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Editora Penalux – Júlia Grilo

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL JÚLIA GRILO

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O que diferencia o homem dos outros animais?

A Autora: Romancista, ensaísta e cronista, Júlia Grilo nasceu em 2020. Enredada na cibercultura, aos 10 anos já assimilava a linguagem internética e, através da escrita em blogues, conseguiu formar as bases de sua estética, marcada pelo coloquialismo, pela rapidez e, sobretudo, pela ruptura com a escrita convencional. Escreveu seu primeiro livro aos 15 anos: um ensaio sobre a escola a partir de sua perspectiva estudantil (aliás, este texto, nomeado Perdemos o futuro, é a gênese essencial de seu projeto literário e configura os pilares de sua escrita). Aos 17, a autora finalizou Deserção, seu primeiro romance, que ainda permanece inédito. Cães (2020) é seu livro de estreia. Atualmente, Júlia vive em Salvador, onde se gradua em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia.

Serviços: Cães, Júlia Grilo – romance (154 p), R$ 40 (Penalux, 2020). Link para compra: https://www.editorapenalux.com.br/loja/caes

Vídeo promocional: https://youtu.be/-fWt_3RovNg

Romance faz uma provocação que se alimenta das pretensões do saber humano e de sua relação com outros viventes

Um cão chega para fazer parte da família. A partir daí, diante do seu novo animal de estimação, uma menina se vê diante de alguns questionamentos, aprofundando sua incipiente visão de mundo. É dessa premissa que parte o romance de estreia da jovem escritora Júlia Grilo, recentemente publicado pela Editora Penalux.

Abordagem temática “Cães” é um livro cujas definições se dão pela diferença: para descobrir o que é humano, a autora busca primeiro pensar naquilo que não é. É um romance sobre limiares, sobre o que nos une e o que nos separa, sobre a distância que há, enfim, entre os homens e os bichos (o homem é ou não é bicho?), os homens e as mulheres (as mulheres também compõem o que se chama de homem?). Do início ao fim, Cães é uma descrição dos processos de socialização – isto é, daquilo que faz com que sejamos o que somos. Neste sentido, a narrativa considera a ciência e a filosofia como produções propriamente humanas: é com as lentes de homens que enxergamos, é a partir delas que fazemos a ciência, que explicamos o mundo, que constituímos as definições. O que entendemos por “humanidade”, então, é um conceito e, portanto, uma ficção.

O processo da escrita “Eu comecei a escrever por volta dos 10 anos, em blogues”, explica a autora à nossa agência. “Por isso a minha escrita se funda carregada de todos esses signos da linguagem digital, que é ligeira, informal e até meio zombeteira, ácida”. A escritora também nos conta que somente aos 15 anos passou a enxergar a sua escrita de outra forma, com uma perspectiva mais profissional. “Isso ocorreu no começo do Ensino Médio”, diz Júlia, “naquele período de transição difícil, quando passei a questionar a escola como instituição, como modelo. Um dia estava navegando pelo Facebook e vi uma entrevista da filósofa Viviane Mosé discorrendo sobre o papel da escola. Pronto! Pedi a meu pai o livro dela: ‘A escola e os desafios contemporâneos’ (2013). Seria meu presente do Dia das Crianças (risos)”. Essa leitura e seus questionamentos, levou-a por sua vez a escrever o seu próprio ensaio, que foi intitulado “Perdemos o futuro”. “Recebi algumas propostas para publicá-lo”, ela conta, “mas eu não tive coragem. Não me sentia pronta – queria que os meus livros sobrevivessem independentemente de mim, apesar de mim, sem se aproveitar da seiva nutritiva e caudalosa que escorria do meu umbigo”.

Voltando ao livro Sendo a ambiguidade algo inerente à condição humana, os personagens de “Cães” sofrem e fazem sofrer. A narrativa dá a tônica à colonização como um fenômeno em seu nível psicológico, contíguo ao processo de subjetivação que engendra os homens e as mulheres. Este é o eixo central da história, a partir do qual surge um subtema importante: ao abordar aquilo que nos faz sermos o que somos, a colonização emerge como um fenômeno em curso, e as suas instituições sociais – o patriarcalismo e o racismo – formam o contexto que desafiam o nosso livre-arbítrio. “Com Cães, eu quis então me desvencilhar de vez da adolescência”, assegura Júlia. “É um período em que tudo parece muito fatal e muito urgente. Criar personagens e praticar a escrita na terceira pessoa era uma tentativa de praticar a alteridade e romper um pouquinho com o narcisismo infantil. Eu considero ‘Cães’ um texto bastante estável, embora manifeste todo frescor e toda fragilidade de uma primeira publicação. Quando eu enviei o original do livro para Laerte, eu escrevi: esta é uma despedida da adolescência.”

Laerte Através do cartunista João Montanaro, da Folha, a escritora baiana acabou conhecendo e se relacionando com Laerte, cartunista dos mais renomados. “Viramos amigas, surpreendentemente amigas”, relata a autora. “Acho que é com ela que eu compartilho as dimensões mais basilares da minha vida íntima”, confidencia. Laerte era quem lia muitos dos seus textos em produção. “Ela costuma ser sempre uma das primeiras a ler o que eu escrevo”, diz Júlia, que se orgulha. “Todos os meus trabalhos passam pelo crivo dela”. Como não poderia ser de outra forma, é Laerte quem assina o texto do livro. Diz a cartunista: “As primeiras mensagens que troquei com a Julia são de 2015. Não lembro quem fez a ponte – acho que o João Montanaro. Sei que desde o primeiro e-mail me senti fisgada pela sua escrita copiosa e inquieta. Passei a aguardar esses e-mails mais ou menos como aguardava as aventuras de outra Julia, uma de quadrinhos que saía a cada 2 meses. Os e-mails da Julia real tinham a vantagem de serem mais frequentes; em comum com os quadrinhos, exigiam e permitiam uma leitura extensa. Logo ela se tornou, pra mim, algo daquilo de que me cerco pra perceber o mundo de forma mais atenta. E eu vi uma escritora surgindo na minha frente, nas mensagens, nos ensaios e nos textos que ia me enviando também.” Laerte termina seu texto assim: “Eu vejo essa Julia crescendo enquanto escreve. Estar pronta, no caso da Julia, é estar sempre se transformando.” Tanto é verdade o apreço da artista pela escritora, que numa entrevista recente Laerte fez uma recomendação de leitura na pandemia mencionando o romance de estreia de sua amiga (confira: https://youtu.be/udcFHJWegAQ?t=3446).

EM DESTAQUE LIVROS EDITORA PENALUX

“Guia de sobrevivência do exilado no próprio país” do autor Alexandre Meira

GÊNERO: ensaios| FORMATO: 14X21 | ANO: 2020 | PÁGINAS: 148| Pólen soft 80 SINOPSE: “Por conta de suas raízes profundas e fortes não toleram nada que as cercam, reduzam-na e as tolham. Vencem sempre o solo duro, intolerante, aparentemente intransponível, revolvendo tudo o que há em volta, não permitindo que nada permaneça como está, muros, casas, cercas, nada permanece igual, tudo em constante transformação. Para ela não há nada o que temer. Como recompensa, de tempos em tempos, atingem sua exuberância máxima oferecendo a qualquer alma carente de sonhos sua vasta diversidade das cores, sua sombra irremediavelmente democrática, além de entregar sua semente sempre acessível e original.”

Link para compra:

https://www.editorapenalux.com.br/loja/ guia-de-sobrevivencia

“Trem errado para Barcelona” das autoras Mariana Vilella e Renata Ferraz

GÊNERO: crônicas | FORMATO: 14X21 | ANO: 2021 | PÁGINAS: 180| Pólen soft 80G SINOPSE: Não pensem que esse livro é um grande compêndio de autoelogios das autoras a si mesmas (para isso já temos as páginas de autoajuda feminista do Instagram). Tampouco que é um louvor à fluidez da contemporaneidade salpicado com meia dúzia de críticas engajadas e sarcásticas. É um livro bem amargo – e por isso gostei tanto. Aqui não tem exaltação de bebida ruim em boteco bagaceiro, romantização do sexo mais ou menos, glamourização do trabalho com vínculos frágeis, gratidão pelas migalhas de afeto do ficante que não quer compromisso, mas quer cuidado afetivo. Tem a realidade, e ela é exaustiva e demandante mesmo para aquelas de nós que vivem em posição de privilégio. A realidade também é contraditória. Guardamos rancor dos chefes e não-namorados que não nos dão o reconhecimento e o amor (e o dinheiro) que esperamos, mas quem disse que estamos dispostas a dar o que eles querem? Até porque eles querem nossa alma, e nossa alma está sendo consumida por essa tarefa extenuante de se manter um indivíduo. O custo de ser uma mulher independente é alto; o custo de ser dependente é muito maior. Trem errado para Barcelona deixa isso bem claro. Se não traz o conforto do autoengano, traz o alívio da identificação. [Por Bruna Maia]

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“Os demônios saem à noite” do autor Ulisses Guimarães Maciel

GÊNERO: contos | FORMATO: 14X21 | ANO: 2021 | PÁGINAS: 80| Pólen soft 80G SINOPSE: Com uma linguagem clara que tem o primor das narrativas de Rubem Fonseca, Dalton Trevisan ou Clarice Lispector, o texto de Ulisses requer atenção. O leitor deve ter cuidado antes de chegar a suas conclusões. Muitas histórias parecem terminar em aberto, se concluindo apenas através de uma leitura crítica. Os textos retratam nossas angústias e examinam a complexidade (ou superficialidade) dos relacionamentos, sugerindo que é através do outro e de nossa conexão com este que passamos a nos compreender de verdade. Lidos coletivamente, uma das mensagens dos contos, como o título sugere, é que todos temos nossos demônios e mais cedo ou mais tarde eles aparecem e temos que enfrentá-los. Outro detalhe importante é que, mesmo representando histórias pessoais, os textos não deixam de fora críticas sociais. Entre elas estão a violência doméstica, o despreparo da polícia, a falta de educação política da população, a exploração do trabalhador e a precariedade do sistema carcerário brasileiro. Mas o grande propósito da narrativa é realmente investigar a condição humana, o que Ulisses faz com grande maestria. [Antonio Luciano Tosta]

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“Triste história do fim do mundo” do autor Victor Hugo Felix

GÊNERO: romance | FORMATO: 14X21 | ANO: 2021 | PÁGINAS: 234| Pólen soft 80G SINOPSE: A complexidade das mais diversas nuances que compõem a essência do ser humano representadas no dia a dia de uma família à espera da morte. Em “Triste história do fim do mundo”, Victor Hugo Felix nos convida a uma urgente reflexão sobre a nossa relação com a vida e a morte em um momento cada vez mais solitário do mundo. A cada página desta narrativa, encontramos os dramas e as cores da sociedade contemporânea distribuídos pelas histórias de personagens com perfis completamente distintos que, com as suas particularidades, constituem uma microssociedade que traduz com propriedade os dilemas e questões fundamentais dos nossos dias. Enquanto o fim se aproxima, ao longo de 13 capítulos, o autor nos conduz com maestria a uma viagem pelos sentimentos e pensamentos de cada personagem. Ao mesmo tempo em que assiste cada qual lidando com os fantasmas dos seus medos, sonhos, perdas, inseguranças e frustrações, o leitor inevitavelmente também passa a se questionar sobre o peso real das perdas que todos sofremos ao longo da vida e encara o fato de que, por sermos todos igualmente mortais, o que nos diferencia enquanto indivíduos são as escolhas que fazemos enquanto há vida para viver. Pela qualidade do texto e pela profundidade das reflexões que evoca, “Triste história do fim do mundo” é leitura obrigatória para expandir a compreensão sobre vida e morte.[Bruna Ramos]

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