Revista Sou Catequista - 10ª Edição

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Editorial Catequista, leitor(a), seja mais que bem-vindo à 10ª edição da revista Sou Catequista, referente ao mês de maio e que compreenderá também os dias de junho. A partir daqui, regularizando o cronograma anual da revista, as publicações voltarão a ser bimestrais. A edição que você tem em mãos abrange diversos assuntos interessantes, mas neste editorial eu pretendo abordar especificamente a festa de Pentecostes, uma importante celebração do calendário católico e que retrata a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos de Jesus Cristo (At 2, 1-13). Essa data é comemorada 50 dias após o domingo de Páscoa (sete dias depois da Ascensão do Senhor) e nos transporta para uma pergunta fundamental: quem são os apóstolos de Jesus Cristo, hoje? Se me permite responder essa questão, digo que você é um deles. O termo “apóstolo” é uma palavra grega, que traduzida para o português quer dizer “enviado”. Assim, eliminando qualquer confusão, discípulo é todo aquele que segue Jesus. Porém, apóstolo é aquele que Cristo enviou para propagar o Evangelho. Missionário, pregador e enviado por Deus à Terra com a missão de apresentar o Salvador para toda criatura, o catequista é também um apóstolo. E recebe de Deus os dons e a presença do Espírito Santo todos os dias em sua vida. Rezo para que a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade repouse sobre você e faça morada em seu coração, auxiliando-o em sua jornada missionária e conduzindo seus passos, alimentando sua mente com a sabedoria e a humildade, características indiscutíveis Daquele que veio ao mundo para nos salvar. Espero e desejo que tenha uma leitura prazerosa e uma experiência ímpar ao folhear as páginas desta edição. Que Deus esteja sempre com você e, à sua frente, Nossa Senhora guie seu caminho – não nos esqueçamos de que maio, o mês das genitoras, é também o mês da Mãe de todas as mães. Até a próxima edição! ;-) Luiz Guilherme Martins, Coordenador editorial

Edição 9 | Ano 3 | Junho/2015 Direção geral: Sérgio Fernandes Coordenação editorial: Luiz Guilherme Martins Consultor Eclesiástico: Pe. José Alem Revisão: Marcus Facciollo Projeto gráfico: Agência Minha Paróquia Diagramação: Renan Trevisan Assistente de arte: Larissa Bolanho Desenvolvimento Web: Matheus Moreira Assistente de desenvolvimento: Levi Chaves Atendimento: Ana Carolina Silva Comercial: Adriana Franco Banco de imagens: Shutterstock

sou catequista

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NESTA EDIÇÃO 10

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NOSSOS LEITORES

DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

A ALEGRIA DE SER CATEQUISTA

68

MATÉRIA DE CAPA

CATEQUESE: A ARTE DE AMAR Pe. José Alem

Alexandre Bolanho

VOZ DA IGREJA

CRISTOLOGIA

32

CATEQUESE INCLUSIVA Thaís Rufatto dos Santos

82

OS MÉTODOS CATEQUÉTICOS DE CRISTO Frei Ildo Perondi e Patrícia Zaganin

ROTEIROS CATEQUÉTICOS

38

48

RITOS DE ACOLHIDA NA CATEQUESE Ângela Rocha

92

O CATECISMO RESPONDE

IGREJA E COMUNICAÇÃO

94

CATECINE

COMUNICAÇÃO SOCIAL ANTES DO CONCÍLIO VATICANO II Márcio Oliveira Elias

100

DICAS DE LEITURA

104

MENSAGEM DO PAPA

FAMÍLIA E CATEQUESE

58

UM DESAFIO DE EVANGELIZAÇÃO NA ATUALIDADE Marlei Correia


Nossa equipe tem se dedicado bastante para trazer de presente a vocĂŞ uma revista tĂŁo caprichada.

E o que pedimos em troca? Pedimos apenas que

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E obrigado pela amizade!



Caro catequista e leitor(a), seja bem-vindo a mais um Desafio Sou Catequista, desta vez referente à 10ª edição da revista, que compreende os meses de maio e junho. Essa é uma parceria com a editora Ave-Maria, e desta vez você terá a oportunidade de receber em sua casa um exemplar da “Bíblia Catequética AveMaria”. Para conquistá-la você deverá formular uma resposta para a pergunta que preparamos e publicá-la neste endereço, em forma de comentário: http://goo.gl/ERhW9M

O mês de junho remete à natividade de São João Batista, celebrada no dia 24. Portanto, queremos saber: como você, catequista, apresentaria São João aos seus catequizandos? Reforçamos: use seu conhecimento e criatividade à vontade, mas não se esqueça de ser objetivo. Nossa equipe analisará cada resposta e escolherá um(a) vencedor(a). Portanto capriche e, é claro, boa sorte!


NOSSOS LEITORES

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Não sou brasileiro, mas acompanho a revista Sou Catequista. Obrigado por sua revista! Deus vos abençoe! Paz e Bem! Fernando Sanchez Ibarra Faz poucos dias que uma catequista me escreveu bem assim: “A Catequese é um processo permanente, por isso é importante nos mantermos em formação!” Uma Revista interativa, moderna e gratuita como a revista Sou Catequista é uma excelente iniciativa de levar aos catequistas do Brasil um material de ótima qualidade! Não deixem de ler. João Melo

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Queridos catequistas, convido vocês a participarem do projeto e revista Sou Catequista, que tem extrema importância para a formação de nossa fé. É um instrumento de trabalho onde podemos buscar subsídios essenciais para preparar nossa catequese, e assim deixar nossos catequizandos saciados da palavra de Deus. Joseli Juliao Sou catequista com muito amor! Agradeço a Deus pela vocação e por poder testemunhar a Sua Palavra de fé e esperança aos pequenos e jovens! Zeni Gomes de Lima


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Acompanho a revista Sou Catequista desde o seu primeiro número. Gosto bastante dos temas, textos e já fiz divulgação em meu grupo de catequese. Meus parabéns! Adílio Rodrigues Amei a revista! As dinãmicas são de grande utilidade, pois sou catequista de crisma. Todo o conteúdo é muito bem explicado. Deus os abençoe! Dinair Augusta Sou catequista e adoro os assuntos abordados pela revista! Obrigada por essa iniciativa e pelo suporte que dão aos catequistas de todo o Brasil! Erika Regina

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A revista está ótima! Parabéns pela iniciativa e inovação. Vou utilizar muitos artigos na vida pastoral e catequese paroquial. Deus abençoe o trabalho de toda equipe! Pe. João Manoel Lopes

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DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

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A ALEGRIA

s de ser r

CATEQUISTA por Alexandre Bolanho

F

eliz aquele que leva a palavra de Deus e o Amor tão grande Dele dentro de seu coração e o partilha com todos os que necessitam, pois, como nos diz São João em uma de suas cartas, “O que vimos e ouvimos nós Vos anunciamos, para que também Vós tenhais comunhão conosco” e ainda como diz São Paulo: “Para mim viver é Cristo” “Ai de mim se não evangelizar”, levemos com alegria o Amor de Deus a todos, para que possam encontrar o caminho do Seu Reino!

Antes de falar para vocês sobre a alegria de ser catequista e de minha experiência como um, gostaria de falar de como me tornei catequista. E vejo em Santo Agostinho, que teve uma iniciação cristã também bastante tardia, porém, um encontro com Jesus muito forte, um santo a ser seguido. Coloco a seguir um trecho das Confissões de Santo Agostinho para refletirmos juntos.


“Tarde Vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora procurando-Vos! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava Convosco! Retinha-me longe de Vós aquilo que não existia se não existisse em Vós. Porém, chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! Brilhastes cintilantes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-O suspirando por Vós. Tocastes-me e ardi no desejo de Vossa paz! Só na grandeza de Vossa misericórdia coloco toda a minha esperança. Dai-me o que me ordenais, e ordenai-me o que quiserdes”.


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Como pode alguém conhecer Deus tão tarde? Até pouco tempo atrás fazia essa pergunta e procurava dentro de mim uma resposta em vão! Então, lendo Confissões X de Santo Agostinho e após ter um encontro pessoal com Deus encontrei a resposta.

CONTEXTUALIZANDO Por mais de 30 anos, assim como Santo Agostinho (longe de mim me comparar a Santo Agostinho) estive longe de Deus achando que a fé não precisava ser alimentada, que bastava no dia a dia rezar um pai-nosso de qualquer maneira que estava tudo resolvido entre eu e Ele. Até que por uma enfermidade fui parar em um hospital e em poucos dias estava à beira da morte! Os médicos já não tinham muitas esperanças, meus órgãos iam parando um a um, até que clamei, supliquei a Deus por minha vida e fui ouvido. Foi nesse momento entre lágrimas, rezando o terço à minha maneira (pois não sabia rezá-lo corretamente) que tive um encontro muito forte com Nosso Senhor Jesus Cristo, foi uma experiência maravilhosa, um encontro pessoal, real e verdadeiro com Deus. Foi aí que pude perceber o quanto eu era importante para Deus, senti arder dentro de mim o Amor de Deus, o Senhor me recuperou, para espanto dos médicos, e ao sair senti a necessidade de anunciar esse Amor tão grande de Deus por nós a todos aqueles que não conhecem ou estão por algum motivo afastados Dele. Entrei para a catequese de iniciação cristã na paróquia de Santo Antônio em Indaiatuba, onde pude conhecer as verdades de nossa fé, graças ao catequista Roberto, grande conhecedor de nossa religião. E, à medida que a catequese ia avançando, meu amor por Deus só ia aumentando, chegando ao ponto de não mais poder ser contido dentro de mim, era algo inevitável levar a palavra de Deus e anunciar a Boa Nova a todos. Ao receber os sacramentos da Primeira Eucaristia e da Confirmação, uma felicidade inigualável tomou conta de mim de tal maneira que não pude mais contê-la, tinha que transmiti-la a todos, queria que todos


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conhecessem e sentissem o mesmo que eu estava sentindo, o amor de Deus e a felicidade maravilhosa que é estar com Ele e Ele em nós. Assim, logo que terminou a iniciação cristã e recebi os sacramentos, participei da formação para novos catequistas em minha paróquia; acompanhei outros catequistas durante esse período, o que me deu base e fortaleceu ainda mais minha fé e o amor em Cristo, até que me sentindo pronto e disse a Jesus: “Eis-me aqui, envia-me, Senhor!”. Lembrei-me então do que dizem as diretrizes gerais da ação evangelizadora: “Todo o planejamento e ação da Igreja nascem do próprio Cristo e voltam-se para Ele, que é a razão de ser da catequese; a origem do agir; o Caminho, a Verdade e a Vida de todo cristão” (cf. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil – 2011-2015, §4). “Arregacei as mangas” e pus-me a serviço!

ENTÃO, CHEGOU A HORA No início o “friozinho na barriga”, foi quando deixei o Espírito Santo de Deus agir em mim e me guiar em todos os momentos do período catequético; percebi, então, graças a Ele, que quando o catequista tem o encontro com Jesus, ele dá testemunho, que brilha, que encanta, que fascina quem o ouve, assim como Cristo fez, olhando nos olhos, com palavras que tocam o coração que está endurecido ou fragilizado e que precisa de alento e consolo, ou está sedento para receber a água viva! Ele me fez perceber como o catequista deve ser; antes de mais nada, uma pessoa de verdadeira fé, virtude pela qual acredito em Deus e em tudo o que Ele disse e revelou. Sendo minha missão anunciar e transmitir a Mensagem de Deus, em que nossa fé deve alimentarse quotidianamente com a meditação do Evangelho, bem como com a prática da caridade. Temos que ter a certeza e a consciência de que “a fé é garantia das coisas que se esperam e certeza daquelas que não se vêem” (Hb 11, 1-2) e, por isso, devemos nos fundamentar

“O Senhor me recuperou, e senti a necessidade de anunciar esse Amor tão grande de Deus por nós a todos aqueles que não conhecem ou estão por algum motivo afastados Dele.”


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na Palavra de Deus. Possuímos, então, certezas simples e sólidas que hão de nos ajudar em nossa caminhada. Com efeito, enquanto evangelizador e apóstolo de Jesus Cristo, devo me apresentar aos outros como “a imagem de pessoa amadurecida na fé, capaz de se encontrar para além de tensões que se verifiquem, graças à procura comum, sincera e desinteressada da verdade” (EN 77). Só sendo detentor de uma verdadeira fé é que posso realizar a sua missão de transmiti-la com tranquilidade. Dessa maneira, enquanto educador da fé, não devo guardar a fé para mim; pelo contrário, sou chamado por Deus a anunciar, a transmitir e a dar testemunho dessa mesma fé, nas mais diversas circunstâncias da vida. Na verdade, o anúncio da Mensagem de Deus é feito, antes de mais nada, pelo testemunho daquele que vive a fé. A Igreja tem bem presente que “o testemunho de uma vida autenticamente cristã, entregue nas mãos de Deus, numa comunhão que nada deverá interromper, e dedicada ao próximo (...) é o primeiro meio de evangelização. O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres (...) ou então se escuta os mestres é porque eles são testemunhas” (EN 41). Em nossa caminhada devemos dar testemunho, por meio das palavras e ações, de nossa própria experiência cristã. Num ambiente onde as pessoas tendem a afastar-se de Deus, é cada vez mais necessário que tenhamos convicções profundas que, em diálogo com o mundo, anunciemos com alegria a graça que recebemos ao nos associarmos à missão de Jesus Cristo: a de dar a conhecer a Boa Nova, testemunhando-a no dia a dia. Anunciamos uma mensagem que, pelo seu significado, dá origem a um novo estilo de vida. Quanto mais nos mostramos alegres no anúncio da Palavra, tanto mais credível será a mensagem para os que a escutam. Assim, é precisamente nossa alegria no anúncio da Palavra e do Evangelho a demonstração mais evidente de que a Boa Nova que anunciamos encheu o nosso coração. Devemos ter consciência de que Deus está conosco, pois é essa comunhão que se estabelece que nos leva a sentir necessidade, como profetas, de anunciar a Verdade que anima a todos. Essa consciência de participar do amor de Deus leva-nos a ser sal e luz do mundo, anunciando a Boa Nova com alegria, dandonos força e determinação para continuar a missão, apesar das dificuldades que, muitas vezes, surgem no caminho. Neste ano celebramos o recebimento dos sacramentos da primeira turma a qual catequizei; foi uma experiência simplesmente maravilhosa, senti uma emoção muito grande ao vê-los recebendo os sacramentos, em certos momentos me lembrei de todas as dificuldades que superamos juntos durante a jornada, desde o “friozinho na barriga” dos primeiros encontros até a alegria daquele momento! Que felicidade!


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Catequese é amor, entrega, doação ao próximo, pois é o amor que nos leva a Deus como nos ensina São João: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4, 16). Quão grande és Tu, Senhor, que me tornou ferramenta Vossa, e assim pude participar de Vossa obra e partilhar de Vosso Amor tão grande! Que experiência maravilhosa é poder participar do projeto de Deus! Louvarei, glorificarei e anunciarei o Senhor a todos, por toda a minha vida! Deixo-os com duas mensagens de Nosso Senhor, para que todos os catequistas leiam e reflitam:

“A semente que caiu na terra boa são os que ouvem a palavra com coração reto e bom, retêm-na e dão fruto pela perseverança” (Lc 8, 15). Jesus Cristo: “Ide e fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a guardar tudo o que Vos mandei. E sabei que Eu estou convosco todos os dias até ao fim do mundo” (Mt 28, 19-20). Irmãos, mantenham-se firmes em vossa fé! Anunciem o Senhor a todos, sem hesitar! Paz e bem!

Alexandre Bolanho Catequista na Paróquia Santo Antônio, Indaiatuba-SP.




VOZ DA IGREJA

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O ROSTO DA MISERICÓRDIA Cardeal Orani João Tempesta Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro


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O

Papa Francisco presidiu na tarde de sábado, dia 11 de abril último, na Basílica Vaticana, as Primeiras Vésperas do Domingo da Divina Misericórdia, por ocasião da convocação oficial do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

A cerimônia teve início no átrio da Basílica Vaticana, diante da “Porta Santa”, com a entrega da Bula “Misericordiae Vultus” (“O rosto da Misericórdia”) aos quatro Cardeais-Arciprestes das Basílicas papais de Roma. O Regente da Casa Pontifícia, Mons. Leonardo Sapienza, leu, na presença do Papa Francisco, alguns trechos do Documento oficial de convocação do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia. A abertura do Ano Santo coincide com os 50 anos da conclusão do Concílio Ecumênico Vaticano II, no dia 8 de dezembro. O encerramento terá lugar na Solenidade litúrgica de Jesus Cristo Rei do Universo, em 20 de novembro de 2016. Uma particularidade deste Ano Santo é que não será celebrado só em Roma, mas em todas as dioceses do mundo. A Porta Santa será aberta pelo Papa na Basílica de São Pedro em 8 de dezembro, e no domingo seguinte em todas as Igrejas do mundo. A Bula de convocação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia intitulada “Misericordiae Vultus” (O Rosto da Misericórdia) se compõe de 25 números. Nela, o Papa Francisco descreve as principais características da misericórdia, definindo o tema à luz do rosto de Cristo. “A misericórdia não é uma palavra abstrata, mas um rosto para reconhecer, contemplar e servir”, diz o Pontífice. A Bula também explica alguns aspectos importantes do Jubileu: o primeiro é o lema “Misericordiosos como o Pai”, a continuação do sentido da peregrinação e, sobretudo, a necessidade do perdão. O tema particular que interessa ao Papa se encontra no número 15: as obras de misericórdia espirituais e corporais. Segundo o Papa, elas devem redescobrir-se “para despertar nossa consciência, muitas vezes adormecida frente ao drama da pobreza, e para entrar ainda mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina”. No número 19 da Bula, Francisco adverte com certo rigor as pessoas envolvidas com o crime organizado e aquelas “promotoras ou cúmplices” da corrupção. O Papa denuncia esta “chaga apodrecida” e insiste para que neste Ano Santo haja uma verdadeira conversão por parte dos criminosos, especialmente. “Este é o tempo oportuno para mudar de vida! Este é o tempo para deixar tocar o coração. Diante de tantos crimes cometidos, escuta o choro de todas as pessoas depredadas por vocês na vida, na família, nos afetos e na dignidade. Seguir como estais é só fonte de arrogância, de ilusão e de tristeza. A verdadeira vida é algo bem distinto do que agora pensais. O Papa os estende a mão. Está disposto a ouvilos. Basta somente que acolhais o apelo à conversão e vos submetais à justiça enquanto a Igreja vos oferece misericórdia” (n. 19).


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O longo documento divide-se, grosso modo, em três partes. Na primeira, o Papa Francisco aprofunda o conceito de misericórdia e explica o porquê da escolha da data de início em 8 de dezembro, Solenidade de Maria: “para não deixar a humanidade sozinha à mercê do mal” e por coincidir com o 50º aniversário da conclusão do Concílio Vaticano II, que derrubou as muralhas, “que por muito tempo, mantiveram a Igreja fechada em uma cidadela privilegiada”. “Na prática – disse o Papa – todos somos chamados a viver de misericórdia, porque conosco, em primeiro lugar, foi usada a misericórdia”. O Papa Francisco disse que a “Igreja Católica, levantando por meio deste Concílio Ecumênico o facho da verdade religiosa, deseja mostrar-se mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade com os filhos dela separados”. “Com estes sentimentos de gratidão pelo que a Igreja recebeu e de responsabilidade quanto à tarefa que nos espera, atravessaremos a Porta Santa com plena confiança de ser acompanhados pela força do Senhor Ressuscitado, que continua a sustentar a nossa peregrinação. O Espírito Santo, que conduz os passos dos crentes de forma a cooperarem para a obra de salvação realizada por Cristo, seja guia e apoio do povo de Deus a fim de ajudá-lo a contemplar o rosto da misericórdia”. Na segunda parte, o Santo Padre oferece algumas sugestões práticas para celebrar o Jubileu, como realizar uma peregrinação, não julgar e não condenar, mas perdoar e doar, permanecendo afastado das fofocas e das palavras movidas por ciúmes e invejas, tornandose “instrumentos de perdão”; abrir o coração às periferias existenciais, realizar com alegria obras de misericórdia corporal e espiritual e incrementar nas dioceses a iniciativa de oração e penitência “24 horas para o Senhor”, entre outros. Por fim, na terceira parte, Francisco lança alguns apelos contra a criminalidade e a corrupção – dirigindo-se aos membros de grupos criminosos e aos corruptos; exorta ao diálogo inter-religioso e explica a relação entre justiça e misericórdia. A Bula se conclui com a invocação a Maria, testemunha da misericórdia de Deus. Vivamos, desde já, este tempo santo de misericórdia. Vamos, imediatamente, numa grande preparação remota para o dia 08 de dezembro, em nossa Arquidiocese, viver junto o Ano da Esperança, que se concretiza em gesto concreto de misericórdia! Depois dessas orientações, agora cabe às Dioceses escolherem os locais de peregrinação e as atividades que desejarão viver nesse Ano da Misericórdia que se aproxima: eis que o Senhor está perto de nossos corações e é misericordioso!


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SEM COMUNICAÇÃO, A FAMÍLIA ACABA Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo


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N

o domingo, dia 17 de maio, celebramos a Ascensão de Jesus ao céu; com esta solenidade litúrgica, recordamos também o envio missionário dos apóstolos: “ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura” (Mc 16,15). Essas palavras de Jesus referem-se à primeira e mais importante missão da Igreja, que é evangelizar. Nelas estão presentes três conceitos de comunicação: “ide”, “anunciai” e “Boa Nova”. Por isso, a Igreja relaciona o Dia Mundial das Comunicações Sociais com o Domingo da Ascensão e o envio missionário: a Igreja tem a missão de comunicar; evangelizar é ação comunicadora feita de muitos modos, sobretudo na relação de pessoa a pessoa; é levar uma mensagem – o Evangelho; a um destinatário – “a todos os povos”; com uma metodologia – “ide”, ou seja, saindo de si, dirigindo-se aos outros, inclusive com os modernos recursos técnicos da Comunicação Social. Na sua Mensagem para o 49º Dia Mundial das Comunicações Sociais, de 2015, o Papa Francisco trata da comunicação em família. Essa abordagem não podia ser mais oportuna, uma vez que a Igreja está preparando a assembleia do Sínodo, de outubro deste ano, sobre o tema da família. Achei a intuição do Papa Francisco muito iluminada! Com frequência, quando falamos do tema da família, pensamos logo nos grandes princípios cristãos que regem o casamento e a família; ou nos problemas do divórcio, da diminuição do apreço ao casamento e à família, nas questões morais ligadas à vida sexual e à transmissão da vida... Tudo isso tem sentido, mas as questões, tantas vezes, são bem mais simples: as pessoas não se falam mais, não há diálogo, não há sintonia no convívio familiar... E aí fica difícil manter viva a família! O Papa está nos recordando que há questões bem simples na vida familiar, que não devem ser descuidadas no casamento e na vida em família. E se refere à “comunicação” na vida familiar. Será que muitos daqueles “grandes” problemas da família não estão ligados às questões de “comunicação”? Será que a atual avalanche de mensagens de todo tipo, recebidas e assimiladas por meio de todos os recursos de comunicação ao nosso alcance, de maneira nem sempre criteriosa, não está sufocando a comunicação que precisa existir no seio da vida familiar? Seria interessante perguntar: quanto tempo ainda nos resta, cada dia, para a comunicação em família? Para conversar, trocar ideias, partilhar vivências, informações ou afetos? Ou, simplesmente, para “jogar conversa fora”, pelo prazer de estar juntos, comunicar a alma, partilhar o convívio e manifestar estima e afeto? E qual é a qualidade desse tempo que ainda temos para a comunicação em família? Talvez, enquanto conversamos, a televisão ligada pede atenção, navegamos na Internet, atendemos a telefonemas ou estamos ligados em mensagens de quem está bem distante de nós? O Papa Francisco, na sua Mensagem, recorda que a família existe, acima de tudo, por um fato de comunicação: o namoro é comunicação; a vida do casal é comunicação; assim, as relações de paternidade e maternidade, de filiação e de fraternidade; sem esquecer


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que também as relações de parentesco se cultivam na comunicação dos parentes. Se os membros da família deixam de se comunicar de pessoa a pessoa, estas vão se distanciando e a família se torna insignificante, é sufocada e vai à falência múltipla, por falta de oxigenação... Muitos problemas e crises no casamento e na vida familiar não surgiriam se a boa comunicação fosse mais bem cultivada no seu convívio; e muitas questões doutrinais, como a fidelidade e a indissolubilidade matrimonial, não seriam “problemas”, se houvesse verdadeira comunicação na vida familiar. Quanta coisa uma boa conversa consegue resolver! A comunicação mais elementar é a boa conversa, a escuta, a busca sincera da sintonia com o outro, para estar “ligado” nas mensagens dos outros; às vezes, é preciso desligar um pouco dos próprios programas e dar atenção ao outro; não raro, é bom abaixar o volume da voz, ou ficar antenado nas mensagens cifradas dos outros, que pedem atenção e compreensão; e o diálogo, feito entrevista leal, consegue avivar novamente a qualidade dos relacionamentos... Para não ser vítima do excesso de comunicação formal, que invade todos os espaços e minutos do dia, a família precisa zelar pela boa qualidade da comunicação entre os seus membros. A família vive de comunicação. Vale a pena ler a Mensagem do Papa.


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COMUNICAR Dom Jaime Spengler Arcebispo de Porto Alegre


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rancisco de Sales é o patrono das comunicações sociais. No dia em que celebramos sua memória, o Papa publica uma mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais.

O tema escolhido para a mensagem deste ano é: “Comunicar a família: ambiente privilegiado do encontro na gratuidade do amor”. Trata-se de um tema de grande relevância para a atualidade. Afinal, a família é o primeiro lugar onde aprendemos a nos comunicar. É a partir do ambiente familiar que aprendemos a construir contatos com o mundo. A comunicação é dimensão constitutiva do ser humano; ela é vital ao próprio ser humano, enquanto ser em relação. Essa observação é para nós importante, pois a comunicação não é simplesmente questão de aparelhos, máquinas, técnicas ou tecnologia. A comunicação é essencialmente questão de relações humanas; é encontro interpessoal! Para demonstrar esse dado fundamental, a mensagem do Papa parte da cena bíblica que descreve a visita de Maria à sua prima Isabel. Destaca a exultação do encontro entre elas, inclusive de João Batista ainda no seio materno. O encontro entre Maria e Isabel pressupõe acolhida, sorriso, abraço, cordialidade, receptividade, doação, sair de si, abertura, partilha, solidariedade. São atitudes profundamente humanas! São gestos e atitudes que comunicam. Assim, somos recordados de que comunicação tem a ver com proximidade, gestos, palavras, contato, olhares... Comunicamos quando também acolhemos o que está sendo comunicado: “podemos dar porque recebemos”. Essa reciprocidade é o “paradigma de toda comunicação”. Comunicação não é simples transmissão de informações. Comunicação é essencialmente proximidade, contato corporal. É o que podemos verificar na relação materna: a mãe, através do cheiro, do contato, do olhar, da ternura, cultiva uma profunda relação com o fruto de suas entranhas. Esse cultivo determina inclusive todo o desenvolvimento psicológico da criança. O futuro da criança é também determinado pela qualidade das relações desenvolvidas no cotidiano entre ela e os pais! Há também um outro nível de comunicação que acontece, por exemplo, na liturgia. A maior expressão de comunicação na celebração litúrgica é a comunidade reunida em nome do Crucificado-Ressuscitado - “Ele está no meio de nós”! - para celebrar o mistério da redenção humana. A comunidade de fé reunida para a liturgia é também anúncio do reino já presente, no aqui e agora.


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Urge redescobrir aspectos fundamentais da comunicação latentes na celebração litúrgica. Não se trata aqui de destacar o que se diz e o quanto se diz, o instrumental usado, mas de resgatar a dimensão do encontro não só entre os membros da assembleia, mas sobretudo e fundamentalmente o encontro da assembleia com seu Senhor. Por isso, os gestos que compõem a ação litúrgica trazem a marca do Crucificado-Ressuscitado. O que vemos, ouvimos, dizemos, cheiramos, tocamos, abraçamos, comemos, o silêncio que fazemos, a intimidade que cultivamos através da prece, os passos dados para e no interior do templo, o retorno para nossos lares, tudo está marcado por dignidade particular. Assim como o cuidado dispensado pela mãe ao filho não é algo mecânico, da mesma forma a boa comunicação da e na ação litúrgica não é resultado da aplicação de “técnicas” mais ou menos boas. Ela é expressão da experiência fundante do encontro com o Senhor, que faz novas todas as coisas e relacionamentos. Em meio a críticas, desafios, limitações, mas também possibilidades que se apresentam, seja à instituição família, seja à ação litúrgica, “não lutemos para defender o passado, mas trabalhemos com paciência e confiança, em todos os ambientes onde diariamente nos encontramos, para construir o futuro” (Papa Francisco). Sejamos bons comunicadores!


PARCERIA

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Com Pe. José Alem e Pequeninos do Senhor, Revista Sou Catequista marca presença em curso da CNBB

O

curso de comunicação para comunicadores da Igreja Católica a partir do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, realizado pela CNBB, com o RIAL e a Pastoral da Comunicação, já está em andamento. Com absoluto entusiasmo e comprometimento com a evangelização, a revista Sou Catequista, em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, participa desse projeto, sendo a responsável pelo módulo “Comunicação e Catequese”. No dia 7 de maio, representados pelo Pe José Alem e por Rachel Lemos, da Associação Pequeninos do Senhor, nossa contribuição foi concretizada. As gravações e toda a produção aconteceram nos estúdios da TV Século 21, e nós agradecemos a todos os envolvidos por acreditarem nessa iniciativa. Sobretudo, por confiarem a nós parte dessa missão. Você, que é catequista, comunicador, e vive intensamente a mensagem que Cristo nos deixou (Mc 16, 15), acredite: o curso está imperdível!


CATEQUESE INCLUSIVA

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A VINDA DO ESPÍRITO SANTO SOBRE OS CATEQUISTAS INCLUSIVOS O Espírito Santo anima a toda a comunidade dos fiéis em Cristo por Thaís Rufatto dos Santos


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Q

ueridos catequistas, 50 dias depois da Páscoa, a igreja comemora a Festa de Pentecostes, ou seja, a descida do Espírito Santo.

A vinda do Espírito Santo no cenáculo ocorreu pela descida sobre a comunidade cristã de Jerusalém em forma de línguas de fogo. E todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas (At 2,1-4). Nossa Igreja Católica Apostólica Romana, fundada por Jesus, é inclusiva, pois Jesus se utiliza de diferentes dons para formar a Comunidade, ou seja, por meio da diversidade de dons, Jesus forma a comum unidade em Seus diferentes dons da qual todos nós catequistas fazemos parte. Na Carta de São Paulo, “Há, pois, diversidade de graças, mas um mesmo é o Espírito; e os ministérios são diversos, mas um mesmo é o Senhor” (1Cor 12, 4-5). “Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum” (1Cor 12, 4-7).

No lábio dos catequistas, o Espírito Santo colocará as palavras acertadas (cf. Jr 1,9c) para que a evangelização inclusiva aconteça de acordo com a vontade de Deus.

O Espírito Santo anima a toda a comunidade dos fiéis em Cristo. Esse mesmo apóstolo celebra por meio da imagem do corpo a multiplicidade e a riqueza, assim como a unidade da Igreja, como obra do Espírito Santo. Por um lado, Paulo faz uma lista da variedade de carismas, quer dizer, dos dons particulares oferecidos aos membros da Igreja (cf. 1Cor 12,1-10); por outro, confirma que “todas estas coisas são obra de um mesmo e único Espírito, distribuindo-as a cada um em particular segundo sua vontade” (1Cor 12,11). O dia de Pentecostes

“Em um só Espírito fomos todos batizados”(1Cor 12,13a). Por meio da vinda do Espírito Santo, o catequista inclusivo se sentirá motivado e encorajado para evangelizar o catequizando com deficiência. E como está na Bíblia, em Jeremias, no lábio dos catequistas, o Espírito Santo colocará as palavras acertadas (cf. Jr 1,9c), para que a evangelização inclusiva aconteça de acordo com a vontade de Deus. Na vida e na família daquele catequizando com alguma deficiência.


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SER UM JOVEM CRISTÃO NO MUNDO GLOBALIZADO Chegou a hora de vocês lutarem pelos seus objetivos J

ovens, nesta fase da vida, começamos a nos questionar sobre o sentido da nossa existência: Quem sou eu? O que devo fazer? O que esperam que eu seja? E várias outras dúvidas. Mas para tudo existe uma explicação e um fundamento: colocar Deus em primeiro lugar em nossas vidas. Essa é a melhor fase da vida, tudo podemos, mas nos esquecemos que também podemos errar a nossa formação. Saibam ouvir a voz de Deus e cuidado com a voz do “mundo” para que no fim não digam “fracassei”. Ser jovem também é um desafio porque nessa fase você está começando a crescer. Por isso que vocês não devem desistir, devem ser fortes e lembrar que dentro de vocês existe uma força que vocês não conhecem para construir um mundo novo. Saibam enfrentar todos os desafios. Quanto maiores forem, mais a vida cobrará de vocês. Sejam fiéis, não desistam jamais, sigam em frente, quanto maior for a luta, maior será a vitória. Jesus está ao seu lado!


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Lembrem-se sempre: rezem, rezem, rezem e lembrem-se de Jesus, leiam a Bíblia, pois só pela oração vocês terão força para superar tudo. Atualmente, deparamos com uma série de comentários, que nem sempre vêm precedidos de um fundo de verdade: como a moda, o mito da beleza externa, daí o motivo desta fase ser um período de conhecimento próprio para evitar cair no complexo e insegurança. Iniciem uma relação profunda com Deus, esse é o momento em que vocês optarão em ser vocês mesmos ou imitar os outros. Permitam que Jesus seja o alicerce que converterá vocês, jovens, em grandes homens, em grandes mulheres, pois o mundo está necessitado de jovens que não têm medo de fazer que suas vidas sejam iluminadas por Deus, para iluminar a todas as partes deste mundo. Olhes para vocês não como quem tem de ser eternos vitoriosos, mas como eternos lutadores. Não queiram resolver tudo sozinhos, peçam ajuda, aceitem o erro, com o erro também se aprende!

Jovens, nesta fase da vida, começamos a nos questionar sobre o sentido da nossa existência: Quem sou eu? O que devo fazer? O que esperam que eu seja? E várias outras dúvidas. Mas para tudo existe uma explicação e um fundamento: colocar Deus em primeiro lugar em nossas vidas.

Chegou a hora de vocês lutarem pelos seus objetivos. Vocês não podem perder a meta que é tentar, tentar e tentar, sem jamais desistir, até aprender como fazer diferente e melhor. Esse é o caminho para resgatar sua própria autoconfiança! Deus os conhece antes mesmo de vocês nascerem e sabe o que há de bom em vocês. Ele depositou dons necessários para que construam sua felicidade e levem a felicidade a quem precisar. Ser jovem cristão no mundo globalizado é viver um novo dia, é amanhecer, é viver a vida, é ser feliz, é viver com sabedoria e discernimento, sem se deixar influenciar pela vontade de outras pessoas. Ser jovem é ser você mesmo!

Sou jovem, sou discípulo, sou católico.


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JOVEM, NÃO VOS PREOCUPEIS! Jesus quer dizer para vocês viverem um dia de cada vez J

ovem, Jesus diz em Sua Palavra que devemos vender nossos bens para segui-lo. Em Mt 19,21, respondeu Jesus: “Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!”, em outra passagem vai dizer, em Mt 6,34 “Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado”. O que será que Jesus quer nos dizer quando vivemos em um tempo no qual o dinheiro fala mais alto do que qualquer outro tipo de voz humana? E a informação corre mais do que a velocidade da luz, podemos dizer, pois é muito comum não nos darmos conta do dia, acabamos de almoçar, logo já vem a tarde e com isso, o ano parece que tem três meses e os dias 12 horas apenas. Querido jovem, querida jovem, Jesus quer dizer para vocês viverem um dia de cada vez, ou seja, serem pessoas solidárias, que partilham mesmo aquilo que pouco têm com quem nada tem, seja desde uma palavra amiga, uma oração, um gesto de carinho, como um e-mail, um presente, uma visita surpresa para uma pessoa, etc. Vender os bens, no sentido literal na linguagem de Jesus, é doar sem esperar retorno, vender tudo aquilo de bem e bom que há em você e no seu coração, vender os bens, não necessariamente, é você se despojar do seu computador, celular, televisão de plasma ou LCD, e até mesmo da sua conta bancária para seguir Jesus, pois Jesus quer você atualizado(a) com o mundo, para levar a palavra dele por meio de SMS, recados no Facebook, por e-mail etc. Jesus tem um “Twitter” criado por Deus e um “Facebook” em que busca seguidores


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jovens, para animar e dinamizar a sociedade, mas aqui se abre-se um parêntese: seguidores jovens que não dão contratestemunhos do que diz a Palavra Dele e vivem à luz da sociedade individualista, que vão contra os valores ensinados por Jesus. Seguir Jesus é ser luz em meio ao escuro em que está nossa sociedade, e não ser uma “lâmpada” apagada em meio a escuridão.

O que será que Jesus quer nos dizer, quando vivemos em um tempo no qual o dinheiro fala mais alto do que qualquer outro tipo de voz humana?

Querido jovem, querida jovem que está lendo esta página. Você foi batizado(a) e Jesus te chama pelo nome a segui-Lo de perto por meio da vocação de catequista que Ele depositou no seu coração! Lembre-se de quando você estava na catequese e se imaginava catequizando também como fez seu catequista com você. Não tenha medo de dizer “sim” a Deus, sem preocupação no coração. E olhe para Nossa Senhora, ela é exemplo de “sim” e de catequista. Nossa Senhora foi catequista de Jesus.

Jesus é claro quando afirma para não se preocupar com o dia de amanhã, pois o amanhã ainda nem chegou. Devemos viver bem e intensamente o hoje sob a ótica dos valores do Evangelho, isto é, ser um(a) bom amigo(a) hoje, um(a) bom(a) filho(a), um(a) bom(a) cristão(ã), etc. O amanhã a Deus pertence e a cada dia Ele vai providenciar para você aquilo que está precisando. Portanto, “não vos preocupeis”, diz Jesus para cada um(a) de vocês.

Mt 6, 24-34, por Pe. Rodrigo

Thaís Rufatto dos Santos Thaís Rufatto dos Santos é Pedagoga, Psicopedagoga, Pós Graduada em Educação Especial, Consultora em Educação Inclusiva. Coordenou a Pastoral da Pessoa com Deficiência, na Diocese de Santo Amaro - SP. É autora de livros voltados à Catequese Inclusiva. Ministra palestras em Paróquias e Dioceses. Contato: thaisrdossantos@gmail.com


ROTEIROS CATEQUÉTICOS

Parte III

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RITOS DE ACOLHIDA NA CATEQUESE por Ângela Rocha Resgatando o assunto dos ritos e celebrações na catequese que iniciamos na 7ª edição e demos continuidade no último lançamento da revista http://goo.gl/WfbrNs, vamos seguir tratando das festas e celebrações.


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C

onforme inspira o RICA, o início das atividades catequéticas (início do ano catequético) pode ser celebrado como uma experiência de profunda recepção e acolhimento dos catequizandos, expressando a alegria e a ação de graças da Igreja com a presença e a participação deles na catequese. O objetivo é que os novos catequizandos sejam instituídos como catequizandos, assumindo compromissos diante da Igreja e da comunidade, e que os catequizandos das demais etapas renovem seus compromissos de catequizandos. A comunidade paroquial deve acolher, incentivar, orientar, apoiar e promover convivência com os catequizandos por meio das diversas atividades das pastorais e movimentos. É importante que essa celebração seja feita em uma Missa, na presença de toda a comunidade, e que seja precedida de um encontro com os pais/família dos novos catequizandos.

Aos pais compete a entrega da Palavra (Bíblia) nessa celebração e, portanto, deve ser feita uma catequese com eles para ressaltar a importância desse gesto simbólico de entregar aos filhos a herança da nossa fé. Os pais devem ser orientados a adquirir a Bíblia (normalmente a versão usada pela paróquia na catequese) e que façam uma bonita dedicatória ao filho. Caso os pais não tenham condições financeiras de adquirir a Bíblia, compete à comunidade o esforço para proporcionar as respectivas doações. Ressalta-se que: o roteiro abaixo foi construído de maneira mais simples, com adaptações do RICA e de manuais celebrativos para as comunidades que AINDA NÃO ESTÃO COM O PROCESSO CATECUMENAL em andamento, uma vez que aquelas que estão possuem itinerários próprios para as respectivas celebrações. Estão no roteiro somente os momentos de interação com os catequizandos, as demais etapas da celebração procedem normalmente.


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A ACOLHIDA Os catequizandos e seus pais/responsáveis podem aguardar fora da igreja ou no local onde será realizada a celebração, possibilitando, assim, uma acolhida significativa (previamente devem ser reservados bancos para as famílias e novos catequizandos).

O início das atividades catequéticas (início do ano catequético) pode ser celebrado como uma experiência de profunda recepção e acolhimento dos catequizandos, expressando a alegria e a ação de graças da Igreja com a presença e a participação deles na catequese.

Os momentos sugeridos podem ser adaptados de acordo com a realidade e as possibilidades de cada paróquia, no contexto das celebrações eucarísticas.

Preparar uma mesinha à frente da nave, com uma bandeja com pequenas cruzes de madeira com cordão para serem entregues aos catequizandos como símbolo de pertença a Cristo.


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ACOLHIDA DO PADRE (FORA DA IGREJA)

Após o sinal da cruz, o presidente da celebração pode ressaltar que a Igreja e a comunidade paroquial sentem muita alegria em recebê-los. Pergunta aos catequizandos, provocando respostas:

em r e u q s Você er s a r e aprend s? cristão

Vocês querem conhecer Jesus e ser amigos dele?

Pode concluir com uma breve catequese, apropriada às circunstâncias:

– Como vocês já creem em Cristo, vamos recebê-los com muita alegria na família dos cristãos para esta caminhada, na catequese vocês vão conhecer melhor Jesus. Vão procurar viver como filhos e filhas de Deus, conforme Cristo nos ensinou, e vão amar a Deus de todo coração e também amar uns aos outros como Ele nos amou.


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Em seguida o presidente se dirige aos pais ou responsáveis, provocando uma resposta:

– Caros pais ou responsáveis, vocês estão dispostos a desempenhar a sua parte nesta caminhada catequética? Sendo exemplo para seus filhos e valorizando a celebração dominical? Após a resposta dos pais/responsáveis, o presidente entra na igreja convidando os pais ou responsáveis a trazerem seus filhos, que podem entrar junto com a procissão de entrada (se não for feita a assinalação da fronte) ou aguardar em fila no corredor central, até que o padre faça a acolhida da assembleia. Logo após o canto Inicial e a acolhida à assembleia o padre explica que esse é um dia de festa porque a Igreja acolhe os novos catequizandos desse ano catequético e as suas famílias. Em seguida o presidente diz:

– Cristo chamou vocês para serem Seus amigos, lembrem-se sempre Dele e sejam fiéis em segui-Lo. Para isso vou marcar vocês com o sinal da cruz de Cristo, que é o sinal dos cristãos. Este sinal vai fazer com que se lembrem de Cristo e de seu amor por vocês. Vocês vão receber também uma pequena cruz das mãos da sua(seu) catequista.


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ENTRADA DA PALAVRA O comentarista (ou o padre) fala:

– Assim como recebemos solenemente a Palavra de Deus para ser lida e rezada, vocês também, novos catequizandos, receberão das mãos dos seus pais a Bíblia, que contém a história da Salvação e todos os ensinamentos de Jesus para que vocês se tornem verdadeiros cristãos. Enquanto recebemos a Palavra de Deus com o canto, os pais podem entregar aos seus filhos a Bíblia, com um forte abraço e o desejo que de esta seja a luz que os conduzirá na catequese e pela vida afora. Logo após as leituras e a homilia, recomenda-se um momento de silêncio, convidando os catequizandos a rezar em seus corações.


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ORAÇÃO DOS FIÉIS Que as orações dos fiéis sejam adequadas ao tema e ao momento. Vários catequistas podem fazer as preces, podem-se incluir preces de acordo com a realidade e a caminhada da comunidade paroquial.

Sugestões: - Que se aumente a cada dia o desejo de viver com Jesus; - Que eles sejam felizes na Igreja; - Que perseverem em sua preparação; - Que os catequistas sejam iluminados pelo Espírito Santo para conduzir seus catequizandos; - Que se afastem de seus corações o medo e o desânimo; - Que todos tenham a alegria de receber os sacramentos; - Pela catequese da paróquia.


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RITOS FINAIS No momento mais adequado (pode ser na Ação de Graças), sugere-se que um catequizando de cada etapa leia com os outros os Compromissos dos catequizandos, diante de Deus, da Igreja e da comunidade. A seguir, um casal, representando os pais, lê os Compromissos dos pais como os primeiros educadores da fé, ressaltando a importância da família na caminhada catequética dos filhos. E, ainda, um catequista pode declarar os Compromissos do catequista diante dos catequizandos, de suas famílias e da comunidade paroquial. Pode citar, por exemplo, a importância da participação em todos os momentos promovidos pela catequese e pela comunidade paroquial, missas dominicais. Os compromissos podem ser elaborados pela comunidade. TOQUE PARA BAIXAR

Compromisso dos catequistas, pais, catequizandos e de toda a comunidade para com a Catequese (de 2012/2013)

DESPEDIDA Quem preside a cerimônia, depois de citar a alegria da recepção dos novos catequizandos e convidá-los a viver de acordo com o que ouviram, envia-os com uma bênção a todos os catequizandos de todas as etapas.

“Eu sou a videira; vós, os ramos; quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15, 5) Após a celebração é interessante promover um momento de confraternização e partilha com catequizandos, pais/responsáveis, catequistas, padres, lideranças, etc.


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OUTRAS SUGESTÕES: Pode-se promover um momento de consagração da catequese a Nossa Senhora, com a oração de consagração a ela. Em seguida, teremos a 4ª PARTE, o Roteiro da Festa do Pai-Nosso, celebração em que é entregue a oração do pai-nosso na segunda etapa da catequese depois de feitas as devidas catequeses a respeito.

Consagração a Nossa Senhora

Fontes: MENON, Regina Fátima de Mesquita. Itinerário Celebrativo para Iniciação Cristã de Crianças e Adolescentes. Curitiba: Editora Arquidiocesana, 2010. SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. RICA – Ritual da Iniciação Cristã de Adultos. São Paulo: Paulinas, 2003. ** Os roteiros aqui sugeridos foram adaptados do livro Itinerário celebrativo para a iniciação cristã – crianças e adolescentes, publicado pela Editora Arquidiocesana de Curitiba – Paraná.

Ângela Rocha Catequista e formadora na Paróquia N. Sra. Rainha dos Apóstolos em Londrina-PR. Especialista em catequética pela FAVI, Curitiba-PR. Administradora do grupo Catequistas em Formação.


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IGREJA E COMUNICAÇÃO

Comunicação Social antes do Concílio Vaticano ll por Márcio Oliveira Elias


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O

período que antecede o Concílio Vaticano II nos revela uma sociedade permeada de mudanças. Em reduzido espaço de tempo diversos acontecimentos trouxeram grandes transformações que sensivelmente afetaram a humanidade. O Concílio Vaticano I, evento convocado pelo Papa Pio IX (1869-1870), não chegou ao seu término devido à Guerra Franco-Prussiana, que então se desenrolava.

A Revolução Industrial e seus impactos sociais

A Guerra Franco-Prussiana http://goo.gl/knAQEh

A Revolução Industrial trouxe inovações continuadas e, para compreendê-las, eram necessárias novas e rápidas abordagens. A industrialização não só fomentou a produção de bens de consumo, mas também introduziu novos itens que se fizeram essenciais à sociedade. Logo se seguiu uma crescente efervescência tecnológica, além de conflitos mundiais que moldaram a sociedade contemporânea.

Quando examinamos a história da comunicação da Igreja, em face de uma perspectiva histórico-social, ou mesmo das relações entre a Igreja e a comunicação com a sociedade, encontra-se a importância de considerar a trajetória de tal relacionamento, seja por estudo de seus documentos, seja de sua prática pastoral. A Igreja Católica, segundo os critérios e cultura da época pré-conciliar, sempre se interessou pela comunicação. A diferença que evidenciamos está na maneira com que a Igreja Católica se ocupou da comunicação através dos séculos. A trajetória se apresenta longa e intensamente diversificada, por vezes permeada de lentidão e recrudescida por outras sóbrias questões; outras vezes é encorajadora e audaz em circunstâncias particulares.


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A Igreja Católica sempre considerou o tema comunicação como um elemento importante a ser contemplado e os seus documentos revelam a evolução do pensamento do magistério na seara da comunicação, que passou por diversas fases de desconfiança, de aceitação ou até mesmo na compreensão da necessidade do diálogo entre fé e razão. Na atualidade, percebe-se um relevante esforço da Igreja Católica em adequar sua linguagem e abordagem social, mas, sobretudo, verifica-se uma mudança de mentalidade, porquanto a sociedade atual está avançando em um novo processo de comunicação, que exige a passagem da simples transmissão da fé para um modelo de interatividade amplamente participativo e em tempo real; sendo assim, um claro desafio para a evangelização.

Evangelizar nas plataformas digitais http://goo.gl/vnUyXP

Nota-se a crescente abertura da Igreja Católica em relação à comunicação e à evolução do seu pensamento sobre o tema, numa progressiva insistência na formação, presente nos seus documentos, onde se desvenda uma integração necessária aos desafios atuais. Antes do evento Vaticano II, a mentalidade da comunidade cristã em geral era de que a Igreja era formada pelo clero. O povo acompanhava as Missas celebradas em latim, em que o presbítero falava, de costas para ele, ficando na memória tão somente daqueles mais atentos que, ao ouvi-las, percebiam titubeantes o desenrolar do ritual. Hoje o cristão leigo é convidado a acompanhar e participar ativamente, pois não se assiste à Missa como mero espectador, mas participando do Mistério Pascal celebrado. Celebrante é toda a assembleia dos fiéis, em que cada cristão deve acolher a mesa da Palavra e a mesa Eucarística, com caridade efetiva. Somos todos Igreja. No Código de Direito Canônico trata-se em primeiro lugar do povo de Deus, para depois apresentar a hierarquia eclesiástica. O clero é Igreja, o leigo é Igreja. Homens, mulheres, crianças, jovens, idosos, brancos, negros, pobres, ricos, somos todos a Igreja de Cristo.


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Abertura da Igreja em face da comunicação De forma sintética podemos identificar três fases definidas quanto à trajetória da Igreja e sua comunicação.

A

primeira fase é iniciada com o advento da imprensa no século XV, quando os novos meios de transmissão do saber vão sendo conhecidos e utilizados de acordo com o modelo de comunicação daquela época. Nesse momento dá-se uma confrontação entre a instituição eclesial com os meios de comunicação nascentes. Assim, temos esta primeira fase caracterizada por um comportamento da Igreja direcionado ao exercício da censura e da repressão. Foi um período extenso de tempo e intenso nas tribulações, exemplificado pelos Tribunais da Inquisição. Nesta fase inaugural do relacionamento com a comunicação, a Igreja se apresenta como a intermediária entre a produção do saber humano, e não somente do conhecimento teológico específico, e de sua difusão na sociedade. Nesse contexto de fortes e tensos conflitos, surge em 1487 o primeiro documento oficial da Igreja Católica sobre a imprensa, a Constituição Inter Multiplices, do Papa Inocêncio VIII. Esse documento traz um denso caráter proibitivo, promulgando a autoridade da Igreja sobre o conhecimento humano. Verifica-se a presença de elementos que indicam uma preocupação pastoral da Igreja, que enxergava com rigor a ameaça ao bem espiritual dos fiéis católicos em


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decorrência das publicações então consideradas heréticas, bem como pela sua grande preocupação com o monitoramento da produção do saber e da cultura possibilitada pelo advento da imprensa.

Nota-se a crescente abertura da Igreja Católica em relação à comunicação e à evolução do seu pensamento sobre o tema.

Uma segunda fase se apresenta sob mudanças profundas, que se caracteriza por uma desconfiada aceitação dos novos meios de comunicação que surgem. O controle sobre a imprensa, o monitoramento sobre o rádio e o cinema marcaram as atitudes da Igreja Católica ao final do século XIX e início do século XX. Entretanto, a sociedade, em célere transformação, compelia a Igreja a adaptar-se aos novos tempos, em que o comportamento eclesial sofre alterações e começa a aceitar, ainda que de forma restrita e desconfiada, os meios eletrônicos e as novidades tecnológicas. Nesse momento é importante ressaltar que a Igreja começa a fazer uso e servir-se dos meios de comunicação para a difusão das suas mensagens. No pontificado de Leão XIII, iniciado em 1878, é possível perceber os primeiros e mais consistentes passos da Igreja Católica rumo à sociedade moderna dos primeiros anos do século XX. A constatação das mudanças sociopolíticas e a perda substancial do poder temporal do Papa movimentaram a Igreja, que, lentamente, foi saindo de uma atitude saudosista de uma ordem não mais possível de ser mantida, face ao novo cenário das relações sócio-político-econômicas em expansão. A instituição mais significativa e importante da sociedade ocidental, desde a queda do Império Romano do Ocidente, caminha lenta e tardiamente para o rompimento, mesmo que parcial, com os paradigmas de um mundo superado e contestado pelo movimento orgânico da história, que consolidava uma nova ordem.


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Na terceira fase dessa trajetória, encontramos a velocidade das transformações sociais e tecnológicas que acontecem na ebulição dos tempos modernos. É imperativo para a Igreja Católica incorporar-se ao mundo contemporâneo, em que os sinais apontam para a necessidade imperiosa de aggiornamento, que emerge dos reclames por um Vaticano II. No campo da comunicação ocorre uma mudança abrupta de rota, em que se dá um deslumbramento da atitude da Igreja, que anteriormente moldava-se na recusa da comunicação. Nesse momento, a Igreja assume uma postura de que é preciso evangelizar utilizando-se dos modernos meios de comunicação e admite que a tecnologia pode ser utilizada para ampliar a penetração da mensagem eclesial. A Igreja começou a perceber a utilidade dos meios eletrônicos de comunicação em face da difusão de suas mensagens e passou a servir-se deles. Ocorrem demonstrações de alguma flexibilidade em relação à imprensa e às novas tecnologias, em particular ao cinema e ao rádio, mas ainda se movimentava com cautela nessa seara. O Papa Pio XI, que se tornou pessoalmente interessado na recente tecnologia cinematográfica, editou a encíclica Vilanti Cura (1936), dirigida inicialmente à hierarquia eclesiástica dos Estados Unidos, mas que menciona o poderio e o potencial do cinema como tecnologia de comunicação.

Na atualidade, percebe-se um relevante esforço da Igreja Católica em adequar sua linguagem e abordagem social, mas, sobretudo, verifica-se uma mudança de mentalidade, porquanto a sociedade atual está avançando em um novo processo de comunicação, que exige a passagem da simples transmissão da fé para um modelo de interatividade amplamente participativo e em tempo real; sendo assim, um claro desafio para a evangelização.


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Convencido da influência dos meios de comunicação de massa e seu imenso significado, o Papa Pio XII escreve a encíclica Miranda Prorsus, a segunda encíclica sobre comunicação no século XX (1957), destacando a difusão e a penetração do rádio, do cinema e da recente tecnologia da televisão. O documento deixa evidencia a grande capacidade de análise e uma postura positiva em relação aos meios eletrônicos, bem como ao seu potencial e às exigências pastorais que delas poderiam derivar. Segundo alguns pesquisadores, essa é a primeira vez que a Igreja Católica dá as boas-vindas aos meios de comunicação, sendo que podemos perceber nesse documento a semente da Pastoral da Comunicação, pois já se reflete e questiona a necessidade de formação dos espectadores. A encíclica Miranda Prorsus afirma que o Magistério, assegurando-se de que os progressos técnicos são frutos do engenho e do trabalho humano, ratifica que eles são primeiramente dons de Deus. Em face dessa afirmação, o texto papal propõe uma reflexão que favorece o verdadeiro lugar desse progresso na vida humana, porquanto sempre alavancado pela verdade e pelo bem. O Sumo Pontífice Pio XII faz sérias advertências ao uso inadequado desses meios de comunicação, propondo uma vigilância eficaz com o intuito de fazer prevalecer os valores do Evangelho em todo esse progresso humano. A Igreja Católica começa a aprofundar o entendimento do processo de comunicação que proporciona espaços de reflexão nas comunidades, nas pastorais nascentes, nos grupos de estudo, nos movimentos bíblicos, nas diversas iniciativas que criam interação entre pessoas movidas pelos valores do Evangelho. A Igreja inicia uma fundamentação de que o esquema midiático pode ser direcionado à missão de Cristo, o verdadeiro Comunicador da vida de Deus. Percebe-se que, sem a vivência concreta das propostas de Jesus Cristo, a Igreja não acontece, não se faz. Portanto, a missão da Igreja é comunicação e anúncio da proximidade de Deus com as pessoas, bem como das pessoas com Deus e das pessoas entre si. Descobre, enfim, um meio privilegiado de transmissão da fé, juntamente com o testemunho de vida. Carta Encíclica Miranda Prorsus http://goo.gl/M8ocJ9

Recomendação de leitura: Igreja e Comunicação, ontem e hoje: exigências, dificuldades e desafios http://goo.gl/izRfE8


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Considerações finais

A

complexidade das transformações no campo midiático provocou alterações não somente nas organizações socioeconômicas, mas também alterações na convivência do ser humano na sociedade. Nesse contexto, a Igreja Católica vê crescer sua consciência de que a comunicação e a evangelização não podem partilhar caminhos paralelos, devendo assim realizar um estreito e efetivo diálogo entre fé e cultura. O desenvolvimento crescente da cultura midiática trouxe consigo o necessário imperativo da integração. No decurso histórico da compreensão da comunicação social, antes do Concílio Vaticano II, vimos os novos meios e tecnologias de comunicação sendo apresentados e cada vez mais usados, apresentando-se como uma marca de nossa época, o que modificou e tem modificado profundamente o cotidiano das pessoas. Percebemos a criação de uma cultura participativa e compartilhada de conhecimento, que podemos chamar de inteligência coletiva, em que essas novas tecnologias foram impulsionando uma profunda transformação da comunicação, dando lugar a uma nova cultura com novas linguagens. A Igreja Católica, mesmo refutando por muito tempo sua compreensão sobre a comunicação, assume lenta e gradativamente o desafio de desenvolver uma comunicação adequada aos novos tempos que se avizinham. Já não se trata de dirigir uma pregação à sociedade, segundo um modelo restrito de transmissão, mas alcançar uma comunicação a partir de um modelo de participação, intercâmbio e diálogo com a comunidade, como percebemos atualmente no processo da internet e das redes sociais. Assim, observamos que todas as transformações no mundo da comunicação forçaram a Igreja Católica a desenvolver uma nova forma de dialogar com a sociedade. As rápidas e contínuas mutações midiáticas obrigaram o magistério eclesial a revisar a divisão clássica entre emissores e receptores dos meios, em vista de uma interatividade e progressivo desaparecimento das fronteiras mundiais. Essa situação toca de maneira especial o que podemos chamar de processo de comunicação. Sabemos da importância de compreender uma comunicação que avança em espaços de intensas e ricas experiências de relação comunicativa comunitária, onde Cristo transmitiu sua mensagem e os apóstolos motivaram os cristãos ao amor fraterno. Abarcamos o comportamento, as tendências e os estilos oferecidos pelos meios de comunicação midiática, em que elegemos uma cultura cristãmente inspirada, a fim de que se difunda e entre em diálogo com todas as pessoas e culturas.


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Evangelizar no “ambiente digital” é dar-se como Cristo se dá http://goo.gl/2KpFw0 O verdadeiro espírito do Concílio Vaticano II

Referências bibliográficas: • CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. A comunicação na vida e missão da Igreja no Brasil. Estudos da CNBB-101. São Paulo: CNBB/PAULUS, 2011. • FILHO, Antonio Miguel Kater. O marketing aplicado à Igreja Católica. 3. ed. São Paulo: Edições Loyola. 1999. 93p. • IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA - ICAR, Vaticano. Compêndio do Concílio Ecumênico Vaticano II. São Paulo: Paulinas, 1965. 852p. • Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé. Catecismo da Igreja Católica. São Paulo: Loyola, 1993. 934p. • KEHL, Medard. A Igreja: uma eclesiologia católica. 2. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1997. 411p.

Conheça o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, das Edições CNBB http://goo.gl/gYRavf

• WANDERLEY, Luiz Eduardo W. Democracia e Igreja popular. 1. ed. São Paulo: EDUCPUC-SP, 2007. 244p.

O que foi o Concílio Vaticano II http://goo.gl/lr1t8x

Documentos do Concílio Vaticano II http://goo.gl/mcFC33

Márcio Oliveira Elias Advogado, teólogo e professor. Atua na formação permanente de agentes pastorais e fiéis leigos na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim-ES, sendo coordenador do Instituto de Ciências Humanas Evangelii Gaudium, instituição formativa de denominação católica, que tem por objetivo precípuo produzir e difundir o conhecimento da doutrina cristã.


FAMÍLIA E CATEQUESE

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Um desafio de evangelização na atualidade


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por Marlei Correia


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Todos os anos inúmeros pais e responsáveis procuram as secretarias das paróquias para inscreverem seus filhos na catequese sem se dar conta que a catequese é a vivência de uma caminhada que envolve a família, o catequista e a Igreja, dentre outros aspectos que norteiam a catequese. Quando perguntamos a esses pais qual o real motivo que os leva a colocar os filhos na catequese, as respostas mais comuns são:

“Para aprender sobre Deus e sobre a Igreja”, “para aprender o que não temos tempo de ensinar em casa”, “porque toda a família fez catequese, é uma tradição na família”, “para poder fazer a Primeira Eucaristia ou Crisma”, “para que possam se casar na Igreja, tendo em vista a necessidade se ter os sacramentos”. As últimas duas respostas, infelizmente, são as que predominam. Diante dessa realidade tão fortemente impregnada no modo de pensar das pessoas, observamos que as famílias concebem a catequese como um “cursinho” que os filhos frequentam e o sacramento não é valorizado como deveria ser, pois funciona como uma espécie de “formatura”, o fim do processo. Essa visão equivocada de catequese é explicitada no Diretório Nacional de Catequese:

ão na “(...) a catequese não é uma supérflua introdà uçIgreja. fé, um verniz ou um cursinho de admissão ngado de É um processo exigente, um itinerário proloento dos preparação e compreensão vital, de acolhim grandes segredos da fé...” (DNC, 38).


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E como a catequese da perseverança se estruturava com dificuldades aqui na Diocese de Guarapuava-PR, e na verdade muitas das paróquias nem a tinham, considerando a falta de catequistas e a necessidade de formação adequada para essa etapa, é grande a preocupação com os catequizandos que fazem a Primeira Eucaristia e somem da vida da Igreja. Na maioria das paróquias de nosso país, tal situação não é diferente também com relação aos jovens que recebem o sacramento de Crisma. O grande desafio está em fazer com que pais e catequizandos compreendam que “a catequese não prepara simplesmente para este ou aquele sacramento. O sacramento é uma consequência de uma adesão à proposta do Reino, vivida na Igreja. Nosso processo de crescimento na fé é permanente” (DNC, 50). Toda essa conjuntura nos fez perceber que se fazia necessário atribuir uma formação específica aos pais dos catequizandos, de modo a conscientizar a respeito do que realmente é a catequese hoje e o que ela implica. É preciso ensinar aos pais dos catequizandos que a maior tarefa da catequese na atualidade é fazer de seus interlocutores verdadeiros discípulos missionários de Jesus, isto é, a catequese deve priorizar pelo encontro pessoal do catequizando com a pessoa de Jesus, capaz de viver cristamente os valores do Evangelho nessa sociedade em que o essencial é o ter em detrimento do ser, como nos ensina o Documento de Aparecida.

O Documento de Aparecida – Introdução http://goo.gl/IA7bX9


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Nessa perspectiva, empenhamo-nos a fazer um itinerário catequético com as famílias dos catequizandos de todas as etapas da Eucaristia e da Crisma, um projeto piloto em uma das paróquias da Diocese de Guarapuava. Por isso, no ano de 2010, a Paróquia São Miguel Arcanjo encarou esse desafio e deu início ao trabalho de evangelizar os pais ao mesmo tempo em que evangelizávamos os filhos. Para isso, montamos uma equipe de catequistas que juntamente com o pároco elaborava os encontros e os desenvolvia com os pais, mensalmente, e com uma hora e meia de duração, após a Santa Missa das noites de sábado. Nos primeiros meses deparamos com uma enorme resistência por parte das famílias, tendo em vista que estipulamos a participação na catequese familiar como condição para inscrição dos filhos na catequese. Infelizmente tivemos que colocar essa norma considerando-se que apenas pelo convite não conseguiríamos atingir nem a metade do público que pretendíamos. O resultado, embora tenso, foi salas de catequese cheias. Dentre reclamações daqueles que não compreendiam o porquê de os pais também passarem pelo processo catequético assim como os filhos, houve quem aprovasse e participasse com entusiasmo. Os encontros previamente elaborados e com linguagem adequada eram cheios de espiritualidade e sempre muito dinâmicos e atrativos, os quais foram mês a mês conquistando os pais. Sabemos que a educação catequética que receberam na infância foi fragmentada, pautada pelo uso do catecismo, pela “decoreba”, imbuída da memorização de perguntas e respostas exatas, um processo permeado pela sacramentalização. A catequese tradicional que vivenciaram não os tornou discípulos verdadeiros de Jesus, pelo contrário, era uma catequese que não evangelizava de fato, mas que apenas “preparava” (se é que de fato preparava) para receber o sacramento. Nesse sentido, ser crismado e fazer a Primeira Eucaristia era uma questão de status e de tradicionalismo. E era justamente para esse público que propusemos uma nova evangelização, despertando-o para as responsabilidades e implicações da caminhada na vida catequética dos filhos. Sendo assim, fomos aos poucos resgatando os valores cristãos que se ofuscam na sociedade contemporânea e mostrando o papel do pai e da mãe que evangelizam em casa, que rezam juntos, que meditam a Palavra em família, que vão juntos para a celebração da Santa Missa, que se preocupam com o envolvimento dos filhos na catequese. Insistimos nesses pontos tendo em vista o modo de vida das famílias de hoje, que não acompanham a caminhada de fé dos filhos e por vezes nem ao menos sabem o nome do catequista do seu filho. Há pais que mandam os filhos para a Missa, mas não vão junto para dar o exemplo, ou então aqueles que não ensinam mais a criança a rezar desde pequena, e nesse aspecto inúmeros eram os relatos das catequistas em relação aos catequizandos que vinham para os primeiros encontros e não sabiam fazer o sinal da cruz, por exemplo, ou então que nunca tinham pego uma Bíblia em suas mãos.


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A catequese familiar foi também uma forma de fazer com que os adultos vivessem o processo permanente de educação da fé e de reiniciação cristã, conforme nos coloca o Diretório Nacional de Catequese ao retomar os aspectos da catequese renovada, procurando renovar a fé dos adultos. “A catequese como processo de iniciação à vida de fé é o deslocamento de uma catequese simplesmente doutrinal para um modelo mais experiencial, e da catequese das crianças para a catequese com adultos. (...) se a catequese é o momento da iniciação à fé, a formação cristã se prolonga pela vida inteira. Além das crianças, os adultos começam a merecer maior atenção. (DNC, 13)” O primeiro passo da catequese familiar foi conscientizar que os pais são os primeiros catequistas, ou seja, os primeiros educadores da fé, aqueles que ensinam os primeiros rudimentos da fé. O catequista tem a função de complementar a ação dos pais, mas ocorre que ultimamente os catequistas vem tendo que fazer tudo, inclusive o que é papel dos pais. Por isso, “a consciência da missão dos pais e da comunidade é ainda muito restrita, apesar de certo esforço para uma visão mais ampla da catequese...” (DNC, 188). Diante disso, pais e catequistas devem priorizar pelo amadurecimento da fé dos catequizandos por meio de uma tarefa conjunta, como nos orienta o Diretório Nacional de Catequese, e para isso o trabalho diretamente com os pais é fundamental.

“Não se pode imaginar uma catequese com jovens, adolescentes e crianças sem o trabalho específico com os pais. A catequese familiar é de certo modo insubstituível, antes de tudo, pelo ambiente positivo e acolhedor, persuasivo pelo exemplo dos adultos e pela primeira explícita sensibilização e prática da fé. Enquanto a família não for capaz de contribuir para isso, o catequista e a comunidade têm uma tarefa ainda mais delicada e urgente, a ser desenvolvida com sensibilidade e carinho. (DNC, 188)” Neste ano completamos seis anos de catequese familiar na paróquia. Esse modelo de catequese para pais tem aos poucos se disseminado pela diocese, e os resultados são excelentes. Os pais vêm mudando sua concepção em relação à catequese e aos sacramentos. A participação dos pais nas Missas e nos eventos paroquiais aumentou em larga escala, isto é, as famílias estão se engajando cada vez mais na caminhada de fé e muitos já não veem isso como uma obrigação, mas fazem por amor e boa vontade. Hoje já conseguem compreender o verdadeiro valor de um sacramento e já não veem mais a catequese como um cursinho. Estão mais conscientes de suas responsabilidades como pais evangelizadores e participantes da vida de fé dos filhos.


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Nessa perspectiva, o ministério catequético vem cumprindo seu papel que também é mostrar que a família é a maior educadora da fé, um santuário de vida, lugar primordial onde se aprende o amor, a solidariedade, o perdão, a partilha, o diálogo e a oração. Para que a família se torne de fato uma igreja doméstica, temos que partir do princípio de que o pai e a mãe são os primeiros catequistas. Muitos temas foram abordados ao longo desses seis anos, entre os quais destaco os seguintes: missão dos pais, responsabilidade dos pais perante a catequese dos filhos, Campanha da Fraternidade de cada ano em questão, o que é a Bíblia e como usá-la, liturgia, vida de oração em família, sacramentos da iniciação, sacramentos da cura, sacramentos dos serviços, drogas, a vida e os milagres de Jesus, vivência em comunidade, a vida de alguns santos e santas como exemplo de santidade para nós, psicologia das idades, dízimo e suas dimensões, vocações, o pecado e a misericórdia, vida e missão de Maria, família: a primeira comunidade, mistagogia, ação do Espírito Santo, leitura orante, entre outros.

A importância da família na Catequese


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Ressalte-se que alguns desses temas acabaram se repetindo com o passar dos anos, levando em conta a demanda, pois os pais terminavam o itinerário de formação quando os filhos encerravam a última etapa catequese de Crisma ou Eucaristia. Com isso, renovava-se o público, e novos pais chegavam para participar.

“É preciso ensinar aos pais dos catequizandos que a maior tarefa da catequese na atualidade é fazer de seus interlocutores verdadeiros discípulos missionários de Jesus, isto é, a catequese deve priorizar pelo encontro pessoal do catequizando com a pessoa de Jesus, capaz de viver cristamente os valores do Evangelho nessa sociedade em que o essencial é o ter em detrimento do ser, como nos ensina o Documento de Aparecida.”

Os encontros da catequese familiar sempre contaram com a seguinte metodologia: alguns catequistas se revezam para fazer a acolhida dos pais, no local eles se acomodam e podem ouvir uma música ambiente que os ajuda a ir colocando na presença de Deus. A cada encontro nos esforçamos para organizar uma ambientação diferente e que esteja de acordo com o tema a ser trabalhado, pois o visual, ou seja, aquilo que vemos, chama a atenção e nos ajuda a assimilar melhor e a estar em contato com o sagrado, por isso as igrejas são repletas de imagens e decorações que visam enriquecer para o aspecto visual dos fiéis. Para dar início aos encontros, fazemos uma espiritualidade aprofundada na Palavra, que, juntamente com cantos, orações e símbolos, torna-se marcante para quem está participando. Em seguida, damos início ao desenvolvimento do tema, utilizando slides para projeção, dinâmicas, vídeos e trabalhos em grupos. Como forma de enriquecer o encontro, oportunizamos espaços para partilhas, testemunhos e tira dúvidas. Finalizamos com uma oração e uma bênção especial do pároco e avisos. Para fins organizacionais, fazemos um controle da participação passando listas de chamada para assinar.

Precisamente é difícil dizer quantos pais já passaram por esse processo de evangelização na diocese e especificamente na paróquia pioneira a desenvolver esse projeto aqui na região, nesses seis anos de experiência. Mas, nos encontros, os grupos de participantes variavam de 45 a 80 pessoas por noite, divididas de acordo com as etapas de catequese frequentadas pelos catequizandos. Desse modo, os pais dos catequizandos do primeiro ano da Eucaristia formavam um grupo, do segundo e do terceiro ano outros grupos, de Crisma outro grupo, e assim por diante. Poucas vezes reunimos todos os grupos juntos, o que juntou em torno de 400 pais só da região central paróquia São Miguel Arcanjo, sem contar com as comunidades rurais que tinham dificuldade em participar devido à distância. Resolvemos trabalhar com grupos menores considerando-se a facilidade de comunicação, que se torna mais próxima e mais eficaz do que com um grupo de centenas de pessoas.


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Embora o primeiro ano, durante a implantação desse itinerário para pais, tenha sido um desafio, hoje já colhemos os frutos, pois muitas bênçãos saíram dessa bonita e relevante experiência. Desses grupos de pais saíram diversos catequistas e alguns se engajaram nas outras pastorais da Igreja. Houve quem continuasse participando, mesmo tendo encerrado seu processo, já não tendo mais filhos em idade de catequese, simplesmente pelo gosto em participar e aprender mais. Também escutamos relatos de pais que mencionam como conseguiram mudar os hábitos de vida em suas casas e conseguiram ser pais que evangelizam, que dão exemplo de fé, que resgataram os valores cristãos e ensinam isso aos filhos. Exemplos simples, do cotidiano, como rezar juntos e meditar a palavra, fazer as refeições juntos em torno da mesa em vez de se alimentar em frente à televisão, fomentando dessa forma o diálogo na família. Todos esses aspectos mostram que a catequese passou a ser valorizada de fato como um meio de fazer dos catequizandos e suas famílias verdadeiros discípulos missionários de Jesus, como nos mostra, novamente, o Documento de Aparecida:

A “Catequese familiar”, implementada de diversas maneiras, tem- revelado como ajuda proveitosa à unidade das famílias, oferecendo, além disso, possibilidade eficiente de formar os pais de família, os jovens e as crianças, para que sejam testemunhas firmes da fé em suas respectivas comunidades. (DA, 303) Outro aspecto que sofreu uma melhora significativa foi a parceria entre família e catequese. Muitos pais passaram a se interessar mais pela vida catequética dos filhos, visitando a turma, apoiando o catequista, e muitas vezes chamando a turma para fazer o encontro em suas casas, o que facilitou a realização da catequese missionária nas casas, outro desafio que ainda estamos enfrentando resistência. Trata-se de uma catequese realizada nas casas dos catequizandos uma vez por mês. É uma catequese diferenciada, em que a catequista e sua turma escolhem a casa de um dos catequizandos e realizam o encontro lá, contando com


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a participação da família toda. Rezam a Palavra juntos, cantam, fazem dinâmicas e ao final fazem a partilha de um lanche. Volto a frisar essa missão como algo desafiador, assim como foi a catequese familiar, pois infelizmente ainda existem pais que não aceitam a catequese em seus lares, em detrimento daqueles que para a graça de Deus apoiam e incentivam. Passos para a catequese missionária http://goo.gl/XS3QZz Outro aspecto que sofreu uma melhora significativa foi a parceria entre família e catequese. Muitos pais passaram a se interessar mais pela vida catequética dos filhos, visitando a turma, apoiando o catequista, e muitas vezes chamando a turma para fazer o encontro em suas casas, o que facilitou a realização da catequese missionária nas casas, outro desafio que ainda estamos enfrentando resistência. Trata-se de uma catequese realizada nas casas dos catequizandos uma vez por mês. É uma catequese diferenciada, em que a catequista e sua turma escolhem a casa de um dos catequizandos e realizam o encontro lá, contando com a participação da família toda. Rezam a Palavra juntos, cantam, fazem dinâmicas e ao final fazem a partilha de um lanche. Volto a frisar essa missão como algo desafiador, assim como foi a catequese familiar, pois infelizmente ainda existem pais que não aceitam a catequese em seus lares, em detrimento daqueles que para a graça de Deus apoiam e incentivam. Referências bibliográficas: • CELAM, Conselho Episcopal Latino-Americano. Documento de Aparecida. 3. ed. Paulo: Paulinas, 2007. • CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Catequese Renovada. 29. ed. São Paulo: Paulinas, 2000. • CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Diretório Nacional de Catequese. Brasília. CNBB, 2006. • SILVA, José de Oliveira. Catequese familiar. 2 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.

Marlei Correia Graduada em Pedagogia e Artes, especialista em catequese pela Universidade Salesiana de São Paulo, catequista de Crisma na Diocese de Guarapuava, Paróquia São Miguel Arcanjo, coordenadora de catequese e formadora de catequistas iniciantes e veteranos.


MATÉRIA DE CAPA

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Catequese:

a arte de

amar

por Pe. José Alem


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A catequese é um processo de educação que deve nos favorecer à nossa transformação em Cristo. Isso exige que se vivam Seus ensinamentos.


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A

catequese é a missão e a arte de apresentar Jesus como Deus revelado que nos conduz ao Pai e nos dá o Espírito Santo para vivermos em comunidade de fé, de esperança de amor. Essa realidade tão bela quanto misteriosa é uma descoberta permanente, nunca plenificada totalmente, sempre necessitada de um crescimento pessoal e comunitário. A catequese é um processo de educação que deve nos favorecer à nossa transformação em Cristo. Isso exige que se vivam Seus ensinamentos, os que foram dados no Novo Testamento, explicados e aplicados pela Igreja que Jesus instituiu para continuar sua presença. Mas, pode-se fazer uma objeção: como fazer isso? São muitos os ensinamentos de Jesus. Como fazer para se lembrar de todos eles? Como fazer para vivê-los? Isso é difícil, sobretudo num mundo como o nosso! Sem dúvida, são difíceis e são muitos. Mas existe um ensinamento que resume todos eles: amar a Deus, amar ao próximo. No amor está tudo, a própria vontade de Deus, a identidade de um discípulo de Cristo, membro de Sua Igreja. Portanto, a catequese, com todos os seus meios, suas mensagens, seus métodos e iniciativas tem como finalidade última ensinar a amar. Amar como Jesus. E amar se aprende. Se não aprendemos ficamos analfabetos na arte de amar e corremos o risco de viver uma vida sem sentido, perder o sentido da fé, tornar a experiência de fé mera devoção paralela ou cumprimento de alguns ritos e leis sem, no entanto, nos convertermos. O amor é o segredo da vida cristã, sua característica, sua identidade. Se aprendermos a amar, fizemos tudo. Se amamos, somos verdadeiramente evangelizados, catequizados, somos testemunhas de que Cristo vive em nós e entre nós. Toda a ação da Igreja, toda sua liturgia nos ensina a amar. É para amar que nascemos, para isso que vivemos, para isso que somos batizados, crismados e nos confessamos pecadores. É para amar que encontramos Jesus na Eucaristia. Jesus continua nos chamando e nos ensinando a amar por meio de Sua vida de ressuscitado presente na Igreja e particularmente quando Ele próprio, por meio dos Sacramentos, da vivência da fé, dos mandamentos, nos conduz para o mistério de Deus que é Amor. Essencialmente amor.


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A arte de amar brota do Evangelho, é o Evangelho. É necessário que nossa missão na catequese seja expressão de amor e leve a amar, dilatando os nossos corações à medida do coração de Jesus, amando todos e cada um para além dos nossos vínculos familiares e das nossas amizades. O amor, como Cristo viveu e ensinou, é a única expressão de vivermos como cristãos, que expõe o sentido do Batismo que faz novas todas as coisas. Mas o que é amar como Jesus amou? Como amar como Ele ama? Se observarmos bem o Evangelho nas suas múltiplas mensagens, vemos Jesus amando sempre. Quando se torna filho de Maria, nasce, aprende a seguir a vontade de Deus, o Pai, sendo agora também um ser humano; quando assume Sua missão, quando prega, faz milagres, quando cura, quando ora, quando visita os amigos, quando vive confrontos com os inimigos que se apresentam e O atacam, quando dá Sua vida por amor, quando corrige os que erram, quando vai ao encontro dos excluídos e abandonados, quando acolhe a todos indistintamente, quando assume Sua paixão e morte, quando se dá como alimento na Eucaristia na última ceia, quando ressuscita e envia aos apóstolos, quando confia a Sua missão aos Seus discípulos Jesus mostra o que é amar. Ele ama com o Pai e no Espírito Santo. Nisso está Sua vida e Sua missão assim como a vida e a missão de todos os que acreditam Nele e O seguem. E como Jesus ama? Como ele ensina a amar? Ele deixou um único mandamento: “Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei”. Ele não somente diz para amar, mas amar como Ele ama, isto é, como Deus ama. Ele nos ensina e reconhece que somos capazes de amar como Deus mesmo ama. Isso significa que podemos ter a vida de Deus em nós. É para isso que a catequese existe: para ser uma “escola de amor” para aqueles que desejam conhecer Jesus e segui-lo. Tudo deve nascer dessa intenção e ter esse objetivo. Jesus afirma que o mundo saberá que nós somos Seus discípulos se nos amarmos uns aos outros. O que nos faz discípulos de Jesus, que nos identifica como discípulos Seus, é o amor que, como Ele, vivemos. E quais são as características do amor de que Jesus fala? Vejamos alguns dos aspectos mais evidentes e essenciais:


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Índice Amar por primeiro

Amar a todos Amar como a si mesmo

Amar Jesus no irmão

Fazer-se um

Amar o inimigo Amor recíproco


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Amar a todos

Índice

O amor que Jesus quer: “Ama a todos sem excluir ninguém”. Exige que amemos a todos: o simpático e o antipático, o bonito e o feio, o rico e o pobre, o adulto e a criança, o jovem e o idoso... Amar a todos como o Pai do Céu que não faz distinção de pessoas, mas “faz nascer o sol sobre justos e injustos” (Mt 5,45).


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Amar por primeiro

Índice

O amor que Jesus quer: “Ama por primeiro: não espere ser amado”. Como fez Jesus, o qual, quando ainda éramos pecadores, tomou a iniciativa de vir até nós e como prova de amor deu-nos sua vida (cf. Rm 5,8). Assim também devemos fazer: não esperar sermos amados pelo outro, mas darmos nós o primeiro passo. E para isso usar a criatividade, inventando sempre pequenos e novos gestos de amor ao próximo.


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Amar como a si mesmo

Índice

O amor que Jesus quer: “Ama o próximo como a ti mesmo” (Mt 22,39). Cada próximo que encontramos durante o dia devemos tratá-lo como gostaríamos de ser tratados por ele. Saúdo o próximo porque gostaria de ser saudado por ele; dou um presente; perdoo... O amor de Deus que Jesus, com o Seu Espírito, derramou em nossos corações nos impulsiona a amar desinteressadamente, não esperando nada em troca.


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Fazer-se um

Índice

O amor que Jesus quer: “É um amor que se faz um com o próximo”. Preenchamos o dia com serviços concretos, humildes, inteligentes. O amor não consiste em palavras e sentimentos, exige que “vivamos o outro”: se ele chora, choramos com ele; se ele ri, alegramo-nos com ele. Como o apóstolo Paulo: “Com os fracos me fiz fraco, para ganhar os fracos. Para todos, eu me fiz tudo...” (1Cor 9,22).


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Amar Jesus no irmão

Índice

O amor que Jesus quer: “Vê e ama Jesus em cada pessoa”. O que fazemos aos outros de bem ou de mal, Jesus considera como feito a Si: “Todas as vezes que fizestes isso a um destes pequeninos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). Podemos amar Jesus no próximo desde um “bom dia” aos pais, irmãos, ao professor, ao cobrador do ônibus, ao atendente, aos colegas de estudos, de trabalho. Durante todo o dia podemos amar Jesus amando o próximo.


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Amor recíproco

Índice

O amor que Jesus quer: “Conduz-nos à reciprocidade”. Amar até que o amor se torne mútuo. Se a arte de amar for vivida por várias pessoas, na família, no trabalho, na escola, no lazer... então se chegará ao amor recíproco, que é a pérola do Evangelho. O “Mandamento Novo” de Jesus realiza a unidade. O amor recíproco é o que caracteriza o cristão: “O que vos mando é que vos ameis uns aos outros” (Jo 15,17).


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Amar o inimigo

Índice

O amor que Jesus quer ama até mesmo o inimigo. Jesus disse: “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam. Falai bem dos que falam mal de vós e rezai por aqueles que vos caluniam” (Lc 6,27-28). Jesus quer que vençamos o mal com o bem. Agindo desse modo, podemos superar as divisões, derrubar as barreiras e construir a comunidade.


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A catequese pode ser entendida de muitos modos segundo a imagem de Deus e a experiência que Dele temos. Mas Deus Se revelou em Jesus de maneira clara, total, transparente, eliminando toda imagem distorcida, toda ideia errada, toda projeção de nossos conceitos, medos e interpretações. Deus Se revela Amor que conduz à Verdade que revela Sua Beleza. Então, é isso que devemos viver e ensinar na catequese: amar como Jesus ama. Aquela bela canção do Pe. Zezinho situada num contexto muito próprio de uma catequese vivencial pode nos lembrar e inspirar a viver assim: “Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu. Sentir o que Jesus sentia, sorrir como Jesus sorria...”. Que possamos fazer da catequese a escola da arte de amar e assim vamos garantir uma Igreja una e santa, luz para o mundo, sal da terra. A todos abençoo e oro pelas suas vidas e missões. Agradecemos a Deus pelas suas vidas dedicadas à educação da fé.

Amar como Jesus amou (Pe. Zezinho)

Que Maria, mãe, modelo e educadora a todas inspire e seja a mestra na arte de amar.

Pe. José Alem Sacerdote membro da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. Educador e comunicador, Professor de Filosofia, Espiritualidade, Comunicação, Psicologia da Religião. Especialista em Logoterapia. Filósofo clínico. Assessor de cursos e formação através de palestras, retiros, encontros, oficinas. Escritor e assessor de projetos de comunicação e educação.



CRISTOLOGIA

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OS MÉTODOS

CATEQUÉTICOS DE

CRISTO


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Como o Mestre da Escola da Vida falava sobre o Pai aos seus discĂ­pulos?


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N

ós podemos afirmar que Jesus foi um grande catequista. Outros dizem que Jesus foi formando e formador. O certo é que Jesus ensinava, transmitia Sua mensagem, por isso um dos títulos que o povo mais dava a Ele era “Rabi”, ou seja, Mestre.

O evangelista Marcos diz que as pessoas ficavam admiradas com o ensinamento de Jesus e que “Ele os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mc 1,21). Jesus ensinava com Sua palavra, mas também com o Seu agir, com Sua prática: “Ele passou por nós fazendo o bem” (At 10,28), por meio das ações misericordiosas, visitas, milagres, sinais, etc...

Jesus ensinava a boa notícia do Reino de Deus. Seus ensinamentos eram frases curtas fáceis de serem memorizadas; outras vezes eram longas pregações, como o Sermão da Montanha (Mt 5-7) ou os belos discursos no Evangelho de João (Jo 14-17). Entre os mais importantes ensinamentos de Jesus, uma parte foi por meio de parábolas. Estas são encontradas nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). As parábolas eram um jeito simples de fazer-se entender. Eram pequenas histórias de fatos cotidianos, ou eram ligadas à natureza, por meio das quais Jesus transmitia a Sua mensagem. O povo lembrava as parábolas e recordava-se do ensinamento. O que são Parábolas (Prof. Felipe Aquino)


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Tipos de parábolas Podemos dividir as parábolas em três grupos (embora algumas não se encaixem bem): a) As parábolas mais simples e contadas para o povo. Falavam de fatos ligados à vida ou à natureza. Exemplo: parábola do semeador (Mt 13,1-9; Mc 4,1-9; Lc 8,4-8), do trigo e do joio (Mt 13,24-30); do grão de mostarda (Mt 13,31-32; Mc 4,30-32; Lc 13,18-19); do fermento na massa (Mt 13,33; Lc 13,20-21); do tesouro escondido (Mt 13,44-46); da rede cheia de peixes (Mt 13,47-50); etc.

)

b) Parábolas mais elevadas contra os opositores: dos operários da última hora (Mt 20,1-16); dos vinhateiros homicidas (Mt 21,33-46; Mc 12,1-12; Lc 20,9-19); do banquete nupcial (Mt 22,1-4; Lc 14,16-24);o fariseu e o publicano (Lc 18,9-14), etc.

)

c) Parábolas da Misericórdia (de Lucas): o bom samaritano (Lc 10,29-37); a ovelha perdida (Lc 15,4-7); a moeda perdida (Lc 15,8-10); o “filho pródigo” (Lc 15,11-32). Estas parábolas também são contra a hipocrisia dos fariseus e escribas, porém, trazem um ensinamento para qualquer um que as ouve devido ao seu conteúdo misericordioso.


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Onde estão as parábolas de Jesus

No Evangelho de Mateus, as parábolas começam no capítulo 13 (as mais simples) depois o evangelista vai colocando outras no decorrer do Evangelho.

Reino de Deus

Salvação

Dinheiro

Oração

Apocalipse Discipulado


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Já no Evangelho de Marcos encontramos menos parábolas. Marcos foi o primeiro dos quatro evangelistas a escrever um Evangelho e preferiu escolher somente as principais. Essas parábolas estão no capítulo 4. No entanto, o evangelista informa que Jesus anunciava a Palavra com “muitas outras parábolas como estas” (Mc 4,33) Isso significa que Marcos conhecia outras parábolas de Jesus, mas não anotou todas. Em Lucas as parábolas começam em Lc 8,4, mas estão distribuídas em todo o Evangelho. Não há uma seção só para as parábolas. E Lucas apresenta algumas parábolas próprias (as mais belas). No Evangelho de João não encontramos nenhuma parábola, mas somente comparações. João usa outro estilo. Da mesma forma, o apóstolo Paulo não cita as parábolas de Jesus, que eram de um ambiente mais rural e agrícola. Paulo fala das cidades, das construções, das Olimpíadas, das lutas... Algumas parábolas foram contadas várias vezes e para públicos diferentes e isso justifica que tenham finais diferentes. Um exemplo disso é a parábola do semeador. Nos três Evangelhos ela tem um final diverso. Em Mateus: “e produziu fruto, uma cem, outra sessenta e outra trinta” (Mt 13,8)”; em Marcos: “e uma produziu trinta, outra sessenta e outra cem” (Mc 4,8); em Lucas: “germinou e deu fruto ao cêntuplo” (Lc 8,8). Dependendo do público que ouvia, Jesus pode ter mudado o resultado final.

Matheus Marcos Lucas Comum O gráfico de barras mostra o total de parábolas em cada Evangelho (cinza) e a quantidade de parábolas exclusivas em cada um deles (colorido).


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Quantas são as parábolas? Jesus mesmo elaborava as parábolas a partir de fatos da vida e do quotidiano das pessoas, para facilitar a transmissão da mensagem do Reino de Deus. Isso mostra que Jesus era um bom observador da vida do povo. Temos um problema: É difícil saber quantas e quais são consideradas parábolas. No Dicionário bíblico, da Paulus (p. 691), diz-se que “o número de parábolas nos evangelhos é estimado em um mínimo de 35 a um máximo de 72; a variação decorre da dificuldade em classificar as parábolas”. Essa dificuldade existe porque encontramos nos Evangelhos alguns ditos ou metáforas que não sabemos bem se são ou não parábolas. Outra dificuldade é que um evangelista pode resumir duas parábolas (de outro Evangelho) em uma; ou de uma parábola pode fazer duas.

Por que Jesus falava em parábolas? O uso de parábolas é um grande recurso pedagógico. O ponto de partida é a realidade, isto é, aquilo que o povo entende. Os elementos que formam as parábolas já eram conhecidos. Por isso, muitas das parábolas começam assim “O Reino de Deus é como...”. Jesus quer anunciar uma novidade: o Reino de Deus (algo desconhecido) e o compara com algo já conhecido (a semente, o joio e o trigo, a rede de peixes, o fermento, a pedra preciosa, etc.).

Entre os mais importantes ensinamentos de Jesus, uma parte foi por meio de parábolas. Estas são encontradas nos Evangelhos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas).


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Apenas duas parábolas foram explicadas por Jesus: a parábola do semeador (Mt 13,18-23; Mc 4,13-20; Lc 8,11-15) e a parábola do joio (Mt 13,36-43). Mesmo assim, a explicação foi somente em particular aos discípulos. O fato de Jesus não explicar as parábolas tinha seu objetivo. Jesus contava as parábolas e as pessoas ouvintes começavam a se fazer perguntas: por que Ele contou esta parábola? O que Ele queria nos ensinar? Isso gerava boas discussões entre as pessoas. Mesmo as pessoas mais simples podiam dar opiniões. E, conversando sobre a parábola, descobria-se também a mensagem que Jesus queria transmitir. Vamos imaginar Jesus contando a parábola do fermento na massa (Mt 13,33; Lc 13,20-21) para um grupo de mulheres. Seguramente isso não ocorreu quando as mulheres estavam na cozinha, mas debaixo de uma árvore ou em outro local de encontro. A primeira sensação que as mulheres tiveram foi que Jesus falava de coisas que elas faziam. Elas podiam pensar: “Ele conhece a nossa vida”. E então veio o ensinamento sobre o Reino. No dia seguinte, quando as mulheres estavam na cozinha fazendo o pão, ao colocar o fermento na massa, começam a refletir e associar o seu trabalho com a mensagem de Jesus. Esse é o efeito educador da parábola: ela liga fé e vida. As parábolas que Jesus contava traziam uma carga de mistério, deixavam aos ouvintes a tarefa de compreendê-las; as parábolas interpelavam os ouvintes e os obrigavam a interrogar-se, a refletir e buscar respostas e descobrir o verdadeiro sentido da mensagem de Jesus. Segundo o grande biblista e Cardeal Gianfranco Ravasi, “As parábolas são um dos frutos mais belos do mistério da encarnação, a fronteira a qual a linguagem é impelida pelo Filho de Deus, para que se torne apta a comunicar o mistério do Reino no respeito da situação concreta do homem”.

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Atualização É preciso reconhecer que a linguagem que a Igreja emprega hoje, seja nas homilias, nos documentos, nos cursos de formação, na catequese, etc. é reflexiva demais, distante da realidade do povo. Por isso, muita gente não entende ou não guarda nossos ensinamentos. O Papa Francisco é um exemplo de como podemos falar de temas importantes usando imagens e exemplos da vida e do cotidiano. Para falar de Deus e dos mistérios do Reino é necessário usar uma linguagem mais fácil, mais acessível. E é isso que precisamos aprender com Jesus. Ele falava do Reino utilizando-se de fatos e elementos da vida, do dia a dia das pessoas. É certo que hoje estamos em outro mundo, em outros ambientes e em outros tempos. Precisamos atualizar as parábolas de Jesus. É necessário usar a criatividade para formular outras parábolas de modo que a mensagem de Jesus possa ser compreendida e vivida pelo povo de Deus.

Recomendação Sou Catequista para a Catequese Infantil: Agora que você já tem a dimensão da importância das parábolas, talvez queira apresentá-las aos pequeninos durante os encontros de catequese. A revista Sou Catequista indica a série de desenhos animados “As Parábolas de Jesus”. Confira um dos episódios, que retrata a parábola dos dois filhos.

Frei Ildo Perondi Religioso capuchinho, mestre em Teologia Bíblica pela Universidade Urbaniana de Roma e doutorando pela PUC-Rio, professor de Sagradas Escrituras na PUC-PR (Campus Londrina).

Patrícia Zaganin Rosa Martins Graduada em Teologia pela PUC-PR, especialista em Teologia Bíblica e mestranda em Teologia Bíblica também pela PUC-PR. Assessora escolas teológicas e cursos bíblicos.

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O CATECISMO RESPONDE

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{ A família e a sociedade } § 2207 A família é a célula originária da vida social. E a sociedade natural na qual o homem e a mulher são chamados ao dom de si no amor e no dom da vida. A autoridade, a estabilidade e a vida de relações dentro dela constituem os fundamentos da liberdade, da segurança e da fraternidade no conjunto social. A família é a comunidade na qual, desde a infância se podem assimilar os valores morais, tais como honrar a Deus e usar corretamente a liberdade. A vida em família é iniciação para a vida em sociedade. § 2208 A família deve viver de maneira que seus membros aprendam a cuidar e a responsabilizar-se pelos jovens e pelos velhos pelos doentes ou deficientes e pelos pobres. São numerosas as famílias que, em certos momentos, não são capazes de proporcionar essa ajuda. Cabe então a outras pessoas, a outras famílias e, subsidiariamente, à sociedade prover às suas necessidades: “A religião pura e sem mácula diante de Deus, nosso Pai, consiste nisto: visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações e guardar-se livre da corrupção do mundo” (Tg 1,27). § 2209 A família deve ser ajudada e defendida pelas medidas sociais apropriadas. Quando as famílias não são capazes de desempenhar suas funções, outros organismos sociais têm o dever de ajudá-las e de apoiar a instituição familiar. De acordo com o princípio da subsidiariedade, as comunidades mais amplas cuidarão de não usurpar seus poderes ou de interferir na vida da família. § 2210 A importância da família para a vida e o bem-estar da sociedade acarreta uma responsabilidade particular desta última no apoio e no fortalecimento do casamento e da família. Que o poder civil considere como dever grave “reconhecer e proteger a verdadeira natureza do casamento e da família, defender a moralidade pública e favorecer a prosperidade dos lares”. § 2211 A comunidade política tem o dever de honrar a família, de assisti-la, de lhe garantir sobretudo: • O direito de se constituir, de ter filhos e de educá-los de acordo com suas próprias convicções morais e religiosas; • A proteção da estabilidade do vínculo conjugal e da instituição familiar; • A liberdade de professar a própria fé, de transmiti-la, de educar nela os filhos, com os meios e as Instituições necessárias;


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• O direito à propriedade privada, à liberdade de empreendimento, ao trabalho, à moradia, à emigração; • De acordo com as instituições dos países, o direito à assistência médica, à assistência aos idosos, aos abonos familiares; • A proteção da segurança e da saúde, sobretudo em relação aos perigos, como drogas, pornografia, alcoolismo etc.; • A liberdade de formar associações com outras famílias e, assim, serem representadas junto às autoridades civis. § 2212 O quarto mandamento ilumina as outras relações na sociedade. Em nossos irmãos e irmãs vemos os filhos de nossos pais; em nossos primos, os descendentes de nossos avós; em nossos concidadãos, os filhos de nossa pátria; nos batizados, os filhos de nossa mãe, a Igreja; em toda pessoa humana, um filho ou filha daquele que quer ser chamado “nosso Pai”. Assim, nossas relações com o nosso próximo são reconhecidas como de ordem pessoal. O próximo não é um “indivíduo” da coletividade humana; ele é “alguém” que, por suas origens conhecidas, merece atenção e respeito individuais. § 2213 As comunidades humanas são compostas de pessoas. Seu bom governo não se limita à garantia dos direitos e ao cumpri mento dos deveres, assim como à fidelidade aos contratos. Relações justas entre patrões e empregados, governantes e cidadãos supõem o mútuo e natural bem-querer que convém à dignidade das pessoas humanas preocupadas com a justiça e a fraternidade.


CATECINE

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O homem que cumpre a vontade do Criador por Celso Antonio

Mesmo com a polĂŞmica da “liberdade criativaâ€? dos produtores, este filme tem muito a nos ensinar.


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ssim como a Bíblia fala de várias maneiras para cada pessoa, o mesmo acontece com o épico Noé, uma história sobre um homem, sua arca gigante e as dificuldades que uma família enfrenta diante do fim do mundo.

Contar uma história de antes e depois de uma catástrofe não é nenhuma novidade, mas o diretor desse filme sabia que tinha que caprichar ao lidar com o primeiro cataclisma literalmente de proporções bíblicas do planeta. Felizmente, ele teve o sempre competente ator Russell Crowe para trabalhar. Depois de uma breve mas atraente lição de história (apresentada em câmera rápida), desde o momento da Criação até a fatídica e questionável escolha de Adão e Eva no Jardim do Éden, seguida do assassinato de Abel por Caim, chegamos à décima geração do homem, onde um jovem Noé testemunha seu pai ser morto quando está prestes a passar adiante para ele seu direito de primogenitura, uma brilhante pele de cobra. Anos mais tarde, Noé, já adulto, vive uma vida feliz, mas em isolamento, com sua esposa Naamé e três filhos, Ham, Shem e Jafé. Mas, se há uma coisa que a vida nos ensina, é que você pode evitar as pessoas, mas não seus erros. Certo dia, Noé recebe uma visão, de uma grande morte por inundações. O Criador (a palavra “Deus” não é dita nem uma vez no filme) decidiu que sua experiência com a humanidade saiu completamente dos trilhos, já que todo mundo está cometendo os piores pecados imagináveis contra o planeta e contra si mesmos. Noé então procura esclarecimento junto ao seu avô Matusalém. Graças às palavras de seu antepassado, Noé recebe uma visão mais clara: o planeta está prestes a ser destruído por um Dilúvio sem precedentes. Segundo a visão, ele deve construir uma arca gigante, com um casal de cada animal do planeta, e testemunhar a hecatombe que se abaterá sobre a Terra; ao causar todo esse transtorno, no entanto, o Criador tem apenas o intuito de dar ao mundo uma nova chance. Ajudando Noé em sua missão estão os membros de sua família: esposa, filhos e

Alguns vão pensar que é um drama familiar, enquanto outros vão vê-lo como um filme de desastre, com modernas conotações ambientais. Mas, sobretudo, é a história de um homem que entrega sua vida totalmente nas mãos do seu Criador.


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noras. Ele também é auxiliado por anjos caídos que se transformaram em criaturas gigantes de pedra, que também pecaram contra o Criador e agora buscam a redenção. A história de Noé não ocupa muito espaço na Bíblia, então a narrativa conta com várias licenças poéticas. Mas criatividade não implica necessariamente em blasfêmia. O diretor, junto com o roteirista, consegue criar um mundo baseado na história de Noé, enquanto preenche algumas lacunas com cenas inventadas. O cineasta pinta um quadro em que o homem é uma causa perdida, e uma família tem de sofrer as consequências disso.

Russell Crowe tem um desempenho fascinante como o escolhido que quase é levado à loucura ao fazer o trabalho ordenado pelo Todo-Poderoso. Noé é um filme de super-herói, de fantasia, de suspense, e tem até mesmo elementos românticos, que o tornam atraente para muitas audiências. Alguns vão pensar que é um drama familiar, enquanto outros vão vê-lo como um filme de desastre, com modernas conotações ambientais. Mas, sobretudo, é a história de um homem que entrega sua vida totalmente nas mãos do seu Criador, arriscando perder sua família, sua sanidade, enfim, tudo o que mais preza no mundo, para fazer aquilo que é certo. É alguém que segue aquilo que Jesus ensinaria milênios mais tarde, no Pai-Nosso: “Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu”.

Celso Antonio Jornalista, escritor e professor de inglês pela Escola Estadual Coronel Castanho de Almeida, na cidade de Guareí, interior de SP.




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DICAS DE LEITURA

Catequese especial para surdos De Marta Maria Barbosa, Irmã INSC, editora Santuário O livro “Catequese especial para surdos” é o mais novo lançamento do ambiente catequético. Pela editora Santuário, as páginas buscam proporcionar aos surdos uma catequese que os levem a “conhecer Jesus” e a tornarem-se discípulos missionários junto aos seus irmãos.

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O livro escrito por Marta Maria Basbosa, irmã INSC, tem 224 páginas e coloca-nos a caminho com Deus pelas estradas de “Emaús”, fazendo “arder o nosso coração ao acolher Suas palavras de vida e de salvação.


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Sementes de Participação 4º Tempo De Diocese de Ponta Grossa, editora Ave-Maria O livro publicado pela Editora Ave-Maria faz parte da “Coleção Sementes” e traz o itinerário completo da iniciação cristã dividido em cinco tempos: “Sementes de vida”, “Sementes de esperança”, “Sementes de comunhão” e “Sementes de participação”. Os três primeiras são uma preparação à Primeira Eucaristia e os dois últimos ao Crisma. Cada tempo contém o livro do catequizando e do catequista, onde são encontradas celebrações e dinâmicas referentes ao tema estudado. São 320 páginas escritas pela Diocese de Ponta Grossa de maneira especial aos catequistas de todo o Brasil.

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Itinerário Catequético Iniciação à Vida Cristã Da Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética, Edições CNBB

Publicado pelas Edições CNBB, o livro “Itinerário Catequético: iniciação à vida cristã – um Processo de Inspiração Catecumenal” foi lançado durante Seminário Nacional de Iniciação à Vida Cristã. O texto foi preparado por membros da Comissão Episcopal para a Animação Bíblico Catequética e assessores. Está dividido em partes: Fundamentação bíblica, teológica e pastoral; Orientações para uma ação pedagógica-pastoral no processo de iniciação à vida cristã; Itinerários de iniciação à vida cristã conforme as idades. “O itinerário com inspiração catecumenal leva ao surgimento de cristãos mais autênticos, com uma vivência mais sólida”, afirmou o bispo de Santo André (SP), dom Nelson Westrupp.

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MENSAGEM DO PAPA

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oje quero compartilhar com vocês, irmãos e irmãs, reflexões sobre a vida da família, a sua vida real, com os seus tempos e os seus acontecimentos. Sobre essa reflexão estão inscritas três palavras que já utilizei diversas vezes. E essas palavras são “licença”, “obrigado” e “desculpa”. De fato, essas palavras abrem o caminho para viver bem na família, para viver em paz. São palavras simples, mas não são assim tão simples de colocar em prática! Requerem uma grande força: a força de proteger a casa, também através de mil dificuldades e provações; em vez disso, a falta delas, pouco a pouco, abre rachaduras que podem fazê-la desmoronar. Nós as entendemos normalmente como as palavras da “boa educação”. Tudo bem, uma pessoa bem educada pede licença, diz obrigado ou se desculpa se erra. Tudo bem, mas a boa educação é muito importante. Um grande bispo, São Francisco de Sales, dizia que “a boa educação é já meia santidade”. Porém, atenção, na história conhecemos também um formalismo das boas maneiras que pode se tornar máscara que esconde a aridez da alma e o desinteresse pelo outro. Há um ditado que diz: “Atrás de boas maneiras se escondem maus hábitos”. Nem mesmo as religiões estão imunes a este risco, que faz escorregar a observância formal na mundanidade espiritual. O diabo que tenta Jesus jorra boas maneiras – é propriamente um senhor, um cavalheiro – e cita as Sagradas Escrituras,


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parece um teólogo. O seu estilo parece correto, mas a sua intenção é aquela de desviar da verdade do amor de Deus. Nós, em vez disso, entendemos a boa educação nos seus termos autênticos, onde o estilo das boas relações é firmemente enraizado no amor do bem e no respeito do outro. A família vive esta fineza do querer bem. Vejamos: a primeira palavra é “licença?”. Quando nos preocupamos de pedir gentilmente também aquilo que talvez pensamos poder esperar, nós colocamos uma verdadeira proteção para o espírito da convivência matrimonial e familiar. Entrar na vida do outro, mesmo quando faz parte da nossa vida, pede a delicadeza de uma atitude não invasiva, que renova a confiança e o respeito. A intimidade, em suma, não autoriza a dar tudo por certo. E o amor, quanto mais íntimo e profundo, tanto mais exige o respeito da liberdade e a capacidade de esperar que o outro abra a porta do seu coração. A este propósito, recordamos aquela palavra de Jesus no livro do Apocalipse: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém escuta a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo” (3, 20). Também o Senhor pede a permissão para entrar! Não esqueçamos isso. Antes de fazer uma coisa em família: “Licença, posso fazê-lo? Agrada-te que eu faça assim?”. Aquela linguagem propriamente educada, mas cheia de amor. E isso faz tão bem às famílias

Audiência geral Íntegra da catequese do Papa 13/5/15


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A segunda palavra é “obrigado”. Certas vezes é de se pensar que estamos nos tornando uma civilização das más maneiras e das más palavras, como se fossem um sinal de emancipação. Ouvimos dizer isso tantas vezes também publicamente. A gentileza e a capacidade de agradecer são vistas como um sinal de fraqueza, às vezes levanta suspeita. Esta tendência deve ser combatida no seio da própria família. Devemos nos tornar intransigentes na educação à gratidão, ao reconhecimento: a dignidade da pessoa e a justiça social passam por aqui. Se a vida familiar subestima esse estilo, a vida social também o perderá. A gratidão, então, para quem crê, está no coração da fé: um cristão que não sabe agradecer é alguém que esqueceu a linguagem de Deus. É ruim isto! Recordemos a pergunta de Jesus, quando curou dez leprosos e somente um deles voltou para agradecer (cfr Lc 17, 18). Uma vez ouvi dizer de uma pessoa idosa, muito sábia, muito boa, simples, mas com aquela sabedoria da piedade, da vida: “A gratidão é uma planta que cresce somente na terra de almas nobres”. Aquela nobreza da alma, aquela graça de Deus na alma nos impele a dizer obrigada à gratidão. É a flor de uma alma nobre. É uma bela coisa isso. A terceira palavra é “desculpa”. Palavra difícil, certo, ainda assim necessária. Quando falta, pequenas rachaduras se alargam – mesmo sem querê-lo – até se tornar rachaduras profundas. Não por nada na oração ensinada por Jesus, o “Pai Nosso”, que resume todas as perguntas essenciais para a nossa vida, encontramos essa expressão: “Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6, 12). Reconhecer ter faltado e ter o desejo de restituir o que foi tirado – respeito, sinceridade, amor – torna-se digno do perdão. E assim se para a infecção. Se não somos capazes de nos desculpar, quer dizer que nem mesmo somos capazes de perdoar. Na casa onde não se pede desculpa começa a faltar o ar, as águas se tornam estagnadas. Tantas feridas dos afetos, tantas lacerações nas famílias começam com a perda desta palavra preciosa: “Desculpe”. Na vida matrimonial se briga tantas vezes também “voam os pratos”, mas vos dou um conselho: nunca terminar o dia sem fazer as pazes. Ouçam bem: vocês brigam, marido e mulher? Filhos com os pais? Brigaram feio? Não é bom, mas este não é o problema. O problema é que este sentimento esteja conosco ainda um dia depois. Por isso, se brigaram, nunca terminem o dia sem fazer as pazes em família. E como devo fazer a paz? Colocar-me de joelhos? Não! Somente um pequeno gesto, uma coisinha faz a harmonia familiar voltar. Basta uma carícia, sem palavras. Mas nunca termine o dia em família sem fazer a paz. Entenderam isso? Não é fácil, mas se deve fazer. E com isso a vida será mais bela. E por isso é suficiente um pequeno gesto. Estas três palavras-chave da família são palavras simples, e talvez em um primeiro momento nos farão sorrir. Mas quando as esquecemos, não há mais nada de que sorrir, verdade? A nossa educação, talvez, as negligencia um pouco. Que o Senhor nos ajude a colocá-las no lugar correto, no nosso coração, na nossa casa e também na nossa convivência civil. São as palavras para entrar justamente no amor da família.


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