Revista Sou Catequista - 11ª Edição

Page 1


Guia de Navegação para Tablets e Smartphones


Editorial Em latim, “vocare”. Em português, “vocação”. Universalmente, um chamado. Catequista, leitor(a), seja mais que bem-vindo à 11ª edição da revista Sou Catequista! Este número, que cobre os meses de julho e agosto, tem “sabor especial”: é recheado pelo dia do catequista e o mês das vocações. Mas você sabe o que é a vocação e quais são os seus desdobramentos? A vocação é uma competência que estimula as pessoas para a prática de atividades associadas ao desejo de seguir determinado caminho. Por extensão, é um talento, uma aptidão natural, uma capacidade específica para executar algo. Em linhas gerais, há a vocação profissional, formada por um conjunto de aptidões naturais e também por interesses específicos de um indivíduo, que o direcionam à escolha de uma profissão, e a vocação religiosa, um chamado de Deus para uma vivência radical do Batismo. É caracterizada por um constante combate à idolatria, especialmente através da vivência dos votos de pobreza, castidade e obediência. Ser catequista também é ser vocacionado. Trata-se de um chamado do Pai para a missão que um dia também foi atribuída aos apóstolos de Jesus: a de apresentar o Evangelho às crianças, jovens, adultos e idosos espalhados pela Terra (Mc 16,15). Sob a companhia das vocações e de diversos temas presentes nas próximas páginas, mais uma revista chega às suas mãos, produzida com o carinho e a dedicação de sempre. Desejo e espero que tenha uma ótima leitura! Até a próxima edição. ;) Luiz Guilherme Martins, Coordenador editorial

Edição 11 | Ano 3 | Agosto/2015 Direção geral: Sérgio Fernandes Coordenação editorial: Luiz Guilherme Martins Consultor Eclesiástico: Pe. José Alem Revisão: Marcus Facciollo Projeto gráfico: Agência Minha Paróquia Diagramação: Renan Trevisan Assistente de arte: Larissa Bolanho Desenvolvimento Web: Matheus Moreira Atendimento: Ana Carolina Silva Comercial: Adriana Franco Projetos: Elen Bechelli de Oliveira Banco de imagens: Shutterstock

sou catequista

A revista digital Sou Catequista é uma publicação da agência Minha Paróquia, disponível gratuitamente para smartphones e tablets nas plataformas IOS e Android. Os conteúdos publicados são de responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a visão da agência Minha Paróquia. É permitida a reprodução dos mesmos desde que citada a fonte. O conteúdo dos anúncios é de total responsabilidade dos anunciantes.

www.soucatequista.com.br facebook.com/soucatequista




Para ler a revista, deslize para as próximas páginas ou toque nos itens do índice.

NESTA EDIÇÃO 76

DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

10

20

NOSSOS LEITORES

MEU CAMINHO NA CATEQUESE

14

MATÉRIA DE CAPA

Regina Honda

VOZ DA IGREJA

28

A VOCAÇÃO DO CATEQUISTA Pe. Paulo Dalla-Déa

IDEOLOGIA DE GÊNERO

CATEQUESE INFANTIL

38

FALAR DE DEUS DESDE A CONCEPÇÃO Rachel Abdalla

CATEQUESE INCLUSIVA

42

ROTEIROS CATEQUÉTICOS

SÍNDROME DE DOWN NA CATEQUESE

50

ThaÍs Rufatto

Ângela Rocha

58

88

FAMÍLIA E CATEQUESE

COORDENAÇÃO CATEQUÉTICA

O MINISTÉRIO DE COORDENAÇÃO CATEQUÉTICA

RITOS E CELEBRAÇÕES PARTE IV

68

A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA

ESPECIAL

Marlei Correia

CATEQUESE COM IDOSOS

Flávio Veloso

João Melo

108

REFLEXÃO

EDUCAÇÃO PERMANENTE DA FÉ Pe. José Alem

ESPAÇO PEQUENINOS DO SENHOR

116

O CATECISMO RESPONDE

CATECINE

126

128

TEATRO NA CATEQUESE

124

DICAS DE LEITURA

132

SUGESTÃO DE APP

MENSAGEM DO PAPA

134

136


Nossa equipe tem se dedicado bastante para trazer de presente a vocĂŞ uma revista tĂŁo caprichada.

E o que pedimos em troca? Pedimos apenas que

#compartilhe,

curta a nossa fanpage e divulgue este trabalho ao mĂĄximo de pessoas.

E obrigado pela amizade!


DESCRIÇÃO: Traduzida dos originais hebraico, grego e aramaico pelos monges beneditinos de Maredsous (Bélgica), a Bíblia Ave-Maria foi editada pela primeira vez em 1959 pelos missionários do Imaculado Coração de Maria, sendo a primeira Bíblia católica publicada no Brasil. Com sua linguagem acessível, conquistou os lares brasileiros e, até hoje, é a Bíblia mais popular e querida entre os católicos.


Na última edição da revista preferida do catequista, a editora Ave-Maria, em parceria com a gente, brindou Sonimar Sousa com um exemplar exclusivo da edição popular catequética da Bíblia.

Entendendo a importância da Escritura Sagrada para a formação de catequistas e catequizandos, a Ave-Maria nos enviou mais uma unidade do título. Para recebê-la em sua casa, você precisará fazer como Solimar e responder à questão-chave do desafio:

Agosto é o mês de Santo Agostinho, grande teólogo e filósofo dos primeiros anos do cristianismo. Certa vez, ele disse que “o tempo é um vestígio de eternidade”. Afinal, o que Santo Agostinho quer que compreendamos com essas palavras? A resposta para essa pergunta deve ser enviada em forma de comentário para o endereço goo.gl/mR6K1D, lembrando que os textos publicados em nossa página oficial no Facebook serão considerados inválidos. Reforçamos: use seu conhecimento e criatividade à vontade, mas não se esqueça de ser objetivo. Nossa equipe analisará cada resposta e escolherá um(a) vencedor(a). Portanto capriche e, é claro, boa sorte!


NOSSOS LEITORES

10

Deus abençoe todo o trabalho de vocês, da revista, que trazem a nós catequistas meios de levar aos catequizandos uma comunicação eficiente através do meio digital! João Vieira Leio cada edição da revista, que me auxilia em todos os encontros de catequese. Muito obrigado e parabéns por esse grande suporte aos catequistas! Davi Fernandes

AJUDE-NOS A CHEGAR A MAIS CATEQUISTAS!

AVALIE E DEIXE O SEU COMENTÁRIO SOBRE O APLICATIVO NA APPSTORE: < CLIQUE AQUI A SUA AVALIAÇÃO NOS AJUDA A MELHORAR DE POSIÇÃO NO RANKING E TER MAIS DESTAQUE NAS LOJAS.

Equipe da Revista Sou Catequista, quero mais uma vez felicita-los pela publicação da Revista Sou Catequista a Edição de nº 10 está ótima, cheia de artigos, reflexões que muito nos ajudam na prática do Ser Catequista, e olha que estou só no início da leitura. Desejo que o Senhor derrame muitas bênçãos em todos vocês hoje e sempre para que cada dia mais vocês nos presenteie com tantas informações valiosas que nos ajudam na missão de evangelizar. Paz e Bem! Edilei da Silva Paula


11

Faço parte dessa familia! Parabéns a todos! Que lindo é evangelizar as crianças no munddo de hoje! Deus está na frente! Adriana Martins Ferreira Queria parabenizar a revista pelo excelente trabalho. São lindos os conteúdos, essenciais para evangelizar nossas crianças na catequese! Devemos ser catequistas criativos e modernos. Sou de Santa Rita, Paraguai, e há 11 anos coordeno a catequese em minha comunidade. É muito bom trabalhar para a vinha do senhor! Abraços em Cristo Jesus! Maristela Ramos

NOSSOS NÚMEROS

50.360 2.210.000 23.378 5.410 assinantes

visualizações de páginas

seguidores no Facebook

visitantes únicos/dia no site

Gostei muito da revista e do material presente nela. Conteúdos ótimos para nós catequistas! Parabéns! Elizeu Herculino

ENVIE SUA MENSAGEM PARA

contato@soucatequista.com.br




DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

14

Nós, catequistas, temos que entender que fomos chamados por Deus. A nossa missão é tão somente plantar. Colher será no tempo Dele.

da

Hon a in g e R r po


15

I

nfelizmente, a minha família nunca foi de frequentar a Igreja, minha mãe e meu pai eram pessoas boas, mas achavam que frequentar a Igreja era bobagem, bastava rezar em casa. Portanto, fui participar da catequese só com 14 anos... E de tanto insistir! Levei o meu irmão, na época com 12 anos, junto comigo. Naquele tempo a catequese durava um ano, tínhamos encontros nos sábados à tarde e domingos pela manhã e já participávamos da Missa. Eu era uma “apaixonada” pela catequese, amava escutar as nossas catequistas (eram duas, pois a turma era enorme) e participar das atividades. Conforme a nossa participação nas atividades ganhávamos uma medalhinha de algum santo. Eu tinha todas... Não perdia uma atividade. Além de tirar sempre 10 nas provas (sim, sou do tempo em que a catequese tinha prova!). As nossas catequistas eram muito criativas, sempre tinha uma atividade diferente, uma brincadeira para passar os conteúdos. Nunca achei a catequese maçante, mesmo sendo a mais “velha” da turma. O tempo passou e continuei a participar ativamente da Igreja até entrar na faculdade; aí, com a desculpa das muitas atividades, fui deixando de lado, esporadicamente participava da Missa.


16

Quando comecei a namorar e já pensando em casar, eu e meu namorado começamos a frequentar novamente a Igreja, não faltávamos a nenhuma Missa dominical. Casamos. Depois do nascimento da nossa filha fizemos o ECC em 1997. Em 1999 fui convidada para dar catequese, fiquei com medo e receio, pois não conhecia nada, e ainda mais falar de Deus, mas achei que ia ficar como auxiliar. Quando cheguei no dia marcado, chamaram as crianças, entregaram o livro a mim e disseram: “Esta é a sua turma”. Tremi da cabeça aos pés e pensei: “Vou embora daqui, como vou falar de Jesus para 12 crianças se eu ainda preciso aprender tanto?”. Mas, sabem como é. Elas disseram que não tinha mais ninguém, que precisavam de mim, que iam me ajudar, etc. Respirei fundo e pensei: “Bem, se Deus me chamou, Ele vai me ajudar”. E fui. Desde aquele dia comecei a ler, estudar e querer aprender tudo que fosse ligado à catequese. E me apaixonei definitivamente! Cheguei a ficar dois anos longe da catequese. Estava com muitas atividades dentro da Igreja e decidi me afastar porque não estava me dedicando como devia. Mas foram dois anos de sofrimento! Não aguentava participar da Missa da catequese, chorava do começo ao fim, as minhas crianças me faziam muita falta, pois sempre tive a certeza de que aprendia muito mais com elas na sua simplicidade, na sua verdade e na sua maneira sincera de amar, do que elas comigo. Disse ao meu marido, então: “Vou voltar, não consigo ficar longe”. Com a graça de Deus sempre tive o apoio dele e ele disse: “Tem que voltar mesmo, ali é o seu lugar”. Voltei e estou até agora. E sei que o Senhor me capacita a cada dia. Estou sempre procurando saber tudo da catequese. Acredito que hoje, com a internet, temos uma oportunidade única de poder crescer, isso sem falar nos inúmeros cursos e formações que são oferecidos a nós. A interação com os catequistas é impressionante, podemos falar com catequistas de todo o Brasil, trocar ideias, aprender, aprender e aprender.

do is a m , e u q i d n e t n e í A so is r e r e u q e d , r a l a f que sso o n o e l a v , o il u q a u o ia iz d o m o C . o h n u m e test ssis: A e d o c is c n a r F o ã S se , E . e r p m e s e z i l e g n “Eva vras”. a l a p e s u , io r á s s e c e n


17

Mas quero partilhar com vocês algo que aconteceu comigo e aí entenderão o que diz a música Caminhada, o “porque é bom servir”.

A Caminhada: Pe. Léo

Estava almoçando num restaurante outro dia e chegou uma moça perto de mim e disse:

- Oi, tia Regina! Lembra de mim?.. Na verdade, não me lembrava. Com a idade a minha memória não está muito daquelas coisas, mas, como ela disse “tia”, deduzi que me conhecia da Igreja.. Então eu disse: - Você não me é estranha, mas não lembro seu nome. Aí ela disse: - Ah, tia, eu sou Aline, fiz catequese na Paróquia Rainha dos Apóstolos, mas não fui sua “aluna” (não adianta, eles sempre falam assim, até nem corrigi), era aluna da Maria Alice, mas sempre via você na igreja e sempre animada com as coisas da catequese.


18

Aí ela comentou sobre alguns momentos que vivemos juntas: Coroação de Nossa Senhora, Corpus Christi (no tempo de enfeitar a rua com pó de serra), Primeira Comunhão, festa da padroeira, encenações, etc. Naquela época eu era ligada em 220 volts! Mas, depois das recordações o que me marcou foi o que ela disse: - Sabe, me mudei da paróquia após a Crisma e me afastei da Igreja, mas você sempre esteve presente nos meus pensamentos. Sempre que passava em frente à igreja e nas raras vezes em que eu ia, parecia que eu via você de lá para cá dizendo: “Vamos cantar mais forte, Jesus merece. Se fosse Sandy e Junior vocês estariam soltando a voz!”.

Nesse momento percebi como o tempo passara: Sandy e Junior! Gente, Sandy e Junior são adultos! Estou velha e na hora de me aposentar! E ela continuou dizendo que isso a incomodava. Então, um dia ela se apresentou ao padre da paróquia (que nem frequentava) e disse: “Eu quero ser catequista!”. Ela me contou que está morando no interior do Mato Grosso e estava aqui visitando os sogros, mas que ficou feliz em me reencontrar e que queria muito me contar que hoje está na catequese. Aí entendi que, mais do que falar, de querer isso ou aquilo, vale o nosso testemunho. Como dizia São Francisco de Assis: “Evangelize sempre. E, se necessário, use palavras”. Por isso acho que nós, catequistas, temos que entender que fomos chamados por Ele. A nossa missão é plantar. Colher será no tempo Dele.

Regina Honda Regina M. S. Honda é catequista. Acompanha uma turma de 2ª etapa na preparação para receber a Eucaristia, na Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, em Londrina-PR. Também é Ministra extraordinária da Sagrada Comunhão Eucarística e servidora do ECC.



VOZ DA IGREJA

20


21

COMO UMA SEMENTE Cardeal Orani João Tempesta Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

O

que nos diz o Senhor? Diz-nos que o Reino de Deus vem de modo humilde e se manifesta nas coisas pequenas. Pequenas como um grãozinho jogado na terra, como uma semente de mostarda, como um brotinho frágil e sem aparente valor. O Reino é como o próprio Jesus: aquele brotinho retirado da ponta da grande árvore da dinastia de Davi... aquele brotinho pobre, da carpintaria de Nazaré, donde nada que prestasse poderia vir. Os modos de Deus, a lógica de Deus, o jeito de Deus! Como tudo é tão diverso de nossas expectativas! Outra lição: o Reino vem aos poucos. Inaugurado e plantado definitivamente no chão deste mundo e irá crescendo como a semente, como o grão de mostarda, aos poucos. Somos tão impacientes, gostaríamos tanto que Deus respeitasse nossos prazos. Mas, não! Se os pensamentos do Senhor não são os nossos, tampouco seus tempos são iguais aos da gente! Somente perseverará na paciência aquele que souber adequar-se aos tempos de Deus. E Deus contempla o tempo na perspectiva da eternidade e não das nossas pressas. Assim vai o Reino brotando humildemente na história e no coração do mundo, de um modo que somente quem reza e contempla pode perceber.


22

Nós, filhos de um mundo tão pragmático e autossuficiente, temos tanta dificuldade em perceber a ação de Deus! Pensamos que nós é que fazemos, que nós é que somos os sujeitos últimos do mundo e da história! Como estamos enganados! É Deus quem faz o Reino desenvolver-se na potência do Espírito. Que diz o Senhor? “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece”! Nós, com a graça de Deus, vamos plantando o Reino que Cristo trouxe. Como plantamo-lo? Plantamos quando nós nos abrimos à graça, plantamos com nosso exemplo, plantamos com nossa palavra, plantamos com nossa ação. Mas, cuidado! É o próprio Deus, com a energia do Santo Espírito, quem faz o Reino crescer: é obra D’Ele, não nossa. São Paulo não nos dizia? Um é o que planta, outro, o que rega, mas é Deus quem faz crescer. É assim que Deus vai agindo, tomando nossas pobres sementes e fazendo-as desabrochar no seu Reino, vigor, paciência e suavidade. Um dia, diz Jesus, chegará o momento da colheita. Haverá um fim na história humana, caríssimos, e, então, “todos deveremos comparecer ante o tribunal de Cristo, para cada um receber a devida recompensa – prêmio ou castigo – do que tiver feito na sua vida corporal”. Não adianta querer esquecer, de nada serve fingir que não sabemos: aqui estamos de passagem, aqui vamos semeando o Reino que Jesus trouxe e que Deus mesmo faz crescer; mas, a colheita definitiva não será nesta vida, pois o Reino que começa no tempo, haverá de espraiar-se na eternidade; o Reino que deve fecundar a história somente será pleno e definitivo na glória. Como seríamos mais livres, equilibrados se recordássemos essa realidade! Como teríamos o cuidado de viver de tal modo, que não perdêssemos o Reino! Não entrará no Reino quem não permitir que o Reino entre em si. Em certo sentido, não somos nós que entramos no Reino, mas o Reino que entra em nós! Abrir-se para o Reino é abrir-se para o Cristo Jesus! Abramo-nos para Ele e Ele nos abrirá o seu Reino! Uma última lição de Jesus para nós, hoje: o seu sonho é que todos entrem no seu Reino, naquela casa do Pai na qual há muitas moradas! É por isso que pousarão todos os pássaros à sombra da ramagem da árvore que é o Messias, e as aves aí farão ninhos. O mesmo Jesus diz do Reino, comparado ao pequeno grão de mostarda que germina e se torna árvore frondosa. O Senhor nos ama a todos, nos quer todos felizes, nos chama a todos! Se lhe dermos ouvidos, se aprendermos o compasso do seu coração, experimentaremos a alegria do Reino já nesta vida, com provações, e, um dia, haveremos de saboreá-lo por toda a eternidade! – Senhor Jesus, dá-nos, pois, a graça de abrir as portas do nosso coração e do coração do mundo para o Reino do Pai que anunciaste e inauguraste! Venha o Reino na potência do teu Espírito que habita em nós e no coração da Igreja! E que através de nós, ele se faça sempre mais presente no mundo. Que neste Ano da Esperança, o Senhor nos conduza para sermos sempre mais suas testemunhas!


23


24

CHAMADOS A FAZERMO-NOS AO LARGO Mensagem do Papa João Paulo II para o 42º Dia Mundial de Orações pelas Vocações, de 2005

V

eneráveis Irmãos no Episcopado, caríssimos Irmãos e Irmãs!

1. “Duc in altum”! No início da Carta apostólica Novo millennio ineunte referi-me às palavras com que Jesus exorta os primeiros discípulos a lançar as redes para uma pesca que se revelará milagrosa. Disse ele a Pedro: “Duc in altum - Faz-te ao largo” “ (Lc 5, 4); “Pedro e os primeiros companheiros confiaram na palavra de Cristo e lançaram as redes” (Novo millennio ineunte, 1). É este episódio evangélico familiar que serve de cenário para o próximo Dia de Oração pelas Vocações, que tem como tema: “Chamados a fazermo-nos ao largo”. Trata-se de uma ocasião privilegiada para reflectir sobre o chamamento a seguir Jesus e, em particular, a segui-l’O no caminho do sacerdócio e da vida consagrada. 2. “Duc in altum!” A ordem de Cristo é particularmente actual para o nosso tempo, no qual se difunde uma certa mentalidade que favorece a falta de compromisso pessoal face às dificuldades. A primeira condição para “se fazer ao largo” é cultivar um profundo espírito de oração, alimentado pela escuta diária da Palavra de Deus. A autenticidade da vida cristã mede-se pela profundidade da oração, arte esta que se aprende humildemente


25

“dos próprios lábios do Mestre divino, como que implorando, como os primeiros discípulos: ‘Senhor, ensina-nos a orar!’ (Lc 11, 1). Na oração, fomenta-se aquele diálogo com Cristo que faz de nós seus amigos íntimos: ‘Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós’ (Jo 15, 4)” (Novo millennio ineunte, 32). A união com Cristo através da oração torna-nos capazes de nos apercebermos da sua presença, mesmo nos momentos de aparente fracasso, quando todos os esforços parecem inúteis, tal como aconteceu com os próprios Apóstolos, os quais, depois de se terem afadigado durante toda a noite, exclamaram: “Mestre, não pescámos nada” (Lc 5, 5). É precisamente em tais momentos que se deve abrir o coração às ondas da graça, permitindo que a palavra do Redentor possa agir em nós com todo o seu poder: “Duc in altum!” (cf. Novo millennio ineunte, 38). 3. Quem abre o seu coração a Cristo não só compreende o mistério da sua própria existência, mas também o da sua própria vocação e amadurece excelentes frutos de graça. Destes, o primeiro é crescimento na santidade através de um caminho espiritual que, iniciando-se com a graça do Baptismo, prossegue até chegar à sua plena consecução: a caridade perfeita (cf. ivi, 30). Vivendo o Evangelho “sem glosas”, o cristão torna-se cada vez mais capaz de amar ao jeito de Cristo, acolhendo a sua exortação: “Sede perfeitos, como o vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5, 48). Empenha-se em perseverar na unidade com os irmãos dentro da comunhão eclesial e põe-se ao serviço da nova evangelização para proclamar e testemunhar a verdade maravilhosa do amor salvífico de Deus. 4. Queridos adolescentes e jovens, é a vós que, de modo particular, renovo o convite de Cristo a “fazer-se ao largo”. Vós encontrais-vos perante o imperativo de fazer opções decisivas em ordem ao vosso futuro. Conservo no coração a recordação das numerosas ocasiões em que em anos passados me encontrei com os jovens, entretanto já adultos e, até mesmo, pais de alguns de vós, ou sacerdotes ou religiosos e religiosas ou vossos educadores na fé. Vi-os alegres, como os jovens o devem ser, mas também pensativos, porque tomados pelo desejo de dar pleno “sentido” à sua existência. Compreendi cada vez melhor quão forte é no coração das novas gerações a atracção pelos valores do Espírito, como é sincero o seu desejo de santidade. Os jovens precisam de Cristo, mas sabem também que Cristo quis precisar deles. Caríssimos jovens, amigos e amigas! Confiai-vos a Ele, escutai os seus ensinamentos, fixai o vosso olhar no seu rosto, perseverai na escuta da sua Palavra. Deixai que seja Ele a orientar cada uma das vossa buscas e das vossas aspirações, cada um dos vossos ideais e dos desejos do vosso coração. 5. Dirijo-me agora a vós, queridos pais e educadores cristãos, a vós, queridos sacerdotes, consagrados e catequistas. Deus confiou-vos a peculiar missão de conduzir a juventude no caminho da santidade. Sede para eles exemplo de uma generosa fidelidade a Cristo. Encorajai-os a não hesitar em “fazerem-se ao largo”, respondendo sem delongas ao convite


26

do Senhor. Ele chama, alguns à vida familiar, outros à vida consagrada ou ao ministério sacerdotal. Ajudai-os a saber discernir o seu caminho e a passarem a ser amigos verdadeiros de Cristo e seus autênticos discípulos. Quando os adultos, que têm fé, sabem, com as suas palavras e o seu exemplo, tornar visível o rosto de Cristo, os jovens prontificam-se mais facilmente a acolher a sua mensagem exigente, marcada pelo mistério da Cruz. Mas depois não vos esqueçais que, também hoje, precisamos de sacerdotes santos, de almas totalmente consagradas ao serviço de Deus! Por isso, gostaria de vos repetir mais uma vez: “É urgente e necessário estruturar uma pastoral vocacional, ampla e detalhada, que envolva as paróquias, os centros de educação, as famílias, suscitando uma reflexão mais atenta aos valores essenciais da vida, cuja síntese decisiva reside na resposta que cada um é convidado a dar ao chamamento de Deus, especialmente quando este pede a total doação de si mesmo e das suas próprias forças à causa do Reino” (Novo millennio ineunte, 46). A vós, jovens, repito a palavra de Jesus: “Duc in altum!”. Ao propor novamente este seu apelo, penso ao mesmo tempo nas palavras que Maria, sua Mãe, dirigiu aos empregados, em Caná da Galileia: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2, 5). Queridos jovens, Cristo pede-vos a vós que aceiteis “fazer-vos ao largo” e a Virgem Maria anima-vos a não hesitardes em segui-l’O. 6. Suba de cada canto da terra ao Pai celeste, sustentada pela intercessão materna de Nossa Senhora, a ardente prece para obter “operários para a sua seara”(Mt 9, 38). Que Ele se digne conceder sacerdotes fervorosos e santos a cada porção do seu rebanho. Apoiando-nos em tal certeza, dirijamo-nos a Cristo, Sumo Sacerdote, dizendo-lhe com renovada confiança:

Leia a íntegra


25 DE AGOSTO, DIA DO

CATEQUISTA E sta revista compreende uma data especial para o calendário católico: o mês de agosto é tempo de celebrar as vocações e o dia do catequista, destinatário absoluto da lembrança e do reconhecimento de toda a equipe de idealização, produção e promoção Sou Catequista. Receba em seu coração um longo e sonoro “parabéns”. Por seu dia e, principalmente, por sua escolha, talhada pela fé e sustentada pelo amor a Deus e aos seus semelhantes. Que sua caminhada evangelista seja guiada todos os dias pelo Espírito Santo de Deus!

LEMBRE-SE SEMPRE: “Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado 5 pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.” (Mt 5, 13-16)


ATUALIDADE

28

Ideologia de Gênero: o que a Igreja pensa a respeito do assunto? Entenda a diferença entre “sexo biológico” e “sexo social”, bastante complexa e pouco estudada devido a empecilhos criados pelos próprios adeptos da Ideologia de Gênero (IG).


29

“G

ênero” e “sexo” são sinônimos ou dizem respeito a realidades diferentes? Não é muito difícil encontrar os dois termos sendo usados de modo correlato, embora possuam sentidos completamente distintos. E é exatamente aí que se encontram os perigos da assim chamada Ideologia de Gênero (IG), em que a sexualidade humana é vista como “papel socialmente construído”, pois o ser humano nasceria sexualmente “neutro”. “A Ideologia de Gênero começou com a revolução sexual, onde houve clara separação entre o corpo e o sexo ligado à procriação. Na desvinculação dessas questões, a pessoa vê o corpo não mais como algo que lhe é dado em seus caracteres biológicos e pessoais, mas como uma construção, adquirida a partir da sociedade e da cultura em que se vive”, esclarece o doutorando em Teologia da Família pelo Pontifício Instituto João Paulo II para Estudos sobre Matrimônio e Família, padre Raimundo Mário Santana.

O que é Ideologia de Gênero? “Os proponentes desta ideologia querem afirmar que as diferenças entre o homem e a mulher, fora as óbvias diferenças anatômicas, não correspondem a uma natureza fixa que torne alguns seres humanos homens e, a outros, mulheres. Pensam, além disso, que as diferenças de pensar, agir e valorizar a si mesmos são produto da cultura de um país e de uma época determinadas, que atribui a cada grupo de pessoas uma série de características que se explicam pelas conveniências das estruturas sociais de certa sociedade. Querem se rebelar contra isto e deixar à liberdade de cada um o tipo de ‘gênero’ a que quer pertencer, todos igualmente válidos. Isto faz com que homens e mulheres heterossexuais, homossexuais, lésbicas e bissexuais sejam apenas modos de comportamento sexual produto da escolha de cada pessoa, liberdade que todos os demais devem respeitar”, explica o documento A ideologia de gênero: seus perigos e alcances, publicado em 1998 pela Conferência Episcopal Peruana, um dos mais completos textos sobre o assunto.

“O que é Ideologia de Gênero?”: Entenda a Ideologia de Gênero em dois minutos


30

“A Ideologia de Gênero começou com a revolução sexual, onde houve clara separação entre o corpo e o sexo ligado à procriação. Na desvinculação dessas questões, a pessoa vê o corpo não mais como algo que lhe é dado em seus caracteres biológicos e pessoais, mas como uma construção, adquirida a partir da sociedade e da cultura em que se vive.”

(Essa tendência de diferenciação entre “sexo biológico” e “sexo social”, enquanto construção das condutas e normas da sociedade, é bastante complexa e pouco estudada devido aos próprios empecilhos criados pelos adeptos da IG. “Não se permitem estudos mais aprofundados na área, pelo temor de que se leve a algum tipo de preconceito ou algo nessa linha. Acredito que é preciso ter em conta os aspectos corporais, fisiológicos. A estrutura social também tem suas influências, mas cada um de nós nasce com características que são próprias, seja de homem ou de mulher, que são inatas e não existe como modificar isso devido a uma questão social”, salienta a doutora em Microbiologia e Imunologia com atuação na área de Bioética e professora da Universidade de Brasília (UnB), Lenise Garcia.) No aspecto religioso, o pensamento da IG acaba por defender a ideia de que Deus criou o homem, a mulher e mais todo o tipo de “gêneros” possíveis, ao bel-prazer de cada um. “São divisões que agridem a moral católica. Alguns vanguardistas da ideologia de gênero dizem que a Igreja está rejeitando algumas pessoas. Contudo, na verdade, não se pode afirmar tendenciosamente que Deus faz as coisas segundo o nosso querer. Aquilo que é o elã, a inspiração – Deus nos fez homem e mulher para partilharmos Sua obra criadora – transforma-se em elemento divisor”, explica o doutor em Teologia Moral, coordenador nacional do grupo de reflexão sobre problemas morais da CNBB e padre da Arquidiocese de Londrina, Rafael Solano Durán.


31

Subjetivismo e relativismo Os adeptos da IG não apenas alimentam sua visão em discussões acadêmicas, mas organizam movimentos que tentam impor esse entendimento como o que deve ser aceito pelas legislações e direito civil (nos casos, por exemplo, do “casamento” homossexual ou da permissão de adoção por esses, para citar alguns). Aí surgem riscos para a estrutura da sociedade ocidental, baseada nos princípios cristãos e grandes valores humanos, como a família fundada no matrimônio entre o homem e a mulher. Um dos maiores perigos da IG é o imenso espaço que se abre para o subjetivismo moral e sexual. Se ninguém nasce, mas se “faz” homem e mulher ao longo da vida, alguém poderia passar de um lado sexual para o outro a qualquer momento. “Seria uma esfera total do relativismo, da mudança de caráter, bem como daquele caráter absoluto de Deus Criador. Se eliminássemos a possibilidade de que Deus nos faz homem e mulher, diríamos que Deus é completamente ambivalente, que cria e recria de modo diferente”, complementa padre Rafael. Ele recorda que hoje já se vive um grande relativismo em questões sexuais, mas a situação moral e ética poderia se tornar ainda pior. “Cada um decide qual deve ser seu comportamento, sem nenhum tipo de referência objetiva. Isso leva não somente a uma crise de identidade, mas também a uma experiência verdadeiramente escravizante. Chega-se a um ponto tal em que cada um torna-se dono de suas próprias decisões, de suas próprias opções, mesmo se estiverem completamente erradas. A Ideologia de Gênero abre essa brecha para dizer que tudo é completamente permitido e completamente moral. Perderíamos o valor essencial e maravilhoso da nossa identidade: Deus nos criou seres únicos”, justifica.

Reprodução e unidade A questão da reprodução é outro item muito preocupante. “Diga-se o que se diga, só pode acontecer reprodução entre homem e mulher, e isso é algo fundamental para a continuidade da humanidade”, sublinha a doutora Lenise Garcia. Ela também indica a influência dessa ideologia na educação das crianças. “Em uma sociedade em que não seja bem esclarecida a questão da sexualidade, uma criança pode interpretar que a amizade com outra do mesmo sexo tem alguma coisa a mais – ela poderia interpretar desse modo se na educação não for colocada de forma adequada essa questão”, diz.


32

Já padre Raimundo aponta outro dano: “perde-se a unidade substancial do homem, pensado como um todo. Ele deixa de ser uma unidade entre corpo e alma e o sexo passa a ser visto como algo meramente físico, que se pode usar, manipular, ligado quase que somente à genitalidade. Esse movimento é perigoso justamente porque usa de técnicas que apresentam às pessoas a sexualidade apenas em vista de um prazer que se possa ter em benefício próprio, sem se dar conta de que a sexualidade caracteriza e forma a pessoa inteira”, afirma. Quando o homem perde sua identidade como macho e fêmea, como homem e mulher, quebra-se o vínculo que esse caráter tem para todos os âmbitos da vida. “Quebrando essa unidade, quebra-se também todos os outros valores que da sexualidade dependem: o matrimônio, a família, os vínculos sociais, pois se banalizam elementos essenciais para a constituição da pessoa e da sociedade. Colocando em dúvida a diferença sexual, colocase em risco todos os outros valores da vida humana que estão intimamente ligados a essa diferença”, ressalta o sacerdote.

Diferenças A doutora Lenise Garcia indica que deve ser feita uma distinção muito clara entre o respeito que cada pessoa humana merece – independente de toda e qualquer escolha que faça, devido à dignidade humana a qual todos têm direito – e a realidade de não se poder colocar em posição crítica em relação a determinados comportamentos. “Muitas vezes, não se faz essa distinção, como se a crítica ao comportamento fosse uma crítica à pessoa. É preciso se entender bem isso para não se fazer confusão nessa área”. O formador de casais da Comunidade Canção Nova, teólogo e diácono permanente, Paulo Roberto Oliveira Lourenço, lembra que as questões ligadas à sexualidade humana nunca podem estar desvinculadas das emoções e afetos humanos, que são próprios do sexo masculino e feminino. “A mulher tem a sua afetividade aflorada por emoções e o seu comportamento sexual sempre estará ligado à busca de um vínculo amoroso, o que não acontece com o homem, que tem características humanas mais voltadas ao prazer e as suas emoções são reservadas. Qualquer mudança que se queira fazer, com o argumento de que a sociedade pode construir um ‘gênero’ diferente, estará fadada ao fracasso da própria pessoa humana, pois os seus afetos não mudam. Podem se distorcer, o que acontece muito, gerando pessoas infelizes, emocionalmente desequilibradas, feridas na sua afetividade”, sublinha. Fonte: Canção Nova


33

Nota da CNBB sobre a inclusão da ideologia de gênero nos Planos de Educação

“Homem e mulher ele os criou” (Gn 1,27)

O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília, nos dias 16 a 18 de junho, manifesta seu reconhecimento pelo importante trabalho de elaboração dos Planos Estaduais e Municipais de Educação em desenvolvimento em todos os estados e municípios brasileiros para o próximo decênio. A proposta de universalização do ensino e o esforço de estabelecer a inclusão social como eixo orientador da educação merecem nosso apoio e consideração ao apontar para a construção de uma sociedade onde todas as pessoas sejam respeitadas. A tentativa de inclusão da ideologia de gênero nos Planos Estaduais e Municipais de Educação contraria o Plano Nacional de Educação, aprovado no ano passado pelo Congresso Nacional, que rejeitou tal expressão. Pretender que a identidade sexual seja uma construção eminentemente cultural, com a consequente escolha pessoal, como propõe a ideologia de gênero, não é caminho para combater a discriminação das pessoas por causa de sua orientação sexual. O pressuposto antropológico de uma visão integral do ser humano, fundamentada nos valores humanos e éticos, identidade histórica do povo brasileiro, é que deve nortear os Planos de Educação. A ideologia de gênero vai no caminho oposto e desconstrói o conceito de família, que tem seu fundamento na união estável entre homem e mulher. A introdução dessa ideologia na prática pedagógica das escolas trará consequências desastrosas para a vida das crianças e das famílias. O mais grave é que se quer introduzir esta proposta de forma silenciosa nos Planos Municipais de Educação, sem que os maiores interessados, que são os pais e educadores, tenham sido chamados para discuti-la. A ausência da sociedade civil na discussão sobre o modelo de educação a ser adotado fere o direito das famílias de definir as bases e as diretrizes da educação que desejam para seus filhos. A CNBB reafirma o compromisso da Igreja em se somar aos que combatem todo tipo de discriminação a fim de que tenhamos uma sociedade sempre mais fraterna e solidária. Confia que a sociedade e o Estado cumpram seu direito e dever de oferecer a toda pessoa os meios necessários para uma educação livre e autêntica (cf. CNBB - Doc. 47, n. 73). Reafirma também o papel insubstituível dos pais na educação de seus filhos e primeiros responsáveis por introduzilos na vida em sociedade. Agradecemos a tantos que têm se empenhado na defesa de uma educação de qualidade no Brasil, opondo-se até mesmo a excessos do Estado que, muitas vezes, se sobrepõe ao papel dos pais e da família. A estes exortamos a que, juntamente com educadores e associações de famílias, assumam sua tarefa de protagonistas na educação dos filhos. Que Deus inspire os legisladores na responsabilidade que têm nesse momento e anime os educadores na nobre e sublime tarefa de colaborar com os pais em sua missão de educar. Brasília, 18 de junho de 2015.


34

CNBB

Pré-lançamento do curso

A COMUNICAÇÃO NA AÇÃO EVANGELIZADORA

A

Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, em parceria com a Educação a Distância Século 21, realiza o pré-lançamento do curso “A Comunicação na Ação Evangelizadora – Aprofundamento do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil”, em que a revista Sou Catequista também está presente. O lançamento oficial do curso será no dia 16 de julho, durante o 9º Mutirão Brasileiro de Comunicação, em Vitória (ES). O pré-lançamento contou com a divulgação do hotsite com informações do curso, o www.rs21.com.br/pascom, e um vídeo do comunicador Pe. Agnaldo José explicando alguns detalhes do curso. A revista Sou Catequista tem o orgulho de fazer parte desse projeto, sendo a responsável pelo módulo 7, Comunicação na Catequese.

O curso Elaboradas com base no Documento 99 da CNBB, o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, as aulas do curso ampliam o entendimento sobre o conteúdo apresentado nas mais de 180 páginas do livro. As aulas foram gravadas por especialistas em comunicação, catequese e Igreja, como o Pe. José Alem, a presidente do projeto Pequeninos do Senhor, Rachel Abdalla, a Irmã Élide Fogolari, o Pe. Clóvis Andrade de Melo; os jornalistas Everton Barbosa e Ir. Diego Joaquim,C.Ss.R;


35

a Doutora em Teologia, Irmã Vera Ivanise Bombonatto,fsp; a Doutora em Comunicação, Rosane da Silva Borges; e outros convidados comunicadores do Brasil.

Público-alvo e conteúdo O curso é indicado para agentes da Pastoral da Comunicação; funcionários de TVs, rádios, revistas, jornais, webtvs, webrádios; bispos, padres e religiosos; pesquisadores, membros de comunidades e leigos que trabalham em qualquer tipo de pastoral que utiliza os meios de comunicação. No site de pré-lançamento é possível realizar o cadastro para receber informações exclusivas sobre o curso, além de vídeos e infográficos sobre o tema. O curso terá carga horária de 120 horas, com conteúdo multimídia dividido em nove módulos:

1. A comunicação numa perspectiva global; 2. Apresentação geral do Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil; 3. Fundamentação bíblico-teológica da comunicação; 4. Espiritualidade do comunicador; 5. Pastoral digital: a evangelização na web; 6. Comunicação na Liturgia: comunicar bem para celebrar bem; 7. Comunicação na Catequese; 8. Práticas educomunicativas nos seus vários âmbitos; 9. Pastoral da Comunicação: fundamentos e práticas.

Certificação Após conclusão de todos os módulos, o aluno receberá o certificado de conclusão com Extensão Universitária pelo Centro Universitário Claretiano.




38

CATEQUESE INFANTIL

Falar de Deus aos pequeninos desde a concepção Como fazer essa caminhada cristã enquanto a criança está sendo gerada? por Rachel Abdalla


39


40

É

muito importante caminhar lado a lado com Jesus para o crescimento da fé, desde pequenino, e é no dia a dia que as crianças aprendem os valores cristãos e desenvolvem a sua fé na pessoa de Jesus Cristo, por meio dos exemplos que observam de seus pais e orientadores. Os sete primeiros anos de vida se tratam de uma fase fundamental da existência humana e são considerados o momento mais importante da formação do caráter, da personalidade, da afetividade e dos valores; momento em que a formação psicológica da criança é desenvolvida e todas as suas experiências vividas até então serão assimiladas e servirão de base para suas condutas durante o resto da vida. Mas, como fazer essa caminhada cristã enquanto a criança está sendo gerada?

Tudo começa desde a concepção! O bebê está sendo formado nas entranhas de sua mãe, ou seja, no mais íntimo do seu ser, onde reside o Sopro Divino do amor, que está gerando essa nova vida. Nesse tempo de formação, a mãe é responsável pelo desenvolvimento não só físico do seu bebê, alimentando-se adequadamente para que ele seja nutrido; mas, é responsável, também, pela nutrição emocional e espiritual que se inicia nesse tempo. A fé é algo que transcende o entendimento, mas que pode ser sentida e vivenciada desde a concepção do ser humano, pois a criatura é fruto do Criador e, portanto, fala e compreende a mesma linguagem. Por isso, rezar todos os dias para que o bebê ouça a voz de sua mãe e o seu louvor a Deus faz com que ele também louve o Senhor por seu intermédio.


41

A mamãe deve conversar com o seu bebê, contar a ele tudo o que vê, com os olhos e com o coração, sobre as maravilhas feitas pelo Criador, como a beleza da natureza e sua diversidade, o encanto das cores e das sensações físicas como o frio e o calor, o encanto da chuva que cai do céu e das nuvens que lá se formam e, principalmente, falar do amor de Deus e do amor que sente pelo seu bebê e o quanto ele é esperado. O bebê vai conhecer o mundo, primeiramente, pelas sensações captadas no seio de sua mãe, pelo tom e ênfase de sua voz e de sua fala, e principalmente por meio da sua emoção. Essa percepção vai crescer com ele, e isso fará com que, durante a sua vida, ao vir à luz e quando tiver consciência de seus atos, ele acredite naquilo que não pode ver e que de fato existe, porque aprendeu a ter fé, a esperar para ver o que ainda não é visível aos olhos, mas que já pode ser sentido no coração. E esse exercício de fé deve ser continuado após o nascimento, mantendo o vínculo entre mãe, filho e Deus, no dia a dia, para que se torne parte da vida, do desenvolvimento e do amadurecimento da própria fé.

Os sete primeiros anos de

vida se tratam de uma fase fundamental da existência

humana e são considerados o momento mais importante

da formação do caráter, da

personalidade, da afetividade e dos valores; momento em que a

formação psicológica da criança é desenvolvida e todas as suas experiências vividas até então

serão assimiladas e servirão de

base para suas condutas durante o resto da vida.

Dica de leitura de expansão do tema: goo.gl/jBx5Km

Rachel Abdalla Fundadora e Presidente da Associação Católica Pequeninos do Senhor; Pós-graduanda em Catequese - UNISAL Pio XI - 2013-2015; Membro da Equipe de Trabalho do Ambiente Virtual de Formação da Arquidiocese de Campinas; Autora de Artigos de Orientação Catequética; Formada pela Escola de Formação Teológico-Pastoral Imaculada Conceição, da Arquidiocese de Campinas (2009-2010).


CATEQUESE INCLUSIVA

42

O catequizando com

SÍNDROME DE DOWN na catequese

“IDE, POIS, FAZER DISCÍPULOS MEUS ENTRE TODAS AS NAÇÕES”. (MT 28,19) por ThaÍs Rufatto dos Santos


43


44

N

o livro Catequese inclusiva – Da acolhida na comunidade à vivência da fé, publicado pela Paulinas Editora, nas páginas 79 e 80, está abordado a didática que o catequista deve utilizar com o catequizando com síndrome de Down e como ele assimila os encontros e qual a metodologia que o catequista deve utilizar para que essa evangelização de qualidade aconteça por meio de exemplos concretos que façam parte do cotidiano dos catequizandos. Neste artigo, apresento a identidade da pessoa com síndrome de Down diante de Jesus, incluída na sala de encontro de catequese. Quem é esse catequizando que reflete a imagem do rosto de Cristo, excluído de nossa sociedade? Como ele irá assimilar os conteúdos? Como será o dia da sua Primeira Eucaristia?

Catequese inclusiva Da acolhida na comunidade à vivência da fé goo.gl/knAQEh

É pela relação concreta com o catequista que se localizam os elementos que possibilitam as ações evangelizadoras de forma mais acertadas, e não somente no catequizando ou na família. O sentido da evangelização consiste no amor e no respeito ao outro, na acolhida que busca favorecer o crescimento pessoal, espiritual e desenvolvimento do outro. Para o catequista, ter acesso a outros profissionais, como fonoaudiólogos, psicopedagogos e professores, profissionais envolvidos no desenvolvimento desses catequizandos, traz contribuições significativas para suas ações na sala de encontros da catequese. Essas informações adquiridas com tais profissionais apontam para um planejamento adequado quanto à preparação dos encontros e referem-se também à formação dos catequistas por meio de palestras, seminários e congressos catequéticos voltados ao tema de catequese inclusiva.


45

Colegas da catequese O próximo passo, não menos importante, é preparar a turma para receber esse catequizando. Antes de ele chegar, a turma deve ser esclarecida a respeito de sua deficiência e como todos podem se ajudar mutuamente. É de extrema importância que o catequista crie um clima de expectativas positivas com relação às possibilidades de aprendizagem desse catequizando e agrupá-los desde o primeiro dia do encontro. Ainda que as necessidades específicas de cada catequizando possam redundar em adaptações necessárias das atividades realizadas em sala de aula, o mais importante é torná-los cientes da diversidade mas, também, das possibilidades de crescimento individual e coletivo em razão dessas diferenças.

É pela relação concreta com o catequista que se localizam os elementos que possibilitam as ações evangelizadoras de forma mais acertadas, e não somente no catequizando ou na família. O sentido da evangelização consiste no amor e no respeito ao outro, na acolhida que busca favorecer o crescimento pessoal, espiritual e desenvolvimento do outro.

O que esse catequizando aprender no ambiente catequético, levará para o resto da sua vida. Diante dessa responsabilidade, é tarefa do catequista, incentivar e estimular a família dele catequizando para não desistir de levá-lo à catequese. O porta-voz de Deus é o catequista nessa missão de evangelizar, é o profeta que Deus escolheu para que a sua palavra chegue aos corações destas pessoas e suas família (Jr 1,5): “Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia, antes do teu nascimento , eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações”. “Antes do seu nascimento eu já havia lhe designado profeta das nações”. “A quem eu te enviar, irás”(Jr 1,5-7b).


46


47

O que é a síndrome de Down? A síndrome de Down é um distúrbio genético que ocorre durante a divisão celular do embrião. Esse distúrbio ocorre, em média, em 1 a cada 800 nascimentos. É uma síndrome que atinge todas as etnias. É diagnosticada logo após o nascimento, pelo médico pediatra que analisa no bebê as características fenotípicas comuns à síndrome. A confirmação da síndrome é dada por meio de uma análise citogenética. Não existem graus da síndrome de Down. O ambiente familiar com estímulos, a educação e a cultura em que essa criança está inserida influenciam muito o seu desenvolvimento, proporcionando a ela as mesmas condições de vida de uma criança comum no que se refere ao desenvolvimento. Alguns exames feitos pela gestante no pré-natal também identificam se o bebê terá ou não este distúrbio genético.

O que é a síndrome de Down?


48

Descoberta A síndrome de Down foi descrita pelo médico inglês John Langdon Down, em 1866. Em 1959, Jerôme Lejeune descobriu que a causa da síndrome era genética.

Como ocorre a Síndrome Em uma célula da espécie humana existem 46 cromossomos divididos em 23 pares. A pessoa que tem síndrome de Down possui 47 cromossomos, sendo que o cromossomo extra é ligado ao par 21. Esse distúrbio genético pode se apresentar das seguintes formas:

Trissomia 21 padrão Cariótipo 47XX ou 47XY (+21). O indivíduo apresenta 47 cromossomos em todas as suas células, tendo no par 21 três cromossomos. Ocorre aproximadamente em 95% dos casos.

Trissomia por translocação Cariótipo 46XX (t14;21) ou 46XY (t14; 21). O indivíduo apresenta 46 cromossomos e o cromossomo 21 extra se adere a outro par, geralmente o 14. Ocorre aproximadamente em 3% dos casos.

Mosaico Cariótipo 46XX/47XX ou 46XY/47XY (+21). O indivíduo apresenta células normais (46 cromossomos) e células trissômicas (47 cromossomos). Ocorre aproximadamente em 2% dos casos.


49

Alguns exames que a diagnosticam Amniocentese: consiste na coleta de líquido amniótico que é observado em uma análise cromossômica. O líquido amniótico é retirado por aspiração com uma agulha inserida na parede abdominal até o útero. Dosagem de alfafetoproteína materna: foi observado que o nível baixo de alfafetoproteína no sangue materno indica desordens cromossômicas, principalmente no que refere à síndrome de Down.

Características da síndrome de Down Algumas características físicas são: espaço excessivo entre o hálux e o segundo dedo do pé, pontos brancos nas íris conhecidos como manchas de Brushfield, olhos amendoados, dedos curtos, fissuras palpebrais oblíquas, prega palmar transversal única, problemas cardíacos congênitos, ponte nasal achatada, língua protrusa, pescoço curto e flexibilidade excessiva nas articulações. A aprendizagem deve ser realizada de maneira repetitiva.

Thaís Rufatto dos Santos Thaís Rufatto dos Santos é Pedagoga, Psicopedagoga, Pós Graduada em Educação Especial, Consultora em Educação Inclusiva. Coordenou a Pastoral da Pessoa com Deficiência, na Diocese de Santo Amaro - SP. É autora de livros voltados à Catequese Inclusiva. Ministra palestras em Paróquias e Dioceses. Contato: thaisrdossantos@gmail.com


50

ROTEIROS CATEQUÉTICOS

PARTE IV

Resgatando o assunto dos ritos e celebrações na catequese que iniciamos na 7ª edição da revista e demos sequência nas duas últimas publicações, vamos tratar da celebração e entrega do pai-nosso. por Ângela Rocha


51


52

CELEBRAÇÃO DE ENTREGA DO PAI-NOSSO SÍMBOLO: preparar a oração do Pai-Nosso no formato “pergaminho” ou qualquer outra forma criativa; pode também colar uma estampa ou medalha com Jesus junto ao texto do pergaminho.

Antes, um pequeno lembrete... Qualquer rito de entrega que se faça encerra ou marca uma etapa da catequese, não necessariamente um período/ano, mas uma fase de conteúdos, por exemplo, que fala sobre as principais fórmulas de oração. Não é preciso que se faça, obrigatoriamente, uma “entrega” vinculada a esse ou àquele “ano” de catequese. Os ritos e celebrações devem ter ligação íntima com o conteúdo abordado na catequese, ou seja, celebra-se um “acontecimento” especial. A Entrega do Pai-nosso ou Festa do Pai-nosso deve encerrar um período em que se trabalhe a oração do Senhor com os catequizandos e também de um encontro com os pais/ responsáveis a respeito das orações ou dessa oração em especial.

Entrega da oração do Senhor aos catequizandos do Santuário Nossa Senhora Aparecida, em Londrina


53

Quando fazer a Entrega do Pai-nosso? Ao longo da catequese, em todos os encontros, trabalhamos a oração com as crianças, ensinamos a orar e a “conversar” com Deus. Esta é uma das finalidades da catequese e, normalmente, as crianças estão maduras para entender a importância da oração que Jesus nos ensinou, no segundo ano da catequese. Ainda assim, é importante que se faça uma prévia explanação da entrega do símbolo às crianças e da importância de “mostrar” à comunidade que elas já sabem orar e estão mais amigas e “íntimas” do Senhor. Não se faz, de forma alguma, uma celebração vazia de significado, em que os catequizandos, pais e a comunidade participam sem se envolver de forma mistagógica na celebração. Esse é o sentido da entrega dos símbolos: despertar os catequizandos para o mistério da fé, fazê-los vivenciar os conteúdos aprendidos na catequese. Que se faça “festa”, sim, mas que não se peque por exageros e excessos, comprometendo o ritual da missa e a liturgia.

Por que o Pai-Nosso é a oração perfeita?


54

Ambiente: • Velas, flores, cartaz com a frase “FESTA DO PAI-NOSSO”. • Preparar um local para colocar as simbologias citadas: bandeja com os pergaminhos.

Orientações: • Esta celebração deve ser realizada preferencialmente na missa, com a assembleia paroquial reunida, utilizando as leituras do dia (quando for possível fazer a celebração no domingo com a leitura apropriada, Mt 6,9-13 ou Lc 11,2-4. Em alguns anos não se tem estas leituras no domingo). • Aproveitar momentos como a entrada da Palavra e o Ofertório para envolver os pais dos catequizandos.

“Qualquer rito de entrega que se faça encerra ou marca uma etapa da catequese, não necessariamente um período/ano, mas uma fase de conteúdos, por exemplo, que fala sobre as principais fórmulas de oração. Não é preciso que se faça, obrigatoriamente, uma “entrega” vinculada a esse ou àquele “ano” de catequese. Os ritos e celebrações devem ter ligação íntima com o conteúdo abordado na catequese, ou seja, celebra-se um “acontecimento” especial.”


55

RITOS INICIAIS: Comentarista (sugestão): A nossa comunidade paroquial hoje está em festa porque os nossos catequizandos vão receber a oração do Pai-Nosso. Eles foram aprendendo ao longo deste ano que Deus é um Pai maravilhoso, que nos dá a vida e tudo faz para o nosso bem. Com Jesus, aprenderam a tratá-Lo por Pai do Céu. Jesus chama Deus de “Abba”, que quer dizer “Paizinho”. Jesus quer nos mostrar que nós também podemos ter essa intimidade com Deus. Ele é o nosso “paizinho”. Nossos catequizandos sabem que, pelo Batismo, fazemos parte da família dos filhos de Deus – a Igreja. E esta família está hoje aqui reunida. Convidamos a todos, então, a louvar o nosso pai do Céu nesta nossa celebração. (Entram duas crianças com o cartaz FESTA DO PAI-NOSSO, ladeadas por duas velas e um ramo de flores que são colocados em lugar de destaque. Enquanto entram pelo corredor central, alguém lê o texto de Lucas 11, 2-4, como se fosse Jesus falando. O leitor do texto pode ficar escondido. Após a proclamação, canta-se o canto de entrada).

Ele lhes disse: “Quando vocês orarem, digam: “Pai! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3 Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano. 4 Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os que nos devem. E não nos deixes cair em tentação”.


56

ENTREGA DO PAI-NOSSO (Antes da oração no início do rito da comunhão) Os catequistas ficam à frente, com os pergaminhos.

Presidente: Neste momento, vocês, queridos catequizandos, vão receber a oração do pai-nosso, para rezá-la todos os dias, para sentirem confiança no amor de Deus por vocês. Convidamos os pais ou responsáveis a vir buscar a oração com os catequistas e entregá-la a seus filhos dizendo: “Recebe o pai-nosso, a oração que Jesus nos ensinou. Reze-a todos dos dias em sinal do amor ao Pai do céu”. Outra opção, dependendo do número de catequizandos, é o presidente da celebração fazer a entrega da oração, significando o próprio Cristo fazendo a entrega. A seguir, o presidente motiva para a oração do Pai-Nosso no rito oficial, que pode ser cantada desde que seja a oração correta, na íntegra. E procede-se à continuação da celebração conforme a liturgia. FONTES: MENON, Regina Fátima de Mesquita. Itinerário Celebrativo para Iniciação Cristã de Crianças e Adolescentes. Curitiba: Editora Arquidiocesana, 2010. SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. RICA – Ritual da Iniciação Cristã de Adultos. São Paulo: Paulinas, 2003. **Os roteiros aqui sugeridos foram adaptados do livro Itinerário celebrativo para a iniciação cristã – Crianças e Adolescentes, publicado pela Editora Arquidiocesana de Curitiba – Paraná.

Ângela Rocha Catequista e formadora na Paróquia N. Sra. Rainha dos Apóstolos em Londrina-PR. Especialista em catequética pela FAVI, Curitiba-PR. Administradora do grupo Catequistas em Formação.



COORDENAÇÃO CATEQUÉTICA

58

O ministério de

coordenação catequética

A catequese, como ministério, exige uma interpretação diferente da que estamos habituados a fazer sobre esse serviço

por Flávio Veloso


59

A

expressão “ministério da catequese” traz consigo uma profunda concepção no modo de realizar a educação na fé das crianças, adolescentes, jovens e adultos. Ministério porque não é um serviço qualquer, mas um serviço especializado, com pessoas preparadas e maduras na fé que compreendem essa ação como missão. Compreender a catequese como ministério implica o catequista como ministro da catequese. A catequese, como ministério, exige uma interpretação diferente da que estamos habituados a fazer sobre esse serviço, relativamente ao método, conteúdo e ambientes onde ele tradicionalmente é ministrado. O modelo pedagógico do proceder catequético que dá identidade ao catequista é Jesus Cristo “que, a partir da convivência com as pessoas, deu continuidade ao processo pedagógico do Pai” (cf. DNC, 2005, nº 140 e Documento de Aparecida, 2008, nº 292).

Contextualizando: saiba o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre os ministérios goo.gl/TIUx64

O acolhimento aos pequenos, o anúncio e prática do Reino de Deus, o convite amoroso para viver a fé, o envio em missão, o compromisso de assumir a radicalidade do amor, a atenção às necessidades, a conversa simples e a firmeza nas posições são marcas da ação de Jesus que pedem um esforço incessante em assumi-las como atitudes próprias. Nesse sentido, quanto mais o espaço catequético possibilitar a experiência de Jesus, maior será a aproximação do catequista com a pedagogia divina. Por isso, cumpre estabelecer relações afetivas em que o catequista seja mais catequista do que professor (Cf. NUCAM, 2010, p.35), que não haja aluno, mas um catequizando; que se oportunize mais experiência do que informações ‘conteudistas’ (cf. Doc. de Aparecida, 2007, nº 299 e 300) – sem menosprezar o conhecimento da fé. Documento de Aparecida goo.gl/PC3d0W


60

“Como vou entender, se ninguém me explica?”, respondeu o eunuco ao ser questionado sobre os mistérios de Deus (At 8,30-31). Nesse espaço, o catequizando faz mais a experiência comunitária e eclesial do que o cumprimento de um calendário de encontros ou recitação de doutrinas (cf. Doc. de Aparecida, 2007, nº 298). Do ambiente comunitário experimentado na catequese, as unidades têm a oportunidade de ser lugares de ampliação de uma experiência de fé comunitária e eclesial. De alguma forma, a experiência de catequese numa unidade marista não deixa de ser uma “pequena comunidade”, ”que favorecerá o espaço privilegiado para a Nova Evangelização e para chegar a que os batizados vivam como autênticos discípulos e missionários de Cristo” (Doc. de Aparecida, 2007, nº 310). Esse mesmo Documento, no nº 307, afirma que “a pequena comunidade” participa da paróquia, “comunidade de comunidades” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, 2011, nº 99).

Diretório Geral da Catequese (DGC) goo.gl/470646

A finalidade da atividade catequética é “aprofundar o primeiro anúncio do Evangelho: levar o catequizando a conhecer, acolher, celebrar e vivenciar o mistério de Deus, manifestado em Jesus Cristo, que nos revela o Pai e nos envia o Espírito Santo. Conduz à entrega do coração a Deus, à comunhão com a Igreja, corpo de Cristo (cf. DGC, nº 80-81; Catecismo da Igreja Católica, nº 426-429), e à participação em sua missão” (DNC, nº 43).

A catequese visa a contribuir na formação integral, supera as fragmentações e abre caminhos para a participação efetiva na vida da Igreja por meio de pequenas comunidades dentro de nossas unidades. A metodologia na catequese é de fundamental importância para não acontecer que a ação de educação na fé seja feita de qualquer jeito e para dar a devida importância ao que se tem de mais valioso, para que não seja “lançado fora como pérolas aos porcos” (Mt 7, 6). A matéria-prima do anúncio evangelizador é muito preciosa e merece ser cuidada. Destina-se a todas as pessoas, mas poucos compreendem, porque é preciso ser “pequenino e simples de coração” (Mt 11,25) e ter a atitude de subir e sentar-se junto de, como fez Filipe (cf. At 8,31). Superar a improvisação no exercício do Ministério catequético é dar espaço para que o Espírito Santo atue por meio do catequista, pois é Ele o “princípio inspirador de toda a obra catequética” (DNC, 2005, nº 142). Por ser uma atividade de educação na fé, impreterivelmente, precisa-se de método adequado para garantir que seja trilhado o caminho de Jesus (cf. Mt 16,24; Lc 9,23; Jo 14,6) de um jeito que não seja contrário ao nosso discurso, pois “o uso de um bom método garante a fidelidade ao conteúdo” (DNC, 2005, nº 153).


61

A expressão “ministério da catequese” traz consigo uma profunda concepção no modo de realizar a educação na fé das crianças, adolescentes, jovens e adultos. Ministério porque não é um serviço qualquer, mas um serviço especializado, com pessoas preparadas e maduras na fé que compreendem essa ação como missão.

O princípio metodológico é o da interação fé e vida, perpassando todo o conteúdo da catequese. Isso quer dizer que o modo de organizar o processo catequético não se baseia mais nos “tradicionais planos de aulas, mas através de um roteiro de atividades evangélico-transformadoras. É um itinerário educativo, que vai além da simples transmissão de conteúdos doutrinais. Os métodos, os materiais de estudo, os manuais e os roteiros contemplam um processo participativo de acesso às Sagradas Escrituras, à liturgia, à doutrina da Igreja, à inserção na vida da comunidade eclesial e a experiências de intimidade com Deus” (DNC, 2005, nº 152 citando o documento Catequese Renovada (CR), nº 135-136 e 157-158; textos e Manuais de Catequese (TM), nº 125-136 e 189-195). Por fim, em um processo de catequese requer-se um estado permanente de formação para uma maior coerência da prática da fé na vida. A formação continuada é condição para que se responda adequadamente às necessidades que a realidade apresenta, garantindo a fidelidade à mensagem do Evangelho. Nesse sentido, destaca-se a importância do testemunho de vida, sendo este um elemento primordial.

Implementação do Processo Catecumenal


62

É o catequista quem anima e vitaliza todo o conjunto catequético. Podemos ter o mais belo conjunto catequético e a melhor das intenções, mas se não tivermos catequistas vocacionados, competentes e dedicados, não se chega a lugar algum (cf. DNC, n. 172). Não só a catequese, mas “qualquer atividade pastoral que não conte, para a sua realização, com pessoas realmente formadas e preparadas, coloca em risco a sua qualidade” (DNC, n. 252; cf. DGC, n. 234). O catequista presta aquele serviço que concretiza e atua a dimensão catequética da Igreja. Toda a Igreja é ministerial. Na sua totalidade, a Igreja atua a totalidade da missão. E essa totalidade é diversificada, isto é, não se realiza por uma única atividade e por um único serviço. A catequese é um desses serviços diversificados e específicos da Igreja. A catequese “faz parte do ministério da Palavra” (CR, n. 72; DNC, n. 245);

Contextualizando: Inês Broshuis explica a Catequese Renovada (parte 01)

A catequese não é qualquer atividade, mas uma atividade “tarefa primordial” (CT n. 1); “ligada a toda a vida da igreja” (CT, n. 13): “tarefa verdadeiramente primordial de sua missão” (CT, n. 15): “serviço essencial e insubstituível” (DNC, n. 234; DGC, n. 219); “confiada em, primeiro lugar a toda comunidade cristã” (CR, n. 144; SD, n. 25; DNC, nn. 174-175). Portanto, dessa atividade participam de forma diversificada todos os membros da Igreja.


63

Na atividade do catequista, a Igreja atua a dimensão catequética de sua missão. Daí que essa atividade não é puramente individual, mas se realiza em nome da Igreja (Cf. DNC, n. 259). A catequese, como a evangelização, é um ato eclesial (EN, n. 60; SD, n. 23; DNC, n. 233). “A catequista é, de certo modo, intérprete da Igreja junto aos catequizandos” (CR, n. 145; cf. DNC, n. 39). “O catequista não prega a si mesmo. Ele é um profeta, pois faz ecoar a Palavra de Deus na comunidade, tornando-a compreensível” (DNC, n. 27). A catequese é em primeiro lugar uma ação eclesial, faz parte do ministério da Palavra e o catequista é um porta-voz da comunidade, um autêntico profeta (cf. DNC, n, 39). “Quando catequiza, ela o faz em nome de Deus e da comunidade profética, em comunhão com os pastores da Igreja” (CR, n. 146; cf. Puebla, nn. 994. 995). A dimensão catequética ressoa no catequista. A catequese, como a liturgia e toda a ação pastoral, é ato de Cristo e da Igreja, assistido pelo Espírito Santo, por meio do ministério do catequista (cf. DNC, n. 142).

É o catequista quem anima e vitaliza todo o conjunto catequético. Podemos ter o mais belo conjunto catequético e a melhor das intenções, mas se não tivermos catequistas vocacionados, competentes e dedicados, não se chega a lugar algum (cf. DNC, n. 172).

Na base da atuação da missão está o testemunho (SD, n. 33). O testemunho antecede a Palavra oferecida e confirma-a. O fundamento do testemunho é Jesus Cristo: a experiência do Senhor crucificado e ressuscitado na vida da comunidade. Não deve o catequista negar aos catequizandos a palavra evangélica: se o catequista ainda não realiza essa Palavra, e ninguém a realiza totalmente, Cristo já a realizou. Contudo, aquele que anuncia deve conformar-se com a Palavra e deixar-se fazer por ela, em contínua audição e conversão. O catequista deixa-se catequizar no ato de catequizar, como aquele que evangeliza se evangeliza a si mesmo (cf. EN, nn. 15; 24).


64

O que se diz a respeito à evangelização aplica-se à catequese, por estar a catequese intimamente ligada à evangelização: “O testemunho é a proclamação silenciosa... o gesto inicial da evangelização” (EN n. 21); “primeiro ato da evangelização” (EN n. 41) e, consequentemente, gesto inicial e primeiro ato da catequese. O catequista é testemunha e mestre. Sua atividade não é apenas magistério, no sentido escolar, mas é, sobretudo, ministério. Se o magistério exige capacitação e habilitação, o ministério exige, antes de mais nada, vivência cristã capaz de constituir o sinal-testemunho. Não só vemos, ouvimos e sabemos o que anunciamos, mas “disso somos testemunhas”, isto é, experimentamos (Cf. Jo 1,1-4; At 1,21-22; CR, nn. 147-50). Vivência cristã aliada a uma sólida formação pessoal, comunitária, social e espiritual (cf. DNC, n. 277d). O catequista precisa deixar-se catequizar no próprio ato de fazer catequese. Não basta apenas boa vontade, zelo e tempo disponível (cf. DNC, n. 270). Ao testemunho, segue-se a “proclamação viva da Palavra e a orientação para a vivência comunitária da fé” (cf. EN, nn. 41;42). O catequista é testemunha silenciosa, imagem viva e ativa da vida cristã. Mas é igualmente atleta da Palavra de Deus. E como atleta da Palavra, exige-se constante preparação, tanto ao que diz respeito ao conteúdo, quanto ao que diz respeito aos métodos, pedagogia, etc. (Cf. DNC, Cap. VII. 3). A catequese, como toda atividade da Igreja, é uma atividade pessoal e colegiada. Atividade da pessoa, em comunhão com a comunidade toda e com a comunidade ministerial. Os catequistas formam uma comunidade catequética, ou seja, uma equipe dos que tem a mesma vocação e prestam um serviço comum. Não pode estar cada um por si, isolado de seu grupo. “O grupo de catequistas expressa mais visivelmente o caráter comunitário da tarefa catequética” (CR, n. 151; cf. DNC, n. 176). O catequista deve “viver sua experiência cristã e sua missão dentro de um grupo de catequistas, que dará continuidade à formação e oferecerá oportunidades para a oração comum e reflexão, a avaliação das tarefas realizadas, o planejamento e preparação dos trabalhos futuros. Assim o grupo de catequistas expressa mais visivelmente o caráter comunitário da tarefa catequética” (CR, n. 151; DNC, n. 176).

A catequese visa a contribuir na formação integral, supera as fragmentações e abre caminhos para a participação efetiva na vida da Igreja por meio de pequenas comunidades dentro de nossas unidades.


65

O ministério catequético é colegiado. E para que isso aconteça é preciso haver instrumentos adequados que concretizem a colegialidade. Um ministério colegiado não pode acontecer de forma puramente espontânea. Exigem-se reuniões (e dinâmicas de grupo para aproveitamento delas), encontros para estudo, reflexão, oração, planejamento, mútua ajuda. Sem levar a sério as reuniões, não é possível desenvolver-se o ministério catequético colegiado e, com isso a catequese perde. Por isso, quem não tem tempo disponível para reuniões, estudo, etc. não pode exercer o ministério catequético, pois, assim, ele pode ser reduzido a simples encontros de formação dos catequizandos.

Além dessas reuniões ordinárias (planejadas), para o acompanhamento da catequese devem-se programar encontros maiores de formação e espiritualidade. O ideal seria que esses encontros fossem abertos para todos os familiares dos catequistas e outros membros da comunidade. Isso porque o ministério catequético pode trazer problemas de relacionamento dentro da família do catequista, principalmente quando nem todos os membros de sua família são participantes da comunidade.


66

Além do mais, é profundamente saudável para a catequese em geral a participação dos catequistas em encontros e atividades fora da paróquia, como encontros diocesanos, regionais, etc. Quanto maior for a universalidade da experiência catequética, mais aparecem sua eclesialidade e suas riquezas. A pessoa para exercer o ministério catequético precisa ser iniciada, não só à comunidade catequética, mas à vida de toda comunidade a que pertence sua catequese. Isso não é busca de perfeccionismo, mas é apenas questão de coerência. Daí que a origem da vocação catequética é a mesa eucarística da comunidade. Não basta ter vontade, tempo disponível, capacitação técnica para ser catequista. É preciso o hábito da Eucaristia, cume e fonte de toda a vida da Igreja (SC, n. 10; EN, n. 76). O lugar do catequista na comunidade não pode estar vazio, principalmente seu espaço na comunidade eucarística (cf. DNC, n. 259). E como seu ministério é de iniciação à vida da comunidade, não seria coerente se o catequista faltasse com sua participação e carecesse de informações sobre a comunidade. Leitura recomendada: A figura do catequista goo.gl/1ZP12n

REFERÊNCIAS: CT = Catechesi Tradendae (A Catequese Hoje) CR = Catequese Renovada DNC = Diretório Nacional de Catequese DGC = Diretório Geral de Catequese SD = Santo Domingo EN = Evangelii Nuntiandi SC = Sacrossanctum Concilium

Flávio Veloso É formado em Filosofia (Cearp – Centro de Estudos da Arquidiocese de Ribeirão Preto), estuda Pedagogia (Uniseb-COC) e é encarregado da Livraria Paulus de Ribeirão Preto, SP.



68

FAMÍLIA E CATEQUESE

UMA REFLEXÃO SOBRE OS 53 ANOS DO CONCÍLIO VATICANO II E SUAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA A evolução tecnológica e os novos instrumentos de comunicação social têm influenciado fortemente a vivência dos valores evangélicos por Marlei Correia


69

N

este ano a Igreja celebra 50 anos da realização do Concílio Vaticano II. Ele aconteceu entre os anos de 1962 e 1965, situando-se como um marco na história da Igreja, um evento divisor de águas, que simbolizou a ruptura do Concílio de Trento. Dentre os diversos objetivos do Concílio, o maior deles foi a modernização da Igreja, que em seus moldes tradicionais vinha enfrentando dificuldades para atrair os cristãos católicos do mundo contemporâneo. As discussões geraram 16 encíclicas, dentre declarações, constituições e decretos, que abrangeram diversos temas pastorais e teológicos. Em algumas delas apresenta-se a preocupação da Igreja com a família e a forma com que se disseminam os valores cristãos no seio familiar.


70

Gaudium et Spes goo.gl/B83VWM

A Declaração Gaudium et Spes (A Igreja no mundo de hoje) propõe que reflitamos sobre as novas formas de escravidão social e psíquica presentes na sociedade. Diante disso, podemos nos questionar a partir da seguinte pergunta: somos escravos de quê? Se pararmos para analisar, veremos que as famílias, não da década de 1960, porque as discussões conciliares se estendem aos dias atuais, enfrentam diversas formas de escravidão e nem sempre se dão conta disso. A evolução tecnológica e os novos instrumentos de comunicação social têm influenciado fortemente a vivência dos valores evangélicos nas famílias e isso tem criado uma mudança de mentalidade. Os reflexos dessa nova mentalidade, dessa distorção de valores, voltam a ser uma enorme preocupação para a Igreja, sobretudo na catequese, em que os catequistas observam de perto essa transformação, cujos reflexos são sentidos em suas turmas. Há também outras formas de escravidão, como as drogas, o alcoolismo, a violência, o individualismo, o pecado... Dados levantados em 2011 sobre o número de jovens viciados em drogas e álcool goo.gl/doSRpT


71

Que a família vive uma crise de valores já sabemos, a questão geradora é a falta de adesão a Cristo; no Discurso de Aparecida, em 2006, entra em pauta a questão do seguimento a Jesus Cristo e o tornar-se discípulos missionários. Percebe-se que as famílias já não rezam mais, ir à missa juntos se tornou um programa sem importância, ou então uma obrigação necessária durante o tempo em que os filhos estão fazendo a caminhada catequética. Recebido o sacramento, não voltam mais para a igreja ou se tornam católicos turistas, que participam conforme lhes é conveniente. Em casa, vemos que a grande maioria das famílias já não prioriza a refeição juntos, ao redor mesa, dialogando. Nessa perspectiva, observamos a importância do diálogo, tão raro nos dias atuais. Frequentemente ouvimos relatos de pais e filhos, do isolamento que acontece em casa. Escravos da tecnologia, cada um em um ambiente diferente da casa, com seus tablets, seus notebooks, seus celulares, suas televisões... A família de hoje já não se comunica mais. Os filhos estão crescendo sem um referencial religioso, levando-se em conta que os pais são os primeiros educadores, aqueles que devem ensinar os primeiros rudimentos da fé. A importância da família, descrita na letra de “Tua Família”, música da banda católica “Anjos de Resgate”


72

No entanto, as crianças vão para a catequese da Primeira Eucaristia sem saber quase nada e alguns, segundo relatos de catequistas, não sabem ao menos fazer o sinal da cruz. Por outro lado, toda essa ausência paterna e materna vem sendo facilmente substituída por presentes, porém, isso não significa que seja suprida. Nesse sentido, vê-se que muitos pais não se dão conta da dimensão de seu papel na educação da fé de seus filhos. Evidencia-se que essa ausência de testemunho dos pais para com os filhos foi pauta do Concílio Vaticano II há 53 anos, quando a Igreja lançou um olhar reflexivo sobre as mudanças no mundo e o progresso que afeta as famílias negativamente. Esses desequilíbrios do mundo contemporâneo estão levando as pessoas para longe da liturgia, dos sacramentos e, consequentemente, para longe de Deus. Segundo a Declaração Gaudium et Spes, essa evolução rápida e desordenada das coisas, tem feito com que “... o mundo moderno se apresente ao mesmo tempo poderoso e débil, capaz de realizar o ótimo e o péssimo, abre o caminho da liberdade e o da escravidão, do progresso e do regresso, da fraternidade e do ódio” (nº 229). Por isso “pais e educadores sentem cada dia mais dificuldades no cumprimento de seus deveres” (nº 149), cujas condutas avessas aos valores pregados por Jesus fazem surgir novas formas de pensar que influenciam também a vida religiosa dos filhos. Preocupanos a imagem de Deus, isto é, a maneira de como ela vem sendo passada aos filhos, oca e muitas vezes superficial. Outro ponto bastante interessante que essa declaração nos apresenta é quanto ao papel ativo do pai, considerando-se que é a mãe quem geralmente assume as funções relacionadas à educação dos filhos. Por isso, a encíclica destaca que “a família é uma escola de enriquecimento humano” (nº 364). A família, sendo a instituição sagrada que é, deve, na visão do Concílio Vaticano II, promover o resgate dos valores cristãos e a superação do individualismo, de tal modo que haja o respeito e o amor ao próximo, bem como a solidariedade.


73

Frequentemente ouvimos relatos de pais e filhos, do isolamento que acontece em casa. Escravos da tecnologia, cada um em um ambiente diferente da casa, com seus tablets, seus notebooks, seus celulares, suas televisões... a família de hoje já não se comunica mais.

Já o Decreto Apostolicam atuositatem (Apostolado dos leigos) enfatiza os pais como os primeiros formadores e que a educação cristã deve acontecer desde a primeira infância, sobretudo pelo exemplo. Em seguida, aponta os caminhos e o que ensinar aos filhos: além de insistir no ensino do amor ao próximo, destaca também a transmissão do amor a Deus, as primeiras orações, a prática do diálogo, o discernimento quanto ao uso da liberdade, a cooperação e a responsabilidade.

Decreto Apostolicam Actuositatem goo.gl/N2CV6l

Por fim, a Declaração Gravissimum educationis (A educação cristã) expõe o pensamento do Concílio Vaticano II no que se refere à educação integral das crianças e dos jovens e alerta para a necessidade de “preparar os filhos quanto à educação sexual positiva e prudente” (nº 1.503), tarefa de pais e educadores. Também orienta para que se preparem os filhos para o engajamento na vida social e comunitária. Desse modo, salienta que “os pais são os principais educadores, cuja tarefa é criar um ambiente ideal e que favoreça a boa educação dos filhos, bem como despertá-los para atitudes de partilha, acolhimento, serviço e respeito pelos outros (nº 1.506).

Gravissimum Educationis goo.gl/boJtBN


74

A educação cristã por meio da catequese também deve visar à formação integral das crianças e jovens. No entanto, é preciso conscientizar os pais de que a primeira formação vem de casa, pois a função do catequista é complementar a ação da família. Do contrário, nossas catequeses vão continuar recebendo crianças e adolescentes em situações que vão além de mau comportamento e desrespeito para com o próximo, mas também catequizandos descompromissados, reflexo da falta de compromisso dos pais. É evidente que nossa função é acolher e evangelizar toda e qualquer criança e adolescente, mas a caminhada catequética surte mais efeito quando a família participa e faz sua parte em casa. Como diz o velho provérbio: “Palavras comovem, exemplos arrastam”. Precisamos de pais e mães que consigam dar testemunho do amor de Deus a essa nova geração, que valorizem os sacramentos, que rezem e meditem a Palavra juntos em casa. Por isso, é de extrema importância que as paróquias realizem encontros de formação para pais, sobretudo antes do início do ano catequético, para informar ou lembrar quais são as obrigações da família diante da caminhada de fé dos filhos. O compromisso com a catequese se estende também aos pais, que devem acompanhar a trajetória de fé dos filhos, incentivando, procurando estar em sintonia com o catequista e participando das missas e das demais atividades e eventos paroquiais.

REFERÊNCIAS: VIER, Frederico. Compêndio do Vaticano II: constituições, decretos e declarações. Petrópolis: Vozes, 1968. BEOZZO. José Oscar. A Igreja latino-americana às vésperas do Concílio Vaticano: história do Concílio Ecumênico Vaticano II. Trad. João Rezende Costa. São Paulo: Paulinas, 1993.

Marlei Correia Graduada em Pedagogia e Artes, especialista em catequese pela Universidade Salesiana de São Paulo, catequista de Crisma na Diocese de Guarapuava, Paróquia São Miguel Arcanjo, coordenadora de catequese e formadora de catequistas iniciantes e veteranos.



MATÉRIA DE CAPA

76


77

A BASE DA CONSTRUÇÃO DE QUALQUER COMUNIDADE DE FÉ por Pe. Paulo Dalla-Déa


78

V

amos aproveitar um pouco nossa coluna bimestral e refletir sobre a vocação do catequista. É uma das bases da Igreja cristã. Sei que a Igreja Católica Romana é episcopal, mas os catequistas são a base da construção de qualquer comunidade de fé. Sem a transmissão da fé não existe Tradição, não existiria a Bíblia e nem bispos para reger a Igreja. Assim, falar de catequese é falar de duas coisas essenciais:

UM MINISTÉRIO ESSENCIAL DOS LEIGOS

UM COMPROMISSO MISSIONÁRIO (FAZER DISCÍPULOS DO CRISTO) DA IGREJA.

Católicos Go Home: essa é uma mensagem dos bispos dos EUA para todos os católicos e mostra algumas coisas bem legais: como nós entendemos o conceito de tradição – um relacionamento a ser partilhado com outras gerações.

TOQUE PARA BAIXAR Catechese Tradendi (A transmissão da catequese) de São João Paulo II:


79

ASSUNTO FEITO EM MUTIRÃO Quando falamos da vocação dos catequistas, recorremos ao plural: catequistas. Sim, porque a catequese é assunto da comunidade toda. Ou pelo menos de membros vivos de uma comunidade que quer repartir a sua fé em Cristo e a sua salvação na graça do Pai no Espírito Santo. Nunca entendi um catequista que queira trabalhar sozinho e que não vá a reuniões, formações e celebrações. Ele vai transmitir o que? Não basta acreditar no Cristo ou em Deus, isso até os demônios fazem. Tem que estar ligado a ele pelos sacramentos da fé, estar em uma comunidade concreta. Ser da “companhia de Jesus”, o que requer conviver com outras companhias que o acompanham. Jesus tinha vários grupos que o acompanhavam. Ele nunca ficava sozinho: tinha o grupo dos Apóstolos (chefiado por Pedro), o grupo das mulheres (chefiado por Maria Madalena), o grupo dos 72 discípulos e um grupo de apoio nas cidades (lembra de Marta, Maria e Lázaro?). Não só Jesus ensinava, mas também aprendia nas conversas que tinha (Mt 15, 22-28 – a mulher ensinou a Jesus que a sua missão era muito maior do que os judeus). Se até Jesus aprendia das pessoas (os 30 anos escondido – Lc 2 – foram de aprendizado), porque alguns catequistas acham que sabem tudo e que podem fazer tudo sozinhos. Eita pecado do orgulho! Planejar, rezar e avaliar também faz parte da missão de um catequista, seja ele de Crisma, de Eucaristia, de Batismo ou de Adultos. Todos se enriquecem com as experiências de todos. A vocação de um catequista é comunitária ou não é vocação: será apenas o exercício de sua vaidade pessoal... Somos membros de uma Igreja e é como membros dela que evangelizamos. Homenagem aos catequistas

Encontro do Papa com Catequistas 2013 Importância da palavra de Deus goo.gl/qgiDiT


80

VOLUNTARIADO PARA A FÉ Vi alguns lugares que pagavam catequistas profissionais (professores) para a tarefa da evangelização. Pode ser que se tenha pensado na qualificação técnica ao fazer isso: gente formada em pedagogia e em religião. Gente que saiba tecnicamente qual a melhor dinâmica para ser usada nessa ou naquela situação, para esse ou aquele público. Gente formada em teatro, comunicação ou sei lá. Isso é um absurdo! A catequese não é nem pode ser transformada em uma profissão. Ela tem que ser uma partilha, uma doação. Como Jesus se dá na Eucaristia conosco, ele também se dá na Palavra conosco. E a catequese é o voluntariado da partilha da Palavra. Santo Agostinho diz que a Palavra de Deus é tão importante quanto o Corpo e Sangue do Senhor. A palavra de Deus não pode ser comercializada, assim como a Eucaristia também não pode. Não se pode cobrar pela Eucaristia recebida, ela é dom de Deus, assim como a Palavra partilhada – dentro ou fora da liturgia – também não pode ser cobrada. O catequista é um voluntário, um aprendente que reparte o que aprendeu e o que viveu. Uma pessoa que compartilha a fé de forma gratuita. O que não quer dizer que o catequista não possa ou não deva ser bom no que faz. Ele é um educador, um comunicador da Palavra, um performer que coloca tudo o que tem de técnica e de conhecimento ao serviço da evangelização. Da difusão da Boa Nova de Jesus, o Cristo. Quando se fala em voluntariado, creio que se deveria pensar nos catequistas. Precisamos de mais gente para a evangelização de um mundo que está perdendo a fé em Cristo e se tornando muito religioso, mas não cristão. Como um carro que perdeu o freio na descida: vai acontecer um desastre e muita gente vai se machucar...

Não pense no catequista como um voluntário no sentido de que ele pode ou não evangelizar. Nesse sentido o catequista não é voluntário, mas muito mais do que isso: O CATEQUISTA É ALGUÉM CHAMADO POR DEUS através das pessoas de sua Igreja. O catequista é voluntário no sentido de não ser um profissional que se sustenta da catequese. Ele reparte de graça e acumula pontos para o Reino. Assim, ele vai criando um mundo com pessoas melhores, mais comprometidas com o Cristo.


81

PARA O BEM DAS PESSOAS

Obras de Miseri córdia Espirit u goo.gl/ ais h3OklX

Quando se fala em catequese, se pensa em uma forma branda de proselitismo. Como se a Igreja quisesse trazer as pessoas para ela, para encher os bancos e aumentar o dízimo. Muito pelo contrário: não precisamos de mais gente na Igreja, precisamos de gente melhor, mais comprometida com o Cristo e com o seu Evangelho. Transformar as pessoas para melhor com base no Evangelho do Cristo não é lucro para a Igreja, mas fará toda a diferença na vida dessas mesmas pessoas. É para que elas vivam melhor, com um profundo relacionamento entre o Cristo e elas, que existe a Igreja. A catequese está nessa linha da salvação e da vida com Cristo. A Igreja é o grupo dos seguidores do Cristo que se amam e vivem juntos para ficar cada vez mais perto dele. Na teologia clássica, isso era chamado de Obras de Misericórdia. Eram classificadas em 7 corporais e 7 espirituais. Leia o link ao lado e você vai ficar mais esclarecido sobre isso. O ministério da catequese ajuda a contribuir com um mundo melhor, melhorando a vida do catequista e do catequisando.

PARA O BEM DA IGREJA Não é só as pessoas que ganham com isso, mas a Igreja também melhora. Com catequistas bem formados e catequese bem feita, as pessoas podem ser mais fiéis ao Evangelho do Cristo, o que torna a Igreja muito melhor. Uma boa catequese renova a Igreja e faz com que ela se comprometa em ser uma esposa mais fiel ao Cristo, o seu esposo.

A vocação do catequista é uma das bases da Igreja cristã. Sem a

transmissão da fé não existe Tradição, não existiria a Bíblia e nem bispos para reger a Igreja.”


82

Quanto melhor a qualidade da catequese, mais fiel a Igreja será ao Cristo. Uma catequese fraca e mal desenvolvida só fará que as pessoas sejam cristãos piores, fazendo que a Igreja esteja mais distante do Cristo, nosso Salvador. Uma catequese fraca ou mal feita vai gerar gente que reza menos, que não lê a Bíblia, que não participa das coisas comunitárias, que vive de fofoca pelos cantos e que não será nem de longe fiel ao projeto evangélico de Jesus. Pode ver: uma boa catequese dá um crescimento enorme na vida da Igreja. Portanto, antes de criticar a sua comunidade de fé, seja um catequista melhor...

REPARTIR A FÉ Mais do que uma boa pedagogia ou boas técnicas de dinâmica e animação, um catequista precisa animar as pessoas para viver a sua fé. Não basta saber, precisamos viver com o Cristo e por ele. O papa Paulo VI já dizia em 1974:

O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, dizíamos ainda

recentemente a um grupo de leigos, ou então se escuta os mestres, é porque eles são testemunhas”. (Evangelium Nuntiandi n° 41)

Encíclica Evangelium Nuntiandi – O anúncio do Evangelho


83

Testemunha é aquele que viu e ouviu algo, que tem participação de sua fé no evento de Cristo. Quem não considera a Igreja como uma entidade à parte, mas está nela e vive o Evangelho de Cristo. Então, só se pode dar aquilo que se tem: a fé só pode ser dividida, repartida a partir da vivência de cada um. O catequista é o repartidor de uma fé que ele mesmo vive e faz vibrar dentro da vida de outro. Antes de mais nada, é preciso ter amor e entusiasmo pelo Cristo ressuscitado. Sem isso, tudo o resto fica vazio e se aliena do Espírito Santo que nos dá e nos mantem na fé e nos seus dons e frutos. Atenágoras, que foi Patriarca Ortodoxo de Constantinopla e começou – com Paulo VI – o caminho da aproximação das duas Igrejas, assim se exprime sobre o Espírito Santo:

Toque para ler a íntegra

Vida de Atenágoras goo.gl/KVrCS3


84

Para se ter uma visão dessa é preciso fé. E não só das grandes lideranças de uma Igreja se exige uma fé dessas, mas de todos, incluindo os catequistas. Sem isso, o serviço é perdido.

POR AMOR AO CRISTO Por causa de quem você ainda está na catequese? Se foi o padre ou outro catequista que te chamou não importa. Se foi você mesmo que se ofereceu porque viu as dificuldades da sua comunidade, também não importa. Como se começa é menos importante. O mais importante é porque você permanece. Só vale a pena ficar, se for por causa de Cristo. Senão a catequese será um exercício de vaidade pessoal ou de um trabalho arrastado e mal feito, porque sem amor. É preciso ter muito amor pelo Cristo para se permanecer na catequese. E muito amor pelos catequizandos que são pessoas que estão na sua responsabilidade. Eles também são o Cristo para você. Em Mt 10, 42 e Mc 9,41, Jesus diz que quem der um coo de água a um pequenino, será considerado feito a ele. Ora, o que dizer então evangelização e da educação da fé proporcionados pela catequese? Faça catequese como se estivesse falando diretamente ao próprio Jesus, porque ele vai considerar feito a ele todo o trabalho de evangelização e educação na fé feitos para os catequizandos. É só por amor a ele que se permanece e é por amor a ele que se faz o trabalho. Só por ele, sem dinheiro ou vaidade. Sem mesmo se importar consigo mesmo. Esse é o espírito que deve animar um catequista, lhe conferir o sentido da vocação: o Cristo. Ele é que importa, o resto é resto.


85

DISCIPULADO MISSIONÁRIO Para falar, antes é necessário escutar. O grande problema do relacionamento humano, hoje, é que todo mundo quer falar e ninguém quer escutar. Conheço muito catequista que fala aquilo que ele acha. Duplo erro: ao evangelizar é preciso trabalhar com sentido de Igreja (sentire cum eclesia era o lema latino) então o catequista tem que pregar o que a Igreja pensa. Mais do que isso: o que o Evangelho de Jesus ensina. Só sendo fiel à Igreja e ao Cristo é que se será um catequista de acordo. Então, antes de ser apóstolo é preciso ser discípulo, aprendiz de Jesus Cristo, como Cristo era das pessoas e do Pai. Jesus ficou 30 anos escondido, alguns até se perguntam o que Jesus ficava fazendo nesse tempo todo. Isso deu margem até a escritos que hoje não foram considerados inspirados por Deus (evangelhos apócrifos, uns 20 mais do que os 4 inspirados que entraram para o cânon da Bíblia). O que se pode dizer com certeza desse período é que Jesus ficou calado, aprendendo. Escutando. Escutando Maria, escutando José e escutando todos os adultos e crianças de Nazaré. Aos 12 anos, já tinha aprendido a escutar e a falar coisas que importavam (Lc 2,41-52). Aprendeu com Maria e com José que antes de falar; o silêncio do escutar revela sabedoria e respeito.

Leitura Orante da Bíblia

Homilia em comemoração por ocasião do 1.950° aniversário da chegada de S. Tomé à índia e 450° aniversário da chegada de São Francisco Xavier goo.gl/wjjYxT Cânon da Bíblia goo.gl/uWgJnp


86

Jesus passava longas horas com as pessoas, ajudando, curando e pregando. Com os apóstolos, ensinando e orientando. Corrigindo e incentivando. Mas não esquecia de fazer silêncio para escutar a voz do Pai. (Lc 6,2) O silêncio da oração é fundamental. Foi por isso que Jesus levou anos preparando os Apóstolos para liderarem sozinhos a Igreja. Aprender com Cristo é sempre um privilégio e isso se faz por duas vias: • A oração silenciosa (pode ser na igreja ou no seu quarto, sem celular); • A leitura e meditação da Bíblia (que pode ser a leitura diária da liturgia da missa). Sem silêncio interior e convivência com o Mestre, a evangelização será levar a si mesmo e as próprias ideias, e não a Boa Nova do Evangelho de Cristo.

UMA VOCAÇÃO ECLESIAL DAS MAIS IMPORTANTES A catequese não é suficientemente bem valorizada entre as comunidades católicas, mas é uma vocação eclesial das mais importantes. Muito se valoriza o padre, porque é ele que preside a Eucaristia e ela é uma presença e uma ação importantíssima para todo católico. Mas a Palavra partilhada na catequese é tão importante ou mais do que a Eucaristia, porque sem seguidores de Jesus não se celebra a Eucaristia, que constrói uma comunidade de fé. Conta uma lenda que quando São Francisco Xavier chegou à Índia, já havia comunidades que se mantiveram fiéis aos primeiros pregadores cristãos (segundo a lenda, São Tomé). E que eles não tinham Eucaristia, apenas o Batismo. Isso só é possível com a presença de inúmeros e excelentes catequistas. Podem existir comunidades sem Eucaristia. Hoje, na Amazônia brasileira, temos muitas delas. Mas em todas, a fé é mantida pelos catequistas que existem nelas e pelo seu testemunho de fé. Há muitas comunidades que não tem padre e ficam sem a Eucaristia regular (deveria ser exceção, mas existem). O que não existe é uma comunidade sem catequista, sem gente que divida e transmita a fé que sente e vive.


87

A vocação do catequista é a das mais básicas: é a vocação de ser cristão e de partilhar a fé que vive em comunidade. Os primeiros catequistas eram os padrinhos nas primeiras comunidades. Os cristãos que apresentavam outros é que tinham a incumbência de preparar esses candidatos ao Batismo. E que deviam acompanhar até depois de três anos depois da recepção dos sacramentos (Batismo, Crisma e Eucaristia). Não acredito que para ser catequista exista uma vocação específica: parece-me que a vocação do catequista é a mesma vocação cristã, que se expande em profundidade e tamanho e não pode ficar sem ser partilhada. Ser catequista é ser cristão, repartindo a sua fé e a sua vivência eclesial.

Pe. Dr. Paulo F. Dalla-Déa Padre diocesano, palestrante, pós-doutor em ciências da religião, doutor em educação e religião pela Escola Superior de Teologia (EST) de São Leopoldo-RS, mestre em teologia pastoral pela Pontifícia Faculdade Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, com especialização em catequese de crisma. Trabalha há mais de 20 anos com pastoral da juventude e catequese de crisma. É membro da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER) e da Sociedade Brasileira de Catequetas.


ESPECIAL

88

Evangelizando a terceira idade num Brasil que caminha para se tornar um país de população majoritariamente idosa por João Melo

A

quem interessa o saber sobre os idosos? Aos próprios idosos? Àqueles que cuidam de idosos? Não. A resposta correta é que interessa para toda a sociedade, pois o respeito e cuidados que lhes desprenderemos são os mesmos que tão logo desejaremos para nós mesmos. Assim, nosso olhar deve atentar-se à importância de catequistas e educadores desenvolverem em nossos jovens, crianças e adultos o respeito e a estima pelos idosos; estender-se aos nossos agentes de pastoral que em diversos momentos lidam com idosos em nossas paróquias; e voltar-se, ainda, a todos esses importantes colaboradores que muitas vezes são nossos idosos, para que, utilizando-se de suas experiências e necessidades, obtenhamos uma abordagem para a educação dos diferentes grupos, das diversas idades, e por meio da revisão de nossas atitudes possamos empreender uma catequese com e para aqueles em que o tempo já deixou suas marcas: uma catequese com idosos.


89


90

Desafios do idoso “O respeito e cuidados que lhes desprenderemos são os mesmos que tão logo desejaremos para nós mesmos.”

(Dona Maria é assistida pelos vicentinos na distante periferia da zona leste de São Paulo. Aposentada, aos 65 anos, ela mora sozinha em uma casa escura, com um quintal grande nos fundos. Dona Maria passa seus dias entretida com os afazeres da casa. Quase que diariamente, ela prepara o almoço para o seu irmão mais novo, que passa por lá todos os dias para ver se está tudo bem. O restante do tempo, dona Maria passa no quintal, em meio a plantas e verduras. Não há hora do dia em que se chega à casa de dona Maria e não se é bem recebido com um forte abraço, seguido de uma risada de quem sabe apreciar o tempo e a vida. Para ela, morar sozinha não é sinônimo de solidão. Dona Maria é um exemplo entre tantas e tantos idosos no Brasil, número que não para de aumentar...) Essa grande multidão de pessoas idosas enfrenta, hoje, desafios muito próprios da fase idosa da vida. Confira os mais comuns:


91

A solidão: a viuvez, a perda ou a distância dos amigos e conhecidos de quando se era mais novo e o abandono da família podem causar solidão. Pessoas idosas gostam de estar perto das pessoas de que gostam, da família. Mas, elas também gostam de ser independentes. A família deve ser o primeiro espaço de catequese com idosos, porque nela o anúncio da fé pode dar-se em um clima de acolhimento e de amor natural e de intimidade (cf. DGC n. 186). As doenças: por vezes, o idoso sofre com doenças e enfermidades. O Diretório Nacional de Catequese aconselha que seja feita nessa fase uma catequese de preparação para o Sacramento da Unção dos Enfermos (cf. DNC 185). São João Paulo II certa vez afirmou que “quando este corpo está gravemente doente (...) e o homem se sente como que incapaz de viver e agir, é então que se põem mais em evidência a sua maturidade interior e grandeza espiritual; e estas constituem uma lição comovedora para as pessoas sãs. Esta maturidade interior e grandeza espiritual no sofrimento são fruto, certamente, de uma particular conversão e cooperação com a graça do Redentor crucificado” (Salvifici Doloris, 26). Mau humor: as frustrações e decepções podem tornar qualquer um, inclusive da pessoa idosa, alguém “mal humorado”. É preciso ter motivos de alegria para quebrar o ciclo da “rabugice”. Ora, o anúncio do Evangelho produz a Alegria do Evangelho! A catequese com idosos não pode ser mera doutrinação, precisa falar à vida, por isso, é preciso que a mensagem do evangelho seja apresenta em conexão com a vida dos idosos.


92

Medo da morte: o medo da morte está ligado à maneira como o idoso viveu as outras fases da sua vida e a sua maturidade espiritual. Com efeito, a certeza cristã de que “no entardecer da vida, seremos julgados pelo Amor” (São João da Cruz), deve trazer tranquilidade e esperança também ao idoso. A morte não deveria ser encarada como o “fim da linha”, mas como a “porta” para outra fase da vida, a fase eterna. São Francisco de Assis chegou a dizer: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a morte corporal, da qual nenhum vivente pode escapar”. Fomos criados para a comunhão plena com Deus na eternidade. É verdade que não é fácil encarar a realidade da morte, mas podemos, aos poucos, superar o medo que ela nos traz. Uma catequese da esperança os levará a viver bem essa fase da vida, a dar testemunho às novas gerações e também irá prepará-los para o encontro definitivo com Deus (cf. DNC 186). O maior gesto de maturidade espiritual do idoso é aceitar o sentido cristão da vida eterna com serenidade. As limitações físicas: o Papa Francisco contou a seguinte história no dia 4 de março deste ano na Praça São Pedro: “Quando eu era criança, um dia a minha avó narrou-me a história de um avô que se sujava quando comia, porque não conseguia levar bem a colher de sopa à própria boca. E o filho, ou seja, o pai de família, decidiu tirá-lo da mesa comum e mandou fazer-lhe uma mesinha na cozinha, onde não se via, para ali comer sozinho. Assim, não faria má figura quando os amigos viessem almoçar ou jantar. Poucos dias depois, chegou a casa e encontrou o seu filho mais pequenino a brincar com um pedaço de madeira, um martelo e alguns pregos; construía algo, e o pai disse-lhe: ‘Mas o que fazes?’. ‘Faço uma mesa, pai.’ ‘Uma mesa, por quê?’ ‘Para que esteja pronta quando tu envelheceres, assim poderás comer aí!’” As crianças têm mais consciência que nós!


93

O sentimento de ser um fardo – inutilidade: se o Diretório Nacional de Catequese (capítulo 6) afirma que os que são catequizados não são meros destinatários da catequese, mas verdadeiros interlocutores que participam do processo, principalmente a catequese com idosos terá eles como interlocutores dotados de profunda sabedoria e experiência de vida e de fé. Vista assim, a catequese com idosos é uma grande riqueza. Aqui, vale também uma atenção pastoral às famílias dos idosos, de modo a suscitar nelas um natural sentimento de gratidão e de amor gratuito diante do desafio de cuidar dos idosos que fazem parte da família. É função da catequese descobrir entre os idosos os talentos e possibilidades que eles possuem e que podem enriquecer a comunidade: um trabalho de ação conjunta com outras pastorais e movimentos (cf. DNC 185).


94

A perda da liberdade pessoal: diz Jesus no Evangelho: “No mundo tereis que sofrer. Mas tende confiança! Eu venci o mundo!” (Jo 16,33). Quando o idoso depende de familiares, parentes ou outras pessoas para realizar coisas que antes ele fazia sozinho, ele sente sua liberdade pessoal limitada. Nesses casos, é preciso favorecer o diálogo entre as diferentes idades na família do idoso e na comunidade para também assegurar aos idosos o respeito a sua dignidade e as suas necessidades (cf. DNC 186). O idoso é dom de Deus para a vida cristã e para a comunidade porque é de grande experiência de vida. Em alguns casos, é importante apresentar ao idoso outras possibilidades de atividades que ele possa exercer de forma independente. Ele é chamado à vocação da vida de oração: poder dar graças ao Senhor pelos benefícios recebidos, e preencher o vazio da ingratidão que o circunda; poder interceder pelas expectativas das novas gerações e conferir dignidade à memória e aos sacrifícios das passadas. Enfim, a oração purifica incessantemente o coração. O louvor e a súplica a Deus evitam o endurecimento do coração no ressentimento e no egoísmo.


95

O idoso hoje O Brasil caminha para se tornar um país de população majoritariamente idosa. Isso é tão verdade que, segundo dados do IBGE dos anos de 2012 e 2013 divulgados por portais de notícias na internet, a população brasileira, estimada em 201,5 milhões de pessoas, está vendo diminuir o número de crianças e aumentar o de idosos. Brasil vai se tornar um país de idosos já em 2030, diz IBGE goo.gl/S3T7b3

Idosos já são 13% da população e país tem menos crianças, diz Pnad goo.gl/HRKpcT

Diminuem os filhos, aumentam os idosos O número de pessoas acima de 60 anos continua crescendo: de 12,6% da população, em 2012, passou para 13% no ano de 2013. Já são mais de 26,1 milhões de idosos no país. O grupo de idosos de 60 anos ou mais será maior que o grupo de crianças com até 14 anos já em 2030 e, em 2055, a participação de idosos na população total será maior que a de crianças e jovens com até 29 anos. A região com mais idosos ainda é a Sul, onde eles chegaram a 14,4% do total. O Norte tem menos, 8,8% de idosos.

2013

2012

12,6%

13%

8,8% Região Sudeste

Pessoas acima de 60 anos

(porcentagem populacional por ano)

Região Norte

14,4%

Pessoas acima de 60 anos

(porcentagem populacional por região)


96

Os avanços na área de saúde e da tecnologia, não são acompanhados pela integração da população idosa à vida social ativa. “A sociedade não se ‘ampliou’ à vida!”, foi o que disse o Papa Francisco em uma catequese sobre os idosos.

Catequese (4 de março) Papa Francisco goo.gl/lSNj0R

O número de idosos multiplicou-se, mas a sociedade não se organizou para lhes deixar espaço, mesmo dentro da Igreja, muitas vezes isso pode ser percebido. De fato, o aumento no número de idosos representa uma nova tarefa pastoral para toda a Igreja; a bela tarefa de reconhecimento e agradecimento, pois muitos deles gastaram a vida pelo bem da sua família ou da comunidade. Precisamos criar nos agentes de pastorais a consciência de que a Igreja está a serviço, sobretudo, daqueles que mais precisam, e os idosos fazem parte das pessoas necessitadas de atenção pastoral. Trata-se de perceber e valorizar a dignidade, a utilidade e a amizade de cada um dos idosos, despertando a um sentido comunitário de gratidão e de apreço que conduza o idoso a sentir-se parte viva da sua comunidade. Com efeito, não basta ter pena, lastimar a solidão ou abandono de muitos idosos, é preciso empenhar-se para ajudá-los a prolongar uma vida lúcida, ativa e feliz, assegurando a dignidade que lhes é devida; a valorização o seu papel social.

“O Diretório Geral para a Catequese diz que os idosos têm o direito e o dever de receber uma catequese adequada, como todos os cristãos (cf. DGC n. 186). Para isso, é preciso conhecer os idosos interlocutores do processo de catequese.”


97

(Ora, a razão de propor uma catequese com idosos é justamente porque a Igreja, diante de tanta injustiça, não pode se calar ou estar alheia à situação de uma sociedade materialista e consumista que só valoriza o que produz ou quem produz, marginalizando os idosos e considerando-os cargas ou pesos inúteis. É vocação da Igreja estar do lado dos que mais precisam, dos que têm seus direitos e sua dignidade feridos. É missão da Igreja contribuir de modo que o mundo também dos idosos esteja repleto dos valores do Reino de Deus. Muito pouco se fala de catequese com idosos, mesmo em livros e outras publicações. Há pouquíssimo material nessa área. A falta de uma catequese adequada aos idosos gera também entre eles uma multidão de batizados que não vivem o seu Batismo (cf. EN 56). O espaço de protagonismo dado a eles em nossas comunidades é muito pequeno, comparado muitas vezes com a maior disponibilidade para servir à comunidade, dentro e fora da Igreja que os idosos têm (cf. DNC 185).) Nosso tempo parece esquecer que envelhecer é algo natural. Uma etapa normal da vida, com suas satisfações, atividades e desafios próprios. A fase idosa da vida em muito é resultado de como foram vividas suas outras fases. Ser idoso é uma fase da vida pela qual certamente todos nós um dia passaremos... Catequese (11 de março) A cultura do descarte no mundo de hoje é forte. Papa Francisco Mas o Senhor nunca nos descarta, lembra o goo.gl/oHpIH4 Papa Francisco. Na verdade, Deus chama-nos a segui-Lo em todas as fases da vida e inclusive na fase idosa, que o Papa acredita possuir uma verdadeira vocação específica. Como em outros tempos normalmente a expectativa de vida era mais baixa, hoje, faz-se preciso “inventar” ou desenvolver uma espiritualidade das pessoas idosas fundamentada na vida de oração. Eis aí uma grande inspiração para pensarmos uma catequese com idosos!


98

Sentir-se velho é diferente de ser idoso “Velho é o espírito e só fica velho quem quer! (...) Dona Florinda, convença-se de uma coisa, a juventude e a velhice não tem nada a ver com a idade!” Professor Girafales

Música da série Chaves: Se você é jovem ainda.


99

O estudante é um filme emocionante que conta a história de um senhor idoso que deseja voltar aos estudos. Além de mostrar os preconceitos e desafios que o protagonista encara, o longa mostra quão frutuosas podem ser a sabedoria e a experiência de vida de um idoso perante as dificuldades que os jovens enfrentam. Vale a pena!

Trailer filme: O estudante

Sinopse filme: O estudante goo.gl/C7Hnzt Os afastados da fé: muitas vezes afastados porque foram esquecidos, inclusive pela Igreja, vítimas de descriminação. Muitos vivem vidas amarguradas. Cabe aqui uma catequese missionária, querigmática, isto é, de um novo anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo que nos dá a vida por amor. O objetivo da catequese aqui é também ajudar a encontrar os valores humanos que dão alegria e sentido à vida. Os interessados em amadurecer a sua fé: são aqueles que sentem que estão sem catequese há muito tempo ou que precisam completar a sua iniciação. Muitos, despertados à fé e sedentos de mais, sentem a necessidade de um aprofundamento. Com efeito, as experiências de catequese de muitos idosos por vezes não foram as melhores ou até mesmo já aconteceram há tanto tempo que eles mesmos sentem a necessidade de uma reiniciação. A catequese atualizará a alegria do Evangelho para a linguagem e para o mundo dos idosos. Os fiéis integrados na comunidade: é a etapa de amadurecimento da fé. É catequese permanente que encaminha para a responsabilidade da ação pastoral ou comunitária. Os idosos já plenamente integrados à vida comunitária são, como todos os outros fiéis que participam ativamente da vida da comunidade, convidados a uma catequese permanente. Ninguém é tão bom e experiente que sabe de tudo, nem o idoso. Por isso, as formações são também necessárias para a atuação pastoral. Leci Brandão - Música: A terceira idade goo.gl/sQlhMd


100

Um marco: o Encontro Internacional dos Idosos e Avós Papa Francisco: não há futuro para os jovens sem os idosos goo.gl/xXuL3A

Papa Francisco tem mostrado constante preocupação com a pessoa idosa: “Um povo tem futuro quando caminha com a força dos jovens e dos idosos”. Foi o que disse o Papa no voo para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Rio2013. Em uma viagem para encontrar jovens, Francisco afirmou que eles têm um valor importante, são o futuro de um povo; mas disse também que esse futuro também é dos idosos, porque são depositários de uma sabedoria de vida, da história, da pátria e da família.

Discurso do Papa no encontro internacional dos idosos

Homilia do Papa no encontro internacional dos idosos e avós

Marca dessa preocupação do Papa foi o Encontro Internacional dos Idosos e Avós que aconteceu em Roma no dia 28 de setembro de 2014. O evento organizado pelo Pontifício Conselho para a Família teve como tema “A bênção de uma vida longa”. Nesse encontro, o Papa falou que os idosos que têm fé são como árvores que continuam a dar frutos. Eles são chamados a guardar e transmitir a fé, chamados a rezar, especialmente a interceder; chamados a ser solidários com os necessitados... “Os idosos, os avós têm uma capacidade particular de compreender as situações mais difíceis: uma grande capacidade! E, quando rezam por estas situações, a sua oração é forte, é poderosa!”, disse Francisco. Ele também nos lembrou da especial missão de quem é avó ou avô:


101

“Aos avós, que receberam a bênção de ver os filhos dos filhos (cf. Sl 128/127, 6), está confiada uma grande tarefa: transmitir a experiência da vida, a história duma família, duma comunidade, dum povo; partilhar, com simplicidade, uma sabedoria e a própria fé, que é a herança mais preciosa! Felizes aquelas famílias que têm os avós perto! O avô é pai duas vezes e a avó é mãe duas vezes”.

Palavra de Deus e pessoa idosa A Bíblia costuma apresentar o idoso como que um “catequista” natural. O idoso ou ancião é símbolo da sabedoria e do temor de Deus. Ele é testemunha e guardião da tradição da fé e da experiência de vida (cf. DGC 188). Apresentamos alguns textos que podem iluminar a nossa reflexão:


102

O 4º Mandamento – Honrar pai e mãe: Ex 20,12

“Honra o teu pai e a tua mãe, para que os teus dias se prolonguem sobre a terra que te dá o Senhor, teu Deus.”

O cristão que afirma amar a Deus, mas descuida da sua relação com os outros, incorre em contratestemunho. De fato, o amor a Jesus e ao Pai leva à realização do amor pelos pais e também pelos avós. Honrá-los significa ter afeição, reconhecer e valorizá-los; significa também assumir a responsabilidade de cuidar com carinho deles na fase idosa da vida (cf. Mc 7,10-13; Eclo 3,12.16). O cumprimento dessa atitude vem acompanhado de uma promessa que é o resultado do esforço da implantação de uma cultura do cuidado e da justiça: a prolongação dos dias de vida.

Oração de um idoso: Sl 71 [70], 5.9.18 “Sois Vós, ó meu Deus, a minha esperança. Senhor, desde a juventude Vós sois a minha confiança... Na minha velhice não me rejeiteis, ao declinar das minhas forças não me abandoneis... Quando vier a velhice e até os cabelos brancos, ó Deus, não me abandoneis, a fim de que eu anuncie à geração presente a força do vosso braço e o vosso poder à geração vindoura.”

Esse salmo retrata a súplica de um idoso para que Deus olhe para a sua condição. O autor expressa a sua confiança na ação de Deus, com quem mantém intimidade desde a juventude. A fase idosa da vida é o tempo de fidelidade a Deus, de depositar Nele as esperanças da vida. O salmo retrata na súplica do idoso a angústia de quem não quer ser abandonado ou esquecido. Deus não abandona e não Se esquece, essa certeza precisa ser alegria na vida do idoso. Com efeito, o idoso do salmo se sente vocacionado a contribuir eficazmente em sua comunidade. Ele encontra o seu espaço de guardião da verdade da fé e transmissor do testemunho da salvação de Deus as novas gerações. A pessoa idosa não é só passiva de atenção pastoral, ela está inserida no protagonismo da ação evangelizadora da Igreja.


103

O respeito e a acolhida da tradição dos mais velhos: Eclo 8,11-12

“Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, dado que eles os aprenderam com os seus pais. Estudarás com eles o conhecimento e a arte de responder de modo oportuno.”

Uma cultura de proximidade às pessoas idosas sabe valorizar a bagagem de sabedoria de vida acumulada que elas têm. Além de beber dessa fonte de transmissão da fé e da tradição, trata-se de ter uma disposição ao acompanhamento carinhoso e solidário na parte final da vida.

A visita de Maria a sua prima Isabel: Lc 1,39-45 “Naqueles dias, Maria partiu apressadamente se a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre, e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com voz forte, ela exclamou: ‘Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Como mereço que a mãe do meu Senhor venha me visitar? Logo que a tua saudação ressoou nos meus ouvidos, o menino pulou de alegria no meu ventre. Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!’”

Maria é jovem, muito jovem. Isabel é idosa, mas foi nela que se manifestou a misericórdia de Deus e, há seis meses, juntamente com o marido Zacarias, está à espera de um filho. Também nessa circunstância, Maria nos indica o caminho: ir ao encontro da parenta idosa, permanecer com ela, certamente para ajudá-la, mas inclusive e principalmente para aprender com ela, que é idosa, uma sabedoria de vida.


104

O velho Simeão e a profetisa Ana: Lc 2,25-38 “Ora, em Jerusalém vivia um homem piedoso e justo, chamado Simeão, que esperava a consolação de Israel. O Espírito do Senhor estava com ele. Pelo próprio Espírito Santo, ele teve uma revelação divina de que não morreria sem ver o Ungido do Senhor. Movido pelo Espírito, foi ao templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao templo para cumprirem as disposições da Lei, Simeão tomou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: ‘Agora, Senhor, segundo a Tua promessa, deixas Teu servo ir em paz, porque meus olhos viram a Tua salvação, que preparaste diante de todos os povos: luz para iluminar as nações e glória de Israel, Teu povo’. O pai e a mãe ficavam admirados com aquilo que diziam do menino. Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe: ‘Este menino será causa de queda e de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição – uma espada traspassará a tua alma! – e assim serão revelados os pensamentos de muitos corações’. Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Ela era de idade avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do templo; dia e noite servia a Deus com jejuns e orações. Naquela hora, Ana chegou e se pôs a louvar Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”.

Nesse trecho do Evangelho encontramos uma imagem muito bonita, comovente e encorajadora: é a imagem de Simeão e Ana, ambos idosos. Ana, mulher que não escondia a sua idade, tinha 84 anos (cf. Lc 2,37)! O Evangelho diz que todos os dias esperavam a vinda de Deus, com grande fidelidade, havia muitos anos. Queriam realmente ver aquele dia, captar os seus sinais, intuir o seu início. Talvez já tivessem desanimado, no entanto, aquela longa expectativa continuava a ocupar toda a vida deles, e não tinham compromissos mais importantes do que este: esperar o Senhor e rezar. Quando Maria e José chegaram ao templo para cumprir os preceitos da Lei, Simeão e Ana apressaramse, animados pelo Espírito Santo (cf. Lc 2,27). O peso da idade e da espera se foi num instante. Eles reconheceram o Menino e descobriram uma nova força, para uma renovada tarefa: dar graças e testemunhar este Sinal de Deus. Simeão improvisou um lindo hino de louvor e ação de graças (cf. Lc 2,29-32) — naquele momento foi um poeta — e Ana tornou-se a primeira pregadora de Jesus: “Falava de Jesus a todos aqueles que, em Jerusalém, esperavam a libertação” (Lc 2,38).


105

O bom trato com a pessoa idosa: 1Tm 5,1 “Não repreenda um homem mais velho, mas o aconselhe como se ele fosse o seu pai. Trate os homens mais jovens como irmãos, as mulheres idosas, como mães e as mulheres jovens, como irmãs, com toda a pureza.”

São Paulo recomenda a Timóteo, que é pastor e, portanto, pai da comunidade, que tenha respeito e carinho pelos idosos e pelos familiares, enquanto o exorta a fazê-lo com atitude de um filho: os homens “come se fosse o teu pai” e “as mulheres idosas como mães”.

Cantiga por vovó Padre Zezinho, scj

A fé do idoso O Diretório Geral para a Catequese diz que os idosos têm o direito e o dever de receber uma catequese adequada, como todos os cristãos (cf. DGC n. 186). Para isso, é preciso conhecer os idosos interlocutores do processo de catequese. São-nos apresentados três tipos de condição de fé em que podem se encontrar os idosos: Fé sólida e rica: pode ser que o idoso já tenha uma fé sólida e rica, nesse caso a catequese será como que o aprofundamento e a plenitude desse caminho de fé percorrido; será atitude de agradecimento e de confiante expectativa. Certamente que a presença e o testemunho dessa pessoa à comunidade serão capazes de irradiar a fé e contagiar os outros.


106

Fé frágil: quando o idoso apresenta uma fé e prática cristãs frágeis, às vezes supersticiosas, a catequese é momento oportuno para lançar nova luz e proporcionar nova experiência religiosa. É importante sempre valorizar as práticas de fé de cada pessoa e ter cuidado para não ofender-se ou escandalizar-se. Fé ferida: às vezes o idoso chega a essa fase da vida com profundas feridas na alma e no corpo. A catequese vai ajudar a viver a sua condição na atitude do perdão e da paz interior (Cf. DGC n. 187). É bom lembrar que essa catequese pode ser a primeira experiência autêntica de iniciação que o idoso não teve quando mais jovem.

Conhece os direitos da pessoa idosa? Leia o Estatuto do Idoso. goo.gl/2NnT0T

O idoso na catequese e a catequese com idosos Os idosos na catequese muitas vezes são os primeiros catequistas de crianças. É preciso despertar os mais velhos para o protagonismo decisivo que podem exercer na evangelização e no impulso da renovação da comunidade cristã. Idosos não são objetos da ação evangelizadora da Igreja; eles, embora destinatários dela, podem exercer parte ativa em serviço à sociedade e a Igreja. Algumas orientações para uma catequese com idosos:

Algumas experiências e iniciativas:


107

O Papa Francisco parece fazer coro a essa interação entre as diferentes gerações: “Olhai os nossos jovens: às vezes vemo-los apáticos e tristes; vão encontrar um idoso e tornam-se alegres!”. E, ao somar-se ao grupo dos idosos, ele acrescenta: “Podemos recordar aos jovens ambiciosos que uma existência sem amor é uma vida árida. Podemos dizer aos jovens medrosos que a angústia em relação ao futuro pode ser derrotada. Podemos ensinar aos jovens demasiado apaixonados por si mesmos que há mais alegria em dar do que em receber. Os avôs e as avós formam o ‘coral’ permanente de um grande santuário espiritual, onde a oração de súplica e o canto de louvor sustentam a comunidade que trabalha e luta no campo da vida. Como é desagradável o cinismo de um idoso que perdeu o sentido do seu testemunho, despreza os jovens e não comunica uma sabedoria de vida! Ao contrário, como é bonito o encorajamento que o ancião consegue transmitir ao jovem em busca do sentido da fé e da vida! Esta é verdadeiramente a missão dos avós, a vocação dos idosos! As palavras dos avós têm algo de especial para os jovens. E eles sabem-no!”.

“Como gostaria de uma Igreja que desafiasse a cultura do descartável com a alegria transbordante de um novo abraço entre jovens e idosos! E é isto, este abraço, que hoje peço ao Senhor!”

Dica de leitura para aprofundar o assunto: Psicopedagogia catequética: reflexões e vivências para a catequese conforme as idades, vol. 4, Pessoas idosas. De Eduardo Calandro e Jordélio Siles Ledo, Editora Paulus.

João Melo Seminarista da Arquidiocese de São Paulo. Especialista em Catequese pelo UNISALSP e acadêmico do curso de pós-graduação em Ensino Religioso Escolar pelo mesmo instituto. É membro da Comissão Arquidiocesana de Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese de São Paulo.


108

REFLEXÃO

A educação, no sentido profundo e verdadeiro da palavra, é mais do que simples informação, instrução, conhecimento de algum assunto. por Pe. José Alem


109


110

A

vida é um processo contínuo e permanente de crescimento. Podemos e precisamos crescer biofísica, psicossocial e espiritualmente. Essas dimensões envolvem todo o ser humano nas suas áreas física, psicológica, mental, cultural, social e espiritual.

O poder do amor e da fé descrito na carta de Paulo aos Coríntios

A catequese insere-se no contexto da vida humana. O ser humano em busca de sentido e razão de sua vida encontra em Deus o seu criador e a Pessoa que vai ajudar no seu crescimento permanente. A experiência de fé e de amor sintetiza toda a sede de sentido da vida de cada ser humano e para isso é preciso aprender o que é crer, o que é amar. A catequese é um processo permanente de fé e de amor. Nisso se resume sua missão. Se entendermos assim, a catequese é um processo de educação. Todos precisamos aprender o que significa crer, o que é amar e como se ama. Se não aprendemos ficamos “analfabetos” na arte de crer e de amar. Devemos estudar duas importantes definições de educação referentes à contextualização catequética:


111

A educação é uma experiência que envolve o ser humano por completo: suas ideias, pensamentos, sentimentos, emoções, atitudes, comportamento. Somos o que pensamos. Por isso, aprender e desenvolver ideias e pensamentos que levam a ter novos sentimentos e comportamentos é o processo de uma educação integral, profunda e corresponde ao que Jesus deixa como missão para todos: converter-se e crer no Evangelho.

A educação, no sentido profundo e verdadeiro da palavra, é mais do que simples informação, instrução, conhecimento de algum assunto. Educação é abertura, crescimento permanente, revisão de ideais, sentimentos, atitudes, é conversão, mudança. Converter-se significa descobrir algo novo, maior, verdadeiro que vá dando novas respostas, faça enxergar e sentir a vida e todo o seu mistério de maneira mais ampla, completa e que nos encanta sempre mais sem nunca nos limitar, saciar nem impedir de novas descobertas.


112

A catequese deve ser entendida assim: processo permanente de conversão e crescimento na fé que conduz ao amor. Isso não são meras palavras nem conceitos. Isso é um projeto de vida que supõe conquistas e ao mesmo tempo limitações. Assim, todos nós, catequistas e catequizandos, estamos em permanente processo de educação da fé; estamos em processo permanente de conversão; estamos em processo permanente de crescimento, de catequese.

A experiência de fé e de amor sintetiza toda a sede de sentido da vida de cada ser humano e para isso é preciso aprender o que é crer, o que é amar. A catequese é um processo permanente de fé e de amor. Nisso se resume sua missão.

Esse tema é desafiador e inesgotável. Se formos verificar, toda a vida de Jesus, Sua missão vivida nas palavras, nos acontecimentos, nas atitudes, no comportamento, foi uma pedagogia permanente para conduzir as pessoas a fazer uma catequese em suas vidas. Por isso vemos tantas cenas no Evangelho que levam as pessoas, depois de ouvirem Jesus e verem o que Ele fez, a “acreditarem Nele”. Isto é, convertem-se, descobrem algo novo, veem a vida de maneira nova, descobrem Deus que Se revela Amor. É com Jesus que aprendemos a arte de educar na fé, de descobrir, acreditar e viver o amor. É assim também que devemos ver Maria: como a pedagoga do Evangelho. Maria é apresentada pela Igreja como mãe e modelo de cada cristão, da Igreja e da humanidade. É assim que a Igreja tem ensinado e insistido para reconhecer o seu verdadeiro lugar e missão da Igreja junto ao povo de Deus. Há, porém, um aspecto que pode ter enormes ressonâncias em toda a vida da Igreja, em cada uma de suas expressões. Trata-se da relação entre Maria e o Evangelho.

Dica de leitura: Maria, educadora da vida cristã goo.gl/yh7QCN


113

A relação com Maria não é elemento secundário e opcional. Maria é o modelo da Igreja e é reconhecida como modelo extraordinário da Igreja, precisamente porque é discípula perfeita que se abre à Palavra e se deixa penetrar por seu dinamismo.

Evangelii Nuntiandi goo.gl/4Cwswx

Maria, porém, não é um modelo exterior e distante. Sendo mãe gloriosa no céu, atua na terra. Ela é ao mesmo tempo modelo e modeladora: enquanto peregrinamos, Maria será a Mãe e a educadora da fé (LG 63). Ela cuida que o Evangelho nos penetre intimamente, plasme nossa vida de cada dia e produza em nós frutos de santidade. Ela precisa ser cada vez mais a pedagoga do Evangelho na Igreja. A Igreja, que deseja evangelizar não de maneira decorativa, como um verniz superficial (Evangelii nuntiandi 20), mas no fundo, na raiz, na cultura do povo, volta-se para Maria para que o Evangelho se torne mais carne, mais coração na Igreja.

A relação tão profunda entre Maria e o Evangelho vem de toda a sua vida e do lugar que Deus lhe deu na história do Seu povo. O “caminho de Maria” foi um constante dizer “sim” à vontade de Deus. O dizer “sim” à vontade de Deus é o verdadeiro amor de Deus e a perfeição cristã que Maria viveu como expressão fiel de sua vida totalmente voltada a Ele. Maria deu seu “sim” a esse desígnio de amor. Aceitou-o livremente na anunciação e foi fiel à palavra dada até o martírio do Gólgota. Foi fiel companheira do Senhor em todos os caminhos.


114

A maternidade divina levou-a a uma entrega total. Foi uma doação generosa, cheia de lucidez e permanente. Por sua fé é a Virgem fiel. Se olharmos para a figura viva de Maria, vemo-la toda de Cristo e com Ele, toda servidora dos homens. Maria é a pessoa que crê por excelência, em quem resplandece a fé como dom, abertura, resposta e fidelidade. Maria é a discípula de seu próprio Filho, pois vive o Evangelho em todas as circunstâncias em que a descreve a Sagrada Escritura. A Sagrada Escritura apresenta-a como alguém que, indo visitar Isabel por ocasião do parto, presta-lhe o serviço muito maior de anunciar-lhe o Evangelho com as palavras do Magnificat. Em Caná está atenta às necessidades da festa e sua intercessão provoca a fé dos discípulos que “acreditam Nele” (Jo 2,11). Todo o serviço que Maria presta aos homens consiste em abri-los ao Evangelho e convidá-los a obedecer-lhe: “Fazei o que vos disser” (Jo 2,5). Toda a vida de Maria é um catecismo vivo (Cathechesi tradendi 3-7).

História de Maria, Pe. Zezinho

Se a devoção a Maria não nos leva a imitá-la, se não for uma porta que nos leva a Jesus, a viver o Evangelho, então não é suficientemente cristã. “A Virgem Maria foi sempre proposta pela Igreja à imitação dos fiéis porque nas condições concretas da sua vida, ela aderiu total e responsavelmente à vontade de Deus (Lc 1,38); porque soube acolher a Sua palavra e pô-la em prática; porque a sua ação foi animada pela caridade e pelo espírito de serviço.”


115

Ela foi a primeira e a mais perfeita discípula de Cristo (Marialis cultu 35). Seu exemplo orienta a Igreja. “Ninguém como Maria conheceu a profundidade do mistério de Deus feito homem. Escolhida para ser a Mãe do Filho de Deus, Maria guardou no seu coração a misericórdia divina em perfeita sintonia com seu Filho. O seu cântico de louvor, no limiar da casa de Isabel, foi dedicado à misericórdia que se estende de “geração em geração” (Lc 1,50). “Também nós estávamos presentes naquelas palavras proféticas da Virgem Maria. Dirijamos-lhe a oração, antiga e sempre nova, da Salve Rainha, pedindo-lhe que nunca se canse de volver para nós os seus olhos misericordiosos e nos faça dignos de contemplar o rosto da misericórdia, Seu Filho Jesus” (Francisco, Misericordiae vultus – bula de proclamação do jubileu da misericórdia). Toda catequese só é catequese de fato, verdadeira, plena, se motivada e conduzida nesse modelo de Jesus que leva à conversão e à fé. E vemos em Maria o modelo da pessoa que se deixou conduzir por Deus – portanto catequizada – e ao mesmo tempo inspiração e exemplo de como se vive a catequese e a vida em Cristo. Toda educação precisa de modelos que revelem a sabedoria das palavras e a confirmem com suas vidas. Desejo que todos os que se dedicam à tão bela e santa missão de catequizar tenham sempre em Jesus seu fundamento, seu Mestre, e em Maria seu modelo e inspiração. Assim, nossa missão de catequese é vista e vivida como a missão do próprio Cristo para nos conduzir – catequistas e catequizandos – a sermos como Maria, mãe e discípula de seu próprio Filho, a quem educou e por quem foi educada no caminho da fé, do amor. Marialis Cultu goo.gl/hqA7n8

Pe. José Alem Sacerdote membro da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração de Maria. Educador e comunicador, Professor de Filosofia, Espiritualidade, Comunicação, Psicologia da Religião. Especialista em Logoterapia. Filósofo clínico. Assessor de cursos e formação através de palestras, retiros, encontros, oficinas. Escritor e assessor de projetos de comunicação e educação.


ESPAÇO DOS PEQUENINOS

116

Pequeninos do Senhor na Arquidiocese de Campinas Palavra de Dom Airton José dos Santos Mais de 40% das Paróquias e Comunidades da Arquidiocese de Campinas já têm o Projeto Pequeninos do Senhor implantado nas missas nos finais de semana. Segundo Dom Airton José, Arcebispo de Campinas, “a evangelização das crianças comporta uma exigência muito forte. Criança não é adulto pequeno, é criança que nós devemos preparar para o mundo adulto, para viverem na sociedade, para serem membros da Igreja de Cristo, membros ativos, fiéis a Cristo, fiéis à Igreja, homens e mulheres de bem. O que é escrito na nossa vida, permanece pra sempre! Ninguém consegue apagar uma experiência de vida. Então, as crianças devem fazer uma experiência positiva do encontro com Jesus. Como ouvimos no Evangelho, Jesus disse aos seus discípulos: deixai as crianças virem a mim, ou melhor ainda, mais do que deixai, fazei com que as crianças venham a mim.”


117

Pequeninos do Senhor na Paróquia N. Sra. das Dores Palavra do Mons. João Luiz Fávero

O Pequeninos do Senhor nasceu em 1997 e foi acolhido aqui na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Cambuí, em Campinas, no ano 2000 como Projeto Piloto. Ele surgiu do anseio de 4 mães a partir da preocupação com a evangelização de seus filhos com idades entre 3 e 7 anos. O Projeto, após 18 anos, ganhou força e já está presente em mais de 180 Paróquias e Comunidades em todo o Brasil e foi implantado, também, no Canadá, no Japão e na África: em Angola e Moçambique. Ao acolher as crianças dessa faixa de idade durante as Missas nos finais de semana, nós também percebemos que estávamos facilitando e atraindo a participação dos pais na vida da comunidade. Então compreendemos a dupla dimensão desse projeto: por um lado, fazemos uma evangelização com as crianças, preparando o coração delas para um posterior processo de iniciação cristã. Fazendo isso, vamos plantando, no coração das crianças, as sementes do Evangelho, na esperança de ver frutificar estas sementes em bons frutos. E, por outro lado, nós também estamos ajudando os pais, dando a eles tranquilidade para participarem da Santa Missa.

Mons. João Luiz Fávero Vigário Geral da Arquidiocese de Campinas e Diretor Espiritual da Associação Pequeninos do Senhor


118

Pequeninos do Senhor

Um modo diferente de Evangelizar Todos sabem muito bem que as crianças, além de não pararem quietas - o que é próprio delas - não compreendem o sentido e nem a linguagem da Missa. Por isso, a Associação Católica Pequeninos do Senhor desenvolveu um projeto que as acolhe com muito carinho para serem evangelizadas durante as Missas, desde bem pequeninas numa linguagem adequada, e inseridas na Comunidade, para conherem Jesus e compreenderem a Sua mensagem. O projeto tem como proposta abrir um ‘espaço próprio’ para acolher as crianças durante as Missas nos finais de semana, dentro das Paróquias e Comunidades. Lá elas ouvem o Evangelho de modo lúdico, brincando e cantando! Fazemos isso em obediência à ordem de Jesus no Evangelho de Marcos 10,14: “Vinde a mim os pequeninos e não os impeçais, porque deles é o Reino dos céus”.


119

Pequeninos do Senhor

Projeto Piloto está em Campinas Para implantar o Pequeninos do Senhor numa Paróquia, basta fazer o cadastro dentro site www.pequeninosdosenhor.org. Em seguida, nós entraremos em contato para mais informações, e oferecemos o material Catequético-Liturgico “Missal dos Pequeninos” gratuitamente para os catequistas aplicarem nos encontros com os pequeninos. O Projeto Piloto se encontra na Paróquia Nossa Senhora das Dores, no Cambuí, em Campinas, e possui 2 Coordenadoras que se dividem nas atividades de acolhimento e formação dos catequistas envolvidos. Para Adilce Moreira Moreto, uma das Coordenadoras, “o Pequeninos do Senhor existe para ser a semente no coração das crianças, para que elas sejam homens e mulheres de fé em Jesus, seguidores Dele, e para terem uma intimidade e verdadeira amizade com Ele”. Segundo Daniela Frattini Colla, Coordenadora responsável pela formação dos catequistas, “existe uma alegria muito grande por parte dos catequistas e a opinião é unanime quando dizem que acolher as crianças é a coisa mais gostosa de se fazer. Uma prática que é sempre produtiva é a reunião com as catequistas, que se dá uma vez ao mês para elaboração e montagem da escala de dias e horários de cada uma nos acolhimentos e, também, para o estudo e a preparação dos encontros, baseado no Missal dos Pequeninos.”


120

Pequeninos do Senhor

Em todo Brasil e além fronteiras O Pequeninos do Senhor já foi implantado em mais de 180 Paróquias e Comunidades em todo o Brasil; em Angola e Moçambique, países de língua portuguesa; e Japão e Canadá, em comunidades de portugueses e brasileiros. Centenas de catequistas estão envolvidos, muitas famílias são cativadas e têm suas vidas transformadas, e milhares de crianças são evangelizadas semanalmente nos encontros durante as Missas. Conheça mais sobre o Projeto Pequeninos do Senhor acessando: pequeninosdosenhor.org


121

Luanda – Angola Paróquia São Paulo – Comunidade Bom Pastor – Pe. Stefano Tollu Diocese de Luanda-Angola - Dom Damião Franklin Coordenador: Pe. Stefano Tollu São José dos Campos – SP Catedral São Dimas – Pe. Rinaldo Roberto de Rezende Diocese de São José dos Campos - Dom José Valmor César Teixeira Coordenadores: Vanderlea de Oliveira e Carlos Roberto Ferreira São Paulo – Jd. Miriam - SP Paróquia Nossa Sra. Aparecida - Pe. Polikarpus Rangga Diocese de Sto Amaro – Dom Fernando Figueiredo Coordenador: Afonso Giglio Junior São Paulo – Jd. Miriam - SP Paróquia Nossa Sra. Aparecida - Pe. Polikarpus Rangga Diocese de Sto Amaro – Dom Fernando Figueiredo Coordenador: Afonso Giglio Junior Salvador – BA Paróquia Paróquia da Ressurreição do Senhor - Pe. Cristóvão Krzystof Diocese de Salvador – Dom Murilo Krieger Coordenadora: Magda Melo Santo Antonio de Jesus – BA Paróquia São Benedito – Pe. Antonio Gregório Oliveira Filho Diocese de Amargosa - Dom João Nilton dos S. Souza Coordenadora: Maria Bomfim Vila Velha – ES Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Pe. Anderson Gomes Diocese de Vitória - Dom Luis Mancilha Vilela Coordenadora: Monica Ribani Pitta Sartoretto Bragança Paulista – SP Paróquia Nossa Senhora da Esperança – Pe. Orestes Oliveira Preto Diocese de Bragança Paulista – Dom Sergio Aparecido Colombo Coordenadores - Edvaldo Antonio Rissato e Claudia Russo Rissato Vinhedo - SP Paróquia de Sant´Ana – Pe. Julio Cesar Calusni Diocese de Campinas – Dom Airton José dos Santos Coordenadora: Gislene Jove de Souza


122

Baixe grátis o app Pequeninos do Senhor “Quando pensamos em desenvolver o aplicativo Pequeninos, foi com o intuito de ter um produto 100% voltado para as crianças, para que, também de modo lúdico, e com uma mensagem indireta, elas se aproximassem dos ensinamentos de Jesus e caminhassem junto com Ele também no mundo virtual. Nós acreditamos na inspiração do Espírito Santo, e quando Deus quer, e nós nos deixamos ser usados como instrumentos Dele, tudo se realiza muito melhor do que imaginávamos. Foi um investimento alto e que demandou muita dedicação de uma equipe iluminada, mas valeu a pena! Faz somente 6 meses que o Aplicativo Pequeninos foi lançado e divulgado em toda a mídia católica, e já teve mais de 3.500 downloads não só no Brasil, como também em Angola, Portugal, USA e Japão.”, destaca a Presidente da Associação, Rachel Abdalla. #pequeninosAPP Envolve pais e filhos em torno da mensagem de amor ao próximo e a Deus. Atualização O aplicativo é atualizado, mensalmente, com jogos, diversão e orações para a garotada; e, semanalmente, com conteúdo de formação para os catequistas. Jogos Para colorir, montar, brincar e fortalecer os laços entre pais e filhos. Multimídia Fotos, vídeos, desenhos, áudios e o CD completo do Pequeninos do Senhor.


123

Quem somos e onde estamos Associação Católica Pequeninos do Senhor Rua Santos Dumont, 793 Cambuí – Campinas - SP Fone: (19) 3012-3647 www.pequeninosdosenhor.org contato@pequeninosdosenhor.org

Equipe Pequeninos do Senhor


TEATRO NA CATEQUESE

124

Maria: estado permanente de bem-aventuranรงa.


125

u Esqueça que e r não sei te ama

M

editando a saudação do anjo, “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1,28), é possível perceber o estado de permanência de Deus com a bem-aventurada. Por que será que o anjo não disse “... o Senhor está contigo”?

Senhora Comunidade Boa Nova

Sendo Maria preservada do pecado para gerar o Salvador, não há que se falar em graça provisória. Isso é para nós, que aqui e acolá escorregamos nas desgraças humanas e precisamos dos sacramentos para voltar ao estado de graça. Com Maria, tudo é diferente... O Senhor não a assistiu apenas na concepção, gravidez e parto. O Senhor, Aquele que É, é permanentemente com ela! Por isso, sendo ela também intimamente ligada a Deus nas três pessoas da Santíssima Trindade, podemos nos valer de sua terna intercessão. Por meio de Maria, “Sua misericórdia se estende de geração em geração, sobre os que O temem” (Lc 1, 50). A misericórdia de Deus chegou aos homens por meio da Mãe, alcança a nossa geração e se estenderá até as gerações futuras, sempre disponível sobre os que temem o Senhor. Não dá para temer a Deus e rejeitar as maravilhas que realizou em Sua serva! Muitos vivem mal por dispensarem o colo da Mãe. Nesta edição trago a junção de teatro, dança e música ao vivo, unindo os três ministérios para contar a história de João, o advogado que, diferente do discípulo amado, diante da dor da perda pela morte, não quis “levar Maria para casa”, mas seguiu muitos anos de sua vida preso à sua própria dor, dispensando os cuidados da Mãe. Em Esqueça que eu não sei te amar, Maria, portadora da misericórdia de Deus, acolhe o filho rebelde, que, exortado por um grande amigo, consegue libertar-se da dor e reconcilia-se com Deus no colo de Maria, finalmente cumprindo o último mandamento de Cristo crucificado: “Eis aí tua mãe”(Jo 19,27a). A peça tem estreia marcada para o 11º Retiro Oásis, em Maceió. O encontro tratará especialmente de Maria como canal da graça de Deus para os cristãos, com o tema: “Mulher, eis aí teu filho; filho, eis aí tua Mãe”. Além do texto, enviado em primeira mão para a revista Sou Catequista, você terá acesso à canção “Senhora”, de Hamilton (Comunidade Boa Nova), para ouvi-la como trilha sonora.

Erivandra Marques Catequista de Primeira Comunhão Paróquia Senhor do Bonfim - Maceió, AL


O CATECISMO RESPONDE

126

Como falar de Deus? 39 Ao defender a capacidade da razão humana de conhecer a Deus, a Igreja exprime sua confiança na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. Esta convicção está na base de seu diálogo com as outras religiões, com a filosofia e com as ciências, como também com os não-crentes e os ateus. 40 Uma vez que nosso conhecimento de Deus é limitado, também limitada é nossa linguagem sobre Deus. Só podemos falar de Deus a partir das criaturas e segundo nosso modo humano limitado de conhecer e de pensar. 41 As criaturas, todas elas, trazem em si certa semelhança com Deus, muito particularmente o homem criado à imagem e a semelhança de Deus. Por isso as múltiplas perfeições das criaturas (sua verdade, bondade e beleza) refletem a perfeição infinita de Deus. Em razão disso podemos falar de Deus a partir das perfeições de suas criaturas, “pois a grandeza e a beleza das criaturas fazem, por analogia, contemplar seu Autor” (Sb 13,5). 42 Deus transcende a toda criatura. Por isso, é preciso incessantemente purificar nossa linguagem daquilo que possui de limitado, de proveniente de pura imaginação, de imperfeito, para não confundirmos o Deus “inefável, incompreensível, invisível, inatingível” com as nossas representações humanas. Nossas palavras humanas permanecem sempre aquém do Mistério de Deus. 43 Assim falando de Deus, nossa linguagem se exprime, sem dúvida, de maneira humana, mas ela atinge realmente O próprio Deus, ainda que sem poder exprimi-lo em sua infinita simplicidade. Com efeito, é preciso lembrar que “entre o Criador e a criatura não se pode notar uma semelhança, sem que se deva notar entre eles uma ainda maior dessemelhança”, e que “não podemos apreender de Deus o que ele é, mas apenas O que ele não é e de que maneira os outros seres se situam em relação a ele.


127

resumindo 44 O homem é, por natureza e por vocação, um ser religioso. Porque provém de Deus e para Ele caminha, o homem só vive uma vida plenamente humana se viver livremente sua relação com Deus. 45 O homem é feito para viver em comunhão com Deus, no qual encontra sua felicidade: “Quando eu estiver inteiramente em Vós, nunca mais haverá dor e provação; repleta de Vós por inteiro, minha vida será verdadeira” 46 Quando escuta a mensagem das criaturas e a voz de sua consciência, o homem pode atingir a certeza da existência de Deus, causa e fim de tudo. 47 A Igreja ensina que o Deus único e verdadeiro, nosso Criador e Senhor, pode ser conhecido com certeza por meio de suas obras graças à luz natural da razão humana. 48 Podemos realmente falar de Deus partindo das múltiplas perfeições das criaturas, semelhanças do Deus infinitamente perfeito, ainda que nossa linguagem limitada não esgote seu mistério. 49 “Sem o Criador, a criatura se esvai”. Eis por que os crentes sabem que são impelidos pelo amor de Cristo a levar a luz do Deus vivo àqueles que o desconhecem ou o recusam.


128

CATECINE

APRENDENDO TEOLOGIA COM UMAS BOAS RISADAS TODO PODEROSO (2003)


129

N

ada parece estar indo bem para Bruce: seu trabalho é uma droga, seu carro é uma porcaria, e até mesmo seu cachorro só sabe fazer xixi dentro de casa. A única coisa que é boa em sua vida é sua namorada Grace. Ele realmente quer o trabalho de âncora no canal de TV onde trabalha. Em vez disso, ele é enviado para fazer uma reportagem ao vivo nas Cataratas do Niágara. Pouco antes de ele fazer a história, um anúncio vem em seu fone de ouvido, dizendo que a posição de âncora foi dada a outro jornalista. Ele fica muito chateado e enlouquece no barco, ao vivo para todo o País. Como resultado, ele é demitido. Ele culpa a Deus por sua queda e passa então a blasfemar contra o Todo-Poderoso. Em seguida, Bruce afirma que Deus poderia consertar sua vida em 5 minutos, se quisesse. Deus responde a ele dando a Bruce todos os seus poderes, para provar que seu trabalho não é tão fácil como Bruce pensa. Então Bruce faz vários testes com os poderes e, em seguida, os usa para melhorar sua vida e se vingar de todas as pessoas que o tinham maltratado. Bruce também usa seus recém-adquiridos poderes para conseguir seu emprego de volta. O problema é que ele não está nem um pouquinho preocupado com o bem-estar dos outros, incluindo o de sua namorada. Ele acaba até mesmo tentando atender a orações, dando a todos tudo o que querem, e isso resulta em revoltas generalizadas e tumultos. Então Bruce desiste de ser Deus e fica de joelhos, implorando a Deus que o deixe ser ele mesmo novamente. Como estava ajoelhado no meio da rua, Bruce é atropelado por um caminhão e morre. Ele fala com Deus e pede que sua namorada tenha alguém para amá-la. Como ele finalmente demonstra estar preocupado com outro ser humano que não seja ele mesmo, Deus decide trazê-lo de volta à vida. No final, Bruce aprende a ser mais amoroso e menos preocupado com seus próprios interesses, se preocupando mais com as outras pessoas, e acaba se tornando uma pessoa muito amorosa.

No geral, este filme faz um excelente trabalho, ao fazer o público pensar um pouco mais sobre sua compreensão de Deus e da Sua atividade (ou suposta inatividade) no mundo. A obra aponta claramente que não somos Deus por várias razões, sendo que a principal delas é que somos pecadores, falhos, e abusaríamos de tais poderes divinos.


130

Todo Poderoso (2003) - Trailer Legendado

No geral, este filme faz um excelente trabalho, ao fazer o público pensar um pouco mais sobre sua compreensão de Deus e da Sua atividade (ou suposta inatividade) no mundo. A obra aponta claramente que não somos Deus por várias razões, sendo que a principal delas é que somos pecadores, falhos, e abusaríamos de tais poderes divinos. O filme também mostra que é bom saber que Deus está no controle e nos ajuda a ver o cenário maior de nossa vida, nos ajudando a ter uma melhor compreensão desta. Ele nos exorta a nos rendermos à vontade de Deus e a encontrar nossa realização pessoal nos lugares em que Deus nos colocou para servir.

Celso Antonio Jornalista, escritor e professor de inglês pela Escola Estadual Coronel Castanho de Almeida, na cidade de Guareí, interior de SP.



132

DICAS DE LEITURA

CATEQUISTAS DISCÍPULOS MISSIONÁRIOS De José Carlos Pereira Editora Paulus A missão do catequista é fundamental na vida da paróquia e da Igreja como um todo. Em suas mãos está grande responsabilidade: fazer com que outras pessoas, sobretudo crianças, adolescentes e jovens, conheçam a Deus, a Igreja e a sua missão de batizados. Boa parte dos conceitos de Deus e da Igreja, que os catequizandos terão na vida, dependerá do catequista e daquilo que ele lhes ensinou. Pensando nisso, apresentamos este subsídio, que traz o essencial à formação de catequistas, para que estejam bem preparados para preparar outras pessoas.

Acesse o site

Nesse livro você encontrará pistas de reflexão e aprofundamento sobre a doutrina, os sacramentos e a missão da Igreja, e poderá repassar a outros com simplicidade e profundidade os seus conhecimentos e a sua vivência da fé católica.


133

ANIMAÇÃO VOCACIONAL PARA TEMPOS DIFÍCEIS E EXIGENTES De Juan Carlos Martos Editora Ave-Maria Vivemos tempos difíceis e também exigentes no que se refere à animação vocacional. O que João Paulo II denominou “a grande tristeza da Igreja” - o problema da escassez vocacional - tem muitas causas e explicações. Todavia, torna-se necessário abordar o tema com coragem para encontrar soluções oportunas que nos abram a um novo futuro.

Acesse o site

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTERLOCUTORAS DA CATEQUESE Edições CNBB Esse livro é o fruto do IV Seminário Nacional de Catequese junto às pessoas com deficiência, que procurou enfocar os aspectos sociológico, teológico, pedagógico, jurídico, entre outros, além de colaborar para fazer avançar a reflexão e aprimorar a prática dos catequistas.

Acesse o site


134

SUGESTテグ DE APP

App da

Bテュblia para crianテァas


135

C

atequista e leitor(a), esta seção é uma novidade Sou Catequista, criada exclusivamente aos missionários que permanecem conectados à evangelização no meio digital. Neste espaço você encontrará a sugestão de um aplicativo que possa auxiliá-lo(a) em sua missão com os catequizandos, tendo sempre em vista uma formação alicerçada pelo amor e a fé e solidificada pela riqueza de conteúdo. Nesta edição, trazemos até você o app da Bíblia para crianças.

Sobre o aplicativo

Já instalado em mais de 7 milhões de dispositivos, o App da Bíblia para Crianças vem da YouVersion, criadores do App da Bíblia. Em parceria com a OneHope, o App da Bíblia para Crianças foi criado especificamente para proporcionar momentos prazerosos de conhecimento independente da Bíblia as crianças. Aqui estão todos os locais onde você pode obter o App da Bíblia para Crianças:

Dísponivel gratuitamente em:


MENSAGEM DO PAPA

136

A educação dos filhos


137

H

oje, queridos irmãos e irmãs, desejo dar-vos as boas vindas porque vi entre vocês tantas famílias, bom dia a todas as famílias! Continuamos a refletir sobre família. Hoje nos concentraremos em refletir sobre uma característica essencial da família, ou seja, a sua vocação natural para educar os filhos para que cresçam na responsabilidade de si e dos outros. Aquilo que ouvimos do apóstolo Paulo, no início, é tão belo: “Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isso agrada ao Senhor. Pais, deixai de irritar vossos filhos, para que não se tornem desanimados” (Col 3, 20-21). Esta é uma regra sábia: o filho que é educado a escutar os pais e a obedecer aos pais, os quais não devem operar de maneira bruta, para não desanimar os filhos. Os filhos, de fato, devem crescer sem se desanimar, passo a passo. Se vocês pais dizem aos seus filhos: “Vamos subir nessa escada” e pegam a mão deles e passo após passo os fazem subir, as coisas irão bem. Mas se vocês dizem: “Vá em frente!” – “Mas não posso” – “Vá!”, isso se chama irritar os filhos, pedir aos filhos as coisas que não são capazes de fazer. Por isso, a relação entre pais e filhos deve ser de uma sabedoria, de um equilíbrio tão grande. Filhos, obedeçam aos pais, isso agrada a Deus. E vocês pais, não irritem os filhos, pedindo-lhes coisas que não podem fazer. E isso é necessário ser feito para que os filhos cresçam na responsabilidade de si e dos outros. Pareceria uma constatação óbvia, mas mesmo nos nossos tempos não faltam as dificuldades. É difícil educar para os pais que veem os filhos somente à noite, quando voltam para casa cansados do trabalho. Aqueles que têm a sorte de ter um trabalho! É ainda mais difícil para os pais separados, que estão pesarosos com esta condição: coitados, tiveram dificuldade, se separaram e tantas vezes o filho é tomado como um refém e o pai fala mal da mãe e a mãe fala mal do pai, e isso faz tanto mal. Mas eu digo aos pais separados: nunca, nunca, nunca tomem o filho como refém! Vocês se separaram por tantas dificuldades e motivos, a vida deu essa prova a vocês, mas os filhos não sejam os que levam o peso dessa separação, não sejam usados como reféns contra o outro cônjuge, cresçam ouvindo que a mãe fala bem do pai, embora não estejam juntos, e que o pai fala bem da mãe. Para os pais separados, isso é muito importante e muito difícil, mas podem fazê-lo. Mas, sobretudo, a pergunta: como educar? Quais tradições temos hoje para transmitir aos nossos filhos? Intelectuais “críticos” de todo tipo silenciaram os pais de mil modos, para defender as jovens gerações de danos – verdadeiros ou presumidos – da educação familiar. A família foi acusada, entre outros, de autoritarismo, de favoritismo, de conformismo, de repressão afetiva que gera conflitos.


138

De fato, se abriu uma fratura entre família e sociedade, entre família e escola, o pacto educativo hoje se rompeu; e assim, a aliança educativa da sociedade com a família entrou em crise porque foi ameaçada a confiança recíproca. Os sintomas são muitos. Por exemplo, na escola, foram afetadas as relações entre os pais e os professores. Às vezes, há tensões e desconfiança recíproca, e as consequências naturalmente caem sobre os filhos. Por outro lado, se multiplicaram os chamados “especialistas”, que ocuparam o papel dos pais também nos aspectos mais íntimos da educação. Sobre a vida afetiva, sobre personalidade e o desenvolvimento, sobre direitos e sobre deveres, os “especialistas” sabem tudo: objetivos, motivações, técnicas. E os pais devem somente escutar, aprender e se adequar. Privados do seu papel, esses se tornam muitas vezes excessivamente apreensivos e possessivos nos confrontos com seus filhos, até não os corrigir nunca: “Você não pode corrigir o filho”. Tendem a confiá-los sempre mais aos “especialistas”, também sobre os aspectos mais delicados e pessoais da vida, colocando-os no canto sozinhos; e assim os pais hoje correm o risco de se auto-excluir da vida os seus filhos. E isso é gravíssimo! Hoje, há casos deste tipo. Não digo que acontece sempre, mas há. A professora na escola reprova o menino e faz uma anotação para os pais. Eu recordo um acontecimento pessoal. Uma vez, quando eu estava na quarta série, disse uma palavra feia para a professora e ela, uma mulher brava, chamou minha mãe. Ela foi no dia seguinte, falaram entre si e depois fui chamado. E minha mãe, diante da professora, me explicou que aquilo que eu fiz foi uma coisa ruim, que não se devia fazer; mas a mãe o fez com tanta doçura e me pediu para pedir perdão diante dela à professora. Eu o fiz e depois fiquei contente porque disse: terminou bem a história. Mas aquele era o primeiro capítulo! Quando voltei pra casa, comecei o segundo capítulo…Imaginem vocês, se a professora faz uma coisa desse tipo, no dia seguinte os dois pais ou um deles a reprova, porque os “especialistas” dizem que as crianças não devem ser repreendidas assim. As coisas mudaram! Portanto, os pais não devem se auto-excluir da educação dos filhos. É evidente que esta abordagem não é boa: não é harmônica, não é dialógica e em vez de favorecer a colaboração entre a família e as outras agências educativas, as escolas, as palestras…as contrapõem. Como chegamos a esse ponto? Não há dúvidas de que os pais, ou melhor, certos modelos educativos do passado tinham alguns limites, não há dúvida. Mas é também verdade que há erros que somente os pais são autorizados a fazer, porque podem compensá-los de um modo que é impossível a qualquer outro. Por outro lado, sabemos bem disso, a vida se tornou mesquinha de tempo para falar, refletir, confrontar-se. Muitos pais são “sequestrados” pelo trabalho – pai e mãe devem trabalhar – e por outras preocupações, envergonhados por novas exigências dos filhos e pela complexidade da vida atual – que é assim, devemos aceitá-la como é – e se encontram meio que paralisados pelo


139

medo de errar. O problema, porém, não é só falar. Antes, um “dialoguismo” superficial não leva a um verdadeiro encontro da mente e do coração. Perguntemo-nos, em vez disso: procuramos entender “onde” os filhos estão verdadeiramente em seu caminho? Onde está realmente a alma deles, sabemos? E sobretudo: queremos saber? Estamos convencidos de que esses, na realidade, não esperam outra coisa? As comunidades cristãs são chamadas a oferecer apoio à missão educativa das famílias, e o fazem antes de tudo com a luz da Palavra de Deus. O apóstolo Paulo recorda a reciprocidade dos deveres entre pais e filhos: “Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isso agrada ao Senhor. Pais, deixai de irritar vossos filhos, para que não se tornem desanimados” (Col 3, 2021). Na base de tudo está o amor, aquele que Deus nos dá, que “não falta com respeito, não procura o próprio interesse, não fica com raiva, não faz conta do mal recebido…tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1 Cor 13, 5-6). Mesmo nas melhores famílias é preciso suportar-se e é preciso tanta paciência para se suportar! Mas a vida é assim. A vida não se faz em laboratório, se faz na realidade. O próprio Jesus passou pela educação familiar. Também nesse caso, a graça do amor de Cristo leva à realização isso que está inscrito na natureza humana. Quantos exemplos maravilhosos temos de pais cristãos cheios de sabedoria humana! Esses mostram que a boa educação familiar é a coluna vertebral do humanismo. A sua irradiação social é o recurso que permite compensar as lacunas, as feridas, os vazios de paternidade e maternidade que tocam os filhos menos afortunados. Essa irradiação pode fazer autênticos milagres. E na Igreja acontecem todos os dias estes milagres! Desejo que o Senhor dê às famílias cristãs a fé, a liberdade e a coragem necessárias para a sua missão. Se a educação familiar encontra o orgulho do seu protagonismo, muitas coisas mudarão para melhor, para os pais incertos e para os filhos desiludidos. É hora dos pais e das mães retornarem do seu exílio – porque se exilaram da educação dos filhos – e reassumirem plenamente o seu papel educativo. Esperamos que o Senhor dê aos pais esta graça: de não se auto-exilar na educação dos filhos. E isto somente o amor, a ternura e a paciência podem fazer.


GOSTOU? A próxima edição chega em breve e queremos que nos ajude a torná-la ainda melhor. Envie um e-mail para contato@soucatequista.com.br com as suas sugestões, elogios, críticas, ou mesmo um artigo ou depoimento.

sou catequista


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.