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A Romã e o seu simbolismo na Maçonaria | Justino S. Pereira

A Romã e o seu simbolismo na Maçonaria. por

A Romã, cujo nome científico é Punica Granatum, é um fruto de estrutura complexa. Interiormente é compartimentado por membranas que albergam numerosas sementes rodeadas de uma polpa carnosa comestível de rosa intenso e sabor doce.

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A sua árvore é a romãzeira, originária do extremo oriental Mediterrânico e do Himalaia, e pode atingir até cerca de 5 metros de altura. É uma planta resistente, raramente afetada por pestes ou doenças.

Foi cultivada na antiguidade pelos fenícios, gregos e egípcios, e a importância do seu fruto é milenar, sendo considerada pelos gregos como símbolo do amor e da fecundidade. A árvore da romã foi consagrada à Deusa Afrodite, pois acreditava-se nos seus poderes afrodisíacos. Para os Judeus é um símbolo religioso com grande significado no ritual de ano novo.

Durante o seu reinado, Salomão mandou esculpir a fruta no alto das colunas do seu templo, onde se encontra hoje o muro das lamentações, em Jerusalém.

Está presente em diversos textos bíblicos, como por exemplo nos Livros dos Reis.

No primeiro livro dos Reis capítulo 7 versículo 20 podemos ler:

“Nos capitéis das duas colunas, acima da parte que tinha formato de taça, perto do conjunto de correntes, havia duzentas romãs enfileiradas ao redor”.

No segundo Livro dos Reis, capítulo 25, versículo 17:

“Cada coluna tinha oito metros e dez centímetros de altura. O capitel de bronze no alto de cada coluna tinha um metro e trinta e cinco centímetros de altura e era decorado com uma fileira de romãs de bronze ao redor”.

Servindo o templo de Salomão como modelo e base simbólica para grande parte do REAA, encontram-se à entrada do templo Maçónico, inseparáveis das colunas J e B, três romãs entreabertas, acima do olhar de cada obreiro, passando talvez por isso despercebidas, mas que nos oferecem, enquanto Maçons, um belo motivo de reflexão e conhecimento.

Vejamos como a Romã é única e ao mesmo tempo multíplice. Os seus bagos cintilantes estão unidos e de forma harmoniosa, cada um deles ocupa o seu lugar, no espaço que lhe é reservado. É como um tecido do corpo humano composto por inúmeras células organizadas de diferentes formas.

Como um reflexo do Universo onde todas as partes são necessárias, se completam e complementam. Constituído por partes num número surpreendente, quase infindáveis que, se por um lado aparentam estar isoladas, por outro sabemos estar intimamente ligadas.

Desta forma, talvez se compreenda o porquê de a Maçonaria ter recebido a romã como um dos seus símbolos. Senão vejamos a analogia existente entre a nossa Augusta Ordem e este formidável fruto:

Como referido por Jules Boucher no seu livro “A Simbólica Maçónica”, na Maçonaria, os grãos da Romã mergulhados numa polpa transparente, simbolizam os Maçons unidos entre si por um ideal comum. Sendo a casca da raíz da romãzeira tóxica, a romã mostra-nos ainda os Maçons saídos de um mundo mau por essencia elevando-se a um estado de excelência.

Podemos entender assim, que as sementes da romã são o símbolo da fraternidade Maçónica, da união e da solidariedade. Cada uma das lojas com vida própria, mas servindo a mesma finalidade. Dentro de nossas lojas somos como as sementes, uns maiores, outros menores, de aparências várias, de aspetos diferentes, com pensamentos próprios, estreitamente ligados, apoiando-nos uns nos outros, unidos pelo sentimento e pela vontade de nutrir o mundo profano sob a orientação do Grande Arquiteto Do Universo.

A Romã simboliza também a harmonia entre Maçons que, por mais que cresça, por mais que seja multiplicado, constitui uma única e grande família, em que apenas com as suas sementes apoiadas entre si, ela pode tomar a sua verdadeira forma. É a união de todas essas frágeis sementes que faz deste fruto um dos mais fortes e resistentes.

A sua casca dura e resistente, representando a loja que proteje os seus obreiros. Podem tentar quebrá-la e esmagá-la, pois manterá a sua tonalidade natural por muito tempo. Pode secar mas dificilmente apodrece. Com a sua casca dura e de cor nada atrativa, parece à primeira vista desprovida de qualquer encanto, inacessível até, e quase impenetrável.

Todos aqueles que já tentaram abrir uma romã saberão que a forma mais simples é esperar que ela própria nos mostre o seu interior, espontaneamente e no seu devido tempo, apresentando assim o seu convite para um mundo recheado de cor, beleza e sabor.

Desta mesma forma se apresenta a Maçonaria, impenetrável para quem a olha ao longe, mas absolutamente encantadora para aqueles que com abertura de espírito, tomaram um dia a decisão de ver com os próprios olhos, através das aberturas que lhes foram oferecidas.

Apenas aos que lhes foi concedida a luz é permitida viver a sua extraordinária beleza. Tal como o lento amadurecimento da romã até finalmente tornar visível os seus cintilantes bagos, também na Maçonaria a sua beleza vai crescendo, num demorado trabalho de evolução espiritual, até que a pedra bruta esteja polida e brilhante.

Num sentimento de gratidão profundo, termino este trabalho com uma frase que li algures na Internet de um nosso Irmão de nome Paulo Ursaia: “Não sou Maçom de coração, porque um dia ele pára de bater. Sou Maçom de alma, porque ela é eterna”.

Justino S. Pereira Companheiro Maçom R:.L:. General Correia Barreto

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