Primeira Pauta nº 86

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SAÚDE | PÁGINA 10

CULTURA | PÁGINAS 14 E 15

Joinville oferece tratamento gratuito para obesidade

Bibliófilos falam do amor pelo mundo dos livros

Excesso de peso já afeta cerca de 10% da população mundial. Doença, que pode levar a morte, não escolhe idade.

Os apaixonados por bibliotecas contam como acontece o processo de construção dos acervos pessoais. CULTURA | PÁGINA 13

Artistas das ruas levam arte e cores para o espaço urbano

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC | JOINVILLE, ABRIL DE 2011 - EDIÇÃO 86 - GRATUITO

www.primeirapautaielusc.blogspot.com

ESPECIAL | PÁGINA 6

Arena Joinville ainda é um sonho a se tornar realidade A promessa de um espaço multiuso parece esquecida. Seriam 12 meses de obras mas até agora já se passaram quase sete anos da inauguração e estádio ainda aguarda conclusão.

A técnica não é tão nova assim nos grandes centros, mas aos poucos o lambe começa a invadir paredes e muros da cidade.

ESPECIAL | PÁGINAS 4 E 5

Tweets da revolução POLIANNA MORAES

ENTREVISTA | PÁGINA 3

A iniciativa foi tomada por grupos de jovens sem nenhum objetivo além da derrubada do ditador” ALAN WOODS

TECNOLOGIA | PÁGINA 12

Sonda para auxílio no resgate em enchentes é desenvolvida em Jaraguá EDUCAÇÃO | PÁGINA 11

Fora da lei: empresas buscam reduzir custos contratando estagiários POLÍTICA | PÁGINA 7

Movimentos estudantis: ação conjunta além do ambiente de ensino

Terapia do riso O grupo Hospirrisos visita pacientes para levar aquilo que o tratamento médico não consegue, amor. PÁGINAS 8 E 9


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Opinião

Joinville - Abril 2011 PRIMEIRA PAUTA

@twitter O que os fakes falam em 140 caracteres @modofoker Não foi cancelada, ali na praça dos suiços ta rolando direto RT @ OsmanLincoln Apresentação da Esquadrilha da Fumaça cancelada? Porque? O perfil costuma interagir com pessoas ditas como conhecidas na cidade. Sejam virtuais ou de verdade.

@FreitagAlive Essas non son aquelas tal de Xoão Paulo e Taniel? RT @deputadokennedy: O que acham desta dupla,http://twitpic. com/4civn9 @_SandroSilva O “ex-prefeito” normalmente comenta tweets de boleiros e políticos da cidade. Sempre com uma sotaque pem carracterristico.

@ieluscdadepre Você recebe um email da central de estágios. Um dos pré requisitos é domínio de Photoshoping. O perfil vive de tiradas sobre os acontecimentos do Bom Jesus/ Ielusc. Boa parte do conteúdo são retuites.

@ViagemRuim É bom que vc saia de candidato a vereador. Verá o quanto gostam de vc (@roblenow live on http://twitcam. com/48u9y)

editorial

Mundo: nosso liquidificador social Medo, preocupação, comoção. A série de catás- O serviço de microblog pôde narrar quase que instrofes naturais que assolam o Japão desde o dia 11 tantaneamente o terremoto no Japão. As ferramentas de março instiga o mundo. A teoria dos maias rela- online expandem as barreiras do conhecimento, mas cionada ao fim do mundo em 2012 não dá fôlego à ainda são muito limitadas. O artigo do escritor amemente de muitos, fazendo com que o rumo de nossa ricano Malcolm Gladwell apresenta um contraponto sociedade se torne uma incógnita. O bombardeio da à importância social atrelada ao Twitter. Com o título imprensa com informações em tempo real das con- “A Revolução Não Será Tuitada”, ele argumenta que sequências das tragédias parece toresse dispositivo é mais um recurso, nar tudo mais grandioso, e de forma mas sem a capacidade de fazer muMUDANÇA nunca vista antes. danças na sociedade. Sem a organiO fato do Japão ser uma potência, zação do povo nas suas entidades de Países sofrem facilita o trabalho da mídia. No Haiti, base – diretórios estudantis, sindicaum processo de por exemplo, onde um abalo sísmico tos, associações de moradores – será transformação. de magnitude 7.0 matou quase 300 possível galgar algum tipo de mudanDo rico Japão ao mil pessoas, a dificuldade de se relatar o ça? Toda consciência de classe virá esquecido Egito. fato foi perceptível. Inferior qualidade através dos bites e bytes da web? das imagens, dificuldade na captação “Como será o amanhã? Responda de depoimento, deficiência no sistema de transporte e quem puder.” Esse trecho do famoso samba enredo de péssimas condições de alojamento. Após mais de um 1978 composto pela escola de samba União da Ilha ano da tragédia haitiana, pouco se fala da situação atual ilustra bem o que estamos vivendo. Enquanto o futudo povo de lá, pouco se fala do que está sendo feito e o ro não chega, não teremos respostas claras e precisas que falta fazer. Será que daqui a um ano a terra do sol sobre quais mudanças ocorrerão, e qual será a postura nascente terá a mesma atenção dada do Haiti? da mídia para noticiá-las. A imprensa está pronta para Paralelamente aos veículos de comunicação, a contar a história que escrevermos. Basta decidirmos internet tem impulsionado o acesso à informação. como vamos escrevê-la.

foto-legenda

Esse tweet está simpático. Os políticos de Joinville sofrem com críticas ácidas do @ViagemRuim, justas ou não.

EDUARDO SCHMITZ

@UdescDepressao #TiposdeUdesquiano A pessoa + feliz dentro de um campus da Udesc é um calouro q pensa “puxa,tô numa universidade pública”(via @jpmatiello ) Foi um dos perfis pioneiros em Joinville tratando de locais depressivos. Aborda lendas e critica a instituição.

@FakeBender @FreitagAlive Quem moreu foi você camarrrrada! Eu, Nillllson Villllson Bender, ainda passo o Alencarr Celebridade “semi-póstuma” que tenta serrr um rrreferrência no web. Também é um “ex-prefeito” de Joinville.

Sugira tweets para a coluna do Twitter no jornal Primeira Pauta. Sua opinião é muito importante!

Siga: twitter.com/primeira_pauta

O clima revolucionário foi contagiante inclusive entre os estudantes durante greve dos servidores públicos no município de Itapema. Tomara que as aulas de gramática consigam fazer o mesmo. DIRETOR GERAL DO BOM JESUS/IELUSC | Tito L. Lermen COORDENADOR DO CURSO | Sílvio Melatti

Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc

DISCIPLINA | Jornal Laboratório II PROFESSOR RESPONSÁVEL | Lucio Baggio

EDIÇÃO 86 - ABRIL 2011

SECRETÁRIO DE REDAÇÃO | Eduardo Schmitz

Contato com a redação Rua Princesa Isabel, 438 - Centro - CEP 89201-270 - Joinville - SC Telefone: (47) 3026-8000 - Fax: (47) 3026-8090 E-mail: jornalismoielusc@gmail.com

DIAGRAMADORES | Aline Seitenfus, Emanoele Girardi, Francine Ribeiro e Ronaldo Santos EDITOR GRÁFICO | Edinei Schimieguel Knop

EDITORES DE TEXTO | Augusta Gern (Saúde), Ariane Pereira (Educação), Daiana Constantino (Política), Fabiane Borges (Especial), Fernanda Rosa (Cultura), Gustavo Cidral (Entrevista), Jaqueline Dias (Reportagem fotográfica), Marlon de Souza (Entrevista e Especial) e Tiffani dos Santos (Tecnologia) REPÓRTERES | Ana Paula da Silva, Bárbara Elice da Silva, Diego Porcincula, Gabriel Fronzi, Gustavo Cidral, Jaqueline de Mello, Jaqueline Dias, Lizandra Carpes da Silveira, Luísa Desiderá, Marlon de Souza, Matheus Mello, Mayara Silva, Neyfi Müller, Patrícia Schmauch,

Priscila Farias Carvalho EDITORA DE FOTOGRAFIA | Jéssica Michels FOTÓGRAFOS | Ana Luiza Abdala, Camilla Gonçalves, Polianna Moraes e Gisele Silveira IMPRESSÃO | A Notícia TIRAGEM | 3 mil exemplares XXI Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo, MJDH OAB/RS, 2004


Entrevista | Alan Woods

Joinville - Abril 2011 PRIMEIRA PAUTA

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“É um processo democráticorevolucionário no Oriente Médio” Intelectual britânico marxista fala sobre a atual conjuntura econômica internacional

E

m entrevista exclusiva para o Primeira Pauta, Alan Woods fala sobre as revoltas no Oriente Médio e a situação política e econômica da Venezuela, país qual o teórico defende porém, não se omite em fazer críticas. Woods é um marxista. Nasceu em 1944, na cidade de Swansea, no País de Gales. Ainda na adolescência, ingressou na Juventude Socialista e conheceu as obras de Karl Marx. Logo ingressou na tendência Militante do Partido Trabalhista. Estudou russo na Univesrsidade de Sussex. Passou ainda pela Universidade da Sofia na Bulgária e pela Universidade Estadual de Moscou, quando a cidade ainda era a capital da Revolução Russa e da hoje extinta União Soviética. Nos últimos meses, tem se dedicado a organizar grupos políticos de esquerda, em vários países da América do Sul. Já passou pelo Uruguai, Argentina e Bolívia. É um dos principais integrantes e mentor da Corrente Marxista Internacional, uma espécie de secção política internacional, a qual a aqui no Brasil está vinculada à tendência interna do Partido dos Trabalhadores, Esquerda Marxista, com ativistas políticos em Joinville.

“ “

A revolução venezuelana produziu conquistas sociais na última década, mas agora se encontra num ponto de inflexão... A solução é a instalação de uma economia planificada socialista A intervenção militar na Líbia é um instrumento adequado na luta pela democracia? Marlon de Souza

PP - A Venezuela tem tido avanços sociais, porém, uma crítica presente é a inflação alta. Como o senhor avalia a situação econômica do país? WOODS - A revolução venezuelana produziu conquistas sociais na última década, mas agora se encontra num ponto de inflexão. O problema de fundo é que Chávez não expropriou a propriedade da oligarquia, que tem em suas mãos setores tão importantes como os bancos, as terras e as indústrias. O resultado é uma situação econômica caótica, com a fuga de capitais e fechamento de empresas e inflação, o que está ameaçando o futuro da revolução. A solução é a expropriação total da oligarquia e a instalação de uma economia planificada socialista, sob o controle democrático da classe trabalhadora. PP - O senhor acredita que é possível salvar o capitalismo ou este sistema político e econômico está definitivamente com os dias contados? WOODS - Todo mundo deve saber que o sistema capitalista não funciona. Nos EUA e na Europa os bancos privados só continuam existindo graças a enormes subvenções do Estado com valores em bilhões de dólares. Isto provocou uma dívida sem precedentes em toda a história, que não podem pagar. O capitalismo está em ruínas, no sentido mais literal da palavra, e querem que os pobres paguem a fatura.

PRIMEIRA PAUTA - Como a instabilidade política pode abalar a economia mundial, e qual a alternativa para equilibrar o mercado do petróleo? Uma alta do petróleo está a caminho? ALAN WOODS - O preço do petróleo já subiu a 120 dólares o barril. É uma ameaça à recuperação econômica mundial. Por outro lado, muitos governos árabes estão comprando estoques de comida para evitar uma explosão revolucionária, o que fará subir ainda mais o preço dos alimentos nos mercados internacionais. Além disso, a situação provoca uma insegurança no mercado e nas bolsas, o que pode conduzir a uma nova queda da economia mundial a qualquer momento, como em 1973. PP - Há um partido de esquerda ou uma organização social marxista à frente das mobilizações populares na região? WOODS - Não. Todos os partidos políticos existentes estavam surpresos e não participaram na organização do movimento. A iniciativa foi tomada por pequenos grupos de jovens radicalizados que não tinham um programa e nenhum objetivo além da derrota do ditador. O mais interessante é a consciência revolucionária das massas no Egito e Tunísia, sem partido ou uma direção revolucionária.

PP - Países como a Venezuela e Brasil podem ajudar a equilibrar o mercado de petróleo nesta conjuntura? WOODS - Duvido muito. Em todo caso a Arábia Saudita tem enormes estoques e isto poderia fazer uma diferença. Mas a própria Arábia Saudita está ameaçada por uma explosão revolucionária. Neste caso seria uma catástrofe para a economia mundial.

Alan Woods faz sequência de palestras pela América do Sul

PRIMEIRA PAUTA - O senhor se opõe ao ditador Muammar Gaddafi, porém também é contra as operações da ONU? ALAN WOODS - Sou contra qualquer ditadura porém devemos nos perguntar se a intervenção militar dos imperialistas é um instrumento adequado na luta pela democracia. Creio que é evidente que paísescomo Grã-Betanha, França e EUA jamais podem defender a democracia, nem os interesses do povo árabe ou de qualquer outro. E faço outra pergunta: até que ponto esses elementos que compõem os chamados comitês revolucionários que falam em nome dos insurgentes tem legitimidade? São ex-ministros de Gadaffi. Temos que saber que interesses reais há por trás destes senhores. MARLON DE SOUZA marlonluiz@hotmail.com


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Especial

Joinville - Abril 2011 PRIMEIRA PAUTA

REVOLTAS CIBERNÉTICAS

Cyberguerrilha na luta democrática

Redes sociais são instrumentos para convocação e mobilização de insurgências no Oriente Médio

“U

ma pessoa pode mudar o mundo com 140 caracteres”. Esta frase é atribuída a Jack Dorsey um dos criadores do Twitter. Ele teria dito poucos meses depois de ter inventado a tecnologia, em 2007. E está registrado no livro “140 Characters: A Style Guide for the Short Form” , de Dom Sagolla,

publicado em 2009 ainda sem edição em português. Quando Dorsey fez esta afirmação não podia imaginar que os grandes efeitos desta revolução digital, ainda estavam por vir. No Brasil, logo no início deste ano, os noticiários internacionais dos principais veículos de comunicação - ainda em sobresaltos sem interpretar com domínio o que acontecera - foram tomados pela cober-

tura das revoltas populares do Egito, país do norte da África. Os manifestantes, em sua maioria eram jovens e os protestos foram convocados pela internet, através das redes sociais como o Twitter e o Facebook. A REVOLUÇÃO DIGITAL D PARA AS RUAS Cairo. Dia 25 de janeiro. Insurgência. Caos. Pessoas

perambulavam e corriam no meio da rua. Comércios fechados, vitrines de lojas estilaçados, museus saqueados. Dia 28, greve geral. Aos gritos; palavras de ordem. Insurgentes queriam a renúncia do ditador Hosni Mubarak, 82 anos, presidente egípicio no poder há 30 anos. E conseguiram. Na sexta-feira, dia 11 de fevereiro, depois do ditador declarar algumas vezes

à imprensa internacional de que não iria deixar o cargo e de propor aumento salarial para conter o levante, os manifestantes não recuaram. Milhares de manifestantes continuaram em vigília por todo o país, sobretudo na praça Tahir, principal cenário das manifestações. Mubarak renunciou. TEXTOS: Marlon de Souza marlonluiz@hotmail.com DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO

Terra em transe Após décadas sem liberdade e relegados a míséria, povos de outras nações do norte da África e do Oriente Médio, inspirados no Egito; África, Mauritânia, Árgélia, Sudão, Iêmen, Barein, Omã e Jordânia, realizaram uma série de levantes. Na Líbia, os rebeldes estabeleceram uma guerra civil contra as forças armadas do dirigente do país Muammar Gadaffi. O que levou inclusive há uma intervenção militar de uma colização internacional liderada por EUA, Inglaterra e França. Na Túnísia onde acontecem manifestações populares, o Facebook e o Twitter também são usadas para à organização dos insugentes. Alguns analistas políticos consideram que a web foi determinante para a queda do regime do Egito e às rebeliões que se seguiram. O sociólogo Demétrio Magnoli tem outra opinião. Em recente

declaração no programa de entrevista Canal Livre, da TV Bandeirantes, observou que: “As redes sociais foram apenas um instrumento de comunicação. Poderia ter sido o telefone. O golpe final no regime de Mubarak foi uma greve conduzida pelos sindicatos. Quer um instrumento político mais antigo que este?”, disparou Magnoli. AGITAÇÃO E PROPAGANDA O especialista em mídias digitais, Tiago Fachini, professor de mídias digitais do Bom Jesus/ Ielusc, graduado em Comunicação para a Web e consultor da Web Analytcs, ressalta a impotância da internet no processo. “Vejo as redes sociais como um mecanismo de propagação de opinião e organização do povo do Egito. A facilidade de utilização destas ferramentas ajudaram nesta organização popular”, avalia Fachini.

Quem tem medo do Twitter? Protestos são convocados através de redes sociais como twitter e facebook


Especial

Joinville - Abril 2011 PRIMEIRA PAUTA

Grupos locais utilizam web para convocar sociedade Depois da Prefeitura anun- “Nas últimas manifestações a ciar o reajuste da tarifa de Internet teve um papel mais ônibus em 10,87 %, no final importante que nos outros de dezembro do ano passado, anos, por uma razão simples, quando trabalhadores e estu- as escolas e universidades estadantes ingressavam no perí- vam em férias, logo tínhamos odo de férias, o Movimento que arranjar outro jeito de Passe Livre (MPL) de Joinville mobilizar e a Internet entrou - grupo que reivindica solução com um papel importante”, para os problemas do trans- considera Miguel Neumann, porte público 23 anos, estudan– mobilizou a te universitário, FERRAMENTA sociedade conum dos dirigentes Redes sociais tra o ato do do movimento são um meio Poder Execuque utiliza nome para chamar a tivo através da fictício ao dar sociedade para internet, sodeclarações públiuma ação concreta cas, “uma forma bretudo, pelas redes sociais. de me preservar”, Logo após afirma ele. o novo preço das passagem coJá para Júlio Salvador, meçar a vigorar, dia 5 de janei- nome fictício pelo mesmo moro, – passou de R$ 2,30 a ante- tivo -, 22 anos, universitário e cipada e R$ 2,70 a embarcada, também membro do MPL, o para R$ 2,55 (a antecipada) contato presencial com a poe R$ 2,90 (a embarcada) – o pulação é mais importante do MPL chegou a realizar uma que via web. Para ele, as redes manifestação. sociais são um complemento, Os integrantes do MPL um meio para chamar a socieusam há tempo todas as mídias dade para uma ação concreta. sociais para divulgarem à socie- “Achar que ‘tuitar’ duas vezes dade suas ideias e seus ideais. e chamar para manifestação

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LEONARDO VICENTE

MAYARA SILVA

Em Joinville, o movimento Passe Livre, organizado por universitários, também é mobilizado por redes sociais

e pronto, tem 200 pessoas na praça da bandeira no dia seguinte, seria bem legal, mas não é. Nós do MPL temos um ‘Trabalho de Base`, que é ir nas aulas das escolas e universidades e falar sobre nossas propostas. É fundamental, pois estamos trazendo uma discussão consistente e nos tornando uma referência”, enfatiza o universitário. Salvador con-

sidera que, se os integrantes do movimento não fizessem uma articulação tradicional, os contatos via web não teriam efeito. “Para o MPL ter se tornado uma referência na luta do transporte, foi muito importante mobilizar via Internet, pois as pessoas tinham

conteúdo

vagamente no seu imaginário coletivo que: ‘pô, aumenta a passagem, o pessoal do passe livre vai fazer algo...’”, entende? Se esse imaginário não tivesse sido criado, o que seria um recado na sua página de orkut? Só mais um recado, nada mais”, conclui.

Informações exclusivas no portal eletrônico www.primeirapautaielusc.blogspot.com

DIVULGAÇÃO

“Tweets de Tahir”: A narrativa da revolução do Egito em 140 caracteres Ao fazermos uma arqueologia textual, observamos que em cada época há um gênero literário vigente, formado por uma estética própria para estabelecer uma comunicação eficiente com os leitores. Foi assim com os poemas épicos da Grécia Antiga, de Homero, no século VI AC, a densidade e o mimetismo de Aristóteles, a poesia das canções de gesta do século XII, que compõem a literatura vernácula e influenciaram os escritos da era medieval. A dramaturgia de Shakespeare nos séculos XV e XVII, os romances de Balzac que

descrevem a sociedade da Revolução Industrial. E agora qual é a estética vigente? Será o texto curto e instantâneo de 140 caracteres do Twitter? LÉXICO E SEMÂNTICA DO TWITTER Ainda procuram por esta resposta. A sociedade contemporânea está em transição, e ela é líquida, de acordo com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, ou seja, os conceitos se desolvem. O que se sabe é que a revolução digital já influencia a estética literária há algumas décadas. No próximo dia 21

de abril será lançado o livro Tweets from Thahir (Tweets de Tahir- tradução livre), das ativistas políticas Nadia Idle e Alex Nunns pela editora OR Books. A narrativa da obra é construída a partir dos tweets que foram trocados pelas pessoas que participaram das manifestações na praça Thahir – localizada no Cairo, capital do Egito - até a renúncia do ditador Hosni Mubarak, dia 11 de fevereiro. A edição custará US$ 12 na versão impressa e US$ 10 na online. Ainda sem previsão para lançamento no Brasil. “(...)era o momento e a natureza generalizada

dos novos meios que tornaram possível reconhecer o momento e para empurrá-lo para tal manifestação eficaz”, diz Ahdaf Soueif, no prefácio do livro publicado no New Yok Times. No entanto, os entusiasmados com a suposta morte da semântica, das regras ortográficas e gramaticais, fiquem alerta. No livro “140 Characters: A Style Guide for the Short Form” (“140 Caracteres: Um Guia de Estilo para a forma do parágrafo curto”- tradução livre), publicado em 2009 ainda sem edição em português -, Dom Sagolla

um dos criadores do Twitter, fala sobre os fundamentos da escrita simplificada: “concisão, clareza e as regras da gramática”.


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Especial

Joinville - Abril 2011 PRIMEIRA PAUTA

DIVULGAÇÃO

Desenvolvido pelo Studio Delai Arquitetura., a imagem do Projeto Arena Joinville mostra o que seria o maior Centro Poliesportivo da região

ESTÁDIO MUNICIPAL, DO MODELO AO REFUGO

P

ela primeira vez o Joinville Esporte Clube (Jec), 12 vezes campeão estadual, estava se desvinculando das arquibancadas de madeira do estádio Ernesto Schlemm Sobrinho, o popular “Ernestão”. Era a troca da tradição de um palco que viu 12 títulos estaduais do JEC, por uma comodidade e uma utopia da possível modernidade que seria o novo estádio. Faltavam dias para as eleições municipais e a primeira parte da obra, que foi distribuída em três etapas, havia sido concluída. Houve um frisson total por parte de mídia para a partida que inauguraria o “melhor palco para a prática do futebol no sul do país”. Enfrentaram-se, na noite de 25 de setembro de 2004, um combinado de masters do Joinville Esporte Clube e da Seleção Brasileira. Quinze mil pessoas lotaram as dependências da Arena Joinville. Ali era realizado o sonho de muitos torcedores. A maquete do projeto fazia brilhar os olhos de gerações joinvilenses. Inaugurava-se a maior obra da cidade. Um espaço multiuso, com previsão de

ABRIL

A promessa de uma arena multiuso O melhor estádio do Sul do país custaria cerca de R$35 milhões e ficaria pronto em até 12 meses lojas, salas comerciais, agências bancárias e até um parque público, anexo ao projeto. Joinville estava entrando no hall das grandes praças para a prática desportiva do sul do país. Na época, Alexandre Brandão, o presidente da Promotur – Fundação Turística de Joinville, não tinha dúvidas sobre o retorno que o estádio daria a cidade. “Com este empreendimento, Joinville que já é um dos principais pólos de turismo do sul do país, terá mais um equipamento auxiliando na captação de turistas e grandes eventos. Isso, com certeza, fruto de uma excelente

A promessa

administração municipal e estadual”, garantiu. Tudo era bonito, tudo daria certo. O sonho de muitos torcedores unia-se ao sonho de fortes e influentes homens de Joinville. Fez necessária a Arena. O investimento total era de aproximados R$35 milhões. Na época uma bagatela de quinze empresas mostraram-se interessadas pelo projeto. No fim, apenas duas conseguiram concorrer com a documentação em dia. A Engepasa Infrastrutura Ltda, empresa joinvilense, venceu a licitação contra a Cassol Pré-Moldados Ltda, de Curitiba. Antônio Carlos Polentini foi nominado o coor-

MAIO

denador do projeto e de acordo com o prefeito Marco Tebaldi, a expectativa era que a parte inicial fosse completa com R$18 milhões. “Nessa primeira etapa, o governo do Estado investiu R$10 milhões, a prefeitura R$5 milhões e o restante ficou salientado para ser arrecadado em campanhas”, garantiu o então prefeito que fez o planejamento de uma obra para 11 a 12 meses. Logo no primeiro grande evento, uma notoriedade nacional. O capitão do tetracampeonato mundial da Seleção Brasileira foi o responsável pela solenidade da pedra fundamental do estádio que teve cerimô-

A paralisação das obras

nia conduzida pelo renomado jornalista esportivo, Milton Neves. O estádio seria construído em uma área de 70 mil metros quadrados no bairro Bucarein. O centro Poliesportivo ofereceria 15 mil lugares em sua primeira etapa. O projeto de uma Arena Multiuso, nos moldes do Amsterdã Arena, na Holanda e na Arena da Baixada, em Curitiba, abrigaria 30 mil pessoas. Havia ainda a expectativa que nos shows o publico pudesse ocupar o gramado e assim a capacidade total chegaria a 45 mil. Ai acabou o conto de fadas. Voltamos para realidade. Ainda em 2004, teve início a maior crise do Joinville Esporte Clube. O JEC começou a cair em queda livre nas séries do campeonato brasileiro chegando a ficar sem calendário nacional. Haviam construído um amplo estádio, que necessitava de conclusão, mas estavam sem o ator principal da peça teatral: o JEC. O time emperrou e, naturalmente, a Arena emperrou também. As obras começaram a caminhar a passos lentos e, infelizmente, hoje, o estádio é algo inacabado. Gabriel Fronzi gabrielfronzi@ligaedesliga.com.br

JUNHO

O abandono


Política

Joinville - Abril 2011 PRIMEIRA PAUTA

PARTICIPAÇÃO

Para o que servem os movimentos estudantis? Segundo militantes, atuação coletiva contribui para a formação política

D

efender um ensino de qualidade e os interesses dos estudantes são as típicas bandeiras levantadas por estudantes. No entanto, a atuação deles pode cercar outros universos. E, principalmente, quando há sintonia entre os sujeitos participantes, os efeitos ultrapassam camadas sociais. Ex-integrante do Diretório Acadêmico Cruz e Sousa (Dacs), no Bom Jesus/Ielusc, o jornalista Leonel Camasão, afirma que os movimentos estudantis são fundamentais para a formação política dos cidadãos, além de envolver os militantes na luta por outras causas sociais. “É um espaço privilegiado e necessário para aprender a lidar com a política”. Segundo ele, a participação é bastante importante para os que sonham mudar

CAMILLA GONÇALVES

Alunos trabalham em conjunto para organizar manifestações em prol de mudanças educacionais os rumos da sociedade. Logo ao terminar a faculdade, Camasão investiu na carreira política. Nas eleições passadas, ele lançou sua candidatura a deputado federal pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Mas antes disso acontecer, ele participou de movimentos sociais: em 2003,

passou a atuar em um grupo na Escola de Ensino Médio Governador Celso Ramos e também no Movimento Passe Livres (MPL), de Joinville. De lá para cá suas atuações sociais e políticas continuaram. Atualmente, ele participa do movimento estudantil Contraponto, da As-

sociação Arco Iris, no movimento LGBT, e da oposição à atual gestão no Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina (SJSC), além de fazer parte da direção estadual do PSOL. Para a jornalista Francine Hellmann, formada no Bom Jesus/Ielusc, participar de movimentos estudantis

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faz aumentar o conhecimento político. “Aprendemos muito mais vivenciando as coisas do que teorizando”. Hoje ela atua no Juventude Marxista do Partido dos Trabalhadores (PT). O estudante Marcus Vinícius Carvalheiro participa do Dacs do Ielusc desde 2008. Com base na sua experiência, a que as faculdades e escolas deveriam proporcionar integração entre comunidade e o ambiente universitário. “Infelizmente as faculdades e escolas não ajudam os estudantes a se integrarem com a comunidade como deveriam. Uma pessoa só pode debater com propriedade a partir do momento que vivencia o fato”. A importância do diretório na vida do estudante foi fundamental para mobilizar outros estudantes e lutar pelos direitos da população. “O Dacs serviu para reafirmar meu perfil político. Foi através dele que percebi que não preciso ser politiqueiro e, sim, político”. Agora, Marcus participa da nova gestão do DCE (Diretório Central dos Estudantes) do Ielusc e no MPL, que por sua vez também representa a Frente de Luta pelo Transporte Coletivo Urbano. DIEGO PORCINCULA diegoporcincula@gmail.com

Alunos têm participação dentro e fora do âmbito de ensino No Brasil, os movimentos estudantis existem geralmente dentro das faculdades, por meio da instituição de diretórios acadêmicos, e nas escolas, por intermédio da organização de grêmios. A efetivação desses grupos também acontece formalmente com a criação de atléticas esportivas, executivas de graduações e associações de cursos. Os movimentos estudantis são caracterizados, principalmente, por integrar simpatizantes com as mesmas ideias de assuntos voltados a política, esporte , religião,

cultura, além das próprias causas. E ainda mais: eles são considerados movimentos sociais da área da educação, policlassistas e, constantemente, renovadores. Em Joinville, os diretórios e grêmios atuam em conjunto com outros movimentos sociais, como por exemplo, o MPL – que luta por um sistema de transporte público fora da iniciativa privada e também pelo passe livre para todas as camadas da população. No começo desse ano, alunos do Bom Jesus/Ielusc e de outras faculdades, e também estudantes

do ensino fundamental e médio, protestaram contra o aumento da passagem de ônibus. No entanto, o va-

IELUSC Em 2010, o Dacs iniciou vários protestos por melhores condições de ensino lor teve reajuste de R$ 2,33 para R$ 2,55 – aumento que acontece todos os anos. Já dentro do âmbito acadêmico, os estudantes

atuam com mais frequência. Por exemplo: acontece a mobilização pela federalização da Univille (Universidade da Região de Joinville) - instituição parceria do Bom Jesus/Ielusc. Os alunos lutam por essa causa há muito tempo, mas até agora não tiveram uma resposta definitiva. Por enquanto, seguem as conversas com a Câmara de Vereadores, Univille e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Representante da gestão do Dacs, Eduardo de Souza Rodrigues, observa que

os estudantes precisam participar mais dos diretórios acadêmicos. Porém, ele entende que a falta de tempo os impede de ter um envolvimento mais efetivo. “O número de alunos é pequeno se comparado às outras universidades”, diz. O estudante de publicidade e propaganda fala que o diretório utiliza diversas ferramentas para atrair mais pessoas para a luta, como eventos de integração, blog e murais pelos corredores. “É necessário respeitar a individualidade para atrair mais pessoas para o movimento”, enfatiza.


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Espe

Joinville - Abril 2011 PRIMEIRA PAUTA

SAÚDE Com peruca roxa e nariz vermelho, a estudante de enfermagem Jéssica Vargas dá vida à Quésia, uma agente da alegria

CURIOSIDADE O site da organização Doutores da Alegria traz uma recomendação de uso: “A besteirologia deve ser aplicada diariamente até que o paciente não saiba mais como ficar triste. É remédio para a vida toda.”

www.doutoresdaalegria.org.br FOTOS: POLIANNA MORAES

Estudantes de enfermagem são agentes da alegria em hospital de Joinville

Hospital também é

lugar de riso


ecial

Joinville - Abril 2011 PRIMEIRA PAUTA

D

espertador, banho, café, rua, sala de aula. Aula, aula. Rua, restaurante, hospital. Pasta d’água, peruca e nariz vermelho. Assim a estudante de enfermagem Jéssica Vargas dá lugar à palhacinha Quésia, assistente do Dr. Batata. Ela é uma das personagens do Hospirrisos: agentes da alegria, que realiza visitas a pacientes do Hospital Dona Helena, em Joinville. O projeto foi criado em 2006 em parceria com o curso de Enfermagem do Bom Jesus/Ielusc, Studio Escola de Atores e Programa Pró-Humano da unidade de saúde. O objetivo é ampliar o conhecimento clínico para além do corpo físico a partir da humanização do cuidado à pessoa hospitalizada. O pioneiro dessa concepção é o médico norteamericano Hunter “Patch” Adams. Sua história foi contada no filme “O amor é contagioso”, de 1998, no qual o ator Robin Willians é o protagonista. Apesar de Patch Adams criticar a maneira como a história foi romanceada, sua mensagem foi entendida com clareza. O filme inspirou o surgimento de um novo conceito na área da saúde: a terapia do amor. Em 1986, atores e palhaços de Nova Iorque vestiram jalecos brancos e passaram a visitar crianças internadas. Surgia o Big Apple Circus Clown Care Unit. Em 1991, o Doutores da alegria leva a inusitada metodologia ao Hospital da Criança, em São Paulo. A capacidade de olhar a vida por novos ân-

luntários desenvolvem ações dramáticas relacionadas ao personagem que eles criam, sem falas fixas e textos prontos”, completa a atriz.

Jéssica encara o nariz de palhaço antes de vestir a personagem gulos, própria do palhaço, desejamos trazer algum alentransforma o ambiente e as to, minutos de alegria, a posrelações. sibilidade de esquecer a dor A experiência de se rela- por um tempo”. Segundo a cionar com o enfermo por psicóloga, a importância para meio de atividades lúdicas o paciente é subjetiva e totalé, para Jéssica, uma opor- mente individualizada, uma tunidade de vez que saúde é aplicar o que um “estado de TRATAMENTO se aprende completo bemPara lidar com na faculdade: estar físico, pessoasfragilizadas olhar o pacienmental e social, não basta te como um e não simplesrealizar apenas o ser completo, mente ausência procedimento clínico de doença ou com sentimentos. O papel da enfermidade”, palhacinha Quésia não é fa- definição dada pela Organizer graça, mas proporcionar zação Mundial da Saúde. conforto. Levar qualidade à O desenvolvimento da vida, mesmo que ela acabe abordagem bem humorada no dia seguinte. O riso pode é oferecido aos agentes da ser uma boa forma de lidar alegria em oficinas de artes com um problema. cênicas. A diretora do StuAssim, também, concebe dio Escola de Atores, Fera coordenadora do programa nanda Moreira, conta que o Pró-Humano, Maria José trabalho é baseado na arte da Varela: “Não queremos tra- improvisação, porque cada tar doentes com o riso, nós momento é único. “Os vo-

LEGRAR PARA CUIDAR A De acordo com a professora e enfermeira Rosilda Veríssimo Silva, também coordenadora do Hospirrisos, “A sociedade em geral tem a noção de que a enfermagem se reduz à realização de técnicas, o que não é verdade. É apenas uma dimensão. O diálogo e a compreensão do outro são importantes para a individualização do cuidado e sistematização da assistência”. Para lidar com pessoas fragilizadas não basta realizar o procedimento clínico. Mas até que ponto essa proximidade é positiva para o voluntário? O diretor do Hospital Municipal São José, Tomio Tomita, acredita que projetos assistencialistas na área da saúde são voltados ao benefício do paciente, e o profissional em formação precisa dessa experiência, mesmo que dolorosa. É importante trabalhar o lado emocional. Para ele, “Se o estudante não lida com a perda, talvez não tenha perfil para a profissão”. A relação humana é fundamental para o sucesso do tratamento. É essencial haver troca de informações para o processo fluir. Jéssica concorda: “Já saí de um quarto e chorei. O sofrimento existe, mas a gente aprende a sofrer de uma maneira diferente”. Para ela, doloroso mesmo é estar afastada do projeto por

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causa de dois estágios. “Talvez seja essa a maior dificuldade do voluntário, doar-se completamente”, lamenta a estudante. A coordenadora da UTI Neo-natal do Hospital Dona Helena, Maíra Rockenbach, participou da formação do Hospirrisos, e conta que foi muito difícil deixar o grupo quando concluiu a graduação. “O nariz de palhaço é a menor máscara que existe, mas dá uma liberdade enorme para se aproximar da pessoa”, exalta a enfermeira. A professora Rosilda fala da satisfação do enfermeiro em formação ao descobrir que o riso é permitido no hospital. “Os profissionais aguardam esse momento para liberar energias contidas, por lidar constantemente com a morte”, complementa a enfermeira. O hospital não deve ser apenas um ambiente de dor e sofrimento, tanto para pacientes quanto profissionais da saúde. Luísa Desiderá luludesidera@gmail.com

O sofrimento existe, mas a gente aprende a sofrer de uma maneira diferente

Se o estudante não lida com a perda, talvez não tenha perfil para a profissão

Jéssica Vargas estudante de Enfermagem

Tomio Tomita diretor do Hospital São José

Projeto busca resultados científicos O Hospirrisos desenvolve uma pesquisa sobre os resultados do método. Há muitas histórias repletas de emoção e sentimentos, em que é evidente a troca de amor. Como voluntários que se deixam abraçar por pais de recém-nascidos internados, ou pessoas que recebem alta, mas só deixam o hospital depois de

se despedirem dos agentes da alegria. Não há registro de quantos pacientes são assistidos, o foco é na qualidade do atendimento. A meta é concluir o estudo ainda este ano e evidenciar, cientificamente, qual a importância da humanização do cuidado à pessoa hospitalizada na recuperação de doenças.


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Saúde

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EPIDEMIA

Obesidade: uma doença que mata Mudança de hábitos pode ser a solução para o problema que atinge milhões de pessoas

M

édicos indicam que a obesidade mórbida é a doença do século, tem sido chamada de epidemia global. Segundo a pesquisa realizada pela Fundação Bill & Melinda Gates e a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas últimas três décadas – de 1980 a 2008 – a obesidade dobrou no mundo, afetando hoje cerca de 205 milhões de homens (9,8%) e 297 milhões de mulheres (13,8%). O Brasil está na 19ª posição no ranking mundial da obesidade masculina e na 15ª posição no sexo feminino.

A obesidade é um problema que não escolhe idade ou classe social, e pode levar a pessoa à morte. “Depois do tabagismo é a doença prevenível que mais mata no mundo”, afirma a técnica em enfermagem da Obesimor de Joinville, Nailza Fião. A Obesimor é o núcleo especializado em obesidade mórbida do Hospital Regional Hans Dieter Schmidt de Joinville, credenciado pelo SUS há quatro anos. É o único lugar da cidade que oferece todo e tratamento pré e pós-operatório totalmente gratuito, inclusive cirurgias plásticas e prótese mamária.

O quadro de obesidade mórbida se dá devido a vários fatores, como a genética e problemas emocionais: ansiedade e depressão. “Muitas vezes um casamento que vai mal ou problemas financeiros fazem com que a pessoa se conforte comendo compulsivamente”, diz o psicólogo da Obesimor, Gerson Hermes de Souza. É preciso conhecer o histórico de vida do paciente para iniciar o tratamento. São indicadas ao processo pessoas com Índice de Massa Corpórea (IMC) de 35 a 40 e, se dentro de dois anos não conseguem eliminar peso, são indicados para GISELE SILVEIRA

A Obesimor realiza palestras sobre a importância da reeducação alimentar para os pacientes

Calcule seu Índice de Massa Corporal Para calcular basta di- TABELA IMC vidir seu peso, em quiloPara gramas, pela sua altura ao Abaixo do peso quadrado, em metros. O No peso normal resultado deve ser compaAcima do peso rado com o da tabela IMC: Obeso IMC = peso ÷ altura²

IMC em adultos abaixo de 18,5 entre 18,5 e 25 entre 25 e 30 acima de 30

a cirurgia bariátrica. Já pa- ras da terceira semana do cientes com IMC superior mês, e são abertas ao públia 40 são indicados direta- co. As reuniões acontecem mente para a cirurgia. (ver na igreja Papa João XXIII, quadro abaixo) próxima à Pró Rim. Existem várias técnicas de cirurgia bariátrica, poVALE A PENA EMAGRECER rém, a mais usada é a gasEm Joinville existem troplastia: a transformação 1300 casos de obesidade de um estômago grande mórbida registrados na para um pequeno e que Obesimor. “A cada semana diminui a absorção no in- atendemos dez novos casos testino. “É a técnica que o encaminhados pelo posto paciente tem melhor adap- de saúde, dando um total tação no pós-operatório”, de quarenta pessoas por afirma o médico cirurgião mês”, relata Nailza. Para a Rui Celso Vieira. cirurgia não existe uma fila Mas só a cirurgia não é de espera, e sim de prepasuficiente. A endocrinolo- ração. O paciente precisa gista Tanise ser liberado Balvedi Dapor todos os ADVERTÊNCIA mas, diz que profissionais o paciente pós envolvidos, e Nas últimas três bariátrico predécadas a obesidade mesmo depois cisa de uma da cirurgia o dobrou no mundo, suplementatratamento afetando mais ção polivitacontinua. “O mulheres mínica pro paciente preresto da vida. cisa aprender Sem esse complemento ali- que fome é uma necessimentar o paciente corre o dade fisiológica e vontade risco de desnutrição. Segun- de comer uma questão psido Tanise, com a diminuição cológica”, reforça Gerson. do estômago o organismo Em Joinville, 310 paciennão absorve a quantidade de tes já fizeram a cirurgia. vitaminas suficientes. “Eu tinha 116 quilos e Para conseguir todo esse agora estou com 57, fiz a tratamento gratuito, o pa- cirurgia há quatro anos. Ticiente deve fazer todos os nha diabetes, esporão, não encaminhamentos pelo queria mais sair de casa e SUS. Primeiro é preci- me isolei, me sentia consso um diagnóstico de trangida”, relata a paciente obesidade feito pelo clí- pós bariátrica Márcia Renico geral de um posto gina Antunes. Hoje Márcia de saúde e, em seguida o tem qualidade de vida, faz paciente recebe autorização exercícios físicos com prapara os cuidados na Obesi- zer, alimenta-se bemww, é mor. feliz e realizada. “Devo todo Existe também uma as- o sucesso da minha cirurgia sociação composta por pro- aos meus cuidadores e agrafissionais da área da saúde, deço à Deus pela minha forvoluntários e pacientes pós ça de vontade”, completa. bariátricos. Ela realiza reu- Lizandra Carpes niões todas as quintas-fei- lizandra.carpes@hotmail.com


Educação

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LEGISLAÇÃO

Estágio: aprendizado ou exploração? Apesar das mudanças da nova lei do estágio, estudantes ainda exercem funções fora da área para ter um emprego

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le é o quebra-galho da empresa, sempre pronto para qualquer situação. Ainda não tem formação nem experiência para trabalhar efetivamente, mas serve muito bem para fazer todo o resto. A descrição acima é do estagiário Oséias, um estudante de Publicidade que faz todo tipo de serviço na empresa em que trabalha. Oséias é apenas um personagem, criado pelo cartunista brasileiro Allan Sieber para parodiar essa função tão banal que se tornou a do estágio. Mas ela representa a descrição real de muitos estudantes brasileiros. Amabelle Cristine Vechter cursa o 2° ano de Terapia Ocupacional e foi contratada como estagiária, mas reconhece que não atua em sua área de estudos. Ela trabalha no setor de compras de um órgão público, função que é mais voltada para a área de Administração. “Há algum tempo procuramos nossos direitos, como vale transporte, mas um estagiário foi demitido por solicitar o seu”, denuncia. Ela ainda firma que quando alguém sofre um acidente fora do trabalho, que exija um afastamento de mais de 30 dias, o contrato é rescindido pela empresa. Como é o caso de Amabelle, quando a função exercida dentro do horário de estágio foge da área de

atuação do estudante, o em- ensino, pela não contratação pregador não tem por objeti- do seguro de vida, pela invo a aprendizagem do estagi- compatibilidade entre a área ário, e sim o uso da força de de formação e as atividades trabalho dele, caracterizando desenvolvidas, até a ausência vínculo empregatício. de supervisão efetiva voltada Desde o ano de 2008, ao aproveitamento e desemos estagiários passaram a ter penho. Segundo ele, as ações mais direitos perante a legis- relacionadas com estágio são lação. A antiga lei do estágio crescentes na Justiça do Tradatava de 1977, e foi atuali- balho de Joinville, e há um zada de acordo com as neces- número considerável de desidades atuais dos estudan- cisões a favor do empregado, tes, visto que passaram mais algo incomum para a categode trinta anos desde que a lei ria dos estagiários até então. foi criada. Segundo Luiz Carlos Segundo a lei nº 11.788, Uller, supervisor do CIEE um estágio dentro dos novos (Centro de Integração Emformatos não deve possuir presa Escola) de Joinville, nenhum vínculo empregatí- com a nova lei, houve mais cio com a empresa contratan- entendimento sobre a condite. Isso quer ção do estágio. dizer que um Mas por muitas estagiário vezes, os estaEXPLORAÇÃO não tem os giários não dão A lei ainda é mesmos diimportância descumprida, e reitos de um aos reais direimuitos estagiários funcionário, tos que posservem para como 13º sasuem dentro de quebrar galho lário, FGTS e uma empresa, aviso prévio. por diversos O advogado motivos. Uller trabalhista Nilson Marcelino alerta sobre a ansiedade dos recomenda que, se houver estudantes em querer trabaalgo que descumpra a lei na lhar, por exemplo: “Eles acafunção que exerce, o estagi- bam firmando compromisso ário deve entrar em contato com uma empresa sem a incom um advogado trabalhis- tervenção de um agente de ta, que pode levar as reivin- integração. Quando se dão dicações ao Poder Judiciário. conta que não fazem serviOs motivos para que isso ços de um estagiário e sim aconteça vão desde a realiza- de um empregado, recorrem ção de horas extras, passando a nós com dúvidas, por isso pela não celebração do con- é tão importante o plano de trato com a instituição de atividades e o termo de com-

promisso firmado entre as partes.” O supervisor finaliza afirmando que só existe estágio com a aprovação da instituição de ensino que o estagiário estuda e um plano de atividades bem especificado. Do contrário, fica difícil requerer seus direitos, assim como manda a lei, e o estagiário acaba sendo mal pago para exercer uma função que não traz nenhum aprendizado dentro da formação dele. OPORTUNIDADE Um estágio é um bom caminho para conseguir uma colocação em grandes companhias, mas só isso não é o suficiente. Ter fluência em pelo menos uma língua estrangeira e vivência no exterior também ajuda. Programas de intercâmbio geram ótimas experiências. O “Cidadão Global”, programa de in-

tercâmbio da Aiesec – organização global formada por jovens que visa o desenvolvimento do potencial de liderança – está com inscrições abertas. Nesse programa, os intercambistas trabalham em projetos sociais em países como China, Índia, Colômbia e Rússia. O programa tem duração de seis a 12 semanas, e pode ser feito durante as férias. Os interessados devem se inscrever pelo hotsite cidadaoglobal.aiesec.org.br. É possível entrar em contato com a Aiesec pelo Twitter (@aiesecjoinville) e Facebook (facebook.com/aiesecjoinville). A Aiesec tem cerca de 2.500 membros no Brasil e está dividida em 33 escritórios locais. Está presente em universidades como Udesc, Unicamp, ITA e USP. Mayara Silva mf_silva90@yahoo.com.br


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Tecnologia

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ENCHENTES

Projeto acadêmico auxiliará buscas Instrumentos serão utilizados pela defesa civil em Jaraguá do Sul para alcançar locais de difícil acesso

U

m dos melhores destinos para turismo, o estado de Santa Catarina tem demonstrado nos últimos anos paisagens de tragédias e destruição. Em fevereiro deste ano, segundo a Defesa Civil de Jaraguá do Sul, o volume de chuva registrado apenas no dia 13, domingo, foi de 135 milímetros. De acordo com os técnicos, este é um volume exagerado, considerada uma precipitação acima do normal. Trinta residências foram danificadas, uma destruída e cerca de 400 pessoas ficaram desalojadas e 16 desabrigadas. Poucos dias depois, choveu novamente e os danos aumentaram. No mesmo mês, a De-

fesa Civil divulgou dados gerais das ocorrências em virtude das enxurradas: 194 casas foram interditadas e 54 pessoas ficaram alojadas no abrigo do Parque Municipal de Eventos. Porém, tragédias semelhantes a esta e como a de 2008, que somou mais de 100 vítimas fatais em enchentes e deslizamentos de terra, podem ser minimizadas. Iniciativas como a do Grupo Especialista em Resgates de Alto Risco (GERAR), em procurar os alunos de Física do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) de Jaraguá do Sul, para a elaboração de dois equipamentos são um exemplo. O diretor presidente do grupo GERAR, Paulo de

Almeida, destacou que os equipamentos de auxílio no salvamento de vítimas das chuvas só existem fora do Brasil, podendo ser importados, mas o custo é elevado. O projeto homenageou o grupo de força tarefa que trabalhou no resgate dos 44 mineiros soterrados no Chile, sendo intitulado Fênix. O primeiro equipamento é uma sonda, inédita no Brasil, contendo uma câmera de busca e salvamento que possibilita aos resgatistas visualizar entre escombros de uma estrutura colapsada possíveis vítimas. E o segundo equipamento é um veículo com controle remoto composto de uma câmera, permitindo

Incentivo vem de dentro do campus Na Universidade Federal de Santa Catarina existe o Departamento de Inovação Tecnológica, responsável pela gestão da Propriedade Intelectual da instituição, ou seja, promove a proteção jurídica e a exploração econômica das criações intelectuais e inovações que surgem

dentro da universidade. “A UFSC atua na negociação e redação dos convênios e contratos de transferência de tecnologia com empresas, instituições de fomento, centros de pesquisa e outros. Além de proteger a criação acadêmica, procura negociar a produção do projeto com possíveis fi-

nanciadores”, explicou a colaboradora da universidade, Kelli Bittencourt. O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) já concedeu duas patentes para projetos criados dentro da instituição, e há a solicitação de mais de 40 patentes no INPI aguardando aprovação.

que seja verificado o interior de uma estrutura que esteja sob risco de desabamento. Atualmente, o tempo para as buscas é de cerca de 30 minutos. As equipes de resgate e salvamento, em alguns casos, utilizam uma broca para adentrar os ambientes colapsados. Com o recurso será possível verificar os locais onde há pessoas soterradas em apenas 30 segundos. Isso significa, que se hoje, se perde tempo explorando lugares sem vítimas, com a sonda, a identificação de mortos e feridos será mais rápida e eficaz. A proposta do Fênix, então, seria desenvolver os dois instrumentos a partir de materiais alternativos e com tecnologia local, barateando o custo e tornando possível a sua aquisição.

conteúdo

De acordo com Élson Quil Cardozo, chefe do Departamento de Ensino, Pesquisa e Extensão do IF-SC, há uma diferença entre o Fênix e as outras iniciativas acadêmicas. Como foi estabelecida uma parceria entre o instituto, GERAR, Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali) e Defesa Civil, não seria possível a inclusão do projeto nos editais internos do IF-SC. Os integrantes recorreram aos órgãos públicos,mas não houve retorno financeiro por parte do Executivo. O apoio surgiu de um empresário da cidade, que preferiu não se identificar, doando 5 mil reais para a concretização dos primeiros passos do projeto Fênix. Neyfi Müller nefee@hotmail.com

Informações exclusivas no portal eletrônico www.primeirapautaielusc.blogspot.com TIFFANI DOS SANTOS

ARQUIVO GERAR

Método atual, utilizado pelas equipes de salvamento, leva pelo menos 30 minutos para resgate

Cardoso mostra a sonda desenvolvida em parceria com o GERAR


Cultura

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FORA DOS MUSEUS

O colorido que invade o espaço do cotidiano Sentimentos expressos em paredes, muros e caixas de luz enchem as ideias de quem passa apressado pelas ruas

O

centro da cidade está ganhando, aos poucos, novas cores. Apesar de marginalizadas, essas cores surpreendem nos becos sujos e escuros. Um exemplo é a praça Lauro Müller: no prédio abandonado em frente à biblioteca, estão expostas dezenas de expressões artísticas. Este deslocamento artístico, das galerias para as ruas, tem característica intervencionista, ou seja, além de ir até o observador, também permite interação com o espaço que a cerca. No Brasil, essa prática ganhou força no final da década de 90, com o surgimento dos coletivos. O Coletivo Choque, por exemplo, surgiu em São Paulo em 2003 e hoje organiza exposições com o trabalho dos artistas. Geometrismo, releituras, fusão entre pintura e arquitetura, colagens, “scratchs” (desenhos feitos com ranhuras de instrumentos cortantes sobre vidro pintado), são os tipos de trabalhos apresentados, além das intervenções urbanas nas paredes externas da galeria. Em Joinville também existe um Coletivo Chá, que deixa as ruas mais coloridas: quatro meninas e quatro projetos diferentes, todos utilizando o lambe. Algumas já eram amigas, outras se conheceram na faculdade de Publicidade e Propaganda. Atualmente, elas mantêm um blog (http:// coletivocha.wordpress.com), já ministraram uma oficina

de lambe na Semana Acadêmica de Comunicação Social do Bom Jesus/Ielusc e recentemente delinearam as ideias delas na parede de uma loja de roupas. Elas não divulgam os sobrenomes por segurança, para que não enquadrem esse trabalho como vandalismo e haja algum tipo de punição. Vem à tona o velho questionamento: arte de rua é vandalismo ou arte? A marca de Ana C., uma das integrantes, é a joaninha, que sempre acompanha to-

PRODUÇÃO Em cidades maiores é impossível não se deparar com os pôsteres de lambe. dos os lambes que ela faz. No projeto Vida no Concreto, ela promove uma reflexão sobre a humanidade e a igualdade entre humanos e animais. “Em uma esquina, uma girafa chora. Em um caixa de luz, um bicho-preguiça sorri. É a capacidade de expressão que os animais encontram para lembrar [as pessoas] de que são vidas e que, assim sendo, merecem amor, humanidade e respeito”, explica Ana. Com influências dos artistas Will Cotton, Daliena Ediburg e Anna Bond, Fernanda fez o projeto Goma. Cup cakes, balas, pirulitos, algodão doce e muitas cores aguçam e adoçam as ideias de quem está

no caminho óbvio do trabalho ou voltando para casa. “A cidade é feita de pequenas composições, de olhares inquietos, de desejos íntimos de fugir do óbvio”, analisa Fernanda. Camila, através do projeto Camixxx, ilustra sentimentos, ideias e situações que viveu. Apesar da subjetividade e da escolha aleatória de temas, ela instiga a reflexão ao escrever frases retiradas de escritos ou letras de rap. Marie, uma das primeiras do Coletivo Chá, desenha o projeto Aves. “Desde pequena sempre fui muito ligada à natureza. Em especial, às aves. Observando e absorvendo espécies presentes eu apenas averiguo as penas, as cores e os bicos desses bichos”, conta. Aqui, a produção ainda é pouca. Em cidades maiores é impossível não se deparar com os pôsteres de lambe. Em Curitiba, a estudante de Publicidade e Propaganda, Ana Maria Cândido diz que a intervenção ajuda em protestos como os do Movimento Passe Livre (MPL): “com o aumento da passagem, tiveram a ideia de pixar ‘R$ 2,50 é roubo’ nas faixas de pedestres”. Segundo ela, nos grandes centros urbanos ninguém costuma se olhar e conversar nas ruas. “Eu gosto de deixar mensagens positivas, ou protestos. Uso essa intervenção como forma de ser ouvida”, finaliza. BÁRBARA ELICE bahfck@gmail.com

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Com o aumento da passagem, tiveram a ideia de pixar ‘R$ 2,50 é roubo’ nas faixas de pedestres” ANA MARIA CANDIDO estudante

A cidade é feita de pequenas composições, de desejos íntimos de fugir do óbvio” FERNANDA estudante JAQUELINE MELLO

Arte de rua não é institucionalizada e é uma forma de protesto


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Cultura

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ANA LUIZA ABDALA

PALAVRAS

Mas bibliotecas se fazem de livros que ainda não se leu”

UMBERTO ECO escritor

Ler é tarefa cada vez mais difícil” SÍLVIO MELATTI professor e jornalista

Nas estantes dos bibliófilos Apaixonados por bibliotecas falam da longa trajetória que é montar o acervo pessoal

M

agrinhos, mirrados, gigantes, escritos num papel amarelado, cobertos pelo pó. Os milhares de livros encontrados nas bibliotecas particulares de Joinville mesclam literatura, ciência e religião. Os apreciadores confessam que nunca chegaram a ler as coleções por completo. “Mas bibliotecas se fazem de livros que ainda não se leu”, afirma o psiquiatra e bibliófilo Leandro Prates de Lima, lembrando as palavras do escritor italiano Umberto Eco. Mais do que simples objetos de decoração, os livros presentes no consultório de Lima fazem parte de uma coleção de quase 3 mil títulos, composta principalmente por autores contemporâneos. Ele afirma a relação peculiar com os livros é herança do pai, e iniciou com a leitura de gibis como do Tio Patinhas e Batman. Foi também no final da infância que o jornalista Sílvio Melatti descobriu seu interesse sobre os livros – um exemplar de “Leis da Guerra

e armas nucleares” despertou Nas estantes da bibliotesua atenção para a leitura, ca, livros impressos do início aos 14 anos de idade. do século – como “A qualLogo na entrada da casa, quer alma sensível”, datado uma escada com degraus de 1912 – mesclam-se a oucobertos de mármore leva à tros nunca lidos, sequer fobiblioteca com mais de 3 mil lheados, cujas páginas estão exemplares distribuídos em grudadas desde os anos 40 diversas prateleiras brancas. – como um exemplar “GrãO cheiro dos livros antigos finos em São Paulo”, de Joel aliados ao som da música Silveira. Há ainda uma rarísclássica e boa iluminação tor- sima e inusitada edição de na o ambiente aconchegante. “Os Sertões”, monumento Nas prateleiras, litúrgico imhá literatura de presso em PROCURA todas as nacio1936. Melatti Em Sebos nalidades, - rusgarante que é encontram-se sa, espanhola, dos romances inglesa, francesa que ele mais títulos diversos – diários, poesia, gosta, e que com baixo preço e biografias, históconsegue a qualidade ria, coletâneas e maioria dos um acervo riquísexemplares simo sobre religião, todos em sebos. “Quando vou a meticulosamente separados outras cidades, sempre viside acordo com a língua origi- to as bibliotecas e os sebos”, nal. Melatti considera as tra- conta. duções repletas de diferenças É também nos sebos que antagônicas, especialmente o historiador Apolinário nos textos vertidos ao portu- Ternes busca a maior parte guês. “Tenho quatro tradu- dos seus livros. Do acerções diferentes de Hamlet. vo com 4 mil exemplares, Elas variam muito de tradu- um dos maiores da cidade, tor para tradutor”, explica. hoje restam mil, segundo ele

“suficientes para ler o resto da vida” - os outros foram doados a instituições de ensino e à biblioteca pública devido à falta de espaço do novo apartamento. Dentre os restantes, de clássicos da literatura a raros livros de arte e história. O amontoado de livros junto as estatuetas de Buda podem ser encontrados pela casa toda. Apolinário garante que o gosto pela leitura floresceu na infância,durante o período que esteve no seminário. Admirador de ensaios, biografias e livros de histórias com as mais inusitadas fotografias, Apolinário destaca os versos dos brasileiros Carlos Drummond de Andrade e as histórias de Machado de Assis. “É ideal para quem precisa aprender a escrever. A escrita é clara, limpa, inteligente”, afirma. Sentado no sofá, ele revela características de um devorador de livros um tanto quanto incomum. Apolinário relê todos os livros duas ou mais vezes, e percebe muitos detalhes

que passam despercebidos. Considerando-se diferente da maioria dos leitores, faz intervalos na leitura dos livros. “Não leio adoidado. Gosto de assimilar as coisas, ficar alguns dias sem a leitura”, explica. Para ele, os livros tendem a se tornar objetos mais raros e refinados a cada ano que passa. “Especialmente os grandes clássicos”, enfatiza. Melatti considera que atualmente há apelos audiovisuais que desviam a atenção à leitura. “Ler é tarefa cada vez mais difícil”, comenta. E dá a dica para quem é fã da leitura. “Anuncie ao mundo o seu interesse por livros, esse é o primeiro passo”, declara. Segundo ele muitas pessoas se desfazem de livros esquecidos ao perceber o interesse de outros pela leitura. Esse pode ser o primeiro passo para a formação de uma biblioteca. Ana Paula da Silva anapaula_jornal@hotmail.com Patrícia Cristiane Schmauch patriciaschmauch@hotmail.com


Cultura

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ZELO

Cuidado é fator essencial para conservação dos livros FOTOS ANA LUIZA ABDALA

Sílvio Melatti gosta de títulos em diferentes idiomas porque acredita que se perde muito na tradução

Os livros dormem a maior parte do tempo. Só despertam ao serem abertos, folheados e lidos. Afinal, são apenas arte, cultura, sabedoria, e visto que isso não se bebe ou come, poucas pessoas o procuram. Entretanto, a perda de livros e a falta de espaço ainda são os maiores inimigos dos amantes da leitura. E o ciúme, um outro problema perspicaz. Sílvio Melatti confessa que já perdeu vários livros raros em decorrência dos empréstimos a amigos. Ele lamenta não conseguir carimbar ou marcar seus exemplares, mas não se sente dono deles. “Os livros não são meus, são dos autores. Apenas estão comigo”, comenta Melatti. Apolinário Ternes é outro ciumento convicto. Gosta de receber as pessoas, mostrar os livros e falar sobre eles. Mas quando o assunto é empréstimo, torna-se um

bibliófilo possessivo: prefere comprar e presentear a emprestá-los a amigos. Em contraponto, a jornalista Simone Gehrke sente prazer em indicar e ceder os livros que gosta. Não se incomoda em carimbá-los e fazer rabiscos. Leitora assídua desde os 15 anos, já pensou, inclusive, em criar uma locadora de livros, como viu em São Paulo. “Isso se os livros digitais não fossem uma tendência tão forte”, relata. O jornalista Rodrigo Schwarz possui 2 mil exemplares em sua biblioteca, e sente orgulho, não fetiche por ela. No quesito conservação, procura deixá-los longe do pó. À medida que o acervo cresceu, não teve tempo nem paciência para uma melhor organização dos exemplares. Simone, no entanto, está iniciando a ordenação dos livros, que cresceram muito na última década.

Impresso x Computador Leandro inciciou sua vida de leitor com gibis e incentivado por seu pai seu amor pelos livros cresceu

Apolinário não vê problemas em mostrar sua biblioteca aos amigos. Mesmo assim é contra empréstimos

Considerado o sustentáculo maior da cultura, o livro não está livre dos riscos trazidos pelas novas tecnologias ou novas tendências. Segundo dados do Observatório do Livro e da Leitura, pelo menos 3% dos leitores brasileiros são adeptos de mídias digitais (dados de 2010). Ainda não há números oficiais sobre a venda de conteúdo digital no Brasil, mas estima-se que cerca de sete milhões de habitantes baixem livros diariamente pela internet e, destes, a maioria é jovens de 14 a 17 anos. Segundo dados do site Tudo sobre leitura, há um esvaziamento nas bibliotecas

de universidades, pois os alunos preferem pesquisar na internet, a buscar livros na biblioteca. A questão é que as editoras não querem ser pegas de surpresa como a indústria da música, que foi engolfada pela pirataria e a distribuição gratuita de música pela web. Então o objetivo das editoras é criar livros mais interativos. Para as crianças, por exemplo, além de poder virar a página e colori-las com o mouse, os leitores podem ouvir músicas e a narração das historias. Em versões para iPads, os pequenos também podem tocar na tela do dispositivo e mover os personagens.


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Reportagem fotográfica

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Os muros pintados com cores e protestos TEXTO: JAQUELINE DIAS | FOTOS: JÉSSICA MICHELS Cores, luz, sombra, formatos geométricos, desenhos abstratos, assinaturas. Estamos, sim, analisando uma obra de arte, mas que está longe dos silenciosos e pacatos corredores das galerias. O grafite está estampado nas paredes e muros das cidades para ser visto e comentado em meio ao barulho do trânsito caótico por qualquer um que passa.

lica) te ao prédio da Biblioteca Púb Paulo Pincel (paredão em fren “O menino que balançava”, por

Em Joinville, elas estão nos muros da Cidadela Cultural Antártica, no paredão em frente à biblioteca pública, no cercado do Lar Abdon Batista. Em meio a uma cidade industrializada e historicamente conservadora, as gravuras feitas com spray tentam ganhar espaço e mostrar que vão além da parte estética. Grafiteiro há quatro anos, Paulo Roberto Agostini, mostra através dos seus traços bem feitos que a intervenção urbana é uma forma de protesto. “Grafitar tem tudo a ver com protestar. A maioria dos trabalhos expressa conceitos agressivos e relacionados a problemas sociais ou vividos por cada artista. Os meus desenhos, às vezes criticam e outras vezes só querem passar beleza e alegria”, comenta o jovem de 22 anos.

Pincel frente ao Museu Sambaqui – Grafite por Paulo Intrigando pensamentos de quem passa em

Fachada de uma loja de bijuterias da rua 9 de março

“Reciclagem”, por Wesley So, um dos responsáveis pelo grafitism o joinvilense (paredão em frente ao prédio da Bibl ioteca Pública)

“A sociedade prega o bem, mas alimenta

o mal”, por Paulo Pincel Pincel (paredão em

frente ao prédio da Biblioteca Pública)


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