Desmancha no ar Porto Alegre e outras cidades são tomadas por novas formas de lazer nos espaços públicos, como bolhas gigantes Sofia Lungui (1º sem.) Sol, crianças correndo, pessoas brincando com cães, jovens casais. Havia cheiro de pipoca no ar e vendedores de algodão-doce ou quentão. O clima era caloroso. Estava frio? Sim, mas quanto mais frio, mais duram as bolhas no ar. Com apenas R$ 20 é possível desfrutar da experiência, com o kit, constituído por um par de varetas em que se formam as bolhas, e a “poção”: a mistura de detergente, açúcar e água, dentro de um balde. Depois, basta mergulhar as hastes no recipiente abri-las e se posicionar contra o vento, andando para trás, para que bolhas enormes e coloridas se formem. No Parque Farroupilha, a Redenção, pessoas de todas as gerações de divertiram, em um clima pueril e caloroso, deixando o estresse e as preocupações de lado. Era 4 de junho e o grupo Bolheiros POA promovia, no mais emblemático parque da cidade, o seu primeiro encontro na capital gaúcha, tornando real a ideia de Julia Engelman e Lorena Relva, que importaram a ideia das bolhas gigantes para Porto Alegre. “Começamos porque gostávamos muito do resultado das bolhas e nos gerava um lucro extra. Mas, o principal é porque a gente ia para a rua, via a galera se divertindo, gente de todas as idades, trazia a galera para os espaços públicos, o pessoal interagindo na praça... isso era o que mais nos deixava feliz”, conta Juliana, de 24 anos. Naiane Bassani, de 22 anos, aprovou a iniciativa. “Acho eventos assim muito importantes, porque promovem interação e contato entre as pessoas”, explica. Para os pais de crianças, é também proveitoso, pois os pequenos se divertem muito com as bolhas gigantes. “Acho muito legal, é uma forma de descontrair. Traz uma sensação de tranquilidade, além de contribuir para a integração com a família”, afirma Analice Azevedo, mãe da Sofia, de 2 anos. A ideia foi levada de diferentes formas às mais variadas cidades brasileiras, ganhando popularidade com o Facebook, espaço virtual que os autodenominados bolheiros têm grupos e comunidades. A Bolheiras POA, empresa formada pelas duas estudantes de Porto Alegre, busca ocupar os espaços públicos com descontração e arte. “Acho incrível ter eventos em espaços
públicos, abertos, e que abrangem todas as idades. Para mim é essencial um evento que possua tudo isso”, explica Juliana. Lorena, de 19 anos, confessa que foram necessárias inumeras tentativas para conseguir chegar na receita ideal. “Fomos aperfeiçoando as varetas, a poção, até chegar ao nosso produto fi nal, agora”. As jovens fazem parte do coletivo Bolheiros do Brasil, no Facebook. O projeto busca tornar os espações urbanos cada vez mais humanizados e sensíveis, algo necessário em meio à frieza cotidiana. Assim, protestos e manifestações não são os únicos eventos que vêm agregando pessoas e tomando espaço nas ruas. Cada vez mais, lugares públicos estão sendo ocupados e valorizados, sobretudo com fi ns humanitários. Propostas como estas trazem à tona e deixam mais visível a sensibilidade presente até mesmo nas mais movimentadas e intensas cidades, como Porto Alegre. Tornam possível e compatível a vivência nas cidades grandes com brincadeiras simples e tranquilas.