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Rubens Lobo
Entrevista com o escritor
Rubens Lobo
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Rubens Lôbo dos Santos, nascido e criado na cidade de São Paulo. Sempre viveu nas cercanias da Freguesia do Ó. Escreve poemas desde quatorze anos sempre observando e tentando narrar as doces nuances do comportamento humano. Desde sempre inserido na vida na cidade grande está se tornou uma grande fonte de inspiração. Ao observar os dilemas da grande cidade e compará-los aos do indivíduo encontrou aí o grande eixo da sua poesia. Suas relações pessoais e profissionais são muito influenciadas por estas observações. E isto também é notável em seu texto. Boa leitura!
Enfim, sou apenas um pai e poeta e professor. Mas não necessariamente nesta ordem. E continuo tentando sobreviver nesta tal pós-modernidade.”
Em destaque “Não ter”
Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Escritor Rubens Lôbo dos Santos, é um prazer contarmos com a sua participação na revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que o motivou a escrever textos poéticos?
Rubens Lôbo - Minha relação com o poema nasce da necessidade de expressar o cotidiano, suas dores, suas contestações e principalmente pela busca da pergunta certa. Aquela pergunta que nos leva à reflexão. Aquela pergunta que só a arte responde. Mesmo que nem sempre consigamos compreender esta resposta.
O que mais o atrai na poesia?
Rubens Lôbo - O que me atrai em todas as formas de arte, a interação. O poema é lido e sentindo de maneira única e diferente toda e a cada vez que temos com ele contato. Lemos um porma hoje e ele nos chega de uma maneira, o leremos amanhã e ele será outro poema, chegará com outras cores, outros sabores.
Em que momento se sentiu preparado para publicar o seu livro “Não Ter”?
Rubens Lôbo - Publicar um livro de poemas era um sonho bem antigo já. Mas sempre me continha pois faltava um contexto para um livro. Nunca quis lançar por lançar. Quando eu escrevi um determinado texto, o poema chamado “Julga-me”, eu consegui finalmente encontrar a linha do livro, sua coluna. Este momento, que marcou o início da produção deste livro, deu-se faz quatro anos aproximadamente.
Apresente-nos a obra
Rubens Lôbo - Este livro é composto por cinquenta poemas escritos por mim em sua totalidade, em estilo livre, sem métrica regular, sem ordem cronológica, com versos livres e flerta com diversas escolas e escolhas literárias, sem, no entanto, intencionar prender-se a nenhuma linha específica, seja de pensamento ou de exercício literário. Por uma questão de construção e de estética, fez-se a escolha de “dividir”, de maneira discreta e não citada, o mesmo em quatro assuntos. Fazendo uso do recurso de poemas mais curtos, busquei diferenciar os poemas o agrupá-los pelos seguintes assuntos: amor, problematização, dor e esperança. Esta divisão não está nem clara e nem citada no livro, servindo apenas como uma orientação para o autor, novamente sem interesse de tornar pública esta escolha.
Apresente-nos um dos textos publicados em “Não Ter”?
Julgue-me! Julgue-me de acordo com preceitos, preconceitos, valores. Julgue-me sem pesar, sem piedade, sem ousar. Julgue-me sem se olhar, mas com a visão deturpada, a necessidade acelerada, a mesquinhês exata. Julgue-me! Julgue-me usando atos falhos, interpretações estreitas, olhar viciado, acusações vazias. Julgue-me por te dizerem para fazê-lo, por terem incultido em ti esta necessidade, por só teres este caminho. Julgue-me por delação premiada, por necessidade de reconhecimento, pela solidão disfarçada. Julgue-me... Julgue-me pela não atenção, pelo não coito, por não estar. Julgue-me homem ou mulher, criador ou criatura, bela ou fera, surda ou muda. Julgue-me, pessoa nefasta, por seres mimada! Julgue-me! Julgue-me por achares que pode, por engrandecer o vazio da tua alma, por não calares o ego. Julgue-me por quereres, por obrigar-se abraçar o ritual, por fazeres pelo grupo social... Julgue-me com teu cego olho, com teu débil saber, com teu inútil gozo. Julgue-me. Mas julgue-me longe daqui! Na casa do caralho que seja, pois não sou obrigado a dar-lhe santuário ou fortaleza, ou ouvir-te, ou sentir-te, ou entregar-me a ti, ou, sequer, que padeça. Não sou obrigado a tua presença. Julgue-me! Julgue-me por “teres direito”! Que eu
“por direito” não irei ouvir!
Sabemos que cada texto contém um pouco do autor, quer seja de seus sentimentos, ou de seus conhecimentos. Comente sobre o momento de criação deste texto.
Rubens Lôbo - Este texto nasceu ao observar uma cena. O poeta presenciou uma breve discussão entre duas pessoas e a discussão versava sobre o quanto nos importamos com o julgamento sobre nós. E como nos fragilizamos e não assumimos que sobre certos parâmetros não deveríamos nem começas a discutir. O texto fala disso. É um pedido para que não usemos um “julgar” enquanto conversamos.
Onde podemos comprar o seu livro?
Rubens Lôbo - Como estamos em tempos de pandemia, a melhor e mais segura forma de comprar o livro físico é pelo site da editora, neste endereço: https://www. eviseu.com/pt/livros/1503/nao-ter/ e a versão digital pode ser adquirida em: amazon.com.br
O que a escrita representa para você? Comente como vem se desenvolvendo a escrita em sua carreira literária?
Rubens Lôbo - A escrita para mim tem sabor de intencionalidade. E de interatividade, claro. A escrita sempre esteve presente nos meu dia. E faço questão que assim o seja. Escrevo todos os dias. E não só poemas. Exército minha escrita através da crônica, do conto, até através de cartas. Atualmente, com a advento das redes sociais, tenho postado diariamente em minhas redes, poemas curtos e com isso tenho exercitado minhas habilidades de coesão e coerência.
Quais os seus próximos projetos literários?
Rubens Lôbo - Já comecei a preparar meu próximo livro de poemas, ainda sem nome, e estou finalizando um romance chamado “O último” que devo lançar este ano ainda. Mas este é papo para outra hora.
Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor o escritor Rubens Lôbo dos Santos. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?
Rubens Lôbo - Escrevam. Escrevam muito e sempre. Leiam. Leiam muito e sempre. E lembrem-se sempre: A poesia não pertence à gaveta. Não se intimidem e nem se envergonhem do que escreveram. Divulgue. Só assim você entenderá o que você gosta de escrever e o que lê dá prazer. Não tenha medo de arriscar. Muito obrigado.
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