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Pardalão no Castelo Assustador e Assombrado - Livro 1
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O Pardalão tem que reconhecer que quando foi incumbido de libertar a Fada Borboleta, o Caldeirão, o Pedestal e o Ratito comedor de queijo, estava longe de imaginar que iria conhecer muitas outras personagens. Dentro do Castelo da Bruxa Loba Malvada, o Pardalão Valentão descobre segredos sobre a Bruxa, faz uma entrevista, assiste a um casamento e forma um grupo amigo. Tudo o que vai acontecendo é testemunhado por um par de pensantes incógnitos, que formam o clube dos pensantes incógnitos e permanecem incógnitos do início ao fim, mas que não deixam de fazer os seus comentários.
Clube dos Pensantes Incógnitos
Enquanto o Marcão, o fornecedor de frutas e a sua Carripana desfrutam da companhia do pai árvore Leandro e da mãe Leonor, evitando os estranhos acontecimentos que acontecem em volta do feliz casal, o Pardalão Valentão tem como missão, infiltrar-se no Castelo da Bruxa Loba Malvada e fazer as coisas acontecer.
Clube dos Pensantes Incógnitos Pardalão no Castelo Assustador e Assombrado Livro 1 Filipe Costa Nunes
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Clube Dos Pensantes Incรณgnitos Livro 1
PARDALร O NO CASTELO
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ASSUSTADOR
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E ASSOMBRADO
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PAGINAÇÃO: Susana Soares GRAFISMO DE CAPA: Ângela Espinha
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TÍTULO: Clube dos Pensantes Incógnitos Pardalão no Castelo Assustador e Assombrado - Livro 1 AUTOR: Filipe Costa Nunes EDIÇÃO GRÁFICA: edições Vírgula® (Chancela Sítio do Livro)
1.ª EDIÇÃO Lisboa, dezembro 2018
ISBN: 978-989-8821-83-6 DEPÓSITO LEGAL: 448657/18 © Filipe Costa Nunes
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Todos os direitos de propriedade reservados, em conformidade com a legislação vigente. A reprodução, a digitalização ou a divulgação, por qualquer meio, não autorizadas, de partes do conteúdo desta obra ou do seu todo constituem delito penal e estão sujeitas às sanções previstas na Lei.
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Clube Dos Pensantes Incรณgnitos Livro 1
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PARDALร O NO CASTELO ASSUSTADOR E ASSOMBRADO
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PRÓLOGO
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Eles acharam tanta piada à história do pai árvore Leandro e da mãe Leonor que, quando foram convidados a entrar neste livro, não pensaram duas vezes e aceitaram logo na hora, fazendo o papel de dois pensantes incógnitos, formando assim o Clube dos Pensantes Incógnitos, permanecendo incógnitos do início ao fim.
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O Clube dos Pensantes Incógnitos, neste livro, apenas com dois membros, o primeiro incógnito e o segundo incógnito, assim eles querem ser tratados, vão fazendo comentários à medida que a história se vai desenrolando.
Eles têm a certeza que os seus comentários vão tornar o livro mais interessante, isso os leitores o dirão no final… Por eles, começavam já a fazer comentários no prólogo, mas ainda é muito cedo e eles têm as suas páginas guardadas… ninguém os vai impedir de dialogar, dar a sua opinião entre outras coisas…
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Falando um pouco da história do pai árvore Leandro e da mãe Leonor, muitos sabem que começou com um anúncio de uma pequena Fada Borboleta, cantarolando à mãe Leonor uma boa nova. Ela iria ser mãe de quatro gémeos! Porém, o que não se sabia, era da existência de uma outra Fada Borboleta, esta aprisionada numa fria gaiola, no interior dum Castelo assustador e assombrado, só porque as Fadas Borboletas desta história, têm o dom de saber quando uma mãe vai ter um bebé, muito antes da própria mãe saber. As suas delicadas antenas vibram com a providência desse acontecimento. Quem poderá querer saber antes de todos, quando uma mãe vai ter um bebé? Que uso poderá dar essa per7
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sonagem, carcereira de pequenas e frágeis criaturas, a essa informação? A resposta é muito simples, ela de início, pensava que o nascimento de um bebé não jogava a seu favor…
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Contudo, a vil personagem conhecida por Bruxa Loba Malvada, vem a descobrir que o nascimento de um bebé pode vir apetrechado de um enorme poder, um poder que ela chama de essência de vida, um poder que ela fica a desejar mais que tudo e com o qual pode fazer coisas espantosas, uma delas é rejuvenescer ou tornar-se a Bruxa mais diabólica da história, não que ela fosse a menos, porque o título da mais malvada já lhe pertence.
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Todavia, o nascimento de um bebé e no caso desta história, o nascimento de quatro bebés, pode tornar-se imprevisível e acontecer algo excecional que a Loba Malvada teme, que é dar origem a uma criatura misteriosa que ela teve a sorte ou conspirou para nunca conhecer, porque lhe ensinaram que era a única criatura mágica capaz de a derrotar, num confronto direto.
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Lamentavelmente para a Bruxa Malvada, as suas ações tiveram contratempos e aconteceram algumas alterações na história que ela não previu, como o pai árvore Leandro, que ela transformou numa criatura arvoresca humanoide, ficar a saber dos seus planos e fazer ele mesmo planos para contrariar tudo o que ela planeara, nomeadamente impedi-la de ficar com os seus rebentos. O feliz casal tomou a decisão de fazer uma pequena viagem para fora da Aldeia mágica, lugar onde se encontra a sua acolhedora casinha com a forma de um gigantesco ovo da Páscoa, rodeada de um novo cenário cheio de cor e bastantes alterações, que pode deixar qualquer desinteressado com a sensação de que está a entrar num parque temático cheio de curiosidades, a começar pelos habitantes, que andam na sua maioria, todos disfarçados. Na viagem que o pai árvore Leandro e a mãe Leonor fazem, encontram uma vantagem inesperada, para quan8
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do os seus rebentos nascerem. Encontram um Protetor para cada um dos seus filhos. Isso foi realmente inesperado e vem mesmo a calhar, pois assim vão ficar sempre protegidos, partindo do princípio que os Protetores têm capacidades especiais para lidar com Bruxas más.
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Os Protetores combinaram com os pais encontraremse com eles um dia antes do nascimento dos pequenos, mas até lá muito pode acontecer. A Bruxa Loba Malvada é imprevisível e provavelmente deve ter montes de poções escondidas na manga, para diferentes situações, apesar das suas preferidas serem as poções de infelicidade.
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Na viagem que o feliz casal fez, para além de descobrirem um Protetor para cada um dos seus rebentos, ficaram a saber o nome de cada um dos seus pequenotes, todos eles ficam com nomes começados pela letra L. O pai árvore Leandro e a mãe Leonor também descobriram uma pequena cabana no meio de nenhures. Conseguiram descobri-la porque dela saía um estranho Odor Multicolor Cantor, que deixou a mãe Leonor com desejos a doçarias.
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Antes de descobrirem que no seu interior vivia a Doceira Docinda, o pai árvore Leandro, também conhecido por contador de histórias, desconfiou que poderia ser uma armadilha da Bruxa Loba Malvada, para aprisionar a sua amada mulher. As suspeitas do contador de histórias caíram por terra, quando conheceram a doce Docinda e lhe deram uma curiosa ajuda, descobrindo que nos doces que ela preparava havia uma mensagem do seu desaparecido marido, que foi um pouco irresponsável e se deixou transformar, não conseguindo voltar para casa. Logo a seguir, aparece uma apressada personagem com alguns sinais de ter apanhado uma insolação, podendo os seus ouvintes pensar que ele estava a delirar, mas o que é certo é que ele aparece na hora certa para uma fuga. 9
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A mão Leonor foi localizada por umas pouco assustadoras criaturas, denominadas de Farejadores, que não farejam os odores, mas sim os sons da natureza, entre outros como o bater de corações, até encontrarem a sua presa.
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Todas as probabilidades estão do lado dos Farejadores, mas a apressada personagem, conhecido por fornecedor de frutas ou Marcão, não está sozinho, tem a sua fiel Carripana e com o pai árvore Leandro e a mãe Leonor a bordo, escapulirem aos sinistros Farejadores pode ser apenas o início desta história.
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Parte 1
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ACABARÁ COM UM PLANO RÁPIDO?
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CARRIPANA
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A Carripana está ansiosa por saber onde a sábia condução do Marcão a vai levar. Com ele a conduzir, tudo é possível. A Carripana não fica nem um bocadinho nervosa com as situações perigosas que podem aparecer à sua frente e que podem deixar o seu condutor em grandes sarilhos. Ela confia plenamente no Marcão, mesmo quando é imprevisível saber o que ele está a pensar e que direção pode tomar. Contudo, uma coisa tem a certeza. Para onde quer que se dirija, é o lugar certo onde deve estar com o Marcão e os seus outros passageiros, que lhe estão a proporcionar uma experiência inesquecível!
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1 A FUGA PROSSEGUE
A CORRIDA CONTINUA E A HISTÓRIA TAMBÉM
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Apesar de ainda ninguém saber o que vai acontecer, todos estão ansiosos por saber onde a sábia condução do Marcão, o fornecedor de frutas, vai acabar por levar o feliz casal, o pai árvore Leandro, conhecido por contador de histórias e a mãe Leonor, que tem fé em que a corrida de obstáculos, criada pelos Farejadores, acabe da melhor forma para o lado dos bons.
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Numa certa etapa da fuga da Carripana, os Farejadores conseguem criar alguns obstáculos, enterrando as suas características trombas no chão, para assim não facilitarem a fuga da presa que querem apanhar. – Tens a certeza do que disseste, Marcão? Tudo isto começa, porque a Bruxa Loba Malvada se lembra de ter uma crise existencial? Mas porque raio teve ela essa crise? questiona a mãe Leonor, segurando-se bem no seu assento, no interior da Carripana.
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O pai árvore Leandro desconfia da resposta e tem a certeza que essa crise tem origem no Castelo assustador e assombrado da mesma, logo após as patinhas do Pardalão Valentão tocarem as frias pedras do chão ou as suas pequenas asas voarem por entre as intermináveis paredes sombrias, fazendo as coisas acontecer. No entanto, os pormenores só vão ser revelados mais logo, pois neste momento, a corrida e fuga aos obstáculos que o contador de histórias, a sua mulher e o Marcão, estão a tentar ultrapassar, ainda não acaba por aqui, pois ainda agora deu início. – Ao que parece, ela entra no seu Castelo… CUIDADO! Ufa! Esta foi por pouco. O que era aquilo? - continua a contar o Marcão e depois pergunta, perdendo o fio à meada. 15
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– Era uma Cerca Rolante! - responde o pai árvore Leandro, olhando pela parte de trás da Carripana, vendo uma Cerca muito mal humorada, que se vai colocar no seu devido lugar, não conseguindo impedir o andamento da Carripana. – Conta lá Marcão! Estavas a dizer?
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– Ah! Sim! A tipa maluca entra no seu Castelo e dá-se conta que umas personagens curiosas, que ela costuma utilizar para as suas Poções, desapareceram misteriosamente, juntamente com mais algumas que toda a gente desconhece e que foram descobertas por lá e mais uma muito importante que estava presa numa gaiola e que ela maltratava e da qual estava à espera de um sinal qualquer das suas antenas. Esta informação é muito estranha. Eu nem sei de quem estou a falar, mas talvez o senhor saiba. - diz o fornecedor de frutas, sempre concentrado na sua condução e sempre com as duas mãos no Volante, tirando naqueles momentos em que tem de aumentar ou diminuir uma mudança, conforme a rapidez e velocidade a que vão.
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Ao que parece, a história chega mais longe do que o esperado e consegue chegar aos ouvidos do Marcão, que mora num lugar não mágico, cujo nome ainda é desconhecido e que ao ouvir falar sobre criaturas encantadas e fantásticas, fora do normal, não pensa duas vezes e vai em seu auxílio, acabando depois com as personagens principais, na sua Carripana, a contar porque é que uma tipa maluca, tem uma crise existencial. – Bem! Parece que puseram em causa a sua existência e autoridade, ignorando toda a maldade que a Bruxa pode lançar sobre os foragidos. Que bem! Os mesmos deixaram as paredes do Castelo, para nunca mais voltar. O Pardalão deve tê-los inspirado a fugir com a sua valentia e quem sabe o que mais aconteceu? Temos de chegar rapidamente a casa, para ficarmos a saber o que se passou. - diz o pai árvore Leandro, contente por saber que o Pardalão foi bem sucedido.
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COMENTÁRIO 1 DOS 2 PENSANTES INCÓGNITOS: 1º incógnito: Onde te meteste? Não era suposto teres-me deixado aqui sozinho, durante tanto tempo. Diz, aborrecido com o segundo incógnito, por não lhe ter feito companhia durante um tempo indeterminado.
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2º incógnito: Desculpa! Estive a ouvir a minha música e distraí-me com o tempo, perdendo a noção, desculpa-se. Bem, na verdade estive mais a carregar este aparelhómetro comedor de músicas a que chamam de MP4, com várias musicas. Demorei assim tanto? Pergunta.
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1º incógnito: O que importa é que chegaste e agora já posso rezingar com alguém. Resmunga. Podes fazer o favor de tirar esses tapadores de orelhas a que chamas auscultadores, para eu ver as tuas orelhas enormes? 2º incógnito: Sabes como sou, não perco uma oportunidade para estar com as orelhas bem apetrechadas com música como deve ser. Informa, aproveitando para também dar uns passos de dança, com a intenção de arreliar o seu amigo. Diz-me lá então, ou resmunga… em que pé se encontra a história? Questiona.
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1º incógnito: Eu diria mais, em que rodas. E na minha opinião estão a correr um enorme risco. Comenta, abanando a cabeça em sinal de desaprovação. Onde já se viu, conduzirem aquela carcaça velha, com uma mulher grávida no interior e uma mulher bem grávida! 2º incógnito: Está visto que não confias na sábia condução do Marcão. Declara. Olha! Eu confio nele. Até ao dia, ainda nunca o vi atropelar ninguém. 1ª incógnito: Teve sorte! Eu continuo com a minha, aquele depósito de ferrugem com quatro rodas não oferece muita segurança, mas posso vir a ter outra opinião quando a vir fazer coisas inimagináveis, só porque… 17
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2º incógnito: Deixa-me adivinhar. Interrompe. Só porque a viste beber de um combustível alternativo, sem ter que pagar um cêntimo, feito com algum óleo capilar dos ramos do pai árvore Leandro, uma criatura mágica, que tem vindo a desenvolver algumas habilidades mágicas com a sua transformação.
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1º incógnito: Isso e porque a mãe Leonor está certamente protegida com a magia dos Protetores, que ampliaram ridiculamente a sua barriga, quando deram os nomes aos seus protegidos. Conta, imaginando o que mais podem fazer uns Protetores.
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2º incógnito: Aposto que já te puseste para aí a calcular o dia exato do nascimento dos pequenotes. Diz, fazendo cálculos de cabeça e não chegando a lado algum.
1º incógnito: Naturalmente, mas os meus cálculos de nada servem. Resmunga. Pela lógica dos acontecimentos, é mais que óbvio que eles só vão nascer quando os pais chegarem à Aldeia mágica onde moram. Comenta. 2º incógnito: Isso parece facílimo, sobretudo quando estão a ser perseguidos pelos Farejadores, que criaram vários obstáculos para os travar. Vai ser uma fuga caótica, mesmo ao teu gosto. Diz, vendo o amigo esfregar as mãos com tanta expetativa.
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1º incógnito: O que posso dizer? Adoro as excentricidades dos Farejadores, mas estou a torcer pelo feliz casal. Por quem me tomas? Não sou a Bruxa e o que seria da história, sem um pouco de suspense? 2º incógnito: Olha! Passaram pelo obstáculo da Cerca Rolante. Ia jurar que a Cerca fez uma careta comparada às tuas. Diz, na brincadeira. 1º incógnito: Os próximos obstáculos poderão não ser tão fáceis de ultrapassar. Vamos esperar para ver o que acontece e não tenhas ideias, porque não te deixo colocar a tua música, não quero estragar as minhas lindas orelhas. Diz, muito ríspido.
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É PRECISO PROTEGER AS RODAS O pai árvore Leandro tem uma pequena sensação de que o Pardalão Valentão já se encontra em Lá Longe, à espera que eles cheguem, escrevendo no seu livro muito pouco secreto a sua parte da história e esperando pacientemente por eles para depois ficar a saber a parte da história que não sabe.
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O Pardalão tem por hábito escrever tudo o que lhe acontece e às personagens que o rodeiam, num livro que ninguém sabe onde ele o esconde, pois com ele não trás qualquer tipo de acessório, apenas as suas penas encantadas. Porém, a sensação do contador de histórias pode estar errada, porque partindo do princípio que o Pardalão não saiu sozinho do Castelo, pode ter tomado outro caminho para a Aldeia mágica, fazendo com que ele faça outras coisas acontecer.
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O contador de histórias tem saudades de dar asas aos seus contos, à volta da fogueira feita de Pirilampos, com todos os seus calorosos vizinhos a ouvirem e a fazerem perguntas inesperadas, que só passam pela cabeça de ingénuas crianças, pois é assim que todos eles se sentem, quando estão nesse momento tão esperado e apreciado. Como o percurso ainda está longe de chegar a Lá Longe, o contador de histórias tem que se contentar com o cenário onde se encontra, que por sinal está bem animado, estando ele aos solavancos junto da fruta, na carroçaria da Carripana do Marcão. Talvez seja melhor ele comer a fruta toda, ou arrisca-se a sair de lá, feito numa salada viva com sabor a tu-ti-fruta. – Marcão! CUIDADO! - grita a mãe Leonor, sempre muito atenta. Dois pares de olhos veem melhor as dificuldades que os vão assustando com as suas inesperadas presenças e 19
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imprevisíveis aparições, como alguns Catos Espinhosos, aparentemente aparecidos do nada e que começam a disparar espinhos, numa tentativa de alvejar as rodas da Carripana, a fim de a fazer parar. – Que Catos tão assustadores! Estes, com toda a certeza não são da família do pai árvore Leandro. - brinca o fornecedor de frutas, não se deixando intimidar por elas.
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– É claro que não são tão jeitosos como eu, mas sabem impor respeito. - diz o pai árvore Leandro, numa tentativa desajeitada de querer dizer o óbvio.
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Os Catos Espinhosos são um perigo maior que as Cercas Rolantes, que eles passaram e contornaram com facilidade. Basta um pequeno espinho bem direcionado, para um pneu ir à vida e à velocidade a que vão, capotar pode ser um senão.
Contudo, é preciso não esquecer que a Carripana está a beber da fórmula secreta que o contador de histórias inventou com os doces da Doceira Docinda, algum óleo capilar e seiva que ele não sabia ter, para não dizer alguma magia bem enquadrada.
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Todavia, não se pode esquecer de mencionar que a Carripana consegue respirar do Odor Multicolor Cantor e das folhas dos ramos capilares do destemido aventureiro, que se encontra no seu interior, fazendo algo que nem o Marcão sonha. A Carripana recolhe as suas vulneráveis rodas, protegendo-as dos espinhos lançados e começa a flutuar, imitando o Odor Multicolor, passando assim por todos os Catos que não conseguem atingir o seu alvo, uma vez que só acertam em metal que não fica danificado, pois as rodas não estão no seu lugar nem a rolar, mas isso os passageiros não sabem, apenas podem prever, uma vez que a suspensão da Carripana não dá o efeito de estar aos solavancos, por um caminho irregular. – Boa! Os Catos Espinhosos ficaram para trás. - observa 20
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o pai árvore Leandro, observando também que estão a flutuar a uma pequena distância do solo, mas não o diz, guardando essa informação só para si, pois não quer assustar o condutor.
COMENTÁRIO 2 DOS 2 PENSANTES INCÓGNITOS:
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2º incógnito: O contador de histórias está muito calado. Estará a pensar em algo? Questiona, sabendo que o pai árvore Leandro se preocupa e que pode estar a pensar no bem estar da sua mulher, assim como também no bem estar dos seus amigos. Adorava saber o que vai naquela mente. 1º incógnito: Com todos os solavancos da Carripana, deve estar a pensar como foi parar à carroçaria da mesma e se os seus pés raiz não seriam mais rápidos, capazes de a acompanhar. Responde, imaginando se seria fisicamente possível. 2º incógnito: Ver aquela fruta toda saltar-lhe para cima, está a provocar-me água na boca e a abrir-me o apetite para aquelas tartes de fruta que não quiseste comer ontem. 1º incógnito: Já estás a ver, se te chispas daqui...
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2º incógnito: Não posso! Aquilo são Catos Espinhosos? Que iguarias mais deliciosas! Muito melhor que fruta esmagada e pegajosa. Deixa-me sair só por alguns minutos… adoro quando os seus espinhos me ficam atravessados na garganta. 1º incógnito: Tu és esquisito…
2º incógnito: O que estão eles a fazer? Que armadilha mais mal programada. Que desperdício de espinhos… nem acertam no alvo. 1º incógnito: Devem estar a precisar de óculos. Ou então de prática, pois é inacreditável o que está a acontecer. Diz, esfregando os olhos, para ver melhor. 21
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2º incógnito: O que é inacreditável? Os Catos desperdiçarem espinhos ou a Carripana conseguir recolher as suas rodas e flutuar a alguns centímetros do chão? Pergunta. 1º incógnito: Não fiques tão espantado, havia sempre essa possibilidade. Agora deixaram-me com vontade de estudar o combustível que a Carripana está a beber e todos os ingredientes com que foi feito.
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2º incógnito: Então? Já não a chamas de carcaça velha e monte de ferrugem?
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1º incógnito: Ela acabou de ganhar o meu respeito. O seu dinamismo deixa-nos conversados!
VISLUMBRAR AS RECORDAÇÕES
Eles bem podem dizer, que respiram de alívio. Depois dos Catos Espinhosos, que mais pode aparecer? Árvores Espinhosas do Deserto? É muito pouco provável, mas quem sabe? Ali tudo é possível!
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Agora, o contador de histórias já sabe porque os Farejadores enterraram as suas trombas no solo. Estavam a preparar o caminho com estes obstáculos, tremendamente difíceis de passar e que fazem suar o Marcão, com uma condução arriscada, mas segura. No fim deste percurso, bem que a Carripana vai precisar de umas férias, isso se conseguir chegar intacta ao seu destino. Até agora, ainda só ganhou uns riscos na pintura, mas até ao fim da corrida, quem sabe? Pode ainda ganhar umas valentes amolgadelas e aí lá se vão as férias, pois a paragem prevista é o interior de uma oficina, com um bate-chapas a bater ao som de uma banda de rock, com música destrutiva. A Carripana treme só de imaginar. Ou
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então, o seu condutor a dar-lhe o jeito e fazer como pode para a manter em boa forma, como fizera no passado, no dia em que se conheceram.
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– Não se preocupem! A minha Carripana vai aguentar tudo o que nos aparecer no caminho. - diz o Marcão. – A minha menina nunca me deixou ficar mal, nem quando usava peças em segunda ou terceira mão, como no início da sua segunda vida, quando a fui buscar ao ferro velho. Ai que saudades tenho desses tempos em que andava à procura de peças para ela. Foi quando iniciei a minha carreira, de fornecedor de frutas.
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– CUIDADO, Marcão! O que é aquilo? - sobressalta-se a mãe Leonor, sempre atenta ao que se vai passar em frente da Carripana.
– O que posso dizer que seja? Não são Cercas Rolantes, nem Catos Espinhosos, nem nada do que se lhe assemelha. Vou tentar contornar. O pai árvore Leandro, nota que a Carripana volta a pousar as suas rodas no chão. Agora que não correm o perigo dos espinhos dos Catos Espinhosos as furarem, pode baixá-las novamente.
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No entanto, é intrigante saber que ela as consegue recolher. Será que o Marcão sabe que ela é capaz de fazer tal coisa? O contador de histórias acha que é mais um efeito secundário da sua formula. Hum! Nesse caso, o que mais a Carripana consegue modificar? Entretanto, o contador de histórias sente um leve formigueiro nas suas raízes e no seu tronco, apercebendose depois que a Carripana está a ter recordações que ele consegue vislumbrar. Recordações essas, que o Marcão vai contando à mãe Leonor, duplamente atenta no seu lugar. Como lhe tem acontecido tantas coisas novas, depois de ser transformado, o pai árvore Leandro não se sobressalta por estar a vislumbrar as recordações da Carripana, nem
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se surpreende muito por conseguir ler os seus pensamentos. Afinal, ela está a beber da sua seiva e do seu óleo capilar e isso pode ter originado este efeito. O contador de histórias vê a Carripana no ferro velho, na altura era só uma carcaça velha, sem rodas, motor e vidros nas portas, era só mais uma lata para ser amolgada. Que mais está ela a recordar?
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COMENTÁRIO 3 DOS 2 PENSANTES INCÓGNITOS:
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2º incógnito: O que poderá vir a seguir aos Catos Espinhosos? Pergunta, pensando se poderia ter tempo de voltar atrás e apanhar alguns espinhos perdidos, ou tirar umas fatias a um dos Catos, para fazer umas espetadas.
1º incógnito: Digo que tivemos bastante sorte. Sabes que podíamos ter sido atingidos pelos espinhos dos Catos? 2º incógnito: Isso é que era! Porque não me lembrei de te dizer para te aproximares mais?
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1º incógnito: Ouviste o que o fornecedor de frutas disse? Que a sua Carripana vai aguentar tudo o que lhes aparecer no caminho? Começo a achar que aquela forma de metal com rodas é um verdadeiro tesouro! Temos que ir dar uma espreitadela ao ferro velho colega, ao lugar onde o Marcão a foi buscar. 2º incógnito: Não te estás a precipitar? A Carripana pode ser assim, porque foi o Marcão que praticamente a construiu com muito amor, usando as suas próprias mãos. Quem te garante que o tesouro não é ele? Questiona, lançando a dúvida para o ar. 1º incógnito: Tu às vezes não és completamente inútil. Tens as tuas saídas…
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E ASSIM COMEÇA UMA DURADOURA AMIZADE!
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A Carripana do Marcão, continua a rolar. Não tem medo do perigo que lhe pode aparecer à frente do para-choque. Ela confia no seu condutor e na ajudante do condutor, que continua confiante e calma. Deve estar a contar com a magia dos Protetores, que os seus meninos receberam para os manter em segurança, ainda dentro da sua avantajada barriga.
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A mãe Leonor continua convencida de que só quando chegarem a Lá Longe, ao seu lar na Aldeia mágica, é que os seus bebés vão nascer. Em que outro lugar poderão nascer? Senão em casa? No conforto da sua acolhedora casinha?
O contador de histórias, dentro da carroçaria da Carripana, junto às frutas que ele vai comendo, para não saltarem muito com os solavancos, continua a vislumbrar as recordações da feliz Carripana, que se sente útil.
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– Quando vi a minha Carripana pela primeira vez, ela não conseguia andar, coitadinha. - continua a contar o Marcão, neste momento em que parece haver uma calma anormal e eles continuam a rolar. – Era só chapa! Mas isso que importava? No fim acabámos por ficar juntos. Já me deu tantas alegrias. Eu já disse que uma particularidade dela, é nunca se enganar no caminho? Talvez já o tenha mencionado. Estou mesmo a ver onde nos vai levar. – De certeza a Lá Longe! - exclama a mãe Leonor.
– Bem! Isso é relativo, pois caso a minha Carripana achar que o caminho certo é outro, talvez nos leve a um lugar um pouco desviado da vossa Aldeia. - diz o Marcão, revelando que a Carripana pode estar a rolar por um caminho que não vai dar à pequena Aldeia mágica, que ainda deve continuar modificada, com todos os seus ovos da Páscoa e os seus habitantes disfarçados ou camuflados. 25
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– Isso quer dizer que ainda podemos estar longe de chegar a casa? - pergunta a mãe Leonor, desviando por momentos o olhar do caminho e tentando ver o seu marido, na carroçaria da Carripana.
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O contador de histórias está muito calmo, mas isso é o que aparenta. Pois ele está a ter uma leitura muito agradável, dos pensamentos da Carripana. Nem sente o tempo passar, enquanto recolhe mais alguns dados para os seus contos. Quando a Carripana foi avistada no ferro velho, pelo seu novo condutor, ficou tão feliz que prometeu a si mesma que se voltasse a rolar, ficaria encarregue de levar o inigualável fornecedor de frutas, sempre pelo caminho certo.
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Depois de feitas as apresentações, o Marcão e a Carripana começaram a conhecer-se melhor. O fornecedor de frutas levava-lhe sempre um presente, não importava se era uma peça em segunda ou em terceira mão.
O importante era a Carripana sentir que estava a ser reinventada, ao mesmo tempo que inventavam a sua amizade, que se baseava na harmonia e na paz de sentimentos mútuos.
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Poderiam eles ter uma outra alternativa? Pois, isso não sabem, mas naqueles tão bons momentos, a experiência foi tão frutífera e extraordinária que o Marcão fez da sua Carripana a sua melhor amiga e companheira de profissão, que iria levar toda a fruta que pudesse carregar ao seu destino, sem nunca se enganar no caminho. E assim começa uma duradoura amizade!
COMENTÁRIO 4 DOS 2 PENSANTES INCÓGNITOS: 1º incógnito: A Carripana continua a rolar, parece confiante de si mesma, nada parecida contigo quando te 26
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conheci. Conta, fazendo retroceder as suas memórias até ao passado. 2º incógnito: Acompanhar-te nas tuas viagens, foi um verdadeiro recomeço para mim. Nesse aspeto identificome um pouco com a Carripana, quando o Marcão a foi buscar ao ferro velho.
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1º incógnito: Andavas perdido e eu encontrei-te. Precisava de alguém a quem dar na cabeça e além disso temi que poderias acabar em maus lençóis. Estavas totalmente acabado, um verdadeiro farrapo, a tua alegria fora totalmente espremida. Ainda acabavas num buraco sem fundo. Não fiz nada de mais, apenas te estendi uma mão e desde então tenho olhado por ti.
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2º incógnito: Também devo ser um dos poucos que consegue aturar o teu feitio. Ainda bem que me encontraste, estou-te eternamente grato!
1º incógnito: Deixa de ser lamechas, ou ainda perdemos o que está a acontecer. Toma nota! A Carripana nunca se engana no caminho. 2º incógnito: Isso é fantástico! Nem mesmo se vão direitos a um furacão? Ou uma tempestade trovejante? E se prosseguir em direção a uma ponte em mau estado, continua a ir na direção certa?
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1º incógnito: Aparentemente…
2º incógnito: Achas que estão a ir na direção da Aldeia mágica? 1º incógnito: Já consultei os mapas que tenho à minha disposição e posso dar-te uma resposta satisfatória. Se continuarem em frente, não vão chegar a casa, mas também não sabemos se vão ser travados. Comenta. 2º incógnito: Agora deixaste-me confuso… não vão chegar a casa porque o terreno é perigoso, ou por outra razão? Como não estarem na direção da Aldeia mágica? Com o pouco que conhecemos da Carripana, sou da opinião que ela é imparável! 27
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A SABEDORIA DA CARRIPANA Antes de qualquer um se dar conta do que se está a passar, a Carripana trava a fundo e para imediatamente, deixando pontos de interrogação nas cabeças dos seus passageiros.
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– Não estou a perceber! Porque é que ela fez isto? Ainda tem o depósito quase cheio. - observa o fornecedor de frutas, logo após o momento em que a Carripana trava, sem ele ter o pé no travão. – Estará ela a ver algo que nós não vemos? - questiona a mãe Leonor.
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– Quem sabe se não quer experimentar um outro sabor desejado por ela, como combustível? - pergunta o pai árvore Leandro, não se importando de fazer outra nova fórmula, para a Carripana beber. O que é certo, é que a Carripana está a prever um perigo eminente e está a pensar como o há-de ultrapassar, contando com a sua sabedoria. Desta vez, o Marcão não vai conseguir fazer nada, com as suas mãos no Volante. Vai ter que ser a Carripana a oferecer uma saída estratégica. Caso contrário, vão ser todos transformados em frangalhos.
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O que estará a Carripana a pressentir? Se o pai árvore Leandro tivesse as suas raízes em contacto com o solo, podia dar uma resposta satisfatória, mas como se encontra na carroçaria da Carripana, a resposta acaba por se abrir mais tarde e revela-se sincera, apesar de mal se aperceber dela. Ai! Como ainda tem muito que aprender. – O perigo está a rodear-nos, não temos muito tempo para escapar. O círculo está a fechar-se. - diz o contador de histórias, com as palavras que a Carripana lhe está a transmitir. – Ela vai experimentar uma nova estratégia, onde o toldo é a solução.
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Pardalão no Castelo Assustador e Assombrado
O pai árvore Leandro encontra um toldo que está guardado na carroçaria da Carripana, abre-o com uma rapidez calculada, pois repentinamente os apoios de ferro que estão na carroçaria começam a ganhar forma, formando umas asas facilmente comparáveis às de uma asa delta. O toldo adapta-se perfeitamente à estrutura de ferro, criando as tais asas que vão facilitar a vida dos passageiros da Carripana e proporcionar uma experiência inigualável à mesma.
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– O círculo continua a fechar-se! - exclama o pai árvore Leandro. – Quando a Carripana começar a tinir, eu aconselho que a comeces a embalar para ganhar velocidade, ou então seremos massacrados. – O que vem aí, são umas fascinantes Pedras Musculadas, cujo único objetivo é esmagar. Para elas, todas as horas são boas, para dar porrada! Ou se preferirem, uma tareia das grandes! – Que fabulosa imaginação, pai árvore Leandro! Quase fiquei assustado, mas não me vai conseguir enganar, pois não existem tais Pedras. - diz o fornecedor de frutas, não acreditando que a qualquer momento, pode ser esmagado.
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Vramm! Vramm! Nada a fazer. A Carripana tem vida própria! Com o depósito quase cheio, uma asa delta criada ao segundo, uma vista panorâmica que a rodeia, tendo ela pena de não a poder contemplar, pelo menos do chão, pois vai apanhar uma boa oportunidade que chega numa brisa doce, e que continua com um vento que sopra. A Carripana, depois de começar a tinir, parte a toda a velocidade, ganhando impulso, para depois com um salto impulsionado pela força da suspensão, ela começar a voar, passando pelas fascinantes Pedras Musculadas, que ficam por baixo a brandir, descontentes com a astúcia e a perícia de uma Carripana, aparentemente velha, mas muito sábia.
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Filipe Costa Nunes
COMENTÁRIO 5 DOS 2 PENSANTES INCÓGNITOS: 1º incógnito: Disseste que és da opinião que ela é imparável? Então porque parou repentinamente e por iniciativa própria? De certeza não estava a experimentar os travões…
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2º incógnito: Estou com a mãe Leonor. Estará ela a ver algo que nós não vemos? Questiona, colocando as suas mãos numa consola de busca.
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1º incógnito: O pai árvore Leandro acha que ela pode ter fome, ou quer experimentar mais combustível feito por ele. Eu sou da opinião, que ela tem uma sensibilidade fora do comum e está a prever um perigo mesmo em frente. Será seguro aproximar-nos? Passa-me a consola de busca, quero ser eu a descobrir o que vai aparecer.
2º incógnito: Se parou repentinamente e partindo do princípio que o perigo está mesmo à sua frente, isso pode querer dizer que o próximo obstáculo tem potencial. O que os nossos sensores conseguem ler? Pergunta, depois de passar a consola.
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1º incógnito: A coisa está a ficar feia. Os nossos sensores leem que eles estão a ser rodeados… caíram numa armadilha! 2º incógnito: Olha! O contador de histórias já está em ação. Como pode ter adivinhado o que a Carripana está a prever? Pois o perigo ainda está escondido no meio da vegetação envolvente e ainda não o conseguem ver. Ou ele consegue ler os seus pensamentos ou a Carripana consegue estar em sintonia com os seus passageiros e transmite-lhes o que os pode salvar. 1º incógnito: Pelo menos, a Carripana não parou porque está amedrontada. Ainda bem que surgiu uma ideia para remediarem a situação. Não é pera doce lidar com Pedras Musculadas! 30
Pardalão no Castelo Assustador e Assombrado
2º incógnito: São tão raras, que nem sabia que ainda as havia. Ou costumam estar calmas, em vez de atrevidas e a prometer porrada a gente de bem. Não sei como foram na onda dos Farejadores. 1º incógnito: Devem ter-lhes dito algo que as deixou agressivas.
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2º incógnito: Como o quê, por exemplo? Pergunta, não fazendo a mínima ideia do que pode inspirar a violência numas Pedras. 1º incógnito: Uma carrada de asneiras não foi com certeza. Devem ter lhes dito algo demasiado grave, para elas começarem uma perseguição.
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2º incógnito: Fiquei na mesma.
1º incógnito: Puxa pela imaginação, não te posso estar sempre a dizer tudo… 2º incógnito: Quando foi que a Carripana se transformou numa asa delta?
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1º incógnito: No tempo que levaste a coçar a cabeça e tentaste puxar pela imaginação. Não contava assistir a algo do género. Pelo menos viste o salto atlético que ela mandou? A carcaça velha é cheia de astúcia e a sua perícia leva-me a perguntar se ela tem alguma especialização em evitar desastres eminentes? Ai! Que enorme vontade tenho de espreitar por baixo da sua chapa metálica. 2º incógnito: Uma coisa é certa! Ela é cheia de energia e surpresas!
O CAMINHO ESTÁ OFICIALMENTE DESIMPEDIDO
Graças à sabedoria da Carripana, a situação foi salva! Mas não por muito tempo. A Carripana e os seus passageiros, conseguiram saltar para o ar, escapando assim a um círculo 31
Filipe Costa Nunes
de fascinantes Pedras Musculadas, que quase se fecha em seu redor. Caso não tivessem escapado, um massacre seria o resultado, depois peças soltas, nódoas negras, escoriações, traumatismos cranianos e prisioneiros feitos, seria o acompanhamento e então a sobremesa, de certeza era servida depois no Castelo assustador e assombrado da Bruxa Loba Malvada.
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Ainda bem que não têm de provar tudo isso, mas quem sabe? Os obstáculos ainda não acabaram e mais surpresas podem acontecer.
– Estamos mesmo a voar? - pergunta o Marcão, não acreditando na sua sorte. – Belisquem-me! Belisquem-me!
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Os beliscões vão ter que esperar, pois a situação do salvamento, é Sol de pouca dura e está a inclinar-se para o lado da Malvada. – Ai! Ai! Acho, que mal acabámos de sair de uma, já estamos a entrar noutra. - diz o pai árvore Leandro, conseguindo sentir mais do que os outros.
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– E eu a pensar que agora podia realizar o que sempre sonhei. Poder tocar na Lua e na sombra das estrelas, galopando na minha Carripana Voadora, entusiasmada com o que lhe parece ser um cruzeiro panorâmico, à altura das nuvens! Ai! Pelo menos posso dizer que já consegui uma milésima parte do meu sonho, que é voar na minha Carripana. Posso considerar-me um felizardo. Obrigado! Feliz casal que entrou na minha vida, obrigado! Além de contarem histórias, são realizadores de sonhos! - exclama o Marcão, não se conseguindo conter. O fornecedor de frutas já se pode dar por satisfeito, ao conseguir voar na sua Carripana. No entanto, há algo que não se deve esquecer. A queda ou a aterragem! – Segurem-se bem! - grita o contador de histórias. O que vai acontecer? O que estará o pai árvore Leandro a adivinhar? 32
Pardalão no Castelo Assustador e Assombrado
– Neste momento, sinto falta dos meus instrumentos de corte. - comenta o pai árvore Leandro, no mesmo instante em que a Carripana parece congelar em pleno voo e ficar imóvel. Se ao menos ela tivesse tração às quatro rodas, mas isso não iria servir de nada, pois estão em pleno ar. Umas turbinas podiam ajudar, mas com falta delas, tem que haver uma outra solução.
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A Carripana foi apanhada por umas lianas embaraçosas, que saem de uma barreira, formada por Troncos Enraizados. Que visão mais retorcida da realidade! Que lianas mais determinadas em puxar a Carripana para o chão! Que Carripana mais esforçada em manter todos a salvo!
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Qual será a próxima paragem? Uma queda sem paraquedas? Ou uma aterragem perigosa? Mas antes de isso acontecer, uma dura batalha vai ocorrer. Força bruta arvoresca, contra força mecânica no seu melhor. Quem irá ganhar? – Yaooh! - aqui está a resposta, um urro de vitória, libertado pelo contador de histórias.
A força mecânica leva a melhor desta vez, sobre a força bruta arvoresca. As lianas não têm outro remédio senão cederem e os Troncos se conformarem com a derrota.
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O caminho está oficialmente desimpedido para uma aterragem segura, até porque estão às portas do destino final. Será que estão mesmo a chegar a Lá Longe? A Aldeia mágica do feliz casal?
COMENTÁRIO 6 DOS 2 PENSANTES INCÓGNITOS:
1º incógnito: Está bem! Dou o braço a torcer, a Carripana é bastante sábia e sabe-se desenrascar. Porém, a asa 33
Filipe Costa Nunes
delta foi um bocadinho ambicioso da sua parte. Podia não aguentar com tanto peso. 2º incógnito: Com tanta magia no seu interior, era impossível algo correr mal, o que terias feito no seu lugar? Pergunta, querendo aprender mais uma coisa. 1º incógnito: Assim de repente, para passar pelas Pedras Musculadas, talvez tivesse insuflado os pneus, mas também era arriscado.
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2º incógnito: Eu teria feito uma deliciosa macedónia de frutas, se ainda houvesse algumas na carroçaria e a teria atirado às Pedras. Iriam ficar ofuscadas com tanta fruta boa ou confusas, não sabendo se estavam a ser agredidas ou premiadas.
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1º incógnito: Acho melhor ires verificar o nosso sistema de camuflagem. Eles agora encontram-se a voar e estão ao mesmo nível que nós. Não podemos vacilar! Se descobrem que os estamos a seguir, ainda pensam que somos um obstáculo, ou pensam que fomos enviados pela Bruxa Loba Malvada e isso não joga a nosso favor. 2º incógnito: Tudo verificado! Não há a mínima hipótese de eles darem pela nossa presença. Atenção! Abranda!!! 1º incógnito: Que pontaria!
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2º incógnito: Os sonhos do Marcão são estranhos. É uma coisa fácil de realizar, pelo menos para nós… tocar na Lua e na sombra das estrelas não é nada difícil, para viajantes como nós, principalmente quando ao nosso dispor esta… 1º incógnito: Xiuu!! Presta atenção ao que vai acontecer. Se não se safarem teremos que mandar uns torpedos… 2º incógnito: Torpedos? Questiona, aterrorizado.
1º incógnito: Descansa! São só uns torpedos laminados, apesar de pensar que a Carripana não vai desistir de se libertar assim tão facilmente, e sem dar luta. 2º incógnito: De onde saíram os Troncos Enraizados? Não sabia que podiam lançar lianas. Aqui está uma prova 34
Pardalão no Castelo Assustador e Assombrado
de resistência! Sempre vais dar uma ajudinha, parceiro? Pergunta, tentando lembrar-se quais são os torpedos laminados, para o caso de serem precisos e não vá confundi-los com outros.
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1º incógnito: Com a dificuldade que eles estão a ter para vencer os Troncos e com um exército deles a aproximar-se com mais lianas, estou com toda uma boa disposição para carregar no botão, que vai lançar um minitorpedo laminado e dirigível, cortando todas as lianas, sem os passageiros da Carripana se aperceberem que foram ajudados, pois supostamente nós não estamos aqui. Relata, confiante das suas ações.
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2º incógnito: Tens todo o meu apoio. Torpedos laminados carregados. Podes carregar no botão, assim que te aprouver.
1º incógnito: E o grito de entusiasmo, confirma! Eles não deram por nada e podem prosseguir viajem tranquilamente.
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2º incógnito: Olha que adoráveis feições tristonhas estão a fazer os Troncos Enraizados. Vou tirar uma foto, para colocar no meu álbum!
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CERCA ROLANTE
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A Cerca Rolante foi convocada pelos Farejadores, a fim de fazer de obstáculo a uma insignificante Carripana que acaba por levar a melhor,
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deixando-a de mau humor. A Cerca Rolante só aceitou fazer de obstáculo, porque estava a dever um favor aos Farejadores, que por vezes se metem em atividades um pouco duvidosas, mais para o tenebroso. Por um lado, ainda bem que a Carripana seguiu em frente. As consequências do contrário podiam ser bem desastrosas e nada convenientes para a Cerca que anda a algum tempo a planear umas boas férias num prado verdejante, onde pode dedicar o seu tempo livre a perseguir tratores distraídos, para lhes pregar partidas cómicas. A Cerca Rolante vai esvaziar a sua mente e seguir o seu caminho. A sua parte está feita. Ela não é teimosa ao ponto de ficar lesada com uma brincadeira que pode correr mal. Se os Farejadores voltarem a contactá-la, ela está de férias!
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CATOS ESPINHOSOS
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Os Catos Espinhosos não conseguem acertar no seu alvo. Quando foram convocados e lhes disseram que o trabalho que iriam efetuar era uma oportunidade para os seus espinhos ficarem conhecidos, largaram tudo e compareceram imediatamente ao chamamento dos Farejadores, com quem passaram uma juventude bastante divertida. Os Catos sonham aparecer ilustrados em livros de botânica. Estavam cheios de saudades dos amigos de trombas e do clima ameno do lugar onde se encontram. Uma vez que falharam não vão dar o seu tempo como perdido. Vão iniciar uma limpeza a fundo dos seus espinhos, no primeiro rio, riacho ou lago que encontrarem, contentes por não terem de ir atrás de ninguém, desperdiçando mais espinhos.
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PEDRAS MUSCULADAS
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O principal objetivo das Pedras Musculadas é esmagar e não é plasticina. Caso não o consigam, não se importam de passar umas boas horas a dar porrada em sacos de boxe e em último caso, uma tareias das grandes em gigantes sandes de chouriço ou bacon, daquelas tareias que se esquecem, porque deixam o alvo com amnésia ou em migalhas. Quando lhes disseram que podiam dar toda a porrada que quisessem numa estranha caixa de metal com rodas, mas sem danificarem o que vai no seu interior, ou seja o recheio,elas ficaram um pouco dececionadas, mas aceitaram o desafio. Porrada é porrada, mesmo quando é fraquinha. Porém, as Pedras Musculadas nunca imaginaram que a caixa de metal onde deviam dar porrada, era cheia de surpresas, conseguindo voar para longe dos seus punhos, escapando aos seus dedos, que podem ser bastante ruidosos, quando estão entretidos a dar pancada. Com o seu objetivo frustrado, só resta às Pedras Musculadas, ir provar uns ótimos batidos cheios de gelo, até lhes doerem a garganta ou congelarem o cérebro. Para quem não sabe, elas são peritas em provar batidos ou granizados. 39