Para um Bem Maior: Nos Rastros de Grindelwald

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Para um bem maior: Nos rastros de Grindelwald Por Michael Campbell


Para minha mรฃe em Edimburgo, que sempre me apoiou, mesmo quando fui para Ravenclaw e escolhi estudar histรณria.

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Sumário Introdução ................................................................................................................................. 3 Durmstrang ............................................................................................................................... 4 Jovens Ambições ....................................................................................................................... 5 Desavenças e Morte .................................................................................................................. 7 Rastros de ódio.......................................................................................................................... 8 Morte em Nurmengard ............................................................................................................. 9 Considerações do autor .......................................................................................................... 11

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Introdução Quando tinha doze anos de idade, durante um feriado monótono, por espanto, meu pai, quase sempre distante, me mandara escolher um destino para um passeio. Eu poderia ter escolhido qualquer destino. Desde o gabinete do Ministro da Magia até a casa dos gritos, mas então eu disse: Nurmengard. Como um aficionado por história desde jovem, lugares históricos sempre me chamaram a atenção, mais até do que a Dedos de mel, na época da escola. Meu pai me perguntara o porquê de Nurmengard, e não Azkaban. Minha resposta foi simples, porém com uma pitada de humor: Para um bem maior. Realmente visitar Nurmengard era algo que eu precisava fazer. Como qualquer garoto na fase da adolescência, eu tinha meus próprios heróis e influências, e o maior deles era Grindelwald. Meu primeiro contato com o bruxo aconteceu através de um sapo de chocolate, que continha um cartão contando seu épico duelo com Dumbledore. Aquela descrição me deixou em êxtase! Coisa que só aumentou quando descobri o parentesco do bruxo com Batilda Bagshot, autora do primeiro livro que eu devorara em minha infância. Por mais de três verões minha visão de Grindelwald era imaculada, me levando mesmo a brigar com meus colegas de escola. Principalmente com um garoto da Hufflepuff, que eu cheguei a quebrar o nariz (ele já tinha saído com meu crush no natal passado). Visitei Godric’s Hollow, e implorei a meus pais que me transferissem para o Instituto Durmstrang. Passava meu tempo tentando decifrar as cartas que encontrei em “A vida e as mentiras de Alvo Dumbledore”, e cheguei compra uma foto retirada da casa de Batilda Bagshot, no preço de uma pequena fortuna. Com o tempo fui amadurecendo, revisando os princípios étnicos e morais com mais atenção. Em vez de pesquisar sobre Grindelwald, passei a pesquisar sobre como ele afetara o mundo bruxo, e o resultado se mostrou chocante. “Quando conversei com parentes das vítimas do ‘‘Para um bem maior”, quase vomitei enojado, não de Gellert, mas de mim mesmo. No fim a visita a Nurmengard, me mostrou que por mais que desejamos o bem, no fim ele acaba sendo uma palavra egoísta, pois cada um tem sua visão do certo ou errado. Ainda admiro Grindelwald, mas sinto repulsão por seus atos. Luto todas as noites, para que por um bem maior, não siga seus rastros.

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Durmstrang Gellert Grindelwald nasceu em 1882 e desde cedo mostrou seu talento para a magia. Rita Skeeter o descreveu como “tão precocemente brilhante quanto Dumbledore”, no livro A Vida e as Mentiras de Alvo Dumbledore. Grindelwald era descrito como ambicioso, bonito, charmoso e com uma personalidade magnética. Seu desprezo pelas regras foi um dos traços que mais definiram sua personalidade. Gellert Grindelwald teve duas faces totalmente distintas na história da bruxandade: Ora reconhecido como o maior e mais brilhante bruxo das trevas de todos os tempos, ora sua grande amizade por Dumbledore. Grindelwald foi aluno de uma das principais escolas de magia do mundo, o Instituto Durmstrang, entre 1894 e 1899. O jovem sempre sentiu um apelo para a magia negra e Durmstrang era o lugar ideal para alguém assim. Ao contrário de Hogwarts, Durmstrang encoraja os seus alunos a estudarem e praticarem as Artes das Trevas, sendo considerada uma disciplina como todas as outras. Só que até para os padrões de Durmstrang, Grindelwald se excedeu. O jovem foi expulso da escola por praticar experimentos cruéis que nunca foram especificados. Tentei contato com a direção de Durmstrang, na tentativa de obter documentos a respeito da estadia de Gellert na escola, mas foi em vão. Não me cederam registros, nomes de estudantes da época e nenhuma outra informação. Ainda antes da sua expulsão de Durmstrang, Grindelwald desenvolveu um fascínio profundo pelas Relíquias da Morte. O feiticeiro queria a todo o custo encontrar os artefatos para se tornar invencível e conquistar o título de Mestre da Morte. O único registro que consegui de Gellert em Durmstrang, foi um rastro marcado e eternizado nas paredes da escola: O símbolo que ele havia tomado como seu, as Relíquias da Morte.

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Jovens Ambições Depois da expulsão de Durmstrang, Grindelwald viajou meses pelo exterior, voltando posteriormente à Inglaterra. Gellert já passava a maior parte do tempo aprendendo sobre as Relíquias da Morte. Sua pesquisa detalhada o conduziu a Godric's Hollow, onde Ignoto Peverell, dito como o legítimo dono da Capa da Invisibilidade, teria se retirado e falecido. Gellert o ficou na casa da sua tia-avó, a famosa historiadora mágica Batilda Bagshot. Curiosamente, Alvo Dumbledore também vivia em Godric's Hollow, e ficou em responsabilidade de Batilda apresentar o futuro diretor de Hogwarts ao seu sobrinho-neto. A amizade entre os dois foi imediata, pois ambos ficaram fascinados com o intelecto um do outro. Alvo estava em um momento difícil da sua vida, com a responsabilidade de cuidar dos seus irmãos e assim adiar os seus sonhos. Quando ele conheceu Gellert, sentiu que finalmente tinha encontrado alguém que correspondia aos seus ideais e ambições. Desde o primeiro momento, os dois se tornaram aliados inseparáveis, com Alvo fascinado (e apaixonado) por Grindelwald. Os dois adolescentes foram unidos por suas ambições de construir uma utopia. "Uma nova ordem mundial" na qual os bruxos estabeleceriam o domínio sobre os trouxas. Em pouco tempo os dois se tornaram como irmãos, e Grindelwald logo percebeu que Dumbledore havia se apaixonado. Grindelwald nunca retribuiu qualquer afeto ao amigo, mas soube aproveitar dos sentimentos do outro. Curiosamente, fora Dumbledore que criara a frase “Para um bem maior”, para justificar o uso das forças necessárias, no encalço de seus objetivos. Os dois adolescentes tinham muito em comum: eram intelectuais, feiticeiros talentosos, idealistas e ambiciosos. É claro que os pares estavam muito próximos e a amizade era genuína em ambos os lados. Eles moldaram as ideias uns dos outros, os poderes, bem como os destinos de ambos. É de importância ressaltar, que as intenções de Alvo e Gellert eram diferentes quanto ao uso das relíquias da morte. Enquanto o primeiro pretendia usar o poder das relíquias para combater a crueldade e xenofobia praticada pelos trouxas contra a comunidade bruxa, Gellert secretamente planejava usar a pedra da ressurreição na criação de um exército de inferis.

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Infelizmente não podemos traçar o que Gellert sentia por Alvo, por falta de fontes históricas. Da parte de Dumbledore, podemos claramente extrair que por parte deste, havia muito mais do que uma amizade, mas sim uma paixão implícita. Da parte de Grindelwald, só temos duas referências: a recusa de avançar além do leste europeu, durante seu domínio, por receio de confrontar Alvo, e quando anos mais tarde ele omitiu informações para Voldemort, de modo que o lorde das trevas não profanasse o tumulo de seu amigo. Gellert era persuasivo e até sedutor. Certamente ele aproveitou da leal e aflorada paixão de Dumbledore, na conquista de seus objetivos. Alvo pelo que escavei de relatos e fontes precisas, muitas vezes ficou a favor de Grindelwald, contra seus irmãos Aberforth e Ariana Dumbledore. "Sim, mesmo depois de passarem o dia todo discutindo-os dois rapazes muito brilhantes, davam-se tão bem quanto um caldeirão de fogo -, às vezes eu ouvia uma coruja bater na janela do quarto de Gellert para entregar uma carta de Alvo! Ocorrera-lhe uma ideia e precisava contá-la a Gellert sem demora!" -Batilda Bagshot O vínculo entre os dois aumentava a cada ideia que manifestavam em conjunto, incluindo cartas chocantes como esta: Gellert, O seu argumento de que a dominação dos bruxos visa ao PRÓPRIO BEM DOS TROUXAS é, a meu ver, crítico. Sim, fomos dotados de poder e, sim, esse poder nos dá o direito de governar, mas isto também nos dá responsabilidades sobre os governados. Devemos enfatizar este ponto, pois será a pedra angular da nossa construção. Onde discordarmos, como certamente ocorrerá, ela deverá ser à base dos nossos contra-argumentos. Assumimos o poder PELO BEM MAIOR. E segue-se daí que, onde encontrarmos resistência, nós deveremos usar apenas a força necessária. (Este foi o seu erro em Durmstrang! Não me queixo, porém, porque se você não fosse expulso, jamais teríamos nos conhecido.) Alvo

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Desavenças e Morte Aberforth Dumbledore se deu conta da pesquisa dos dois, e entrou em oposição. Ele tentou os persuadir contra os planos que estavam tramando, colocando Grindelwald na defensiva. Aberforth chegou a revelar que Grindelwald o achava desinteressante e sem nenhuma utilidade. Foram várias as discussões. Talvez no fundo Alvo sentisse as verdades nas palavras de seus irmãos, mas não apelou para a razão. Alvo Dumbledore queria levar Ariana com ele e Gellert em suas viagens, mas a menina tinha o psicológico abalado e era mentalmente instável. Aberforth sabia que Alvo não daria a atenção que a Irmã necessitaria. Grindelwald deve ter se cansado e lançou a maldição Cruciatus em Aberforth. Foi da maneira mais difícil que Alvo se desiludiu. Naquele momento ele não viu o rapaz de sorriso alegre e cabelos cacheados, ele viu um sociopata torturando seu irmão, e foi obrigado a intervir. A situação gerou um horrendo confronto entre os três, na qual Ariana Dumbledore terminou morta por um feitiço "perdido", em que não se tem certeza ainda hoje de quem o lançou. Os irmãos Dumbledore ficaram transtornados. Alvo encerrou a amizade dele com Grindelwald, e Grindelwald fugiu do país horas depois para não ser associado com a morte de Ariana.

Alvo e Gellert em 1899

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Rastros de ódio Trabalhando sozinho a partir de então, Grindelwald descobriu o paradeiro da Varinha das Varinhas, na sua busca pelas Relíquias da morte. Circulavam rumores que Gregorovitch, um fabricante de varinhas de renome, tinha a Varinha e tentava replicar as suas propriedades. Grindelwald assaltou a oficina de Gregorovitch e atordoou o feiticeiro, tendo conseguido, por isso, ganhar a lealdade da varinha. Ele provavelmente tinha tido a ideia de que o dono anterior não precisava ser morto para que a propriedade da varinha passasse para outro, ao contrário do que muitos pensavam. Alguns consideram Grindelwald equivocamente cruel e sádico, mas se nó analisarmos bem descobrimos que Gellert escolheu apenas atordoar Gregorovitch, em vez de matá-lo. Isso talvez sugira um código de não matar em vão. Ao longo dos anos, Grindelwald formou um exército e começou um reino de terror que se espalhou por vários países europeus, apesar de nunca ter tentado tomar o poder na Grã-Bretanha por ter receio de ter de enfrentar o seu velho amigo Dumbledore. Durante o seu poderio, Grindelwald construiu a prisão de Nurmengard, onde gravou a frase: Para um bem maior na entrada. Quem se opunha em seus planos ou era enviado a Nurmengard, ou era assassinado, o que acabou sendo o destino de muitos feiticeiros. Grindelwald operou em grande escala, talvez até mesmo maior que Lorde Voldemort, pois se sentiu seguro o suficiente para construir uma prisão. Em 1945, os relatos de terror provocado por Grindelwald tinham chegado a um ponto onde nem mesmo os britânicos podiam continuar desviando o olhar. O consenso geral era de que apenas um homem poderia travar o bruxo: Alvo Dumbledore. Dumbledore não queria enfrentar Grindelwald, por receio de descobrir que matou Ariana, ou por ainda sentir algum sentimento pelo seu antigo parceiro. A culpa o corroía, mas seja qual for à verdade, ela o esfaqueou por muito tempo. Quando as suas ações se tornaram "demasiado", Grindelwald foi finalmente confrontado pelo seu velho amigo, Alvo Dumbledore que o venceu em duelo, em 1945. Testemunhas afirmaram, segundo Elphias Doge, que foi o maior duelo alguma vez travado entre feiticeiros. Dumbledore tornou-se, então, mestre da Varinha de Sabugueiro, e Grindelwald foi enviado para a sua terra natal, e encarcerado na cela mais alta de Nurmengard, onde ele passou os restantes 53 anos da sua vida.

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Morte em Nurmengard

53 anos depois, já tinha surgido Lorde Voldemort que à altura se encontrava no seu apogeu, exercendo domínio sobre o Ministério da Magia e, por conseguinte, toda a comunidade mágica da Grã-Bretanha. Voldemort, m 1998, dedicou-se à procura da Varinha de Sabugueiro com a qual poderia derrotar Harry Potter, símbolo da resistência contra si, e seu inimigo mortal. A sua busca pela Varinha levou-o à cela de Grindelwald. Este não lhe revelou a localização da Varinha, preferindo rir-se dele e afirmar que havia muito que ele desconhecia. Este último ato de Grindelwald pode muito bem ter sido uma espécie de redenção por todo o mal que infligiu durante a sua vida. Voldemort, num rasgo de fúria, pôs termo à vida de Grindelwald com a Maldição da Morte nessa mesma cela. Muitos especulam que Voldemort apenas conseguiu matá-lo por este já estar em uma idade bastante avançada em 1997, aos 116 anos de idade. Seu legado permaneceu tão sombrio quanto o de Voldemort (sem carisma, em minha opinião). Por muito tempo, usar o símbolo das relíquias da morte era uma autoacusação de ligação as ações de Grindelwald. Momentos antes de sua morte, Gellert mostrou sua principal diferença com Voldemort. Enquanto o segundo temia a morte e tentou de todo modo derrotá-la, Grindelwald a recebeu de braços abertos, da mesma forma que o irmão Peverell, do conto das Relíquias da Morte.

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“Eles dizem que ele mostrou remorso nos Ăşltimos anos, sozinho em sua cela em Nurmengard. Espero que isso seja verdade. Gostaria de pensar que ele sentiu o horror e a vergonha do que ele havia feito. Talvez essa mentira para Voldemort fosse sua tentativa para corrigir... para evitar que Voldemort toma-se a Varinha das varinhas... " - Alvo Dumbledore

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Considerações do autor Grindelwald era encantador, brilhante, e mesmo sedutor como um jovem mago, e a maioria dos que o encontraram o considerava assim - o próprio Alvo Dumbledore confessou que Grindelwald era extremamente encantador, tanto que o induziu a se apaixonar por ele. Dumbledore tinha sido inicialmente cego para o quão perigoso era Grindelwald. Sua atração pelas Artes das Trevas não foi necessariamente malévola em seus estágios iniciais. Ele era altamente inteligente, magicamente talentoso, idealista, bem como ambicioso,podendo chegar até o ponto de crueldade, com um temperamento vicioso. Podemos observar a sociopatia de Gellert, quando ele "perdeu o controle "e usou a maldição Cruciatus em Aberforth, mostrando sua vontade de causar dor às pessoas que o desafiaram. Embora Grindelwald fosse arrogante, egocêntrico e apático, ele conseguiu reconhecer o talento nos outros e formar (ou fingir formar) conexões humanas próximas. Ele demonstrou habilidades de manipulação e a vontade de usá-las para seus próprios propósitos. A julgar pelo testemunho de Aberforth, ele tinha pouco interesse ou paciência com aqueles que ele considerava debaixo dele, mas considerou Alvo Dumbledore, seu igual. Gellert Grindelwald era uma figura complexa, marcada por idealismos, mas também por tendências sociopatas, ligadas as artes das trevas. Gellert, não era um assassino em massa ou torturador, mas ele e seus seguidores cometeram inúmeros crimes, inclusive assassinatos. Por fim a vida lhe fora irônica: Definhar e morrer sob sua própria prisão tendo como sentinela, suas próprias palavras, Para um bem maior.

Referencias: SKEETER, Rita. A vida e as mentira de Alvo Dumbledore. O profeta diário. (1997).

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Sobre o autor Vindo de uma antiga família elitista, Michael pode ser considerado o que chamamos de excêntrico. Desde jovem apresentou hábitos “peculiares”, como correr nos corredores de sua propriedade em Edimburgo, vestindo peças de seus antepassados do século XVIII. Quando em Hogwarts, Michael quebrou o centenário elo da família Campbell com a Slytherin, quando foi selecionado para Ravenclaw. Formou-se com os mais altos pontos nos N.O.M.S e N.I.E.M.S em história da magia, em sua época. Estudou arqueologia no Instituto Ramsés no Cairo, e formou-se em História da magia em Londres. Sua lógica o levou para uma expedição no Oriente Médio, onde incinerou múmias em Gizé, e consumiu uma bola de hachíse, que o levou a desenvolver visões do passado. Na conclusão de suas viagens, no Egito, ele percebeu que Alexandre o Grande era uma imitação pálida de Ramsés II, que se tornou o seu novo herói. Ainda fez pesquisas conceituadas a respeito do rei trouxa Luís XIV, e provou sua teoria, da participação de bruxos na construção do palácio de Versailles. Atualmente mora em Londres e leciona história da magia em Hogwarts.

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