Histórias de um Mundo que passa

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O mundopa s s a , pa s s a ma ss ua shi s t ór i a s , mor r e m, f i c a m s óa spa l a v r a s ,e s t r a nha s ,ques ee nt r a nha m,queopr i me m, quea c a r i c i a m. Sec omodi s s eAnt óni oGe de ã onos e uf a bul os opoe ma Pe dr aFi l os of a l , “ [ …]omundopul aea v a nç a/c omobol a c ol or i da/na smã osdeumac r i a nç a[ …] ”ome umundo f oiapr oc ur adoi mpos s í v e ledoi nf i ni t o,num de v a ne i o pe r ma ne nt edaj uv e nt udeàv e l hi c e ,e nv e l he c e ndos e m e nv e l he c e r ,c r i a nç ae t e r na ,por quec omoopoe t a ,nã o e s t ou, nã of i c o, nã opa r t o…s ou! Es pe r oqueal e i t ur ade s t e spoe ma sl hedêt a nt opr a z e r c omomede ue s c r e v ê l oseques ede i x ee mba l a rpe l a i ma g i na ç ã o…de v a ne i e !

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OBRA POÉTICA MANUEL BOL OTINH A

HISTÓRIAS DE UM MUNDO QUE PASSA 5 0 ANOS DE D EV A N EIO

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FICHA TÉCNICA EDIÇÃO:

Edições Vírgula ® (Chancela Sítio do Livro) Obra Poética – Histórias de um Mundo que Passa (50 anos de devaneio) AUTOR: Manuel Bolotinha TÍTULO:

REVISÃO:

Alexandre Costa CAPA: Patrícia Andrade PAGINAÇÃO: Alda Teixeira 1.ª Edição Lisboa, março 2018 ISBN:

978-989-8821-66-9 436550/18

DEPÓSITO LEGAL:

© MANUEL BOLOTINHA

PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO:

www.sitiodolivro.pt

O Autor não segue o novo acordo ortográfico.

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À minha mulher, o alfa e o ómega da minha poesia Às minhas filhas e aos meus netos, o meu único e verdadeiro legado À minha Mãe e ao meu Pai, que Deus guarde no seu eterno descanso À minha irmã e à Teresa, que sempre me amparou Aos meus genros Às minhas cunhadas e aos meus cunhados

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Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. (José Régio, in “Cântico Negro” – Poemas de Deus e do Diabo)

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À LAIA DE PREFÁCIO O mundo passa, passam as suas histórias, morrem, ficam só as palavras, estranhas, que se entranham, que oprimem, que acariciam. Se como disse António Gedeão no seu fabuloso poema Pedra Filosofal, “[…] o mundo pula e avança / como bola colorida/nas mãos de uma criança […]” o meu mundo foi a procura do impossível e do infinito, num devaneio permanente da juventude à velhice, envelhecendo sem envelhecer, criança eterna, porque como o poeta, não estou, não fico, não parto… sou! Espero que a leitura destes poemas lhe dê tanto prazer como me deu escrevê-los e que se deixe embalar pela imaginação… devaneie!

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ABERTURA Com pedra bruta e caneta construo a minha alma com palavras tristes, feias, porcas, que um dia o vento levará para os confins do Inferno onde nasci. Com papel e cinzel construo o meu corpo com moléculas pretas, disformes, defeituosas, que um dia o esperma perdurará no fundo do mar onde cresci. Com sonhos e pesadelos construo os meus poemas com chamas que um dia a água apagará transformando-os no pó que fui e serei.

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CONTESTAÇÃO Contesto. Contesto o preto porque é preto, contesto o branco porque é branco, contesto também o cinzento. Contesto o rico, contesto o pobre; contesto os bons, os maus os assim-assim, contesto a guerra, contesto a paz, contesto o amor e ódio. Contesto a liberdade, contesto a escravidão, contesto o comunismo, a democracia, contesto as doutrinas políticas e apolíticas. Contesto a contestação.

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ESCREVER (CURTO) Escrever em poesia ou prosa o que me vai na alma, alivia, mas… dói. Que aqueles para quem escrevemos olhem para as palavras, e vejam apenas palavras, nada mais do que palavras, e não entendam o que nos vai na alma. Fim!

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THE DAY I WAS BORN (TO MY WIFE) The first time I saw you, your eyes and your smile opened my heart, heated my feelings. The first I had you in my arms, we danced all night, the smell of your hair, the taste of your lips, opened my heart, heated my feelings. The first time I asked you to be mine, the sound of your yes, the music of your body opened my heart, heated my feelings. The first time I saw you, was the day I was born.

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PORQUE SOU POETA Ser Poeta é chorar a dor alheia, rir da sua própria mágoa, ser criança ingénua. Buscar a rima de um tempo que não pára, é cantar o que vai na alma para que outros possam dizer “Este sou eu!” Ser Poeta é sinónimo de parasita sonhador, ser dividido em orações no meio de Selectas estéreis, por aqueles que não o querem compreender. Identificar-se com um mundo que nunca será o seu. Ser Poeta é sonho de falhados, que vêem desejos de grandeza, ter como amante meia dúzia de palavras ocas que pseudo-intelectuais dizem compreender. Ser máquina de versos para não morrer de fome Por isso… sou Poeta! 15

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POESIA Poesia, libertação do espírito oprimido, tentativa de exprimir o inexprimível, de comunicar o que vai na alma vazia, vazia como a vida do poeta que não escreve versos. Poesia, emaranhado de palavras sem sentido, como o vegetar a que me obrigo.

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LOUCURA Nos olhos daquele pobre louco eu entendi o mundo; senti as angústias da juventude, que procura não sabe o quê e luta por ideais que a transformam em materialista. E senti ainda o receio dos velhos que procuram conservar o que eles destruíram. Nos olhos daquele pobre louco eu vi claramente as utopias e tiranias de velhos e jovens, eu vi a paz escorraçada pelos pacifistas, burgueses lutando contra a burguesia. Vi homens matando homens e ouvi os protestos desses mesmos assassinos. Nos olhos daquele pobre louco eu li milhões e milhões de anos de História, pude mesmo prever o futuro. Vi governantes governados por máquinas, clamando por independência; e vi meus avisos 17

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ignorados, amaldiçoados por aqueles que sofrem. Então tive vergonha de ser Homem.

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POEMA DO QUERER Quisera poder semear ilusões e colher o seu fruto; quisera vaguear livre, sem obstáculos, sem barreiras, não ser mais um numa floresta de anões, espezinhado, preso, acorrentado, e ver passar a Humanidade, qual gigante. Quisera lutar, quebrar as correias que me prendem, fugir do que me oprime. Quisera ser um Homem!

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