Antรณnio Martins Silvestre
UM SORRISO POR ENTRE Lร GRIMAS
EDIÇÃO: Edições Vírgula ® (chancela Sítio do Livro) TÍTULO: Um Sorriso por entre Lágrimas AUTOR: António Martins Silvestre CAPA: Patricia Andrade PAGINAÇÃO: Susana Soares REVISÃO: Patrícia Espinha 1.ª EDIÇÃO Lisboa, setembro 2018 ISBN: 978-989-8821-73-7 DEPÓSITO LEGAL: 441878/18 © António Martins Silvestre PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO:
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AVISO DO POETA Tudo quanto aqui escrevo é para mim de grande elevo com cariz sentimental. E, assim: o que possam aqui entender já nada eu posso fazer mas de ninguém falo mal.
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”AGRADECIMENTO” Como quem espera um filho, ao longo da vida inteira, assim eu esperei por este meu livro. Agora, ao vê-lo nos meus braços não posso deixar de agradecer a todos que tornaram possível o seu aparecimento. Foram muitos os amigos que me incentivaram a que o fizesse da maneira como fiz, e depois de correr de porta em porta das grandes editoras livreiras, e de todas elas se me terem fechado, resolvi, com grande sacrifício financeiro, levar a cabo aquilo que tinha em mente. Por isso, devo aqui agradecer a todos o quanto ainda me ajudaram, pedindo desculpas por seus nomes aqui não mencionar (sabem pois quem são os amigos). * Eu quero aqui agradecer sem de ninguém me esquecer aos que a mim me ajudaram. Movemos muitas montanhas de dificuldades tamanhas que eles nunca pensaram. ~7~
* Pois aqui fica este livro ĂŠ para todos o lerem. Passou por grande crivo sem nada dele entenderem. A.M.S
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PREFÁCIO Em Portugal, país de poetas, como tão amiúde é propalado existe provavelmente um dos maiores índices de indiferença em relação à Poesia, ainda que, em teoria, os poetas sejam, não menos frequentemente, motivo de discussões literárias de pseudo-intelectuais, que se dedicam e deleitam em estéreis dissertações, não tendo muitas vezes o mínimo amor pela Poesia. E realmente a Poesia é uma questão de amor! Por isso, aqueles que realmente amam – os poetas – continuam, não obstante a certeza que proíbe o já mais serem ouvidos, lidos e amados, a escrever sem medo da indiferença nem da crítica literária, que em muitos momentos é bem pior do que esta última, pois é castradora e humilhante para aquele que procura encontrar um espaço de afecto para poder criar algo. É assim que mais um poeta português-Alentejano, António Silvestre, nasce para o grande público com esta sua primeira obra, intitulada ”Um sorriso por entre lágrimas”, sem receios nem tristezas. A sua poesia é clara, simples e ~9~
sofrida – como é peculiar dos que se deixam conduzir pela espontaneidade – dramática em muitos momentos, jocosa de vez em quando, sarcástica e irónica quase sempre. Para os que fazem passar a inspiração que anima os poetas ao crivo injusto do critério subjetivo de erudição terminológica, patamar necessário para credibilizar uma obra poética, certamente, uma vez mais, encontrarão no trabalho deste poeta (Alentejano) um pretexto para alimentar a ilusão em que vivem, e um fundamento para a parcialidade e injustiça que esgrimem na abordagem superficial que oferecem aos que lêem e julgam. Será o povo e os crentes desta forma de expressão que farão o juízo final. Pois a palavra é um dom sagrado, que Deus deu aos homens para comunicarem entre si. É através dessa mesma palavra, tanto falada como escrita que o ser humano exprime entre os seus semelhantes todos os seus pensamentos. Mas há no interior de cada um de nós no seu subconsciente algo que sempre guardamos em silêncio, durante muito, muito tempo, e que um dia gostaríamos de transmitir e partilhar como forma de alívio da alma torturada. E depois chega o momento, seja por desinibição, coragem, frustração, ou simplesmente um louco desejo com um ataque de raiva, por tanto ter calado, pois todos nós temos, boas e menos boas recordações desta vida, amores e desamores, paixões e frustrações sonhos e pesadelos, coisas acabadas, outras inacabadas, e muito para dizer do que não se conseguiu fazer, num pensamento conturbado, que depois de analisado ficará ainda muito para ~ 10 ~
dizer do homem que aqui apresentamos. Um homem de muitos amores, que ama o sol, ama a lua, as aves e o mar, ama a terra que é sua, que um dia irá deixar. É um ser apaixonado, por tudo o que a vida contém, escreveu para o Fado, deixando agora livro também. O amor e a paixão que em novos sentimos. Pois se transformarão em ternura e mimos. A.M.S.
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SER POETA Poeta não é só dizer em verso coisas que lhe passam pela mente. É saber requintar tudo o que sente reflectindo todo o Universo. É ter o seu pensamento adverso e fingir para viver contente. É sorrir quando a dor é mais ardente querendo sofrer mesmo submerso. É ser errante não estando perdido e pôr o eco ao sabor do vento. É viver escravo do seu pensamento lutando para não se ver vencido. É amar o seu erro mais profundo ser sofrido sendo paciente. É no fundo amar a toda a gente morrer… e ser cantado em todo o mundo.
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PAIXÃO Tenho tanto que dizer não sei por onde começar. Decidi então escrever para melhor to recordar. Nossas vidas se cruzaram num passado não distante. Almas gémeas se tocaram e isso foi o bastante. As estrelas do Universo que moram no infinito. Sabem pois o que peço por este amor tão bonito. Não foi escolha de aflito esta grande e louca paixão. Foi nada mais que um grito do que trago no coração. Por este amor sem idade meu coração se perdeu. Vivo agora nesta saudade pois é este o fado meu. ~ 13 ~
NÁUFRAGO Andas perdido pelo mar neste mundo, neste breu. Vagueias num embalar num barco que se perdeu. O sol acalenta-te a pele enquanto andas à deriva. No horizonte cor do mel não promete não cativa. A espuma de cada vaga emerge como um corcel. Que cavalga e te esmaga e atormenta o teu batel. Coração desamparado que não pára de saltar. Grita agora ao ser fustigado e perdido pelo mar. Se chegares a bom porto e sentires a desventura. Teu corpo quase morto tudo isto foi loucura. ~ 14 ~
SIMPLESMENTE Este livro não se confinará apenas à Poesia, como um género específico, mas a todos os modos da palavra que se apresentem como experiência inovadora da escrita. A razão humana vacila perante as imensas forças de destruição por ela gerada. O mesmo é dizer que essas forças infernais persistem mal contidas, que elas alcançam o homem e o seu planeta. Daí resulta uma fascinação tão sã e esterilizadora que mina as ideologias, as ciências, as artes e as letras. Assim vai a arte dos nossos dias. E os chamados realismos que, por uma simplificação abusiva, julgam poder ocultar os problemas, dão as mãos no seu extremismo ao formalismo exorbitante. A forma desta manhã em eludir o essencial foi desta maneira o voltar costas ao homem, ao seu rosto e às suas paixões, que persiste na teimosia. As várias tentativas, bem contra a corrente, de preservar um certo humanismo que desde há muito não se vê. Publicar este livro de Poesia e pensamentos tem como único objetivo demonstrar a eficácia ~ 15 ~
do poder mental, por intermĂŠdio da escrita simples e obter os resultados almejados.
Eu queria ter alegria e queria alegre viver. A tristeza ĂŠ companhia para quem estĂĄ a morrer.
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OPÇÃO Fica ao menos este fado para cantar nas tuas escadas. Do quanto vivi a teu lado pelas mágoas lá passadas. Minha esperança foi embora toda a mágoa lá ficou. Pois iremos ver agora quem mais se magoou. Pois quem de mim precisa já sabe onde eu estou. E tudo lá se concretiza num amor que acabou. Muita loucura eu fiz só por minha opção. Até me sinto feliz não me arrependo, não.
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E ASSIM Aprendi a amar pela madrugada no frio denso, no frio denso com os dentes cerrados a morder o lenço. Sem poder alcançar a porta de entrada aprendi a amar bem mais do que penso aprendi a matar bem mais do que penso. Aprendi a amar com as duas mãos de amor intenso, de amor intenso uma para a ferida outra para o penso. A molhar os dedos nos líquidos sãos aprendi a amar bem mais do que penso aprendi a matar bem mais do que penso. Pois viver só por viver mais vale a pena morrer diz o povo e com razão. Pois entre nascer e morrer só existe o tempo de viver e aguentar o nosso coração.
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O OCULTO Todo o ocultista digno deste nome tem as suas preces escolhidas, que são para ele o meio de comunicar-se com o invisível e a alavanca da sua vontade. Que Raizel, seu génio confiante, faça ouvir a sua voz. No meio da sarça-ardente que tinge os meus desejos humanos, com o seu reflexo da chama divina. Se alguma vez vier a público que eu passei, e continuo a passar, por determinada Senhora, que me tem alguma simpatia ou amizade, ficaria pois contente pelo esforço conseguido, para me manter saudável e agora também feliz (por ela). Problemas todos temos, mas só alguns têm a capacidade de os encarar de forma saudável. Simplesmente, eu quero que o príncipe de sereno semblante ponha ante a sua face a teoria dos meus violentos desejos, que para si gravitam, pisando os malditos e flagelados, nove degraus da escada dos céus. Pois a minha imaginação de poeta, humanizando a miragem de sua essência e se aninhando no espaço, antevê o gesto de suas mãos numa noite salpicada de estrelas, além da órbita dos planetas, cujo centro é o nosso ~ 19 ~
sol. O seu seio ornado de sabedoria saiu da semente de um pai. (Não sei então porque choro. Por esse alguém que me esqueceu? Por certo eu ainda a adoro. Foi o coração que enlouqueceu.)
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ELE Se um dia se publicar tereis, pois, que comprar todos estes pensamentos. Podereis até não gostar mas vos dará que pensar estão lá bons momentos. Ele nasceu para sofrer a sofrer, pois, foi vivendo. Sempre sofrendo neste viver no seu viver foi sofrendo. Há seis fases nesta vida amar, gozar e viver. Depois nos vem de seguida sofrer, chorar e morrer. Andei eu com muita calma nesta minha dura e louca lida. Só o sossego da minha alma aumentou pois esta vida.
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O HOMEM Era dia 15 de Maio de 1949, pelas 21 horas. Eis que em Reguengos de Monsaraz, uma pacata vila alentejana, via nascer um indivíduo do género masculino, ao qual lhe foi atribuído o nome de António Martins Silvestre. O seu nascimento foi algo atribulado, sofrendo logo ao nascer para se agarrar à vida. Filho de pobres trabalhadores rurais, que bem cedo se viu privado dos seus pais. Seu pai mal o criou, bem cedo ele morreu, a mãe na Casa Pia o meteu. Tudo para ele aconteceu. Aos sete anos, tudo mudou, para a escola ele entrou. Lá viveu, lá cresceu e foi lá que estudou, e de tudo um pouco aprendeu. Indivíduo muito versátil em tudo quanto aprendia e fazia, com sua rebeldia e teimosia. Cresceu e se fez homem, as mágoas o consomem mas sempre sabedor do que queria. Fez de tudo nesta vida, que para ele estava escolhida desde o primeiro dia. Não se furtando ao trabalho, e tudo fazendo com alegria. Continuou os seus estudos, um marceneiro de profissão, escultor, pintor por opção. Enfermeiro por devoção, electricista para ganhar o pão. O futebol por diversão, e treinador de formação pelo impulso do coração. Esposo cumpridor, um pai cheio de amor ~ 23 ~
e um amante dedicado. Sendo tudo isto na vida, a mais não é obrigado. Sempre leu e escreveu de tudo, ele sempre escondeu esta sua façanha, sem dizer nada disto a ninguém. Hoje com mais idade, recordando a mocidade que a seu lado passou, a lembra com saudade por tudo o que o marcou. E não está arrependido de assim a ter vivido. E agora recordando as suas origens, faz um reconhecimento das suas gentes. E da sua vivência. Vai descendo em anfiteatro para o mar. E outra parte refere-se à velha planície alentejana, coberta por searas e sobreiros, comportando uma estrutura do povoamento e modelos arquitectónicos muito ligados à forma de exploração da terra. As aldeias são pontos de concentração dos homens, em terras onde a falta de água impõe a cultura, em afolhamento, enquanto os grandes aglomerados da planície têm a sua localização determinada pelo cruzamento de vias de comunicação já desenhadas no período romano. Todas estas recordações o fazem sorrir. Recorda ainda que, nas zonas de montanha, as vilas e aldeias de maiores dimensões são núcleos, castrejos nascidos em torno de pequenas colinas. Numa arquitectura marcada pelo uso da taipa, o recurso ao xisto e ao granito, valoriza os vãos e os lajedos, enquanto a cal, quase símbolo da arquitectura alentejana, define volumes e acentua os recortes. Consciente de que o tema não foi aqui esgotado, pensa que os objectivos essenciais da introdução foram cumpridos e que a sua divulgação contribuirá para um melhor conhecimento da realidade da vida deste Homem. Amado por uns e odiado por outros (COMO TODOS NÓS). ~ 24 ~
MEU OLHAR Te vi, fiquei contente com belos cabelos ondulando. És dona da minha mente leveza do meu encanto. Onde está meu pensamento vagueando para lá do mar. Indo para lá meu pensamento vindo para cá meu penar. Eu não me esqueço de ti irei sempre ao teu encontro. Rastejando vou para ti abraçar-te, tanto… tanto. A meu lado ias ficar meu amor minha paixão. Aquela que por amar retive no meu coração.
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SOLIDÃO Eu vivo nesta solidão que me causa muitas dores. Este pobre coração vai sofrendo de amores. Amparei-me ao corrimão por sentir uma dor forte. Antes de chegar ao chão pensei que vinha a morte. Mas quando chegar o fim que um dia terá que ser. A vida é mesmo assim, deixarei pois de te ver. E se já não acordar desta luta que eu perdi. Foi por tanto eu amar a beleza que conheci.
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ROBOT Meu pobre coração se perdeu pelo teu. Ficou louco de paixão não há amor igual ao meu. Sempre que te olhava e um beijo te roubei. Mal sabia eu que dava tudo a quem sempre amei. Não há medo de revelar tudo quanto se sente. Deixemos lá falar pois que falem da gente. Todos gostam de dizer e serem sim como ela. Jamais iremos esquecer um amor que se revela.
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SILÊNCIO Amor essência vital não deve ser oprimido. No mundo não há igual nunca vi nada parecido. Não tenho culpa de amar quem a mim me ignora. Por certo vai zombar e rindo a toda a hora. Se amar for pecado sou eu grande pecador. E digo muito obrigado por este grande amor. No silêncio do teu quarto tu me irás recordar. Se ele estiver farto me virás, sim, procurar.
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SONHO Serás tu que me levas caminhando pelas trevas até encontrar a luz. Com amor e magia toda a minha alegria foi em ti que a pus. Tua sina estava escrita por seres mulher bonita e despertares atenção. Foi só quando acordei pois eu então chorei bem louco de emoção. Este amor é uma loucura é feito de água pura onde fui então beber. Loucura é uma doença a mim não faz diferença é o amor que quero ter.
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