100 Anos do Colégio Francisco Telles

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Colégio Francisco Telles 100 anos de tradição e excelência em educação


Iniciativa Irmã Luci Rocha de Freitas Diretora Geral dos Colégios Vicentinos Realização Editora Vicentinos Direção editorial e Coordenação de pesquisa histórica Renata Cenciarelli Redação Renata Cenciarelli e Roberta Bencini Edição de textos e imagens Roberta Bencini Revisão de texto Katia Bastos Machado Colaboração Irmã Lea (pesquisa nos registros do Instituto das Irmãs Vicentinas de Gysegem), Juliana de Lima Scarelli (pesquisa histórica) e Marcelo Min (fotógrafo) Ilustração Gil Tokio - Pingado Direção, edição e produção de arte Baruk Studio Projeto Gráfico Baruk Studio Iconografia Baruk Studio

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária responsável: Maria Angela de A. Faustino – CRB8-4185 C395 Cenciarelli, Renata. Colégio Francisco Telles – 100 anos de tradição e excelência em educação/ Renata Cenciarelli; Roberta Bencini; coordenação Irmã Luci Rocha de Freitas – Diretora Geral dos Colégios Vicentinos; ilustrações Gil Tokio; 1. ed. – São Paulo: Editora Vicentinos, 2014. 100p. 1. Colégios Vicentinos. 2. Colégio Francisco Telles. 3. Educação I. Cenciarelli, Renata. II. Bencini, Roberta. III. Freitas, Luci Rocha. IV. Título. CDD 373.8165


Ainda que a firmeza seja necessária para atingir o fim a que nos propomos em nossas boas obras é, contudo, necessário empregar muita ternura nos meios. São Vicente de Paulo


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Prezados amigos Estamos celebrando cem anos de existência e os frutos colhidos ao longo dessa trajetória centenária. Observo com orgulho como esta escola pequenina manteve seu brilho e sua capacidade de produzir, crescer e tornar-se parte importante da história de nossa comunidade, destacando-se no cenário educacional. O Colégio Francisco Telles, escola Paroquial conhecida por todos como Instituição, caminha no sentido inverso ao curso natural da vida, ou seja, não envelhece e está cada dia mais nova e moderna. Compreendemos o quanto é importante que o velho dê lugar ao novo e que mudanças só são possíveis

quando guiadas por pessoas apaixonadas pela missão e com espírito empreendedor, como as Irmãs Vicentinas, que por tantos anos souberam combinar tão bem a modernidade e a tradição na educação. Nosso compromisso é continuar esse trabalho, empenhados em dar a essa casa mais centenários de existência, possibilitando a outras crianças e jovens que por ela passarem, construírem a história deles, rememorando momentos de perpétuo aprendizado. Neste momento de eterna gratidão a Deus, elevemos preces de agradecimento ao Criador por todos os educadores que, com

As irmãs que fizeram história no Colégio Francisco Telles 1910

1920

1930

1950

Ir. Maria Orlanda (Superiora) Ir. Maria de São José (Diretora) Ir. Maria Flórida

Ir. Alina (Superiora) Ir. Josefina

1940

Ir. Alina (Superiora) Ir. Tereza Serra (Diretora)

Ir. Emiliana


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ardor vicentino, representaram dignamente esta casa e foram responsáveis pela educação e formação de crianças e jovens. E a todos nós, educadores por essência, cabe retribuir com compromisso e gratidão a confiança de nossa comunidade escolar, anunciando o quanto nos empenharemos em continuar a educação Vicentina em nossa cidade como um marco constante de mudança para o nosso país. Deixamos este livro como memorial, buscando eternizar a história de pessoas apaixonadas pelo que realizaram, incentivando outras a continuarem esta história de grandes realizações.

1960

Ir. Tereza Ir. Maria Irene

1970 Ir. Assunção (responsável pelo vespertino) Ir. Luciana (responsável pelo matutino) Ir. Josina e Ir. Anna Alves de Oliveira Ir. Elza, Ir. Aparecida Biasi e Teresa José Ir. Anna (Diretora), Ir. Carmem e Ir. Helena Ir. Irene, Ir. Isabel e Ir. Josina (Superiora) Ir. Letícia, Ir. Maria de São Luiz e Ir. Sílvia

Irmã Luci Rocha de Freitas Diretora Geral dos Colégios Vicentinos

1980

1990

2000 Ir. Alice Antunes Ir. Luci Rocha de Freitas

Ir. Valéria Ir. Claret Ir. Alice Antunes

Fontes: Ir. Alice Antunes e Ir. Elza; José Antonio Hungaro; Jornal da Cidade – 20 de março de 1976, Suplemento Especial de Domingo – Jundiaí


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A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo. Eduardo Galeano. Jornalista e escritor uruguaio

Fazer memória de uma história secular não é tarefa simples. Quando se trata de uma escola, isso se torna ainda mais complexo, porque, afinal, são milhares de pessoas, milhares de vivências, incontáveis fatos e infinitas impressões sobre o que se quer lembrar, sobre o que se quer reverenciar. Dar forma e construir um livro comemorativo para registrar o jubileu dos 100 anos do Colégio Francisco Telles foi uma empreitada apaixonante e inesquecível. O ponto de partida foi a pesquisa. Era necessário ouvir e registrar. Ouvir sobre a história do colégio e simultaneamente sobre a história de Jundiaí e do povo jundiaiense. Ouvir as Irmãs Vicentinas, seus desafios e soluções construídas às custas de muita dedicação e trabalho. Ouvir alunos e ex-alunos, professores e ex-professores, funcionários e ex-funcionários, ouvir quem participa ou participou dessa história. Esbarramos, porém, numa das dificuldades mais comuns ao pesquisador brasileiro, o registro. Apesar de as Irmãs Vicentinas

manterem rigoroso registro das práticas da escola, contamos muito com os relatos, pois, diferentemente do que vivemos hoje, até bem pouco tempo fotografias, por exemplo, eram artigo de luxo. Coletado o material e, cientes da responsabilidade de editá-lo, passamos pela difícil escolha: o que publicar, diante de tanta vida que a história do Colégio Francisco Telles carrega? Optamos por criar o caminho editorial do livro que chegou às suas mãos. Esteja certo de que há muito mais do que verá e lerá e que, sem exceção, todos os que participaram da história do Colégio Francisco Telles têm nosso reconhecimento, pois, sem duvida, são a história dele. Alegra-nos muito saber que este livro será sucedido por muitos outros e que, na agitação do desenvolvimento tecnológico, os futuros registros contarão com e-mails, fotos, selfs, entre inúmeros recursos que ainda sequer imaginamos. Este trabalho nos mostrou que a escola é parte primordial da vida das pessoas ontem, hoje e sempre. Agradecemos às Irmãs Vicentinas de Gysegem – Servas dos Pobres – a oportunidade de compartilhar de sua história e a de todos os que colaboraram conosco com tanto entusiasmo para a elaboração deste livro. Acima de tudo, damos graças a Deus por participarmos de um projeto de promoção de vida centrado nos valores cristãos. Esperamos que gostem da leitura deste livro comemorativo e, principalmente, reconheçam nele o amor pela educação, mostrado nos cem anos do Colégio Francisco Telles. Renata Cenciarelli Diretora Adjunta da Editora Vicentinos


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Alunos em diferentes tempos: Helena A. Martins, da Educação Infantil, assiste a vídeo comemorativo dos 100 anos do Colégio Francisco Telles.


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Chamado


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Chamado Substantivo masculino. Ato de pronunciar o nome de (alguém) para pedir participação e/ou verificar presença.


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No estado actual das coisas, de que surgem novas condições para a humanidade, a Igreja, que é sal da terra e luz do mundo, é com mais urgência chamada a salvar e a renovar toda a criatura, para que tudo seja instaurada em Cristo e n’Ele os homens constituam uma só família e um só Povo de Deus. Decreto ad gentes sobre a atividade missionária da igreja

Deus não vos faltará se lhe fordes fiéis, porque Ele vos reuniu para a eternidade. Elisabeth de Robiano

É preciso dar o seu coração para obter em troca o dos outros. São Vicente de Paulo

Spinhuys cresceu. Esse era o nome da primeira escola dirigida pelas Irmãs Vicentinas de Gysegem, na Bélgica, em 1818. O nome significa Casa das Fiandeiras, já que os primeiros cursos oferecidos eram de corte e costura, bordado e matemática. Começava assim a história do Instituto das Irmãs Vicentinas de Gysegem e dos Colégios Vicentinos. À luz dos ensinamentos de São Vicente de Paulo, o projeto da fundadora Elisabeth de Robiano, uma nobre baronesa, construído pelas mãos das irmãs, prosperou. O trabalho em Spinhuys logo ganhou reconhecimento; até mesmo as famílias abastadas do lugar pleiteavam matrícula para seus filhos. Passados 45 anos da fundação da primeira escola, o Instituto das Irmãs de São Vicente de Paulo de Gysegem tinha trinta casas e 250 religiosas. Como a vocação missionária da Igreja sempre foi vivida pelas Irmãs Vicentinas de Gysegem, e a missão de levar a Igreja a todas as gentes se fazia mais forte, o trabalho expandiu-se. Era hora de atravessar o oceano e levar o carisma vicentino para outras partes do mundo.


17 Casa das Irmãs Vicentinas de Gysegem, na Bélgica, na década de 1930.


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MissĂŁo


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Missão Substantivo feminino. Incumbência que alguém deve executar a pedido ou por ordem de outrem; encargo.


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Não sou daqui nem dali, mas de qualquer lugar onde Deus quer que eu esteja. São Vicente de Paulo

Em 1896, no Brasil, começou mais uma parte da história das obras dessas caridosas irmãs. A pedido do Papa Leão XIII, o Instituto das Irmãs Vicentinas de Gysegem enviou irmãs para Olinda (PE), a fim de promover a vida dos menos favorecidos da região. Entre os séculos XIX e XX, a missão chegou a São Paulo pelas mãos de Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, Bispo Emérito de São Paulo, para atender crianças do educandário Casa Pia São Vicente de Paulo. A qualidade do trabalho das Irmãs continuava a se destacar no atendimento aos pobres, e oito anos depois as irmãs fundam sua primeira escola em terras brasileiras, o Colégio São Vicente de Paulo, no bairro da Penha, sob a direção de Irmã Hermeta. Em Jundiaí, a missão começou na Escola Paroquial Francisco Telles, em 1914. É possível imaginar as Irmãs chegando à cidade pela Estrada de Ferro Santos Jundiaí, tendo pegado a linha conhecida como “Ingleza”, na Estação da Luz. Pela janela, elas devem ter se deslumbrado com

os milhares de hectares de terra com pés de café, frutas e eucaliptos. Consta no livro Jundiaí na História, de Walter da Costa e Silva Filho, que, em 1914, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro tinha mais de 3 milhões de árvores plantadas, em Jundiaí, para abastecer as fornalhas das locomotivas a vapor. A nova instituição tinha o nome de Escola Paroquial Francisco Telles e localizava-se na Rua do Rosário (antiga Rua do meio), no coração de Jundiaí, ao lado da Catedral Nossa Senhora do Desterro. A pedido de Dom Duarte Leopoldo e Silva, o primeiro arcebispo de São Paulo, as Irmãs Vicentinas de Gysegem assumiram a direção da escola idealizada por uma nobre senhora, Anna de Queiróz Telles, filha do Barão de Jundiaí, Francisco Telles. Começava mais um importante capítulo na história do Colégio. O trabalho em São Paulo dava muitos frutos. Em 1919, as irmãs assumiram a direção de mais uma escola: o Colégio João e Raphaela Passalacqua, no bairro da Bela Vista.


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Reconhecimento


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Reconhecimento Substantivo masculino. Ato ou efeito de reconhecer; reconhecença, recognição.


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Tudo é possível naquele que crê. Marcos 9:23

Dona Anna de Queiróz Telles tinha um sonho. Queria fundar uma escola para ensinar as crianças carentes de Jundiaí a ler e a escrever. Eram tempos de crescimento urbano, impulsionado principalmente pelo surgimento da Estrada de Ferro Santos Jundiaí, construída em 1867 para escoar as produções agrícolas do oeste paulista ao porto de Santos. A chegada dos imigrantes europeus à cidade era relativamente recente. Vindos em busca de trabalho nas fazendas de café e nas primeiras indústrias da cidade, como a Companhia Jundiahyana de Tecidos e Cultura (conhecida como a Companhia Fiação e Tecidos São Bento), fundada em 1874, os italianos eram a maioria dos estrangeiros.

Presidente da associação Damas da Caridade de Jundiaí, Dona Anna não mediu esforços para levar educação aos filhos dos operários e pequenos comerciantes da cidade. O primeiro grupo de trabalhadores já era notório na cidade por reivindicar frequentemente melhores condições de trabalho. Para ter uma ideia da instabilidade social dessa época, em 1906, durante quinze dias, os trabalhadores da Companhia Paulista de Estradas de Ferro pararam os trens e várias indústrias da cidade e de São Paulo. O movimento foi violentamente coibido pela polícia, conhecida na época como Força Pública, e os direitos reivindicados pelos operários só seriam, em parte, atendidos depois de 1917.


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A população não era pequena. Quando a Escola Paroquial tinha seis anos, de acordo com censo realizado em 1920, Jundiaí possuía uma população de cerca de 40 mil habitantes. Para atender às novas demandas da vida moderna, a Igreja, com suas paróquias, continuava à frente da educação primária, em grande parte do Brasil. E contava com o coração dadivoso de leigos abastados, como Dona Anna de Queiróz Telles, para manter e expandir escolas. Foi ansiosa e feliz que a nobre senhora recebeu as Irmãs Vicentinas “Servas dos Pobres”. Nos registros históricos do Instituto das Irmãs de São Vicente de Paulo de Gysegem, consta que no dia da chegada das Irmãs, os sinos bimbalharam como só se

ouvia nos dias de festa. Na missa especial, diante do altar, as freiras fizeram seu oferecimento a Deus e escreveram a história do Colégio Francisco Telles com louvor, fé e dedicação. Estavam presentes as Irmãs Maria Francisca, Teresa Serra, Francisca José, Josefina, Verona da Santa Face, Maria da Glória e Afonsa. No final da tarde, os lampiões a gás iluminaram o Largo do Rosário e a noite chegou com nova esperança de vida naquele canto central da cidade. A rotina de muitas meninas e meninos e das irmãs mudaria para sempre nos dias seguintes. Vale saber: a luz elétrica só chegaria um ano após a fundação da escola; e o telefone, em 1916.


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avam as tarefas de (...) As Irmãs execut os domingos, davam Marta e Maria. A zentas crianças, na catecismo a cerca de du ruz , trabalhavam na capelinha de Santa C na escola. (...) o paróquia e davam aulas nos aros, o número de alu prédio precisava de rep trabalho era insano, crescia a cada dia, o s or. (...) O zelo da mas muito reconfortad o Vicente de Paulo abnegadas Irmãs de Sã se a. (...) Quem não correu de boca em boc ? da Irmã Teresa Serra lembra da dedicação Registro reproduzido na década de 1980 sobre a história do Colégio Francisco Telles, do Instituto das Irmãs de São Vicente de Paulo de Gysegem

A escola foi inaugurada e mantida por Dona Anna de Queiroz Telles até 1926, quando o prédio foi doado à Curia Regional e a escola foi oficialmente entregue ao Instituto das Irmãs Vicentinos de Gysegem. Era o reconhecimento pela qualidade do trabalho prestado pelas Irmãs Vicentinas “Servas dos Pobres”, em total conformidade com o projeto de caridade das damas de Jundiaí. Os anos seguintes foram marcados por novos esforços para conseguir doações e manter o que fora conquistado. A Escola Paroquial Francisco Telles já oferecia, nessa época, aulas regulares e extracurriculares, como piano, corte e costura, datilografia e bordado.


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Escola


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Escola Substantivo feminino. Estabelecimento pĂşblico ou privado destinado a ensino coletivo.


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A sociedade e cada meio social particular determinam o ideal que a educação realiza. Émile Durkheim, sociólogo francês

A Escola é viva. Viva em nossa memória. Viva no movimento diário de seus alunos. Viva na identidade de quem passou por ela. No Brasil dos anos de 1930, as escolas passaram por modificações devido ao cenário político, econômico e social da época. Mesmo reconhecidamente eficiente no seu formato tradicional, a escola católica das quatro décadas da república brasileira, passou a conviver em maior escala com a educação laica, mantida pelo Estado. Os novos tempos, instaurados pela Constituição de 1934, marcados pela consolidação do estado capitalista e pela intensificação da industrialização no eixo sul-sudeste, impulsionaram muitas discussões e projetos de inovação no sistema de ensino, que precisava adequar-se à nova realidade. Na cidade de Jundiaí não foi diferente. Situada no interior do Estado de São Paulo, que comandou a Revolução Constitucionalista de 1932, que foi eixo da economia cafeeira e também cenário do processo de industrialização, as escolas primárias eram famosas e imponentes. Como, por exemplo, o Grupo Escolar Coronel

Siqueira de Morais (1896) e o Grupo Escolar Conde do Parnaíba (1906), cujo ensino era muito rigoroso. E os alunos sabiam disso. Juntamente com elas, a Escola Paroquial Francisco Telles era reconhecida pela comunidade jundiaiense como uma dessas escolas de que não se esquece. Em março de 1939, mais uma escola é aberta pelas irmãs, demonstrando o compromisso com a educação: o Colégio Santo Antonio de Lisboa, no bairro Tatuapé, em São Paulo. As Irmãs Vicentinas “Servas dos Pobres” – que cuidavam da administração e do ensino no “Telles”, ao lado de algumas professoras leigas – sabiam ler os sinais dos tempos, mas ao mesmo tempo também sabiam compreender o que estava em mudança. Registro fotográfico de 1939 mostra Irmã Teresa Serra e a professora leiga Iracema Mola com uma turma de meninos. A história nos mostra que os valores cristãos eram permanentes no fazer escolar da Escola Paroquial Francisco Telles. Talvez o maior exemplo disso seja a catequese, em preparação para a Primeira Eucaristia. Grande parte das fotografias da escola registra esse importante momento, assim como lindas procissões.


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Como colégio católico, as aulas de Ensino Religioso eram parte do currículo. Ministradas diariamente já estavam instaladas na rotina dos alunos. Mas, não era só isso. As orações diárias, as celebrações do calendário litúrgico davam vida a essa escola, e os reflexos dessa espiritualidade eram vistos na comunidade. Pelas ruas, era comum encontrar as Cruzadinhas, grupos formados por meninos e meninas católicos, que angariavam fundos para festas religiosas. Uma faixa clara sobre o uniforme identificava quem fazia parte do grupo, em eventos importantes, como na Primeira Eucaristia, ou de visita ilustre. Monsenhor Ricci, um dia, foi recebido pelas Cruzadinhas, no Colégio Francisco Telles. E o encontro mereceu registro fotográfico. Todos os domingos, em uniforme de gala, os alunos reuniam-se na escola e eram conduzidos pelas professoras para a Catedral Nossa Senhora do Desterro onde tinham lugar cativo na “missa das crianças” sempre às 8h. Em jejum, quem já havia participado da Primeira Eucaristia, aguardava para comungar. Reconhecidamente, estudar na Escola Paroquial Francisco Telles significava receber mais que instrução formal. Significava consolidar os valores cristãos e católicos que permeavam a educação das crianças de Jundiaí. A vida na escola primária era, também, a vida na cidade de Jundiaí. Já a oferta do ensino ginasial era mínima no Brasil. A escolaridade para muitas crianças terminava na 4ª série.


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Trabalho


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Trabalho Substantivo masculino. Conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o homem exerce para atingir determinado fim.


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Por aprendizagem significativa, entendo , aquilo que provoca profunda modificação no indivíduo. Ela é penetrante, e não se limita a um aumento de conhecimento, mas abrange todas as parcelas de sua existência. Carl Rogers, psicólogo norte-americano

Era necessário passar pela escola para conseguir bom trabalho. As famílias que matriculavam seus filhos na Escola Paroquial Francisco Telles nos anos de 1940 e 1950 sabiam bem disso. Elas não se contentavam mais apenas com o ensino primário, por isso investiam nos primeiros quatro anos para que o filho fosse capaz de conseguir uma vaga no curso ginasial, em outras escolas de Jundiaí. Além de leitura fluente, boa caligrafia e efetuar bem as “contas”, ter disciplina, pontualidade, asseio e respeito eram currículo necessário à formação de quem pleiteava um lugar ao sol. Nessa época, o dia começava com cheiro de café e um sino tocado pela diretora na varanda da casa das Irmãs Vicentinas de Gysegem. Ele ainda ecoa na memória de quem passou a infância na Escola Paroquial Francisco Telles. Quando Irmã Teresa Serra anunciava o início das aulas, os

alunos se reuniam rapidamente em fila, faziam silêncio, juntavam as próprias mãos e rezavam uma Ave-Maria. Nessa rotina, era incluído o Hino Nacional, uma vez por semana. O momento exigia, sob os olhos atentos das professoras e das Irmãs, postura correta, seriedade e saber a letra de cor. Dona Teresinha Zambom, ex-aluna, se lembra da roupa vestida pelas Irmãs. “Era um hábito preto, comprido; havia um terço ao redor na cintura e um chapéu. Percebíamos, curiosos, que as freiras usavam o cabelo bem curtinho”. Dona Teresinha estudou no colégio de 1946 a 1950 e se recorda também do uniforme das meninas: “Uma saia xadrez com suspensório, cheia de pregas, nas cores branca e preta. A camisa também era branca, as meias eram sete oitavos, impecáveis, e sapato preto brilhando”. Do uniforme dos meninos, Dona Terezinha não tem lembranças. Meninos e meninas não estudavam nas mesmas salas e a


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entrada no prédio da escola se dava por portões separados. O ex-aluno Evanir Fossen se lembra dessa fase. Em momentos especiais na escola, ele vestia um terno preto, camisa branca, calça e meias pretas e, assim como as meninas, o brilho dos calçados escuros chamava a atenção. Com orgulho, Evanir guarda uma foto que registra o recebimento do primeiro diploma de sua vida. Era 1947, ano dele na Escola Paroquial Francisco Telles. O ingresso no ginásio (hoje Ensino Fundamental II) era uma conquista. Grande parte dos brasileiros (a maioria morava na zona rural) sequer chegava ao ensino primário. Mas com a crise agrária e o início de uma nova fase de desenvolvimento, agora com as indústrias, a escola precisava mudar. Se o país queria destaque no novo cenário mundial de desenvolvimento, precisava investir na educação dos futuros trabalhadores das indústrias de energia, transporte e telecomunicação. “Nessa época, a televisão começava a chegar às casas. Os jovens de hoje imaginam o que seja viver sem televisão?”, questiona o ex-aluno. Evanir não tinha televisão na época em que tirou a foto da formatura do primário, nem máquina fotográfica (o momento célebre de sua história como estudante foi registrado pelas lentes de um fotógrafo profissional, em estúdio famoso de Jundiaí), mas tinha uma caneta esferográfica que era um privilégio para poucos. A maioria dos alunos usava caneta-tinteiro. O pai, com sacrifício – era ferroviário -, encomendou a caneta memorável por 35 mil réis. “Uma fortuna!”. Ela chegou pelo correio.


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O diploma era um privilég io no Brasil. Segundo Censo de 19 50, 51,2% dos adolescentes com 15 anos ou mais eram analfabetos. Ao lado, diploma de conclusão do En sino Primário na Escola Paroqu ial Francisco Telles, de 1947, as sinado pela Irmã Teresa Serra.

Boletim de 1943 mostra que as notas eram apresentadas em letra manuscrita e tinham a assinatura do responsável, mês a mês.


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Al

o รฃ รง a z i t e fab


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Alfabetização Substantivo feminino. Ato ou efeito de alfabetizar, de ensinar as primeiras letras.


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O diálogo pertence à natureza do ser humano, enquanto ser de comunicação. O diálogo sela o ato de aprender, que nunca é individual, embora tenha uma dimensão individual. Paulo Freire, educador

No mesmo ano em que o aluno Evanir saía da Escola Paroquial Francisco Telles, em 1947, o Ministro da Educação e Saúde Pública Clemente Mariani anunciava para os jornais e rádios da época uma grande campanha de alfabetização no país. “Será uma nova abolição”, afiançava. Segundo o IBGE, a taxa de analfabetos em 1950 era de 50% da população brasileira. Esse era o cenário nacional. Em Jundiaí, a Escola Paroquial Francisco Telles garantia, brilhantemente, o direito de crianças estudarem. As Irmãs Vicentinas de Gysegem garantiam o acesso e o direito de aprender, pois não bastava ter um prédio e boa vontade. Era preciso ter método, organização e profissionalismo para ser justa num cenário de desigualdades. Mais que a rigidez, marcadamente uma exigência para o perfil docente daqueles tempos, as práticas pedagógicas também deixaram marcas na memória dos alunos. A apropriação da língua escrita, um dos momentos mais importantes na vida de qualquer pessoa, se dava por meio de brincadeiras, jogos, dramatizações e também de maneira sistemática, com o apoio da Nossa Cartilha, de Helena Ribeiro São João (Livraria Francisco Alves). Ficaram famosas as peças de teatro da escola. No palco, as crianças desenvolviam a oralidade, ampliavam o repertório vocabular, exercitavam diálogos e improvisações e mantinham

contato com os clássicos da literatura mundial. Em sala, uma estratégia muito utilizada para estimular a aprendizagem estava em permitir o uso da caneta-tinteiro. Passar do lápis para a caneta era sinal de status. À frente de muitas salas de aula, assim como as irmãs, estava Dona Antonietinha, como é chamada até hoje a professora Maria Antonieta Leite Chaves. Ela foi contratada para lecionar na Escola Paroquial Francisco Telles em 1945, aos 17 anos. Antonietinha só sairia da escola 28 anos depois, em 1973. Como profissional da educação, a professora testemunhou muitos fatos históricos ocorridos nesse período. Pelo rádio, chegavam notícias da expansão da alfabetização pelo país, de um educador que estava revolucionando a maneira de ensinar adultos a ler e escrever no nordeste, o grande pensador Paulo Freire, das discussões acadêmicas sobre a necessidade de um novo projeto de educação para o Brasil, da criação do I Plano Nacional de Educação, pelas mãos de outro grande educador, Anysio Teixeira. Neste cenário, as Irmãs Vicentinas de Gysegem abriram mais uma escola em Jundiaí, em 1956. Agora era a vez de atender à comunidade do bairro Anhangabaú. A escola seria outra referência em educação na cidade.


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Identidade


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Identidade Substantivo feminino. Conjunto de características que distinguem uma pessoa ou uma coisa e por meio das quais é possível individualizá-la.


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Se o individuo é passivo intelectualmente, não conseguirá ser livre moralmente. Jean Piaget, pesquisador suíço

Depois da popularização da educação, o regime militar, iniciado em 1964, por meio de um golpe, mudou os rumos da educação. Professores e alunos mobilizaram-se em prol do ensino e buscaram maneiras de reivindicar uma educação baseada em crítica social, econômica e política. O movimento estudantil ganhou força, mas foi brutalmente coibido pela polícia. Muitos educadores de renome deixaram o país e as inúmeras pesquisas em andamento nos campos da psicologia, sociologia, filosofia e pedagogia foram interrompidas. Pela televisão, que aos poucos se popularizava, é possível que alunos, professores e irmãs tenham visto a Passeata dos Cem Mil, no Rio de Janeiro, um marco da resistência. Alunos, professores, artistas e intelectuais marcharam para pedir o fim da ditadura, mas não foram atendidos. Só em 1985, viria a abertura política. Era comum ouvir relatos de escolas sendo vigiadas e da forte presença de inspetores de ensino em muitas instituições públicas e particulares. Na Escola Paroquial, as irmãs precisavam dar conta do currículo, que a partir do decreto-lei no 869/69, instituíra a obrigatoriedade da disciplina Educação Moral e Cívica. Aulas de tra-

balhos manuais não faziam mais parte das disciplinas da escola. O civismo e o amor à pátria eram palavras de ordem. Na entrada para as aulas na Escola Paroquial Francisco Telles, cantar o Hino Nacional já era uma prática antiga, mas foi intensificada. Nessa época, as imagens que mais se veem nos álbuns das escolas são os eventos e festividades do calendário nacional, como Dia da Bandeira, Dia do Soldado e Desfile de 7 de Setembro. Assim foi com o “Telles” também. Quantos ex-alunos não têm, ao menos, uma imagem ao lado da bandeira do Brasil, sem que fosse época de Copa do Mundo de Futebol? Enquanto o povo brasileiro vivia as tensões desse tempo, as Irmãs Vicentinas de Gysegem, habituadas a encarar com seriedade as transformações da história, empenhavam-se cada vez mais em dar continuidade ao ensino que ministravam. Prova disso, é o reconhecimento do trabalho realizado pela Irmã Maria de São Luis, à frente da escola. Ex-alunos se recordam dela com ternura e as demais Irmãs Vicentinas de Gysegem, com orgulho. Uma escola pública de Várzea Paulista foi batizada com seu nome, a Escola Estadual Irmã Maria de São Luis.


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61 ReuniĂŁo de pais na Escola Paroquial Francisco Telles: Antonieta Leite Chaves, professora, apresentava o desempenho dos alunos.


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Mudança Substantivo feminino. Modificação do estado de algo.


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A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele. Hannah Arendt, cientista política alemã

Civismo: comemoração do dia da bandeira, final da década de 1970.

Com o final do período de governo do estado de exceção, após a anistia geral e a suspensão da censura, o país vivia a mudança e a reorganização exigida pelo processo de redemocratização. A escola estava inserida nesse processo e, nas discussões sobre educação, despontava como celeiro de uma sociedade democrática regida pelo estado de direito. Havia muito a fazer: discutir, legislar, rever mentalidades, processos e metodologias. Irmã Elza, diretora da escola entre 1972 e 1973, lembra que na época os pais se fizeram mais presentes. “A parceria foi essencial para tornar possível muitos projetos da nossa escola”, lembra. Era necessário e urgente rever os modelos de escola. Os estudos e discussões sobre educação eram comuns no colégio e, ao mesmo tempo, a continuidade da educação centrada em valores éticos e cristãos foi garantida às famílias que confiavam seus filhos ao ensino ministrado na Escola Paroquial Francisco Telles. Nesse período, o colégio oferecia educação pré-escolar e tinha turmas de 1a a 4a séries do Ensino de 1o grau. Gisele Chechinato, ex-aluna, guarda na memória as aulas de Ensino Religioso, ministradas pelas irmãs, dos ensaios das músicas que eram cantadas na missa, aos domingos, e da preparação das festas de fim de ano. “Os eventos aumentavam os laços entre os colegas. Tenho até hoje amigos que estudaram comigo no primário”, conta. Só em 1983, quando foi possível ampliar o ensino sem perder a qualidade, a Escola Paroquial passou a oferecer o 1o grau completo. Não era mais necessário continuar os estudos em outra instituição. Até então, muitos alunos que queriam continuar a estudar com as Irmãs Vicentinas de Gysegem, optavam por fazer matrícula no Colégio São Vicente de Paulo, no bairro Anhangabaú.


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Antiga quadra de esportes da escola em dia de brincadeiras: Cabo de guerra, no dia das crianรงas. Meninos e meninas jรก estudavam nas mesmas salas de aula.


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Diálogo Substantivo masculino. Fala em que há a interação entre dois ou mais indivíduos; colóquio, conversa.

Reflexão Substantivo feminino. 1. concentração do espírito sobre si próprio, suas representações, ideias, sentimentos. 2. virtude que consiste em evitar a precipitação nos juízos, a imprudência, a impulsividade na conduta.


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Preparar para a vida não é preparar para a vida material, mas para a vida social, espiritual, relacional. Para todas as dimensões da existência. Philippe Perrenoud, sociólogo suíço

Era só ela surgir no pátio e olhar para os alunos que o silêncio respeitoso se fazia imediatamente. Os alunos percebiam, assim, bem rápido, que tinham se excedido no barulho e que era hora de se reunir em fila para entrar na sala de aula. “O olhar da Irmã Alice dizia tudo. Nosso respeito por ela era enorme. Sabíamos que a irmã nos respeitava também. Nunca subiu o tom de voz e sempre foi justa”, relata, com gratidão, Juliana de Lima Scarelli, ex-aluna e atual professora de História do Colégio Francisco Telles. Assim como ela, muitos alunos passaram a infância, a adolescência e parte da juventude nos bancos escolares do “Telles” e voltaram como professores para lecionar, depois de concluir o ensino superior. O frescor do relato tem como pano de fundo uma história de profunda transformação da sociedade. No século XX, década de 1990, passamos a viver “em tempo real”. Nesse período, o país vivia a consolidação do processo de democratização, a garantia das liberdades individuais, a comunicação globalizada e, principalmente, a universalização da educação. As máquinas de escrever passavam a dar lugar aos computadores. Na sociedade da informação, o professor deixava de ser o detentor do saber para ocupar um novo lugar no processo de ensino e aprendizagem. Era necessário que a escola se reafirmasse como espaço de reflexão e diálogo que, no Colégio Francisco Telles se ampliaria com

o aumento do número de séries nessa década. O prédio também precisou ampliar seus espaços e uma quadra foi construída para melhorar as práticas de esportes. Foi um sonho realizado. No Colégio Francisco Telles essas premissas sempre permearam a educação e, nesse momento, tornaram-se as bases da metodologia de ensino. Assumia-se a metodologia dialógico-reflexiva como meio para desenvolver as habilidades e competências de alunos livres e conscientes de seu papel. Para atender à metodologia adotada, as Irmãs Vicentinas de Gysegem iniciaram a elaboração de material didático próprio. Nascia o Sistema Vicentino de Educação que, nas décadas seguintes, se transformaria em Editora Vicentinos. À frente da editora está aquela diretora que, com um simples gesto, conquistava o respeito dos alunos do “Telles”. Juntamente com a Irmã Luci Rocha de Freitas, Irmã Alice dirige a Editora Vicentinos. “Sempre gostei do rigor, mas do rigor com ternura, com respeito, com justiça”, explica Irmã Alice. Nesse momento, as Irmãs Vicentinas de Gysegem afinaram o trabalho dos cinco colégios: Colégio São Vicente de Paulo – Penha; Colégio João e Raphaela Passalacqua; Colégio Santo Antonio de Lisboa e Colégio São Vicente de Paulo, também em Jundiaí. Gradualmente todos os colégios passaram a funcionar em sistema de rede e, atualmente, constituem os Colégios Vicentinos.


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Autonomia e identidade: alunos do Ensino Fundamental e professora apresentam trabalhos de destaque no processo de alfabetização.


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Desfile de 7 de setembro: alunos do “Telles�se destacam nas ruas da cidade.


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1960

Foto típica de recordação escolar

Idos de 1950 Sala de aula só com meninas

Tecnologia Agora é fácil registrar


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Fronteiras Substantivo feminino. Limite que demarca um paĂ­s e o separa de outro(s).


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Desejo a todos um lindo caminho escolar, que faça crescer as três línguas que uma pessoa madura deve saber falar: a língua da mente, a língua do coração, a língua das mãos. Papa Francisco I fala sobre a importância da escola, em sermão na Praça São Pedro, Itália, maio de 2014

Quem não ouviu as previsões fatalistas que precederam o terceiro milênio, anunciando o “final dos tempos”? Paralelamente também se projetava o advento de uma sociedade repleta de parafernálias cibernéticas que a aproximavam de modelos saídos da imaginação de autores de ficção científica. Pois bem... o século XXI chegou e já lá vão quatorze anos. O que mudou efetivamente? Para começar, o Colégio Francisco Telles passou a contar com turmas de Ensino Médio, a partir de 2001. A escola cresceu. Este século trouxe ainda a novidade de muitas palavras de ordem: sustentabilidade; tolerância, ecologia, tecnologia, velocidade, comunicação universal e, principalmente, “mundo sem fronteiras”, que caracterizam os novos horizontes proporcionados pela evolução. O aumento exponencial do conhecimento engendrou novas formas de ensinar e estabeleceu um novo currículo para as escolas. Em tempos de tanto movimento, tornou-se um desafio educar pessoas, especialmente crianças e jovens. Era, pois, urgente

retraçar o perfil da escola para que se constituísse num espaço de aprendizagem; pesquisa; convivência, preparação para a empregabilidade e, principalmente, desenvolvimento de comportamento ético. Nesse panorama, uma escola secular como o Colégio Francisco Telles precisou se reinventar para manter o que era permanente e transformar o que era provisório, sem esquecer a tradição e sem negligenciar a excelência. Essa messe, apesar de grande e complexa, não inibiu a dinâmica do pensar e do compromisso que a educação exige. Lendo os sinais dos tempos, as equipes pedagógica e administrativa dos Colégios Vicentinos, fiéis ao projeto visionário de Elizabeth de Robiano, que atravessou séculos promovendo a vida dos pobres pela educação, assumiram uma proposta centrada nos quatro pilares para a educação no terceiro milênio. O alicerce está em quatro grandes aprendizagens essenciais: aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a aprender e aprender a ser e a conviver.


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Tecnologia na Educação Infantil: professora lê história interativa no tablet.


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Robรณtica no Ensino Fundamental: alunos aprendem sobre eletricidade.


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Tomada a decisão, o Colégio Francisco Telles, como sempre no decorrer do último século, fez as transformações necessárias. O prédio passou novamente por reformas para adequar o espaço físico às novas modalidades de aulas; atualizou seu aparato tecnológico; ampliou o investimento na qualificação de todos os educadores, aperfeiçoou a gestão e, principalmente, acompanhou a velocidade da produção de conhecimento adaptada aos novos tempos. Hoje aulas de robótica fazem parte do currículo (na foto, alunos do 5o ano desvendam o sistema de eletricidade), assim como leitura em dispositivos eletrônicos estão na rotina dos alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio. O laboratório de Informática conecta a escola à contemporaneidade e os professores, fundamentais no processo de compreensão da avalanche de informações dos últimos tempos, são capacitados frequentemente para transformar a comunicação em saber. Após cem anos de sua fundação, o Colégio Francisco Telles continua atual, aprendeu com a história participando dela e, certamente, está construindo sua participação efetiva no que virá.


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Bastidores Em 24 de junho de 2014, um grupo de ex-alunos e atuais colaboradores se encontrou no Colégio Francisco Telles para recuperar o passado. A ex-professora Dona Antonietinha esteve presente e, ao lado das ex-alunas, Telma Dagnone Corradini e Anete Rosa Copelli, relembrou as estratégias que usava para ensinar o be-a-bá e enaltecer os laços de amizade que se estabeleceram na época. Evanir Fossen foi o primeiro a chegar e logo liderou a conversa com as histórias dos idos de 1940. Foi uma lição e tanto para as novas gerações presentes no encontro, representadas pelos professores Lucas Maluf e Juliana de Lima Scarelli e pela atual Diretora Adjunta, Margareth Aparecida Peroni de Jesus. Em 24 de junho de 1926, coincidentemente, a prefeitura de Jundiaí oficializou nos documentos a existência da Escola Paroquial Francisco Telles. O tempo sempre tem algo a dizer para quem cuida de seu passado, de sua história.


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Margareth (Ă esq.); Renata Cenciarelli, da Editora Vicentinos (ao fundo); Antonieta, ex-professora, Telma e Anete, ex-alunas, e Juliana (Ă frente); Evanir e Lucas (ao fundo)


Substa


antivo


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Substantivo Substantivo masculino. Que evidencia a substância, a essência.


chamado missĂŁo rec

trabalho alfabetização


conhecimento escola

o identidade mudanรงa


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diรกlogo reflexรฃo fro


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onteiras substantivo


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Agradecimentos


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Agradecemos primeiramente a Deus, pelo Chamado para cumprirmos a nobre missão de educar crianças e jovens de Jundiaí. Com o amor do Pai, descobrimos a imensa felicidade de servir. A São Vicente de Paulo, guia, luz e inspiração. Com sua lição de humildade, caridade e amor, nos revela, diariamente, como promover uma educação de qualidade, marcada por valores éticos e pela vida. A Elizabeth de Robiano, pela grandiosa obra que deu início ao Instituto das Irmãs Vicentinas de Gysegem. A todas as Irmãs Vicentinas de Gysegem que, na identidade de Cristo, são exemplos de entrega e amor ao próximo. Às ex-diretoras que, à frente do Colégio Francisco Telles, trabalharam para que ele se tornasse grande referência em educação em Jundiaí. À atual Diretora Geral, Irmã Luci Rocha de Freitas, que, em sintonia com as exigências de nosso tempo, dá movimento à gestão dos Colégios Vicentinos. À atual Diretora Adjunta, Margareth Aparecida Peroni de Jesus, por não ter medido esforços para que este livro e todas as comemorações do centenário ocorressem como planejado. A todos os ex-professores que, com seriedade e amor, deixaram marcas positivas e memoráveis na infância e na adolescência de nossos ex-alunos. A todos os ex-funcionários, pela dedicação ao trabalho diário. A todos os atuais professores e funcionários. Agradecemos

por construírem nossa história presente com a qualidade que um trabalho sério merece. Contamos com vocês! À professora Juliana de Lima Scarelli (e ex-aluna), pelo empenho na coleta dos depoimentos, relatos e imagens que compuseram esta obra. Aos ex-alunos que nos deram valiosos relatos do tempo passado e nos ajudaram a contar a nossa história. A todos os pais, que nos confiam (e àqueles que já confiaram, nesses cem anos de trajetória) seu grande bem, a educação de seus filhos. Trabalhamos diariamente para fazer jus a esta importante missão, com transparência, dedicação, profissionalismo e valores humanos. A todos os colaboradores, pela parceria imprescindível nas “empreitadas” diárias de uma instituição escolar. À Editora Vicentinos pelo esmero e empenho com que trabalhou, a fim de que a publicação deste livro comemorativo ocorresse a contento. Aos patrocinadores, por nos ajudar a concretizar o projeto do centenário. E aos nossos alunos, do berçário ao Ensino Médio. Vocês são o Colégio Francisco Telles! Gratas por fazerem parte desta história, ao nosso lado. Jundiaí, agosto de 2014 Irmãs Vicentinas de Gysegem


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Referências bibliográficas CIPOLATO, Aldo. Jundiaí na História. Editora Japi. 1994. HEIMANN, Júlia Fernandes. História de Jundiaí: antiga e atual. Editora In House. 2008. HOUAISS, Antonio. Grande Dicionário da Lingua Portuguesa. Editora Objetiva. 2001. MEIHY, José Carlos Sebe Bom; HOLANDA, Fabíola. História oral: como fazer, como pensar. Editora Contexto. 2007 PIRSON, Irmã Lutgard. A História Encantada de uma Nobre Baronesa com um Coração do Tamanho da Imensidão do Mar!. AUSBISVPG. 2007 SAVIANI, Dermeval. História das Idéias Pedagógicas no Brasil. Editora Autores Associados. 2007. SILVA, Walter da Costa e Filho. Jundiaí na História. Editora Porto de Ideias. 2008. TOMANIK, Geraldo B. Jundiaí: Cronologia Histórica. 1993.

Documentos Acervo do Museu Solar do Barão. Arquivos da sede do Instituto das Irmãs Vicentinas de Gysegem. Escritura de doação do prédio onde hoje funciona o Colégio Francisco Telles. Livro de inventário do Centro de Patrimônio Histórico e Cultural de Jundiaí.

Artigo de jornal Escola Paroquial Francisco Telles, Jornal da Cidade, 26 de março de 1976.

Fontes de informação Adriana Perpétua Marjioti dos Santos

Ir. Alice Antunes

Anete Rosa Copelli

Antonia Zambom

Antonieta Chaves

Doroty Dianin

Ir. Elza

Evanir Fossen

Gisele Chechinato

José Antonio Hungaro

Inês Bellode

Juliana de Lima Scarelli

Jurandir Rolla

Jussara Regina M. Carlete

Lucas Maluf

Luiz Gonzaga

Maria Fátima F. da Graça Arruda

Terezinha Zambom

Telma Dagnone Corradini


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Créditos iconográficos Págs. 3, 4 - Acervo dos Colégios Vicentinos Pág. 7 - Maria do Carmo Bergamo, fotógrafa Pág. 9 - Marcelo Min, fotógrafo Pág. 14 - Acervo do Instituto das Irmãs Vicentinas de Gysegem Pág. 26 - Arquivo/Estadão Conteúdo; Reprodução de quadro do Solar do Barão Pág. 27 - Foto de cartão postal, Jundiaí Antiga Pág. 28 - Daniel Padavona/ Dreamstime.com Pág. 29 - Acervo dos Colégios Vicentinos Pág. 35 - Arquivo pessoal de Luiz Gonzaga Guimarães Pág. 36 - Arquivo pessoal de Terezinha Zambom Pág. 37 - Arquivo pessoal de Anete Rosa Copelli Pág. 43 - Arquivo pessoal de Terezinha Zambom Págs. 44, 45 - Arquivo pessoal de Evanir Fossen Pág. 51 - Arquivo pessoal de Antonieta Leite Chaves Pág. 57 - Arquivo pessoal de Antonia Zambom Págs. 58, 59 - Arquivo pessoal de Antonieta Leite Chaves Pág. 64 - Acervo dos Colégios Vicentinos Pág. 65 - Acervo dos Colégios Vicentinos Pág. 71 - Acervo dos Colégios Vicentinos Págs. 72,73 - Acervo dos Colégios Vicentinos Págs. 79, 80, 82, 83 - Marcelo Min, fotógrafo


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Apoio


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Reprodução Proibida Art. 184 do Código Penal – Lei 9610 de 19/02/1998 Todos os direitos reservados à Editora Vicentinos Alameda Barros, 538 – Santa Cecília CEP 01232-000 – São Paulo – SP – Brasil Telefone: (11) 3825.0105 E-mail: editora@sistemavicentino.com.br Impressão e acabamento Gráfica Ogra Indústria Gráfica Ltda. Rua Dias Leme, 538 - Mooca - CEP: 03118-040 - São Paulo - SP www.ogra.com.br Impresso no Brasil 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 2014


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