao longo dos últimos anos reduz significativamente a vulnerabilidade externa do País. Além disso, a liquidez internacional abundante facilita o financiamento desse déficit, apesar da grande volatilidade dos fluxos de capitais produzida pelas incertezas relacionadas à normalização da política monetária dos Estados Unidos. O ritmo de normalização ditará a velocidade dos ajustes cambiais. Outra fonte de preocupação é a inflação, que está persistentemente acima do centro da meta. Boa parte da alta dos preços vem de choques climáticos, cada vez mais recorrentes, sobre os preços dos alimentos – grupo com grande peso na inflação oficial. Entretanto, a inflação que preocupa mais é a de serviços, por seu caráter altamente inercial, já que boa parte dos preços desse grupo tem indexação formal ou informal. O represamento de preços monitorados também mantém em alta a expectativa de inflação futura.


CONJUNTURA ECONÔMICA

O baixo crescimento econômico torna os ajustes necessários mais desafiadores

Carlos Thadeu de Freitas Economista-chefe da CNC

Os preços dos serviços também têm sido pressionados pela elevação dos salários reais. Os rendimentos dos trabalhadores continuam apresentando ganhos reais, mesmo com o desaquecimento das contratações. A redução do crescimento demográfico e a menor participação dos jovens no mercado de trabalho estão por trás desse fator. Adicionalmente, a rigidez característica desse mercado impõe longas defasagens de ajuste. No entanto, o baixo crescimento econômico eventual­mente implicará uma lenta elevação da taxa de desemprego. As restrições demográficas demandarão esforços para o aumento da produtividade nos próximos anos. Apesar de não haver cenário de crise, os diversos desequilíbrios macroeconômicos, hoje, apresentam muitos desafios para o próximo ano. O baixo crescimento econômico torna os ajustes necessários mais desafiadores. No caso da política monetária e das intervenções cambiais, a dúvida, atualmente, é se esses ajustes virão de forma lenta, conforme expressada pelo Banco Central em seu último relatório de inflação, ou de forma mais rápida, sob uma nova gestão. Um exemplo claro das incertezas sobre o rumo das políticas monetária e cambial é o volume atual das operações compromissadas, que atualmente já alcança quase R$ 1 trilhão. Os agentes econômicos preferem, hoje, aplicar em curto prazo, auferindo uma Selic

de 11%, do que se arriscar em outros investimentos. A partir de meados dos anos 2000, as reservas cambiais foram acumuladas por meio de compras de dólares pelo Banco Central, tendo como contrapartida as operações compromissadas em reais. Entretanto, durante as eleições de 2002, quando a percepção de risco político era elevada, o dólar disparou. Atualmente, o real ainda é moeda de refúgio. O cenário internacional também continuará desafiador. O crescimento econômico global tem sido revisado sistematicamente para baixo. A projeção para o crescimento econômico mundial do World Economic Outlook (publicação trimestral do FMI), que em julho passado era de 3,7%, foi revisada para 3,3% este ano; e para 2015, de 4,2% para 3%. Diante desse quadro, as commodities continuam a apresentar tendência de desvalorização, enquanto o dólar se valoriza e as taxas de juros internacionais permanecem em patamares baixos, quando não em queda. A demanda por títulos americanos por não residentes atingiu US$ 6 trilhões em agosto, como resultado da busca por ativos mais seguros. Essa reavaliação das condições econômicas globais poderá postergar a normalização da política monetária americana; e apesar de persistir a volatilidade dos mercados, vai permitir aos países emergentes, com o Brasil, mais tempo para se ajustar.

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CONJUNTURA ECONÔMICA

Estratégia para crescer No clima de expectativas que cerca o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o Conselho Técnico da CNC debateu o cenário econômico com dois dos mais importantes especialistas brasileiros

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Luiz Roberto Cunha e João Paulo de Almeida Magalhães: desafios requerem alternativas

assadas as eleições, o País está agora na expectativa das correções de rumo que se fazem necessárias para a retomada consistente do crescimento. O Conselho Técnico da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) promoveu duas reuniões nas semanas entre outubro e novembro, no Rio de Janeiro, para debater o assunto e refletir sobre os desafios que esperam o próximo governo. Luiz Roberto Cunha e João Paulo de Almeida Magalhães, dois dos mais expressivos nomes do pensamento econômico brasileiro, apresentaram suas análises sobre o atual cenário. O equilíbrio das contas públicas, o controle da inflação e a retomada do crescimento foram alguns dos assuntos tratados. Para Luiz Roberto Cunha, o modelo de crescimento baseado no consumo praticado até então no Brasil se esgotou. E a inflação, que se mantém muito próxima ou acima de 6%, mesmo com o represamento dos preços monitorados, contribui para a perda futura da capacidade econômica, ao mesmo tempo que gera expectativas para mais inflação no médio prazo. “A permanência em torno de 6% leva à inércia. Temos lutado tanto contra isso, com um custo enorme para o País, e hoje os agentes do mercado olham para a inflação como se ela estivesse em um ‘voo de cruzeiro’. Mas essa inflação corrói a capacidade da economia”, afirmou.

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A deterioração da parte fiscal e a forte dependência de recursos externos foram outros aspectos abordados. “Precisamos continuar a ter grau de investimento na avaliação de risco das agências internacionais”, disse Luiz Roberto Cunha, ao falar da relação taxa de investimentos/ PIB, que, este ano, segundo o IBGE, chega a 17,9%. Em 2009 estava em 18,1%. “A taxa nunca foi muito alta”, criticou. “Além disso, apesar do crescimento forte do crédito, sobretudo em instituições públicas, o investimento e o consumo seguem em queda.” Já o economista João Paulo de Almeida Magalhães destacou que falta ao País uma estratégia alternativa àquela que se esgotou por volta de 1980, com o fim do ciclo da substituição das importações. “Domina hoje a economia brasileira uma visão ‘curtoprazista’, que se concentra na garantia dos chamados equilíbrios fundamentais, cambial, fiscal e monetário, com ênfase especial neste último”, avaliou o autor do livro O que fazer depois da crise, destacando que a nova estratégia econômica para o País deve se concentrar na criação de mercado, em setores de avançada tecnologia e voltados para o mercado interno. A prioridade na inflação é um erro em relação à aceleração da economia, afirmou João Paulo. Ele lembrou que, no passado, a aceitação de uma inflação moderada e estável foi, possivelmente, condição para um rápido incremento do PIB brasileiro. Mas ele reconhece que a memória recente da hiperinflação exclui essa modalidade de crescimento. “Como a obtenção de estabilidade monetária com base na manipulação da taxa de juros é inaceitável, pelo seu impacto no crescimento econômico, a solução se acha numa política de rendimentos, como no caso do Plano Real, que controle preços sem prejudicar o desenvolvimento.”


Contribuições para a economia

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Anais do Seminário Panorama da Economia Brasileira foram lançados pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio, no Restaurante-Escola do Senac

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a manhã do dia 5 de novembro, a Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio (CDEIC) da Câmara dos Deputados lançou, no Restaurante-Escola do Senac, também na Câmara, os Anais do Seminário Panorama da Economia Brasileira. A iniciativa contou com o apoio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e com a presença de seus representantes, Laércio Oliveira, vice-presidente, e Roberto Velloso, chefe da Assessoria junto ao Poder Legislativo (Apel) da entidade. “Nos Anais deste Seminário, podemos pinçar ideias capazes de fomentar no País uma nova consciência sobre o papel do Estado no desempenho econômico de uma nação, mas também sobre as responsabilidades do Legislativo na promoção e na garantia da competitividade dos produtos nacionais e no combate à burocracia”, afirma o presidente da Confederação, Antonio Oliveira Santos, na apresentação do livro. O Seminário, realizado no início do ano, discutiu problemas conjunturais da economia brasileira, com ênfase na burocracia, nos entraves ao empreen­dimento e no custo da produção no País. Também estiveram presentes ao lançamento os deputados Augusto Coutinho (SD-PE), presidente da CDEIC, e Ângelo Agnolin (PDT-PO), autor do requerimento para a realização do Seminário. Parceria Durante a cerimônia, Roberto Velloso falou da parceria da Confederação com a Câmara, e os deputados Sebastião Bala Rocha (SD-AP), Otávio Leite (PSDB-RJ), Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) e Alfredo Kaefer (PSDB-PR) também usaram da palavra para debater o quadro atual da economia brasileira, colocando-se à disposição para tratar do assunto em novas discussões na Casa. Acima, ao microfone, o deputado Ângelo Agnolin comenta a realização do Seminário, que resultou na publicação dos Anais

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PESQUISAS NACIONAIS CNC

Novo recuo em outubro Elevado custo do crédito e alto nível de endividamento freiam o desejo das famílias de comprar a prazo, mostram os resultados da Intenção de Consumo das Famílias

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Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou quedas de 0,4% (121,5 pontos), na comparação com o mês imediatamente anterior, e de 3,8% em relação a outubro de 2013. Há alguns meses, o grupo de Alimentos e Bebidas mostrava desaceleração no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA), mas na última divulgação, referente a setembro, houve nova aceleração da inflação, com destaque para outra elevação no preço dos alimentos. O índice permanece acima da zona de indiferença (100,0 pontos), indicando um nível favorável. O grau de confiança das famílias com renda abaixo de dez salários mínimos mostrou queda de 0,6% na comparação mensal. As famílias com renda acima de dez salários mínimos apresentaram aumento de 0,4%. O índice das famílias mais ricas encon-

tra-se em 124,5 pontos, e o das demais, em 121 pontos. Na mesma base comparativa, os dados regionais revelaram que a maior queda ocorreu na região Sudeste, com retração de 1,1%, e a melhor avaliação ocorreu na região Nordeste, com aumento de 0,6%. Mercado de trabalho O componente Emprego Atual registrou elevações de 1,1% em relação ao mês anterior e de 1,4% na comparação com o mesmo período do ano passado. O percentual de famílias que se sentem mais seguras em relação ao Emprego Atual é de 45,8% – uma pequena elevação em relação a agosto (45,4%). “O componente Emprego Atual apresentou melhora novamente, já que nos últimos meses atingiu os menores valores das respectivas séries históricas”, afirma Juliana Serapio, assessora da Divisão Econômica da CNC.

Nível de consumo atual:

Igual ao ano passado

31,6%

Menor Maior

34,6% 33,2%

0,6%

Não sabe/ Não respondeu

Fonte: Pesquisa CNC

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PESQUISAS NACIONAIS CNC

Em relação às regiões pesquisadas, Centro-Oeste, Sul e Nordeste têm as famílias mais confiantes em relação ao Emprego Atual (145,2, 143,5 e 135 pontos, respectivamente), com variações mensais de 0,3%, 4,8% e 1,7%, na ordem respectiva. Por outro lado, as regiões Norte e Sudeste registraram menor nível de confiança, contabilizando 127,9 e 128,2 pontos, respectivamente. Consumo O componente Nível de Consumo Atua­l registrou aumento de 0,3% em relação ao mês anterior e queda de 0,3% em comparação com o mesmo período do ano passado. A maior parte das famílias declararam estar com o nível de consumo igual ao do ano passado (34,6%), revelando uma pequena elevação em relação ao mês anterior, em que 33,8% das famílias declararam o mesmo fato. O índice está em 101,7 pontos, o que significa um nível favorável, acima da zona de indiferença. O elevado custo do crédito e o alto nível de endividamento ainda são os motivadores do desaquecimento na intenção de compras a prazo. O componente Acesso ao Crédito mostrou queda de 0,7% na variação mensal – menor nível da série histórica e queda de 5% em relação ao mesmo perío­do do ano passado. O item Momento para Duráveis registrou queda de 3,9% na comparação mensal. Em relação a 2013, o componente mostrou

redução de 13%. Nesse mês ele obteve o menor valor da série histórica. Por corte de renda, as famílias com até dez salários mínimos registraram queda de 3,9% no quesito Momento para Duráveis na comparação mensal, enquanto aquelas com renda acima de dez salários mínimos apresentaram redução de 3,8%. Regionalmente, esse indicador variou de 134,8 pontos (Sul) a 70 pontos (Norte). Expectativas As famílias apresentaram piora nas perspectivas em relação ao mercado de trabalho na comparação mensal, com queda de 0,4%. Em relação ao mesmo período do ano passado, o componente registrou diminuição de 4,4%. A maior parte das famílias (55,8%) consideram positivo o cenário para os próximos seis meses. O índice ficou em 119,6, registrando um nível ainda favorável de satisfação (acima de 100 pontos). O item Perspectiva de Consumo mostrou elevação de 0,9% em relação a setembro. Na comparação anual, ele apresentou queda de 3,4%. Na base de comparação mensal, as famílias com renda até dez salários mínimos registraram aumento de 0,9%, e aquelas com renda acima de dez salários registraram elevação de 1,2%. As regiões Nordeste (158,8 pontos) e Norte (147 pontos) lideram o ranking regional de otimismo em relação ao consumo.

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Menos endividados em qualquer faixa de renda Houve não apenas diminuição da proporção de endividados, mas também melhora da percepção quanto ao endividamento, com menos famílias relatando estar muito endividadas

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percentual de famílias que relataram ter dívidas entre cheque pré­ datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 60,2% em outubro de 2014, o que representa uma queda em relação aos 63,1% observados em setembro de 2014, como também um recuo em relação aos 62,1% de outubro de 2013. Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Acompanhando a queda do percentual de famílias endividadas, o percentual daquelas com dívidas ou contas em atraso diminuiu na comparação mensal, de 19,2% para 17,8% do total. Houve redução do percentual de famílias inadimplentes também em relação a outubro de 2013, quando esse indicador alcançou 21,6% do total. De maneira semelhante, o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar

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suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes apresentou diminuição em ambas as bases de comparação, alcançando 5,4% em outubro de 2014, ante 5,9% em setembro de 2014 e 7,3% em outubro de 2013. A redução do número de famílias endividadas na comparação com o mês imediatamente anterior foi observada em ambas as faixas de renda. Na comparação anual, ambas as faixas apresentaram queda. Para as famílias que ganham até dez salários mínimos, o percentual daquelas com dívidas foi de 61,9% em outubro de 2014, ante 64,5% em setembro de 2014 e 64,0% em outubro de 2013. Para as famílias com renda acima de dez salários mínimos, o percentual de endividadas passou de 56,2%, em setembro de 2014, para 52,4% em outubro de 2014. Em outubro de 2013 o percentual de famílias com dívidas nesse grupo de renda era de 53,1%.


PESQUISAS NACIONAIS CNC Modalidades de endividamento das famílias 74,7%

17,3%

14,1%

Cartão de crédito

Carnês

Financiamento de carro

Fonte: Pesquisa CNC

Em relação a contas ou dívidas em atraso, o percentual de famílias também apresentou tendências semelhantes entre os grupos de renda pesquisados. Houve queda do indicador em ambas as faixas de renda, tanto na comparação mensal quanto na anual. Na faixa de menor renda, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso passou de 21,2%, em setembro de 2014, para 19,7% em outubro de 2014. Em outubro de 2013, 23,8% das famílias nessa faixa de renda haviam declarado ter contas em atraso. Já no grupo com renda superior a dez salários mínimos, o percentual de inadimplentes alcançou 9,4% em outubro de 2014, ante 9,9% em setembro de 2014 e 12,3% em outubro de 2013. A análise por faixa de renda do percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas em atraso também mostrou comportamento semelhante entre os grupos pesquisados, em ambas as bases de comparação. Na faixa de maior renda, o indicador alcançou 2,5% em outubro de 2014, ante 2,7% em setembro de 2014 e 3,1% em outubro de 2013. Para o grupo com renda até dez salários mínimos, o percentual de famílias sem condições de quitar seus débitos recuou de 6,7%, em setembro de 2014, para 6,1% em outubro de 2014. Em relação a outubro de 2013 houve redução de 2,3 pontos percentuais. A proporção das famílias que se declararam muito endividadas diminuiu entre os meses de setembro de 2014 e outubro de 2014 – de 11,5% para 11,0% do total de famílias. Na comparação anual, houve queda de 1,6 ponto percentual. Na com-

paração entre outubro de 2013 e outubro de 2014, a parcela que declarou estar mais ou menos endividada passou de 23,3% para 23,0%, e a parcela pouco endividada passou de 26,2% para 26,3% do total de famílias. Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso foi de 58,5 dias em outubro de 2014 – abaixo dos 59,6 dias de outubro de 2013. O tempo médio de comprometimento com dívidas entre as famílias endividadas foi de 6,9 meses, sendo que 28,1% estão comprometidas com dívidas até três meses, e 31,5%, por mais de um ano. Ainda entre as famílias endividadas, a parcela média da renda comprometida com dívidas aumentou na comparação anual, passando de 28,8% para 30,5%, e 22,0% delas afirmaram ter mais da metade de sua renda mensal comprometida com o pagamento de dívidas. Cartão de crédito O cartão de crédito foi apontado como um dos principais tipos de dívida por 74,7% das famílias endividadas, seguido por carnês, para 17,3%, e, em terceiro, por financiamento de carro, para 14,1%. Para as famílias com renda até dez salários mínimos, cartão de crédito, por 76,0%, carnês, por 18,4%, e financiamento de carro, por 11,1%, são os principais tipos de dívida apontados. Já para famílias com renda acima de dez salários mínimos, os principais tipos de dívida indicados em outubro de 2014 foram: cartão de crédito, para 69,4%, financiamento de carro, para 27,8%, e financiamento de casa, para 18,0%. CNC Notícias

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PESQUISAS NACIONAIS CNC

Confiança do comércio tem pior ano em 2014 Evolução das variáveis que influenciam vendas e, consequentemente, a confiança dos empresários do setor ainda não deram sinais de recuperação. E devem seguir assim até o fim do ano

O

Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registrou, em outubro, queda mensal de 1,6%, com ajuste sazonal. No comparativo anual, a retração de 11,1% foi a segunda maior do ano, afastando, pelo menos no curto prazo, a percepção de retomada no nível de atividade do comércio. Aos 111,5 pontos, restando menos de dois meses para o final do ano, o resultado de outubro consolidou 2014 como o ano de menor confiança por parte dos empresários do comércio desde a criação do índice, em 2011. “A confiança dos empresários do comércio é bastante sensível ao desempenho das vendas, e 2014 deverá registrar o menor crescimento de vendas dos últimos 11 anos”, afirma o economista da CNC Fabio Bentes. Segundo ele, a evolução das variáveis que influenciam vendas e, consequentemente, a confiança dos empresários do

setor ainda não deram sinais de recuperação. “Os últimos dados do mercado de trabalho ainda apresentam desaceleração, e a recente elevação da taxa básica de juros não deverá estimular o consumo das famílias por meio da expansão do crédito. Nesse cenário, o varejo deverá continua­r a registrar crescimento ainda tímido”, afirma Bentes. Condições atuais despencam A queda de 0,9% em relação ao mês anterior levou o Índice de Condições Atuai­s do Empresário do Comércio (Icaec) a registrar o patamar mais baixo da série histórica do subitem. Embora o nível de satisfação com as condições atuais do setor e das empresas dos entrevistados tenham registrado as primeiras altas mensais desde o último mês de julho, a forte deterioração na avaliação das condições econômicas correntes (-4,1%) impediu um resultado positivo do Icaec. Em relação a outubro de 2013 houve queda de 16,9%.

Evolução do Índice de Confiança do Empresário do Comércio – 2011 a 2014 135

130

125 2011 120

2012 2013

115

2014 110

105

JAN.

FEV.

MAR.

ABR.

MAIO

JUN.

JUL.

AGO.

SET.

OUT.

NOV.

DEZ.

Fonte: Pesquisa CNC

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PESQUISAS NACIONAIS CNC

Para 71,8% dos empresários do setor as condições atuais da economia brasileira estão piores que há um ano. Esse quesito, especificamente, registrou as maiores quedas em todo o Icec, tanto na comparação mensal quanto na anual. As regiões Sul (53,9 pontos) e Sudeste (56,2 pontos) concentram as piores avaliações. Expectativas Após registrar recuperação por três meses consecutivos, as expectativas voltaram a ser corrigidas para baixo tanto no comparativo mensal (-2,6%) quanto no anual (-9,0%). A retração em relação a setembro se deu, principalmente, em decorrência da queda no item que mede as perspectivas para a economia brasileira (-3,8% ante setembro). Especificamente nesse quesito do Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC), os empresários das regiões Sul (120,4 pontos) e Sudeste (128,7 pontos) têm se mostrado menos otimistas do que os das demais regiões do Brasil. Apesar das quedas, na avaliação de 72,3% dos entrevistados a economia vai melhorar nos próximos meses. No entanto, a maior parte destes (39,1% do total de entrevistados) espera melhora moderada. A tendência de redução nas expectativas em relação à economia brasileira no IEEC vem coincidindo com a mesma trajetória da mediana das expectativas registrada semanalmente pelo Focus (Bacen). Há um ano, por exemplo, a perspectiva de aumento do PIB brasileiro em 2014 era de 2,15%, e, atual­mente, encontra-se próxima

de +0,25%. Para 2015, a mediana recuou de 2,50% para 1,00% nos últimos 12 meses. Ajustes nos estoques Assim como o índice de expectativas vem acompanhando as perspectivas menos favoráveis em relação à economia, a tendência declinante do Índice de Investimento do Empresário do Comércio (IIEC) relativo às intenções de investimentos guarda relação com a desaceleração das vendas do comércio. Os estoques do varejo, mais especificamente, ainda vêm se adequando ao ritmo menor das vendas: na opinião de 23,1% dos empresários do setor, os estoques ainda estão acima do nível adequado, sinalizando um ritmo mais lento de encomendas nos próximos meses. Um ano atrás, quando as vendas do varejo cresciam acima dos 5,0% ao ano, 20,3% dos entrevistados percebiam o nível dos estoques como acima do adequado. Na região Sudeste, onde o ritmo de vendas é ainda menor que o da média nacional, 26,1% dos entrevistados deverão reduzir o ritmo de encomendas nos próximos meses. Os demais componentes do IIEC também reagiram negativamente, tanto na comparação mensal quanto na anual. Além das expectativas menos favoráveis para os próximos meses, contribuem decisivamente para a menor intenção de investimentos na contratação de funcionários e na aquisição de máquinas e equipamentos o nível mais fraco de atividade do setor e o custo do crédito para pessoas físicas e jurídicas.

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TURISMO

Raio X do setor de eventos no Brasil

O

Anita Pires e Luiz Carlos Barbosa apresentam resultados do Programa de Qualidade Abeoc Brasil

Estudo da Abeoc apresentado no Conselho de Turismo da CNC mostra que segmento cresce continuamente no Brasil e impacta positivamente a economia

mercado de eventos está em ascensão na economia do País e movimenta diversos segmentos de negócios, 76,8% dos quais são micros e pequenas empresas, que fomentam emprego e renda em todas as regiões. Em 2013 o setor gerou R$ 209,2 bilhões de receita e mais de 1,89 milhão de empregos diretos e formais e terceirizados em 590 mil eventos, com destaque para a região Sudeste, responsável por 52% das realizações, seguida pela Nordeste, com 20%, e pela Sul com 15%. Foi o que revelou o II Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos no Brasil, pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas de Eventos (Abeoc) e apresentada durante reunião do Conselho de Turismo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no dia 29 de outubro, no Rio de Janeiro. Para a presidente da Abeoc, Anita Pires, que também é vice-presidente do Conselho de Turismo, a pesquisa ajuda o segmento a conhecer o seu tamanho e sua importância na economia do País e é um guia para as estratégias e investimentos das empresas. “É uma ferramenta que facilita a sobrevivência das empresas do segmento de eventos, especialmente as de menor porte, e permite pautar com maior precisão as estratégias a serem adotadas nos negócios.

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As empresas encontram dados que podem orientar investimentos, definir a ampliação dos negócios, analisar pontos fortes e fracos do mercado e identificar demandas para novos empreendimentos”, explicou Anita. O presidente do Conselho de Turismo da CNC, Alexandre Sampaio, acredita que as informações podem, somadas a outros dados apresentados pelas entidades do setor, orientar políticas de turismo. “A CNC sentiu-se honrada em apoiar essa pesquisa, pela importância de apresentar informações que podem contribuir com as políticas públicas para os diferentes segmentos do turismo”, afirmou Sampaio. Segundo Anita Pires, o Ministério do Turismo solicitou acesso aos dados da pesquisa antes da divulgação e sinalizou com a possibilidade de inclusão do setor de eventos no PAC do Turismo (Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal). Conhecendo o segmento de eventos no Brasil O coordenador do Observatório do Turismo da Universidade Federal Fluminense (UFF), Osiris Bezerra Marques, responsável pela condução da pesquisa, apresentou a metodologia e os resultados técnicos do estudo. Segundo ele, a pesquisa classificou as empresas em dois perfis: os espaços que recebem eventos e as empresas (ou associações e entidades) organizadoras de eventos. “Fizemos um inventário e levantamos todos os espaços disponíveis para eventos no Brasil, a partir de cem lugares. Temos todos os endereços, empresas e tipologias”, afirmou Osiris. No total, são 9.445 espaços entre centros de convenções, hotéis, auditórios/tea­ tros, pavilhões de exposições, restaurantes, casas noturnas, clubes/estádios, etc. “Quando falamos em espaços, referimo­ nos a estabelecimentos. Um hotel pode ter sete salas disponíveis para eventos, mas


TURISMO Taxa média mensal de ocupação dos espaços para eventos no Brasil - 2013

47,8% 38,2%

41,1%

Jan.

Fev.

Mar.

50,2%

52,0%

49,7%

Abr.

Maio

Jun.

47,8%

Jul.

52,7%

Ago.

55,1%

Set.

57,3%

59,1%

Out.

Nov.

55,6%

Dez.

Fontes: Abeoc Brasil/Sebrae/Observatório do Turismo-FTH-UFF, 2014

é contabilizado como apenas um estabelecimento”, esclareceu o coordenador da pesquisa. Osiris explicou que a renda total do mercad­o de eventos (209 bilhões) foi calculada a partir da soma dos gastos realizados pelos participantes de feiras (99,2 bilhões), congressos e outras realizações, mais a receita gerada com a locação dos espaços (37,8 bilhões) e ainda o faturamento das empresas, entidades e associações organizadoras de eventos (72,2 bilhões). Ao todo, os eventos contaram com a participação de mais de 200 milhões de pessoa­s, que gastaram, em média, R$ 161,80 por dia. A maioria dos participantes – mais de 151 milhões (74,8%) – moravam no local de realização dos eventos, e o restante – pouco mais de 50 milhões (25,1%) – era de visitantes. Mas Osiris destaca que o tempo de permanência e o gasto médio diário do turista de evento são superiores aos do residente. Enquanto os visitantes movimentaram 86,6 bilhões, os residentes gastaram cerca de 12,5 bilhões. O setor também surge como importante empregador. Cada espaço conta, em média, com 9,5 funcionários fixos e 52,5 terceirizados ao ano. Já as empresas organizadoras contratam, em média, 15,2 profissionais para seus quadros fixos e buscam 477,6 terceirizados ao longo do ano. No total, elas geram 1,89 milhão de empregos diretos e formais (incluindo os terceirizados). O II Dimensionamento Econômico da Indústria de Eventos do Brasil faz parte do Programa de Qualidade Abeoc Brasil, uma iniciativa da Abeoc em parceria com o Se-

brae Nacional e o apoio da CNC e da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS). O estudo foi realizado pelo Observatório do Turismo da Faculdade de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense, com apoio do Fórum do Setor de Eventos (ForEventos). Qualificação e certificação Para atender à necessidade de capacitação das micros e pequenas empresas, que são a maioria do segmento de eventos, o qual está em constante expansão, a Abeo­c Brasil criou o Programa de Qualidade Abeo­c Brasil - Qualificação em Gestão e Certificação de Micro e Pequenas Empresas de Eventos. O objetivo do Programa é o aprimoramento da gestão das empresas, além da certificação dos negócios. Também presente à reunião, o diretor da LCB Consultoria Organizacional, Luiz Carlos Barbosa, defendeu que uma melhoria na gestão dos negócios pode aumentar a competitividade. “O programa é estruturador, exatamente como requerem muitos setores do turismo, e vai ao encontro do grande desafio atual, que é aumentar a competitividade”, disse Barbosa. Até o momento, participaram 243 empresas em 12 estados. Após essa fase, as empresas são incentivadas a tomar parte do processo de certificação. Foram 102 inscritas. “A meta era certificar 30 empresas. Até o momento, aprovamos 26, mas acredito que chegaremos a 70 empresas”, concluiu Luiz Carlos Barbosa.

Osiris Marques, que coordenou o dimensionamento do setor de eventos, durante reunião do Conselho de Turismo da CNC

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TURISMO

Sustentabilidade no Festuris CNC lança publicação sobre turismo e sustentabilidade durante o 26º Festival do Turismo de Gramado

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elo segundo ano consecutivo, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) patrocina o 26º Festival do Turismo de Gramad­o (Festuris), rea­lizado de 6 a 9 de novembro em Gramado – RS, e marca presença no evento. Em 2014, os destaques foram a ampliação da oferta de cursos de capacitação, que saltaram para 50, e o Salão de Parques e Entretenimento, segmento visto como promissor pelo trade, conforme destacou o ministro do Turismo, Vinicius Lages, na abertura do Festuris. “O crescimento do setor de parques temáticos é um dos trunfos da indústria para a próxima década. O segmento é um dos que mais tendem a crescer, e pode contribuir significativamente para a consolidação do Brasil como destino mundial”, afirmou Lages. Para o presidente do Conselho de Turismo da CNC, Alexandre Sampaio, presente na abertura do festival, a retomada imediata das políticas públicas de turismo e o fortalecimento do Ministério são vitais para prolongar o momento especial que o turismo está vivendo.

Acima, o ministro Lages e Alexandre Sampaio, com a publicação lançada no evento. Ao lado, a abertura do Festuris, que homenageou empresários do setor

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Estratégia e oportunidade Durante o evento, a CNC lançou o livro Estudos em Turismo: Turismo e sustentabilidade, no estande do Sistema CNC-Sesc-Senac, no dia 7 de novembro. A publicação reúne palestras de especialistas que mostram como a sustentabilidade pode ser pensada em empreendimentos turísticos ou aplicada na organização de eventos, congressos e feiras, além de abordar outros temas, como licenciamento ambiental, incentivos para o turismo sustentável e eventos verdes. Segundo Alexandre Sampaio, a publicação oferece informações, recomendações e estudos de caso para que as empresas percebam que a sustentabilidade, além de necessária, pode se tornar uma oportunidade. “Exemplos de sucesso demonstram que minimizar os impactos ambientais e promover a acessibilidade gera retornos sociais, mas também funciona como diferencial competitivo”, acredita Sampaio. O Festuris expôs mais de 2 mil marcas em 400 estandes e recebeu cerca de 14 mil visitantes em cerca de 20 mil metros quadrados de feira.


TURISMO

Iniciativa privada deve complementar política de turismo Alexandre Sampaio, da CNC, defendeu no Senado incentivos aos parques nacionais e temáticos e à aviação regional

O

diretor da CNC Alexandre Sampaio apresentou, em 5 de novembro, em audiência pública promovida pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) do Senado, propostas para a estruturação dos destinos turísticos nacionais. Sampaio, que é presidente do Conselho de Turismo da CNC e da Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, afirmou que as atividades da iniciativa privada devem ser vistas como um processo complementar e sinérgico à política de turismo desenvolvida atualmente pelo Ministério do Turismo. Ele enfatizou que a Confederação, ao longo de seus 69 anos, defende o turismo, promove a formação dos trabalhadores do setor, com o Senac, e a inclusão social, por meio das atividades de turismo social desenvolvidas pelo Sesc, e hoje é a maior entidade patrocinadora dos eventos do turismo nacional. O diretor destacou três fatores fundamentais para fortalecer o turismo regional: incentivar a estruturação de parcerias público-privadas na gestão dos parques nacionais; investir na infraestrutura aeroportuária, ampliando a malha aérea e criando novos modais de transporte; e facilitar a instalação de parques temáticos, com incentivos fiscais que viabilizem os empreen­dimentos e a importação de equipamentos. “Os Parques temáticos agregam valor e levam movimento turístico à região

onde estão localizados”, ponderou. Sampaio também considera importante pensar a contratação de mão de obra para as atividades do turismo, devido à sazonalidade. A senadora Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da Comissão, destacou que a iniciativa da Audiência Pública tem a intenção de colher contribuições para documento sobre a estruturação dos destinos turísticos nacionais. “Nosso relatório terá como função dar a contribuição do Senado para que governo possa avaliar as políticas públicas e aprimorá-las, a fim de fortalecer o segmento. Uma nova política para o turismo deve levar o setor a um patamar estratégico de crescimento e ampliar também o turismo interno”, afirmou.

Audiência da CDR do Senado reuniu parlamentares e representantes do setor produtivo e do Ministério do Turismo

Parceria Na abertura da reunião, o presidente da CDR, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), apresentou os Anais do Seminário Nacional de Políticas Públicas de Esporte: Inclusão Social e Promoção do Brasil no Exterior, realizado no dia 13 de dezembro, em Aracaju, e os Anais do Seminário Novo Programa de Regionalização do Turismo: Desenvolvimento Turístico Regional no Brasil, realizado em setembro de 2013 na Estância Ecológica Sesc Pantanal. Os eventos foram promovidos pela CDR e pela Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, em parceria com o Sistema CNC-Sesc-Senac. CNC Notícias

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TURISMO

CNC esclarece sobre representatividade do turismo A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a concessão do registro sindical da Confederação Nacional do Turismo (CNTur). No entanto, a decisão não altera o que já vem ocorrendo desde que o Ministério do Tra­ balho e Emprego concedeu o registro em questão, nos moldes da Portaria 186/2008, no sentido de que a representação da CNTur se limita às entidades a ela filiadas, enquanto a CNC continua representando o turismo nacional. A Portaria 186/2008 é objeto de várias ações diretas de inconstitucio­ nalidade (ADIs) no STF, inclusive com parecer favorável da Procuradoria­ Geral da República em relação à inconstitucionalidade de dispositivo da Portaria que permitiu a quebra da unicidade sindical e foi o fundamento para a concessão do registro da CNTur. Caso o STF decida que a Por­ taria é inconstitucional, o registro da CNTur e de outras confederações que surgiram em razão da quebra da unicidade sindical será revisto. A importância da atuação da CNC na defesa dos interesses do turismo na­ cional é primordial para o desenvolvimento do setor, uma vez que ela é uma das principais parceiras do Ministério do Turismo para a criação de um ambiente favorável para a atividade empresarial, tendo atuado em mais de 80 ações de representatividade entre 2013 e 2014. No período, a CNC patrocinou 55 eventos, com destaque para a 42ª Abav – Expo Internacional de Turismo e para o Seminário Turismo Brasil, promovido em parceria com o jornal O Globo. A Confederação também atua por intermédio da Câmara Empre­ sarial de Turismo, criada em 2003 e que reúne, atualmente, 28 enti­ dades empresariais ligadas ao setor, e por intermédio do Conselho de Turismo, instituído em 1955 e que conta, hoje, com cerca de cem in­ tegrantes entre empresários, representantes políticos e consultores. Saiba mais sobre a representatividade da CNC no turismo nacional em www.cnc.org.br/turismo

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INSTITUCIONAL

GTT sobre meio ambiente debate ações bem-sucedidas

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rojetos empresariais eficazes na adoção da eficiência energética e do reúso da água foram o destaque da reunião do Grupo Técnico de Trabalho - Meio Ambiente (GTT-MA) da CNC, realizada em 30 de outubro, em Brasília. Coordenado pela Assessoria de Gestão das Representações (AGR), o encontro promoveu, também, o debate sobre o andamento dos Acordos Setoriais em vários segmentos. O diretor da CNC Marco Aurélio Sprovieri avaliou como o ponto alto da reunião os relatos sobre ações bem-sucedidas, “porque demonstram que é possível fazer um bom trabalho, principalmente quando está nas mãos da iniciativa privada. As dificuldades ressaltadas nos debates que se seguiram às apresentações foram no sentid­o de que todas as vezes em que há interferência do setor público, as ações caminham com mais dificuldade”. Segundo o dirigente, o governo “não se dispõe a articular como deveria” os entes públicos envolvidos em questões como a logística reversa, por exemplo. Ele enfatizou que essa falta de articulação faz com que processos que estão avançando acabem recuando, porque um organismo federal ora pede uma coisa, ora pede outra, sem priorizar e respeitar um caminho que estava pré-definido e encaminhado. O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, falou sobre o Acordo Setorial para a logística reversa de embalagens em geral. Antes, ele destacou que a grande discussão, no momento, é criar uma campanha

Segundo Sprovieri, governo precisa promover melhor articulação entre os entes públicos envolvidos

de conscientização dos consumidores para redução do uso de sacolas plásticas. O objetivo é que o consumidor adote uma forma mais consciente, tanto de uso quanto de descarte. Essa mobilização, de acordo com Milan, deve ser uma iniciativa do comércio, em particular dos supermercados, que hoje representam em torno de 87% de todo o abastecimento da população. Quanto ao Acordo Setorial, está em consulta pública aberta pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), cujo prazo para apresentação de propostas foi dilatado de 15 de outubro para 20 de novembro de 2014. “Protocolamos proposta da coalizão formada por comércio e indústria e que privilegia o trabalho dos catadores”, disse. Também apresentaram relatos sobre acordos setoriais Bernardo Souto, da Fecombustíveis (Programa Jogue Limpo); Fernanda Vieira, da Fecomércio-MG (logística reversa de medicamentos); e Cristiane Soares, assessora da CNC (resíduos de equipamentos eletroeletrônicos e lâmpadas mercuriais e similares). Foram palestrantes Maurício Mulinari, da Fecomércio-SC, que detalhou o Plano de eficiência energética para o comércio de bens, serviços e turismo – A experiência de Santa Catarina; Elizabeth Morita, do grupo Sonae Sierra Brasil, que falou sobre Modelos de gestão aplicados aos shoppings centers; e José Guilherme Barbosa Ribeiro, do Sebrae/ MT, que abordou o tema Negócios Sustentáveis – aplicações para as pequenas empresas. CNC Notícias

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INSTITUCIONAL

A Marcio Milan, da Abras: regulamentação vai melhorar atendimento e beneficiar consumidor

Regulamentação de promotores de vendas

regulamentação das profissões de Promotor de Vendas e Demonstrador de Mercadorias foi um dos temas debatidos na segunda reunião da Câmara Brasileira do Comércio de Gêneros Alimentícios (CBCGAL), realizada no dia 16 de outubro, na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no Rio de Janeiro. O Projeto de Lei n° 5.451/2009, que trata da regulamentação dessas profissões, tramita no Congresso e aguarda inclusão no Plenário da Câmara. O vice-presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan, apresentou as ações de um grupo de trabalho composto por representantes do governo, de empregadores e de trabalhadores, constituído em razão de fiscalização promo-

vida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em redes de supermercados de Minas Gerais. “Do ponto de vista dos empregadores, a atividade do promotor de vendas e do demonstrador fortalece a parceria com a indústria e o comércio, com o objetivo de melhorar o atendimento, principalmente em relação ao consumidor final”, disse Milan. Segundo ele, não houve consenso entre os representantes. O governo entende que as mercadorias em supermercados não devem ser manuseadas pelo profissional, enquanto os representantes dos trabalhadores acreditam que há a precarização do trabalho dos promotores, com desvio de função. “Tendo isso em vista, foi recomendada ao Conselho de Relações do Trabalho do MTE a definição de parâmetros, visando ao estabelecimento de um eventual canal de negociação entre os envolvidos”, afirmou Milan. Para o coordenador da CBCGAL e presidente do Sindigêneros-RS, João Francisco Micelli, a discussão em torno da regulamentação desses profissionais é fundamental para a atividade nos supermercados. “A regulamentação consolidará a importância desses profissionais”, afirmou Micelli.

Sistema tributário preocupa setor de autopeças e acessórios

Segundo Darci Piana, a segurança dos veículos é questão que exige atenção do segmento

O sistema tributário brasileiro tem gerado muitas dificuldades para o setor de peças e acessórios de veículos, tanto por sua complexidade quanto pela autonomia dos Estados e do Distrito Federal para legislar sobre o assunto. O problema foi destacado pelo coordenador da Câmara Brasileira do Comércio de Peças e Acessórios para Veículos (CBCPAVE), Darci Piana, ao final de reunião do órgão consultivo da Presidência da CNC, em 22 de outubro, em Brasília.

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Infelizmente, a seu ver, o Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), organismo que delibera sobre política tributária nas unidades da Federação, “não tem condições de impor regras idênticas a todas”. Outro tema debatido foi a questão da segurança dos veículos em circulação. São cerca de 140 mil mortes e mais de 250 mil feridos por ano. “Isso é um custo embutido na saúde do País, e quem paga boa parte dessa conta é a população.” Mais uma questão deixa o setor apreen­ sivo: o desmanche (desmonte de carros para fins ilícitos). Cerca de 170 mil carros são roubados anualmente. “Esse prejuízo também é do governo, que, ao receber menos impostos, deixa de investir os recursos em educação, saúde e rodovias, por exemplo”, finalizou Piana.


PRODUTOS CNC

Certificação digital é tema de evento no Pará Fecomércio-PA reúne contadores e profissionais da área de contabilidade para mostrar a importância da certificação digital nas transações eletrônicas. Evento contou com palestra do assessor da CNC Miguel Nicoletti

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Federação do Comércio do Estad­o do Pará (Fecomércio-PA) realizou, no dia 23 de outubro, um evento sobre a importância da Certificação Digital, reunindo contadores e profissionais ligados à contabilidade. De acordo com a assessora Econômic­a da federação paraense, Lúcia Cristina Andrade, o objetivo do ciclo de debates foi mostrar como a certificação digital pode ser uma ferramenta capaz de garantir rapidez e segurança em diversas transações fiscais. O assessor da Gerência de Programas Externos (GPE) da CNC Miguel Nicoletti realizou a palestra Vantagens, Benefícios, Tendências e Principais Obrigatoriedades para Pessoas Físicas e Jurídicas. Em sua apresentação, Nicoletti falou sobre o aumento do uso da certificação digital no comércio varejista e sobre o crescimento de empresas que estão aderindo ao varejo on-line. Segundo ele, a previsão de faturamento nos meios eletrônicos em 2014 é de R$ 35 bilhões. “Isso faz com que as empresas fiquem mais expostas e mais vulneráveis. Por isso, é necessária uma tecnologia que proporcione mais segurança, para que as empresas possam atuar melhor”, afirmou Miguel Nicoletti. O assessor ressaltou também que, com o aumento das vendas no meio eletrônico, crescem as chances de a empresa ser vítima de crimes dessa natureza. Miguel salientou, ainda, que a clonagem de cartão de crédito responde por

44,5% dos crimes eletrônicos no Brasil, seguida de compras em empresas fantasmas (16,5%) e compras indevidas com cartão (9,3%). “Por isso a importância do certificado digital, pois, além da garantia de autenticidade e sigilo, ele tem validade jurídica”, completou Nicoletti. Em seguida, Lúcia Cristina Andrade fez o lançamento da Campanha do Contador, que estabelecerá parcerias com profissionais ligados à contabilidade para estimular a aquisição de certificados digitais mediante remuneração aos contabilistas. O contador que firmar a adesão à campanha receberá da Autoridade de Registro 10% do valor dos certificados adquiridos. A Fecomércio-PA atua como Autoridade de Registro (AR) de certificações digitais, por meio de convênio firmado entre a CNC e a Certisign.

Miguel Nicoletti, assessor da GPE/ CNC, em palestra na Fecomércio-PA

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SISTEMA COMÉRCIO

Senac no Pronatec Atualmente, mais de 400 mil alunos participam dos cursos oferecidos em unidades da instituição em todo o Brasil

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té o fim do ano, oito milhões de jovens e trabalhadores terão sido matriculados no Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). No Senac, o número de alunos já ultrapassou a marca de um milhão desde o início da parceria, em 2011. Para a entidade, essa democratização da educação profissional de qualidade resultará em uma nova geração de trabalhadores qualificados que vão contribuir para o crescimento da economia brasileira. O Pronatec nasceu com o objetivo de facilitar o acesso à educação profissional de qualidade por parte dos brasileiros de norte a sul do País. Criado pelo governo federal, o programa conta com a participação do Senac desde o início, por meio da oferta de vagas em cursos que vão da formação inicial à educação técnica de nível médio. De acordo com o diretor-geral do Departamento Nacional do Senac, Sidney Cunha, “o Pronatec é mais um instrumento de inclusão social da instituição que, ao lado do Programa Senac de Gratuidade (PSG), vem possibilitando atender gratuitamente um número cada vez mais significativo de brasileiros. Além de proporcionar ao setor do comércio de bens serviços e turismo mão de obra capacitada, a parceria Pronatec-Senac vem contribuindo para reduzir a pobreza e melhorar a distribuição de renda no País”. Atualmente, mais de 400 mil alunos participam dos cursos oferecidos via Pronatec nas unidades do Senac em todo o Brasil, estando aptos a entrar no mercado de trabalho. Nas cerimônias de conclusão do curso,

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realizadas de norte a sul do País com a participação de representantes dos governos federal, estaduais e municipais, além de empresários e demais parceiros, alunos dão testemunhos de histórias de superação e de conquista pela oportunidade de uma formação profissional. Para o diretor-geral do Senac, esses relatos refletem a importância dessa iniciativa na vida do cidadão brasileiro. “Esperamos que esses esforços retornem sob a forma de melhor empregabilidade, melhor salário e mais oportunidades profissionais e pessoais para os participantes do programa”, afirma Sidney. Diretrizes e indicadores Para operacionalizar o Pronatec da forma devida, o Senac estabeleceu diretrizes e indicadores que visam proporcionar subsídios para a melhor gestão da participação institucional no programa. De acordo com o diretor-geral do Senac, todas as ações e números relativos à parceria constam dos relatórios institucionais, bem como do site oficial. “Além disso, a gestão nacional do programa pelo Ministério da Educação e a fiscalização da Controladoria-Geral da União nos auxiliam na busca pelo melhor desempenho, no sentido de cada vez mais aprimorarmos a nossa atua­ção no Pronatec.” Como sequência lógica e desdobramento natural do sucesso da primeira fase do programa, a presidente Dilma Roussef­f lançou a segunda etapa: o Pronatec 2.0, que pretende oferecer 12 milhões de vagas em 220 cursos técnicos e em 646 cursos de qualificação a partir de 2015. “Acreditamos que a continuidade do programa permitirá a um maior número de estudantes de ensino médio e trabalhadores, por ofertantes do porte do Senac, o acesso a tecnologia educacional de ponta, laboratórios, salas de aula equipadas, material didático e professores capacitados”, finaliza Sidney Cunha.


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Educação de excelência Senac investe na educação corporativa e qualifica docentes, equipes pedagógicas e lideranças em todo o País

O

Departamento Nacional do Senac (Senac-DN) vai ampliar o projet­o de educação corporativa em 2015, aumentando os investimentos e o número de profissionais capacitados. A finalidade é garantir a qualificação técnica e pedagógica, além de desenvolver competências de liderança entre os docentes, as equipes pedagógicas e os líderes de equipe. A ampliação do projeto foi anunciada durante reunião do Conselho Nacional do Senac, realizada em 24 de outubro, no Condomínio Sesc-Senac, no Rio de Janeiro. Para o diretor-geral do Senac, Sidney Cunha, a ideia é promover o alinhamento e a articulação da instituição em todo o Brasil, por meio de uma oferta diversificada de formações, uniformizando conhecimentos técnicos e pedagógicos e comportamentos que afirmam os objetivos e compromissos institucionais. “Esse programa vai mudar a feição dos cursos em qualidade e economia, para que tenhamos padrões nacionais, das salas de aula aos professores”, afirmou Sidney. Mas a intenção não é estabelecer um modelo único para os Estados, explica a diretora de Educação Profissional do Senac-DN, Anna Beatriz Waehneldt. “O Objetivo é promover o alinhamento das ações de educação do Senac em todas as regiões do País. Mas com caráter de complementaridade, as ações não se sobrepõem às iniciativas das regionais; são complementares e buscam um alinhamento estratégico nacional”, esclarece. Em 2014, o Senac-DN capacitou 8.556 profissionais do seu quadro de colaboradores. A meta para 2015 é mais que duplicar esse número, requalificando mais de 18 mil. Segundo Anna Beatriz, no próximo ano o Senac pretende alcançar

17.500 docentes e membros de equipes pedagógicas, o que corresponde a 60% do número total desses funcionários, e qualificar 984 lideranças táticas e de equipe, que corresponde à totalidade desse público. A Educação Corporativa tem três linhas de formação, que são as competências pedagógica, técnica e de liderança. “Em cada uma dessas linhas foram pensados qual a marca do Senac, que competências ele quer desenvolver e como quer ser reconhecido em cada uma das áreas em que atua”, afirmou Anna Beatriz. O foco da formação é a busca pela excelência, inclusive a partir de padrões internacionais. E para isso o Senac vem desenvolvendo parcerias. Exemplo de uma delas é a firmada com o Culinary Institute of America, principal instituição responsável pela formação de chefs profissionais nos EUA e que realiza treinamentos para certificar chefs com o Senac, no Brasil. “Este ano desenvolvemos 28 planos de curso nacionais, que serão ofertados em todos os estados, o que dá uma unidade de qualidade, de comportamento e de atitudes aos nossos professores em todo o território nacional”, conclui Sidney Cunha.

Acima, a diretora Anna Beatriz apresenta o projeto de educação corporativa. Na sequência, o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, e o diretor-geral do Senac, Sidney Cunha, falam sobre o tema no Conselho Nacional do Senac

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Senac-BA lança guia para a Chapada Diamantina O Senac Bahia lançou, em 19 de outubro, o Manual do Guia de Turismo da Chapada Diamantina, publicação que tem como objetivo instrumentalizar os guias de turismo dessa região essencialmente turística, além de servir como fonte de pesquisa para estudantes de Turismo e História e demais interessados. O lançamento foi realizado em solenidade no Núcleo de Educação Profissional Senac, em Lençóis, município localizado a 410 quilômetros de Salvador, no coração da Chapada Diamantina. Prestigiaram o lançamento a vice-prefeita de Lençóis, Moema Maciel; o diretor-geral do Departamento Nacional do Senac, Sidney Cunha; o vice-presidente da Fecomércio-­ BA, José Carlos Moraes; e a diretora do Senac Bahia, Marina Almeida. O Manual será distribuído gratuitamente a alunos de cursos de Turismo e Hospitalidade do Senac na Bahia.

Entidades do Sistema engajadas na Outubro Rosa Diversas ações foram realizadas pelas entidades que compõem o Sistema CNC­ Sesc-Senac ao longo de outubro em adesão à campanha Outubro Rosa, que objetivou conscientizar a população sobre a importân-

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cia de exames de prevenção ao câncer de mama, bem como aumentar a autoestima de mulheres que já sofrem ou sofreram com a doença. O Sesc abraçou a causa e lançou o site www.sourosaeazul.com.br, que oferece dicas importantes para a prevenção e histórias de mulheres que já tiveram o câncer de mama. A ideia é continuar com as ações na Novembro Azul, voltada para os homens em relação à prevenção do câncer de próstata. Como parte das ações realizadas nos Estados, o prédio da sede da Fecomércio­ RS foi iluminado de rosa (foto), e as unidades móveis Sesc Saúde da Mulher no Rio Grande do Norte e em Goiás operaram em prol da campanha. E no Sesc­ MG foram arrecadadas 1.442 mechas de cabelo, doadas por trabalhadores do comércio e pela população de 18 municípios de Minas Gerais. Veja outras iniciativas em http://bit.ly/outubrolrosa.


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Cartilha estimula uso racional da água em São Paulo Publicação da Fecomércio-SP é voltada para as empresas do comércio do Estado e aborda a economia dos recursos hídricos no setor

O

período de seca na região do Sistema Cantareira, que chegou a operar com 3% da capacidade em outubro, motivou a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP) a publicar uma cartilha orientadora sobre o uso racional da água. Voltada para os empresários do comércio, a publicação pretende contribuir com a sociedade, ao estimular o uso conscient­e dos recursos hídricos e a economia de água. A cartilha apresenta uma série de dados sobre o volume de água consumida em diversos tipos de estabelecimentos comerciais, como bares, aeroportos, escolas, restaurantes e lavanderias. “Pode ser considerado um sinalizador para o comerciante sobre a importância da água para o seu negócio e um bom parâmetro sobre o consumo da concorrência”, afirma o presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomércio-SP, José Goldemberg.

Segundo a federação paulistana, uma das preocupações na elaboração da cartilha foi apresentar dicas para a redução do consumo. Uma delas é o uso de produtos sem fosfato para a limpeza de automóveis e utensílios em geral, pois fazem menos espuma e demandam menor quantidade de água. A cartilha foi elaborada com base em dados de órgãos como a Agência Nacional das Águas (ANA) e a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). Entre as diversas informações disponíveis, há um cronograma para a manutenção preventiva de instalações hidráulicas, além de esclarecimentos sobre os planos de bonificação por redução de consumo e diversas curiosidades sobre a oferta de água no Estado de São Paulo. Para fazer o download da cartilha, acesse http://bit.ly/AguaFecomercioSP

Uso

Consumo (litros/dia)

Por unidade

250 a 350

hóspede

Hospitais e casas de saúde

250

leito

Lava-rápido automático de carros

250

veículo

Escolas (internatos)

150

aluno

100

automóvel

150

caminhão

Hotéis sem cozinha e lavanderia

120

hóspede

Escolas (semiexternatos)

100

aluno

Creches

50 a 80

criança

Edifícios de escritórios

50 a 80

ocupante efetivo

50

aluno

Hotéis com cozinha e lavanderia

Postos de serviço

Escolas (externatos)

Fonte: Fecomércio-SP

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Missão da Fecomércio-SC visita China e Dubai Missão integrada por dirigentes da federação catarinense proporcionou novas oportunidades de negócios e investimentos no oriente, além de abrir os horizontes para o comércio exterior

A

Comitiva da Fecomércio-SC em visita ao porto de Shangai, na China

Fecomércio-SC promoveu, entre os dias 24 de outubro e 4 de novembro, a sua Missão Empresarial Dubai/ China 2014. O objetivo foi dar continuidade a um projeto da federação de atuar cada vez mais em prol do comércio exterior, levando, assim, conhecimento aos empresários de Santa Catarina e aos dirigentes da entidade acerca de novos mercados como a China, um grande parceiro comercial do Brasil. A comitiva catarinense foi composta por nove pessoas, entre integrantes da Fecomércio-SC e empresários, e visitou locais como a Zona Franca de Jafza, em Dubai, principal entreposto de produtos do Oriente Médio, e a Canton Fair, a maior feira mundial de exportação e importação, em Guangzhou (Cantão). Em Dubai, os contatos realizados na Missão abriram caminhos para a instalação de empresas catarinenses, por intermédio de parceria entre a Câmara Setorial para a América Latina da Zona Franca de Jafza e o Centro Internacional de Negócios da Fecomércio. A Zona Franca de Jafza tem

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quase 7 mil empresas instaladas, que empregam 135,5 mil pessoas e movimentaram, em 2011, perto de US$ 70 bilhões em negócios para mercados como Golfo Pérsico, Norte da África, Índia e Paquistão, entre outros. Na China, os empresários e dirigentes sindicais visitaram o porto e o Consulado Geral do Brasil em Shanghai, além de participarem de um encontro técnico com autoridades do Conselho Chinês para a Promoção do Comércio Internacional (CCPIT) e da visita à Canton Fair. “O mais importante, além de estar na Feira de Cantão e conhecer como funciona esse grande expositor do mercado chinês para o mundo, é ter esse relacionamento com os fornecedores chineses, para que os dirigentes sindicais conheçam essas operações. Assim, eles podem levar às suas diretorias e às suas bases territoriais esse conhecimento do mercado exterior, que hoje tem grande presença no comércio”, afirmou Marcos Arzua, diretor Executivo da Fecomércio-SC.


HISTÓRIA EM IMAGEM (United Colors of Benetton’s Fabrica)

Direito de existir O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) lançou no início de novembro a campanha global “Eu Pertenço” (“I Belong”), que pelos próximos dez anos pretende acabar com a apatridia – um limbo jurídico para milhões de pessoas em todo o mundo, sem nacionalidade e garantias de seus direitos humanos. Segundo o Acnur, atualmente, pelo menos 10 milhões de pessoas em todo o mundo são apátridas, e a cada dez minutos um bebê nasce sem ter nacionalidade reconhecida por nenhum Estado. A maioria das situações que gera a apatridia

é consequência direta da discriminação étnica, religiosa ou sexual. Em carta aberta publicada no jornal inglês The Guardian, o Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, a enviada especial do Acnur, Angelina Jolie, e outras 20 celebridades mundiais formadoras de opinião afirmaram que “agora é hora de acabar com a apatridia”, 60 anos após o primeiro acordo da ONU para garantir a proteção de apátridas. A iniciativa tem a parceria da United Colors of Benetton, que desenvolveu o conteúdo criativo e o site da campanha.


80

4.610

Sindicatos do turismo representados

320

segmentos de turismo reunidos na CNC

milhões de empregos diretos e formais

do PIB brasileiro vêm do turismo

mil profissionais do turismo formados pelo Senac em 2 anos

26

3,45

4,5%

municípios alcançados pelo Senac

14

mil excursões turísticas feitas pelo Sesc no País

3

milhões de atendimentos no Turismo Social do Sesc

O Sistema CNC-Sesc-Senac trabalha para gerar as melhores condições para o desenvolvimento do turismo, porque acredita no potencial de crescimento do setor. Seja na representação dos empresários, na promoção do turismo social e sustentável ou na educação profissional de qualidade, por meio das ações do Sesc e do Senac, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo fortalece as empresas e promove a competitividade do setor. Afinal, quando o turismo cresce, o Brasil cresce junto. www.cnc.org.br | www.facebook.com/sistemacnc | www.twitter.com/sistemacnc


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