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futebol especial 9C
JT Quinta-feira,2deOutubrode2008 www.jornaldatarde.com.br
Engenheiro processa CBF por ‘roubar’ suas fórmulas
MARTÍNFERNANDEZ
Dono das tabelas
AtabeladoBrasileirãofoipararna Justiça.Oengenheirocatarinense Horácio Wendel, de 58 anos, cobra da CBF a autoria intelectual das tabelas das Séries A e B. Wendel não informa o valor, mas o JT ouviu de duas fontes do FórumdeJoinville(SC),ondecorrem os processos, que a soma das pedidas chega a R$ 2,25 milhões Numa das ações ajuizadas em Joinville, ele pede ainda 5% do faturamentoda Globo com o Brasileirão desde 2005. “De fato, pedi umpercentualdequantoaGlobo ganhaporqueelesmontamaprogramação e garantem audiência em função das minhas idéias.” Horácio Wendel trabalhou sob contrato com a CBF entre 2001 e 2003.“Esseacordodetrêsanosfoi cumprido corretamente. O problema veio depois”, diz o engenheiro. “Em 2004, não quiseram renovaro contrato sob a alegação de que não precisavam mais dos meus serviços. E aí passaram a adotaroscritériosqueeutinhainventado para montar a tabela.” Wendeldizque,dos15critérios utilizados para armar a tabela, quatro são de autoria dele. Com a ajudadeumespecialistaeminformática,elecriouumsoftware,inscrito sob o número 52.614 e registrado em 21 de outubro de 2003 no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). “Alguns deles já eram utilizados, claro, mas a CBF nunca conseguiureunirtodososcritériosdurantetodasas rodadas”,sustenta. “Em 2004, fiquei esperando por um acordo, mas ele não chegou. Por isso recorri à Justiça.” Ele começou a confeccionar as tabelas do Brasileiro em 2001,
martin.fernandez@grupoestado.com.br
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Horácio Wendel Oengenheiroacusa a CBF de usar seus critérios para fazer tabelas
2,25 milhõesdereaiséasomadas duasaçõesqueHoráciomove contraaCBFnaJustiça
3 anosfoiotempoqueHorácio trabalhousobcontratocoma CBF,entre2001e2003
após o fiasco de organização da Copa João Havelange – nome dado ao torneio nacional de 2000. “Eu já estudava o assunto havia dois anos”, conta. “Acompanhava pelos jornais e me perguntava porque havia tantas falhas na organização dos campeonatos.” O engenheiro cita, de cabeça, dezenas de erros registrados na CopaJoãoHavelange,umtorneio de turno único – foram 125 times nototal.“OVascojogoucontraIntereGrêmioemPortoAlegre,mas recebeu os três mineiros no Rio.”
O primeiro contato, segundo Horácio Wendel, foi com a Globo Esportes, braço da Rede Globo quedetémosdireitosdetransmissão do Brasileirão. “Mostrei o trabalho para a equipe do Marcelo Campos Pinto (principal executivo da área esportiva da emissora) efoi aprovado”,diz o engenheiro. “Depois, com a mudança no númerodetimesenoformatodedisputa, tive que adaptar a tabela.” O Brasileirão de 2001 teve 28 timeseaprimeirafasefoi emturno único,comosoitoprimeirosclassificados para um mata-mata. O de 2002 teve o mesmo sistema, mascom26clubes.Em2003,passou a vigorar a fórmula dos pontos corridos, com 24 times. Encerrado o Brasileiro de 2003, acaboutambémocontratodeHoráciocomaCBF.Ecomeçouabatalhadeleparaprovarqueastabelas dos anos seguintes foram feitasapartirdesuasidéiasequedeveria ser recompensado por isso. Outro lado Odiretor de competiçõesda CBF, VirgílioElísio,nãoatendeuàsligações do JT nesta semana. Mas o cartolajáhaviacomentadoocaso em outra oportunidade. “A CBF semprefeztabelas,antesedepois (decontar comosserviçosdeHorácio Wendel). Não precisamos deninguémparanosensinarafazer nosso trabalho.” Também é esse o argumento central da defesa. “Uma das principaisfunções da CBFé organizar campeonatos”, diz Rodrigo Capella, advogado catarinense contratado pela entidade para acompanhar o caso. OchefedaGloboEsportes,MarceloCamposPinto,nãofoiencontrado para falar do assunto, apesar da insistência da reportagem.
Software já foi oferecido até na Europa Horácio Wendel sempre gostoudefutebol.Quandocriança, foi mascote do Caxias de Joinville, hoje no amadorismo. A idéia de unir a paixão pela bola comaaptidãoparaosnúmeros surgiu na faculdade de engenharia.Massófoipostaempráticamesmonoiníciodadécada. AprimeirapropostadetabelaparaoBrasileirãofoiapresentadaao entãosenador Geraldo Althoff,catarinensecomoelee relatordaCPIdoFutebol. O político gostou da idéia e a encaminhou ao presidente do CruzeiroedeputadofederalZezéPerrella.DaíparaaGloboEsportesedepoisparaaCBF,que adotouafórmulaportrêsanos. OcasamentofoipararnaJustiça, mas Horácio Wendel nuncaparou de trabalharem tabelas para campeonatos de futebol–atividadequemantémparalelamente à consultoria para indústriasdosetorplástico. Ano passado, ele viajou pela Europa para tentar vender seu trabalho às principais ligas de futeboldoVelhoContinente. “Emalgunspaísesnãoaceitaram porque era muito caro”, conta,semrevelaroquantocobra pelo serviço. “Em outros, gostaram do trabalho mas não aceitaram por razões políticas.”Opróximodesafioéapresentar uma nova proposta de tabelaparaoCampeonatoPaulista.“Queestácheiodeerros”, segundoHorácioWendel.
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tabelaque criou para a Série A
CHICO MAUFRENTE/AE
Em sua casa de Joinville,
HorácioWendel mostra a
Fiquei esperando por um acordo em 2004, mas ele não chegou. Por isso fui à Justiça
11 passos para a tabela perfeita Nas duas primeiras rodadas,cada clube joga uma partida em casa e uma fora. Ninguém larga em vantagem ou desvantagem
Nas duas últimas rodadas,cada clube joga uma partida em casa e uma fora. Ninguém leva vantagem na reta final
Entre a última rodada do 1º turno e a primeira rodada do returno, cada clube joga uma vez em casa e outra fora
Cada equipe joga, no máximo, duas vezes seguidas em casa ou fora. Nunca três vezes consecutivas
Quem joga a primeira partida em casa,joga aúltima fora. E vice-versa
Até a penúltima rodada (turno e returno), todas as equipes terão feito 9 jogos em casa e 9 fora
Nas rodadas de clássico local,umdosclubesjoga fora na jornada anterior. E o outro joga fora na partida seguinte
Dentro do mesmo turno, um clube não recebe (nem visita) dois adversários da mesma região
Em cidades com dois clubes, sempre que um joga em casa, o outro joga fora
Em cidades com quatro clubes,doisdevemjogar em casa e dois fora. Em casa: um jogo no sábado e outro no domingo
Não há clássicos locais nas duas primeiras e nas duas últimas rodadas
Além dos 11 critérios citados ao lado, há outros quatro levados em conta por Horácio Wendel para fabricar suas tabelas. “O objetivo é manter a imparcialidade clubística, reduzir os custos de viagem e assim fazer crescer o interesse técnico e esportivo sobre a competição”, explica.