CONTRACAPA
O dia-a-dia de quem movimenta a rodoviária
Twitter celebra o dia da lingerie no Brasil
Entre chegadas e partidas, mais de 5,5 mil pessoas movimentam diariamente o terminal rodoviário joinvilense. Nas passagens e corredores do ambiente estão reunidas misturas de histórias.
A proposta do #lingerieday, na internet, é trocar a foto do avatar por uma usando roupas íntimas. Em julho, ocorreu a terceira edição.
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Cidadãos comuns ajudam a criar leis
DIV UL G
AÇ ÃO
PÁGINAS 8 e 9
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC
Muita gente não sabe, mas Constituição do Brasil garante o direito de qualquer pessoa a participar da elaboração de projetos no Congresso Nacional.
JOINVILLE, NOVEMBRO DE 2010 - EDIÇÃO 84 - GRATUITO JOYCE REINERT
SAÚDE PÚBLICA
Fim da dor
TRANSPORTE COLETIVO
LIXO
132 vezes por dia Coleta seletiva de Norte a Sul ainda é restrita Linha 0200, que atravessa a cidade, transporta uma multidão de trabalhadores e estudantes.
Apenas 7% da população de Joinville separa o lixo orgânico do reciclável. Recolhimento também é insuficiente.
Página 10
Página 5
DIEGO PORCINCULA
Aposentado esperou quase um ano para operar a perna pelo SUS Página 4
HUMOR
A popularização do stand-up em Joinville Página 14
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Opinião
Joinville - Novembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
artigo
Faculdade: campo de teste onde os focas podem errar Por Sared Buéri
Desconhecer a existência ca de jornalistas se formando do teleponto, pensar que um na graduação todos os anos, é (bom) programa de rádio é ilusão pensar que facilmente feito sem roteiro ou escrever conseguir-se-ia vaga numa reque o “meliante foi preso pela dação decente apresentandopolícia”. É aqui no campo de se apenas como uma pessoa teste que se desconstroem sem experiência, porém com essas ideias; que se conser- muita vontade de aprender. tam os erros. Nele, os futu- Por isso, é importante merros jornalistas profissionais gulhar no campo de teste da consolidam conhecimentos faculdade. Se ele não é como indispensáveis para quem nos sonhos, não importa. A pretende viver o dia-a-dia de empresa de comunicação que uma redação de jornal. E não vai contratar o egresso daqui só em relação a como encon- também não é. No começo trar o gancho na matéria ou da carreira o ex-acadêmico escolher a melhor foto que trabalhará igual a um cavalo ilustre a história. Na “reda- e ganhará uma merreca. E – ção” de qualquer faculdade se provavelmente – no final tamaprende, por bém. Mas, se exemplo, que ele for convicAPRENDIZADO existem prazos to da missão a serem cumque escolheu A hora de cometer pridos e que (e um pouco os erros mais há momentos descompenabsurdos e em que um sado), contigrotescos é agora, buraco na pánuará firme na faculdade gina é preciso na alucinação ser tapado. No do “matar um “campo de teste” da academia leão por dia” e não se renderá é possível descobrir também a uma assessoria de imprensa! que horário de fechamento às Jornal laboratório, Revi, vezes pode fomentar uma an- projeto experimental, trabasiedade parecida com a mãe lhos desenvolvidos durante que está prestes a dar à luz. as disciplinas. A hora de co(Mas, sem dor). meter os mais absurdos erros A própria redação de ve- é agora. Talvez o editor do ículo também é uma esco- futuro primeiro emprego não la. Muita gente a teve como ache legal seu foca escrever única; jamais frequentou a que “houve um protesto em faculdade. Nela, os mais jo- frente à Prefeitura Municivens aprendem com os mais pal”. (Se não achou o erro, experientes. Mas, com a pen- chame o professor).
editorial
Um degrau para destronar a quarto poder A eleição da candidata à presidência da República, rado, o algoz dos que no passado detinham a hegeDilma Rousseff, no último domingo, caracteriza que- monia do pensamento e da opinião. Blogs, twitters bra de paradigma sob vários aspectos. Entre os mais e os próprios sites de partidos e candidatos foram destacados, o fato de o país ter elegido a primeira mu- utilizados como “trincheira virtual” na guerra contra lher chefe da nação e a façanha do primeiro presidente a mentira e a boataria disseminada para desgastar deoperário que, ao deixar o posto com ampla aprovação terminados candidatos – principalmente a candidata popular, conseguiu eleger sua sucessodo PT. Personalidades de vários meios ra. Mas, foi o reforço da tese de que e anônimos atentos ao que veiculava INTERNET a grande mídia vem gradativamente a grande mídia utilizaram suas conFerramentas como perdendo a capacidade de influenciar tas nas redes sociais para contrapor blog e Twitter a decisão de voto com seus chamados conteúdos noticiosos expressos em auxiliam o quarto “formadores de opinião” que mais nos veículos midiáticos comandados pelas interessa. Anos atrás uma candidatura grandes empresas de comunicação do poder a formar não resistiria à (providencial) divulPaís. Uma derrota para quem ainda novas opiniões gação sistemática de um “escândalo” acreditava no chamado quarto poErenice Guerra – cercado, é verdade, der, que pode a cada dia ficar mais de fortes evidências de que um esquema de corrupção fragilizado ao tentar impor o pensamento singufoi montado na Casa Civil – ou à tentativa de minar lar. Depende dos parlamentares e da nova presium postulante à presidência se apegando a questões denta, impulsionados pela sociedade organizada, morais e religiosas como ocorreu com o aborto. tencionar pela democratização da mídia no Brasil E foi a internet, em grande medida, garantindo e garantir uma maior pluralidade de idéias. no a oferta de contra-informação diversificada ao eleito- papel, no ar e nas telas do computador.
COORDENADOR DO CURSO Sílvio Melatti
Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc EDIÇÃO 84 - NOVEMBRO 2010 Contato com a redação Rua Princesa Isabel, 438 - Centro CEP 89201-270 - Joinville - Santa Catarina Telefone: (47) 3026-8000 - Fax: (47) 3026-8090 E-mail: nossoprimeirapauta@gmail.com
DISCIPLINA Jornal Laboratório I
Jaqueline Dias Luísa Desiderá Patrícia Schmauch
COORDENADOR DE PRODUÇÃO Eduardo Schmitz
EDITORES Augusta Gern Ariane Pereira Bárbara Elice Daiana Constantino Guilherme Duarte Maellen Muniz
DIAGRAMADORES Aline Seitenfus Edinei Knop Eduardo Schmitz
EDITORES DE FOTOGRAFIA Jaqueline Mello Renan Pereira Ronaldo Santos
PROFESSOR RESPONSÁVEL Luís Fernando Assunção
REPÓRTERES Ana Luiza Abdala Camilla Gonçalves Emanoele Girardi Francine Ribeiro Gustavo Cidral Jaqueline Dias Jéssica Michels Lizandra Carpes da Silveira Matheus Mello Mayara Francine da Silva Rita de Cássia Rozane Campos Sandro Gomes Sared Buéri Tiffani dos Santos
Vitor Forcellini Vivian Braz FOTÓGRAFOS Diego Porcincula Gisele Silveira Fernanda Rosa Jean Carlos Knetschik Polianna Moraes Priscila Carvalho REVISOR Ana Paula da Silva IMPRESSÃO A Notícia - 2 mil exemplares
Opinião
Joinville - Novembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
que fim levou
Cidade cinematográfica não saiu do papel Estúdio e escola de cinema, Joinville escola ou cursos de nível ilhas de edição, biblioteca, ci- técnico em cinema, como de finemateca com sala de projeção gurinista, maquiador e cenógrafo. e espaço de convivência. Dessa Costa conta que a diretoria cheforma seria dividida a cidade gou a entrar em contato com alcinematográfica, plano da Asso- gumas escolas, mas não obteve reciação de Cinema de Joinville e torno da Fundação Cultural. “O Região (Acinej), projeto está nas que funcionaria mãos deles, estaDIFICULDADE no prédio da sede mos aguardando. da antiga prefeiPrecisamos que O projeto foi tura, localizada isso seja viabiencaminhado à na Rua Max Colizado”, explica Fundação Cultural, lin, esquina com Rafael. Ele comas até agora não a João Colin. menta que vai ao houve respostas Em 2008, a local para receber prefeitura concedocumentos, mas deu à Associação o direito de usar não há como trabalhar por lá, já parte do local. De acordo com que a iluminação é insuficiente. Rafael Costa, um dos membros Atualmente, as atividades realida Acinej, o projeto foi enca- zadas pela Acinej não utilizam o minhado no mesmo ano para a espaço da antiga prefeitura. Fundação Cultural de Joinville, Silvio Arlindo Borges, gerenmas até agora não houve respos- te de ensino e arte da Fundação ta. A associação sem fins lucrati- Cultural, diz que algumas ações vos tinha em seus planos trazer a serão feitas de imediato, como a
revitalização do telhado e da fachada. Ele afirma que o projeto está ganhando corpo e legitimidade. O gerente esclarece que reuniões estão sendo feitas para dar um encaminhamento prático ao processo de revitalização do edifício. Borges conta que o saguão onde funciona a ouvidoria da prefeitura deverá se transformar em um espaço de convivência e eventos, que também disponibilizará uma livraria-café com acesso a torre. O representante da FCJ revela também que existe um novo projeto para o prédio. O local irá abrigar não só atividades voltadas ao áudio visual, mas terá outros parceiros como a Associação de Músicos de Joinville. A Fundação Cultural já definiu um novo nome provisório para o local: Casa da Imagem e do Som. Vivian Braz vivianc.braz@gmail.com GISELE SILVEIRA
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@twitter O que eles(as) falam em 140 caracteres @joseantoniobaco Santa Catarina é o melhor lugar do Brasil para um cara ser de esquerda. Uma autêntica escola de perseverança e paciência. José Antônio Baço, jornalista e publicitário, sobre o resultado das eleições no estado
@barbaraelice baideriszonsonBABYLOON ~~~Sexta feira tem baile no Ginásticos! Bárbara Elice, estudante de Jornalismo, sobre o comercial televisivo
@duda_rangel Suportar a dureza diária sem reclamar é diferencial. Anúncio supersincero de emprego #Jornalista http://bit.ly/aEXPJm Jornalista Duda Rangel, parodiando a própria profissão
@leonelcamasao Tem duas palavras ditas no dialeto manezês aqui de floripa que eu curto muito. REZÍSTRO (registro) e SURRAXCO (churrasco). Jornalista Leonel Camasão, sobre o sotaque da capital Florianópolis
@carascomoeu Às formandas em fase de conclusão. Uma forma simples de levar 10 na banca é incluir nas considerações finais: “Escrevi pelada”. Gabito Nunes, escritor, dono do blog Caras Como Eu
@edivar_b Uma capivara está passeando pelo centro. Depois de atrapalhar o trânsito, neste momento ela está ao lado da “casa amarela”. Edivar Bedin, comandante do 8º Batalhão da PM de Joinville, twittando sobre ocorrências policiais
@nilsonlage Creio que devemos trabalhar com o que chamo de “procedimento do ginecologista”: por de lado a paixão diante da realidade. Nilson Lage, jornalista e professor universitário, sobre as revisões curriculares dos cursos acadêmicos
A sede da antiga Prefeitura de Joinville seria o espaço destinado ao projeto da Cidade Cinematográfica
@primeira_pauta Sugira tweets para a coluna do Twitter no Primeira Pauta. Sua opinião é muito importante! twitter.com/primeira_pauta
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Joinville - Novembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
Geral
LONGA ESPERA
Após onze meses, o fim da agonia Aposentado passou por cirurgia, depois de ficar quase um ano com a perna quebrada
A
vida começa a vol- outubro, no setor de trauma- nhão encostava 10 da manhã dependia da ajuda da mu- sempre a tarefa era das mais tar à normalidade tologia do hospital. e às 11 tinha que estar carre- lher. Até aí estaria tudo bem, fáceis, principalmente depois para o mecânico gado. Tinha prazo. Tô vendo não fosse um detalhe: há dois de passar por 35 sessões de aposentado ValdoFÁBRICA DE MUTILADOS que se continuar assim, vou anos e meio ela descobriu radioterapia, quatro quimiomir Bernardo, 59 anos. DesNo final de agosto, Kim ficar na saudade. Cada final de que tem câncer de pulmão, o terapias e nove tomografias. de o dia 5 de outubro ele se apontou a greve dos médicos- semana entram 10 quebrados que lhe causa fortes dores nas Ela também realizou uma recupera de uma cirurgia na residentes como um dos com- no hospital”. Os acidentes não costas, principalmente quan- cirurgia. O pulmão foi aberperna direita. Foi o fim de plicadores para a demora na pararam de acontecer, mas, do precisa se abaixar. to e fechado em seguida. O uma agonizante espera de 11 realização da operação, pois enfim a cirurgia saiu. Apesar do desconforto, tumor não foi retirado, pois meses. Em todo esse tempo motivou o cancelamento de era ela quem colocava e tirava o risco de morte era iminenele permaneceu com a tíbia cirurgias eletivas. No entanto, ROTINA COMPLICADA a tala, entre outros apoios ne- Sandro Gomes (osso da perna) quebrada em a maior responsável, segundo Com a tíbia direita divi- cessários no cotidiano. Nem sandroalberto2005@yahoo.com.br dois lugares. Agora é necessá- o médico, é a violência no dida em três partes, o pé de rio apenas trocar os curativos trânsito, que fabrica urgências seu Valdomir ficou solto. Não para a cicatrização total. e emergências a cada dia. havia como apoiar o pé no A rotina de sofrimento do Por conta disso, Valdomir chão. Para se locomover, só aposentado ini– que passou a de cadeira de rodas. A muleta ciou no dia sete vida consertan- era usada apenas em último A secretaria de Saúde de tos. Com isto a fila anda deDEMORA Joinville explica que cada vagar e não pára de crescer. de novembro do caminhões e caso, para descer as escadas da A violência no médico no setor de traumaValdomir Bernardo era do ano passatratores – temia casa onde mora, na rua João trânsito é a maior tologia tem a sua fila especí- o paciente número 116, do. Na volta da ficar “quatro, Dippe, bairro Iririú. responsável pelas praia, ao chegar cinco anos na Apesar de inócua, uma fica de pacientes. As cirur- numa fila de 150 pacientes gias eletivas deixam de ser que aguardam cirurgia, apeem casa ele não cadeira de ro- tala era usada diariamente, o filas de espera das prioridade diante dos casos nas com o médico Antônio queria molhar o das”, até que os que lhe comprimia a perna e cirurgias eletivas de urgência e emergência, Kim. Ao todo, o São José pé. Saltou uma acidentes auto- afetava a circulação sanguínea. principalmente nos finais de conta com 24 ortopedistas poça d´água e mobilísticos des- A pele ficou roxa no local da acertou a canela na quina de sem uma pausa e permitissem lesão. O que amenizava o prosemana, quando o número e realiza em média 400 cide vítimas de acidentes de rurgias no setor de traumaum degrau. As fraturas fo- a realização de sua cirurgia. blema era a ausência de dor. trânsito aumenta a olhos vis- tologia, mensalmente. ram traumáticas, literalmen“Quando eu fui mecâniPara tomar banho e trote. Desde então começou um co, tinha hora marcada. Cami- car de roupa, o aposentado JOYCE REINERT verdadeiro martírio na vida de Bernardo, que passou a andar de cadeiras de rodas. A primeira cirurgia aconteceu dez dias depois do acidente. Um fixador externo chamado de Ilizarov, com quatro pinos, foi colocado ao redor de sua perna, o que lhe causou infecção hospitalar. Em janeiro deste ano o aparelho foi removido. “Espirrava pus e sangue para todo lado”, contou à época, o abatido Bernardo. Foram 30 dias de tratamento para curar a infecção. Graças a isso, o osso não soldou e, depois de cinco meses, arredondou as pontas. Em fevereiro deste ano o médico ortopedista Antônio Kim, do Hospital Municipal São José, o liberou para uma nova cirurgia, que só aconteceu em Para o banho e trocar de roupa, Valdomir dependia de ajuda. A mulher tem câncer de pulmão, o que dificultava a tarefa, por conta das dores
150 pacientes na fila de um médico
Geral
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JEAN CARLOS KNETSCHIK
O processo começa com o recolhimento, e posteriormente, a separação dos materiais. Atualmente cerca de 100 pessoas trabalham nas cooperativas da cidade
COLETA SELETIVA
Apenas 7% da população joinvilense recicla o lixo Na cidade, cinco cooperativas trabalham com a separação e venda de materiais recicláveis. O ideal ainda está distante
S
eparar o lixo que produzimos é uma maneira de reduzir os impactos ambientais no planeta. O reaproveitamento de papéis, metais, plástico e vidro além de ajudar o meio ambiente, pode proporcionar renda para muitos trabalhadores. Em Joinville, cinco cooperativas separam e vendem materiais recicláveis. De acordo com a presidente da Associação Ecológica dos Catadores Recicladores de Joinville (Assecrejo), Ana Machado, há nove anos a cooperativa realiza essa atividade. No galpão, localizado no bairro Glória, acontece a separação do lixo reciclável e posteriormente, a venda. “O trabalho feito em parceria
com a prefeitura e a empresa Engepasa Ambiental nos fornece o que é recolhido na coleta seletiva”, esclarece. Os gastos com aluguel, luz e água são custeados pelo governo municipal. “Somos uma associação, portanto, o dinheiro acumulado é dividido de forma igual para os trabalhadores daqui”, afirma Ana. Ainda segundo a presidente, o aumento no número de catadores que atuam na Assecrejo varia de acordo com a quantidade de trabalho. Mesmo quando a porção de material é abaixo do esperado, os que já fazem parte da equipe continuam suas atividades. Para Ana, o espaço destinado à separação dos recicláveis traz benefícios aos trabalhadores. “Aqui eles
recebem uma quantia todos bastante material orgânico”, os meses, e não estão expos- explica. Quando isso acontece, tos ao sol e as doenças”. o material descartado é sepaEla também estima que há rado, e em seguida, encamicerca de 100 trabalhadores na nhado para o aterro sanitário. associação. Somando com os “Vejo a importância da nossa que atuam fora dali, o número atividade. É utilidade públide famílias que ca. Imagine só vive do dinheiro quantos anos o BENEFÍCIOS proveniente dos plástico e o vidro Além de ser materiais recilevam para se negócio, a clados dobra. decompor. Isso separação ajuda a “Infelizmente, prejudica muito preservar o meio falta um pouco a natureza”. ambiente de divulgação. A coleta seTodos deveriam letiva teve início prestar mais em 2003. De atenção no trabalho que rea- acordo com a assistente da lizamos”. Engepasa Ambiental, Simone Na cidade, apenas 7% da Vargas, foram realizados testes população separa o lixo reci- por seis meses, em seis pontos clável, o que muitas vezes, difi- da cidade antes da implanculta o trabalho. “Junto do lixo tação. No início de 2010, a seletivo, recebemos também empresa realizou estudos que
apontaram a necessidade de ampliar o atendimento. Atualmente, 100% da área urbana é atendida uma vez por semana. Já na região central, o caminhão passa diariamente. Segundo Simone, foi incorporado à frota um caminhão baú, e contratadas duas equipes de funcionários para auxiliar nos serviços. “É uma importante ação que minimiza a poluição ambiental e agrega valor econômico”, enfatiza. EXEMPLO Além de a atividade funcionar como negócio, separar o lixo também serve para preservar o meio ambiente. A dona de casa Salete Silveira Reeck contribui para a coleta seletiva desde que iniciou a prestação do serviço na cidade. “São grandes os benefícios dessa atitude, tanto para os trabalhadores das cooperativas, quanto para o meio ambiente”. Se não bastasse, ela destaca que suas filhas também já são ensinadas a seguir a iniciativa. “Elas observam a separação dos materiais. Futuramente, isso servirá de exemplo”. No entanto, Salete percebe que são poucos os que colaboram. “Falta divulgação. Se todos tivessem consciência da importância disso, acredito que separassem mais”. Francine Tainá Ribeiro francinetaina@gmail.com
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Política
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INICIATIVA
vação do Ficha Limpa, o MCCE debate outros dois temas: a campanha contra corrupção eleitoral na saúde e a reforma política. No caso da reforma política, o movimento prepara discussões sobre o assunto para, posteriormente, encaminhar um projeto de lei de iniciativa popular.
Clamor popular pode virar lei no Brasil Constituição brasileira garante que cidadãos apresentem projetos de lei à Câmara Federal, a exemplo do Ficha Limpa
U
m mecanismo da Constituição Federal permite que a população brasileira encaminhe projetos de lei ao Congresso Nacional. A lei 9.709, de 18 de novembro de 1998, no seu artigo 13º, estabelece que se
o mínimo de um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles, encaminhar sugestões à Câmara dos Deputados, o projeto terá de ser analisa-
do. Foi o que ocorreu com o projeto de lei de iniciativa popular conhecido como Ficha Limpa, organizado pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e apoiado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e ConfederaDIVULGAÇÃO/AGÊNCIA BRASIL
Manifestantes lavam a rampa do Congresso para sensibilizar os parlamentares pela lei da Ficha Limpa
ção Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Desde 2000, um ano após o MCCE ter conseguido emplacar o primeiro projeto de lei de iniciativa popular, discutia-se a lei da Ficha Limpa. Em 1999, o Congresso Nacional havia aprovado a lei 9.840, de origem popular, que tornou crime a compra de votos por candidatos. Jovita Rosa, diretora do MCCE, contou que entidades filiadas ao movimento se uniram para conseguir as 1,3 milhão de assinaturas necessárias para enviar o projeto à Brasília. Depois que recolheram o número mínimo de adesões, começou o trabalho de assinaturas na internet, que serviu somente para pressionar os parlamentares. Apesar das mudanças feitas pelos deputados e senadores no projeto original enviado pelo movimento, os organizadores ficaram satisfeitos com o resultado, que originou a Lei Complementar 135. Jovita disse que todas as alterações foram discutidas entre parlamentares e integrantes do movimento. O trabalho no MCCE é voluntário. Apenas um funcionário recebe salário. O movimento atua com doações de pessoas físicas e de entidades. Jovita conta que os voluntários trabalham com “orçamento franciscano”, além de utilizarem o tempo livre para trabalharem nas atividades do movimento. Depois do êxito na apro-
POPULAR SEM INICIATIVA Em Joinville há duas maneiras de uma iniciativa popular se tornar lei. A Câmara de Vereadores de Joinville reserva um espaço à comunidade para explanações públicas. Sempre às quartas-feiras, antes de iniciar a sessão plenária, o púlpito é cedido à Tribuna Livre. Entidades, associações, organizações e cidadãos dispõem de 20 minutos da atenção dos parlamentares. O objetivo é promover a participação da sociedade civil no andamento de projetos do poder legislativo. Há lugar, ainda, para apresentação de críticas e sugestões, o que permite ao público interferir na definição da agenda dos vereadores. Em esfera municipal, a Tribuna Livre contribui para o desenvolvimento de ações da iniciativa popular. O aproveitamento civil, no entanto, é praticamente nulo. Projetos de leis e emendas propostos pela população só têm validade se forem endossados e apresentados para votação por um vereador. Neste caso, a Tribuna Livre funciona como elo entre o cidadão proponente e o parlamentar com potencial para representação. Não consta nos registros da Câmara qualquer menção em documento que indique a participação de populares em leis ou emendas aprovadas. Outra alternativa para atribuir valor legislativo às ações de iniciativa popular é o abaixo-assinado. Obrigatoriamente, as assinaturas devem acompanhar o número do título de eleitor da pessoa, o telefone e o endereço. Ronaldo Santos r.santos@brturbo.com.br Luísa Desiderá luisacd_1@hotmail.com
Política
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PRÁTICA
Senador: um trabalho sem rotina As funções, por vezes desconhecidas, têm papel fundamental na democracia brasileira
E
menda constitucio- estado pelo qual está concornal, medida provi- rendo e ter o conhecimento sória, requerimento, dos direitos políticos. prerrogativa constitucional. Termos técnicos DEVERES PÚBLICOS que fazem a diferença no A senadora jaraguaense âmbito político, porém, que Niura Demarchi (PSDB) é não faz parte do entendimen- segunda suplente do recém to da maioria da população. eleito governador de Santa Para muitas pessoas, discutir Catarina, Raimundo Copolítica é algo maçante ou lombo (DEM). O cargo ela até, desnecessário. A falta de assumiu em julho, e termina informação do que realmen- o mandato neste mês. te os representantes do povo Niura contou como são fazem, é uma dessas causas. os primeiros procedimentos Sendo uma das casas do a serem tomados por um parCongresso Nacional, jun- lamentar. “Primeiro temos a tamente com a Câmara de posse. Após esse episódio, é Deputados, o Senado com- exigido que se faça a declapõe o Poder Legislativo. ração de todos os seus bens e A representação do país, os da família”. Segundo ela, constituída por 26 estados antecedentes criminais tame o Distrito Federal, se dá bém não podem constar em a partir dos 81 senadores. sua ficha. Existe um processo A cada quatro rigoroso de inanos, as eleivestigação. MORDOMIA ções apontam Com a posAtualmente, o um ou dois se, ou seja, a atuparlamentares ação parlamensalário de um de cada estado tar, o senador senador é de R$ e o mandato se volta às áreas 16 mil, além de tem duração de que mais se outros benefícios de oito anos. identifica em Detalhe: Não sua linha de atuhá limite para reeleição. Um ação na vida pública. Tudo irá exemplo disso é o senador depender do perfil de cada um. Eduardo Suplicy (PT- SP), No caso de Niura, as comissões atuando há mais de 20 anos permanentes de educação, asno cargo público. Iguais a suntos sociais e econômicos ele, muitos senadores são foram as escolhidas. veteranos na Casa. “A semana, no meu caso, Atualmente, o salário de começa na terça-feira. E se um senador é de R$ 16 mil, segue até quinta-feira. Chego além dos benefícios como ao Congresso às 8h30, quanauxílio moradia, cotas aéreas, do se iniciam as reuniões, voverbas para gastos no escritó- tações internas ou audiências rio e contratação de funcioná- públicas, o que vai variar, rios. De acordo com a Cons- dependendo do assunto em tituição da República, para se pauta”, explicou a parlamencandidatar ao cargo é preciso tar. Ela ressaltou que as ações ter nacionalidade brasileira, acontecem dentro das comisidade mínima de 35 anos, es- sões e não no plenário. tar filiado a partido político, As sessões no plenário se possuir domicílio eleitoral no dividem em deliberativa, não-
deliberativa e sessões solenes. A deliberativa serve para as votações, requerimentos e projetos de leis. Na não-deliberativa, o senador tem liberdade para fazer pronunciamentos e pedidos de assinaturas para alguma emenda constitucional. Já a sessão solene é onde ocorrem as homenagens. Os tempos são determinados: 10 minutos para cada senador na sessão deliberativa (que ocorre geralmente, uma vez por semana) e 20 minutos por senador na não-deliberativa. Não existe uma carga horária fixa de trabalho para um senador. De acordo com Niura, já houve dias em que permaneceu até às 22h30, completando mais de 12 horas. “Não existe hora do café e do almoço. É tudo muito rápido, o Senado não para. O Congresso proporciona a estrutura necessária”. Dentro do Congresso, existe o restaurante do Senado, a biblioteca e o museu, que conta com fotos dos políticos que já passaram por ali.
DIVULGAÇÃO
FUNÇÕES Muitas das funções exercidas por esse cargo são desconhecidas à maioria dos brasileiros. A indicação de diplomatas, embaixadores, comando das Forças Armadas, aprovação de cargos financeiros para o Banco Central, compõem o quadro de ações parlamentares. Além disso, o financiamento para os estados também está nas mãos dos senadores. Por último, mas não menos importante, o Senado tem o poder de cassação do presidente. “Eu diria que o Senado é o maior poder, é o peso da república”, finalizou Niura. Tiffani Louise dos Santos tiffanilds@gmail.com
Niura Demarchi, de Jaraguá do Sul, ficou quatro meses no Senado
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Especial
Joinville - Novembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
FOTOS: PRISCILA CARVALHO
VIDA NA RODOVIÁRIA
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Atenção passageiros da Empresa Verdes Mares: última chamada para o embarque das 19 horas”. Não, não é o anúncio de um aeroporto, é a voz de Adilson Barcellos Júnior, locutor da Rodoviária Harold Nielson. Como diz a música de Maria Rita “Todos os dias é um vai e vem”, têm gente de todos os tipos, todas as cores, todos os tamanhos. Solitários, acompanhados da família, do namorado ou dos amigos. A rodoviária de Joinville mais parece um shopping Center. Nos finais de semanas e feriados pode ser comparada, segundo Barcellos, com as grandes metrópoles brasileiras. Exageros a parte, a rodoviária de Joinville é realmente movimentada. Por dia passam mais de 5,5 mil pessoas e embarcam cerca de 3 mil, divididas nas 18 empresas de ônibus que trafegam por ali. Há quem já se tornou cliente e “bate cartão” toda semana. É o caso de Mayara Schroeder,
Joinville - Novembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
moradora de São Bento do Sul, ela trabalha e estuda em Joinville. Quando chega para comprar sua passagem, o atendente logo puxa conversa. “Se eu atraso um dia na viagem, ele me pergunta o que aconteceu”, brinca a estudante de estética facial. No corre-corre dos dias agitados, os que mais se beneficiam são os funcionários, como Lucas, o atende de uma das empresas de ônibus. Apesar de reclamar do tédio nos dias sem movimento, o agente de viagem diz que já fez amizades com muitos passageiros. “Já conheci gente de Mato Grosso, São Paulo e de umas cidades interioranas”, comenta o jovem de 19 anos. Mas o trabalho com as pessoas tem seu lado negativo: “Tem gente muito mal educada. Eu sempre digo que um bom dia e um obrigado não faz mal a ninguém”. Os famosos clichês sobre a coxinha de rodoviária parecem lenda por aqui. Na parte superior da estrutura estão localizadas
quatro lanchonetes e, em quase corredor e a voz do locutor, que todas as mesas há alguém senta- agora aparece com menos frequdo para saborear os petiscos que ência, são os únicos sons ouvios estabelecimentos oferecem. dos. Em uma sala de espera VIP, No meio dos corredores alguns homens grudam os olhos abertos e frios do terminal ro- na tela da televisão para acompadoviário joinvilense, há muitas nhar as notícias da última semahistórias escondidas. Num lu- na das eleições. No lado de fora, gar de chegadas e partidas, Sue- concentrada em si mesma, está a len e sua família se despedem última passageira do dia. Para a de Joinville. A paranaense par- descendente de japoneses, Thais tiu de São José da Sato, a rodoviária Boa Vista em busde Joinville já viCORREDORES ca de emprego e, rou sua segunda oito meses após Milhares de pessoas, casa. Todos os dias, a mudança, volta bagagens e histórias ela viaja de Floriaao Paraná por não nópolis à Garuva a movimentam o se acostumar à transporte rodoviário trabalho. A jovem rotina agitada da de 28 anos trabaem Joinville cidade grande. Na lha numa fiscalirodoviária, ela, o zação de peso de marido e os três filhos, aguarda- transportes pela ANTT (Agênvam o ônibus que os levaria ao cia Nacional de Transportes Terencontro da família. restres), chega a Joinville às 15 Por volta das 23 horas, a horas e retorna para a cidade namovimentação diurna dá lugar tal à 1h da madrugada. “A rotina à música lenta que sai do rádio é cansativa, mas o salário comdo táxi. O barulho das rodinhas pensa”, comenta Thais. Quando da mala solitária que transita no o ônibus chega, ela não espera
um minuto para embarcar e ir ao encontro do namorado na capital catarinense. E chega um momento, em que os únicos pela estação são os funcionários noturnos. Acostumados com a rotina e a calmaria do horário, alguns já não se imaginam longe do emprego. Sidimar Vicente dos Santos, 25, trabalha há cinco anos na limpeza da rodoviária. “Eu gosto mais dos dias de movimento como no sábado, mas já me acostumei a trabalhar a noite em dias da semana. Aqui todo mundo se dá bem e conhecemos gente de todos os lugares”, conta o trabalhador enquanto come um pastel da lanchonete junto aos colegas que estão na hora de folga. Dali alguns minutos, Sidimar continuaria o trabalho para deixar a “Harold Nielson” pronta para o dia seguinte, para mais milhares de pessoas com milhares de histórias. Jaqueline Dias jaqdias@gmail.com
Rodoviária homenageia “viciado” em trabalho
Todos os dias mais de 5,5 mil pessoas passam pela movimentada Rodoviária Harold Nielson, que atualmente passa por reformas de melhoria na segurança e na parte elétrica
Todos os dias é um
Entre uma passagem e outra, histórias de vida se escondem entre os corredores e diferentes passos marcam diariamente o chão da rodoviária joinvilense
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Ao todo, 18 empresas de ônibus circulam pela rodoviária transportando passageiros
Até os anos 70, a rua do Príncipe vivia um verdadeiro caos. O congestionamento causado pelo transporte coletivo das linhas urbanas se ampliava com a concentração dos ônibus das duas maiores agências de transporte intermunicipal e interestadual, não havia na cidade um espaço próprio para abrigar esse tipo de serviço. A fim de solucionar o problema do tráfego, o prefeito da época, Harold Karmann, inaugurou a Estação Rodoviária Provisória. A sede funcionava no prédio de esquina das ruas Dr. João Colin e Max Colin (antiga prefeitura) e reunia todas as empresas do gênero com guichês para venda de passagem. A estação provisória funcionou durante três anos e, em 9 de março de 1971, as plataformas da rodoviária definitiva de Joinville receberam seus primeiros
ônibus. Era, oficialmente, inaugurada a Rodoviária Harold Nielson. O nome dado foi homenagem ao empresário joinvilense conhecido por ser “viciado” em trabalho. Ele esteve à frente da empresa que já foi uma das maiores fabricantes de ônibus da América Latina, a Busscar. Fundada em 1946 pelo pai Augusto Bruno Nielson, a fábrica produzia inicialmente esquadrias, móveis e balcões de madeira. Pouco tempo depois, em 1949, com a reforma da carroceria de um ônibus, começava o negócio que se tornou conhecido mundialmente, nascia a Carrocerias Nielson (como era inicialmente chamada). Harold Nielson, o filho mais velho, embarcou nos empreendimentos da família em 1956 e levou a empresa ao auge, tornando-se vanguarda do segmento no Brasil.
O empresário seguiu trabalhando na Busscar Ônibus, nome que recebeu na década de 90, até o ano de 1998, quando faleceu com a queda do avião em que estava. Atualmente, a rodoviária, localizada no bairro Anita Garibaldi, é administrada pela Companhia de Desenvolvimento e Urbanização de Joinville (Conurb). Dados divulgados pela companhia mostram que a estação conta com dez fiscais de plataforma, quatro locutores e 18 empresas de transporte rodoviário. Quem circula pela estação pode contar com os serviços de táxi, lanchonetes, banheiros gratuitos, cadeiras de roda para deficientes, além de acesso ao andar superior por rampas. Segundo a Conurb, a estrutura passa por reformas de melhorias, como na segurança e na parte elétrica.
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Geral
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PRISCILA CARVALHO
A linha 0200, Norte-Sul, demora em média 30 minutos para levar os passageiros de um terminal a outro, do bairro Bom Retiro ao Floresta
TRANSPORTE
Joinville de Norte a Sul a bordo de um ônibus Joinvilenses atravessam a cidade na linha que vai do terminal Norte ao terminal Sul 132 vezes por dia, das 4h15 à 0h14
A
s duas empresas que detêm a concessão para o transporte coletivo urbano de Joinville, levam por mês, cerca de 3 milhões e 800 mil passageiros, contando cada embarque uma viagem. A frota de 349 ônibus da Gidion e da Transtusa, realiza por dia em torno de oito mil viagens, 240 mil mensais, e consome 713 mil litros de diesel a cada mês. Os 786 motoristas rodam por volta de 1,8 milhão Km ao mês pelas linhas que têm em média 8 Km. Os dez terminais (Centro, Norte, Tupy, Sul, Iririú, Itaum, Guanabara,
Anita Garibaldi, Vila Nova a levará ao terminal Sul, ou e Pirabeiraba) ficam abertos do Vera Cruz. Isso antes das durante 22 horas por dia. 7 horas quando, segundo ela, A linha 0200, o movimento é Norte-Sul, liga menor. Ela vai ROTINA os dois pólos da sentada, “comecidade, um eixo Os 786 motoristas ça a encher só que transporta quando passa rodam cerca de uma multidão pelo centro”, 1,8 milhão de de trabalhadores explica. Estrada quilômetros e estudantes. São ao mês nesta linha Tupi é a linha 132 viagens diáque a mercadórias entre os dois loga embarca até terminais, das 4h15 à 0h14. o Nova Brasília, onde fica a VíTodos os dias, há seis anos, qua, empresa em que trabalha. Vaní Ventura faz essa rota. Ela O Norte-Sul passa pelas sai de casa, no Jardim paraíso, e ruas Blumenau, Henrique pega o ônibus Recanto do Rio. Meyer, 9 de Março, AveNo terminal Norte, a jovem de nida Juscelino Kubitschek, 25 anos entra no coletivo que Getúlio Vargas, rua Santa
Catarina. Do terminal Sul, o ônibus parte para a rua Santa Catarina, Barra Velha, Guarujá, São Paulo, Ministro Calógeras, retorna à JK, cumpre toda a extensão da Doutor João Colin e volta ao terminal Norte. A viagem que praticamente atravessa a cidade leva 50 minutos pela manhã. Às 18 horas, quando Vaní volta para casa, a jornada dura pelo menos 1h15. Quando vai de carro, não precisa mais do que 20 minutos. O retorno começa tranquilo. A joinvilense quase sempre consegue ir sentada — são 30 pessoas no embarque, das 37 que podem se acomo-
dar nos bancos e 84 do total que lota a condução. “Próximo ao Centro a situação começa a ficar crítica”, frisou, ao passar pela avenida Juscelino Kubitschek. É na região que o ônibus começa a encher. Principalmente de estudantes rumo ao campus universitário. Vaní conta que o trajeto parecia interminável quando começou a fazê-lo, aos 19 anos. “De tão acostumada com a rotina, parece que passa rápido agora”, disse. Os piores dias são os de chuva e as sextasfeiras. “Na sexta, o pessoal geralmente sai de carro para um happy hour e acaba afogando o trânsito”, deduziu. Entre às 18 horas e 19h30, a linha Norte-Sul sai do terminal do Vera Cruz a cada sete minutos. O das 18h12, que Vaní pegou, chegou às 18h42 no terminal Norte, no bairro Bom Retiro. Se ela não consegue entrar no Recanto do Rio, tem que esperar 20 minutos pelo próximo. Apesar de alguns transtornos, a jovem considera o sistema de transporte público de Joinville “um dos melhores”. “Já andei de ônibus em outras cidades e Joinville está à frente, assim como Curitiba”, concluiu. Gustavo Cidral gustavo_cidral@hotmail.com
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SOCIEDADE
Ordem DeMolay: seita ou filosofia? Jovens de até 21 anos participam do grupo como uma espécie de estágio para a maçonaria
C
om o desejo de tirar os garotos da rua para instruí-los, dando a oportunidade de fazer novas amizades e aproveitar melhor seu tempo, Frank Land fundou um grupo onde os jovens tinham uma preparação para se tornarem homens de bem. O grupo foi criado na cidade de Kansas City, Estado do Missouri, Estados Unidos, em março de 1919. Contudo, ainda precisava de um nome. Land apresentou vá-
rios nomes de personalidades e o que causou maior impacto foi Jacques DeMolay, último Grão-Mestre da Ordem dos Cavaleiros Templários. Escolhido como patrono, o grupo passou a denominarse Ordem DeMolay. A Ordem se espalhou pelos Estados Unidos e formou-se provisoriamente, em 1920, o primeiro Grande Conselho composto por 13 homens. A partir daí, cresceu e se multiplicou pelo mundo. No Brasil, Alberto Mansur tomou
conhecimento da Ordem em 1970, em uma de suas viagens aos Estados Unidos, através da leitura do “The New Age - July 1969”, comemorativo do cinquentenário da DeMolay. Percebendo a importância da instituição e a necessidade de preencher uma lacuna na Maçonaria brasileira, a Ordem foi trazida para o país. Em agosto de 1980 foi fundado o Capítulo Rio de Janeiro, com a iniciação de 63 jovens. Em Joinville, a fundação DIVULGAÇÃO
Preocupados em melhorar a sociedade, jovens se reúnem para discutir assuntos filantrópicos
Disciplina é mantida há quase um século A Ordem possui um Mestre Conselheiro, 1º e 2º Conselheiros, 1º e 2º Diáconos, Escrivão, Tesoureiro, Mestre de Cerimônias, Capelão, Porta Estandarte, Sentinela, 1º e 2º Mordomos, Orga-
nista e 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 6º e 7º Preceptores – cada preceptor representa uma virtude DeMolay. As virtudes são: Amor Filial, Reverência pelas Coisas Sagradas, Cortesia, Companheirismo, Fi-
delidade, Pureza e Patriotismo. Os DeMolays também têm uma regra: “Para ser útil à sociedade não é necessário ser um DeMolay, mas para ser um DeMolay é necessário ser útil à sociedade”.
do Capítulo 49 foi em outu- de nossa filosofia e nossos bro de 1986. Augusto Lucia- trabalhos”, completa. A Orno Ginjo, 24 anos, participa dem DeMolay é formada por desde 2007. “Resolvi entrar jovens de 12 a 21 anos, mas na Ordem porque percebi pessoas maiores de 21 tamque me identificava com os bém podem ser iniciadas, valores pregados por aquele pois tudo depende da vontagrupo, adolescentes que se de de trabalhar pelo grupo e, preocupam em melhorar a nesse caso, a idade não atrasociedade em que vivem, que palha. Tiago acredita que é buscam conhecimento, fazer possível moldar o jovem com a diferença”, diz. Hoje em dia base nas 7 virtudes e nas 3 ele está afastado devido a ou- liberdades, base da filosofia tros compromissos. Augusto DeMolay e o diferencial na sempre teve amigos que par- vida de um líder. A Ordem ticipavam, mas ele não sabia também é chamada de escola muita coisa e afirma que não de líderes, por ela exercitar se pode confiar na maioria a liderança de todos. Existe das informações que circulam uma hierarquia, que deve pelas mídias. “Quando fui ser respeitada, e todos têm convidado a participar, visitei responsabilidades. “É onde uma reunião pública, meus você vai ter a chance de exeramigos tiraram as dúvidas cer liderança, mas também que eu tinha e assim foi”. Au- vai ser liderado”, diz. gusto afirma que a Fábio LuOrdem DeMolay ciano ChaEQUIPE não é para filhos ves faz parte de maçons, e que da Ordem A Ordem permite entrando ninguém que os integrantes, há 5 anos e terá lugar garantiresolveu enalém de serem do na Maçonaria. trar porque liderados, possam “Existe sim uma sempre se também liderar relação entre elas, interessou mas nada do que pela Maçofalam, cada uma tem seus naria, por esoterismo e pela propósitos”, completa. filosofia envolvida nesses Tiago Gauziski, 19, tam- temas. “A busca por esses bém participa da Ordem assuntos me fez querer parem Joinville, e conta que os ticipar do grupo e eu gosparticipantes ativos são, em tei das ideias passadas pelos média, 20 pessoas. As reu- DeMolays, então resolvi faniões acontecem para dis- zer parte”, conta. Para ele, a cutir assuntos pertinentes, Ordem é uma grande escola, como filantropia ou eventos onde os ensinamentos são para confraternizar entre passados entre as gerações. os irmãos. Segundo Gau- “Se você aproveitar, estudar ziski, existem três tipos de e por em prática todo esse reuniões: ritualísticas – que ensinamento, perceberá que apesar da palavra ritual, são nosso trabalho é no interior apenas reuniões simbólicas da pessoa, procuramos fazer - e as reuniões administra- de nós mesmos pessoas metivas. “Existem também as lhores”, afirma. reuniões abertas ao público, Ana Luiza Abdala onde mostramos um pouco analuizaabdala@hotmail.com
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Geral
Joinville - Novembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
PROFISSÕES
Twitter, Facebook, blogs: isso é jornalismo? Web ajuda jornalistas na divulgação de matérias, mas há ainda dúvida se ela se prestará ao jornalismo de essência
A
forma alternativa de opinião pode ser chamada exercer o jornalismo de jornalismo ou não. “ Há nos meios da rede uma discussão se essas mídias mundial é uma prá- alternativas possibilitam a tica que vem crescendo ra- produção jornalística, se esse pidamente. As comunidades jornalismo mais opinativo, de blogs, twitters, facebooks digamos assim, pode mesmo entre outros produzem co- de acordo com as teorias mais berturas, informações que clássicas ser considerado jormuitas vezes precedem à im- nalismo. Tem gente que diz prensa oficial. Os jornalistas que sim”, revela. que fazem parte dessas redes Essas novas práticas de lesociais, de maneira indepen- var a informação às pessoas, dente, não estão submetidos de forma jornalística ou não, às grandes empresas, logo o estão possibilitando uma jornalismo é livre. Assim, a reconfiguração das formas imprensa oficial deixa de ter de acesso de consumo e de a exclusividade, até mesmo produção da informação. O pelo imediatismo com que jornalista Valmir Fernando chega a notícia. A cobertura da Silva é um dos que prefedessas eleições foi um grande re o ambiente web do que o exemplo disso. de uma redação A professora convencional. INOVAÇÃO do Bom Jesus “Eu até tive a Ielusc Maria oportunidade Ainda existem Eliza Máximo de trabalhar questionamentos diz que a web em uma redaquanto as novas cria espaços que ção de jornal, formas de concentram mas optei por “jornalismo” uma prática de trabalhar com produção de blog”, conta. informação e opinião, sobre Silva montou. Um blog estudo que está acontecendo, pecializado na área de lutas, e que até de alguma ma- chamada de MMA (Mixed neira está pautando a mídia Marcial Arts). oficial. “Não arriscaria dizer Silva acredita que a web categoricamente que é uma será o futuro próximo do forma jornalística”, acres- jornalismo e por isso aposcenta. “Os veículos oficiais tou nesse segmento para dimuitas vezes são antecipados vulgar suas notícias, além de por essas redes sociais, nesses poder trazer ganhos finanespaços alternativos de pro- ceiros equiparados ao de um dução e disseminação de in- jornalista empregado em formação”, explica. uma redação. “Eu consigo Para a professora, ain- adquirir uma renda maior da é cedo para dizer se essa do que exercer a profissão produção de informação e como jornalista em jornais.
E o que é melhor, fazer uma coisa que eu gosto, inclusive divulgando um esporte que eu pratico”, explica. Além disso, o jornalista da web não tem horários, nem pressão, nem controle de chefes. “No blog, não tem editor, dizendo que o formato tem que ser desse ou daquele jeito, por que o patrocinador é tal, no blog eu posso escrever à minha maneira”. Na opinião da acadêmica de jornalismo e estagiária do jornal A Notícia de Joinville, Ludmila Castro, “há muito espaço para esse tipo de jornalismo em Joinville”. Afinal, diz, os veículos
de comunicação tradicionais não absorvem todos os profissionais que se formam ano atrás ano. “Por isso, é importante que estudantes e jornalistas tenham essa visão ampliada, para criar e desenvolver outras possibilidades dentro da comunicação social”, argumenta. Já a professora e mestra do Bom Jesus Ielusc Valdete Daufemback acredita em outras possíveis saídas para o jornalismo. “Acredito que a saída é a cooperativa de jornalismo, pessoas que tem ideais, o jornalismo informativo como função social, de transformação, que atende a
“ “
A saída é o cooperativismo, entre pessoas que têm ideais” VALDETE DAUFEMBACK professora
No blog não tem editor ditando formato desse ou outro jeito” VALMIR SILVA blogueiro
sociedade dentro da comunidade”, acrescenta. “Numa cooperativa os jornalistas teriam uma liberdade de imprensa e não liberdade de empresa”, diz. Valdete também acredita que a internet é um meio massificado, pessoal e individual, onde cada qual desenvolvendo dentro do seu terminal, do seu computador. “O coletivo muitas vezes passa a ser massificante, em que poucas vezes leva a frente uma discussão dentro de uma ética mais cidadã, uma luta pela justiça, ela é muito individualizada”, finaliza. RITA DE CASSIA cassiawischral@ig.com.br PRISCILA CARVALHO
A rotina diária dos jornalistas vem mudando aceleradamente com o surgimento de novas mídias
Cultura
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13 DIVULGAÇÃO
Durante os anos 80, a banda perdeu prestígio e foi acusada de abandonar os caminhos do rock e seguir pelos caminhos do pop. O fôlego voltou uma década depois
SHOW INTERNACIONAL
Para ver os “dinossauros” de perto Nazareth, há 40 anos na estrada, passou por Joinville para matar a saudade dos fãs
V
er de perto uma das grandes bandas do rock internacional, sentir cada batida da bateria, cada nota feita na guitarra. As cerca de 2,5 mil pessoas que foram ao Clube dos Ginásticos em 22 de outubro tiveram a oportunidade de experimentar essa sensação única. Pela segunda vez em Joinville, a banda escocesa Nazareth levou ao palco sucessos como Love Hurts e Dream On, canções que fizeram do conjunto um dos protagonistas no Rock and Roll. Dos fãs presentes na plateia (a maioria, pessoas que acompanharam o sucesso meteórico da banda durante
a juventude), alguns tiveram o privilégio de acompanhar a apresentação do backstage. Douglas Ferreira, dono do blog A Hora do Rock N Roll (www.ahoradorocknroll.blogspot.com), tenta descrever este sentimento, mas não consegue: “ficamos a alguns centímetros dos veteranos do rock. Eu realmente gostaria de explicar a sensação, mas, ficar cara a cara com ídolos mundiais é, sem dúvida, indescritível”. “Estávamos tirando fotos para o blog e, mesmo durante o concerto, eles acenavam e olhavam para as câmeras”, conta Douglas, elogiando a simpatia da banda. Doug, como é conhecido, completa
dizendo que a falta das grades de segurança entre banda e público resultou numa “troca de química” mais intensa e próxima entre ambos. Após a apresentação, imprensa e admiradores tiveram um breve contato pessoal com os escoceses. Já na frente do hotel no qual estavam hospedados, o vocalista Dan McCafferty afirmou (com o típico sotaque de um homem oriundo da Escócia, dificultando a compreensão de quem o ouvia) que as turnês no Brasil são sempre especiais. “O show também envolve as belezas naturais que o sul do Brasil proporciona: as mulheres mais bonitas do mundo, a
caipirinha de cachaça e nossos fãs, obviamente”. TRAJETÓRIA Formada nos anos 60, Nazareth tem como formação original Dan McCafferty (vocal), Manny Charlton (guitarra), Pete Agnew (baixo) e Darrell Sweet (bateria). Com o álbum Razamanaz (1973), ganhou projeção no Reino Unido, colocando músicas na lista das dez mais tocadas nas rádios britânicas. Mas a glória máxima foi alcançada em 1975, com o disco Hair of the dog, um marco na época. Graças a músicas badaladas, como Love Hurts, o quarteto recebeu disco de platina nos Estados Unidos.
Depois de trabalhos muito criticados por alegada perda de essência nos anos 80, eles recuperaram o prestígio com No Jive (1992), já com um novo guitarrista, Billy Rankin. Em 1999, minutos antes de uma apresentação nos Estados Unidos, o baterista Derell Sweet morre em decorrência de um ataque cardíaco fulminante. Lee Agnew, filho de Pete, assume o posto. Ao todo, a banda lançou 21 discos e oito DVDs, sendo um deles gravado em solo brasileiro, mais precisamente em Curitiba, no ano de 2007. Matheus Mello senso_de_humor@hotmail.com
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Cultura
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EMANOELE GIRARDI
O humorista Hélio Barbosa, de Curitiba, é um dos expoentes desta safra de artistas que preferem realizar apresentações solitariamente nos palcos da região
COMÉDIA
Humor de cara limpa invade o palco O stand-up comedy ficou popular no Brasil estimulando a criação de clubes de comédia
M
onólogos teatrais, com uma pessoa sem — ou com o mínimo de — caracterização, só se tornam atraentes quando a ideia é rir das situações cotidianas e histórias que muitos já viveram. Essa é a proposta do Stand-up Comedy ou, como também é chamado, “Humor de cara limpa”. Nos últimos anos, o gênero conquistou fãs no Brasil, o que incentivou o investimento em mais apresentações no mesmo formato, inclusive em Joinville. O Stand-up surgiu nos Estados Unidos, no final dos anos 50. Em 70, ganhou popularidade e traçou o caminho da fama para muitos atores. Alguns seguiram para o cinema, como Jim Carrey, Whoppy Goldberg e Eddie Murphy. Outros conquistaram a televisão e ganharam séries com seus nomes, como é o caso de Ray Romano
(Everybody Loves Raymond) e Jerry Seinfeld (Seinfeld). Mas, a popularização fez com que surgissem comediantes ruins e o modelo do foi esquecido. Na década de 90, os standups voltam, solidificados, e o sucesso alcança outros países, como o Brasil. O ator, comediante e sapateador curitibano, Hélio Barbosa, admira e se inspira em alguns precursores do gênero, como George Carlin e Jerry Seinfeld. Ele, que já fez teatro e cinema, investiu no stand-up quando a modalidade de comédia começou a ficar popular. “Eu sempre gostei desses shows, acho uma forma muito genuína, a pessoa subir ao palco e falar o que pensa”, opina. O humorista aproveita tudo que sabe no espetáculo, inclusive o sapateado, seu diferencial. Hélio acredita que o campo da comédia é muito arriscado, já que fazer rir é difícil. Para dar certo, o segredo é
ter ritmo e surpreender: “Se a piada é desinteressante, ninguém acompanha.” Além disso, a plateia tem papel fundamental nas apresentações. “Quando há poucas pessoas, elas ficam tímidas e não riem. Se não há troca com o público, o espetáculo deixa de ter razão”, explica. Ele já se apresentou em todo o país e afirma que o público é bastante receptivo. “A gente parte do princípio de que se as pessoas saíram de casa para ir ao show, elas querem se divertir, estão preparadas para rir”, acrescenta. Para o comediante, há duas coisas que são as melhores nessa profissão: conhecer pessoas e receber o retorno da plateia – é “sentir as risadas entrando pelos poros”. O texto desse formato de show tem como característica o ineditismo. Ele deve ser criado pelo próprio humorista e falar sobre assuntos cotidianos, com os quais as
pessoas se identifiquem. Para compor o texto, Barbosa observa as situações pelas quais passa na vida e as transforma em piada. Ele ressalta que a maior dificuldade é escrever algo elegante e inteligente, ou seja, que faça o público rir sem apelar para grosserias. O processo é tão árduo que Hélio trabalhou praticamente 20 anos para escrever e produzir o espetáculo que apresenta desde 2006, Flash Bang: a comédia de um homem só. “Vou levar esse projeto até eu morrer. Acho que eu nunca vou conseguir escrever algo melhor”, comenta. VISIBILIDADE O comediante Hélio Barbosa faz parte do meio artístico desde 1982, quando começou a se apresentar em casas noturnas como showman. Depois passou pelo teatro e pelo cinema, e retornou à carreira de shows como humorista. Em 2007, partici-
pou do quadro Pistolão do Faustão, na Rede Globo, e ganhou. Segundo ele, essa foi a vitrine para o seu trabalho, quando alcançou maior reconhecimento, assim como o colega e humorista curitibano, Diogo Portugal. Joinville colabora na difusão da arte do stand-up comedy com o projeto Quarta Comédia, promovido pelo Joinville Garten Shopping. As apresentações de humor acontecem desde 15 de setembro, todas as quartas-feiras, às 20h. Os espetáculos são gratuitos, visam incentivar a cultura e o lazer na cidade e estão agendados até 10 de novembro. A iniciativa também colabora no reconhecimento dos artistas regionais. Quem se apresenta no Quarta Comédia vem do grupo “Santa Comédia”, de Curitiba, que é berço de alguns comediantes de sucesso. Emanoele Girardi mani.girardi@gmail.com
Comportamento
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SOCIEDADE
Atos de violência: bullying e assédio Psicólogo Daniel Tomazoni orienta vítimas a denunciarem os responsáveis pela violência
Q
uando alguém sofre algum tipo de violência, a atitude mais correta é denunciar o agressor. Nessa perspectiva, especialistas dizem que independente do tipo de agressão os casos não podem ser silenciados. E na maioria das vezes, as vítimas sofrem bullying, atos de violência física ou psicológica, e assédio moral. A violência pode ser caracterizada como palavras e ações que geram danos físi-
cos, emocionais, morais ou espirituais. No ambiente de trabalho, isso pode ser denominado como assédio moral. Já no espaço escolar, o termo usado nesses casos é bullying. Na maioria das vezes, as agressões partem dos próprios estudantes, o que pode resultar em traumas psicológicos. De acordo com o professor da Universidade do Rio de Janeiro João Paulo Balsini, as doenças psicossomáticas têm cada vez mais origens nas re-
ESPORTE
Cidade é formadora de grandes atletas Joinville, além de cidade dos príncipes, das flores, da dança e das bicicletas, também é marcada por grandes atletas. É nela que esportistas de diversas modalidades vêm se destacando. No tênis, por exemplo, temos os ex-jogadores profissionais: Diogo Cruz, Diego Cubas e Carolina Boscardin, que até hoje são referências na cidade, além de Ricardo Schlachter, que durante três anos vem atuando como técnico e treinador. Atualmente uma nova geração começa a aparecer e fazer diferença nas quadras. É o caso de Renato Rosa Junior, 13 anos, que conquistou o primeiro lugar do ranking estadual na categoria. E as irmãs Milena Poffo, 18 anos, que esteve entre as 20 melhores do Brasil, e Camila Poffo, 15 anos, que
chegou a ser considerada entre as dez melhores do país. Os atletas voltam a surgir e com grande estilo, afinal, Santa Catarina é apontada como celeiro na área dos esportes e, sobretudo, no tênis. O estado chegou a ser o anfitrião da famosa Copa Davis, que contou com a presença de alguns dos melhores tenistas do mundo, como, Guga, Ricardo Melo, André Sá, Flávio Saretta e outros. Na cidade de Joinville suporta uma boa estrutura para quem gosta de praticar esse esporte, além de poder contar com grandes equipes de profissionais da área. Como é o caso do treinador Ricardo Schlachter, 32 anos, mais conhecido como Rico. Ele foi o atleta joinvilense de maior destaque na modalidade, terceiro melhor do estado e, em 1998, venceu o
lações doentias no ambiente de trabalho e o primeiro passo é identificar o problema. “Existe uma necessidade de a empresa treinar os seus profissionais, instituir um departamento de RH bem treinado, para identificar, prevenir e tratar esse tipo de agressão”. Segundo o psicólogo Daniel Tomazoni, é importante trabalhar diretamente com os jovens, a família e desfazer essa forma de violência. “O bullying é um tipo de vio-
décimo melhor jogador do mundo, o nosso Guga. Durante oito anos, Rico jogou no Tênnis Club Grosshesselohe, na Alemanha. Foi também o melhor jogador joinvilense colocado no ranking profissional da Associação de Tênis Profissional (ATP), onde atingiu a posição 261 no mesmo ano. Infelizmente, como acontece com a maioria dos atletas, ele parou de jogar devido a uma lesão no púbis e por falta de patrocínio. Hoje, Rico comanda a Sports R&M, empresa parceira do Joinville Tênis Clube (JTC), que prepara grandes atletas e vem descobrindo novos talentos. Segundo o treinador, o tênis não parece, mas é um esporte muito caro. Anualmente, um atleta gasta, em média, 75 mil reais com passagens, estadias, alimentação, preparador físico e treinador. “Esse é o principal motivo responsável por muitos atletas promissores ficarem no meio do caminho”, afirma. Rozane Campos rozane.campos@yahoo.com.br
lência contemporânea, onde o agressor gosta de fazer com que a vítima sinta-se mal. Geralmente não age sozinho, ele sempre conta com o apoio de cúmplices”, explica. Nesses casos, as vítimas geralmente se calam. As crianças muitas vezes não denunciam por medo que os atos de agressões aumentem. Entretanto, pais e professores só tomam conhecimento do problema através dos efeitos e danos causados. “A resistência em voltar
à escola, queda de rendimento escolar, retraimento, depressão, distúrbios são os sintomas”, complementa o especialista. Portanto, os profissionais orientam as pessoas a revelar o problema. São várias características de personalidade que podem levar pessoas a praticar assédio moral e bullying, mas a maioria delas tem aspectos em comum, entre eles são anti-sociais e manipuladores. Lizandra Carpes da Silveira lizandra.carpes@hotmail.com
MANUELA FISCHER
Ricardo, ex-campeão, se dedica atualmente à função de treinador
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Comportamento
sim, golfinhos são fundamentais, baleias são imprescindíveis e não vivemos sem a mãe-natureza; também apoiamos o #forasarney, não gostamos do IP6 e lutamos por todo o tipo de igualdade; por fim, queremos paz na terra, erradicação da gripe suína e descanso eterno para o MJ... Desse modo, o que custa ter um diazinho de LEGÍTIMA ESBÓRNIA NO TWITTER, PORRA?
É
nesse tom de sarcasmo (citação acima) que os criadores do #lingerieday anunciaram a terceira edição da famosa hashtag, que aconteceu no dia 28 de julho de 2010. Os profiles @morroida @gravz e @ izzynobre propuseram o “evento”, mas nenhum deles esperava que a ação repercutisse tanto na rede social Twitter. A proposta é ousada e simples: trocar a foto do avatar por uma usando roupas íntimas. A primeira edição aconteceu em julho de 2009, como uma brincadeira, e hoje, duas edições depois – janeiro e julho deste ano -, já atraiu a atenção de revistas masculinas, lojas de lingeries, sex shops e produtoras de filmes pornôs, que sorteiam brindes para as participantes. Fernando Gouveia, 33 anos e advogado, o @gravz, é um dos criadores do dia das calcinhas, sutiãs e cuecas no Twitter, e relata que a brincadeira entre amigos tomou proporções gigantescas, chegando no Trending Topics mundial, obtendo a participação de vários países. Milhares de garotas aderiram, utilizando desde fotos com baixa qualidade tiradas com celular até produções profissionais. Contudo, a brincadeira
também gerou protestos e críticas. e recebeu muitos tweets ofensivos de Algumas mulheres manifestaram garotas que aderiram o lingerieday. indignação em relação a ideia. Ela ainda ressalta que em nenhum O exibicionismo e a “objeti- momento se posicionou contra a ficação da mulher” são os princi- participação de qualquer pessoa, mas pais motivos das críticas. “O lin- sim sobre a campanha ser sexista e gerieday não é coisa objetificadora das mudo outro. É coisa do lheres. “Sobre objetifiHASHTAG nosso mundo mescação, entenda-se coA proposta do mo, um mundo onde locar as mulheres em as mulheres não são posição subordinada #lingerieday no livres. Estão presas Twitter é trocar a foto à dos organizadores. É pelo reflexo do espeuma relação desigual: do avatar por uma lho, as caixas de coeles mandam, elas com roupas íntimas mentários virtuais e o obedecem. Eles são sumovimento de pesca jeitos, determinando de novos seguidores”, analisou Ana as regras; elas são objetos, obedecenCarolina Moreno, no blog Tre- do ao que foi mandado”, explicou zentos. A página do blog recebeu Cynthia. A professora acredita que inúmeros comentários criticando a a campanha trata as mulheres como autora, afirmando que ela é “gorda, entretenimento. “Como os organifeia e mal amada” e que não conse- zadores estão exaustos de questões gue compreender uma brincadeira ditas sérias, solicitam um momento inocente do twitter. A professora universitária, Cynthia Semíramis, que desenvolve pesquisas sobre direitos das mulheres, também criticou o movimento e fez um ensaio em seu blog pessoal sobre o assunto. Ela comentou no Trezentos concordando com o texto
de diversão e esbórnia, a ser proporcionado por fotos de garotas usando apenas lingerie”, avaliou referindo-se ao cartaz de divulgação. Fernando Gouveia acha normal as críticas feitas por algumas pessoas. Sobre o exibicionismo escrachado das meninas participantes, ele afirma que não houve nenhuma “revolução” de comportamento na blogosfera. “Acho que nem se trata de exibicionismo. Há um certo preconceito em relação ao mérito estético” Ele lembra que “cada um escolhe se quer aparecer”. Fernando reafirma que não é um evento sexista, pois existe a participação masculina. “É uma brincadeira boba, apenas”, completa. O próximo #lingerieday será no primeiro semestre de 2011. Jéssica Michels michelsfotografia@gmail.com FOTOS: DIVULGAÇÃO FOTOS DE INTERNET
Mulheres exibem fotos sensuais, vestindo apenas lingerie, em seus avatares no Twitter. O #lingerieday, que começou no Brasil, virou uma febre mundial
#LINGERIEDAY CAMPANHA PELO DIA DA LINGERIE, OU, EM LINGUAGEM TUITEIRA:
UM DIA COM O AVATAR (REAL) DE PURA LUXÚRIA. PARTICIPE!