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ÁRVORE SECA

por João Pestana Dias

I. A NOVA ERA. A MAÇONARIA. A SOBERANA

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O mundo está a mudar mais rapidamente do que muitos de nós pensávamos.

A Maçonaria para ser relevante tem de estar presente no cerne das discussões éticas que mudam a humanidade. Tem de ser Líder.

Os Maçons de hoje são bastante diferentes dos que foram Iniciados há 30 ou 50 anos atrás. Vivem numa sociedade diferente e por isso a Maçonaria ou se renova ou irá morrendo lentamente.

A SOBERANA nasceu virada para o Futuro, que nos interessa bastante, porque é lá que vamos passar o resto da nossa vida.

Parafraseando Sócrates : “ O segredo da mudança é focar toda a nossa energia não em lutar com o antigo, mas em contruir o novo”.

O antigo aqui, é o passado recente. O futuro, são os primórdios da Maçonaria. É voltar atrás mantendo a essência mas actualizando-a com os ideais desta nova Era.

A Maçonaria da Nova Era (não só do novo Século) tem de perceber estas mudanças e estar alinhada com ela com o risco de se não o fizer estar a perder uma oportunidade única. Tem de voltar a focar-se na sua missão inicial e por isso fazer o seu caminho de volta ao início.

II.A SOBERANA e o RITO PORTUGUÊS

A SOBERANA e o Rito Português nasceram para esta nova era.

Como dizia Pessoa, primeiro por Castigo, agora por Missão.

O Rito Português, capaz de traduzir de forma condensada, a especificidade do ser português, a sua espiritualidade, e o seu contributo para uma eventual harmonização de um processo de globalização, que se vem revelando, iníquo e desajustado, é um contributo inestimável para a Maçonaria Universal.

Advoga um despertar de consciência através da evolução nos diferentes graus maçónicos do Rito, ancorados nos mitemas da história de Portugal que de forma análoga a outros mitos de outros Ritos é Universal mas no nosso caso também escatológica e salvívica.

O Rito Português pretende o Despertar para dentro. É o caminho da Espiritualidade que é a base de toda a Maçonaria. Todos os símbolos, alegorias, sinais e rituais são espelhos de uma Espiritualidade que está presente do Templo ou Temenos, que promove a diferenciação das energias , Tempo e Espaço (de Profanos para Sagrado) e que depois permite a convocação do sagrado, a partir do qual a Loja é aberta de forma regular.

Por isso como dizia Pierre Teilhard de Chardin, “A religião não é apenas uma, são centenas. A espiritualidade é apenas uma. As religiões são “portagens” para a Espiritualidade. A religião é causa de divisões. A espiritualidade é causa de União. A religião procura-te para que acredites. A espiritualidade tu tens que procurá-la. A religião segue os preceitos de um livro sagrado. A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros. A religião sonha com a glória e com o paraíso. A espiritualidade faz-nos viver a glória e o paraíso aqui e agora”.

Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual. Somos seres espirituais passando por uma experiência humana. Por isso esta Nova Era convida a trazer a Espiritualidade para a Materialidade.

Este ano de 2023 ( 2+0+2+3=7) é um ano de grandes mudanças.

Estamos numa fase de mudança e de diferenciação de energia, onde o Mal é mais Mal e o Bem mais Bem, porque é nas noites mais escuras que as estrelas brilham mais.

Estamos no INTERREGNO o espaço entre reinos ou seja o Nevoeiro. Um momento de inversão e treva.

De acordo com a profética portuguesa, Portugal vai ter um papel fundamental na salvaguarda da Europa.

O Rito Português interessa-se mais pela enigmática verticalidade do Homem cósmico, do que pela popular horizontalidade da parte humana.

A imperiosa necessidade de auto- conhecimento é o fundamento da auto-realização ou auto-redenção.

Tudo visa unicamente o despertamento do poder espiritual no homem. O processo evolutivo do Ego que é mortal, para o Eu que é Imortal.

O Ego é o pior inimigo do Eu, embora o Eu seja o melhor amigo do ego.

De acordo com todos os livros sacros, sobretudo do Evangelho do Cristo, o homem-Eu não deve mandar embora o homem-Ego, mas sim colocá-lo na retaguarda da sua vida (vade retro) . O São Jorge não mata o

Dragão porque precisa dele. O homem espiritual deve servir-se do homem físico-mental-emocional para espiritualizar-se cada vez mais; deve integrar o ego no Eu, o humano no divino, o seu Jesus no seu Cristo.

III. A ÁRVORE SECA E PORTUGAL.

A divulgação além fronteiras do gibelino da coroa Portuguesa na transição do sec 15 para o sec 16, pode depreender-se duma gravura alusiva a Portugal (ou Portugalia) que ocorre na Liber Chronicarum de Hartmann Schedell (Nuremberga / 1493) na qual uma Árvore Seca é exibida em primeiro plano, como se ela fosse o distintivo próprio do reino, que reconhecera que todo o poder vem do Céu e não do Bispo de Roma.

Segundo a Lenda de Marco Polo, existiu uma Árvore Solar ou da Vida, que ocupara há muito o centro do Paraíso terreal. Aquando da expulsão de Adão e Eva do Éden, Set, o 3º filho dos progenitores primordiais, teria logrado apoderar-se dum rebento da Árvore que transplantara para o Vale de Ebron na Palestina onde frutificou, tendo no entanto murchado no dia em que Jesus foi crucificado, dando início a um período de decadência da Humanidade.

Nas diferentes versões da história de Alexandre, a Árvore Seca seria associada ás Árvores do Sol e da Lua, da Vida e da Morte o que nos remete para Tomar. No ciclo da Távola Redonda, a Árvore Seca tornar-se-ia o símbolo do próprio Graal.

A Serpente de Bronze (Salus Vitae) enroscada na Árvore Seca, a Árvore Lunar da Cavalaria Espiritual, no brasão de armas português e na Igreja Manuelina, tem um carácter profilático e apotropaico.

O Cristianismo de São João considerava-a como figura mística do Redentor : a Serpente crucificada. A Árvore do Paraíso era seca e o santo lenho (linhum vitaem) prenúncio profético da revelação do Filho do Homem. Mediante determinados acontecimentos, seria restituída à Árvore o tão desejado viço e asseguraria a consequente reconquista do estado paradisíaco perdido. O Homem caído revestir-se-ia então, das vestes de Luz do Homem novo.

Dante acha-se implicado nesta reflexão. A adesão do florentino aos ideais gibelinos permite dizer que a visão da Árvore que reverdesce, teve-a ele de acordo com o texto do purgatório, na Divina Comédia, onde a planta antes seca ganha vida, apresentando agora flores de uma cor entre rosa e violeta.

É Hora de começar a regar a Árvore.

É hora de passar de Pedreiros a Agricultores.

A árvore tornar-se-á verde outra vez e dará frutos.

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Leia o artigo na íntegra na 7ª Edição de ORIGEM | SOBERANA MAGAZINE.

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