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INdústRIA dA CONstRuçãO: muItO FOI CONQuIstAdO, mAs AINdA há muItO POR FAzER

Aestabilidade política e econômica e a manutenção dos fatores de crescimento da economiabrasileirasãoconsideradososaspectos mais positivos de 2011. Essa é aopiniãounânimenavisãodealguns dosmaisimportanteslíderesdomercado da construção civil no Brasil, ouvidos pela revista Grandes Construções. O bom momento brasileiro contrasta ainda com o cenário de crise financeira internacional.Tanto quealgunsdosnotáveisconsultados alertamparaumeventualimpactofuturo para o Brasil.

Mesmo diante da avaliação positiva, há vários campos em que o País precisaráavançar,paraconsolidar-se como potência mundial. João Crestana, presidente do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo

(Secovi-SP), destaca que o mercado imobiliário entrou, nesse ano, em processodeestabilizaçãoemtermos de velocidade de vendas, prazos de produção e de custos e que isso é positivo, para dar maior equilíbrio ao mercado.

Moacyr Servilha Duarte, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovia (ABCR), destaca a preparação de novas concessões rodoviárias, caracterizadas como Parceria Pública Privada (PPPs), para trazer novo fôlego para os investimentos em rodovias.

Para Carlos Mauricio Lima de Paulo Barros, presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), o maior gargalo nacional é o da competitividade, que está relacionado a diversos fatores,“com destaque para o Custo Brasil, para o do - mínio tecnológico e para a formação ecapacitaçãodamãodeobra”,alerta. A opinião é compartilhada por Ricardo Pessoa, presidente da UTC, quetambémmencionaaconcorrência com construtoras europeias que buscam novo mercado como principal desafio do setor no ano que vem. Ele também reclama dos encargos tributários que penalizam o setor produtivo do Brasil.

Já Aluizio de Barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo, acredita que, apesar do avanço,hágrandedesorganizaçãona liberaçãodosrecursospúblicos,além de um avanço não harmônico nas ações da iniciativa privada. Ele aponta a falta de planejamento por parte dosgovernoscomograndecomprometedor do processo de desenvolvimento brasileiro.

Para o arquiteto Siegbert Zanettini, os maiorespontosnegativosficamporconta da área política. Segundo ele, não há planos nem projetos de médio e longo prazos. MarcosVicelli, executivo da Racional Engenharia, alerta para os reflexos que a crise mundial poderá ter no Brasil, apesar do País estar mais maduro. Para André Glogowsky, presidente do Conselho de Administração da Hochtief do Brasil, a velocidade com que o País está se desenvolvendo é surpreendente.

Oconjuntodedepoimentospublicados a seguir dá uma idéia dos caminhos trilhados pela cadeia da construção nesse ano queseencerrou,eprojetamumaperspectiva para o futuro próximo. Otimista, na maioria das opiniões, mas acima de tudo conscientedamaturidadealcançadapela indústria da construção no Brasil e do seu poderdetransformaçãodanossarealidade. Com a palavra, os líderes do setor.

Brasilprecisaaperfeiçoarregulamentações

e trabalhistas; o elevado custo do capital; a falta de mão de obra qualificada diante dos empreendimentos existentes. E, por fim cita como desafio a chegada das empresas europeias para disputar o mercado interno com as empresas nacionais, em razão da fragilidade da economia da Europa.

e projetos, mas novas regulamentações são necessárias para facilitar o crescimento dos investimentos de forma menos onerosa.

Para o presidente da UTC, Ricardo Pessôa, o crescimento da economia brasileira até o terceiro trimestre é um dos principais pontos positivos a destacar neste ano de 2011, associados aos investimentos em infraestrutura necessários para que o país possa crescer além daqueles relacionados ao programa do Pré-sal.

Os pontos negativos, no entanto, não deixam de ser citados por ele, como a manutenção da carga tributária e de encargos sociais

Momento Surpreendente

Na opinião do empresário, em 2012 o Brasil continuará a crescer em ritmo mais lento, sendo que o crescimento do PIB deve se situar na faixa de 3,5%. Ele prevê que “haverá a diminuição no ritmo de exportações em razão da desaceleração da economia mundial. O setor de serviços será o destaque na criação de empregos, com possibilidades de desaceleração nos demais setores”, destaca.

Pessoa destaca que o Brasil necessita de investimentos em infraestrutura, mas persiste uma demanda represada notadamente para o segmento de construção e montagem. Ele enfatiza ainda necessidade de novas regulamentações e adequações para facilitar as condições de financiamento para esses investimentos, sem interromper o ciclo já estabelecido. A seu ver, hoje há fluxo de investimentos

Para que ocorra a dinamização desejada, na opinião de Ricardo Pessoa, há necessidade de medidas complementares no campo da política econômica – visando a diminuição de carga tributária, encargos sociais e trabalhistas. Também menciona a necessidade de facilitar a aquisição e implementação de tecnologia de ponta para produção, assim como subsídios e incentivos governamentais às empresas que atuam no setor. E reforça a necessidade de desburocratização da legislação fiscal e trabalhista e por fim a capacitação de mão de obra.

Mas finaliza com uma perspectiva favorável ao Brasil: “O Brasil manterá o crescimento num patamar entre 3% a 5%, com destaques principalmente para os setores: petróleo, gás, químico/petroquímico e infraestrutura. A inflação ficará dentro das metas previstas com pequenas variações sazonais”.

Ricardo Pess A

evolução desse mercado”.

O executivo destaca o otimismo focado justamente nesse desempenho que a economia brasileira vem tendo. “Hoje, está vindo bastante investimento para o Brasil. E hoje quando a gente olha todos os programas nas áreas de educação, de agricultura, e todos esses eventos que vão acontecer no país. Enfim, a gente vê o quanto ainda tem de ser feito. E a indústria de construção vai estar junto com esse desenvolvimento. Então nós estamos num bom momento e estamos bastante otimistas com relação ao ano que vem”.

lizado. “Com respeito aos equipamentos e aos materiais, a indústria é capaz de rapidamente se adequar. Se o mercado cresce, e indústria vai atrás. Mas treinar a mão de obra é um processo muito mais longo, até se formar um engenheiro e para que ele tenha experiência, é um período bem mais longo”, diz.

Para André Glogowsky, presidente do Conselho de Administração da Hochtief do Brasil, o crescimento do mercado imobiliário está vinculado também ao mercado mais profissional. “Há toda uma cadeia econômica evoluindo e, por isso, estamos enfrentando bons problemas. São os problemas normais de crescimento, de desenvolvimento de um país, que é justamente ajustar os fornecedores, a mão de obra, os materiais, enfim, todos os agentes que fazem parte da

Para ele, o mercado imobiliário cresceu bastante e por isso é normal que a necessidade de algumas adequações. “O Brasil é grande. E tem regiões em que a oferta é maior do que a procura. Ou vice-versa. Mas o mercado vai aprendendo, vai se profissionalizando... E eu acho que o espaço de crescimento é enorme se levarmos em consideração o déficit de moradias no país.”

Na opinião, o gargalo econômico está na conta da mão de obra, pois ela demanda treinamento e isso demora para poder ser rea-

O executivo destaca o momento otimista do país e a surpreendente curva econômica que ele atingiu. “Se alguém tivesse dormido 10 anos e voltasse agora, e você falasse como está o Brasil, que estamos emprestando dinheiro para Europa, que as pessoas estão acreditando no crescimento, o terceiro mundo passou o primeiro mundo, enfim, de que o risco lá começa a ser maior do que o risco aqui, tudo isso seria impensável anos atrás. Então a gente começa a ver um monte de coisas que a gente pensou que demoraria mais tempo. A velocidade que o país está se desenvolvendo é surpreendente e nós estamos bastante otimistas.”

a ndré glogowsky

Brasilemsituaçãoprivilegiada

2011, observar-se uma análise muito mais cuidadosa das empresas em relação aos planos de investimentos, enfatiza ele.

Apesar desse cenário internacional pouco favorável, as perspectivas para a construção no Brasil continuam positivas para 2012, na opinião de Carlos Mauricio Lima de Paula Barros, Presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) . “Temos uma projeção de investimentos de longo prazo bastante importantes, principalmente no setor de óleo e gás relacionados à exploração do pré-sal e novas refinarias, na infraestrutura de transportes para a Copa e Olimpíadas, energia, biocombustíveis e no agronegócio de maneira geral”, diz. Os setores de mineração e siderurgia, química e papel e celulose, ainda que mais impactados pela crise econômico-financeira, devem dar continuidade aos seus investimentos, estimulados pela demanda interna e, no mercado externo, pela China, que deve manter um ritmo de crescimento significativo avalia o empresário. A continuidade de investimentos, projetos e obras previstas e em andamento, especialmente no segmento de óleo e gás, na avaliação do empresário, permitiram às empresas do setor de engenharia industrial, em geral, manter suas atividades em ritmo crescente. O agravamento da crise econômico-financeira internacional, no entanto, impactou negativamente os setores que dependem fortemente do mercado externo, especialmente os ligados à mineração, siderurgia e papel e celulose, além de, a partir do segundo semestre de

“Os investimentos no setor de infraestrutura precisam ter forte aceleração, para estarmos razoavelmente preparados para os eventos esportivos”. Somados a estes, os projetos do PAC da área de energia capitaneados pelas grandes hidrelétricas, os parques eólicos, a construção de Angra III, os projetos de transporte e comunicações devem ser superiores ao previsto para 2012, visto alguns terem escorregado no tempo. O crescimento do PIB em 2012, devido à atuação do governo federal no sentido de incentivar a atividade econômica, com a redução da taxa de juros e outras medidas de estímulo à economia são vetores que darão impulso ao setor”, declara ele.

Segundo Mauricio, nos setores de petróleo e gás, energia elétrica, mineração, química, siderurgia, e papel e celulose, especialmente em petróleo e gás e energia elétrica, os investimentos e projetos devem ser mantidos, pois há perspectivas claras de retorno financeiro e social. “O maior gargalo nacional é o da competitividade, que está relacionado a diversos fatores, com destaque para o Custo Brasil, para o domínio tecnológico e para a formação e capacitação da mão de obra”, alerta. Do Custo Brasil tem relevância a alta carga tributária e impostos não recuperáveis, encargos sociais e trabalhistas, custos de logística e custo de financiamentos. “Estes são da competência do governo resolvê-los.”

O domínio de tecnologias de ponta, principalmente as relacionadas à exploração e produção de petróleo no mar, poderia trazer para o Brasil uma fatia importante de produtos e serviços que hoje são comprados em outros países. As exigências de Conteúdo Nacional mínimo nestes projetos vem motivar as empresas estrangeiras a virem para o Brasil, formando novas empresas ou parcerias com empresas nacionais, o que dará um melhor equacionamento a essa questão, diz ele.

A formação e capacitação de mão de obra especializada é o gargalo mais importante que deve ser atacado em conjunto, pelo governo e pela iniciativa privada e que tem efeito direto no aumento da competitividade, na geração de empregos e na nossa capacidade de executar os projetos nos prazos contratados. “É importante ressaltar que esta é uma área na qual o Brasil pode superar seus entraves dependendo unicamente das ações ordenadas, com os recursos financeiros sendo aplicados nos setores prioritários, com participação atuante de governo, iniciativa privada e sindicatos trabalhando em consonância”.

Ele considera que o Brasil está numa situação relativamente privilegiada, comparada aos países plenamente desenvolvidos – como Estados Unidos, Europa e Japão – devido a uma série de fatores conjunturais e ações governamentais que permitiram ao país ser considerado pela maioria das instituições de governança econômico-financeira mundial como um dos mais estáveis atualmente. “Temos instituições democráticas e em pleno funcionamento; clima, solo e área para agricultura, que permitem ao país ser um dos celeiros do mundo; o pré-sal com perspectivas reais de tornar nosso país uma potência exportadora de petróleo; temos as realizações da Copa 2014 e da Olimpíada 2016 alavancando o turismo e investimentos em infraestrutura em nossas principais capitais. Em resumo, o Brasil estará “na foto” nos próximos cinco anos. Cabe a nós fazer a nossa imagem bonita ou feia.”

carlos maurício lima de paula Barros

cenáriointernoépositivo,masoexternopreocupa

terá efeitos no país. “Apesar de acreditar que o Brasil esteja muito mais maduro e com musculatura para enfrentar essa perspectiva de recessão mundial, certamente ela influenciará no fluxo de investimentos diretos no país, que tem impacto na perspectivas dos nossos negócios no curto prazo”, enfatiza.

melhorar nossa infraestrutura”, destaca.

A manutenção dos fatores que permitiram o crescimento do setor de construção, sem sombra de dúvida, é o principal fator positivo de 2011. Essa é a opinião de Marcos Vicelli, executivo da Racional Engenharia, empresa que atua em vários segmentos da construção industrial, imobiliária e infraestrutura. O crescimento econômico do país é impulsionado principalmente pelo consumo interno no país, promovendo um crescimento expressivo para os segmentos de bens de consumo, shopping centers e varejo. “Percebemos também, alguns projetos industriais, que foram retomados, frente às perspectivas de demandas de crescimento interno”

O aspecto negativo, na opinião do executivo, é não ser possível acreditar que o cenário de baixo crescimento mundial, principalmente na União Europeia e Estados Unidos, não

Ele diz acreditar que em 2012 o Brasil crescerá, mesmo que em ritmo moderado de aproximadamente 2,5% do PIB, mantendo investimentos centrados no mercado interno. Anunciadas recentemente pelo governo federal, algumas medidas tais como a redução da taxa de juros e desoneração tributária para alguns setores, podem propiciar uma perspectiva favorável ao crescimento do segmento da construção civil, enfatiza. Outro ponto favorável que ele destaca é a aproximação dos eventos esportivos, Copa do Mundo e Olimpíada, que precisará acelerar algumas obras direta e indiretamente necessárias a estes eventos.

O executivo acredita que o setor de infraestrutura permanecerá em ascensão, motivado por duas vertentes: primeira, a ausência de grandes projetos no cenário mundial, trazendo investidores para os países emergentes; e, também, a necessidade do país aumentar a sua competitividade, nesse quesito a nossa infraestrutura tem uma parcela relevante. “Se pretendemos figurar no cenário internacional no médio prazo como país em desenvolvimento, vamos ter de, necessariamente,

Br-101/es: expectativa para 2012

“Acredito que algumas ações precisam ser priorizadas no país, dentre elas destaco: a desoneração tributária aos setores produtivos; regulamentação e incentivo às PPP (parcerias público-privadas); o controle mais efetivo pelos órgãos de anticorrupção endêmica, principalmente nestas grandes obras de infraestrutura que acabam sendo taxadas como um veículo à corrupção; enfim, a priorização do governo federal no investimentos na nossa infraestrutura.

Vicelli vê o Brasil em processo de amadurecimento, a despeito dos desafios e dificuldades estruturais do país. “Acredito que temos muitas coisas boas por aqui, como um sistema financeiro altamente eficiente, uma fisco referência mundial. Nossas construções não deixam a desejar para nenhum país no mundo. Já aplicamos tecnologia de ponta em alguns setores da economia. E estamos entrando no bônus demográfico, ou seja, no auge de nossa capacidade produtiva. Enfim, estou muito otimista em relação ao país no médio prazo, e creio que se soubermos com maturidade enfrentar os desafios que um processo de desenvolvimento como nação nos impõe, certamente, teremos muitos frutos a colher nos próximos anos”.

Como a maior parte dos principais eixos rodoviários já foram concedidos e são administrados pela iniciativa privada, ainda existem poucos trechos que podem ser concedidos unicamente por meio de uma concessão comum, modelo no qual a rodovia é sustentada pela receita do pedágio. Mas há a expectativa em torno da concessão da BR–101/ES, cujo leilão está marcado para janeiro de 2012, destaca Moacyr Servilha Duarte, presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias. O trecho a ser licitado possui 475,9 km de extensão. Estão previstos para breve também a licitação de concessão de trechos da BR-040 e BR-116, em Minas Gerais. Segundo o presidente da ABCR, o governo federal e o de alguns estados estudam novas concessões em modelagens que são caracterizadas como Parceria Pública Privada (PPPs). “No caso das concessões patrocinadas, o governo subsidia a tarifa de pedágio, para que essa possa ser reduzida, e assim viabilizar a concessão de determinados trechos que, por exemplo, tem um fluxo baixo de veículos. Um exemplo de rodovia que já opera nesse modelo é a MG-050, administra- da pela concessionária Nascentes das Gerais, em MG”, explica.

A outra modalidade que está em estudo, segundo ele, são as concessões administrativas, conhecidas fora do Brasil como Shadow toll. Nesse caso, o governo pagaria uma quantia fixa, ou pelo número de veículos que utilizaram o trecho, sem cobrança de pedágio. Recentemente o estado da Bahia assinou contratos de concessão comum e está estudando outros, incluindo concessões patrocinadas. Outros estados, como São Paulo e Mato Grosso também tem projetos em estudo, informa. moacyr

Brasil estará entre as cinco maiores economias gloBais

O setor de projetos de infraestrutura est á em expansão, gerando novos contratos e aumentando a oferta de empregos. Já o setor imobiliário começou a apresentar arrefecimento indesejável. A grande expectativa é que até 2020 o Brasil atinja o 5º ou 4º lugar no ranking das economias globais. Um pouco de retenção no ímpeto de crescimento do setor é salutar para propiciar a necessária reorganização do setor. Essa é a opinião de Aluízio de Barros Fagundes, presidente do Instituto de Engenharia de São Paulo sobre os condicionantes para o setor da construção para 2012.

Para ele, a fase de estudos e projetos de engenharia está em expansão, o que indica previsão de implantação de obras públicas. “Porém, percebo uma grande desorganização na liberação dos recursos públicos, além de um avanço não harmônico nas ações da iniciativa privada. Continua a faltar planejamento por parte dos governos”.

Quanto aos investimentos e projetos, Fagundes destaca que há cinco anos despontava um novo ciclo de progresso no Brasil, que até então estava com a economia estagnada por duas décadas. Ressalta a falta de uma política e o respectivo planejamento para um crescimento seguro mas alerta para o fato de que a euforia ‘empanou’ as ações preparatórias para o novo ciclo”. “Veja, até a bandeira da Copa do Mundo de 2014, a realizar no ‘País do Futebol’, não foi suficiente para tomarmos providências tempestivas. Daí, digo que o principal gargalo a ser vencido é a nossa falta de competência técnica e gerencial. Nossos governos não possuem quadros qualificados para entender o problema e começar a agir”, destaca.

Ele destaca a desconfiança generalizada sobre desvios de conduta em tudo o que se refere à Engenharia. “O Ministério Público e os Tribunais de Contas veem malversação em todas as licitações e contratos e conseguem paralisar via Poder Judiciário as iniciativas do Poder Executivo. Tenho visto erros crassos de avaliação dos operadores do Direito, por desconhecerem os processos e procedimentos do setor essencialmente técnico da Engenharia”.

A seu ver, o erro mais comum dos inexpertos é imaginar que todas as obras parecidas têm de ter o mesmo preço, como se construções fossem produtos industriais de prateleira, gerados por um único fabricante. “Os inexpertos também desconhecem o mercado da construção, cujas conjunturas, inevitavelmente interferem no próprio interesse dos protagonis - tas, determinando preços diferenciados. Assim, injustificadamente, empreendimentos são cancelados ou postergados indefinidamente, pois a operação do Direito desconhece cronogramas. Atrasos em empreendimentos de infraestrutura trazem prejuízos absolutamente irrecuperáveis. O tempo perdido é como a seta disparada ou a má palavra proferida. Não volta mais”.

Aluízio de Barros Fagundes, no entanto, está otimista com as expectativas de médio e longo prazos. “As necessidades internas e os interesses externos pressionarão o progresso brasileiro. Por isso, em curto prazo, ou seja, nos próximos cinco anos, inevitavelmente, teremos de formar um quadro técnico proficiente, como base do futuro, não só no âmbito governamental, mas também nas empresas de engenharia. Teremos de rever conceitos e critérios de contratações, cooptando os operadores do Direito, Promotores, Advogados públicos e privados, Conselheiros de Tribunais de Contas, Juízes, Peritos Judiciais e outros para que venham a conhecer as facetas e organizações inerentes à atividade de construir, de modo a romper o nefasto paradigma da desconfiança que, infelizmente, por conta de um ou outro caso de malfeitoria, tomou conta do entorno da profissão do engenheiro”, finaliza.

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