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Uma breve história da origem e evolução da vida
Tabela adaptada de: https://paleoaerie.org/tag/geologic-time-scale/
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Poucos saberão, mas o famoso Tyrannosaurus rex (T-rex), é uma espécie de dinossáurio “recente”, dado que este género, Tyrannosaurus, surgiu apenas no final do período cretácico (101-66Ma). O registo da primeira ave, ou seja, um dinossáurio voador, terá surgido muitos antes, no jurássico superior, há 150Ma. As fotos representam o esqueleto de uma fémea de T-rex, (a Trix), com a idade aproximada de 67Ma. 21 Grande parte deste esqueleto é constituído por fósseis originais, sendo um dos 3 esqueletos mais completos desta espécie; descoberto em Montana, EUA, em 2013. Fotos tiradas durante a exposição T-rex in town, patente ao público no Pavilhão de Portugal, Parque das Nações, terminada em março de 2019.
me desvantagem competitiva perante aqueles seus competidores intraespecíficos em plenas condições de voar. Tal como ocorre com os humanos e outros mamíferos, as aves são animais que geram (endotérmicos) e mantêm regulada (homeotérmicos) a sua temperatura corporal, independentemente das
condições de temperatura do ambiente externo. São animais ovíparos, isto é, o embrião desenvolve-se num ovo de casca rígida, fora do corpo da progenitora. Este mecanismo de desenvolvimento embrionário é particularmente necessário (menos peso a transportar pelo indivíduo) quando é sabido que esta classe de animais realiza o voo como forma de
Na mitologia grega, Atenas era a deusa da sabedoria. Fascinada pelos olhos e solene aparência das corujas e mochos, escolheu o Mocho-galego como ave preferida. O nome científico da espécie, Athene noctua, faz alusão a esta curiosidade histórica. Foto de Diogo Oliveira
progressão de base. O singular sistema respiratório unidirecional, que inclui sacos de ar complementares aos pulmões, a que está associado o inerente sistema circulatório - com um coração semelhante ao dos mamíferos, com 4 câmaras - é particularmente eficaz no mundo animal; talvez o mais eficaz, dado que o esforço do voo batido exige um considerável consumo de oxigénio e um elevado metabolismo no seu todo. São contudo as penas (tratadas neste livro num tópico específico), as estruturas mais singulares e exclusivas das aves e que melhor as diferenciam entre qualquer outra classe da fauna atual, mesmo entre os vertebrados.
O que define uma espécie?
A espécie é a unidade básica de classificação dos seres vivos, existindo uma definição geralmente aceite entre os diversos estudiosos na área da biologia. Entende-se atualmente por espécie um grupo natural constituído pelo conjunto de indivíduos morfologicamente semelhantes que, partilhando a mesma base genética, podem cruzar-se entre si originando descendência fértil. Exemplo: o Pardal, Passer domesticus (também conhecido pelo nome comum de pardal dos telhados, ou pardal-ladrão), apesar de relativamente aparentado com o pardal-montês, Passer montanus (ou seja, pertencem ao mesmo género), não se reproduzem entre si; logo, são duas espécies diferentes. Nota: o conceito de espécie é ainda alvo de debate entre especialistas.
“Anyone who loves nature, with all its beauties and terrors, could hardly imagine what the shady forests, sunlit groves, flowering meadows and green fields would be like without birds”.
Josef Augusta, Prehistoric reptiles and birds
A origem das AVES - Breve abordagem
“As aves são dinossáurios! Não porque evoluíram dos dinossáurios, apesar de ser um facto que sim, mas porque partilham características derivadas dos dinossáurios” “...não será mais radical como afirmar que os humanos são primatas” 6 . (FASTOVSKY e WEISHAMPEL, 2009). Os primeiros dinossáurios surgiram há 230 Ma, durante o Triásico, o primeiro período da Era Mesozoica (anteriormente designada de período Secundário), e teriam uma dimensão reduzida, aproximadamente do tamanho médio de um cão, pesando entre 10 e 35kg (net: Sciencemag 2016). Embora no início muitos grupos de dinossáurios tenham crescido rapidamente em tamanho (geologicamente falando), também é certo que este crescimento rapidamente se estagnou. Contudo, um grupo de dinossáurios de “sucesso”, os maniraptores, do qual as aves derivam, continuou a dar origem a novas espécies de grande e pequeno porte, à medida que se expandiam para ocupar diversos nichos ecológicos. A perspetiva de que as aves são dinossáurios “viventes” não é tão recente como seria de supor. Com efeito, esta hipótese evolutiva terá surgido pela primeira vez em inícios da segunda metade do século XIX. Em 1861, em estratos* geológicos datados de aproximadamente 150 milhões de anos (Ma), classificados como do Jurássico Superior (período intermédio da era Mesozoica) foi descoberto numa pedreira de rocha calcária de grão fino, em Solnhofen, na Alemanha, o registo fóssil* de um animal pretérito. O paleoambiente onde este animal alado teria terminado “os seus dias”, seria de um mar tropical de muito baixa profundidade, rodeado por ilhas. O fóssil nele descoberto
A infografia seguinte, que apresenta o fóssil do gênero Archaeopteryx, procura dar a conhecer a sequência evolutiva das principais características osteológicas derivadas/herdadas de cada um dos grupos que lhes deram origem, até ao aparecimento da primeira ave.
nas 3 dedos em vez 5, tal como se verifica com muitos grupos de mamíferos. Esta fusão ocorre durante a fase embrionária (FASTOVSKY e WEISHAMPEL,
2009). O dedo I, que se encontra linearmente alinhado com o osso rádio, resulta da fusão da 1ª e 2ªfalanges, sendo denominado de dedo da álula, correspondendo assim ao dedo polegar na espécie humana. Este é o único
Vista dorsal da extremidade, “mão”, de uma Coruja-domato. Uma das estruturas ósseas onde se deu a redução sos partilhados entre o pulso e a mão, as aves voadoras possuem apenas entre sete e nove ossos.
e fusão de ossos. Enquanto a nossa espécie possui 27 os
dedo que pode ser movido de forma independente. Suporta um pequeno conjunto de pequenas penas relativamente rígidas (geralmente 3 a 4, mas podem ser apenas 2 ou até 7), que são ativadas quando a ave tem intenção de reduzir alguma turbulência na passagem de ar na asa ou garantir a mínima sustentação a baixa velocidade quando está na eminência de poisar. O IIº dedo é o mais longo, sendo constituído pela 1ª falange a nível proximal e a 2ª falange distalmente. Por baixo, junto à base da 1ª falange do 2º dedo, situa-se o IIIº e último dedo, constituído apenas pela 1ª falange. Os membros anteriores das aves podem assim ser divididos em braço, antebraço, carpometacarpo e dedos. Ao agrupamento destas duas últimas estruturas ósseas dá-se o nome de “mão”. Na grande maioria das aves, o úmero não acolhe penas rémiges, nomeadamente as penas terciárias que ajustam aerodinamicamente a asa ao corpo. Geralmente, este pequeno grupo de penas fixa-se ao cotovelo, ou seja, a zona de união entre a extremidade distal do úmero e a extremidade distal da ulna. Ao longo deste último osso, inserem-se, quase diretamente ao mesmo, as penas secundárias, que têm por função garantir por longas distâncias a sustentação da ave no ar. Através do tato (pequenas protuberâncias) e em menor medida através da visão, é possível detetar os locais de fixação das secundárias no alinhamento posterior da ulna. Na denominada “mão”, inserem-se as penas primárias que são responsáveis pela propulsão inicial de “levitação” e do controlo da direção