Candomblé da Bahia

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Copyright © 2010 José de Jesus Barreto Copyright © 2010 Solisluna Design Editora Edição Enéas Guerra Valéria Pergentino Design e Editoração Valéria Pergentino Elaine Quirelli Capa e Ilustrações Enéas Guerra

(ilustração baseada em foto de Pierre Verger)

Fotografias Isabel Gouvea Agradecimento especial Cida Nóbrega Revisão do texto Maria José Bacelar Guimarães Texto revisado segundo o novo acordo ortográfico da língua portuguesa que entrou em vigor em 2009. A edição deste livro teve o apoio do Fundo de Cultura/Secult e Fundação Pedro Calmon, através do Edital 25/2008.

Ficha Catalográfica - FPC / NLLL B263 Barreto, José de Jesus Candomblé da Bahia, Resistência e identidade de um povo de fé / José de Jesus Barreto. - Salvador : Solisluna Design e Editora, 2009. 92 p. : il. – (Série Traços do Encantamento, v.1) ISBN 978-85-89059-16-9 1.Candomblé. 2.Religião Afrobrasileira. 3.Cultura Negra. I. Título. II.Série. CDD - 362.118142

Todos os direitos desta edição reservados à Solisluna Design Editora Ltda. (71) 3379.6691 | 3369.2028 editora@solislunadesign.com.br www.solislunadesign.com.br www.solislunaeditora.com.br


SUMÁRIO 9 Prefácio 13 A Bahia 21 O tráfico 29 A religião 37 As irmandades 43 O candomblé 53 Os terreiros 59 Os Orixás 73 Sincretismo 77 As festas 85 Glossário 93 Bibliografia



O ser humano é livre para abraçar qualquer crença. A fé não se impõe, nem se chega a ela pelo intelecto. Chega-se ao Orixá pelo coração.1 maria stella de azevedo santos Ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá

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SANTOS, Maria Stella de Azevedo. Meu tempo é agora. São Paulo: Oduduwa, 1993. p. 107.



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PREFÁCIO

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a Bahia costuma-se dizer que o melhor está preservado nas histórias de vida de seu povo. São relatos de uma gente simples que nada têm a ver com os escritos oficiais. São casos recheados de crenças e certezas improváveis que retratam um jeito singular de ser e de viver. Narrativas como a de um moço trajado de branco que nunca esqueceu o som dos atabaques distantes que enchia de mistério as noites do Subúrbio Ferroviário de Salvador e sua alma de criança, nos anos 50 passados. O toque monótono e repetitivo do couro instigava sua curiosidade infantil e acalentava nele sonhos de um outro mundo, mágico, encantado. Maiorzinho, escapava da vigilância severa da mãe católica, desafiava o medo e seguia a trilha dos batuques que, de tempos em tempos, festejavam São Jorge, Santa Bárbara, Cosme e Damião, orixás e caboclos. Esticado, na ponta dos pés, o queixo na janela, espremido entre dezenas de outros meninos que esperavam a hora da distribuição da “comida do santo”, apreciava atônito aquele ritual, coração na boca, os olhos pequenos para registrar tudo o que acontecia naquela sala apertada, enfeitada de bandeirolas e folhas verdes, atulhada de gente de cor vestida de branco que falava e cantava numa linguagem incompreensível a seus ouvidos. A despeito do clima de festa – a dança, o canto, o ritmo, o chão batido coberto de areia fina e folhas de pitanga –, o tom era solene, de respeito, mesmo do lado de fora. Num canto da sala, num altar improvisado e colorido com papel celofane, ficavam entronizadas as imagens das divindades homenageadas.


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“O santo pegou!”, gritava alguém, enquanto os tocadores batiam mais forte nos atabaques e o burburinho se formava em torno de uma figura ou outra que girava com um ar esquisito, parecendo que ia cair. O medo cerrava os olhos da criançada que não achava pernas para sair do lugar, entorpecida e magnetizada pela energia que emanava, o bafo do calor e o cheiro de incenso exalando da sala repleta. O guri voltava para casa enfeitiçado e não conseguia dormir à noite, revendo as imagens, tentando compreender o incompreensível. Mas o coração repousava ciente de que alguma coisa de sagrado acontecera. Anos depois de uma formação católica rígida em colégio interno, aquele menino já adulto reencontrou-se por acaso com o mistério. “Pra que vosmecê vai comer esse acarajé com pimenta no dia de hoje?”, perguntou-lhe a baiana cheia de contas e balangandãs, uma negra gorda e lustrosa, daquelas de quem nunca se esquece a fisionomia, dona de um tabuleiro ao lado do Mercado Modelo, na cidade baixa da velha Salvador. Era tarde de verão de uma sexta-feira, algumas batidas de limão embaralhavam as ideias e a fome apertara. “E por que não?”, indagou o moço de volta, já afiando o pensamento para o debate. Em vão. Ela riu gostoso, mostrando os dentes alvos, olhou com maternal superioridade e religou (o termo religião vem daí, do latim re-ligare) a alma dele ao mistério, assim falando: – Meu filho, sua cabeça é de Oxalá, e Oxalá não come azeite e muito menos pimenta, ainda mais hoje, que é sexta-feira, dia dele. Senti seu santo logo que você chegou aqui perto. Deixe eu lhe dizer, não tome cachaça também, dia de hoje. Vista branco e acenda uma vela pra ele, seu pai, toda sexta. Perplexo, o moço curvou-se para pedir a bênção e, de quebra, ganhou um belo colar de contas brancas que ela retirou do pescoço e passou sobre a cabeça dele, ajeitando-o no pescoço sob a camisa. Passou a fome, o efeito da cachaça, e ele foi para casa matutando no acontecido. Decidido a tirar aquela revelação a limpo, andou consultando mães e pais de santo que jogavam e liam a mesma mensagem nos búzios: Oxalá o protegia. Era como se uma porta lhe tivesse sido aberta, como se dentro dele acendesse uma luz. E, mesmo sem nunca ter se entregado aos ritos da iniciação, só por estar ciente de que uma divindade


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regia sua cabeça foi o bastante para se sentir em paz, protegido, abrigado no traje branco de todo dia. *** A pretensão deste trabalho é tão somente apontar uma trilha, acender uma chama, apagar o medo e, com a licença e as bênçãos dos Orixás (santos, voduns, inquices, caboclos, encantados, anjos da guarda), abrir uma porta, uma fresta que seja, para a percepção, sem preconceitos, de um mundo diferente, mágico e real, rico e pouco conhecido, mesmo tão presente: a religião e o culto aos Orixás nos terreiros de candomblé da Bahia. Axé.

Este trabalho é dedicado ao “povo de santo” da Bahia.

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Flores e roupas brancas para Oxalรก no cortejo da Lavagem do Bonfim.


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A BAHIA Berço de uma nova nação, misturada e única

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oucos conseguiram retratar em palavras a alma baiana como o escritor Jorge Amado. Em 1983, por ocasião de uma conferência sobre a cultura e a tradição dos Orixás realizada em Salvador, ele escreveu um texto-saudação para a abertura do evento do qual pinçamos um trecho que abre uma janela para a compreensão das diferenças que caracterizam esse povo e também para o entendimento deste trabalho. Diz o escritor: Aqui na Bahia se iniciou o processo da grande mistura que começou a formar e ainda está formando a nação brasileira. Nosso povo e nossa cultura nascem da mistura das raças e dos sangues; por isso somos diferentes de todos os demais. Aqui se misturaram índios, negros e brancos para dar lugar ao brasileiro: dessa fusão resultam o nosso caráter e nossa cultura. Mas quero repetir aqui o que tenho afirmado tantas vezes: nosso umbigo é a África.2

Historicamente, aqui tudo começou. A Bahia, sobretudo Salvador e o Recôncavo, é o grande caldeirão de toda essa mistura, no qual se processa, ainda hoje, a harmonização de tantas diferenças e diversidades. O início de tudo foi, sem dúvida, a descoberta das águas calmas, azuis e aconchegantes da baía de Todos-os-Santos, pouco mais de um ano após a chegada dos portugueses a Porto Seguro, em 1500. 2

AMADO, Jorge Amado. Saudação aos Orixás da Bahia. A Tarde, Salvador, p. 6, 19 jul. 1983. (Para a abertura da II Conferência da Tradição dos Orixá e Cultura, realizada em Salvador de 20 a 29.7.1983).


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Antes mesmo de Lisboa determinar a fundação da cidade do São Salvador, porto e fortaleza, os nativos Tupinambás já se assanhavam com a presença de grandes embarcações comandadas por piratas e exploradores europeus em busca das riquezas do novo mundo recém-achado. É bem possível que, na tarefa hercúlea de construir as primeiras casas de palha e taipa, e as paliçadas de proteção da cidade capital do Brasil Colônia, em 1549, o governador geral Thomé de Souza já tenha contado com mãos negras ajudando, lado a lado com o braço moreno nativo, sob comando dos colonizadores brancos chegados do norte. Os primeiros negros escravos do Congo teriam chegado por essas bandas em 1537. Oficialmente, no entanto, o tráfico de escravos africanos começou pra valer a partir de 1551 e estendeu-se até a metade do século XIX. Assim, pode-se muito bem dizer que na velha Salvador e no Recôncavo nada há de valor histórico que não tenha um pouco do suor, do sangue e do saber dos povos vindos da África na condição desumana de escravos. Nada se mexia sem a força do trabalho deles. Os afazeres domésticos, o transporte, as construções, o comércio nas ruas, a carga e descarga no cais, a exploração e ocupação do Recôncavo e do interior, a roça, o plantio e a colheita da cana-de-açúcar, os engenhos, a cultura do fumo, a casa-grande e a senzala, as catedrais e seus santos, as festas religiosas, tudo enfim. A interação, mesmo à força, deu-se em todos os níveis: na assimilação e troca de culturas e também no corpo a corpo do sexo. Povoar era preciso. No início do século XVII (anos 1600), a população de Salvador e do Recôncavo já era de maioria negra e a mistura acontecia de forma natural ou forçada, intensamente, com o passar do tempo. Graças à fartura tropical e aos interesses mercantis da época, o porto da Bahia, durante cerca de 250 anos, foi o maior entreposto comercial do hemisfério sul do planeta. Aqui aportavam, indo e vindo pelo Atlântico, as embarcações oceânicas que faziam a rota comercial Europa-Ásia, o famoso e penoso Caminho das Índias, circundando o Sul da África. Nelas, chegavam as novidades, a informação; trocava-se, vendia-se e comprava-se toda sorte de produtos conhecidos à época. E os trabalhadores negros eram os maiores agentes dessas


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transformações, forjando no vaivém do dia a dia e no convívio com o diferente um jeito peculiar de ser e viver. Nos fins do século XVIII, a cidade da Bahia impressionava, era comercialmente a mais importante e movimentada urbe do Atlântico Sul. A quantidade de negros africanos e descendentes circulando pelas ruas era tamanha que alguns a chamavam de “cidade-formigueiro”, a “Roma Negra”. Há dezenas de relatos de época feitos por comerciantes, aventureiros e pesquisadores que obrigatoriamente aqui faziam escala, dando conta da diversidade de cores, culturas e etnias que tornava Salvador tão exuberante e atrativa. No século XIX, Dom João VI fugiu com a corte portuguesa das ameaças napoleônicas na Europa e, aqui na Bahia, em janeiro de 1808, sob pressão dos interesses políticos e mercantis ingleses, determinou a abertura dos portos a navios de todas as bandeiras, privilegiando o comércio com a Inglaterra. A “cidade-armazém” fervilhava em torno do cais. Mesmo com a mudança da capital para o Rio de Janeiro, acontecida em 1763, o porto de Salvador não perdera a importância e o tráfico de escravos africanos continuou até a segunda metade dos anos 1800. Igrejas, sobrados e mocambos expandiam os limites urbanos, e as velas dos saveiros enfeitavam as águas da baía de Todos-os-Santos, abarrotados de fumo, frutas, açúcar, couro, cerâmica e tudo mais com que o farto Recôncavo abastecia a Capital e exportava. Com o fim do tráfico – oficialmente determinado em 1851, mas ainda praticado clandestinamente, em menor escala, por algumas décadas – e a abolição formal da escravatura pela Lei Áurea promulgada em 1988, a cidade da Bahia era povoada por uma gente de tez negra e mestiça como nenhuma outra fora da África. Libertos legalmente, os africanos e seus descendentes teriam de conquistar sua liberdade, de fato, nas ruas. Não tinham alternativa. A situação era (como ainda o é) das mais desfavoráveis. O desafio era sobreviver, quase sempre ao desamparo, e na medida do possível integrar-se à sociedade que mantinha seus mecanismos de controle sob comando da elite branca, herança da colonização europeia. Era preciso subsistir, resistir e conquistar a cidadania pelo trabalho, geralmente no mercado

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informal, armando quitandas, botando tabuleiro, fazendo serviços de ganho, obrigações domésticas, vendendo e alugando sua força de trabalho, exercendo ofícios (sapateiro, alfaiate, barbeiro, ferreiro, marceneiro etc.), mendigando gorjetas, brigando pelo “de comer” de cada dia, procurando letrar-se... enfrentando com determinação, no dia a dia, objeções e toda sorte de preconceito. Mas era preciso também cuidar do sagrado, que nunca fora esquecido, na busca da identidade, da força, do elo com as origens africanas. O século XX, pós-abolição, foi de muita luta e afirmação para essa “gente de cor”, que ganhou espaço e as ruas com seus afoxés, festanças, batuques, suas roupas coloridas, sua cultura, com a energia de sua fé, um povo cheio de criatividade, de dores e de muita alegria de viver, apesar de tudo. Poupando os trocados ganhos, os mais precavidos compraram terrenos na periferia urbana e aí assentaram seus candomblés. A exuberância da cultura dessa gente e o jeito gregário próprio de partilhar a vida chamaram a atenção de pesquisadores, estudiosos e intelectuais da época, brasileiros e estrangeiros (como Manuel Querino, Nina Rodrigues, Estácio de Lima, Édison Carneiro, Donald Pierson, Pierre Verger, Ruth Landes, Roger Bastide, Agostinho da Silva, Gilberto Freyre, Jorge Amado, para citar alguns). Na primeira metade do século passado, falava-se muito no ideal mulato, um projeto de branqueamento da população como forma de integração social do afrodescendente. Era comum ver-se na cidade negros de terno, chapéu e guarda-chuva, bem como mulheres com cabelos espichados ou “fritos”, adequando-se aos padrões europeus. A partir dos anos 50, pós-guerra, a forma dessa integração pela aparência foi se modificando. Um grande salto para que o negro baiano começasse a se sentir mais livre do que apenas liberto foi a descoberta do petróleo no Subúrbio Ferroviário, com a consequente criação da Petrobras; a construção da rodovia Rio-Bahia (a BR-116); e também a criação da Universidade Federal da Bahia. Esses fatos, entre outros, impulsionaram a economia regional. Mais que isso, estimularam mudanças que mexeram com a estrutura social e influenciaram o modo de ver a cultura negra, tornando-a um elemento cada vez mais integrado à baianidade. Parte dos herdeiros da escravidão, como


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artesãos, donos de ofício, pequenos comerciantes ou “assalariados do petróleo”, constituiu aos poucos uma classe média que começou a criar seus espaços sociourbanos próprios, organizando-se, exibindo seus valores e fazendo-se respeitar pelo poder aquisitivo adquirido. Mas o grande grito de afirmação da negritude baiana ecoou nos anos 70, com a prática religiosa e o fazer cultural, via carnaval, a maior festa de rua do país. Os ideais de orgulho e beleza negra tomaram as ruas e os quatro cantos da cidade por meio dos tambores, danças, canções, vestimentas e do comportamento exibidos pelos blocos afro Badauê, Ilê Aiyê, Olodum, Muzenza, Male Debalê, Araketu... Tudo isso, também, resultado e consequência dos conturbados e férteis anos 60 com suas ideias políticas libertárias, da influência do black power norte-americano, das novidades estéticas do movimento tupiniquim da tropicália, do crescente turismo em Salvador, o trio elétrico levando atrás de si uma multidão de todos os matizes, em pé de igualdade, a gritar nas avenidas e sem cordões de isolamento: “Eu sou negão, meu coração é a liberdade” – música de Gerônimo, mestiço do Recôncavo. No final do século XX, o conceito “reparação” já estava nas bocas, no discurso dos ativistas e dos mais conscientes, como cobrança de responsabilidades e de uma política de compensações pelos crimes da escravidão. Estava explícito: sem distinção de credo e de cor de pele, todos somos cidadãos e temos iguais direitos e deveres. Assim deve ser. Nesta cidade de catedrais e terreiros, de batuques e cantochão, de quindins e acarajé, santinhos e patuás, promessas e ebós, búzios e oratórios, jaculatórias e banhos de folha, aqui, nesse santuário ecumênico da cidade do São Salvador da Bahia – e Recôncavo, o entorno da baía de Todos-os-Santos –, o afrodescendente (negro, marrom, mulato, sarará ou branco misturado) anda nas ruas de cabeça erguida, com orgulho, porque não se acha melhor nem inferior a ninguém. A cidade da Bahia é de todos, mais do que qualquer outra. A Mãe África está grudada com todo orgulho na cor da pele e se reflete nas almas transparentes dessa gente. Mas, definitivamente, somos é brasileiros e baianos com as bênçãos do Senhor do Bonfim e a proteção de todas as divindades.

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Com certeza, foi no gamelão tupinambá dessa Bahia de todos os santos, caboclos, orixás, inquices e voduns que esse melaço afro-barroco-baiano apurou o gosto e deu-se o cozimento do encanto de nossa gente mestiça. Ser baiano, hoje, é assumir com grandeza essa herança.

Foto ao lado: Acarajé, bola de fogo, comida de Iansã no tabuleiro.


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