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CONTRACAPA
Festival acabou, mas a dança continua
Dado Villa-Lobos quer esquecer a Legião
Polêmica, nova lei que está sendo discutida no Congresso Nacional, em Brasília, pode aumentar o rigor contra castigos físicos às crianças e aos adolescentes.
O Festival de Dança terminou, porém o ritmo não diminui. Bailarinos começam ensaios.
Ex-integrante da Legião Urbana fez show em Joinville em agosto e, em entrevista ao Prmeira Pauta falou sobre a carreira e o lançamento do novo álbum de sua banda.
Palmadas viram crime com nova legislação
JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DO BOM JESUS/IELUSC
JOINVILLE, SETEMBRO DE 2010 - EDIÇÃO 82 - GRATUITO
ELEIÇÕES 2010
POLÍTICA
Tudo
parado
Candidatos fazem campanha online
Pela primeira vez na história das eleições brasileiras, políticos são autorizados a realizarem propaganda eleitoral através da internet.
Página 4 QUE FIM LEVOU
Jet Bus desaparece do rio Cachoeira
Inaugurado com pompa e com dinheiro público, transporte marítimo até São Francisco do Sul já foi abandonado pelo governo do Estado.
Página 3
ESPORTE
Antes oposição, Prefeitura agora aprende a lidar com greve Página 5
Sem recursos, futebol amador tenta se manter
Páginas 7 e 8
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Opinião
Joinville - Setembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
artigo
Quem não se comunica se trumbica Por Sared Buéri Caso abatam uns trocados bancas de monografia, esforço da minha mensalidade, posso para deslegitimar o movimento prestar uma assessoria de co- estudantil que vem despertando municação ao Ielusc. Tive só a consciência dos clientes (!) da umas quatro aulas de comuni- faculdade. Essa sucessão de epicação institucional, mas foram sódios serve como água morna a suficientes para ter certeza de um grupo de professores e aluque a falta de comunicação da nos e como gasolina a outro. direção da faculdade que abriA falta de diálogo pela qual ga o curso de Comunicação optou a direção frustra as perssó aumenta o distanciamento pectivas de quem está cheganentre ela (a direção), professo- do agora ao Ielusc. Calouros res e estudantes. Justamente o de Jornalismo e Publicidade inverso que deveria ser fomen- e Propaganda que devem ter tado neste momento de crise ouvido lá fora que aqui estava financeira/pedagógica. a vanguarda do pensamento A direção da instituição não crítico da provinciana Joinville. pode se dar ao luxo de calar-se “Enganaram-nos!”, devem estar diante do debapensando. Mas te que ganhou a só em partes, eu SILÊNCIO internet, a impoderia responA direção da prensa e até a der-lhes. Ainda instituição não Câmara de Veque direção, pode se dar ao luxo readores. Palco coordenação ou de calar-se diante de uma reunião qualquer outro do debate na manhã do “ão” opte por último dia 19, calar-se diante o Legislativo tomou conheci- do que está escrachado na comento da situação ielusquiana munidade acadêmica ielusquia“apenas” a partir da interpre- na, a maioria dos estudantes tação dos estudantes. Embora estão se utilizando de todos os convidada, a “democrática” di- meios possíveis para discutir os reção do Ielusc não compare- problemas e perspectivas que ceu. A justificativa: a crise seria cercam o ensino superior no Iediscutida somente nas internas. lusc. Meios até agora imunes a Demissões, cortes de horas decisões unilaterais e arbitrárias de professores, diminuição de de quem era até agora conheciinvestimentos em projetos de do apenas por bonitos artigos extensão, censura à participação publicados regularmente na de “professores rebeldes” em mídia da província.
editorial
Um projeto eleito pela 4ª fase de jornalismo Sensíveis mudanças feitas no projeto gráfico do pre são travadas em busca de espaço para os textos. Primeira Pauta já podem ser apreciadas a partir desta Felizmente não há divergências entre redação e puedição. O logotipo talvez seja a primeira mudança blicidade neste periódico mensal. No entanto, deperceptível, mas está longe de ser a única. A partir de pois do projeto pronto, uma surpresa: precisávamos um longo exercício mental, os cerca diminuir o tamanho para a impresde 40 alunos da disciplina bancaram são. Superamos a dificuldade e alcanPRIMEIRO o desafio de aumentar o número de çamos os louros olimpianos. O desafio do novo páginas, mudar a tipologia, valorizar Com muitos alunos e uma puprojeto culminou mais fotografias e elementos gráficos. blicação de periodicidade mensal, com uma edição Tudo isso para tornar o projeto mais corre-se o risco de não haver tarefa limpa e o mais leve. Aliás, o fato de a turma ser compara todos, além de que o acompacompleta possível posta por um número bem superior nhamento individual pelo professor a 25 – o ideal – também é um obstáfica prejudicado. É com satisfação culo a ser superado por quem integra a “redação” da que a equipe do Primeira Pauta lhe entrega uma quarta fase do curso de Jornalismo do Ielusc. publicação esteticamente otimizada; com o comDiscussões não faltaram, especialmente entre promisso de não se afastar da busca pela constante editores e diagramadores. Batalhas quase épicas sem- qualificação do conteúdo.
COORDENADOR DO CURSO Professor Sílvio Melatti
Jornal Laboratório do Curso de Comunicação Social - Jornalismo EDIÇÃO 82 - SETEMBRO 2010 Contato com a redação Associação Educacional Luterana Bom Jesus/Ielusc Rua Princesa Isabel, 438 - Centro CEP 89201-270 - Joinville - Santa Catarina Telefone: (47) 3026-8000 - Fax: (47) 3026-8090 E-mail: nossoprimeirapauta@gmail.com
DISCIPLINA Jornal Laboratório I
Gustavo Cidral Patrícia Cristiane Schmauch Ronaldo Vinicius Santos
COORDENADOR DE PRODUÇÃO Eduardo Rogério Schmitz
EDITORES Ariane Souza Pereira Daiana Constantino Jean Carlos Knetschik Maellen Muniz Rita de Cássia Wischral Tiffani Louise dos Santos
DIAGRAMADORES Augusta Fehrmann Gern Edinei Schimieguel Knop Emanoele Girardi
EDITORES DE FOTOGRAFIA Fernanda Helbing da Rosa Jaqueline de Mello Priscila Farias Carvalho
PROFESSOR RESPONSÁVEL Luís Fernando Assunção
REPÓRTERES Aline Maria Seitenfus Ana Luiza Abdala José Ana Paula da Silva Bárbara Elice da Silva de Jesus Francine Tainá Ribeiro Jaqueline Dias Lizandra Carpes da Silveira Nunes Matheus Simões Mello Mayara Francine da Silva Polianna Cristina Moraes Renan Pereira da Costa Rozane de Oliveira Campos Almeida Sandro Alberto Gomes Sared Buéri Vitor Augusto Forcellini Alves
Vivian Carolini Braz FOTÓGRAFOS Camilla Elizabeth Gonçalves Diego Porcincula Gisele Silveira Guilherme Mauricio Duarte Jéssica Michels Luísa de Campos Desiderá REVISOR Ronaldo Vinicius Santos IMPRESSÃO Jornal A Notícia 2 mil exemplares
Opinião
Joinville - Setembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
que fim levou?
Jet Bus: projeto foi por água abaixo Depois do fracasso do Jet Bus, gional de Joinville (SDR), disse a tentativa de levar o barco para a que “devido a falta de um retorno cidade de Paranaguá (PR), tam- rápido dos investimentos, a embém não teve um final feliz. Três presa dona do Jet Bus decidiu por meses foram o suficiente para que remover o barco da cidade”. a embarcação regressasse ao ponA Prefeitura de Paranaguá não to de origem: Joinville. A novela explicou os motivos pelos quais a teve início em outubro de 2008, embarcação não permaneceu no quando o barco, com capacidade Estado. A empresa Jet Bus, que para 87 passageiros, tinha por diretor chegou à cidade. Fernão Sérgio de ATRACADO Durou até julho de Oliveira, fechou Transporte 2009, quando as suas portas deaquaviário está tentativas de inspois da “falta de parado desde o talar uma hidrovia retorno dos ininício do ano em ligando Joinville a vestimentos”. Joinville São Francisco do Atualmente Sul mostraram a a embarcação se inviabilidade pelas condições de encontra aos cuidados da Marina navegação do Rio Cachoeira. Porto do Sol que a aluga para gruThiago Dias, assessor da Se- pos fechados. “O barco está desaticretaria de Desenvolvimento Re- vado pela impossibilidade de nave-
gação no Rio Cachoeira”, explica o diretor da marina, Guilherme Weber. Tal dificuldade se dá pela falta de dragagem definitiva. Existem projetos futuros para a embarcação voltar à ativa. É necessária, para isso, a reparação na estrutura da hidrovia. “O investimento da compra do barco já foi feito, só falta estabelecer a navegação”, completa. Luxuoso e confortável, o Jet Bus é um investimento particular que contou com a participação do governo estadual para efetuar a dragagem. Os gastos obtidos com a instalação de sinalização náutica resultaram em um montante de cerca de R$ 800 mil por parte do Governo do Estado. Aline Seitenfus alinem.seitenfus@gmail.com
Dinheiro público em investimento privado O Jet Bus é um investimento privado, mas teve dinheiro público no projeto em si. Segundo entrevista do então governador Luiz Henrique da Silveira, publicada em janeiro deste ano, no jornal A Notícia, o Governo do Estado gastou R$ 2.104.281,10 no que deveria ser um transporte aquaviário ligando Joinville à São Francisco do Sul. A verba foi aplicada para deixar o barco em condições de navegação. Inclui-se nessa cota, a compra de bóias de sinalização para os 23 km da hidrovia. O valor cobre ainda a dragagem do trecho por onde passaria o “ônibus marítimo”. Apenas a plataforma de embarque, atrás do Mercado Municipal, custou cerca de R$ 110 mil aos cofres públicos. JÉSSICA MICHELS
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@twitter O que eles(as) falam em 140 caracteres @DaniloGentili Agora q é contra a lei bater em criança como vão fazer pro recémnascido chorar? @OCriador Não reclamem da criminalidade, na época de Caim e Abel, 25% da população era assassina. @OCriador A fina ironia é que o dinheiro do dízimo tem realmente ido para o paraíso, mas o fiscal. @marcelotas Eike Batista ganhou empréstimo do BNDES. Depois arrematou terno de Lula por R$ 500 mil no leilão beneficente. Caridade ou gratidão? @marcelotas Eike arrematou terno de 500 mil. E você qual a roupa mais cara que já comprou? @kibeloco Dilma hoje falou “confrito”, “pograma” e “estrupo”. Já disse: até outubro, ela deixa a barba crescer e tira o mindinho. http://migre.me/15GPD @hpiva Horário político parece o Zorra Total. Os personagens mudam a cada 4 anos mas as piadas são as mesmas. @ marcelotas #Eleições2010 @primeirapauta Sugira tweets para a coluna do twitter no Primeira Pauta. Sua opinião é muito importante! twitter.com/primeirapauta
Local onde seria o embarque do Jet Bus, atrás do Mercado Municipal, amarga um triste vazio
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Política
Joinville - Setembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
ELEIÇÕES 2010
A hora de clicar nos canditados Corpo-a-corpo, TV, rádio e panfletagem não são mais as únicas formas de buscar votos
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eleições em 2008 nos EUA levaram Barack Obama à presidência. O chamado “Efeito Obama” foi marcado pelo uso de meios digitais. Isso despertou no Brasil o desejo por uma ferramenta até então pouco explorada em campanhas políticas: a internet. Em 2009, foi aprovada a nova legislação eleitoral brasileira, a qual regulamenta o uso de campanhas on line. Partidos foram autorizados a utilizar a rede com liberdade, ao contrário de anos anteriores quando a internet estava sujeita às mesmas restrições de outras mídias. Nas eleições 2010, cresce o número de candidatos que apostam na rede como meio de interagir com os eleitores.
Eles medem em tempo real a opinião e reação do público, debatem com adversários e estabelecem agendas. Dos candidatos à Assembleia Legislativa e Câmara Federal, 40 são de Joinville. Entre eles, 13 não se engajaram no cenário virtual para expor ideias ou interagir com os eleitores. Dos que investem na campanha on line, temos 12 exemplos de mídia interligada às redes sociais. Em todos estes casos, são os assessores que trabalham na atualização dos conteúdos, devido a agenda dos candidatos. Salvador Neto, assessor do candidato a deputado federal Mauro Mariani (PMDB), é um exemplo. Neto divide com outros membros da assessoria a atu-
alização do site, Facebook, cuida de outro, exclusivaOrkut e Twitter. “Antes mente sobre a campanha. era só o Mauro que usava O resultado é a diferença o Twitter, agora dividimos no número de pessoas que esse espaço. Mas todo o con- acompanham o perfil pesteúdo postado é passado por soal (2.551 seguidores) e o ele antes e só ele responde os da campanha (126). Charrecados do Orkut”, confir- les Henrique Voos, formado ma o assessor. em Ciências Políticas pela Mariani criou o site e o Univali, foi candidato a veTwitter antes reador de Joinda campanha ville em 2008 INOVAÇÃO iniciar. Assim pelo PDT. Eleição 2010 é a como o peHoje ele acomprimeira da história panha alguns emedebista, com canditados Kennedy Nucandidatos utilizando a internet pela internet e nes, candidana campanhaw to a deputado comenta sobre estadual pelo essa diferença PP, é um dos políticos ca- na quantidade de seguidotarinenses que mais utiliza res. “Na internet tem de a internet. É também um haver diálogo, participação, dos únicos a separar os per- aquela sensação de proximifis no Twitter. Ele posta no dade. As pessoas querem ver perfil pessoal e a assessoria que ali existe uma pessoa,
não uma máquina”, opina. Um ponto positivo nas campanhas on line, apontado pelo jornalista Cleiton Bernardes, é a abertura desse espaço nas redes sociais. “Abrangência ao público mais jovem, que, teoricamente, não gosta de política, mas é antenado no mundo virtual”, aponta. Ao analisar os perfis dos candidatos na internet é possível perceber que 30% deles ainda têm dificuldades de utilizar redes sociais. “Muitos políticos só descobriram a internet na véspera da campanha ou quando ela começou, não têm intimidade com o meio e deixam o trabalho para terceiros”, completa Bernardes. Polianna Moraes polianna.cmoraes@gmail.com
DIEGO PORCINCULA
Palavra do candidato Formado em jornalismo pelo Bom Jesus/Ielusc, Leonel Camasão, 23 anos, é candidato a deputado federal pelo Psol. Ele possui Blog, Twitter e Orkut. Primeira Pauta - O Psol é o primeiro partido ao qual você é filiado? Leonel Camasão - Sim. Mas meu envolvimento na política é anterior. Ainda adolescente, participei de uma eleição no grêmio da escola Governador Celso Ramos. Depois, no Ielusc, fui presidente do DCE. Na mesma época, entrei no Movimento Passe Livre, onde militei por quatro anos. Eleitores podem acompanhar campanha de candidatos pela internet com ferramentas como o Twitter
PP - Quais meios que mais utiliza para divulgação? Leonel - Primordialmente internet, até pela questão do custo. Eu já possuía um blog há dois anos e mantive o endereço como site de campanha. Envio um boletim informativo semanalmente e também tenho Twitter e Orkut. Fazer campanha no universo digital é fundamental, independente de verbas.
Política
Joinville - Setembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
GREVE
Uma verdadeira prova de fogo para Carlito Prefeito participou de piquetes na greve dos servidores de 1992; agora, do outro lado, tenta acabar com o movimento
A
pesar de sérias vidores de Joinville à época, consequências na Malvina Locks. Depois de saúde, a greve de- 42 dias de paralisação, Luiz flagrada dia 23 de Gomes deu o braço a torcer agosto pelos servidores pú- e concedeu 75% de reajuste, blicos de Joinville não chega divididos em três parcelas. aos pés daquela enfrentada Houve brigas e chiadeira, por Lula, alcunha do ex-pre- mas aos poucos a vida voltou feito Luiz Gomes, em 1992. ao normal. Na época, 98% dos cinco A greve que Carlito enmil trabalhadores da Prefei- frenta parece pequena, diantura cruzaram te dos míseros os braços. Ago5,49% proposSERVIDORES ra, os grevistas tos de reajuste Pouco aumento são pouco mais aos servidores. gera revolta entre de 600, diante Mas no final os funcionários de um univerdas contas reda Prefeitura de so de 11,2 mil sulta numa ciJoinville funcionários. fra milionária Mesmo assim, de R$ 22 mia paralisação constitui-se em lhões na folha de pagamenprova de fogo para o prefeito to da Prefeitura. E, se fosse Carlito Merss (PT). paga numa canetada apenas, Xará do presidente Luiz como querem os servidores, Inácio da Silva, o Lula de 92 resultaria em R$ 7 milhões era do PDS e demorou um de acréscimo. Para não demês para falar com os grevis- sembolsar os R$ 29 milhões, tas. Greves não eram vistas Carlito esperneou, com com bons olhos, num Bra- medo de extrapolar o limisil recém-saído da ditadura te de 53% do orçamento e pouco acostumado com a destinado ao pagamento democracia. Mesmo assim de funcionários e ser ennão houve como conter o le- quadrado na Lei de Resvante, principalmente com a ponsabilidade Fiscal pelo inflação galopante da época, Tribunal de Contas. que beirava os mil por cento Por este detalhe, ao ano e levou muita gente o repasse será feito boa à falência. em três parcelas, As perdas salariais de na casa de um ou 1992 giravam na casa de dois por cento, por 120%, como lembra a pre- mais que gritem os sidente do sindicato dos ser- manifestantes. Para
quem ganha salário de R$ 1 mil, por exemplo, o repasse será inferior a R$ 10,00 por mês. A revolta dos servidores não poderia ser maior, principalmente quando a situação já não é das mais confortáveis, como no caso da copeira do Hospital São José, Lenita Schmitz, cujo marido não vê a cor de seu salário há um ano, graças à crise na Busscar, uma das maiores fabricantes de ônibus da América Latina. No hospital onde Lenita trabalha há 22 anos, outros
110 servidores deixaram seus postos de trabalho. Na maioria são técnicos de enfermagem, extenuados com um cenário de guerra vivido nas enfermarias lotadas do Pronto Socorro, onde corredores são transformados em alas improvisadas de observação. Técnicos chegam a sofrer lesões, tamanho o esforço físico para atender pacientes que afluem do Norte e Nordeste de Santa Catarina, como a pequena, porém guerreira,
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Fernanda Maria do Rosário, 31 anos, nove deles dedicados ao hospital. No último dia 16 ela sofreu uma luxação no ombro após 18 horas consecutivas de trabalho no pronto-socorro. Com a greve, as enfermarias do São José esvaziaram por um motivo simples: sem ter quem atenda, pacientes procuraram outros hospitais. Os pacientes que ainda estão nas enfermarias recebem alimentação de serventes que substituem as copeiras em greve. Os técnicos e enfermeiros que não aderiram estão ainda mais sobrecarregados e se negam a atender casos que não sejam emergenciais. Eleitores voltaram para casa sem atendimento. Sem dúvida, a greve é uma prova de fogo para Carlito, que precisou agir rápido, ao contrário de Lula, ouvir servidores e negociar. Em tempos de eleição, Carlito sabe o quanto o fogo pode queimar. Sandro Gomes sandro@noticiasdodia.com.br EDUARDO SCHMITZ
Apoiadores de Carlito acompanham de perto a greve dos servidores
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Segurança
Joinville - Setembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
POLÊMICA
Bombeiros militares não apoiam voluntariado Serviços prestados gratuitamente pelo Corpo de Bombeiros Voluntários são reivindicados por instituição militar do Estado
“ “
Sentimos a pressão do Corpo de Bombeiros Militares para acabar com os voluntários” Se os bombeiros militares tomarem o CAT em todas as cidades, será cobrado um preço alto pelo serviço.” ADEMIR ORSI presidente da Abvesc
O
Corpo de Bombei- O órgão afirma que parte ros Militar de San- dos serviços realizados pelos ta Catarina (Acors) bombeiros voluntários é de entrou com uma responsabilidade exclusiva ação junto ao Ministério dos militares. Público Estadual para reO presidente da Assemtirar o direito de prestação bleia Legislativa, Gelson Luis de serviços do Centro de Merisio, enviou uma soliciAtividades Técnicas (CAT) tação ao governo para apoiar dos Bombeiros Voluntários técnica e financeiramente a de Santa Catarina (Abvesc). atuação de entidades privaEssa ação pode impedir que das na defesa civil, particuos Bombeiros Voluntários larmente corporações civis emitam licenças de manu- de bombeiros voluntários. tenção, construção e alvarás Segundo essa solicitação, em geral para funciona- centenas de cidades catarimento de estabelecimentos. nenses não possuem qualquer Em média, tipo de serviço o Corpo de de bombeiros APOIO Bombeiros militares, coAL recorre ao Voluntários de munitários ou governo em busca Joinville realivoluntários e de mais postos za 30 vistorias muitas corpode atendimento por dia e não rações militamilitares em SC cobra nenhum res não posvalor pelo sersuem estrutura viço, ao contrário dos Bom- para atuar nos municípios. beiros Militares. Para Orsi, se os BomExiste no poder legisla- beiros Militares tomarem o tivo uma proposta para que CAT em todas as cidades caas entidades voluntárias con- tarinenses, será cobrado um tinuem a prestar serviços. preço alto pelo serviço. “SenMesmo assim, o município timos a pressão do Corpo de Seara já sofre com a falta de Bombeiros Militares para da atuação voluntária. acabar com os voluntários”, O deputado Dieter Jans- completa. Com o receio de sen e o presidente da Abvesc, que a decisão judicial abranja Ademir Orsi, apresentaram o todas as entidades, Orsi proproblema e demonstram pre- move reuniões para buscar ocupação com a Ação Dire- regularizar a atividade. ta de Inconstitucionalidade Lizandra Carpes (Adin) movida pelo MPE. lizandra.carpes@hotmail.com
CAMILLA ELIZABETH
Ação na justiça pode impedir atuação voluntária nas vistorias de construção e alvarás em geral
Geral
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07 EDUARDO SCHMITZ
DISCUSSÃO
Deputado estadual quer mudar o hino do Estado Gilmar Knaesel apresentou à Assembleia Legislativa projeto para um novo símbolo musical catarinense
“
É aquele: Já podeis da pátria filhos?”, pergunta Juliana Savi, 20 anos, aluna de Ciências Contábeis, quando questionada sobre o hino de Santa Catarina. Ao ser corrigida e informada sobre uma possível transformação, ela comemora: “Eu acho que deve mudar sim, ninguém conhece, além de ser muito feio.” Como Juliana, muitos catarinenses desconhecem a letra, ou até mesmo nunca ouviram falar no hino do estado. O hino mudará se depender do deputado estadual Gilmar Knaesel (PSDB). Ele propôs um projeto que visa transformá-lo em algo mais atrativo e popular. Knaesel aposta na falta de identificação dos catarinenses com o hino. O deputado alega que o que deve conter na letra são referências sobre uma nação, tendo como objetivo criar identidade entre o símbolo e a coletividade. A proposta segue na Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia, e será analisada
por um relator que avaliará se ela é constitucional. Se for aprovada, seguirá para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que só então poderá organizar um plebiscito junto às eleições de 2012. O trajeto burocrático dá mais tempo para a população pensar a respeito de uma mudança radical em um hino que possui mais de um século de idade. O HINO Introduzido no ano de 1892 e sancionado por lei em 1895 durante o governo de Hercílio Luz, o hino do Estado de Santa Catarina foi escrito pelo carioca Horácio Nunes Pires e musicado pelo pernambucano José Brazilício de Sousa. O professor de história Douglas Bahr Leutprecht percebe que a letra do hino catarinense possui várias referências libertárias, e de construção de um estado igualitário. Segundo ele, estrofes como a citada abaixo demonstram claramente o pensamento abolicionista da época.
“Quebram-se férreas cadeias, Rojam algemas no chão; Do povo nas epopéias Fulge a luz da redenção.” Ao mergulhar na história de Santa Catarina, Leuprecht afirma que o estado não possuía caráter muito escravocrata, e
Você conhece a letra do Hino de Santa Catarina?
que ficou muito mais caracterizado pelo minifúndio do que pelo latifúndio, que usava mão de obra escrava. O professor de história compreende Knaesel, já que os hinos foram criados para fortalecer o sentimento de pertencimento ao estado-nação. Leutprecht acredita que os estereótipos são um dos motivos para a falta de personalidade do hino - pois adjetivos como bravo, forte e corajoso pertencem a muitos hinos
Mayara Silva mf_silva90@yahoo.com.br
Você quer a mudança da letra? 100% não conheciam o hino de Santa Catarina
10% nunca ouviu na vida o hino catarinense
brasileiros. Leuprecht não segue as mesmas ideologias patrióticas às quais os hinos pertencem, mas afirma que se for para mudar, que seja para um hino que tenha a cara dos catarinenses. “Acredito que é válida a idéia de que o próprio povo possa escolher o hino que o representará, já que aparentemente não foi consultado há mais de um século, quando foi escrito o atual.”
80% quer a mudança na letra do hino de Santa Catarina 20% não quer a mudança na letra proposta pelo deputado
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Espe
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DIVULGAÇÃO
ESPORTE AMADOR
Sobra bo
mas falta re
Futebol amador joinvilense tem jogadore dedicados, mas não recebe incentivo fina
T
Cinésio trabalha na Tupy e joga pelo time amador da empresa, que mantém o campo e a equipe
rabalho e futebol. Es- ciação. Um benefício trazido sas são palavras que pela aliança entre time e tradefinem bem a rotina balho é a interação que aconde muitos atletas do tece entre os atletas nesses amesporte amador em Joinville. bientes. Mas a falta de tempo Uma atividade com grande é o maior problema para os número de praticantes, mas que têm uma dupla jornada. com pouco apoio e reconhe- “Muitos acabam desistindo, cimento. Conciliar a vida por não conseguirem passar profissional à família e aos jo- momentos com a família”, gos não é tarefa fácil. Cinésio relata Cinésio. No caso dele, Mendes Junior é prova disso. o maior incentivo está justaEle divide seu tempo entre mente no suporte familiar. trabalho, família e os treinos “Se não recebesse apoio, seria de futebol, que acontecem muito mais fácil desistir de duas vezes por tudo”, salienta. semana. Cinésio O clube no DINHEIRO é atleta da Assoqual ele joga é Falta de incentivo ciação Atlética mantido pela financeiro é um dos Tupy. Gastos Tupy, clube que principais motivos disputa a pricomo as mapara fechamento meirona da Liga nutenções do de clubes Joinvilense de campo e do Futebol Amatime são pagos dor (LJF). Os jogos ocorrem pela empresa. aos finais de semana. “É uma A realidade de Cinésio é atividade que exige muitos sa- vivida pela maioria dos jogacrifícios”, afirma. dores da modalidade. Já a de O jogador já atuou pro- seu time, não. De acordo com fissionalmente em alguns clu- o presidente do Aviação Fubes, mas desde 2006 preferiu tebol Clube, Nelson Cercal, optar somente pelo futebol todos os atletas que jogam amador. Segundo ele, o es- possuem emprego fixo e diviporte possibilita que o atleta dem o tempo entre essas duas tenha uma vida profissional atividades. O time, que disparalela aos jogos do campe- puta a série B do campeonato onato. No caso da AATupy, ,arca com todas as despesas, e os integrantes trabalham na tem apenas um patrocinador. própria fábrica ou na Asso- “No mínimo, deveríamos ter
ecial
Joinville - Setembro 2010 PRIMEIRA PAUTA
09 DIVULGAÇÃO
ola,
ede
es anceiro quatro ou cinco para cobrir os gastos”, lamenta. O valor para participar dos campeonatos é alto. O clube se mantém com o dinheiro proveniente do aluguel do estádio que possui, e da venda de bebidas no bar anexo, o que, no mínimo, mantém o gramado. Para os atletas, é destinada uma baixa quantia. “Temos um custo mensal de aproximadamente R$ 5,6 mil para pagar todos os jogadores”, calcula. Conforme Cercal, alguns times que disputam o campeonato têm condições financeiras de pagarem bons salários aos atletas, trazendo inclusive jogadores que antes atuavam no futebol profissional. Falta de incentivo é um dos principais motivos para o fechamento de muitos clubes. De acordo com o tesoureiro do Grêmio Esportivo Pirabeiraba, Rogério Andrioli, a dificuldade financeira é realidade em muitas equipes de futebol amador na cidade. Para manter seu estádio, o Pirabeiraba conta com o auxílio de parceiros. “O clube paga o custo de combustível para o deslocamento dos atletas em competições, o lanche e um valor em dinheiro”, esclarece. Francine Ribeiro francinetaina@gmail.com
A Liga estimula os times participantes a investirem nas categorias de base, atraindo patrocínio e aproximando a comunidade do esporte
Sem apoio, entidade busca incentivar investimento na base Mesmo sem a colaboração do poder público, a Liga Joinvilense de Futebol Amador busca motivar os times que participam das competições. Para o diretor administrativo da LJF, Edgar Moretti, o esporte contribui para a formação do caráter do cidadão. “Se olhassem para o esporte como olham para a cultura, tudo seria melhor”, diz. O estímulo para que os clubes invistam
nas categorias de base (atletas de até 17 anos) é o principal. Segundo Moretti, essas iniciativas colocam as famílias mais próximas ao clube, e atraem mais patrocínio. “Gastos com as categorias de base devem ser vistos como um investimento em longo prazo”, alerta. Todos os anos são encaminhados para o Estado, projetos e campeonatos promovidos pela Liga. Mas a aprovação nem sempre
acontece. De acordo com o diretor, quando o dinheiro é liberado, quase nunca é o suficiente. Além dos clubes joinvilenses, o campeonato conta também com a participação de equipes que não possuem liga e estão localizados na região Norte do estado. É o caso das cidades de Barra Velha, Garuva e Araquari. As competições das categorias de base também são promovidas pela LJF, e reú-
nem um total de 12 times. Na categoria adulto, esse número sobe para 34. Durante todo o campeonato, um total de 500 jogos são realizados. E as competições estão cada vez mais organizadas. “Todos os campos onde acontecem os jogos têm alambrado, e a bola utilizada é a padrão”. Com 75 anos de fundação, a Liga Joinvilense de Futebol Amador realiza o maior campeonato do estado.
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Geral
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BEBIDAS
Para confirmar o descumprimento da lei, outro adolescente de 15 anos, que também preferiu não revelar o nome, fala que na maioria das vezes a documentação não é exigida. “Já pediram minha identidade algumas vezes, mas porque tenho baixa estatura. Mesmo assim, em muitas vezes me vendem cerveja como se eu tivesse mais de 18 anos”, revela. “Certa vez fui a um show de uma banda muito conhecida, em uma das maiores casas noturnas da cidade. Eu e muitos outros menores de idade conseguimos comprar bebida pesar de a legisla- facilmente”, complementa. Diante deste cenário cação federal prever a proibição de bebi- ótico o Ministério Público das alcoólicas para é o órgão responsável pela menores de 18 anos, o con- fiscalização. De acordo com sumo acontece normalmente Débora Batista, oficial da entre os jovens. Como qual- Promotoria da Infância e quer outra substância tóxica, Juventude, flagrar a venda o álcool vicia e causa sérios de bebidas alcoólicas para danos a saúde. Entretanto, os menores de 18 anos é uma estabelecimentos comerciais tarefa difícil. “Fiscalizamos parecem fazer vista grossa para regularmente os estabelecimentos da cidade, mas, as vendas dessas mercadorias. Um garoto com 16 anos, o flagrante é praticamente sem se identificar, relata a fa- impossível”. Entretanto, decilidade em comprar bebidas núncias chegam a Comarca alcoólicas nos estabelecimen- de Joinville quase todos os tos. “É muito fácil princi- dias. E, ainda assim, Batista afirma que os palmente para casos são avequem aparenta FISCALIZAÇÃO riguados pela ser maior de O Ministério promotoria. idade. Ninguém Público é o órgão Segundo pede identiresponsável por o Estatuto da dade, como se fiscalizar a venda de Criança e do tudo fosse perbebidas alcoólicas Ad o l e s c e n t e , mitido”, afir“vender, fornema. Porém, ele diz que a única abordagem cer ainda que gratuitamenacontece nos supermercados. te, ministrar ou entregar, de “Os atendentes até pergun- qualquer forma, a criança tam se sou maior de idade, ou adolescente, produtos mas eles fingem acreditar no cujos componentes possam causar dependência física ou que digo”, conta. Na contramão, Schmidt psíquica, ainda que por uti- dono de um bar na área lização indevida”. E os infracentral da cidade – garan- tores podem ser punidos. “A te que pede o documento punição pode variar de dois de identidade aos clientes a quatro anos, e multa, se mais novos. “Mas caso eu o fato não constitui crime não verificar, não tem pro- mais grave”. blema porque não há fisca- Matheus Mello senso_de_humor@hotmail.com lização”, enfatiza.
Vistas grossas na venda de álcool para menores Ministério Público fiscaliza irregularidades, mas tem dificuldade em flagrar o crime no comércio da cidade GUILHERME DUARTE
Consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos acontece normalmente nos bares de Joinville
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Geral
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JÉSSICA MICHELS
Com a lei aprovada, qualquer pessoa pode denunciar ao juizado e Conselho Tutelar um vizinho, amigo ou parente de ter abusado nos castigos impostos a um filho
POLÊMICA
Palmadinhas agora nem pensar Legislação mais rígida pretende coibir qualquer tipo de castigo físico em crianças e adolescentes
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uem nunca em toda a sua vida levou uma palmada? Não é difícil encontrar alguma criança que não tenha levado, pelo menos, alguns “tapinhas” dos pais. Embora seja comum, essa ação se tornou polêmica após um projeto de lei proibir todo e qualquer castigo físico contra crianças e adolescentes, e até mesmo as chamadas palmadas pedagógicas. Atualmente, a Lei 8.069/90 condena maustratos, no entanto, não espe-
cifica os castigos, deixando para a Justiça a apreciação dos casos. Agora, com a “Lei da Palmada”, o artigo passa a definir todo “castigo corporal” como qualquer “ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em dor ou lesão à criança ou adolescente”. A polêmica não está no lesionar, mas na expressão “que resulte em dor”, que, na prática, elimina até mesmo o uso das palmadas pedagógicas na educação dos filhos.
Essa proposta polêmica foi apresentada em dezembro de 2003 pela deputada Maria do Rosário (PT-RS), e aprovada pelo presidente Luís Inácio Lula da Silva. Na época, a petista explicou que quando se referia ao “castigo físico”, ela queria dizer “proibição aos pais de dar palmadas, tapinhas ou chineladas nos filhos em qualquer situação”. Segundo a psicóloga Marilu Dolsasso, a harmonia na família pode ser encontrada com ajuda de especialistas.
“Tudo depende da dinâmica familiar, mas não tem como proibir os pais de repreender os filhos. Por outro lado, cabe ao psicólogo orientar qual a melhor forma e as adequações necessárias para que não haja desgaste dentro de determinada família”, aconselhou. Com a lei aprovada, qualquer pessoa pode denunciar um vizinho, amigo ou parente de ter abusado nos castigos impostos a um filho, seja ele criança ou já adolescente. Basta que con-
sidere que houve excesso. A denúncia pode ser feita nos Conselhos Tutelares dos Juizados da Infância e da Juventude ou nas promotorias de Justiça, nas delegacias de polícia e nas próprias escolas, que já teriam poder para encaminhar essas denúncias. E para os infratores ficam as advertências, encaminhamentos a programas de proteção à família e a própria orientação psicológica, como penalidades. Renan Pereira da Costa renan_pereiracosta@hotmail.com
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Meio Ambiente
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RESÍDUOS SÓLIDOS
Senado aprova política dos resíduos sólidos O projeto estabelece a “responsabilidade compartilhada” entre governo, indústria, comércio e consumidor final
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As pessoas se dizem interessadas no meio ambiente, mas é puro comércio” MARY FRIEDRICH ambientalista
“
É um avanço, mas o Projeto de Lei deverá ser submetido ao Senado” DAYANE FRIEDRICH ambientalista
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Plano Nacional de danças climáticas, no questioResíduos Sólidos namento do atual padrão de (PNRS), aprovado produção e consumo e na preno dia sete de julho servação de recursos naturais. na Câmara dos Deputados após O caminho da sustentabilida19 anos de tramitação, prevê a de exige um esforço conjunto obrigação de os fornecedores do poder público, do setor estabelecerem logística reversa produtivo e da sociedade. para produtos com algum grau Segundo a Ong Ambiverde toxicidade, inclusive os ele- de que é uma das pioneiras a troeletrônicos. Na prática, o lançar o mutirão do lixo eletrôprojeto estabelece a coleta e a nico, o vai e vem de empurrarestituição dos descartes às em- empurra ocorre pois o comérpresas para reaproveitamento cio nem os fabricantes querem ou outra destinação final am- se responsabilizar. Com isso, bientalmente adequada. são as empresas que precisam A ausência de uma políti- fazer o descarte. Mas para isso, ca nacional de deve-se pagar resíduos sóliem média R$ PROJETO dos favorece a 0,80 centavos A lei se refere a multiplicação por lâmpada. todo tipo de resíduo: de lixões a céu “O material doméstico, industrial, eletrônico virou aberto, efluentes construção civil, industriais que um comércio de eletroeletrônico... contaminam vendas, as pesrios e lençóis fresoas se dizem ináticos, as enchentes causadas teressadas no meio ambiente, pelo acúmulo de entulho nas mas é puro comércio”, desabagalerias de esgoto, os surtos de fa a Presidente da Ong Ambidengue por conta do descarte verde, Mary Friedrich. Ela fala inadequado de pneus usados propriamente da lei que foi etc. A questão do lixo não se aprovada, mas que agora vai resume a sujeira ou restos, tra- para o Senado para finalmente ta-se de um problema de saú- ser executada. “A PNRS tem de pública, de preservação dos que ser bem regulamentada, é nossos recursos hídricos e do primordial e necessário que a solo e de saneamento básico. elaboração desses pontos que A discussão sobre a desti- irão dizer como irá se aplicar a nação adequada dos resíduos norma se dê de forma pública sólidos se insere entre as prin- e participativa, principalmencipais preocupações mundiais te dos envolvidos diretamente no enfrentamento das mu- nessa área”, afirma.
O grande desafio é estabelecer um marco regulatório de resíduos sólidos que seja um instrumento indutor do desenvolvimento social, ambiental e econômico. Assim, o lixo deixa de ser um problema e se desmembra em diversas oportunidades na medida
em que gera novas riquezas e negócios. “É um avanço otimista, visto a bronca da ONU sobre a gestão brasileira de resíduos eletrônicos, mas ainda o Projeto de Lei 203/1991 (a famosa PNRS) deverá ser submetido ao Senado e, uma vez aprovado, encaminhado a
sanção do Presidente da República. Resta saber se a regulamentação vai demorar mais 19 anos para concluir”, questiona Priscila Dayane Friedrich, Secretária Executiva da Ong Ambiverde. Ana Paula da Silva anaonda@gmail.com DIEGO PORCINCULA
Aterro sanitário de Joinville, assim como de outras cidades, tem falta de espaço para o lixo produzido
Perfil
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SEMANA DA DIVERSIDADE
Da tesoura ao glamour da passarela Maicon André da Silva foi eleito Mister Gay e irá representar Joinville na próxima etapa
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le não é do tipo que vive a procura das luzes de holofotes nem que adora tirar fotos, mas o porte atlético e os olhos verdes chamativos fazem jus ao título que carrega. Maicon André da Silva foi o vencedor da etapa regional do Mr. Gay, concurso de beleza realizado durante a segunda Semana da Diversidade de Joinville. A participação no concurso aconteceu depois de concorrer, no ano passado, ao Garoto UP, em uma boate joinvilense. Maicon explica que foi na brincadeira, mas, como ficou entre os finalistas, resolveu se inscrever no Mr. Gay. “O meu amigo Vander me falou que o concurso tinha uma proposta séria e que era o primeiro do gênero. Depois do concurso da UP, eu achei que tinha alguma chance”. Ele é modesto ao falar do primeiro lugar: “Eu tive um pouco de sorte. Um dos concorrentes mais fortes teve um pequeno problema de saúde e acabou saindo da competição”, comenta. Agora Maicon se prepara para as próximas etapas. A estadual ainda não tem data definida, já a nacional acontece no mês de novembro, em São Paulo. Natural de Blumenau, ele se mudou para “dar uma reviravolta” na vida em que levava na cidade. “Eu estava numa fase meio complicada. Queria ser eu mesmo, fazer o que tinha vontade e não o que os outros me diziam para fazer. Quando surgiu a oportunidade de me mudar
para cá não pensei duas vezes”. Atualmente, ele mora no bairro Costa e Silva, em Joinville. Apesar de ter tudo para embarcar na carreira de modelo, o moreno de 1,82m de altura e 73 kg não se aventura no mundo dos flashes. Cerca de dez anos atrás, ele até fotografou e desfilou para algumas marcas, mas a profissão tem seus prós e contras. “Eu era muito novo. A vida de glamour e fama traz também algumas mentiras. Tem que ter uma cabeça muito boa”, justifica porque não seguiu em frente. Aos 27 anos, ele
garante o sustento por meio esforço diário vale a pena. da carreira de cabeleireiro. Se alguém não acredita Profissão que ajuda a no ditado que diz “os oposmanter os cabelos lisos impe- tos se atraem”, não conhece cáveis, apesar dos dias corri- a vida amorosa do mister. Há dos. Em meio quatro anos ele à agenda cheia mantém um DUPLA que leva entre relacionamento Maicon é casado a tesoura e o “entre tapas e com o performer secador de cabeijos”, como Rinaldo, o cover belo no salão de define o próprio joinvilense da beleza, Maicon companheiro Madonna encontra tempo Rinaldo Borba. para ir à acadeEnquanto Maimia e garantir o corpo em con tem um comportamenforma. “Eu ando meio para- to sério, até mesmo tímido, do ultimamente, mas sempre o namorado fala e age de vou à academia”. Os múscu- maneira disparada. “Eu sou los definidos mostram que o explosivo, elétrico, imediaGUILHERME DUARTE
Longe da fama e dos holofotes, o Mr. Gay 2010 leva uma vida tranquila, conduzindo seu próprio negócio
tista. Já Maicon é preocupado e calmo, e sempre pensa antes de agir. Agora, quando os dois escorpianos resolvem brigar, segura!”, brinca Rinaldo, que foi a primeira Drag Queen de Joinville. Há mais de 15 anos faz shows como cover da cantora pop estadunidense Madonna. Vem daí o nome do salão de beleza em que os dois são proprietários: Madonna Studio Hair. Assim como em outros momentos da vida, Rinaldo apoiou Maicon a se inscrever na competição. “Ele tinha vontade, mas também certa resistência. No começo até negava. Mas depois foi atrás de tudo e acabou vencendo”. Foi Rinaldo quem confeccionou a faixa de campeão de Mr. Gay e deu de presente ao namorado. “A faixa que ele ganhou era a cara da pobreza. Eu fui na minha máquina de costura e fiz outra que ficou linda. Os organizadores do concurso até me procuraram e há uma grande chance de eu fazer a faixa de todas as etapas”, fala o namorado. No desfile de encerramento da Semana da Diversidade os dois estiveram juntos em cima do trio elétrico. Maicon como representante oficial da beleza gay de Joinville e Rinaldo sob a maquiagem e os brilhos característicos da Madonna. Como mesmo define a drag, os dois agora são o casal joinvilense que tem a “cara da riqueza”. Jaqueline Dias jqdias@gmail.com
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Cultura
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JÉSSICA MICHELS
RESSACA
Durante todo o ano os ensaios dos bailarinos são constantes, só a sapatilha descansa
Acabou. E agora?
A 28a edição do Festival de Dança de Joinville terminou, mas a rotina dos bailarinos e coreógrafos continua agitada
“
Tenho a clara percepção de que a dança promove a cidade para fora” ELY DINIZ presidente do Instituto
J
oinville é a cidade da dança. Nosso festival foi reconhecido como o maior do mundo no Guiness Book de 2005 e temos a única Escola do Teatro Bolshoi fora da Rússia. Mesmo após o término do festival deste ano, os trabalhos não param. Bailarinos e coreógrafos já preparam seus próximos passos e os organizadores do festival já tem planos para as próximas edições do evento. Uma das vencedoras do festival deste ano foi a Escola Municipal Pedro Ivo Campos, que concorreu na categoria danças populares conjunto júnior. A coreógrafa
do grupo, Elisiane Zipperer acompanha a equipe desde o seu início, em 2002. Ela conta que o trabalho faz parte do programa Dançando na Escola, iniciativa da Secretaria Municipal de Educação. Atualmente o grupo tem 24 alunos, na faixa etária de 12 a 14 anos. A coreógrafa diz que após o término do festival as atividades continuam. “Nos apresentamos em eventos que somos convidados e talvez em outras cidades”, relata. Elisiane diz que o grupo participará do festival escolar que acontece em outubro e é neste mesmo mês que ela inicia a pesquisa com o objetivo de compor a próxima coreo-
grafia para o ano que vem. A Academia Corpo Livre, de Joinville, também foi um das campeãs do festival. A secretária Lídia Grunhagen conta que muitas pessoas querem matricular-se para dançar com o grupo que foi campeão, mas ela explica que normalmente quem inicia agora é encaixado em outra equipe. “Nesse período temos bastante procura de alunas novas, mas uma ou outra consegue entrar neste grupo, aquelas que fazem um teste de seleção e passam”, esclarece. Ely Diniz da Silva Filho é o presidente do Instituto Festival de Dança des-
de 2007. Ele afirma que o evento é reconhecido por suas qualidades e explica que existe uma equipe que trabalha o ano inteiro para que o festival aconteça. “Eu tenho a clara percepção de que a dança promove a cidade de Joinville para fora”, enfatiza. Ely admite importância dos outros títulos que a cidade recebe, como das bicicletas, flores e príncipes, mas comenta que isso tem em muitos lugares, diferente do nível que o festival de Joinville possui. Ele reconhece que o município pode ter mais atividades voltadas à dança não somente no período do festival. Conta que
uma de suas preocupações é para com as pessoas que vem de fora, deseja que elas possam assistir apresentações de dança e que os bailarinos tenham a possibilidade de participar de workshops e cursos de capacitação durante todo o ano em nossa cidade. Ely comenta que existem planos para que em dois ou três anos estes projetos estejam consolidados. O presidente do Instituto afirma que já surgem algumas ideias para o festival do ano que vem e também para 2012, ano em que o evento completa 30 anos. Vivian Braz vivianc.braz@gmail.com
Cultura
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MÚSICA
Músicos joinvilenses produzem novo disco Perto de completar uma década de carreira, a banda Reino Fungi trabalha desde janeiro na finalização do terceiro álbum
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om quase dez anos de carreira, a banda joinvilense Reino Fungi vem conquistando cada vez mais o público amante do bom e velho rock n’ roll. Em 2008, a banda participou da regravação em comemoração aos 40 anos do Álbum Branco, dos Beatles. Recentemente, recebeu uma carta de George Martin, produtor da banda britânica, elo-
giando o trabalho dos rapazes em outro tributo, Beatles 69, gravado ano passado. Apesar da dificuldade de se manter bandas na cidade, os garotos de estilo anos 60, inspirados no quarteto de Liverpool, já lançaram dois álbuns: Reino Fungi, em 2004, e Reino Fungi e o Clube do Chá Dançante, em 2006. Fazendo sucesso fora de Santa Catarina também,
hoje trabalham na produção de seu terceiro disco. O baixista Vitor Torres conta que o processo de gravação já acabou e agora o álbum passa pela mixagem. As faixas do disco foram gravadas em uma praia no início do ano. Quanto à diferença desse álbum em relação aos outros, Torres afirma que são distintos, pois a evolução é constante e precisa ser refle-
tida nos álbuns, mantendo sempre a identidade construída pela banda. Segundo o baixista, as 11 faixas são independentes umas das outras. São composições que fizeram parte de quatro anos de produção, deixando visíveis as influências e a evolução pessoal de cada integrante. “Acho que é um ótimo disco. Na minha opinião é o melhor dos três”, completa.
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Como manter uma banda por dez anos? O músico afirma que a essência dela é o fato de ser formada por uma família. Segundo ele, o fato de os fundadores da banda serem irmãos e primos faz com que o laço seja muito maior. Vitor garante que, mesmo com algumas brigas, a música sempre fala mais alto. “A paixão que nós temos por tocar, pelo público e pelo palco mantém nossa chama acesa”, diz. Para o futuro, os planos são simples: continuar compondo, gravando e fazendo shows. Quanto ao cenário musical em Joinville, o baixista diz que tem espaço para todos. Para ele, cada banda deve fazer o máximo pelo seu crescimento, se isso for uma vontade comum dos músicos. “Na minha opinião, cenário musical é algo que não existe. Há publico para todo mundo que se propõe a fazer algo sincero”. Ana Luiza Abdala analuizaabdala@hotmail.com DIVULGAÇÃO
Hugues Torres, Vitor Torres, Rômulo Plank e Tiago Lanznaster: joinvilenses dão os últimos retoques no disco que traz canções compostas por músicos da própria banda
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Entrevista
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MÚSICA
Dado Villa-Lobos: músico com uma legião de talentos
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Hoje, universidade é um lugar vazio. Na época da Legião, as bandas pegavam as coisas da sociedade e transformavam em linguagem musical” DADO VILLA-LOBOS músico
Depois de fazer parte de uma das bandas de rock nacional de maior sucesso, Dado aprimora a paixão pela produção de discos
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Primeira Pauta - Cinco anos após lançar Jardim de Cactus, você realiza um novo projeto. Como está sendo este processo? Dado Villa-Lobos - Está bacana. São canções que vim fazendo nos últimos dois anos. Não escrevo letras, então tenho meus parceiros significativos sempre. Faço os temas, a gente se junta e faz a música acontecer. É um disco que basicamente fala de amor. O colapso do amor. PP - Você já recebeu prêmios
por compor trilhas para filmes, seriados e documentários. Como surgiram esses trabalhos? Dado - Por acaso. Eu tinha um amigo que era amigo do Flavio Tambellini, diretor do filme Bufo & Spallanzani. É uma coisa totalmente intuitiva. Você vai pegando o jeito, as coisas vão funcionando e aquilo vai te motivando. PP - As referências que você teve com a Legião Urbana estão presentes em seus projetos? Dado - Essas referências não vão embora nunca. É como se fossem um dedo ou, sei lá, uma orelha. Estão ali dentro encrustadas. São referências sensoriais e emotivas para sempre. A partir do momento que você se identifica, tem o impulso de retornar daquela forma.
Não existem mais questionamentos sobre as coisas que acontecem. As pessoas estão muito mais adequadas ao dia-a-dia e ao que nós vivemos. A universidade hoje, por exemplo, é um lugar vazio. Na época da Legião, a maioria das bandas de rock de Brasília saíram de encontros nas universidades. Eram pessoas que pensavam à frente. Pegavam o que mundo é hoje e o transformavam em uma linguagem musical arrebatadora.
PP - Como é o lado do Dado produtor? Dado - Existiu desde o começo da produção dos primeiros discos da Legião. Eu sempre fui muito ligado nos primeiros contatos, estúdio, equipamentos. Enfim, todo o processo de gravação de um disco. PP - Na sua opinião o rock estagnou. Por quê? Dado - Eu acho que o formato do rock não é tão simples porque faz parte de um universo muito grande.
Bárbara Elice bah.rbara@hotmail.com
CAMILA GONÇALVES
is que ressurge um oitentista no cenário do rock brasileiro. Há cinco anos, Dado Villa-Lobos, ex-guitarrista da Legião Urbana, lançou a convite da MTV o álbum Jardim de Cactus, seu primeiro CD em carreira solo. O trabalho é composto por parcerias com a vocalista do Kid Abelha, Paula Toller, o jornalista Fausto Fawcett e músicos como Chico Buarque, Humberto Effe, Beto Guedes, Caetano Veloso e o próprio pai, Heitor VillaLobos. No dia 13 de agosto, o músico esteve em Joinville para uma apresentação no V12 Lounge. A coletiva de imprensa ocorreu poucas horas antes do show, no Hotel Ibis. O músico fala do sentimento que envolve a criação e a produção de um trabalho pelo qual é apaixonado.