ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ODONTOLOGIA SEÇÃO MINAS GERAIS
Curso de Auxiliar em Saúde Bucal - ASB
MÓDULO I – DO PROCESSO SAÚDE DOENÇA A BIOSSEGURANÇA NA ODONTOLOGIA
DISCIPLINA: BIOSSEGURANÇA NA ODONTOLOGIA
2016
Conteúdo INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4 OBJETIVOS ............................................................................................................................................. 5 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................................. 5 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................................... 5 CONCEITOS BÁSICOS NAS AÇÕES DE SAÚDE .......................................................................................... 5 MEDIDAS GERAIS DE BIOSSEGURANÇA .................................................................................................. 6 PESSOAL ADMINISTRATIVO ............................................................................................................. 6 PESSOAL TÉCNICO ............................................................................................................................... 6 BIOSSEGURANÇA NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA ..................................................................................... 8 PROCEDIMENTOS NO INÍCIO DO TRATAMENTO .......................................................................... 8 PROCEDIMENTO ENTRE PACIENTES ............................................................................................. 9 PROCEDIMENTOS NO FINAL DO DIA ........................................................................................... 10 BIOSSEGURANÇA NA RADIOLOGIA ...................................................................................................... 10 FATORES QUE DETERMINAM O NÍVEL DE SEGURANÇA EM AMBIENTES DA ÁREA DE SAÚDE............... 11 BARREIRAS FÍSICAS .......................................................................................................................... 11 BARREIRAS BIOLÓGICAS ................................................................................................................. 12 CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS SEGUNDO O RISCO POTENCIAL DE TRANSMISSÃO DE INFECÇÕES ........ 13 ARTIGOS CRÍTICOS ............................................................................................................................ 13 ARTIGOS SEMI-CRÍTICOS ................................................................................................................. 13 ARTIGOS NÃO CRÍTICOS .................................................................................................................. 13 A CONTAMINAÇÃO NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA E SEU CONTROLE ................................................... 13 ESTERILIZAÇÃO .................................................................................................................................... 18 PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO ...................................................................................................... 19 ESTERILIZAÇÃO POR CALOR SECO .............................................................................................. 20 ESTERILIZAÇÃO POR CALOR ÚMIDO .......................................................................................... 21 ESTERILIZAÇÃO POR MEIOS QUÍMICOS ..................................................................................... 22 LIMPEZA ,DESINFECÇÃO, DEGERMAÇÃO E ANTISSEPSIA ...................................................................... 23 ANTISSÉPTICOS .................................................................................................................................... 27 IODO ...................................................................................................................................................... 28 GLUCONATO DE CLOREXIDINA ..................................................................................................... 28 ÁLCOOIS ............................................................................................................................................... 28 HEXACLOROFENO (FISIOHEX E SOAPEX) .................................................................................... 29 ANTISSÉPTICOS INADEQUADOS ........................................................................................................... 29 PROTEÇÃO DAS MÃOS ......................................................................................................................... 30 TÉCNICA DE LAVAGEM DAS MÃOS ........................................................................................................ 30 TÉCNICA PARA COLOCAÇÃO DE LUVAS ESTÉREIS .................................................................................. 31 DESCARTE DO LIXO E DE RESÍDUOS DO CONSULTÓRIO ........................................................................ 31 CUIDADOS COM O AVENTAL (JALECO) ................................................................................................. 32 CONDUTA FRENTE A ACIDENTES OCUPACIONAIS ................................................................................ 32 RECOMENDAÇÕES PARA MANEJO DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL PELO PROFISSIONAL DE SAÚDE ..... 33 PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS EM CASO DE EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO ..................... 34 CUIDADOS LOCAIS ............................................................................................................................... 34
HIGIENE E PROFILAXIA ......................................................................................................................... 35 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 38 ANEXOS ............................................................................................................................................... 39 ALGUNS SÍMBOLOS DE BIOSSEGURANÇA ................................................................................... 39 DOENÇAS INFECCIOSAS DE MAIOR PREOCUPAÇÃO PARA A ODONTOLOGIA .................... 41 CIRURGIÕES-DENTISTAS SÃO RESPONSÁVEIS POR VISTORIA TÉCNICA ............................. 43 CONDIÇÕES MÍNIMAS PREVISTAS PELO CFO ............................................................................. 44 TRATAMENTO DO DIABÉTICO EXIGE CUIDADOS ESPECIAIS ................................................. 47 AIDS E HEPATITE NÃO EXIGEM ATENDIMENTO ESPECIAL EM BIOSSEGURANÇA ............ 48
“A CADA CONHECIMENTO ADQUIRIDO nos tornamos mais conscientes sobre os riscos de contaminação e mais responsáveis pela nossa própria saúde e a saúde do outro.” (Elizabeth Xavier)
INTRODUÇÃO
Biossegurança é o conjunto de ações voltadas para a prevenção ou eliminação de riscos que podem comprometer a saúde do homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidades dos trabalhos desenvolvidos. Antes mesmo do inicio da Saúde pública em 1854, já havia surgido à ideia de como seria a segurança e a saúde do trabalhador. Todos os profissionais estão sob constantes riscos de se acidentarem e ou adquirirem doenças. Portanto é de grande importância o conhecimento destes riscos e de como preveni-los incorporando no processo de trabalho as normas de biossegurança. A partir da epidemia da Imunodeficiência adquirida (SIDA) ( AIDS), ocorreu um despertar da consciência prevencionista, com necessidade de divulgação de medidas relacionadas á transmissão das doenças do trabalho, despertando a atenção dos trabalhadores para a saúde dos pacientes e a própria saúde. O correto é partir do princípio que todo paciente é um possível transmissor de doenças e utilizar de todos os cuidados de biossegurança como rotina. Nas medidas educacionais informativas está a base para a conscientização dos profissionais para que sigam as medidas preventivas e exijam
dos empregadores as
condições adequadas de rotinas de trabalho com segurança. A biossegurança acontece desde o saneamento básico, da água, do ar, do lixo, das habitações, seleção e descarte de lixo, nutrição, cidadania, ecologia e não apenas nos ambientes de trabalho. A segurança da vida está diretamente relacionada com a maneira pela qual o homem produz seus meios de vida através do trabalho, e se
satisfaz as suas
necessidades, através de consumo, de certos bens e serviços de subsistência, que se constituem, basicamente, de moradia, alimentação, educação e assistência em saúde. Moradia não significa a casa onde o homem habita. As ruas, os animais , o ar, o ambiente, a água, o clima e as características geográficas( relevo, hidrografia, etc), os meios de transporte, os lugares de trabalho, educação e lazer, enfim, todo o conjunto de ambientes por ele frequentado ou que o cerca, definem o seu morar. Os modos de morar incluem, também, o convívio com outras pessoas e demais seres vivos do meio em que vive.
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL Conhecer os princípios de biossegurança e adquirir assim a competência para colocá-los em prática visando à segurança de toda equipe e dos pacientes nos processos de trabalho.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar fundamentos de higiene, saneamento, nutrição e profilaxia, visando promover ações de saúde entre cliente/comunidade. Participar de ações que visem à prevenção e controle de doenças infectocontagiosas e/ ou crônicas. Conhecer doenças relacionadas ao ambiente e processos de trabalho na saúde, assim como as respectivas ações preventivas. Aplicar técnicas adequadas de descarte de resíduos biológicos, físicos, químicos e radioativos.
CONCEITOS BÁSICOS NAS AÇÕES DE SAÚDE
Nutrição - É a ciência que se ocupa dos alimentos, dos nutrientes e outras substâncias que ele contém sua ação, interação e balanço em relação à saúde e à enfermidade; assim como os processos por meio dos quais o organismo ingere, absorve, transporta, utiliza e excreta as substâncias alimentares (conselho de Alimentação e Nutrição de Assistência Médica Americana). Saúde – É o completo bem estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças ou enfermidades (Organização Mundial de Saúde).
Ecologia - É o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente onde vivem. Envolve diversos ramos do conhecimento (Biologia, Física, Química, Ciências Econômicas e Sociais).
A segurança da vida está diretamente relacionada com a ecologia. Sempre que se agride o meio ambiente, estamos agredindo a vida. Cidadania – É a expressão que indica a qualidade da pessoa que possui direitos e deveres com a sua pátria. Cidadão é o individuo consciente dos seus papéis na sociedade. Para que a vida em sociedade seja possível, foram criadas as normas de conduta, que preveem nossos direitos e deveres enquanto cidadãos. Leis que ditam que todo cidadão tem direito a vários itens importantes como: saúde e educação. Sabemos que esses direitos nem sempre são oferecidos pelos governantes. Devemos lutar por eles, mas também colaborar no que nos for possível. Nas leis trabalhistas, são agrupados artigos referentes à higiene e segurança no trabalho.
MEDIDAS GERAIS DE BIOSSEGURANÇA
PESSOAL ADMINISTRATIVO
Evitar permanência em locais contaminados;
Não transportar espécimes potencialmente contaminados;
Informações adequadas à clientela: não disseminar o “pânico”;
Zelar pelo ambiente: limpeza e conservação. Normas básicas para todas as áreas técnicas;
Usar, obrigatoriamente, uniforme;
Usar, obrigatoriamente, luvas somente na área técnica. Ao usá-las não manusear telefones, maçanetas e outros objetos de uso comum;
Objetos de uso nas áreas técnicas: canetas, lápis, borracha, etc., não devem ser usados fora ou carregados de suas dependências. Assim como os E.P. Is. (Equipamentos de Proteção Individual);
Usar sapatos fechados e baixos, e de preferência só no local de trabalho.
PESSOAL TÉCNICO
Manter as mãos longe dos olhos, boca, nariz e cabelos;
Usuários de lentes de contato, usar óculos nos setores de trabalho;
Evitar roupas de lã, veludo, fibras grossas, etc., pois liberam partículas, contaminando o usuário e o ambiente;
Usar cabelos curtos ou presos;
Não usar batom ou maquiagem;
Não usar anéis, pulseiras e relógios;
Não alimentar, portar ou armazenar alimentos em locais contaminados;
Não colocar material contaminado em geladeiras e armários de uso do funcionário e paciente;
Não fumar; o fumante exala partículas durante 30 minutos, inclusive após fumar;
Fazer limpeza e desinfecção da área (bancadas, equipamentos e pisos) antes e após a rotina com hipoclorito de sódio a 1% no piso e álcool 70% em bancadas e equipamentos;
Frequência da limpeza: pisos, bancadas e equipamentos: diária. Paredes e vidros: mensal.
Sequência: teto paredes equipamentos bancadas pisos.
Descartar o lixo em lata com tampa, pedal e sacos plásticos. Todo lixo deve ser incinerado ou identificado como “contaminado”;
Lavar as mãos com sabão e desinfetá-las com álcool 70GL (Glicerina 3%);
Manter todos os frascos contendo material infectante fechados;
Evitar tampar os frascos na altura dos olhos;
Nunca reencapar agulhas; elas devem ser desprezadas em recipiente rígido;
Vidrarias com fechaduras ou quebraduras não devem ser reaproveitadas;
Evitar contaminações acidentais;
Nas contaminações acidentais; lavar com água e sabão e aplicar antissépticos;
Considerar qualquer material biológico como possivelmente contaminado;
Material não descartável deve ser deixado em hipoclorito 10 minutos antes da lavagem e esterilização;
Não colocar recipientes contendo substâncias sobre equipamentos para evitar danos elétricos e obstrução da ventilação. Estes recipientes devem ser guardados em armários fechados e metálicos;
Considerar: o Temperatura: . Limites de inflabilidade ou explosão . Taxa de evaporação . Exemplos: alcoóis, fenóis, etanol. o Reagentes:
Reagentes corrosivos devem ser guardados próximo ao chão;
Usar recipientes não corrosivos para transporte;
Nunca transportar junto ao corpo
Inspecionar o estoque de tempos em tempos e retirar as substancias em deteriorização;
Não fumar no local de estocagem;
Ficar atento para substâncias incompatíveis;
Nunca
estocar
substâncias
incompatíveis
no
mesmo
compartimento. o Manuseio
Leia o rótulo e certifique-se do reagente a ser utilizado.
Siga corretamente as instruções e símbolos de advertências
Todo cuidado na manipulação e uso. Protege-se com EPIs;
Evitar derramamento no exterior do frasco;
Evitar
derramar
na
bancada.
Caso
aconteça,
imediatamente o local;
Feche hermeticamente os frascos após o uso.
o Vias de respiração
Inalação – transcutânea- oral – pulmonar
BIOSSEGURANÇA NA CLÍNICA ODONTOLÓGICA
PROCEDIMENTOS NO INÍCIO DO TRATAMENTO
limpe
1. Lavar as mãos; 2. Colocar gorro, máscara, óculos de proteção e jaleco; 3. Limpar e desinfetar as pontas de alta e baixa rotação, seringa tríplice, pontas do aparelho fotopolimerizador, bem como todas as partes do equipo de toque frequente; 4. Colocar a caneta em movimento, por 30 segundos; 5. Enrolar as pontas e as áreas de toque frequente com coberturas descartáveis; 6. Colocar um saco plástico no porta-detrito; 7. Colocar instrumentos estéreis na bandeja esterilizada; 8. Colocar instrumentos termo-sensíveis em solução esterilizante – deixar por tempo estabelecido pelo fabricante, e enxaguar com álcool ou soro fisiológico estéreis; 9. Instrumentos esterilizados devem ser mantidos em caixas fechadas, até serem usados; 10. Lavar novamente as mãos; 11. Colocar luvas de látex descartáveis ou estéreis, escolhidas de acordo com o procedimento a ser realizado; e. 12. Durante o atendimento, evitar tocar outras superfícies com a luva contaminada. Caso haja necessidade, usar sobreluvas.
PROCEDIMENTO ENTRE PACIENTES 1. Retirar e descartar as luvas; 2. Lavar as mãos; 3. Colocar a luva de limpeza; 4. Colocar a caneta de alta rotação em movimento, por 15 segundos; 5. Retirar as coberturas descartáveis; 6. Retirar o saquinho de lixo do porta - detritos; 7. Remover os instrumentos cortantes e colocá-los em um recipiente próprio; 8. Limpar e desinfetar a cuspideira – retirar o sugador e colocar substância desinfetante no sistema de sucção; 9. Desinfetar as superfícies – lavar e secar os instrumentos, e colocá-los para esterilizar, lavar e secar; 10. Retirar as luvas de limpeza; 11. Colocar novas coberturas – nova bandeja e instrumentos estéreis; e.
12. Lavar as mãos e colocar um novo par de luvas.
As recomendações devem ser seguidas rotineiramente, no cuidado de todos os pacientes.
PROCEDIMENTOS NO FINAL DO DIA 1. Repetir os procedimentos da etapa “entre pacientes”; 2. Colocar a caneta de alta rotação em movimento, por 30 segundos; 3. Desinfetar as pontas; 4. Lavar as bandejas e instrumentos – colocar para esterilizar; 5. Desinfetar cuspideira e sugador; 6. Retirar o avental; 7. Retirar as luvas e descartá-las, sempre e logo após o procedimento; 8. Lavar as mãos; 9. Não preencher fichas, abrir portas ou tocar em qualquer superfície contaminada estando de luvas; 10. Lembrar que a máscara também está contaminada, após o atendimento. Não tocar na parte frontal da máscara com as mãos desprotegidas, nem deixá-la pendurada no pescoço após o atendimento ou no final do dia; e. 11. Colocar luvas grossas de borracha antes de iniciar os procedimentos de limpeza e desinfecção.
BIOSSEGURANÇA NA RADIOLOGIA As normas sobre radiação ionizante, 1988, estabelecem procedimentos relativos à proteção contra a radiação. Os perigos de radiação excessiva são mínimos desde que se tomem as devidas precauções. As considerações sobre a segurança dizem respeito às técnicas radiológicas e se dividem em três áreas: o paciente, o operador e o equipamento.
a) Para o paciente:
Filtros de alumínio no aparelho
Filmes rápidos
Dose mínima possível de exposição ao raios-X
Uso de diafragma para dirigir o feixe de radiação
Aventais de chumbo (com um mínimo de 0,25 mm de chumbo) para proteção contra radiação difusa.
Técnica correta para evitar repetições.
b) Para operador:
Proteção contra radiações primárias, secundárias e vazamentos (permanecendo a uma distância de pelo menos 2 metros da ampola, e fora do alcance do feixe primário).
Jamais deverá segurar o filme, ampola ou o paciente durante a exposição.
Quando não estiver sendo utilizado, o aparelho deverá estar desligado da corrente elétrica para se evitar uma exposição acidental.
Biombos de chumbo.
FATORES QUE DETERMINAM O NÍVEL DE SEGURANÇA EM AMBIENTES DA ÁREA DE SAÚDE BARREIRAS FÍSICAS
Relacionados com as características do local, equipamentos e os sistemas de inativação do lixo: -
Cantos das paredes devem ser arredondados;
-
Bancadas com pontas arredondadas, não revestidas de tecidos ou papéis;
-
De inox ou fórmica impermeável;
-
Paredes não devem ter azulejos; devem ser claras, laváveis, limpas, lisas, de massa fina e impermeabilizadas;
-
Pisos devem ser claros, limpos, impermeáveis, de cerâmica vitrificada;
-
Usar saco plástico branco – leitoso, duplo, fechado e rotulado para descarte do lixo (contaminado);
-
O coletor de lixo deve ser com tampa, pedal e estar sempre forrado com plástico;
-
Usar luvas domésticas quando manejar e transportar lixo.
BARREIRAS BIOLÓGICAS
Usar EPIs: -
Aventais, macacões, jalecos;
-
Máscara para o pessoal da lavagem de material;
-
Óculos;
-
Proteção dos pés e das mãos.
Formação, informação e reciclagem do pessoal. Conscientização e conhecimento da importância das normas de biossegurança.
Orientação de toda a equipe sobre: -
Riscos químicos: relacionados aos riscos ligados às propriedades dos produtos e reativos utilizados.
Produtos inflamáveis:
-
Seguir recomendações e aviso dos fabricantes;
-
Rótulos e símbolos de advertência devem estar em destaque;
-
Considerar temperatura: -
Limite de inflabilidade ou explosão
-
Taxa de evaporação
-
Exemplos: alcoóis, fenóis, etanol.
- todo cuidado na manipulação e uso. Proteger-se com EPIs; - evitar derramamento no exterior do frasco; - evitar derramar na bancada. Caso aconteça, limpe imediatamente o local; - feche hermeticamente o frasco após o uso.
Vias de respiração - Inalação – transcutânea – oral-pulmonar.
CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS SEGUNDO O RISCO POTENCIAL DE TRANSMISSÃO DE INFECÇÕES ARTIGOS CRÍTICOS Aqueles que penetram em tecidos subepteliais, no sistema vascular e outros órgãos isentos de flora bacteriana própria. Devem ser descartados ou esterilizados. EX. Instrumentos de corte e de ponta. Instrumentos cirúrgicos e de periodontia; Agulhas de anestesia, bisturi, tesoura, etc.
ARTIGOS SEMI-CRÍTICOS Aqueles que entram em contato com a mucosa íntegra, capaz de impedir a invasão dos tecidos subepteliais. Não penetram no tecido do paciente, mas tocam a saliva e eventualmente, o sangue, mesmo sem penetração. Os materiais que não puderem ser esterilizados devem ser desinfetados. Ex.:Espelho Bucal, seringa tríplice, portaamálgama, moldeiras, etc.
ARTIGOS NÃO CRÍTICOS Aqueles que entram em contato apenas com a pele íntegra e os que não entram em contato direto com o paciente. Não tocam sangue, mas podem ser contaminados indiretamente por ele através do contato das mãos do operador. Devem ser desinfetados. Ex.:Refletores, telefones, maçanetas, interruptores de luz, bandejas, armários, etc.
A CONTAMINAÇÃO NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA E SEU CONTROLE
As condições específicas do trabalho odontológico aumentam os riscos da contaminação na prática clínica. As chances de uma infecção passar de uma pessoa para
outra são inúmeras. Esta passagem do agente infeccioso de um indivíduo para outro é chamada de Contaminação Cruzada. Vias potenciais de contaminação Através de pessoal odontológico:
Paciente
Profissional Paciente
Profissional Paciente Paciente
A transmissão de microorganismos pode ocorrer pelas seguintes formas:
-
Contato direto com lesões infectadas;
-
Transmissão indireta através de objeto contaminado;
-
Respingos de sangue, saliva ou secreções diretamente sobre a pele ou mucosa;
-
Inalação de microorganismos em suspensão devido aos aerossóis produzidos pelo uso de equipamentos rotatórios e sônicos, pela tosse, espirro ou fala.
Todos os pacientes devem ser considerados potencialmente infectados pelo fato de não poderem ser identificados mesmo com um bom levantamento da história médica.
As doenças infecciosas mais comumente encontradas no consultório odontológico são:
-
Causadas por vírus: herpes simples, hepatite B, AIDS, conjuntivite herpética, rubéola, etc.
-
Causadas por bactérias: pneumonia, tuberculose, difteria, etc.
O controle de infecções em um consultório dentário divide-se em três etapas:
1ª - Imunização: vacinação contra Hepatite B, contra Tétano a cada 10 anos (risco quase inexistente), contra Tuberculose – BCG (hospitais). 2ª - Barreiras de Proteção: luvas, máscara, gorro, avental e óculos. 3ª - Desinfecção dos equipamentos e do ambiente de trabalho e esterilização do instrumental utilizado.
Sistema de controle de infecção: 1. Barreiras 2. Esterilização 3. Desinfecção 4. Antissepsia
1. Barreiras
Que protegem o corpo do profissional: luvas, máscara, gorro, avental e óculos.
Que protegem a superfície: dique de borracha, folhas de alumínio ou plástico (rolopak).
Que impedem a contaminação de pontos específicos: controle de pé nas cadeiras, canetas de alta-rotação autoclaváveis, uso de sabão líquido, toalhas descartáveis, torneiras com controle de braço ou pé, lixeiras com tampas.
Redução do número de microorganismos nos aerossóis: técnicas de antissepsia da cavidade oral (ex.: gluconato de clorexidina: reduz de 75 a 99,9% a microbiota oral do paciente), uso de sugadores de alta potência.
a) Uso de luvas:
Descartá-las sempre;
Nunca atender telefone, abrir portas, gavetas, fumar ou escrever de luvas após atendimento do paciente: Desinfetá-la ou usar uma sobre-luva;
Trocar as luvas a cada paciente;
Fazer a antissepsia das mãos para a colocação das luvas e após, removê-las.
Retirar todos os anéis e joias, bem como proteger os ferimentos das mãos com esparadrapos;
No caso de luvas não estéreis, fazer a antissepsia da mão enluvada.
As luvas devem ser usadas para prevenir contato da pele das mãos e antebraços com sangue, secreções ou mucosas durante os procedimentos e para manipular instrumentos e superfícies. Existem no comércio diversos tipos de luvas, dependendo da finalidade à qual se destinam:
Luvas descartáveis de vinil ou látex para procedimentos. As de vinil não oferecem boa adaptação e servem para a realização de procedimentos como: exame clínico, remoção de sutura e como sobreluva; as de látex oferecem boa adaptação e são usadas em procedimentos clínicos de dentisteria, prótese, periodontia etc;
Luvas cirúrgicas estéreis descartáveis, confeccionadas com látex de melhor qualidade e que oferecem melhor adaptabilidade. Seu uso é indicado em procedimentos cirúrgicos;
Luvas de limpeza geral são de borracha grossa. Utilizadas para serviços de limpeza e descontaminação de instrumentos, equipamentos e superfícies. São reutilizáveis se não estiverem furadas ou rasgadas. Devem ser descontaminadas após o uso.
As luvas não protegem de perfurações de agulhas, mas está comprovado que elas podem diminuir a penetração de sangue em até 50% de seu volume;
O uso de dois pares de luvas é formalmente indicado em procedimentos cirúrgicos de longa duração ou com sangramento profuso, conferindo proteção adicional contra a contaminação.
b)Uso de máscaras:
Protegem contra a inalação ou ingestão de aerossóis e transmissão de microorganismos ao paciente. Devem ser descartáveis e substituídas sempre que estiverem úmidas ou ao final de um período de trabalho. Se houver gotículas de sangue, também devem ser trocadas imediatamente.
c)Uso de gorro:
Também deve ser descartável. Evitam a contaminação dos cabelos. Trocar ao final do expediente ou quando se contaminar com sangue ou fluidos orgânicos. ”O gorro e a máscara são as primeiras barreiras que devem ser colocadas e as últimas a serem retiradas”.
d)Uso de óculos:
Após o atendimento do paciente, os óculos contaminados devem ser lavados com sabão líquido (soapex) ou soluções antissépticas, bem enxaguados e secados com toalha de papel.
e)Uso de avental:
Devem ser trocados no ambiente de trabalho. Não há necessidade de troca entre os pacientes, a menos que esteja contaminado por qualquer fluido orgânico. As roupas brancas e o avental não devem ser lavados junto com outras roupas. É importante que permaneçam de molho no hipoclorito de sódio, pelo menos por 2 horas antes de serem lavados. Usar aventais apenas na sala de atendimento e não nos corredores, lanchonetes ou elevadores.
Proteção de Equipamentos e superfícies:
Entre um paciente e outro, todas as pontas (alta e baixa rotação, seringa tríplice) devem ser descontaminadas com solução desinfetante de álcool iodado e/ou álcool 70% por 60 segundos com remoção de resíduos e posteriormente encapadas com filme de PVC transparente.
Recomenda-se que o mesmo seja feito com o encosto e assento da cadeira, e mesa auxiliar, refletor e todas as superfícies com as quais o profissional mantenha contato. Nessas superfícies, o filme de PVC também deverá ser trocado a cada paciente. Para limpeza de bancadas móveis e equipamentos com superfície não metálica é adequada à fricção com solução aquosa de hipoclorito de sódio 1%, por 60 segundos. Quanto à limpeza de paredes e pisos recomenda-se uso de água e sabão.
Medidas que impedem a contaminação em pontos específicos: a)Toalhas: devem ser descartáveis, pois as toalhas de pano podem servir como meio de cultura para as bactérias originadas na boca do paciente. b)Sabão liquido: o sabão em barra é uma forma de contaminação cruzada no consultório. Consequentemente, deve-se usar sempre o sabão liquido, de preferência, germicida com “bombas” de aplicação. c)Torneiras: o ideal seria que tivessem um controle de pé ou braço, uma célula fotoelétrica que abrisse e fechasse a torneira. Na impossibilidade, o profissional deverá usar a toalha de papel com a qual ele enxugou a mão enluvada. d)Escova para as mãos: usadas para a lavagem das mãos. Estas devem permanecer dentro de um recipiente com solução antisséptica.
ESTERILIZAÇÃO Entende-se por esterilização a destruição de qualquer forma de vida conhecida num dado meio, mesmo de seus tipos mais resistentes, como vírus e esporos. Na prevenção e controle de infecções, a esterilização desempenha um papel fundamental. Deve-se, no entanto, estar associada às técnicas assépticas, a fim de que se garanta a eficácia do processo. Entende-se por técnicas assépticas (assepsia) o conjunto de meios utilizados para impedir a penetração de germes em local que não os contenha. Os processos de esterilização podem ser físicos ou químicos. O calor é utilizado através de forma úmida (vapor saturado sob pressão: autoclave e panela de pressão) e seca (estufa e flambagem). Há a radiação, que através de raios gama, cobalto 60 e
ultravioleta também promove o extermínio dos microorganismos. Já a esterilização química, utiliza os gases (óxido de etileno) e a forma líquida (através de produtos químicos). O processo de esterilização que maior segurança oferece é o vapor saturado sob pressão (autoclavação), seguindo-se de calor seco e esterilizantes químicos. A escolha do processo vai depender da natureza do artigo a ser esterilizado. Os artigos que entram em contato com as camadas profundas da pele, mucosa e tecido vascular, ou ainda os diretamente conectados a eles, exigem uma descontaminação rigorosa, ou seja, devem estar limpos e desinfetados para depois serem submetidos ao processo de esterilização. A desinfecção nesses casos, além de reduzir o número de microorganismos, facilitando o processo de esterilização, visa especialmente à proteção de quem manuseia o material (lava seca e prepara). Outra forma de proteção do pessoal auxiliar é o uso de luvas de borracha grossa durante a lavagem do instrumental.
PROCESSO DE ESTERILIZAÇÃO Os principais processos de esterilização utilizados nos serviços de saúde são aqueles realizados através de agentes físicos e químicos.
Calor seco
Estufa =
FÍSICOS Calor úmido
Autoclave Panela de pressão
=
Óxido de etileno QUÍMICOS Glutaraudeido 2%
=
Gasoso Líquido
Formaldeido Líquido
ESTERILIZAÇÃO POR CALOR SECO
É
feita
no
Forno
de
Pasteur,
também
conhecido
como
estufa.
Todo o instrumental disposto na bandeja, para cirurgia ou qualquer outro tratamento, fica contaminado após o atendimento, mesmo aquele que não for usado. Esses instrumentos são contaminados pela deposição dos aerossóis constituídos pelo sangue, saliva e fluidos orgânicos. O material contaminado não deve cruzar com o material esterilizado. Nenhum instrumental deve ser esterilizado se sobre ele houver matéria orgânica. O material deve ser colocado de molho em soluções desincrostantes em um recipiente de plástico comum. Os principais desincrostantes são: Descrost 100 ou Johnson 88, e neles o instrumental deve ficar mergulhado por 20 minutos. As soluções desincrostantes não são desinfetantes; por esse motivo, deve-se utilizar luvas domésticas no manuseio do instrumental. O instrumental deve ser então lavado em água corrente, escovando-se para remover todos os detritos desincrustados pela operação. Com toalhas de papel, seca-se então os instrumentos cuidadosamente para serem embalados em papel Kraft. A embalagem evita a corrente galvânica nos instrumentos, o que provocaria danos em seu corte ou em sua estrutura. Deve-se anotar na embalagem a data da esterilização e a identificação dos instrumentos. Após a conclusão do processo de esterilização os pacotes devem ser armazenados em armários ou gavetas, após o resfriamento à temperatura ambiente. Estes locais devem ser desinfetados semanalmente. A validação do ciclo de esterilização por calor seco compreende: 1- Pré-aquecimento da estufa até atingir a temperatura de 170º Celsius; 2- Colocação do instrumental na estufa pré-aquecida; 3- Esperar o termômetro atingir novamente a temperatura de 170º C; 4- Tempo de esterilização – 60 minutos; 5- Esfriamento.
Aspectos Importantes:
Os instrumentos para serem eficientemente esterilizados, devem estar completamente limpos e secos.
Aquantidade de instrumentos na estufa não pode impedir a circulação do calor
O ciclo de esterilização não deve ser interrompido.
Todo material destinado ao contato com o meio interno do corpo deve ser esterilizado antes de ser usado.
Temperaturas acima de 170º C queimam o invólucro dos pacotes e podem alterar o corte dos instrumentos.
As pontas de instrumentos ou das brocas devem ser protegidas inserindo-se um pedaço de algodão na ponta antes da esterilização.
ESTERILIZAÇÃO POR CALOR ÚMIDO É feita na Autoclave, seguindo os mesmos passos iniciais realizados para esterilização em estufa. O instrumental pode ser empacotado em papel ou tecidos. Não se deve utilizar caixas de metal, vidro fechado e sacos plásticos.
CONVENCIONAL
AUTOMÁTICA
Temperatura
120º C
135º C
Pressão
15 L
30 L
Tempo de Esterilização
15 a 20 min.
3 a 5 min.
ESTERILIZAÇÃO POR MEIOS QUÍMICOS Glutaraldeídos a 2% Esporicida Formaldeídos a 8% (álcool) e 10% (água) Óxido de etileno
Consegue-se a desinfecção do instrumental após 30 minutos e a esterilização de 6 a 10 horas. As desvantagens deste método são:
Corrosão dos instrumentos
Odor das soluções
Descoloração de superfícies.
ESTUFA
Vantagens
Desvantagens
- É eficaz para esterilizar instrumentos de - Requer longo tempo; metal; - Não destrói o fio dos instrumentos;
- Pequena penetração; - Pode descolorir ou queimar papel e tecidos.
- Não corrói ou enferruja.
AUTOCLAVE
- Curto ciclo de esterilização;
-
Corrosão do instrumental;
- Boa penetração;
-
Destruição do corte;
- Grande quantidade de material pode ser esterilizado por este meio.
As embalagens podem ficar úmidas.
LIMPEZA ,DESINFECÇÃO, DEGERMAÇÃO E ANTISSEPSIA
A limpeza é o processo mecânico de remoção de sujidades e detritos, mediante o uso de água, sabão ou detergente adequado e desencrostante, a fim de manter em estado de asseio os artigos, pisos, paredes, mobiliários e equipamentos, instrumental, etc. A limpeza conserva, sobretudo, a aparência física, embora colabore também para o êxito do
processo
de
desinfecção.
A limpeza dos instrumentos é fundamental antes de serem submetidos ao meio desinfetante ou esterilizante. Isto porque a presença de soro, sangue, saliva, gorduras, etc., num material, cria um ambiente protetor que aumenta a resistência dos microorganismos, dificultando o extermínio. A desinfecção é o processo de destruição dos microorganismos com exceção de formas esporuladas. A desinfecção é realizada em superfícies inertes, mediante a aplicação de meios físicos, como o calor; e meios químicos, com o uso de substâncias denominadas desinfetantes. A desinfecção é um processo diferente de esterilização, porque não chega a eliminar totalmente todas as formas de microorganismos, mas apenas os diminui sensivelmente ou impede sua multiplicação. Os critérios para proceder à limpeza e desinfecção variam de acordo com a exigência de descontaminação, natureza dos instrumentos e sua resistência à ação dos agentes germicidas. Para cada tipo de substância desinfetante, existe uma indicação própria em termos de tempo de exposição, diluição e uso. O procedimento indicado para desinfecção de instrumental utilizado na prática odontológica é a imersão por 30 minutos em:
a. Solução aquosa de hipoclorito de sódio a 1% b. Solução de álcool etílico a 70% c. Solução aquosa de glutaraldeído a 2% d. Água em ebulição por 15 minutos (na falta de outros produtos).
a) Solução aquosa de hipoclorito de sódio a 1% Vantagens:
Rápida ação anti-microbiana
Bactericida
Econômico
Efetivo mesmo diluído
Desvantagens:
Esporicida somente em altas concentrações
Não pode ser reutilizado
Precisa ser preparado diariamente
Odor desagradável
Irritante para pele e olhos
Corrosivo para metais
Degrada plástico e borracha
Indicação: paredes, pisos, bancadas, estofamentos da cadeira.
b)Solução de álcool etílico a 70% Vantagens:
Bactericida
Econômico
Levemente tóxico
Desvantagens:
Não mata esporos
Destrói borracha e plástico
Sua evaporação reduz sua atividade
Não é aceito pela A.D. A (American Dental Association) como desinfetante de superfície e imersão
Indicação: pontas, refletor, parte metálica da cadeira e equipo saca-broca, portaamálgama, etc.
b) Solução aquosa de glutaraldeído a 2% Vantagens:
Germicida
Amplo espectro anti-microbiano
Prolongada vida útil (+ 28 dias após o preparo)
Esporicida à temperatura ambiente após 6 – 10 horas
Geralmente não é corrosivo
Eficiente mesmo em presença de matéria orgânica
Esteriliza ou desinfeta instrumentos
Registrado pela A.D. A
Desvantagens:
Tóxico – irritante para os tecidos
Não é desinfetante de superfície
Altera a cor dos metais
Provoca reações alérgicas
Indicação: desinfecção de instrumental semi-crítico
c) Água em ebulição Indicada apenas na falta de outros produtos, durante 15 minutos.
Recomendações para desinfecção de superfície:
Superfícies que são difíceis de serem desinfetadas como botoneiras, interruptores, seringa tríplice, etc... Devem ser recobertas com plástico para facilitar a desinfecção entre os pacientes.
Cuidado para não provocar danos elétricos à cadeira ou equipo.
Siga criteriosamente as instruções do fabricante descrita no rótulo.
Use sempre luvas de borracha, óculos de proteção e máscara para a preparação ou aplicação das soluções.
As toalhas de papel devem ser preferidas em relação à gaze ou esponjas para se fizer a limpeza correta das superfícies.
As mãos dos profissionais constituem importante veículo na transmissão de várias doenças. Tal fato justifica uma maior atenção, voltada para a higienização das mãos, uma vez que se reduzem populações microbianas, diminuindo, conseqüentemente, a possibilidade de contaminação.Estudos mostram que a pele é colonizada por dois tipos de populações microbianas: a flora transitória e a flora residente. A flora transitória localiza-se na superfície da pele, junto a gorduras e sujidades, e por isso, os microorganismos que a compõem são removidos com mais facilidade, além de serem viáveis por apenas um pequeno espaço de tempo. Já os microorganismos da flora residente, que colonizam as camadas superficiais e profundas da pele, podem ser viáveis por longo tempo e difíceis de serem removidos mecanicamente.
Degermação consiste na remoção mecânica com água, sabão ou detergente sintético, dos microorganismos da flora transitória, dos detritos e impurezas depositadas sobre a pele. Em sua forma mais simples, a higiene das mãos consiste em molhar, ensaboar, friccionar toda a superfície, dedos e unhas, enxaguar em papel toalha descartável. As mãos devem ser lavadas antes e após o atendimento de cada paciente; antes e após a manipulação de medicamentos; após contato com artigos contaminados; antes de alimentar-se; antes e após usar o banheiro. As torneiras que permitem ser fechadas com o antebraço são as mais indicadas. O procedimento de lavagem das mãos deve ser feito antes do uso de luvas, evitando assim a sua contaminação. Após a degermação, evitar contato manual, com refletores, puxadores de gavetas e outros equipamentos.
Antissepsia visa reduzir a microbiota do paciente. Na antissepsia das mãos, as substâncias mais usadas são o iodo e o álcool, que possuem atividade germicida em presença de sangue, pus ou muco, sem, contudo irritar a pele. Vale lembrar que as unhas devem estar sempre curtas e polidas (lixadas). A antissepsia da boca pode ser feita com bochechos de água oxigenada (10 volumes) mais água (um para três), gluconato de clorexidina a 0,12%, antissépticos encontrados prontos em farmácias (Cepacol, Flogoral, etc.), ou, em último caso até com água filtrada pura. A descontaminação de tecidos vivos depende da coordenação de dois processos: degermação e antissepsia.
Degermação é a remoção de detritos e impurezas depositados sobre a pele. Sabões e detergentes sintéticos, graças às suas propriedades de umidificação, penetração, emulsificação e dispersão, removem mecanicamente a maior parte da flora microbiana existente nas camadas superficiais da pele (flora transitória), mas não conseguem remover aquela que coloniza as camadas mais profundas (flora residente).
Antissepsia é a destruição de microorganismos existentes nas camadas superficiais ou profundas da pele, mediante a aplicação de um agente germicida de baixa causticidade, hipoalérgico, passível de ser aplicado em tecido vivo. Esses agentes são classificados como antissépticos. Na odontologia visam promover a redução da microbiota oral do paciente, tornando os aerossóis menos contaminantes e redução da microbiota da mão.
ANTISSÉPTICOS Um antisséptico adequado deve exercer a atividade germicida sobre a flora cutaneomucosa em presença de sangue, soro, muco ou pus, sem irritar a pele ou mucosas. Muitos testes in vitro foram propostos para avaliar a ação de antissépticos, mas a avaliação definitiva desses germicidas só pode ser feita mediante testes in vivo. Os agentes germicidas que melhor satisfazem as exigências para aplicação em tecidos vivos são o iodo, a clorehexidina, o álcool e o hexaclorofeno. O triclosan ainda não foi
suficientemente avaliado e os compostos de amônia quaternária, os mercuriais orgânicos (mercúrio, merthiolate), a acetona, o clorofórmio, o éter e o hipoclorito de sódio (liquido de Dakin) não são adequados, apesar de ainda serem utilizados. IODO O iodo é considerado o mais eficiente antisséptico, desde 1893, quando os cirurgiões franceses utilizaram-no para o tratamento de feridas supuradas. Todavia, durante muito tempo, o emprego do iodo foi bastante limitado, porque as soluções, aquosa ou alcoólica, então utilizadas, queimavam a pele e mucosas por serem muito concentradas (7%). Foi somente com o emprego de soluções mais diluídas (1 a 2%) que esses efeitos colaterais indesejáveis diminuíram e se constatou que o iodo é menos tóxico e incomparavelmente mais ativo do que os mercuriais orgânicos. Na década de 50 descobriu-se que o iodo poderia ser dissolvido em PVP que além de conservar inalteradas as propriedades germicidas do iodo, apresenta as seguintes vantagens sobre as soluções alcoólicas e aquosas desse agente: não queima não mancha tecidos, raramente provoca reações alérgicas, não interfere no metabolismo e mantém ações germicidas residuais.
GLUCONATO DE CLOREXIDINA
A cloro-hexidina é um germicida mais ativo contra bactérias gram-positivas do que contra gram-negativas e de baixa toxidade. Na odontologia tem sido usada em 2 concentrações diferentes: 1- 0,12% para bochecho 2- 2% para antissepsia da cavidade preparada em dente para restauração 3- 0,12% em gel para massagem (periodontia)
ÁLCOOIS O álcool etílico tem maior atividade germicida, menor custo e isopropílico.
toxidade que o
O álcool isopropílico tem ação seletiva para vírus, é mais tóxico e apresenta menor poder germicida que o etílico. A concentração do álcool etílico é de 77% volumevolume, que corresponde a 70% em peso. Os álcoois podem ser utilizados em associação com PVPI ou com clorohexidina, que são antissépticos de ação residual, para antissepsia pré-operatória da pele. Pode também ser acrescentada glicerina para evitar o ressecamento das mãos (álcool 70 GL).
HEXACLOROFENO (FISIOHEX E SOAPEX)
O hexaclorofeno é restrito ao uso tópico. Exercem ação bactericida contra Staphylococcus aureus e bacteriostática contra alguns gram-negativos. A atividade antisséptica depende de sua deposição sobre superfícies tratadas, sendo, portanto, lenta e cumulativa. É solúvel em álcool; conseqüentemente, a aplicação de álcool ou de soluções alcoólicas de outros antissépticos, após a de hexaclorofeno, é contra-indicada, porque remove o resíduo ativo e anula a ação antisséptica do mesmo. Todas as formulações de hexaclorofeno, especialmente aquelas em que a concentração desse antisséptico é inferior a 3%, estão sujeitas a contaminação com Pseudomonas e outras bactérias gram-negativas.
ANTISSÉPTICOS INADEQUADOS Existem razões suficientes para o abandono dos mercuriais orgânicos como antissépticos. Mercuriais orgânicos (Merfem, mercúrio cromo, merthiolate e outros) foram avaliados por Engley que demonstrou serem esses compostos apenas bacteriostáticos e sofrerem inativação quando em contato com a pele e mucosa. Acresce ainda que os mercuriais, quando orgânicos, em solução aquosa se contaminam com Pseudomonas e suas soluções alcoólicas são menos ativas do que o próprio álcool. Além disso, os mercuriais provocam graves reações de hipersensibilidade em pacientes posteriormente tratados com diuréticos à base de mercúrio. A acetona exerce ação antisséptica inferior à do álcool, sendo, todavia, mais tóxica para a pele. Clorofórmio e éter exercem ação antisséptica semelhante à do álcool, porém o primeiro é muito irritante e o segundo provoca ressecamento e esfoliação da pele. Líquido de Dakin é uma solução de hipoclorito de sódio a 0,5%, introduzida durante a
Primeira Guerra Mundial para tratamento antisséptico de feridas, que, ao longo do tempo, demonstrou ser menos eficiente e mais tóxico do que se supunha inicialmente e seu uso não é justificado nos dias atuais.
PROTEÇÃO DAS MÃOS
O ato de lavar as mãos é um importante hábito de higiene pessoal, a ser realizado antes das alimentações ou da manipulação de alimentos e após as excreções. A lavagem das mãos é essencial para prevenção e controle de doenças transmissíveis, devendo ser praticada por todo o profissional da área da saúde. É imprescindível a lavagem das mãos nas seguintes situações:
antes e após qualquer atendimento ao paciente; antes e após o manuseio de artigos contaminados, tais como seringas e bisturís (contaminação acidental).
Em sua forma mais simples, a higiene das mãos consiste em: molhar e ensaboar, friccionando toda a superfície das mãos, inclusive entre os dedos; remover os detritos depositados sob as unhas, enxaguar em água corrente, enxugar em toalha limpa ou papel toalha. Essa técnica é adequada para a higiene pessoal e profissional.
TÉCNICA DE LAVAGEM DAS MÃOS 1 - Abrir e ensaboar a torneira. 2 - Ajustar o fluxo da água, mantendo-o constante até o término da lavagem das mãos. 3 - Ensaboar as mãos lavando cuidadosamente as bordas das unhas e os espaços interdigitais. 4 - Lavar as mãos, punhos e antebraços, realizando movimentos giratórios e mantendo as mãos em nível horizontal para evitar a contaminação dos braços. 5 - Enxaguar as mãos, punhos e antebraços em água corrente abundante, inclusive a torneira e o sabão.
6 - Secar completamente as mãos, punhos e antebraço com papel toalha ou fluxo de ar quente. 7 - Fechar a torneira.
TÉCNICA PARA COLOCAÇÃO DE LUVAS ESTÉREIS
1 - Lavar as mãos secando em seguida. 2 - Abrir o pacote de luvas atentando para não tocar na parte interna do mesmo. 3 - Retirar a gaze contendo talco e aplicar nas mãos cuidadosamente (quando a luva não for talcada). 4- Manter as mãos elevadas (acima dos cotovelos) durante o procedimento de calçar as luvas. 5 - Segurar na dobra do punho de uma das luvas, com a mão oposta e calcá-la. 6 - Repetir o procedimento com relação à outra luva, segurando-a sob a dobra do punho, com a mão enluvada. 7 - Ajustar as luvas nos dedos e nos punhos. 8 - Realizar procedimento. 9 - Retirar a primeira luva segurando-a pela face externa, na região do punho. Manter as mãos abaixo dos cotovelos para a retirada das luvas. 10 - Retirar a segunda luva introduzindo os dedos na parte interna da mesma. 11 - Colocar as luvas em local apropriado para descontaminação. 12 - Lavar as mãos.
DESCARTE DO LIXO E DE RESÍDUOS DO CONSULTÓRIO
Objetos perfuro cortantes, como agulhas de anestesia e sutura, lâminas de bisturi, limas e outros assemelhados, devem ser descartados imediatamente após o uso, em recipientes rígidos e com tampa. Deve-se identificar esses recipientes com o símbolo de infectante, de acordo com a NBR 7500 da ABNT, e com a transcrição das expressões “INFECTANTE” e “MATERIAL PERFUROCORTANTE”. Após o fechamento do coletor de material pérfuro-cortante, ele deve ser colocado em saco plástico branco leitoso, padronizado (ABNT-NBR: 9190 e NBR: 9191 de 1993). Nesse saco, deve
constar o símbolo de material infectante (ABNT-NBR: 7500). Em seguida, o saco deve permanecer em local apropriado, aguardando a coleta especial. O coletor deve ser usado adequadamente. Se possível, use aqueles que possuem desconector. A agulha de anestesia pode ser desconectada no próprio coletor. Nunca preencha o coletor acima da linha pontilhada. Mantenha o coletor em suporte próprio. Nunca deixe o coletor no chão, ou em superfície úmidas e passíveis de respingos. O lixo sólido, como gaze, algodão, sugadores, campos e outros, deve ser colocado em saco plástico branco leitoso e impermeável. O saco deverá ser preenchido somente em 2/3 do seu volume, para facilitar o seu fechamento. Siga o mesmo procedimento de rotulagem supracitado. As lixeiras devem ter tampas e pedais. O lixo comum, como embalagens, papel, lixo administrativo e similares, deve ser desprezados em sacos de lixo comum. Sacos individuais pequenos (como os usados para sanduíches), utilizados no portadetritos, permitem um descarte prático e seguro desses dejetos, por permitir dupla embalagem.
CUIDADOS COM O AVENTAL (JALECO)
O avental sujo deve ser transportado em sacos impermeáveis, e lavado separadamente das outras roupas de uso pessoal. O avental deve ser lavado normalmente; porém, o seu tecido deve permitir o uso de água quente, detergente para roupas e agentes alvejantes. Além da lavagem, o calor da passagem da roupa também contribui para a eliminação de microrganismos. Antes de lavar, deixar de molho por 02 horas em hipoclorito de sódio.
CONDUTA FRENTE A ACIDENTES OCUPACIONAIS
Na Odontologia, é praticamente impossível para o cirurgião-dentista
e auxiliares
saberem, com certeza, se o paciente é portador de algum patógeno possível de transmissão, já que a história médica (anamnese) e o exame clínico nem sempre permitem tal identificação.
Esse fato faz com que o uso dos EPI’s seja de fundamental importância para se evitar infecção ocupacional a partir de uma exposição acidental. O risco de se adquirir o HIV é de aproximadamente 0,3%, após exposição percutânea; e de 0,09% após uma exposição muco cutânea, em situações de exposição a sangue. No que se refere ao vírus da hepatite B, a probabilidade de infecção após exposição percutânea é significativamente maior do que a pelo HIV, podendo chegar a 40%. Para o vírus da hepatite C, o risco médio varia de 1% a 10%. É importante ressaltar que existem alguns fatores envolvidos e relacionados, para que a infecção ocorra. São eles: -
agente etiológico;
-
o volume de material envolvido;
-
a carga viral;
-
a forma de exposição; e.
-
a susceptibilidade do acidentado.
Uma “exposição ocupacional” que requer “profilaxia pós-exposição” é definida como uma injúria percutânea. Por exemplo, com agulhas ou objetos pérfuro-cortantes; contato com mucosa ou pele não intacta, quando o contato se der por tempo prolongado (muitos minutos ou mais), ou que envolva áreas extensas, com sangue, tecidos ou outros, fluidos que possam ser contaminantes. (Centers for Diseases Control and Prevention – CDC).
RECOMENDAÇÕES PARA MANEJO DE EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL PELO PROFISSIONAL DE SAÚDE Os serviços de saúde sempre devem ter à disposição dos seus funcionários um sistema que inclui: a) protocolos escritos para que se possa relatar o fato; b) avaliação do acidente; c) aconselhamento; e d) tratamento e acompanhamento do profissional de saúde em risco de adquirir qualquer infecção. Por outro lado, o profissional de saúde deve comunicar o acidente imediatamente ao seu superior, particularmente porque as medidas profiláticas quando recomendadas, devem ser implementadas imediatamente.
PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS EM CASO DE EXPOSIÇÃO A MATERIAL BIOLÓGICO Esses procedimentos incluem cuidados locais na área exposta, recomendações específicas para imunização contra tétano, e medidas de quimioprofilaxia e acompanhamento sorológico para hepatite B e C e AIDS.
CUIDADOS LOCAIS
Após a exposição com material biológico, cuidados locais com a área exposta devem ser imediatamente iniciados. Recomenda-se lavagem rigorosa com água e sabão, em caso de exposição percutânea. O uso de solução antisséptica degermante (PVP-iodo ou clorexidina) também pode ser recomendado. Após exposição em mucosas, é recomendada a lavagem exaustiva com água ou solução fisiológica. Procedimentos que aumentam a área exposta (cortes, injeções locais) e a utilização de soluções irritantes como éter, hipoclorito ou glutaraldeído, são contraindicados.
LEMBRETES IMPORTANTES Procedimentos indicados para esterilização de instrumental utilizado na prática odontológica
MÉTODO
TEMPERATURA
TEMPO
Autoclave -
por gravidade
121º C (1 Atm pressão)
20 minutos
-
por auto-vácuo
132º C
4 minutos
Estufa (calibrada)
160º C
120 minutos
170º C
60 minutos
Imersão em solução aquosa de -
10 horas
glutaraldeído a 2%
Mantenha a estufa fechada durante o processo de esterilização. Caso contrário, a perda de calor deverá ser compensada.
Espere a estufa alcançar a temperatura ideal para iniciar a contagem do tempo.
Lembrar que, para desinfecção de metais as soluções de glutaraldeído a 2% são mais adequadas, já que o hipoclorito de sódio tem ação corrosiva de efeito cumulativo.
As agulhas devem ser de uso único.
O uso da solução de glutaraldeído nunca deve exceder ao tempo constante nas especificações do fabricante. As agulhas devem ser descartáveis. Não devem ser entortadas ou reencapadas após o uso, evitando punção acidental. Devem ser descartadas em recipientes de paredes resistentes contendo hipoclorito de sódio 1%.
Não reencape agulhas, evitando punção acidental.
Os tubetes anestésicos devem ser submersos em solução desinfetante e, quando não utilizados totalmente, devem ser descartados.
Não desinfetar quando se pode esterilizar: Esterilizar é a melhor conduta.
HIGIENE E PROFILAXIA As principais doenças bucais podem ser evitadas por meio e higiene e profilaxia (Educação para a Saúde). A prevenção das doenças bucais é feita individual ou coletivamente. A individual é feita pelo Dentista ou Técnico em saúde Bucal ou Auxiliar de Saúde Bucal e ou pelo próprio paciente. A prevenção é feita através de controle da placa, controle da cárie e profilaxia, que na realidade estão interligados. Para fazer o controle de placa e de cárie é necessário ter conhecimentos básicos sobre a doença e ser motivado no sentido de combatê-la. A demonstração ao paciente das regiões normais alteradas, bem como o reconhecimento por ele de áreas de lesão e áreas sadias são situações do exame clínico que favorecem a compreensão do processo saúde-
doença bucal. Os resultados dos exames e índices detectados (sangramento, placa, avaliações radiográficas, etc) devem ser explicitados e discutidos com o paciente. É importante que ele se familiarize com sua dentição. A informação das razões da presença da doença e de sua localização particular deve ser enfatizada. Em resumo, o paciente precisa de informações detalhadas (que podem ser oferecidas “passo a passo”) sobre suas condições dentárias pessoais, sobre a relação entre a presença da placa dental, cárie, cálculo e doença periodontal. Deve entender e conscientizar que sua participação ativa no tratamento é essencial para que o resultado seja bem sucedido. Para a maioria das pessoas, a remoção da placa por meios mecânicos é um procedimento que consome muito tempo e que, do ponto de vista técnico, é difícil de dominar. O uso de medicamentos para auxiliar ou substituir os meios mecânicos de controle de placa tem despertado considerável interesse. Os medicamentos usados visam exclusivamente atingir a placa supragengival, ou procuram atingir a microbiota supra e subgengival. Tem-se conseguido graus variáveis de controle de placa supragengival pelo uso de antissépticos, mas várias preparações enzimáticas, e agentes tenso-ativos (fluoretos) tem sido incorporados a dentifrícios, soluções para bochechos, goma de mascar e outros veículos. Deve-se conscientizar o paciente que os medicamentos apenas auxiliam a higiene, nenhum deles dispensa o ato de escovar. O controle da cárie e das doenças periodontais é feito através do controle da placa (profilaxia). Pode ser realizada através da auto-limpeza, escovação e uso do fio dental e através da limpeza profissional, isto é, polimento coronário e raspagem ou alisamento radicular. Os tratamentos das doenças periodontais baseiam-se, frequentemente, no controle da placa bacteriana através da limpeza profissional periódica. Por outro lado, em relação à cárie o controle da placa é apenas uma das medidas utilizadas para prevenir o aparecimento da doença. Outros métodos, como a aplicação tópica de flúor, uso de selantes oclusais, controle da dieta, são necessários para impedir o ataque pela cárie. Teoricamente, a eliminação total e diária da placa, impediria o desenvolvimento dessas doenças. No entanto, é impossível alcançar este objetivo através apenas da auto limpeza. Em outras palavras, o hábito de escovar regularmente os dentes não é suficiente para prevenir o aparecimento das lesões cariosas ou evitar a presença da gengivite. Tanto a escovação, quanto o uso do fio dental, apresentam
limitações. Existe aí a predisposição orgânica do indivíduo às doenças bucais e o tipo e frequência dos hábitos alimentares. A dificuldade de coordenação dos movimentos da escova e do fio dental, principalmente em crianças, a presença de restaurações e prótese mal adaptadas, bem como a dificuldade de acesso a todas as regiões e superfícies dentárias, impedem, na prática cotidiana, o total desaparecimento da placa. As superfícies oclusais e interproximais que são mais susceptíveis ao aparecimento da cárie são também as que têm menor possibilidade de serem limpas pela escovação dentária.
Pode-se chamar de higiene bucal aos cuidados que devemos ter, diariamente, para evitar a formação ou o crescimento da placa bacteriana. São eles: a)Uso frequente do fio dental; b)Escovação correta; c)Bochechos com água e/ ou antissépticos bucais.
“Nada há de permanente,exceto a mudança”. (Heráclito, 450 a. C.)
CRÉDITOS DESTA APOSTILA: CD/PROFESSSORA Elizabeth Sandra Souza Xavier
REFERÊNCIAS
PACHECO JÚNIOR, Waldemar. Qualidade na segurança e higiene do trabalho. Editora Atlas. São Paulo, 2005
EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. Fundacentro - São Paulo.
SÉRIE SAÚDE E TECNOLOGIA. Segurança no ambiente hospitalar. Ministério da Saúde/ Secretaria de Assistência à Saúde, 2005.
Guia Curricular para formação do Atendente de Consultório Dentário para atuar na rede básica do SUS: Área I e II. Brasília. Ministério da Saúde, 1998
Guia Curricular para Técnico em Higiene Dental para atuar na rede Básica do SUS
ANEXOS ALGUNS SÍMBOLOS DE BIOSSEGURANÇA
uso obrigatório de luvas
NÃO COMER OU BEBER
uso obrigatório de botas
PROIBIDA A ENTRADA DE PESSOAS NÃO AUTORIZADAS
NÃO FUMAR
PROIBIDO ANIMAIS
BIOSSEGURANÇA: UMA NECESSIDADE!
Danielle Amone de Oliveira Está cada vez mais evidente a necessidade do controle de infecção no consultório odontológico. É de essencial importância a realização, antes de qualquer procedimento,
de uma anamnese que inclua a história médica do paciente, antecedentes familiares, tratamentos médicos anteriores e atuais e exames laboratoriais feitos. A infecção cruzada pode ocorrer:
Dos pacientes para o profissional e equipe auxiliar;
Dos profissionais e equipe auxiliar para os pacientes ;
De um paciente para outro por via pessoal ou por meios odontológicos;
Via fômites, podendo atingir tanto os pacientes quanto o pessoal do serviço.
DOENÇAS
INFECCIOSAS
DE
MAIOR
PREOCUPAÇÃO
PARA
A
ODONTOLOGIA
A) De origem viral: 1. Hepatite A,B,C e D; 2. Infecções pelo vírus da imunodeficiência humana – HIV; 3. Infecções herpéticas; 4. Infecções comuns do trato respiratório superior, como vírus da gripe, rinovírus e adenovírus; 5. Infecções causadas por vírus coxsakie (patologias das mãos, pés e boca, hepangina); 6. Verrugas infecciosas (papiloma vírus humano – HPV); 7. Viroses T- linfotrópicas humano I – HTLV – 1; 8. Rubéola.
B) De origem bacteriana: 1. Infecções estafilocócicas (lesões supurativas, esteomelites, infecções urinárias); 2. Infecções estreptocócicas (escalatina, febres reumáticas, endocardites, nefrites); 3. Tuberculose; 4. Sífilis; 5. Legionelose; 6. Bleonoragia de transporte orofaríngeo. Para evitar-se tais infecções, seguem abaixo algumas dicas:
A) Atenção ao paciente: _antes de qualquer intervenção, fazer bochecho com solução antisséptica (ex.: gluconato de clorexidina a 0,12 % - Periogard); _antissepsia da face (preparo para cirurgia); _antes do isolamento absoluto, fazer a profilaxia dental com taça de borracha e pasta profilática; _proteger o paciente com campo descartável, óculos de proteção, gorro e fornecer a ele um guardanapo de papel absorvente.
B) Atenção ao profissional e pessoal auxiliar: _lavagem das mãos com sabonete líquido antisséptico; _secagem das mãos com papel toalha; _uniforme branco, avental branco de manga longa, punho e gola de padre, máscara, luvas, gorro descartável e óculos de proteção; _uso de sobreluvas descartáveis aplicáveis a qualquer situação fora do campo operatório.
C) Atenção aos instrumentos e materiais: _após o procedimento, imergi-los em solução de glutaraldeído a 2% durante 30 minutos em uma cuba plástica com tampa; _enxaguar o material com água corrente e fazer a limpeza com escova e detergente; _secagem do material com pano descartável; _esterilização.
D) Atenção às superfícies: _passar um pano com álcool 70% nas superfícies de trabalho, como por exemplo a bancada auxiliar , alça de refletor, pontas de alta e baixa rotação, seringa tríplice , botoneira da cadeira, encosto da cadeira, mocho, entre outros lugares. Aplicar uma vez, apesar de secar e aplicar novamente a solução. Em seguida deve ser feita a colocação de barreiras nessas superfícies com filme de PVC (Magipack). Para seringa tríplice, usar pontas descartáveis.
E) Descarte do material:
_sacos plásticos na cor branca, com indicação de material contaminado para todos os produtos que não sejam cortantes ou perfurantes; _caixas de papelão resistentes para armazenar agulhas, bisturis – entre outros.
CIRURGIÕES-DENTISTAS SÃO RESPONSÁVEIS POR VISTORIA TÉCNICA A Comissão de Vistoria Técnica, composta pelos cirurgiões-dentistas Renato Horta e Débora Starling, foi criada em 1993 com o propósito de divulgar e garantir o cumprimento da Resolução CFO 186/93, que fixa condições mínimas para o funcionamento de clínicas odontológicas. Assim, as inscrições de clínicas passam a ser precedidas por inspeções que avaliam aspectos de biossegurança. Consultórios também são vistoriados em casos de denúncia ou solicitação encaminhada pelos fiscais do CROMG, que estão preparados para detectar condições que possam colocar em risco a saúde da população usuária dos serviços odontológicos e até dos profissionais. Para maior objetividade nas visitas, foi desenvolvido um roteiro que é preenchido em todas as clínicas e consultórios vistoriados em situações especiais. Na maioria dos casos, os estabelecimentos são também fotografados, produzindo-se assim laudos técnico-descritivos sobre a assepsia do ambiente, infra-estrutura, material de proteção, equipamentos etc. Se constatada alguma irregularidade, o profissional responsável recebe ofício com relato das alterações necessárias para que os problemas sejam resolvidos dentro do prazo estipulado. Quando são observadas reincidências, isto é, o não cumprimento das recomendações feitas pela CVT, a Vigilância Sanitária é acionada para aplicação das penas legais previstas, que variam de multas à interdição. Nesse caso, o CROMG formaliza a denúncia à Secretaria de Estado da saúde. Antônio Augusto esclarece que em nenhum momento o Conselho se sobrepõe às exigências das Vigilâncias Municipais e Estadual, já que a autarquia verifica as condições básicas de funcionamento. Por isso o profissional deve estar atento às normas estabelecidas por esses órgãos e usufruir da orientação do CROMG – sede e delegacias – quando necessário.
CONDIÇÕES MÍNIMAS PREVISTAS PELO CFO Segundo a Resolução CFO-186/93, as entidades prestadoras de serviço odontológico deverão apresentar como condições mínimas:
-
Paredes revestidas ou pintadas até o mínimo de dois metros de altura com material liso e impermeável
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Piso liso e impermeável
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Lavabo com água corrente nas salas operatórias
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Dependências sanitárias isoladas das salas operatórias
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Quando o serviço se utilizar de aparelhos de radiodiagnóstico, as dependências onde os mesmos estiverem instalados deverão obedecer às normas municipais, estaduais e federais de vigilância sanitária.
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Iluminação e ventilação adequadas
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Materiais de proteção que garantam a segurança tanto aos profissionais quanto aos pacientes: avental, gorro, máscara, luvas etc.
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Material de consumo adequado ao bom desempenho da proposta de serviço e que esteja dentro das normas e padrões atuais
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Recursos humanos (CD e auxiliar) compatíveis com a proposta de atividade que satisfaçam as exigências previstas pelo CFO
-
Equipamentos capazes de propiciar à equipe de saúde e aos pacientes adequadas condições de proteção, segurança, ergonomia e desenvolvimento dos procedimentos
-
Equipamento de esterilização com, no mínimo uma estufa esterilizadora ou autoclave
-
Fichário e arquivo pra registro das fichas individuais
Resolução define quem deve de inscrever
Art 76. O funcionamento de entidade prestadora de assistência odontológica obriga ao registro no Conselho Federal e à inscrição no Conselho Regional em cuja jurisdição esteja estabelecida ou exerça sua atividade.
§ 1º. Entende-se como entidades prestadoras de assistência odontológica as clínicas dentárias ou odontológicas, policlínicas ou quaisquer outras entidades, estabelecidas ou organizadas como firmas individuais ou sociedades para a prestação de serviços odontológicos direta ou indiretamente. § 2º. Entre as entidades referidas neste artigo incluem-se: a) além de suas matrizes ou sedes, as filiais e filiadas independente das designações que lhes sejam atribuídas, ainda que integradas em outras entidades ou organizações de cunho não odontológico; b) os serviços de assistência odontológica dos estabelecimentos hospitalares; c) os serviços odontológicos mantidos por empresas para prestação de assistência a seus empregados; d) as clínicas médico-odontológicas; e) as clínica mantidas por sindicatos; f) as clínicas mantidas por entidades beneficentes; g) as cooperativas de prestação de serviços odontológicos; h) os consultórios de propriedade de cirurgiões-dentistas que empregam ou não colegas para trabalhar, desde que: 1) anunciem-se como “clínica”, “clínica dentária ou odontológica”, “odontoclínica dentária ou odontológica”, ou outro designativo que os identifique como organização de prestação de serviços odontológicos; 2) exista contrato individual ou coletivo registrado ou sujeito a registro na Junta Comercial, 3) sejam cadastrados no ISS como entidades referidas no §1º. Deste artigo; ou 4) mantenham qualquer tipo de convênio em grupo que os caracterizem com clínica 5) as empresas intermediadoras e/ou contratantes de serviços odontológicos. “VACINAR PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE TEM SIDO UM DESAFIO”
Os profissionais da área de saúde são motivo de preocupação para as Secretarias de Saúde. Por estarem em contato constante com sangue e outros fluídos corporais passíveis de contaminação, eles se situam entre os principais grupos de risco da hepatite B. Existem seis tipos de vírus da doença e vacinas apenas contra os tipos e B.
A hepatite B, transmitida através do sangue ou de fluídos corporais como sêmen e saliva, demanda atenção redobrada. A doença tem período de incubação longo – entre 30 e 180 dias – e sua versão aguda pode levar a infecções crônicas – cirrose e câncer hepático.
Existem vacinas contra os vírus das hepatites A e B. O setor público oferece apenas a vacina contra a hepatite B. A imunização é feita em três doses, dadas com intervalos de zero, 30 e 180 dias. Se a pessoa deixa de tomar uma das doses no prazo, não há necessidade de reiniciar o processo, porque a vacina confere memória imunológica. Ao entrar novamente em contato com o vírus, o sistema imunológico é reativado. É de fundamental importância que as pessoas guardem sua caderneta de vacinação para não ter de tomar doses sem necessidade.
A vacina adotada pelo Ministério da Saúde é produzida por tecnologia de DNA recombinante, altamente segura e eficaz, obtendo de 90 a 95% de proteção. Estudos demonstram que a memória imunológica permanece por mais de 12 anos no organismo, protegendo contra a infecção crônica. Em pessoas com estado imunológico normal não há necessidade de se fazer dose de reforço, a menos que ela desenvolva outra patologia que cause imunossupressão
Esta vacina foi incluída no Programa Nacional de Imunização em 1992 e desde essa época está disponível para os profissionais de saúde e outros de risco, como pacientes de hemodiálise, profissionais do sexo, bombeiros e policiais. Em 1998 ela passou a fazer parte do calendário vacinal para menores de um ano e gradativamente foi estendida para outras pessoas, sendo hoje oferecida também para menores de 20 anos. A vacina é gratuita e oferecida em todo o Brasil. O vírus da hepatite B é a maior causa de doença crônica hepática e carcinoma hepático primário no mundo. É fundamental que o profissional de saúde se proteja e não se torne veículo de transmissão de doença. A vacina confere proteção significativa, não há porque não lançar mão desse benefício. Existem outros cuidados que não podem se esquecidos, como lavar as mãos, principalmente após terminar ou examinar o paciente, usar luvas de látex, máscara e óculos de proteção e não realizar procedimento cirúrgico quando houver ferimento ou solução de continuidade na pele, que é uma porta de entrada para o vírus. O profissional de saúde está sob o risco constante de acidentar-se
em sua prática diária, levando a uma exposição a fluidos com sangue e saliva, muitas vezes, contaminados pelos vírus HBC, HCV e HIV. Evitar esta exposição ocupacional ao sangue, portanto, é o procedimento principal para prevenir a transmissão de hepatite B, hepatite C e AIDS em consultórios odontológicos e em outros ambulatórios de saúde. Medidas como utilização de paramentação adequada e técnicas para minimizar o índice de acidentes (como reencape de agulhas com a técnica de mão única) são algumas das várias preocupações necessárias ao procedimento odontológico. Contudo, ainda que a utilização de paramentação reduza significativamente os acidentes mucocutâneo são prevenidos, somente, sob algumas circunstâncias.
Vacinação contra hepatite B
Todo profissional de saúde trabalha e se expõe ao sangue e a outros fluidos corpóreos deve ser vacinado contra a hepatite B. A vacina deve ser administrada sempre via intramuscular (músculo deltóide), e pode ser administrada concomitantemente a outras vacinas, sem interferência na resposta imunológica. O esquema compreende 3 doses, que deveriam ser concluídas antes do início de qualquer atividade clínica (segunda dose: um mês após a primeira e a terceira dose cinco meses após a segunda).Doses de reforço da vacina contra hepatite B para aqueles profissionais vacinados e certos de sua imunidade não são necessárias, assim como a sorologia periódica para verificação de imunidade.
TRATAMENTO DO DIABÉTICO EXIGE CUIDADOS ESPECIAIS À medida que o cirurgião-dentista conhece a história do seu paciente, começa a identificar os critérios de riscos do caso – a higienização bucal, o controle da glicemia, infecções que tende a apresentar. O diabético necessita de um monitoramento mais rigoroso porque tem risco aumentado de infecção periodontal, o que pode ocasionar maior gravidade da doença. Ele deve ir ao consultório uma vez a cada três ou quatro meses. Mas não é regra. A frequência das visitas dependerá das condições de saúde bucal, do grau de inflamação que ele apresenta e do seu comportamento preventivo.
Outros pontos também precisam ser observados para que o tratamento ocorra de forma proveitosa como a duração das sessões costuma ser menor para reduzir o estresse, que leva a descompensarão do diabetes. O melhor horário de atendimento varia de acordo com o protocolo da medicação em uso – normalmente é pela manhã, quando ele está relaxado, medicado e alimentado. Em geral, os diabéticos procuram os consultórios com problemas gengivais ou periodontais. Por isso, a maioria dos tratamentos começa com raspagem da gengiva e limpeza dos dentes para remoção do tártaro. Esses procedimentos removem possíveis focos infecciosos que podem afetar o bom controle glicêmico. Quando o paciente está descompensado, ele não responde bem a essa fase do tratamento e as infecções persistem. Nesses casos, o cirurgião-dentista pode desconfiar que existissem outros complicadores além do diabetes e a melhor atitude a ser tomada é trocar informações com o médico que avalia o caso antes de continuar o tratamento.
AIDS E HEPATITE NÃO EXIGEM ATENDIMENTO ESPECIAL EM BIOSSEGURANÇA A biossegurança, procedimento para combate a contaminações em consultórios odontológicos, é o segredo para que o Cirurgião-Dentista e auxiliares diminuam o risco de se infectar pelos vírus da AIDS ou da hepatite. Segundo especialistas, em termos de controle de infecções,o atendimento a pacientes soropositivos ou com hepatite B ou C não deve ser diferenciado. A partir do momento em que o profissional passa a tomar cuidados especiais com um paciente portador do vírus da AIDS, por exemplo, essa prática indica que ele está negligenciando os cuidados no seu trabalho no dia-a-dia com outros clientes. A preocupação com a segurança deve ser constante para todos. Embora muitas pessoas imaginem que a AIDS seja a grande vilã dos profissionais de saúde, a ameaça da hepatite é bem maior. “O risco de infecção pelo HIV é de 0,3%, enquanto o risco de hepatite B é de 30%, e o de hepatite C, de 10%. A maioria dos profissionais de saúde são imunizados contra a hepatite B. O tipo C, contudo não tem vacina. A preocupação em relação à AIDS alertou os profissionais sobre os riscos de outras doenças.
O CD e auxiliares estão bastante expostos a infecções, por ter muito contato com objetos perfuro cortantes, sangue e secreções, em cirurgias ou simples procedimentos no consultório. Os cuidados com segurança são bastante difundidos e conhecidos entre a classe odontológica. O uso de avental, luvas, máscara, óculos e gorro é obrigatório. As luvas devem ser trocadas a cada procedimento. O avental não descartável tem de ser lavado separadamente de outras roupas da família. Certas ações, muitas vezes feitas de forma mecânica, como atender ao telefone, pegar em uma caneta ou na maçaneta da porta com a luva que estava na boca do paciente, também oferecem perigo. “Nessas situações, o melhor a fazer é usar uma sobreluva na hora de tocar em outros objetos ou isolar essas áreas com filme plástico”, indica Eduardo. Em relação à esterilização de instrumentos, existem três métodos diferentes: na estufa, na autoclave (calor úmido) ou por meio de química.. o.
Mudança de comportamento
As normas de biossegurança são bastante estudadas nos cursos de Odontologia e de seus auxiliares e cada profissional tem a obrigação de se conscientizar sobre a ameaça de infecção. A questão não é apenas ter a percepção do risco, mas sim mudar certos comportamentos. A situação é parecida com o uso da camisinha em uma relação sexual: todo o mundo sabe que o preservativo é a melhor forma de prevenção contra a AIDS, mas muita gente não usa. O investimento em biossegurança não é um obstáculo ao cumprimento das normas. O controle de infecções encarece um pouco o tratamento, mas não a ponto de justificar a sua não adoção. Atualmente o paciente está mais exigente e atento quanto às questões de segurança no consultório. Ele questiona mais, observa se o Cirurgião-Dentista e auxiliares usam luva e compara a postura de um profissional com a de outro. O paciente HIV positivo, então, tem uma preocupação ainda maior, em parte pelo receio de que possa estar espalhando o vírus pelo consultório, mas também pela consciência de que exige certos cuidados no tratamento. Ele, geralmente, não costuma esconder a doença durante a anamnese – a menos que ainda não saiba, apesar de o preconceito contra este tipo de paciente ainda existir. No aspecto clínico, um paciente com AIDS pode necessitar de um atendimento
diferenciado. Se ele estiver em uma fase de imunodepressão e tiver de passar por um procedimento sem urgência, é melhor esperar. Lesões ou inflamações podem complicar o seu quadro.
O outro lado
Apesar de existir uma grande preocupação do Cirurgião-Dentista e auxiliares sobre o risco de contrair alguma infecção do paciente, como o profissional de saúde deve agir quando ele é o portador do vírus? Esconder sua condição de soropositivo é uma prática antisséptica? Não existe nenhuma indicação do Conselho de Ética em Odontologia determinando que o Cirurgião-Dentista tenha de explicar se é portador do vírus HIV ou da hepatite. Agora, se o paciente perguntar, a questão torna-se muito delicada, porque se ele for portador e disser que não é, estará mentindo”, esclarece. Antigamente, o CD infectado era muitas vezes, deslocado para funções intelectuais, dentro de sua área. Atualmente o profissional pode exercer sua profissão normalmente, evitando, contudo, procedimentos cirúrgicos.
CD e auxiliares devem procurar infectologista em caso de acidentes ocupacionais?
Em caso de acidentes no consultório com objetos perfuro cortantes no atendimento de pacientes com doenças infectocontagiosas, o Cirurgião-Dentista ou auxiliares devem procurar um infectologista para saber se é necessário iniciar uma terapia preventiva contra a doença. O Cirurgião-Dentista precisa comparecer, até 24 horas após o acidente, ao centro de saúde, acompanhado do paciente. O infectologista, então, vai analisar o histórico do paciente e decidir ou não pela terapia. No caso da AIDS, o CD/auxiliares é obrigado a tomar, por 30 dias, o mesmo coquetel de drogas oferecido à pessoa portadora do vírus. A terapia causa efeitos colaterais, como enjoos, diarreia e prostração, mas estatisticamente reduz para quase 0% a chance de infecções. ............................................................................................................................