2 minute read

Prefácio

Next Article
Agradecimentos

Agradecimentos

PREFÁCIO

Seja falando ou escrevendo em livros, artigos de jornal ou de revista ou nas “redes sociais”, o divulgador científico divulga (do latim divulgare), isto é, espalha entre o vulgo conhecimentos, via de regra, da área da sua profissão ou de sua investigação. É o que faz Luís Avelar neste seu livro, numa linguagem entendível pelo eventual leitor, qualquer que seja a sua posição no tecido sociocultural, facultandolhe conhecimentos que não teve oportunidade de adquirir, actualizar ou aprofundar os que possui ou relembrar os que o tempo apagou. À semelhança do professor, o seu propósito é ensinar. E o êxito desse propósito assenta num discurso correcto e acessível, sem perda de rigor científico e, sempre que possível, agradável de ouvir ou de ler. É consensual que, em particular, todo aquele que teve e tem o privilégio de estudar e investigar, tem o dever de partilhar com os seus concidadãos, ainda que a nível básico, conhecimentos do universo científico e/ou cultural que foi e é o seu. Luís Avelar é um dos poucos que, entre nós, cumpre este dever. Não obstante os mais de quarenta anos de liberdade e democracia e ressalvando as sempre existentes excepções, a sociedade portuguesa continua marcada por um acentuado défice de cultura científica a todos os níveis, dos governantes aos mais humildes cidadãos, dos industriais e empresários de todos os ramos aos militares e funcionários públicos, dos artistas de todas as artes aos jornalistas, agentes de cultu

Advertisement

ra e opinion makers, dos juristas e economistas aos jogadores de futebol. E o mal vem de longe e radica em grande parte na Escola, no chamado ensino obrigatório, cuja função se resume a amestrar os alunos a responder certo aos questionários das diferentes provas de avaliação. O saber científico, cujo desenvolvimento nas últimas décadas registou progressos consideráveis, afirma-se, cada vez mais, não só como veículo indispensável à preparação escolar e profissional, mas também como parte importante da formação global do cidadão. Nesta óptica, a divulgação científica interessa-lhe como elemento potenciador da sua capacidade de intervenção consciente, por exemplo, nas políticas de desenvolvimento e de ambiente. A pouca atenção ainda dada à divulgação da ciência, por muitas sociedades do presente, tem razões culturais, sociais e políticas bem conhecidas. É paradigmático o pensamento que diz “o poder do feiticeiro assenta na ignorância dos seus conviventes tribais”. A uma muito breve alusão à origem e evolução da vida, o autor aborda detalhadamente o problema da origem e evolução das aves e da sua relação com os seus antepassados dinossáurios, dos quais derivam, lembrando a grande importância de Archaeopteryx litographica, o representante desse extraordinário fóssil híbrido, elo perdido finalmente achado, meio réptil meio ave, do Jurássico superior de Solnhoffen, na Baviera, com cerca de 148 a 150 milhões de anos. Segue-se em pormenor, uma cuidada descrição das singularidades osteológicas das aves, com destaque para as que lhes conferem a capacidade de voar, como sejam a transformação dos membros anteriores em asas e o surgimento das primeiras penas. O autor termina, e bem, este seu livro, lembrando que nem todos os dinossáurios se extinguiram verdadeiramente. Que alguns deles, há milhões de anos, ganharam a capacidade de voar, chegando até os nossos dias.

A.M. Galopim de Carvalho

This article is from: