3 minute read

Salve, Heróis! Obrigado, Gigantes!

“Ide, portugueses, ide! Afrontai as tempestades, os ventos sibilantes. Segue-vos num olhar de ansiedade e de ternura a Alma Portuguesa; assim Ela outrora olhava os seus nautas destemidos que cortando o mar descobriram a Índia e o Brasil. Tombastes, águias lusitanas! É o Adamastor do ar, fremente de raiva e de desespero que vos corta a passagem. Mas as caravelas do Gama não temeram os rugidos do gigante que se torcia em paroxismos de furor, não recearam as suas profecias horrendas, porque sabiam que a Cruz de Cristo que lhe esmaltava as velas e lutava com temporais no tope dos mastros os protegia. Heróis, avante! que Nun’Álvares ergue-se do seu tumulto e vai orar por vós na magnificência rendilhada da Batalha; avante! que D. Henrique no cimo dos rochedos de Sagres olha-vos, como dantes, para procurar nas curvas do horizonte as asas brancas da nau de Gil Eanes.

Duarte Pacheco e Afonso de Albuquerque, Bartolomeu Dias e Gonçalo Velho vêm vibrar em vós a Alma de Portugal, a Alma que palpitou em

Advertisement

Cochim, em Ormuz, no Cabo da Boa Esperança. Camões apara a pena, a velha pena das iluminuras dos Lusíadas - o livro de Horas da Pátria Portuguesa; e em letras de ouro escreve a Epopeia do Ar.

Das campinas verdes do Minho aos campos quentes do Algarve, das serranias da Beira aos fios de água da Veneza lusitana, um frémito de patriotismo percorre o povo português e eleva-se aos ares azuis, os ares que agora sulcais, a voz de Portugal - Salve, Heróis! Obrigado, gigantes!”

2 Junho 1922 [datação manuscrita], “Águias”, O Comércio do Porto, Porto, Ano LXVIII, n.º 129, 2 de Junho de 1922, p. 1 (Victor Alberto, pseudónimo de Agostinho da Silva).

Portugal é poço de heróis e aventureiros que dignificaram a alma lusa. Da sua génese e umbilicalmente retiram-se o espirito aventureiro e profundamente precursor das guerras maiores, da difusão religiosa e do ideário cavaleiro, aos desafios contemporâneos da unidade europeia e ao objectivo global da homogeneidade da “good governance” e à resposta humanista das políticas nacionais e para além da Europa.

Esta atmosfera pacifista enche o peito de cada português de uma ambição mais do que da sobrevivência pura e da resistência com muito de espírito empreendedor de D. Afonso Henriques a Dom Henrique, excelência de um romantismo passado que tanto faltam no momento do descobrimento presente, ao nível dos instrumentos políticos e jurídicos na aposta de uma unidade mundial a começar pelos PALOP’s e passando pelos territórios que ainda ostentam vestígios linguísticos e culturais.

A sobrevivência da língua e da história são instrumentos de um monopólio de vontade patriota que passa dos Lusíadas até Sagres outrora até à difusão actual do português.

O espírito navegador explora hoje caminhos imateriais como o fortalecimento e o “empowerment” dos agentes políticos e diplomáticos.

Ao desafio da lembrança nacionalista das caravelas ao vento de cruz vermelha existe agora o desafio da unidade mundial, do direito à saúde ao direito do ambiente, do direito internacional ao direito à igualdade, sem esquecer esse abraço aglutinador dos direitos à igualdade e do honroso bem maior da solidariedade humana, como mastro branco de coragem e valentia, hoje apanágio das democracias e do Estado de Direito.

São estes os desafios da solidariedade fraterna que une os povos entre si invocando a bandeira nacional ao lado da europeia e recusando visões catastróficas do destino europeu já que somos país

de ideário pacifista sempre emoldurado pelo espírito do futuro próximo a desenhar mapas de novos sulcos culturais.

De encontro ao passado em mira do futuro urge dar as mãos e vestir corações valendo-nos da coragem passada com os mentores da unidade nacionalista de carácter mais global.

Trata-se de passar os feitos dos portadores do oceano marítimo para o alcance da bandeira vermelha e verde, mantos de vontade, de esperança e de sangue.

Atendamos meus irmãos à glória do Portugal enorme de que somos homens de boa vontade.

Salve, Heróis! Obrigado, gigantes!

Bruno Melão Mestre Maçom R:. L:. Almada Negreiros

This article is from: