Muito antes de as pessoas saberem ler ou escrever, as histórias eram transmitidas oralmente. De cada vez que eram contadas, mudavam um pouco, acrescentando-se uma nova personagem aqui e uma mudança na trama acolá. Os mitos e as lendas nasceram dessas histórias em constante mutação. O que é um mito? Um mito é uma história tradicional que não se baseia em algo que realmente aconteceu e, normalmente, fala de seres sobrenaturais. Os mitos são inventados, mas ajudam a explicar os costumes locais ou os fenômenos naturais. O que é uma Lenda? A lenda assemelha-se muito ao mito. A diferença está no fato de a lenda poder basear-se num acontecimento real ou numa pessoa que realmente existiu, o que não significa que a história tenha mudado ao longo dos anos. Antigo Egito O Egito era originariamente constituído por dois países. Há cerca de 5000 ano, por volta de 3000 a. C, esses países tornaram-se um só. Nos 3000 anos seguintes, o Egito foi um dos países mais ricos e mais poderosos do mundo. O olho wedjat simbolizava o olho dos deuses Rá e Hórus. Segundo o mito, o olho de Hórus foi arrancado, mas, como por milagre, voltou a crescer. O olho wedjat era tido como um amuleto da sorte. O Vale do Nilo A maior parte do Egito era conhecida como Terra Vermelha. Era o deserto quente e seco, e poucas pessoas o habitavam. Quase todos os egípcios viviam na Terra Negra,
no vale do rio Nilo, Sempre que o rio transbordava, a terra ficava mais fértil e mais escura, razão pela qual recebeu esta denominação. Pirâmides e Faraós O Egito é famoso pelas suas pirâmides, que se mantém de pé nos nossos dias. Eram os túmulos dos antigos governantes, às vezes chamados faraós. As pessoas acreditavam na qualidade divina dos faraós. Os últimos foram sepultados na colinas rochosas ou em túmulos subterrâneos num local chamado vale dos Reis. A Escrita Antiga Os antigos Egípcios cobriam os seus monumentos de hieróglifos, uma linguagem escrita formada por letras e símbolos. Muitas vezes, estas letras eram esculpidas na pedra, e ainda hoje podem ser vistas. Muitas histórias eram escritas em papiro - uma espécie de papel feito de juncos entrelaçados. Chegou até nós um número surpreendente de papiros. Decifrar o Código Só na década de 20 do século passado é que os peritos conseguiram decifrar os hieróglifos egípcios. Antes dessa altura, os historiadores baseavam-se nos registros escritos de outras línguas, tal como o grego antigo. Os antigos gregos tinham registros muito precisos das crenças dos antigos Egípcios. As colinas habitadas pelos antigos Egípcios localizavam-se na Terra Negra, nos vales férteis do rio Nilo. Este encontrava-se rodeado por desertos a Terra Vermelha.
Uma lenda moderna Os mitos e as lendas deste livro são todos do Antigo Egito. Existe uma outra lenda egípcia famosa, mas moderna - a maldição de Tutankámon. O túmulo de Tutankamon, um jovem rei do Antigo Egito, foi descoberto no vale dos Reis em 1922. A busca foi financiada por um homem chamado lord Carnarvon. Começou a correr o boato de que o túmulo estava amaldiçoado. Segundo esta lenda moderna, todas as luzes se apagaram no Cairo no momento em que lord Carnarvon morreu e, em Inglaterra, o seu cão morreu também. Divindades do Antigo Egito Os mitos e as lendas dos antigos Egípcios foram criados a partir de muitos credos diferentes. Cada aldeia e cidade adoravam os seus próprios deuses e deusas. A popularidade de alguns espalhou-se e, mais tarde, as histórias desses deuses fundiram-se para formam aquilo que conhecemos como mitologia do Antigo Egito. Muitos deuses, a mesma função Uma das consequências do fato de os antigos Egípcios adorarem muitos deuses, é que muitos destes tinham os mesmos deveres. Por exemplo, havia muitos deuses do Sol. Cada deus era adorado por um grupo diferente de pessoas e nenhuma dessas pessoas acreditavam em todos os deuses. Mais tarde, Rá tornou-se conhecido como deus do Sol e todos os demais deuses do Sol foram considerados meras manifestações de Rá. Os diferentes deuses fundiram-se num só. Em Marcha o comércio deve ter desempenhado um papel importante na divulgação dos mitos e das lendas. Dado que as pessoas das diferentes partes do Egito viajavam pela Terra Negra a vender coisas, provavelmente partilhavam as suas histórias e as
suas crenças. As pessoas começaram a ouvir falar de diferentes deuses, deusas, mitos e lendas; e assimilaram-nos. A criação Até uma coisa tão importante como a criação da Terra e do povo que a habitava era contada em muitas versões diferentes. Uma das primeiras versões, originada na cidade de Heliópolis, dizia que Áton era o criador. Mais tarde, quando Rá se tornou o rei mais poderoso de todos os deuses egípcios, ele próprio tornou-se o criador - e nessa forma era conhecido como Rá-Áton. Nomes mais conhecidos No Antigo Egito eram adorados centenas de deuses e deusas. Segue-se uma lista dos mais importantes: Rá - o deus do Sol. Aparecia sob muitas formas. Muitas vezes representado com uma cabeça de falcão. Tornou-se o deus mais importante. Os deuses com que ele se fundiu viam acrescentada ao seu nome a palavra Rá (por exemplo Rá-Áton). Áton - (mais tarde RÁ-ÁTON) "O Tudo". O deus criador. Pai de Sliu e Tefinit. SHU Pai de Nut, a deusa do céu. Era seu dever mantê-la acima de Geb, a Terra, para que os dois nunca se juntassem. Tei-Nut - Irmã e mulher de Sliu. Uma deusa da Lua. Mãe de Nut e Geb. Nut - A deusa do céu, sustentada pelo pai, Sliu. Mulher de Geb, mãe de Osíris, Ísis, Seth e Néftis.
Geb - A própria Terra. Todas as plantas e árvores cresciam nas suas costas. Marido de Nut. Pai de Osíris, Ísis, Seth e Néftis. Osíris - Senhor dos mortos. Irmão e marido de Ísis. Pai de Hórus. Representado muitas vezes com um corpo mumificado, envolto em ligaduras. Ísis - Deusa da fertilidade. Senhora da magia, irmã e mulher de Osíris. Mãe de Hórus. Tornou-se a mais poderosa de todas as deusas e deuses. Seth - Deus do caos e da confusão. Filho mau de Geb e Nut. Lutou contra Hórus para governar o Egito. Hórus - Filho de Ísis e Osíris. Tinha cabeça de falcão e corpo de humano. Lutou contra Seth para governar o Egito. A núbis - Deus dos mortos, com cabeça de chacal. Assistente de Osíris. Ámon - (mais tarde Ámon-Rá) Rei dos deuses da mitologia posterior, mais tarde considerado outra manifestação de Rá. Bastet - A deusa-mãe representada por vezes como uma gata. Filha de Rá, irmã de Hátor e Seklimet. Hátor - Adorada como vaca. Por vezes, tomava a forma de uma leoa enfurecida. Filha de Rá, irmã de Bastet e Sekhmet. Seki-Imet - Filha de Rá, com cabeça de leoa. Irmã de Bastet e Hátor.
Deuses e Heróis Celtas A ideia de que guardiões protegiam e defendiam o Planeta Terra, com certeza veio do pensamento celta, pois fica explícita nas toponímias que procedem do Deus do Sol, LUGH. Seu nome significa lux (luz) e lucus (arvoredo). Na França é conhecido como Laon e Lyon, na Holanda como Leiden e na Grã-Bretanha como Carlisle. Outras divindades como Bel, Don e Og nos reportam aos poderes sobrenaturais personificados e disseminados pelas antigas tribos celtas. Porém, Lugh representa um símbolo essencial entre todos os festivais, lendas e histórias irlandesas. Os celtas eram um povo muito extrovertido, que encarnavam seus deuses como Tuatha Dé Danann (deus guerreiro vencedor da eterna batalha com as trevas). Lugh do Longo Braço tinha uma lança mágica que disparava fogo e rugia na batalha Moytura, enquanto libertava o Rei Nuada e os Tuatha Dé Danann das mãos dos Fomori., os demônios da noite que só tinham um olho. Antes da batalha, Lugh tinha pedido para ser aceito no grupo de guerreiros, mas só foi aceito quando ganhou uma partida de xadrez. Nuada então confiou-lhe a defesa da Irlanda. Os heróis celtas tinham poderes específicos. GOIBNIU, o ferreiro, construía qualquer tipo de arma; DIANCECHT, o médico que construiu um braço de prata para o rei Nuanda e curava os feridos; CREDNE, o soldador, que fabricava as pontas das lanças, espadas e os rebites dos escudos;
DAGNA, com sua clava, seu caldeirão de abundância, alimentava o exército dos guerreiros e tocava sua harpa em três sons: o do sonho, o do alívio e o do riso. Na batalha, Lugh consegue cegar um olho do malvado rei dos Fomori com uma funda. A pedra, depois de ter-lhe atravessado a cabeça, mata muitos Fomori. O resto dos piratas foge em seus barcos e, a partir de então, essas criaturas "de um olho só, um braço só e uma perna só", deixam de ser uma ameaça. INVOCAÇÃO A LUGH Lugh, o Vitorioso, nós o invocamos e pedimos sua proteção, Lugh do Cavalo Branco e das Lâminas Brilhantes. Você da forma Perfeita, criança da Luz e das Sombras, vencedor de Balor, esteja conosco. Que possamos sempre ser abençoados pela alegria do Brilhante Senhor dos Céus, o Inteligente, a Mão Segura, o Bardo e o Ferreiro. Que possamos estar em paz sob a mão do Comandante de Danú. Pelo poder do Sagrado Três, ouça o chamado de seu povo agora. Pela Lança e pelo Corvo, venha ao seu povo, Lugh, o Vitorioso, nós o invocamos. Oh, nossa Luz e nosso Guia! Possa a sua força estar acima de nós, possa a sua beleza nos deliciar. Possa a sua habilidade estar conosco! Venha através das trilhas dos bosques antigos ao anél de seu povo e esteja presente no coração de todos que o honram. Lugh Lamfada, aquele que tudo pode alcançar! Lugh Samildanach, aquele que tudo pode fazer! Lugh, loldanach, aquele que tudo pode trazer! Esteja conosco e abençoe o nosso Rito! O mais fascinante e romântico dos heróis do Sol, foi o rei Arthur. É bem provável que seu personagem histórico tenha sido um líder militar do século VI.
A evocação de Arthur em topônimos de toda a Grã-Bretanha é uma amostra da admiração europeia por Lugh e outros heróis celtas. Conta-se que aos sete anos, Merlin deixou os druidas impressionados ao destruir dois dragões que minavam as fundações de um forte real. A transformação deste menino prodígio no profeta e conselheiro do novo arquétipo solar é um tema muito comum. Já Arthur tem relação mítica com São Miguel, como Senhor da Luz, ao destruir os poderes da obscuridade de dragão. São Miguel, por sua vez, que é apresentado segurando uma balança e pesando as almas nas encruzilhadas da Irlanda, transforma-se em reencarnação de Tot, deus egípcio do mundo e dos mortos. Na tradição islâmica, Miguel era o anjo a quem Deus deu o poder de cumprir sua vontade no universo do vento e da chuva. No contexto celta, Miguel, como entidade solar, é a força primária que mantém nivelados os elementos angelicais e terrenos de sua própria natureza. Os mistérios celtas tomavam forma nos estados intermediários como o crepúsculo, entre a luz e a obscuridade, ou o dia e a noite. A área de fluxo, plena de presságios e de acontecimento extraordinários, era indeterminada e o guerreiro podia lutar contra ela, pondo em jogo sua vida. Esta maneira de estar vivo se caracteriza por quatro qualidades. Para ser soldado, há que se ter respeito, ter consciência do medo, estar sempre atento e ter confiança em si mesmo. A partir disso, o perigo resumia-se em uma consciência do que se pretende.