Sentimentos in Versos

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Sentimentos in Versos



Carlos Nuno Granja

Sentimentos in Versos


FICHA TÉCNICA EDIÇÃO: Carlos Nuno Granja TÍTULO: Sentimentos in Versos AUTOR: Carlos Nuno Granja PAGINAÇÃO: Paulo Resende CAPA: Patrícia Andrade 1.ª EDIÇÃO LISBOA, Setembro 2012 IMPRESSÃO E ACABAMENTO: Publidisa ISBN: 978-989-20-3264-1 DEPÓSITO LEGAL: 348301/12 © CARLOS NUNO GRANJA PUBLICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO Sítio do Livro, Lda. Lg. Machado de Assis, lote 2, porta C — 1700-116 Lisboa www.sitiodolivro.pt


SENTIMENTOS IN VERSOS

...para a mulher da minha vida que me deu os meus maiores tesouros incluindo duas filhas maravilhosas ...para as minhas filhotas incríveis que me dão sorrisos todos os dias e me fazem acreditar no dia seguinte ...para a minha mãe que me trouxe, que me leva, a minha luz da vida, o meu viver ...para o meu pai cintilante lá no alto um guia atento ...para a minha irmã e a minha sobrinha que completam o ramo das mulheres que preenchem a minha vida ...para todos os que sentem as minhas palavras

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SENTIMENTOS IN VERSOS

Partiste-me aos pedaços, meu cristal e colei-te caco a caco ao meu peito o meu coração que, por ser banal, não merecia ficar assim tão desfeito!

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A céu aberto A céu aberto, depositei o mundo e saí a correr... em passadas largas... não queria regressos! A passadas largas, não queria retrocessos... Os raios de sol queimavam a pele, a luz ofuscava o meu olhar... e os casulos renasciam... as teias renovavam-se nos recantos das janelas... Sempre te vi... mil sorrisos meus... o poder da minha transformação... do nada, feito um deus... menor... mas um deus que não era qualquer um... Ah, como isso me preenchia o ego! E compunha a minha mente sem se desmoronar...como uma construção da Lego... pecinhas encaixadas com precisão... com tal perfeição... tão perfeitas que encaixavam também no meu coração! E quando somos resistentes... persistentes... remando contra as marés... mesmo que lhes toquem... essas peças ficam firmes na sua dimensão... podem ser pequenas... uma simples brincadeira... mas fincam-se... ficam-se... qual vieira perdida na rocha... qual labareda em petróleo na tocha... E não são as nuvens que vão impedir... sempre que chegas... fazes-me sorrir... Em passadas largas... não querendo regressos... vou querer sempre ter-te em meus braços!

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CARLOS NUNO GRANJA

No limbo

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Adormecido há minutos e já estava na rua, vasculhando os caixotes de lixo... ali no escuro... quedo e mudo...distante da luz... encontrei um castiçal castiço... no limbo da noite... nas lides dos focos apontados... e os gestos postiços como feitiços só vistos na penumbra... enfeitiçado... tão leve de rosto como de corpo! O vazio suportava-se em barras de aço... ao teu feitio julgava-se uma questão de dias... mas os anos passaram... e era eu o palhaço... ora sorria... ora chorava... ora estragava a pintura... mais parecendo um ditador à falta de ditadura! Vasculhava na senda de um êxito... de um ídolo terrestre... em busca de um mestre... de um animal de estimação... de um bicho... no lixo... que já ninguém quer o que tem... mesmo de valioso! Basta que tenham espelhos... ninguém quer saber... e que pena que eles não mostrem realidades... que não mostrem os interiores... as decorações de cada um... nem todos somos decoradores... porque cada um decora para não saber... para não querer saber... É pena! Olho para o lado... a fila vai longa... tantos que vasculham no lixo! Ainda bem...


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Ainda olho o céu Ainda olho o céu… ainda lá estás… Ainda não perdi a esperança… Recordo com saudade os teus sorrisos… O teu assobio incomparável… o ar afável Com que acabaste a vida… Tão destinada Como desprovida! Os beijos de uma barba No rosto, mais compreensível que a que eu Fazia crescer no meu… Ainda olho o céu… ainda lá estás… Tão firme a contrastar as últimas horas De fragilidade… Cintilante no firmamento… Destacado ao meu olhar na noite solitária… Sempre sem parar de forma proletária… Nos turnos de anos a fio… iluminas e guias… Uma tarefa final e definitiva… que se mantém viva! E que acende a chama da recordação diária… Mesmo que nos mostre a vida… precária… Sumária… enganando os caminhos… Todos… acompanhados… sozinhos… Ainda olho o céu…. ainda lá estás… Ainda resisto na esperança… Tudo tem significado… e não estares aqui… A solidão que sufoca… a dor que provoca… Ainda… ensinou-me a sobreviver! És o meu guia… em cada dia… Porque nada se apagou… nada evaporou… Ainda a dor… ainda a saudade! Mas levo o teu brilho que enche o meu cabaz… Ainda olho o céu… ainda lá estás! 13


CARLOS NUNO GRANJA

The end

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Conheci o The End no abismo… Nas máquinas ligadas ao cinismo… Entre o lodo e uma bala… entre quem se cala E uma pistola… Na rede que sai do mar E a falta de ar na banca… Nas contas Por pagar e a banca que nos esfola… A espada e a parede… a fome e a sede… The end leva-te pela mão… rumo à escuridão… O monstro que te ampara… a dose rara De morfina para o sossego… de comida Para o monstrengo… do fim para o sofrimento… A dor que se apaga… o desespero que se propaga… Que não se mede… o fim que se pede… O fim que se pede! Conheci o The End… idílico… em sombras… Em harmonia… de dia… sempre de dia! As danças das brisas na saída de cada túnel… O retrato sempre sonhado… o fim da loucura… A ternura… pintada de fresco… para sempre… Um lembrete na palma da mão… uma união… Tanta unidade aos milhares… infinito… Sonhos tornados realidades… transformados Em pilares de vidas realizadas… no paraíso Concreto… e cada ser discreto… no seu tempo… No seu ritmo… sem nada a cumprir… O The End… a beleza infinita… o fim Em si mesmo… a incerteza que se esgota… A certeza é o fim da rota… The End… vale a pena esperar!


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