Revista Sou Catequista - 6ª Edição

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CONFIRA NESTA EDIÇÃO: CATEQUESE & BRINCADEIRA PÁG. 26 A CATEQUESE DE PRIMEIRA COMUNHÃO NA VIDA DAS CRIANÇAS PÁG. 34 ELEMENTOS PARA UMA CATEQUESE PERSONALIZADA PÁG. 54 UNIVERSIDADE MONSTROS PÁG. 95

NESTA EDIÇÃO: Sou catequista de A Catequese do Primeira Comunhão... Bom Pastor E agora? PÁG 35 PÁG 40

O que alguns católicos não notaram no último sucesso da Disney PÁG 95


Guia de Navegação para Tablets e Smartphones



CONFIRA NESTA EDIÇÃO:

Editorial Estamos em festa! Agosto é o mês que celebramos as vocações, o dia do catequista (24) e 1 ano de publicação da revista Sou Catequista. São 3 temas que partem do mesmo princípio: GENEROSIDADE. Tudo o que fazemos em prol da Igreja exige um coração disposto a servir. O vocacionado aprende em seu percurso que deve se desapegar cada vez mais de suas vontades, interesses, para que seja o próprio Deus a conduzílo para a realização da vontade dEle. Não se chega dizendo “eis-me aqui para fazer de tal jeito”, o vocacionado de verdade diz “eis-me aqui para fazer a Sua vontade, Senhor”.

CATEQUESE & BRINCADEIRA PÁG. 22 A CATEQUESE DE PRIMEIRA COMUNHÃO NA VIDA DAS CRIANÇAS PÁG. 29 ELEMENTOS PARA UMA CATEQUESE PERSONALIZADA PÁG. 50 UNIVERSIDADE MONSTROS PÁG. 95

sou catequista

Se estamos completando este tempo de trabalho pela formação dos catequistas é por graça de Deus. Os desafios não foram poucos. Aprendemos bastante e conquistamos resultados incríveis. Tudo isso não simplesmente por méritos próprios, mas porque buscamos dar o nosso melhor para que Deus iluminasse e tornasse fértil. O projeto Sou Catequista existe há 5 anos, começou com o portal, depois veio a rede social e mais adiante a revista digital. Em breve virá a plataforma de cursos e tudo mais o que Deus nos inspirar. A matéria de capa, com o título “Coração de Catequista” fala sobre esses corações inspirados, cheios de ideias e muito amor a Deus. Que contagiam outros corações com esse amor. Que esta edição seja bastante inspiradora para você na realização dessa vocação. E feliz dia dos catequistas! Sérgio Fernandes Direção geral

NESTA EDIÇÃO: Sou catequista de A Catequese do Primeira Comunhão... Bom Pastor E agora? PÁG 35 PÁG 40

O que alguns católicos não notaram no último sucesso da Disney PÁG 95

Edição 6 / Ano 2 / Agosto 2014 Direção geral: Sérgio Fernandes Consultor Eclesiástico: Pe. José Alem Matéria de capa: Moacir Beggo Revisão: Marcus Facciollo Projeto gráfico: Agência Minha Paróquia Diagramação: Renan Trevisan Desenvolvimento WEB: Marcos Antônio e Matheus Moreira Atendimento: Ana Elisa Prado Comercial: Adriana Franco Banco de imagens: Shutterstock

sou catequista

A revista digital Sou Catequista é uma publicação da agência Minha Paróquia, disponível gratuitamente para smartphones e tablets nas plataformas IOS e Android. Os conteúdos publicados são de responsabilidade de seus autores e não expressam necessariamente a visão da agência Minha Paróquia. É permitida a reprodução dos mesmos desde que citada a fonte. O conteúdo dos anúncios é de total responsabilidade dos anunciantes.

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NESTA EDIÇÃO 8 NOSSOS LEITORES

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DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

Rosilana Negoseki Foggiatto e Jaqueline

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60 TEATRO NA CATEQUESE

ARTE E VIDA À LUZ DA PALAVRA Erivandra Marques

64 TEOLOGIA

A GLOBALIZAÇÃO NUMA VISÃO TEOLÓGICA Márcio Oliveira Elias

INICIAÇÃO CRISTÃ

A PREPARAÇÃO DA CATEQUESE

70

Liana Plentz

26

CATEQUESE INFANTIL

CATEQUESE & BRINCADEIRA Gilson P. Júnior

34

QUAL A IMPORTÂNCIA DA CATEQUESE DE

PRIMEIRA COMUNHÃO NA VIDA DAS CRIANÇAS?

MATÉRIA DE CAPA

CORAÇÃO DE CATEQUISTA Moacir Beggo

Roberto Garcia

36

42

88 CATECUMENATO

87

Adriana Amorim

92

INICIAÇÃO CRISTÃ COM INSPIRAÇÃO CATECUMENAL CATEQUESE INCLUSIVA

CINCO PILARES DA EVANGELIZAÇÃO INCLUSIVA Thaís Rufatto

54

PAPA FRANCISCO

O QUE É FAMÍLIA PARA O PAPA FRANCISCO A VOZ DA IGREJA

94

CATEQUESE PERSONALIZADA

ELEMENTOS PARA UMA CATEQUESE PERSONALIZADA João Melo

O CATECISMO RESPONDE

O ESPÍRITO DOS EVANGELIZADORES Cardeal Odilo Pedro Scherer

98

EVENTOS

100

A VOZ DA IGREJA

CATECINE

UNIVERSIDADE MONSTROS David Ives


INOVAÇÃO, CRIATIVIDADE E PROFISSIONALISMO A SERVIÇO DA IGREJA

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SOMOS JOVENS E CRIATIVOS

Nossa equipe é formada por jovens profissionais qualificados nas áreas de tecnologia da informação, design e comunicação, que são entusiasmados pelo que fazem e estão sempre em busca de ideias inovadoras e adequadas ao setor em que atuam.

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PRODUÇÃO

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NOSSOS LEITORES

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Achei maravilhoso as duas peças de teatro, estou precisando de peças assim, mas para a catequese infantil, até 12 anos, essas duas vou passar pra Perseverança, os jovens vão amar. Pier Angeli Excelente, aprendo muito sobre o amor de Deus, e como deve um catequista se comportar perante os seus catequizando e com a Igreja. Obrigada. Maria Luiza Muito boa e um aprendizado muito abençoado! Douglas Henrique Galvão Estou gostando muito, tem me ajudado na catequese, obrigada! Edna Leite Silva Muito bom, gosto muito! Ana Cerdeira Adoro, aprendo muito com ela!!! Vera Covolan

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Gosto muito, aprecio as idéias. Uma bênção! Verinha da Silva Muito bom, ideias fantásticas. Marli Teresinha Pavlak Visneski


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Meu nome é Edilei da Silva Paula, sou Catequista de Adultos na cidade de Anápolis-GO, Paróquia Santa Clara Diocese de Anápolis. Fiquei muito feliz ao me deparar com o site da revista já fiz o dowload da revista nº 4 e 5 e estou ansiosa pelo próximo número, principalmente. Pela novidade que vem aí os cursos online. Formação é uma das palavras chaves nos dias de hoje em todos os campos e não poderia deixar de ser também na Catequese, pois só se ama Aquilo que se Conhece e só se conhece quando estudamos, uma sugestão que faço é para estudarmos juntos o CIC (Catecismo da Igreja Católica) e os Documentos do Concílio Vaticano II, claro que tudo à luz da Sagrada Escritura. Em breve teremos uma formação para nossas catequistas e quero aproveitar esse momento para apresentar a revista para meus colegas catequistas e aproveito para sugerir também que vocês nos ajudem nas formações paroquiais sugerindo roteiros de formações atualizados e os eventos pelo Brasil e pelo mundo que tratam da Catequese. Bom trabalho a todos, fiquem com Deus e mais uma vez parabéns pelo belo trabalho e pela iniciativa. Edilei da Silva Paula

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DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

E

u tinha 15 anos quando uma amiga me convidou para ajudá-la na catequese, lá na Colônia Zacarias, em São José dos Pinhais-PR. Quando ela me convidou eu não sabia o que dizer: “Mas eu? Por que eu? Eu não tenho instrução! Sou tão jovem e não tenho experiência”. Mas ela insistiu, dizendo: “Venha me ajudar que você aprende”. Conversei com minha mãe e ela me apoiou. Então, fui ajudar minha amiga num sábado à tarde, numa sala pequena, com algumas crianças. Em um momento me pediram para ler e explicar um trecho do Evangelho. Meu Deus! Eu li, mas para explicar eu mais gaguejei do que falei, pois realmente não sabia. Fiz o mínimo de catequese que uma pessoa deveria fazer: fiz Primeira Comunhão com sete anos, fui crismada com oito e meu catecismo era um livrinho vermelho só com perguntas e respostas...

Rosilana Negoseki Foggiatto 46 anos, funcionária pública, catequista na Paróquia de São Pedro, Diocese de São José dos Pinhais-PR.

A partir daquele dia fui me capacitar, estudar, participar de encontros de formação, li e rezei muito e consegui vencer a timidez. Três anos depois ganhei uma turma de primeiro ano, com a qual consegui ensinar e aprender muita coisa. Foi maravilhoso. Fiquei com essa turma por cinco anos.


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Com 23 anos eu me casei, mudei de paróquia, tive três filhos e fiquei longe da catequese. Sempre participava das missas, às vezes até cantava no coral, ia aos encontros da comunidade, novenas... Eu era feliz, mas sentia que faltava alguma coisa... Um dia recebi um telefonema da coordenadora da catequese me convidando para ser catequista. Eu aceitei sem nem pensar duas vezes. Ela então me confiou uma turma de 23 crianças de primeiro ano. Quando cheguei à sala era completamente diferente de antigamente. Eu, que havia ensinado para crianças simples do interior, estava então com várias crianças da cidade, todas muito cultas e inteligentes... Tive que estudar ainda mais e nisso a internet me ajudou bastante. Conheci blogs e sites de catequistas que me deram a ideia de criar um também, com a ajuda do meu filho. Assim, em 29 de agosto de 2009 criei o Blog da Nena (http://oblgdanena. blogsport.com.br) para me comunicar com outros catequistas, trocar ideias e experiências. Hoje sou catequista de terceiro ano de Eucaristia, este ano a minha turma é pequena, apenas dez crianças, eles são minha vida, como filhos para mim, são meus amigos queridos.

Outro dia eu participava de um curso de liturgia e uma mulher se aproximou de mim e disse: “Não lembra de mim? Fui tua catequizanda” . Nossa, que alegria senti naquele momento em saber que uma sementinha que eu tinha plantado há quase 25 anos deu frutos! Ela é catequista, participa de muitos movimentos em sua paróquia. Quando vejo meus catequizandos participando da comunidade eu sinto uma alegria imensa em ser catequista.


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DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

M

Jaqueline

37 anos, casada, mãe de dois filhos, Funcionária Pública e Catequista na Paróquia São Pedro Apóstolo em Pequeri/MG.

eu nome é Jaqueline, 37 anos, nascida em Juiz de Fora-MG e criada em Pequeri-MG, casada, mãe de dois filhos, Mariana e Daniel, funcionária pública e catequista. Me descobri catequista desde que recebi meu sacramento da comunhão e já ajudava minha querida tia Magali nas turmas que iam recebendo formação logo após a minha. Sou uma apaixonada por crianças e decidi servir a Deus evangelizando os pequeninos. Atualmente sirvo na Paróquia de São Pedro Apostolo em Pequeri e trabalho com crianças da pré-catequese, mas me envolvo na catequese como um todo. Desenvolvemos, junto com os outros catequistas, muitos projetos lindos. E vou copiando da internet muitos materiais católicos que contribuem com a expansão do Reino de Deus na Terra, principalmente entre as crianças. Seguem abaixo alguns de nossos projetos aqui na paróquia.



INICIAÇÃO CRISTÃ

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A PREPARAÇÃO DA CATEQUESE por Liana Plentz


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O

Papa Francisco, na Alegria do Evangelho, dedicou 15 capítulos para o tema “A preparação da pregação”. Mas, se trocarmos o título para “a preparação da catequese” e focarmos as suas orientações para a iniciação à vida cristã, teremos um itinerário seguro para uma iniciação mais consciente e eficaz.

Temos assim alguns objetivos a alcançar em nossa preparação de cada encontro de iniciação à vida cristã:

1 Preparar adequadamente a catequese de iniciação à vida cristã: » Dedicar um tempo longo de estudo, oração, reflexão e criatividade pastoral para a preparação da catequese. Não confiar apenas no Espírito Santo. Temos que fazer a nossa parte, preparando-nos adequadamente. “Um pregador que não se prepara não é «espiritual»: é desonesto e irresponsável quanto aos dons que re-cebeu.” (EG 145) ISTO TAMBÉM NÃO VALE PARA O CATEQUISTA? QUANTO TEMPO DEDICAMOS PARA A PREPARAÇÃO DE NOSSA CATEQUESE?

2 Tornar o estudo da Palavra de Deus o pano de fundo de cada catequese. O Papa Francisco nos convida a colocar o fundamento da nossa iniciação na Palavra de Deus, a exercer o “culto da verdade”, isto é, a procurar compreender qual é a mensagem do texto bíblico que é o fundamento daquela catequese. E nos orienta a como fazer isso adequadamente: » Reconhecer com humildade que somos os depositários, os arautos e os servidores dessa Palavra. » Estudar a Palavra com o máximo cuidado e com um santo temor de a manipular. » Não esperar resultados rápidos, fáceis ou imediatos ao ler um texto bíblico. » A preparação da catequese requer amor, pois uma pessoa só dedica um tempo gratuito e sem pressa às coisas ou às pessoas que ama; e aqui trata-se de amar a Deus, que quis falar. A partir desse amor,


INICIAÇÃO CRISTÃ

uma pessoa pode deter-se todo o tempo que for necessário, com a atitude de um discípulo: «Fala, Senhor; o Teu servo escuta» (1Sm 3,9) (EG 146). » Descobrir qual é a mensagem principal, a mensagem que confere estrutura e unidade ao texto. Se o pregador não faz esse esforço, é possível que também a sua pregação não tenha unidade nem ordem; o seu discurso se-rá apenas uma súmula de várias ideias desarticuladas que não conseguirão mobilizar os outros. A mensagem central é a que o autor quis primariamente transmitir, o que implica identificar não só uma idéia, mas também o efeito que esse autor quis produzir. Se um texto foi escrito para consolar, não deveria ser utilizado para corri-gir erros; se foi escrito para exortar, não deveria ser utilizado para instruir; se foi escrito para ensinar algo sobre Deus, não deveria ser utilizado para explicar várias opiniões teológicas; se foi escrito para levar ao louvor ou ao serviço missionário, não o utilizemos para informar sobre as últimas notícias (EG 147). » Colocar o texto bíblico em ligação com o ensinamento da Bíblia inteira, transmitida pela Igreja. Este é um princípio importante da interpretação bíblica, que tem em conta que o Espírito Santo não inspirou só uma parte, mas a Bíblia inteira, e que, em algumas questões, o povo cresceu na sua compreensão da vontade de Deus a partir da experiência vivida. Assim se evitam interpretações equivocadas ou parciais, que contradizem outros ensinamentos da mesma Escritura. (EG 148).

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» Desenvolver uma grande familiaridade pessoal com a Palavra de Deus: não basta conhecer o aspecto linguístico ou exegético, sem dúvida necessário; é preciso se abeirar da Palavra com o coração dócil e orante, a fim de que ela penetre a fundo nos seus pensamentos e sentimentos e gere em si uma nova mentalidade. » Verificar se está crescendo em nós o amor pela Palavra que anunciamos. » Não esquecer que, «particularmente, a maior ou menor santidade do catequista influi sobre o anúncio da Pala-vra». Como diz São Paulo, «falamos, não para agradar aos homens, mas a Deus que põe à prova os nossos co-rações» (1Ts 2,4). Se está vivo esse desejo de, primeiro, ouvirmos nós a Palavra que temos de anunciar, esta transmitir-se-á de uma maneira ou de outra ao povo fiel de Deus: «A boca fala da abundância do coração» (Mt 12,34). As leituras do Evangelho ressoarão com todo o seu esplendor no coração do povo, se primeiro ressoa-rem assim no coração do catequista. (cf EG 149) » Não podemos anunciar a Palavra de Deus sem nos deixar iluminar, deixar-nos tocar pela Palavra e encarná-la em nossa vida concreta. «Atam fardos pesados e insuportáveis e colocam-nos aos ombros dos outros, mas eles não põem nem um dedo para os deslocar» (Mt 23,4). Assim, o anúncio da Palavra consistirá na atividade tão intensa e fecunda que é «comunicar aos outros o que foi contemplado». Por tudo isto, antes de preparar concretamente o que vai dizer


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na evangelização, o cate-quista tem de aceitar ser primeiro trespassado por essa Palavra que há de trespassar os outros, porque é uma Palavra viva e eficaz, que, como uma espada, «penetra até à divisão da alma e do espírito, das articulações e das medulas, e discerne os sentimentos e intenções do coração» (Heb 4,12). Nossa sociedade reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível. (EG 150) » Não cessemos de melhorar, vivamos o desejo profundo de progredir no caminho do Evangelho, e não deixe-mos cair os braços. » Estar seguros de que Deus nos ama, de que Jesus Cristo nos salvou, de que o seu amor tem sempre a última palavra. À vista de tanta beleza, sentiremos muitas vezes que a nossa vida não nos dá plenamente glória e de-sejaremos sinceramente corresponder melhor a um amor tão grande.

ATENÇÃO! Todavia, se não nos detemos com sincera abertura a escutar essa Palavra, se não deixamos que ela toque a nossa vida, que nos interpele, exorte, mobilize, se não dedicamos tempo para rezar com ela, então, na realidade seremos falsos profetas, embusteiros ou um charlatães vazios. O Senhor quer servir-se de nós como seres vivos, livres e criativos, que se deixam penetrar pela Sua Palavra antes de a transmitir; a Sua mensagem deve passar realmente por meio do evangelizador, e não só pela sua razão, mas tomando posse de todo o seu ser. O Espírito Santo, que inspirou a Palavra, é quem «hoje ainda, como nos inícios da Igreja, age em cada um dos evangelizadores que se deixa possuir e conduzir por Ele, e põe na sua boca as palavras que ele sozinho não poderia encontrar» (EG 151). ESTE É UM ITINERÁRIO CONCRETO PARA TORNAR A PALAVRA O FUNDAMENTO DE NOSSA INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ. OLHANDO PARA A REALIDADE EM NOSSA COMUNIDADE PAROQUIAL, QUAIS DESSES PAS-SOS JÁ ESTAMOS DANDO? O QUE NOS FALTA AINDA? COMO FAZÊ-LOS ACONTECER?


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INICIAÇÃO CRISTÃ

3 Escutar aquilo que o Senhor nos quer dizer por meio da lectio divina. A Alegria do Evangelho indica a lectio divina como a modalidade concreta para escutarmos aquilo que o Senhor nos quer dizer na Sua Palavra. E nos instrui que a leitura espiritual de um texto deve partir do seu sentido literal. Caso contrário, uma pessoa facilmente fará o texto dizer o que lhe convém, o que serve para confirmar as suas próprias decisões, o que se adapta aos seus próprios esquemas mentais. E isso seria, em última análise, usar o sagrado para proveito próprio e passar essa confusão para o povo de Deus. Nunca nos devemos esquecer de que, por vezes, «também Satanás se disfarça em anjo de luz» (2Cor 11,14) (EG 152). E ESTA É UMA TENTAÇÃO MUITO GRANDE EM NOSSA MISSÃO DE EVANGELIZAR: anunciar as verdades em que eu acredito e não a verdade de Jesus Cristo.

Papa Francisco nos dá algumas dicas para fazer a leitura orante: Ficar na presença de Deus, numa leitura tranquila do texto, e perguntar-se:

“Senhor, a mim que me diz este texto? Com esta mensagem, que quereis mudar na minha vida? Que é que me incomoda neste texto? Porque é que isto não me interessa?” Ou então:

De que gosto? Em que me estimula esta Palavra? Que me atrai? E porque me atrai? Ele nos alerta que quando se procura ouvir o Senhor, é normal ter tentações: » Uma delas é simplesmente sentir-se aborrecido e acabrunhado e dar tudo por encerrado. » Outra tentação muito comum é começar a pensar naquilo que o texto diz aos outros, para evitar de aplicar à própria vida. » Acontece também começar a procurar desculpas que nos permitam diluir a mensagem específica do texto.


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4 » Outras vezes, pensamos que Deus nos exige uma decisão demasiado grande, que ainda não estamos em con-dições de tomar. Isso leva muitas pessoas a perderem a alegria do encontro com a Palavra, mas significaria es-quecer que ninguém é mais paciente do que Deus Pai, ninguém compreende e sabe esperar como Ele. Deus convida sempre a dar um passo mais, mas não exige uma resposta completa, se ainda não percorremos o ca-minho que a torna possível. Apenas quer que olhemos com sinceridade a nossa vida e a apresentemos sem fingimento diante dos seus olhos, que estejamos dispostos a continuar a crescer, e peçamos a Ele o que ainda não podemos conseguir (EG 153). QUANTO JÁ PROGREDIMOS EM UTILIZAR A LECTIO DIVINA NA COMPREENSÃO DOS TEXTOS BÍBLICOS? QUE DIFICULDADES AINDA ENCONTRAMOS?

ESCUTAR O POVO, PARA DESCOBRIR AQUILO QUE OS FIÉIS PRECI-SAM OUVIR. » Como evangelizadores precisamos ser contemplativos da Palavra e também contemplativos do povo. Dessa forma, descobrimos «as aspirações, as riquezas e as limitações, as maneiras de orar, de amar, de encarar a vida e o mundo, que caracterizam este ou aquele aglomerado humano», prestando atenção «ao povo con-creto com os seus sinais e símbolos e respondendo aos problemas que apresenta». » Relacionar a mensagem do texto bíblico com uma situação humana, com algo que as pessoas vivem, com uma experiência que precisa da luz da Palavra. Essa preocupação não é ditada por uma atitude oportunista ou diplomática, mas é profundamente religiosa e pastoral. No fundo, é uma «sensibilidade espiritual para saber ler nos acontecimentos a mensagem de Deus», e isto é muito mais do que encontrar algo interessante para dizer. Procura-se descobrir «o que o Senhor tem a dizer nessas circunstâncias». Então, a preparação da catequese transformase num exercício de discernimento evangélico, no qual se procura reconhecer – à luz do Espírito – «um ‘apelo’ que Deus


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INICIAÇÃO CRISTÃ

faz ressoar na própria situação histórica: também nele e através dele, Deus chama o crente». (EG 154) DOCUMENTOS DA IGREJA, TAIS COMO CATEQUESE RENOVADA, DIRETÓRIO GERAL E NACIONAL DE CATEQUESE, VÊM NOS ALERTANDO PARA A NECES-SIDADE DE ESCUTAR O POVO HÁ MUITO TEMPO. MAS ESTAMOS TENDO DI-FICULDADE NESSA ESCUTA E CONTINUAMOS DANDO RESPOSTAS A PER-GUNTAS QUE NÃO NOS FORAM FEITAS. COMO VAMOS MELHORAR NA ES-CUTA DO POVO E DE SUAS PERGUNTAS?

5 É preciso empenhar-se em encontrar a forma adequada de apresentar a mensagem – Recursos pedagógicos » Não basta saber o que dizer, é preciso se preocupar com o como dizer. Lembrar de que «a evidente importância do conteúdo da evangelização não deve esconder a importância dos mé-todos e dos meios da mesma evangelização» (PAULO VI, Exort. Ap. Evangelii Nuntiandi (8 de dezembro de 1975), 40: AAS 68 (1976), 31). » A preocupação com a forma de evangelizar também é uma atitude profundamente espiritual. É responder ao amor de Deus, entregando-nos com todas as nossas capacidades e criatividade à missão que Ele nos confia; mas também é um exímio exercício de amor ao próximo, porque não queremos oferecer aos outros algo de má qualidade (EG 156). » Um dos esforços mais necessários é aprender a usar imagens na pregação, isto é, a falar por imagens. Às vezes, usam-se exemplos para tornar mais compreensível algo que se quer explicar, mas estes exemplos frequentemente dirigem-se apenas ao entendimento, enquanto as imagens ajudam a apreciar e acolher a mensagem que se quer transmitir.


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Uma imagem fascinante faz com que se sinta a mensagem como algo familiar, próximo, possível, relaciona-do com a própria vida. Uma imagem apropriada pode levar a saborear a mensagem que se quer transmitir, desperta um desejo e motiva a vontade na direção do Evangelho. Uma boa homilia, como me dizia um antigo professor, deve conter «uma ideia, um sentimento, uma imagem» (EG 157). » Usar uma linguagem que os destinatários compreendam, para não correr o risco de falar ao vento. Acontece frequentemente que os evangelizadores usam palavras que aprenderam nos seus estudos e em certos ambientes, mas que não fazem parte da linguagem comum das pessoas que os ouvem.

desordem, pela sua falta de lógica, ou porque trata vários temas ao mesmo tempo. Por isso, outro cuidado necessário é procurar que o anúncio tenha unidade temática, uma ordem clara e liga-ção entre as frases, de modo que as pessoas possam facilmente seguir o evangelizador e captar a lógica do que lhes diz. » Nossa linguagem deve ser positiva, oferecendo sempre esperança e orientação para o futuro. Não dizer tanto o que não se deve fazer, como sobretudo propor o que podemos fazer melhor. E, se apontar algo negativo, sempre procurar mostrar também um valor positivo que atraia, para não ficar pela queixa, o lamento, a crítica ou o remorso.

Há palavras próprias da teologia ou da catequese, cujo significado não é compreensível para a maioria dos cristãos.

Além disso, uma pregação positiva oferece sempre esperança, orienta para o futuro, não nos deixa prisionei-ros da negatividade.

O maior risco de um pregador é habituarse à sua própria linguagem e pensar que todos os outros a usam e compreendem espontaneamente.

» Reunir-se periodicamente para encontrar os recursos que tornem mais atraente a evangelização.

» Escutar muito para se adaptar à linguagem dos outros, para poder chegar até eles com a Palavra. É preciso partilhar a vida das pessoas e prestar-lhes benévola atenção. » Ter simplicidade e clareza no anúncio. Simplicidade e clareza são duas coisas diferentes. A linguagem pode ser muito simples, mas pouco clara a pre-gação. Pode-se tornar incompreensível pela

Como é bom que sacerdotes, diáconos e leigos se reúnam periodicamente para encontrarem, juntos, os recur-sos que tornem mais atraente a evangelização (EG 159)! Como seria bom se pudéssemos receber uma fórmula pronta e adequada de transmitir a mensa-gem que não exigisse o nosso estudo, oração e trabalho, não é mesmo? Mas ela não existe, por-que nunca seria adequada à nossa realidade e porque o plano de Deus sempre parte do amor,


INICIAÇÃO CRISTÃ

24

dos gestos de amor que empregamos em fazer acontecer a evangelização, da preparação amorosa de cada momento de encontro com Jesus que propiciamos aos outros. Recordemos o que Francisco nos diz: “A preparação da catequese requer amor, pois uma pessoa só dedica um tempo gratuito e sem pressa às coisas ou às pessoas que ama; e aqui trata-se de amar a Deus, que quis falar” e quer continuar falando por meio de nós. Por isso, queridos catequistas, arregacemos as nossas mangas e comecemos a fazer acontecer a iniciação à vida cristã em nossas comunidades. Temos um material de apoio tão rico que nos aponta o caminho, mas o caminhar somos nós que o fazemos, dentro da realidade que nos envolve. Que esta reflexão que fizemos aqui possa ser levada a sua comunidade catequética, para que, jun-tos, possam orar com Jesus sobre tudo isso e descobrir o que Ele está pedindo para vocês. Senhor Jesus, a ti entregamos a nossa missão de catequistas e nos comprometemos contigo de dar o nosso melhor, de fazer tudo com muito amor e carinho, para levar as pessoas ao Teu encontro, para fazer-te acontecer na vida delas e na vida de nossa comunidade. Conta conosco! Assim como contamos conti-go! Fica conosco, Senhor!

Liana Plentz

Jornalista, catequista, especialista em ensino religioso. Coordenadora da iniciação à vida cristã do Vicariato de Porto Alegre. Secretária da Animação Bíblico-catequética do Regional Sul 3 da CNBB.



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CATEQUESE INFANTIL

CATEQUESE &

BRINCADEIRA por Gilson P. Júnior

“Uma criança que nãos sabe brincar, uma miniatura de velho, será um adulto que não saberá pensar.” (Chateau 1987, p. 14)1

1

Jean Chateau, pedagogo francês (1908-1990).


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uem não se recorda das brincadeiras de quando era criança? Pique-pega, esconde-esconde, pular corda, corre cutia, amarelinha e tantas outas. Cada brincadeira trazia em si uma mensagem, uma arte, uma técnica diferente e diferenciada em sua ludicidade que nos ajudava e nos ajudou em nosso desenvolvimento, cognitivo (funções envolvidas na leitura e na decodificação do contexto circundante), físico/motor (psicomotricidade, criatividade), social (integração, relação, partilha de costumes, crenças e valores) e afetivo (estima, simpatia, apreço, empatia que possibilita a ligação com o saber, com o conhecer, com o sagrado). Brincar era um aprendizado, pois por meio das brincadeiras aprendíamos matemática, português, geografia, conhecimentos gerais, entre tantas outras coisas. Aprendíamos brincando e brincávamos aprendendo. Com o passar do tempo fomos perdendo esse gosto pela brincadeira, esquecemos que fomos crianças e que aprendemos muito brincando, passamos a transmitir às gerações futuras a descaracterização da brincadeira, tornando-a meramente uma forma de diversão. “Adultizamos” o universo infantil das crianças desconsiderando que ao brincar elas aprendem mais e melhor por meio desse “outro mundo possível” concretizado por meio de suas experiências.

Portanto, é preciso voltar atrás e rever a forma que evangelizamos/educamos as nossas crianças, sendo nós educadores da fé de nossos pequenos. O brincar possibilita o encontro com o Sagrado de forma mais eficaz e leve. Para tanto é preciso primeiro uma revisão interior. Um despertar de nossa criança que está oculta dentro de nós e que precisa voltar a brincar para que a brincadeira faça parte do universo evangelizador em que propomo-nos a atuar a fim de que nossas crianças tenham o grande encontro com o Sagrado que desejamos. (...) um professor que não sabe e/ou não gosta de brincar dificilmente desenvolverá a capacidade lúdica de seus alunos. Ele parte do princípio de que o brincar é perda de tempo. Assim, antes de lidar com a ludicidade do aluno, é preciso que o professor desenvolva a sua própria. O professor que, não gostando de brincar, esforçar-se por fazê-lo normalmente assume uma postura artificial, facilmente identificada pelos alunos. A atividade proposta não anda. Em decorrência, muitas vezes os professores deduzem que brincar é uma bobagem mesmo, e que nunca deveriam ter dado essa atividade em sala de aula. A saída desse processo é um trabalho mais consciente e coerente do professor no desenvolvimento de sua atividade lúdica. (Mrech 1996, apud Miranda p. 111)2

Leny Mrech é socióloga, psicóloga e professora da faculdade de Educação da Universidade São Paulo.

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CATEQUESE INFANTIL

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Chateau (1987)3 , bem como tantos outros pedagogos que devotaram suas vidas à educação das crianças, adolescentes e jovens, diz que é pela brincadeira, pelo brinquedo, “que crescem a alma e a inteligência”4. Para ele a brincadeira se torna o laboratório do espírito onde acontecem as experiências que corroboram para tudo aquilo que há de vir. Sendo assim, desenvolver uma catequese por meio da brincadeira é fundamental para alcançar o universo em que se encontram aqueles que evangelizamos. Se fosse apenas para passar conteúdos as escolas convencionais já bastariam. Até as escolas há tempos vêm retomando o foco sobre a brincadeira, no que se refere à metodologia educacional voltada para as crianças, a fim de alcançar melhores resultados educacionais. Por que, então, não recorrer à brincadeira como parte metodológica para a evangelização das crianças?

A atividade lúdica é um grande laboratório onde ocorrem experiências inteligentes e reflexivas. A experiência produz o conhecimento, portanto nos possibilita tornar concretos os conhecimentos adquiridos. (Miranda 2013, p. 24) 5

Jean Chateau, pedagogo francês (1908-1990). Miranda, Simão de . Oficina de ludicidade na escola. Papirus, 2013, p.23. 5 Simão de Miranda é mestre em educação e doutor em psicologia. Residente em Brasília-DF, servidor da Secretaria de Educação do GDF. Escritor de mais de 37 livros e assessor em diversos países com temas voltados para a educação. Mirada, Simão de. Oficina de ludicidade na escola. Papirus, 2013. 3 4


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O brincar na educação

A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras, os quais deverão estar dirigidos para a educação; a sociedade e as autoridades públicas esforçar-se-ão para promover o exercício deste direito. (Declaração Universal dos Direitos das Crianças, 1959) Além de ser um direito regulamentado por lei, o brincar vem recebendo destaque cada vez mais visível na sociedade, de forma mais clara e evidenciada nos métodos de educação exercendo papel fundamental na educação das crianças (Lima, 2006, p. 13 apud PMBCN, p. 67)6. Ainda, esse assunto, vem descrito no parágrafo 7 da Declaração Universal dos Direitos das Crianças que fala sobre o direito à educação gratuita e ao lazer infantil. Segundo o MEC (2006)7 as crianças precisam brincar, pois a brincadeira é essencial para a vida. O brincar alegra e motiva, reúne as crianças e as faz trocarem experiências e a ajudaremse mutuamente. Esse contexto torna necessária a inclusão do brincar em todas as relações sociais da criança.

A brincadeira é a vida da criança e uma forma gostosa para ela movimentar-se e ser independente. Brincando, a criança desenvolve os sentidos, adquire habilidades para usar as mãos, o corpo, reconhece os objetos, e suas características, textura, forma, tamanho, cor e som. Brincando a criança entra em contato com o ambiente, relaciona-se com o outro, desenvolve o físico, a mente, a autoestima, a afetividade, tornase ativa e curiosa. (Siaulys, 2006, p. 10) Seria muita pretensão neste artigo esgotar todas as narrativas sobre os grandes pensadores a respeito do brincar na educação das crianças. É preciso um tempo maior de estudo daqueles que trabalham com a evangelização das infâncias dedicado a esse assunto, mas aqui era preciso descrever algumas reflexões a fim destacar o valor e grandiosidade dessa ferramenta que deve ser utilizada na evangelização/educação das crianças. Saiamos de nossos muros e vejamos o sol forte que nos espera lá fora. Será por acaso a criança em desenvolvimento, essa força da natureza, essa explorada aventurosa, é mantida imóvel, petrificada, confinada, reduzida à contemplação das paredes, enquanto o sol brilha lá fora (...)? (Christiane Rochefort apud Harper et al. 1987, p. 47)

Província Marista Brasil Centro-Norte. Diretrizes curriculares para a educação infantil, p. 67. Siaulys, Mara O. de Campos. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial – Brincar para todos. Brasília 2005. Disponível em http://goo.gl/QftMzs. Visitado em 24 de junho de 2014. 6 7


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CATEQUESE INFANTIL

O brincar catequese O Diretório Nacional de Catequese (2006) diz que: Em todas as épocas a Igreja preocupou-se em buscar os meios mais apropriados para o cumprimento de sua missão evangelizadora (cf. CT 46). Ela não possui um método único e próprio para a transmissão da fé, mas assume os diversos métodos contemporâneos na sua variedade e riqueza, na medida em que respeitam integralmente os postulados de uma antropologia cristã a garantem a fidelidade do conteúdo. Utiliza-se das ciências pedagógicas e da comunicação, levando em conta a especificidade da educação na fé. (DNC 2006)8 Nesse contexto os métodos pedagógicos presentes nas escolas deveriam estar também presentes em nosso meio evangelizador quando nos referimos à educação na fé de nossas crianças. As metodologias aplicadas na ambiência educativa podem facilitar e muito a nossa práxis pastoral na catequese. Somos chamados a sermos discípulos missionários no meio das crianças e para que essa missão aconteça se faz necessário apropriarmo-nos de métodos capazes de alcançar seus intelectos e corações.

Tendo refletido sobre a importância da brincadeira na evangelização/educação das crianças, faz-se necessário que o catequista tenha essa familiaridade com o universo infantil por meio das brincadeiras e outros meios como nos afirma o DNC quando diz que: Também será bastante útil ter familiaridade com o universo infantil: brincadeiras, situação escolar e familiar, histórias em quadrinhos e filmes que as crianças preferem, literatura infantil de boa qualidade. (DNC 2006, p. 127) Somos chamados como evangelizadores das crianças, com urgência, a desbravar esse universo de possibilidade por meio do brincar, quebrando as barreiras que nos impedem de integrar a brincadeira e evangelização. Sobre essa urgência o Documento de Aparecida fala que é preciso “estudar e considerar as pedagogias adequadas para a educação na fé das crianças, especialmente em tudo o que se relaciona à iniciação cristã, privilegiando o momento da primeira comunhão”9. Para nós, fica esse grande desafio fundamentado pelo DNC que nos interpela a “integrar na catequese as conquistas das ciências da educação, particularmente a pedagogia contemporânea, discernida a luz do Evangelho”10 , destacando aqui o brincar como opção pedagógica para a catequese.

8 CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Catequese como processo educativo. CNBB, Brasília 2006, p. 103. 9 CNBB, Paulinas, Paulus. Documento de Aparecida. São Paulo, 2008,p. 198 10 CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Brasília, 2006 p. 34


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O que deve ser considerado quando se fala de catequese e brincadeira? Imbuídos do contexto sobre a importância da brincadeira na vida da criança, vale salientar que a identidade da pedagogia catequética que tem por fundamento a pedagogia divina, modelo de educação da fé pretendida pela catequese11, não pode se perder nesse sistema de construção da brincadeira como ferramenta no processo de crescimento da fé das crianças. Os métodos pedagógicos por meio da brincadeira devem ser somados à pedagogia catequética para uma evangelização cada vez mais conectada às realidades e especificidades das crianças de hoje, na finalidade da construção do Reino de Deus por meio do anúncio da Boa Nova, não se sobrepondo à pedagogia catequética que acreditamos. A pedagogia catequética tem como modelo sobretudo o proceder de Jesus Cristo, que, a partir da convivência com as pessoas, deu continuidade ao processo pedagógico do Pai. Levou à plenitude, por meio de Sua vida, palavras, sinais e atitudes, a Revelação Divina, iniciada no Antigo Testamento. Motivou os Seus discípulos a viverem conforme os Seus ensinamentos e plantou a semente da Sua comunidade, a Igreja, para transmitir, de geração em geração, a mensagem da Salvação e a pedagogia que Ele mesmo ensinou com Sua vida. (DNC, 2006, p. 130) CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Brasília, 2006 p. 20.

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Para isso alguns itens precisam ser considerados na preparação dos encontros com as crianças:

• A motivação do encontro Motivação é aquilo que nos impulsiona, que nos influencia a alcançar um determinado objetivo. As crianças só entrarão no universo evangelizador, no jogo, na brincadeira se sentirem motivadas pelos catequistas. Primeiro o catequista volta a brincar, buscando em seu interior a sua criança, depois junto com a criança se envolve na brincadeira. A motivação potencializa o interesse, a alegria e o entusiasmo da criança características fundantes para a transmissão da Boa Nova.

• A transmissão do tema do encontro Como dito anteriormente, educar, evangelizar, catequizar precisa ser muito mais do que apenas transmitir conteúdos. O brincar possibilita essa interação e integração fazendo que o conteúdo desejado seja desenvolvido com as crianças de forma a leva-las ao encontro com o Sagrado.

• A identificação das crianças no desenvolvimento do encontro Quando motivadas, as crianças respondem ao processo sistematizado pensado para o seu encontro com o Sagrado por meio de gestos, falas, escritas e outros. Ela não é apenas uma receptora de informação, mas passar a ser integrante de seu processo de ensino aprendizagem de crescimento na fé.


CATEQUESE INFANTIL

• A avaliação do encontro É preciso avaliar com as crianças o encontro realizado. Pergunte a elas: como foi pra você o encontro de hoje? O que mais aprendemos? O que gostamos? O que não gostamos? Uma vez se sentindo participante do encontro, a criança se sente capaz de levar aos outros o que aprendeu, crescendo com esse aprendizado, levando parte desses ensinamentos pelo resto de sua vida. A sua participação, seu protagonismo nos encontros, estimula a persistência na caminhada catequética, nos processos de evangelização e na vida comunitária na Igreja. Quantas de nossas crianças, motivadas pela catequese, não estão inseridas em outros ambientes da Igreja? Quantas crianças não se tornam evangelizadoras de sua família após um encontro estimulante da catequese? E quantas crianças, por não se sentirem parte desses processos catequéticos, após a Primeira Eucaristia, desanimam e desaparecem dos processos evangelizadores da Igreja?

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• O diálogo sobre o próximo encontro Ao final do encontro motive as crianças sobre o tema do próximo encontro. Pergunte a elas como gostariam que fosse o encontro, se indicam músicas, filmes, dinâmicas para o desenvolvimento do próximo tema. Certo dia, um educador que trabalhava o tema da CF 2014 com as crianças, levou um desenho animado para que elas assistissem a ele. De imediato um grupo de crianças reagiu a sua proposta e disse: – Não queremos assistir ao desenho animado que você trouxe para o encontro. Queremos ver Os pinguins de Madagascar. O educador, conhecedor daquele desenho animado, respondeu de imediato: – Mas o desenho que vocês querem ver não se parece nada com o tema do nosso encontro.


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As crianças responderam: – Como não? O desenho não fala sobre liberdade e o esforço que aqueles animais fazem para serem livres? Então, acaso o tema da CF 2014 não é “É para a liberdade que Cristo nos libertou”?

Reflexão... Toque para ler

O educador tratou logo de providenciar o filme. Os encontros da catequese, cheios de brincadeiras, diálogos e ludicidade podem preencher a grande lacuna que existe em nossos processos evangelizadores com os pequenos. O próprio caráter socializador do brincar pode aproximar mais os catequistas e catequizandos, catequizandos e catequizados, Igreja e catequizandos e o Sagrado dos catequizandos, tornando a nossa prática pastoral eficaz em prol da construção de uma sociedade mais humana, justa e fraterna. Dessa forma, a catequese passaria a ser um serviço não apenas para a Igreja, mas um serviço para a vida toda.

Gilson Prudêncio Júnior Analista Pastoral - Infâncias/Pastoral Marista UBEE - UNBEC


PRIMEIRA COMUNHÃO

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QUAL A IMPORTÂNCIA DA CATEQUESE DE

Primeira Comunhão na vida das crianças? por Roberto Garcia

C

omo todos nós sabemos, a Primeira Comunhão trata-se do momento em que nos aproximamos da ceia do Senhor, recebendo Seu corpo e Seu sangue e permitindo que Jesus habite nosso coração.

Mas você já parou para pensar na importância que essa ação tem na vida de uma criança? Normalmente quando a criança inicia sua catequese é muito comum ouvirmos que


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“estou aqui porque meus pais obrigaram”, “preciso fazer catequese para poder casar”, “o que é catequese?”, enfim, diversas exclamações e interrogações que, sinceramente, deixam-me bastante assustado! Não raramente, as crianças começam a catequese sem ao menos saber rezar as orações tradicionais (Pai-Nosso, AveMaria...) que deveriam ser aprendidas em casa, pois a introdução de uma criança na vida religiosa começa na família. A catequese familiar é fundamental para que a catequese ministrada na Igreja não seja vazia, pois ela corre o risco de ser alicerçada sobre a areia: na primeira “balançada”, desmorona. A ação do catequista na vida da criança deve ser transformadora. Durante a caminhada na catequese, ela deve sentir-se importante no processo de evangelização, sentir-se amada por Deus e também pelo catequista. Dessa forma, a criança vai absorvendo com mais facilidade o objetivo da catequese. Às vezes a criança vem para a catequese necessitando de carinho, de atenção, de alguém que esteja disposto a escutá-la e a orientá-la sobre alguma dificuldade ou algum problema. E devemos estar de braços e coração abertos para recebê-las,

pois, como disse Jesus: “Deixai as crianças e não as proibais de vir a Mim, porque delas é o Reino dos Céus” (cf. Mt 19,14). Durante a catequese a criança vai conhecendo e se aprofundando na experiência cristã e, principalmente na vivência comunitária, ela vai descobrindo o que significa a comunhão. A catequese de Primeira Comunhão é fundamental para a formação religiosa da criança, pois, se ela for bem trabalhada desde as bases (familiar, escolar, comunitária), no futuro poderemos evitar uma série de problemas sociais. Afastaremos a criança do mundo das drogas, das más companhias, e estaremos auxiliando na formação de um bom cristão e também de um bom cidadão. Ah, e também devemos orientar as crianças que, após fazer a Primeira Comunhão, elas não devem abandonar a Igreja, viu? A Primeira Comunhão não pode ser única... Elas devem permanecer em comunhão com Cristo e com os irmãos para sempre! Assim como Jesus nunca nos abandonou, nós também não devemos nunca abandoná-Lo. Um fraterno abraço e até o mês que vem! PAZ & BEM

Roberto Garcia

Catequista desde 1997 na Comunidade Santa Rita de Cássia, Paróquia Rede de Comunidades São José – Gravataí-RS. Também integra a equipe Pascom da Paróquia desde 2012.


CATECUMENATO

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Iniciação Cristã com

inspiração Catecumenal Por Adriana Amorim


CATECUMENATO

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A

catequese na Igreja do Brasil vive um desafio peculiar nos tempos atuais: formar discípulos e missionários de Jesus Cristo! Essa nova característica da evangelização concretizou-se na Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil, que ocorreu na cidade de Aparecida-SP, em 2007. Para atingir esse objetivo, no entanto, o caminho é longo... Denominamos esse caminho de Processo de Iniciação à Vida Cristã, algo antigo e bastante eficiente. Antigo porque recebe uma inspiração vinda das primeiras comunidades cristãs, o catecumenato, e eficiente porque coloca o iniciante em contanto permanente com a pessoa de Jesus Cristo, tendo como fruto principal a formação de um verdadeiro cristão.

O caminho da Iniciação data do século II depois de Cristo, com a estruturação do catecumenato para promover a adesão a Jesus Cristo e à Igreja. Era um processo contínuo, progressivo e dinâmico de preparação para os Sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia, marcado por etapas e ritos, utilizado para conduzir os adultos (e não as crianças), recém-convertidos ao cristianismo, à experiência do mistério de Deus. Teve seu período áureo entre os séculos III e IV e seu declínio no século V, quando ser cristão tornou-se uma situação comum e abriu-se a possibilidade de o Batismo ser ministrado preponderantemente às crianças. No século VI desaparece o catecumenato propriamente dito.

Apenas em 1972, com a promulgação do Ritual de Iniciação Cristã de Adultos (RICA), o catecumenato voltou a ser fonte de inspiração e itinerário de toda a catequese. A partir de então, a preocupação é possibilitar a iniciação tanto para os não batizados (catecúmenos) quanto para os batizados insuficientemente catequizados (catequizandos). Nesse sentido, há várias situações em que se encontram pessoas a serem atendidas no processo de iniciação: adultos e jovens não batizados; adultos e jovens batizados que desejam completar a iniciação cristã; adultos e jovens com prática religiosa, mas insuficientemente evangelizados; pessoas de várias idades marcadas por uma religiosidade conflitante,


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ambígua e confusa; grupos específicos, como as pessoas com deficiência, indígenas, etc.; casais em situação matrimonial irregular; adolescentes e jovens; crianças não batizadas e inscritas na catequese; e crianças e adolescentes batizados que seguem o processo tradicional de iniciação cristã.

O processo de iniciação à vida cristã com inspiração catecumenal é aplicável a qualquer catequese sacramental (Batismo, Eucaristia, Crisma ou Matrimônio) ou a qualquer grupo que trabalhe com as realidades acima descritas. Especificamente em relação à catequese eucarística, o processo de iniciação oferece às crianças em idade de catequese o encontro pessoal e decisivo com Jesus Cristo. Não mais se trata de uma catequese que orienta a decorar as orações e a doutrina, mas incentiva a vivência em comunidade, que tem como finalidade “o ser cristão” e não apenas a sacramentalização, conscientizando que os Sacramentos alimentam esse processo e são sinais visíveis do próprio Jesus. Antes de compreender como está organizado o processo de iniciação à vida cristã e a inspiração catecumenal é importante saber distinguir um verdadeiro cristão, finalidade única desse processo. O livro dos Atos dos Apóstolos apresenta-

nos o primeiro retrato dos cristãos: “Eram perseverantes em ouvir os ensinamentos dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir do pão e nas orações. Em todos eles havia temor, por causa dos numerosos prodígios e sinais que os apóstolos realizavam. Todos os que abraçaram a fé eram unidos e colocavam em comum todas as coisas” (At 2, 42-44). O relato bíblico revela-nos que o verdadeiro cristão é aquele que, sobretudo, vive sua fé em comunidade e cresce graças à catequese (“ensinamento dos apóstolos”). Desse modo, pode-se destacar um aspecto essencial do processo de iniciação à vida cristã: a catequese é realizada em conjunto pelos catequistas, pais, sacerdotes e toda comunidade de fé. Visto esse aspecto, fundamento da iniciação cristã, podem-se resumir os tempos desse processo como descrito a seguir:


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CATECUMENATO

1º tempo

pré-catecumenato Corresponde ao período da primeira evangelização, de acolhimento do iniciante da comunidade cristã, da percepção de sua fé e do primeiro anúncio do Cristo (Querigma).

2º tempo

catecumenato 3º tempo

purificação e iluminação

É o tempo mais longo de todo o processo, dedicado à catequese completa, que se preocupa com a formação do cristão bem como com a vivência em comunidade por meio dos ritos (celebrações).

Acontece preferencialmente no período quaresmal, a fim de proporcionar preparação próxima para os Sacramentos, por meio do aprofundamento das práticas quaresmais junto à comunidade.

4º tempo

mistagogia Acontece durante o tempo pascal, a fim de aprofundar os mistérios pascais, revestirse do Cristo e partir para uma vida nova.


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Cada tempo do processo catecumenal é enriquecido com a celebração de ritos que marcam a evolução do iniciante no caminho da catequese. É importante destacar que esses ritos, os quais fazem parte principalmente do tempo do catecumenato e da purificação e iluminação, fortalecem a união entre catequese e liturgia e criam um vínculo único entre os catecúmenos/ catequizandos e a comunidade eclesial. Assim, os catequistas têm a oportunidade de amadurecer a sua fé a partir da caminhada catecumenal de seus iniciantes, intensificando a vida de oração, a leitura e escuta da Palavra e comprometendo-se com a missão que Deus lhes confiou: formar verdadeiros discípulos e missionários de Jesus Cristo! Deus, em sua infinita bondade, abençoe cada catequista que mergulhará nessa fonte de inspiração catecumenal. A Imaculada Conceição, Rainha da Evangelização, conceda a todos os povos a graça santificante de amar e seguir a pessoa de Jesus Cristo!

Adriana Amorim de Farias Leal Catequista Paróquia Nossa Senhora da Conceição Catedral da Diocese de Campina Grande-PB


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CATEQUESE INCLUSIVA

Cinco pilares da Evangelização Inclusiva Por Thaís Rufatto


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APRENDER A AMAR

O

catequista que se abre ao amor de Deus e o amor aos irmãos é aquele, aquela catequista que está fazendo a experiência do amor na sua vida de batizado(a) e vocacionado(a) a esse ministério, como nos diz em João, todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus, porque Deus é amor, o amor deve ser o cerne e o ápice da vida de um uma catequista, pois é pelo amor que ele ou ela tem por Deus e sente na sua intimidade com Deus que vai frutificar sua vocação catequética e dará por meio de Jesus na sociedade frutos e frutos em abundância. O exercício do amor na vida do catequista é um exercício que exige perseverança e acima de tudo vontade – querer amar primeiro a si mesmo e depois aos irmãos, fazendo o exercício do mandamento deixado por Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei”, e o fruto desse exercício se dá no aprendizado do amor. O catequista que se abre a esse exercício de aprender a amar vive na sua vida o mandamento deixado por Jesus, principalmente quando Jesus nos diz amai os vossos inimigos e fazei o bem a quem vos persegue. O catequista para ser o catequista que corresponde aos anseios do coração de Deus deve ser aquele que vive o amor em suas ações, pois não se pode dar aquilo que não se tem e nem falar sobre aquilo que não se vive. Assim como um engenheiro que projeta uma

casa, Deus, antes de você, catequista, nascer, o(a) projetou e cabe a você corresponder por meio da sua vivência no amor aos anseios do coração de Dele, para que nossa sociedade, em Jesus por meio de cada um(a) de vocês tenha vida em abundância. Entre esses discípulos, os reunidos nas comunidades religiosas, “mulheres e homens de todas as nações, tribos, povos e línguas” (Cf. Ap 7, 9) foram e são ainda hoje uma expressão particularmente eloquente desse sublime e ilimitado Amor. Nascidos não da vontade da carne e do sangue, não de simpatias pessoais ou de motivos humanos, mas de Deus (Jo 1, 13), de uma vocação divina e de uma divina atração, as comunidades religiosas são um sinal vivo da primazia do amor de Deus que opera suas maravilhas e do amor a Deus e aos irmãos, como foi manifestado e praticado por Jesus Cristo.


CATEQUESE INCLUSIVA

APRENDER A REZAR O catequista que possui uma união com Jesus vai no dia a dia se colocar a rezar e aprender, assim como Deus diz em Sua palavra: “Tudo o que pedires na oração, credes que já tendes recebido”. Os discípulos dos nossos dias de hoje são chamados de catequistas, pois estes há 2.000 anos pediram para Jesus lhes ensinar a rezar e Jesus lhes ensinou a oração do Pai-Nosso, essa oração é MUITO poderosa, pois, uma vez que unido(a) ao coração de Jesus, o(a) catequista que entregar-se verdadeiramente na vontade de Deus, quando dizemos de maneira aberta “Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu” estará aberto(a) a receber do coração do Pai aquilo que é de acordo com a Sua vontade para ele(a) e o melhor para sua vida; fazendo assim, estará em sintonia com Deus e a cada oração que fizer vai lembrar que Jesus nos pede que antes de qualquer oração que façamos, em primeiro lugar devemos pedir o Espírito Santo, pois é Ele que sabe o que devemos pedir, como pedir e o que pedir.

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APRENDER A EVANGELIZAR O catequista que adquire experiência com Jesus aprende pela missionaridade do seu chamado SER CATEQUISTA a evangelizar, que nada mais é do que levar a Boa Nova ao coração das pessoas sedentas do amor de Deus. O aprender a evangelizar do(a) catequista reporta-se à passagem do Evangelho em que Jesus saiu pelas ruas das sinagogas pregando o Evangelho, curando, etc.


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APRENDER A ESPERAR Debaixo do Sol há um tempo para cada coisa, nos diz em Eclesiastes 3,1. O(a) catequista deve entender que o tempo de Deus não é o tempo dele(a), ou seja, levando em consideração que o ser humano vive no chronos e Deus no kairós o tempo de Deus não é o tempo do(a) catequista, e esse tempo de espera o(a) catequista deve exercitá-lo a paciência, como está em Eclesiástico 2. Dizia certa vez uma sábia pessoa em um programa de rádio de uma emissora católica, cuja frase possui autoria desconhecida: “A paciência é amarga, mas seus frutos são doces”.

APRENDER A VIVER E A CONVIVER EM COMUNIDADE “Quem ama, faz sempre comunidade; não fica nunca sozinho.” (Santa Tereza de Jesus) “Vede como eles se amam.” Atos 2 O(a) catequista, vendo a imagem de Jesus no outro membro da comunidade, principalmente no catequizando com algum tipo de deficiência, aprende a fazer a experiência das primeiras comunidades, quando em Atos dos Apóstolos 2 lemos: “Vede como eles se amam”, em que o amor é o cerne e o ápice de toda ação missionária catequética inclusiva. Abaixo algumas dicas contendo cinco passos para viver e conviver bem em comunidade. Atos 2, 42-47


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CATEQUESE INCLUSIVA

“Eles mostravam-se assíduos ao ensinamento dos apóstolos, à comunhão fraterna, à fração do pão e às orações. Apossava-se de todos o temor, pois numerosos eram os prodígios e sinais, que realizavam por meio dos apóstolos. Todos os que tinham abraçado a fé reuniam-se e punham tudo em comum: vendiam suas propriedades e bens, e dividiam-nos entre todos, segundo as necessidades de cada um. Dia após dia, unânimes, mostravam-se assíduos no templo e partiam o pão pelas casas, tomando o alimento com alegria e simplicidade de coração. Louvavam a Deus e gozavam da simpatia de todo o povo. E o senhor acrescentava cada dia ao seu número os que seriam salvos.”

1º passo - Viver em comunidade: • Para viver bem em comunidade é preciso

passar pelo conhecimento: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8, 32). A verdade é Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida…” (Jo 14, 6); conhecer a verdade é conhecer a Jesus Cristo revelado a nós por meio das Sagradas Escrituras, da Doutrina e da Tradição passadas a nós pelos nossos primeiros pais na fé.

• Conhecer a comunidade. • Conhecer o outro, quem ele é, sua

história.

Conhecer a palavra de Deus, a doutrina da igreja Católica Apostólica Romana.

• É necessário reciclar-se, ou seja, passar

pela formação continuada, permanente. Não podemos achar que estamos prontos, mas em constante processo de construção, de abertura a mudança, principalmente quando lidamos com a catequese inclusiva.


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2º passo – Comunhão fraterna: 1. O que é a comunhão. A comunhão é o “vínculo de unidade fraternal mantida pelo Espírito Santo e que leva os cristãos a se sentirem um só corpo em Jesus Cristo” (Dicionário Teológico, CPAD). A palavra grega koinonia traz a ideia de cooperação e relacionamento espiritual entre os santos. A comunhão da Igreja primitiva era completa (At 2.42). Reuniam-se em oração e súplica, mas também reuniam-se para socorrer os mais necessitados. Dom Bosco (Regra de vida dos Salesianos de Dom Bosco):

•“Viver e trabalhar juntos é exigência

fundamental e caminho seguro para realizarmos nossa vocação. Reunimo-nos em comunidade, nas quais amamos a ponto de tudo compartilhar em espírito de família e construímos a comunhão de pessoas. Na comunidade reflete-se o mistério da Trindade; nela encontramos uma resposta às aspirações profundas do coração e nos tornamos sinais de amor e unidade…”

• “Deus nos chama a viver em

comunidade, confiando-nos irmãos que devemos amar. Formamos assim um só coração, e uma só alma para amar e servir a Deus e para nos ajudarmos uns aos outros.”

• LER COLOSSENSES 3, 12-15. • A comunhão da caridade: ler Rm 14, 7:

ninguém vive ou morre para si; 1 Cor 12, 26-27: todos compartilhamos com outro o que temos até os sofrimentos.

• Jo 13, 35: “Nisto conheceram todos

que sois os meus discípulos: sevos amardes uns aos outros”. Tertuliano diz que os cristãos levaram tão a sério este mandamento que os pagãos diziam entre si “Vede como eles se amam”.


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CATEQUESE INCLUSIVA

3º passo - A partilha do pão: Mc 8,6 14. Os discípulos tinham se esquecido de levar pães. Tinham consigo na barca só um pão. 15. Então Jesus os advertiu: “Prestem atenção e tomem cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes”. 16. Os discípulos diziam entre si: “É porque não temos pão”. 17. Mas Jesus percebeu e perguntou: “Por que vocês discutem sobre a falta de pães? Vocês ainda não entendem e nem compreendem? Estão com o coração endurecido?”. 18. “Vocês têm olhos e não veem, tem ouvidos e não ouvem? Não se lembram 19. de quando reparti cinco pães para cinco mil pessoas? Quantos cestos vocês recolheram cheios de pedaços?” Eles responderam: “Doze”. 20. Jesus perguntou: “E quando reparti sete pães para quatro mil pessoas, quantos cestos vocês recolheram cheios de pedaços?”. Eles responderam: “Sete.” 21. Jesus disse: “E vocês ainda não compreendem?”.

• Está relacionada com a ceia do Senhor.

Ler CIC 1329 “ com isso querem dizer que todos comem do único pão partido, Cristo”.

• Discípulos de Emaús, Lucas 25, 13-35:

Reconheceram Jesus na partilha do pão; é assim que reconhecerão os seguidores de Jesus. Antes da partilha eles estavam “cegos”, só viram quem era na hora da partilha, da refeição.

• Quando nos reunimos à mesa do Senhor

reconhecemos Jesus no outro e encontram em nós a Jesus ressuscitado.

Os crentes primitivos mantinham uma comunhão tão intensa entre si que se reuniam com alegria e singeleza de coração para celebrar a Santa Ceia. Era o seu “partir do pão” (At 2.42). Eles em Cristo e Cristo em cada um deles. Pode haver comunhão mais plena? Não era simplesmente uma cerimônia; era a festa na qual lembravam a morte e ressurreição de Jesus — a expressão mais sublime do amor divino. Para concluir este 3º passo: A eucaristia nos faz solidários, pois na matemática de Jesus quanto mais você divide mais se multiplica; costumo dizer que no lugar do divisor há uma cruz, pois o amor faz TUDO multiplicar e acontecer.


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4º passo - Vida de oração (comunitária e pessoal) É imprescindível que o(a) catequista tenha um momento no dia de oração pessoal com Deus, ou seja, é se abastecer na oração e comunhão, ir à missa sempre que possível durante a semana, estar em dia com os Sacramentos, rezar o terço, estar em intimidade com Nossa Senhora e aprender dela as virtudes para ser um exemplo de catequista como ela, que foi quem catequizou Jesus, além de intimidade com a Palavra de Deus, isto é, a leitura diária da Bíblia, o(a) catequista tem que ter esse momento para se abastecer senão não consegue seguir em frente, e rezar para o Espírito Santo, pois Ele é o norteador de todo trabalho a ser desenvolvido pelos catequistas, sem Ele não tem catequese, pois é Dele que nascem a sabedoria, a inteligência, o temor de Deus e todos os demais dons, frutos e carismas necessários para realizar uma catequese de qualidade para todos.

“A oração é a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes.” (Sao João Damasceno)

• “Para mim, a oração é um impulso

do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria.” (Santa Terezinha do Menino Jesus) (CIC 2559ss)

• CIC 2687 – A vida missionária ou

comunitária não se mantém e não se propaga sem a oração; esta é uma das fontes vivas da contemplação e da vida espiritual.

• Ninguém se mantém sem a vida de

oração em comum.

• Mateus 18,19: “Digo-vos ainda isto: se

dois de vós se unirem sobre a terra para pedir, seja o que for, consegui-lo-ão de meu Pai que está nos céus”.


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CATEQUESE INCLUSIVA

Oração pessoal: conseguiremos formar comunidades que rezam só se nos tornarmos pessoalmente homens e mulheres de oração. Cada um de nós tem a necessidade de exprimir em seu íntimo o modo pessoal de ser filho(a) de Deus, manifestar-lhe a gratidão, confidenciarlhe os desejos e as preocupações apostólicas. Forma indispensável de oração é a oração mental. Ela fortalece nossa intimidade com Deus, salva a nossa rotina, conserva o coração livre e alimenta a doação ao próximo. Para Dom Bosco é a garantia de alegre perseverança na vocação.

• Características da alma que ora (CIC): • Confiança – 2734 • Esperança – 1820 • Humildade – 2559 • Vigilância – 2730 • Vivência carismática – identidade ao

5º passo - Simplicidade de coração: O(A) catequista não deve se orgulhar por ser um catequista, ele(a) foi escolhido por Deus para designar essa missão aqui na Terra, antes mesmo de ter nascido (Jr 1,5), ou seja, ser catequista nada mais é do que dizer “sim” ao chamado feito por Deus e corresponder a esse chamado aprendendo com Jesus a ser reto(a) e humilde de coração, aceitando a vontade de Deus e exercendo com humildade a missão a cada um confiada. Pois não se é catequista para si, mas sim porque Deus chamou, escolheu, ungiu e capacitou antes mesmo de ter nascido. Temos que ter sempre isso muito claro nossa missão de profetas anunciadores inclusivos.

“Semelhantemente, vós outros que sois mais jovens, sede submissos aos anciãos. Todos vós, em vosso mútuo tratamento, revesti-vos de humildade; porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes (Pr 3,34).”

• Colocar em comum os dons que o

“Nada façais por espírito de partido ou vanglória, mas que a humildade vos ensine a considerar os outros superiores a vós mesmos.” (Fil 2,3).

carisma:

Sentido de pertença: é preciso se identificar e sentir-se pertencente ao carisma, sentir-se membro ativo e participativo da comunidade em que se vive. Senhor lhe confiou para o bem maior: a comunidade.

Viver os dons recebidos no Batismo e confirmados no Crisma.

• Leitura orante da Palavra.


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• “Portanto, como eleitos de Deus, santos

e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência.” (Colos 3,12).

• “Assim como o Filho do Homem veio,

não para ser servido, mas para servir e dar Sua vida em resgate por uma multidão.” (Mt 20,28).

Vivemos em comunidade não para sermos servidos, mas sim para servir aqueles que o Senhor mesmo confiou a nós para vivermos como irmãos. E como servir:

• “Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre,

vos lavei os pés, também vós deveis lavarvos os pés uns aos outros.” (Jo 13,14) Devemos seguir os ensinamentos deixados por Jesus, como exemplo:

• Amar os outros, como a nós mesmos. • Viver o perdão, acolhida e reconciliação

em comunidade.

• Cuidar dos ambientes para o outro. • Saber escutar. • Falar na hora certa. • Respeitar os espaços do outro, todas as

pastorais da paróquia utilizam as salas de encontros em que acontecem os encontros da catequese.


CATEQUESE INCLUSIVA

Para finalizar este artigo é fundamental que o(a) catequista viva o amor em si, entre os irmãos, na sua própria família, pois é muito fácil e bonito o(a) catequista pregar sobre o amor nos encontros de catequese e dentro de casa e na sua própria família estar em divisão, com falta de perdão e diálogo. O(A) catequista não pode viver desse lema: “Faça o que eu digo, mas não faça o que faço”; muito pelo contrário, deve viver embasada nesta passagem: o Amor de Cristo reuniu para se tornarem uma só coisa um grande número de discípulos a fim de que, como Ele e graças a Ele, no Espírito, pudessem, através dos séculos, responder ao amor do Pai, amando-o “com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças” (Dt 6, 5) e amando o próximo “como a si mesmos” (cf. Mt 22, 39). Catequistas, guardem isto: se cada um de vocês catequistas não estiverem em sintonia entre si, ou seja, vivendo a unidade e a comunhão de ações e pensamentos, e acima de tudo isso a oração, não terá como o Espírito Santo agir na unidade, o Espírito Santo não age na divisão. Pela unidade, a catequese terá mais frutos e vocês catequistas serão vocacionados felizes e comprometidos e compromissados com a causa inclusiva.

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Para cada um de vocês, Deus deixa a seguinte mensagem no livro de Josué*: 1,7 “Tem ânimo, pois, e sê corajoso para cuidadosamente observares toda a lei que Moisés, meu servo, te prescreveu. Não te afastes dela nem para a direita nem para a esquerda, para que sejas feliz em todas as tuas empresas”. 1,8 “Traze sempre na boca (as palavras) deste livro da lei; medita-o dia e noite, cuidando de fazer tudo o que nele está escrito; assim prosperarás em teus caminhos e serás bem-sucedido.” 1,9 “Isto é uma ordem: sê firme e corajoso. Não te atemorizes, não tenhas medo, porque o Senhor está contigo em qualquer parte para onde fores.”

Thaís Rufatto dos Santos

Thaís Rufatto dos Santos é Pedagoga, Psicopedagoga, Pós Graduada em Educação Especial, Consultora em Educação Inclusiva. Coordenou a Pastoral da Pessoa com Deficiência, na Diocese de Santo Amaro - SP. É autora de livros voltados à Catequese Inclusiva. Ministra palestras em Paróquias e Dioceses. Contato: thaisrdossantos@gmail.com


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CATEQUESE PERSONALIZADA

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ELEMENTOS PARA UMA CATEQUESE PERSONALIZADA O ENCONTRO ENTRE JESUS E ZAQUEU por Jo達o Melo


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A

catequese de inspiração catecumenal não pressupõe que os iniciandos já estejam evangelizados ou que sequer conheçam Jesus, “esse pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado” (Porta Fidei, 2). A catequese que busca responder de forma adequada ao desafio de anunciar a Boa Nova de Jesus nos dias de hoje é consciente de que aqueles que chegam a nós para serem catequizados, sejam adultos, jovens ou crianças, muitas vezes – e cada vez mais – não receberam o primeiro anúncio de Jesus Cristo, portanto, não têm ainda uma adesão à fé Nele como o sentido maior e último de suas vidas. Antes de aprofundar ou educar a fé é preciso primeiro que haja adesão à fé, portanto, ela precisa ser despertada! A fé é um dom de Deus, mas é também uma resposta do homem. Como poderíamos aprofundar por meio da catequese o conteúdo da fé, a doutrina com um iniciando que a fé em Jesus ainda não foi acolhida? Não há como! Precisamos

começar pelo que é essencial, o que é mais importante, Jesus Cristo, Filho de Deus que nos ama, veio ao mundo e por Seu mistério de paixão, morte e ressurreição nos salva e oferece a todos aqueles que Nele creem a vida eterna (cf. Jo 3, 16-21). Então, a nossa preocupação precisa ser antes essa: como suscitar em nossos iniciandos a fé em Jesus Cristo? A resposta: anunciando Jesus Cristo! Precisamos ajudá-los a fazerem a experiência pessoal do encontro com o Filho do Deus vivo. No processo catequético de iniciação à vida cristã isso implica em “grande atenção às pessoas, com atendimento personalizado” (Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2012015, 87). Trata-se, portanto de assumir novas práticas pastorais que possam corresponder a essa urgência de iniciar as pessoas a partir do primeiro anúncio de Jesus Cristo morto e ressuscitado à fé e à vida cristã. Tal tarefa se fará por meio do diálogo, da proximidade, da reflexão sobre a experiência de vida, da amizade e do anúncio explícito do Evangelho de forma pessoal e personalizada a cada pessoa inicianda. De fato, todos trazem em si “o desejo e a capacidade de encontro com a Palavra de Deus, que o próprio Espírito Santo suscita” (idem). De modo prático, isso implica em um novo perfil de agente evangelizador, o Ministério dos Introdutores (cf. idem, 42).


CATEQUESE PERSONALIZADA

O Evangelho de São Lucas nos apresenta um episódio em que o cobrador de impostos Zaqueu faz a experiência pessoal de encontro com Cristo. Essa narrativa é baluarte e modelo para nós porque está carregada de elementos para uma catequese personalizada que se preocupa em fazer – ou repetir – o primeiro anúncio aos iniciandos. Nesse texto, precisamos olhar para Jesus Mestre, que é a razão de ser de nossa ação catequética, modelo de catequista e, como veremos, também de introdutor. Os gestos, a palavra e a vida de Jesus são inspiradores da nossa ação pastoral. É Dele que aprendemos a evangelizar e catequizar e é por Ele, para que se torne conhecido e amado e para que Sua proposta de salvação e de adesão ao Reino de Deus seja realidade no hoje e plenitude na vida eterna, que realizamos qualquer ação pastoral. Nesse sentido é que vemos Nele a identidade do introdutor e sua ação catequética. Primeiro, vejamos todo o episódio bíblico em Lucas 19, 1-10. “Jesus entrou em Jericó e estava atravessando a cidade.” (Lucas 19,1) Jericó era uma cidade conhecida, Jesus vai até lá e caminha no meio do povo, pela cidade... é Ele que possibilita o encontro Consigo, criar as condições. A iniciativa é Dele porque o primeiro amor é Dele, que nos amou primeiro e por isso nos atrai a Si (cf. 1 Jo 4,10). É ele a entrar nos lugares que nos encontramos. “Morava ali um homem rico, chamado Zaqueu que era chefe dos cobradores de impostos.” (Lucas 19,2)

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O evangelista nos narra QUEM era Zaqueu, seu nome, o que fazia (era cobrador de impostos), como era (homem de baixa estatura), onde morava (cidade de Jericó)... E Jesus chama Zaqueu pelo nome, ou seja, Jesus sabe quem ele é, Ele conhece Zaqueu. O chamado do introdutor e do catequista é a conhecer, aproximarse, ir ao encontro e criar um vínculo de amizade sadia com o iniciando. Saber quem ele é, sua história, suas motivações, e deixar-se conhecer por ele também. “Ele estava tentando ver quem era Jesus, mas não podia, por causa da multidão, pois Zaqueu era muito baixo.” (Lucas 19,3) Como em Zaqueu, há em nós uma sede de VERDADE, um desejo de Deus, pois só Ele confere pleno sentido à vida... Muitas vezes não sabemos direito ou não identificamos isso em nós, mas todo ser humano “buscar ver” algo que faça sentido, que fale ao nosso coração inquieto. Mas há “multidões de ruídos” que atrapalham o encontro com o Cristo, muitos, por isso, são de “baixa estatura” na fé. “Então correu adiante da multidão e subiu numa árvore para ver Jesus, que devia passar por ali.” (Lucas 19,4) O texto diz que Zaqueu CORREU, ou seja, ele fez um percurso, um caminho... A catequese, a iniciação à vida cristã é o caminho a ser percorrido para “ver Jesus”. Como está o caminho que propomos aos nossos iniciandos? Zaqueu subiu em uma árvore para conseguir ver Jesus. A árvore foi o instrumento que para ele foi necessário para deixar de estar “em baixa estatura”, inclusive de fé...


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Nossa catequese é esse instrumento – árvore – para os nossos iniciandos aproximarem-se de Jesus. A catequese iniciática é instrumento que facilita o encontro pessoal do iniciando com a pessoa de Jesus Cristo, mas ela haverá de prepará-lo para continuar em busca do mesmo Cristo, para o discipulado, para a catequese permanente! Um dia, nosso iniciando “descerá da árvore”, queremos que seja para seguir Jesus... “Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse a Zaqueu: ‘Zaqueu, desça depressa, pois hoje preciso ficar na sua casa’.” (Lucas 19, 5) O olhar penetrante de Jesus expressa Seu desejo de estar na casa, na intimidade, na vida de quem O encontra. Jesus diz que PRECISA ficar na casa de Zaqueu, Ele quer estar lá. O exemplo de Jesus nos impulsiona a promover uma catequese personalizada, familiar, no lar, na casa, especialmente por meio do ministério dos introdutores. O ministério dos introdutores é responsável por fazer o primeiro anúncio de Jesus Cristo – o primeiro tempo do itinerário da iniciação à vida cristã. Os introdutores são pessoas que conhecem o iniciando, acompanham e são testemunhas de sua caminhada de fé e desejo de celebrar os sacramentos. Agem como padrinho ou madrinha, mas não precisam necessariamente sê-lo (cf. RICA, 42). São membros das diversas pastorais e movimentos da comunidade que acompanham de forma personalizada a cada um dos iniciandos nessa fase inicial que antecede a catequese. Na

maior parte das vezes, esse atendimento personalizado prestado pelos introdutores é feito nas casas dos iniciandos, com hora marcada e no caso das crianças, com a presença da família. “Zaqueu desceu depressa e o recebeu na sua casa, com muita alegria.” (Lucas 19,6) Diante da Palavra de Jesus, Zaqueu tem uma atitude... Acolhe a Palavra e isso lhe traz grande alegria, é a Alegria do Evangelho (cf. Evangelii Gaudium, 1), característica própria do cristão. Como motivar os nossos iniciandos e suas famílias para acolherem a Palavra de Jesus? Como contagiá-los com a alegria de ser cristão? “Todos os que viram isso começaram a resmungar: ‘Este homem foi se hospedar na casa de um pecador!’.” (Lucas 19,7) Muitos não compreendem e por isso reagem de forma negativa. A atitude de Jesus é incompreendida, por muitos não é aceita. A proposta de um processo de catequese de inspiração catecumenal não é fácil. Articular dentro da catequese um processo personalizado e pessoal exige ter a atitude de Jesus que mesmo na incompreensão da comunidade persistiu.


CATEQUESE PERSONALIZADA

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“Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: ‘Escute, Senhor, eu vou dar a metade dos meus bens aos pobres. E, se roubei alguém, vou devolver quatro vezes mais’.” (Lucas 19,8) Zaqueu, que encontrou com Jesus e acolheu Sua Palavra, agora O chama de SENHOR. Jesus ocupa a centralidade da sua vida. O encontro com Jesus possui uma dimensão transformadora, leva à ação. Zaqueu age para o bem e por meio de atitudes concretas. A catequese é educação da fé comprometida com a realidade, gera conversão pessoal e transformação da realidade. “Então Jesus disse: ‘Hoje a salvação entrou nesta casa, pois este homem também é descendente de Abraão’.” (Lucas 19,9) A salvação alcança Zaqueu, que permite ser alcançado. Jesus diz que Zaqueu é filho de Abraão, ou seja, que ele pertence ao povo escolhido, à comunidade dos filhos de Deus. Por meio do processo catequético nossos iniciandos e suas famílias são inseridos em nossa comunidade, cresce neles a consciência de serem também Igreja. Quais os espaços e a acolhida que eles encontram em nossa comunidade? “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar quem está perdido.” (Lucas 19,10) Ser introdutor, ser catequista é cumprir o mandato de Jesus de ir e anunciar a Boa Nova (cf. Mt 28, 19-20), é contribuir para a realização do Reino de Deus. O objetivo da Catequese é fazer discípulos missionários de Jesus Cristo.


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Diretrizes para uma catequese personalizada 1 Abrir-se a ação do Espírito Santo e ao dom da humildade, pois é Jesus que nos atrai a si; 2 Conhecer os iniciandos e sua família,

sua realidade, o que pensam, o que fazem, etc.; 3 Anunciar o Evangelho de forma

pessoal e particular a partir de uma interação entre fé e vida; 4 Revisar o itinerário ou o tipo de

catequese que estamos propondo; 5 Promover uma catequese iniciática que depois se torne discipulado por meio de uma catequese permanente; 6 Instituir o ministério dos introdutores; 7 Perseverar mesmo em meio às

dificuldades e incompreensões da comunidade; 8 Encorajar uma catequese que seja

educação da fé comprometida com a realidade; 9 Articular a catequese de modo que os

iniciandos sejam inseridos na comunidade e percebam que pertencem a Igreja; 10 Conscientizar e pautar as ações pastorais a partir do objetivo da catequese que é fazer discípulos missionários de Jesus Cristo.

João Melo

Seminarista da Arquidiocese de São Paulo. Especialista em Catequese pelo UNISALSP e acadêmico do curso de pós-graduação em Ensino Religioso Escolar pelo mesmo instituto. É membro da Comissão Arquidiocesana de Animação Bíblico-Catequética da Arquidiocese de São Paulo.


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TEATRO NA CATEQUESE

Arte e vida Ă luz da Palavra por Erivandra Marques


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A

o catequista que se lança no Espírito Santo para usar o teatro na propagação do Evangelho nunca faltará fonte de inspiração. A Palavra de Deus é eterno suporte para criar oportunidades cênicas. Um único versículo, ou parte dele, pode ser a origem de uma história bem parecida com a de muitas pessoas! A depender dos intérpretes, os ensinamentos da Palavra podem chegar e se instalar, por meio da encenação, em áreas da vida que, talvez, numa leitura comum do texto bíblico, ainda que meditada, eles não alcançassem. Por que investir no teatro bíblico? Primeiro, porque histórias encenadas dão vida a personagens que são pouco explorados numa leitura comum e, segundo, porque o mundo lá fora investe em teatro secular e teatro satânico. A Palavra de Deus deve nos levar a combater todos os meios de transmissão de mensagem num nível superior de investimento em relação ao mundo, pois o trabalho do catequistaevangelizador é resgatar almas para Deus! Por isso, nada de pensar que teatro

Ainda é tempo de voltar

na igreja não deve ser feito por exigir muito esforço e dedicação prévios! Isso não deve passar pela cabeça dos que se comprometem com Cristo! Vejamos o que Paulo, que interpretou estar morto (Atos 14, 19-20) – visto que não tinha acabado sua missão, por isso não era hora de morrer – diz na 2ª Carta a Timóteo 4, 2-4: “Prega a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, repreende, ameaça, exorta com toda a paciência e empenho em instruir. Porque virá o tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas. Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério”. Chegamos ao tempo das fábulas! O que é oportuno? O que é inoportuno? Se é inoportuno investir tempo e dinheiro para dinamizar a transmissão da Palavra de Deus, façamo-lo mesmo assim! As pessoas tendem a seguir as mensagens mais atrativas! Por isso o texto bíblico pode e deve ser trabalhado de forma teatral. O texto sagrado que comumente é esquecido e empoeirado nas estantes é o mesmo que ganha e dá vida, e vida em abundância!

(Mt 11,28)

Erivandra Marques TOQUE PARA BAIXAR

Catequista de Primeira Comunhão Paróquia Senhor do Bonfim Maceió, AL




TEOLOGIA

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A Globalização

numa visão teológica por Márcio Oliveira Elias

A

globalização é um fenômeno cultural recente, mas sua realidade é bem mais remota, podemos perceber as suas raízes no alvorecer da cultura da razão e da palavra na Antiguidade, emergindo em profusão na explosão das tecnologias da comunicação no mundo contemporâneo. Podemos situar uma via de origem no Extremo Oriente, onde a figura dos pensadores criou um caminho para a reflexão da potencialidade humana, despontado o anseio abrangente do homem. Outra via originária encontramos na Grécia dos filósofos, onde se forjou o logos que penetrou pelos caminhos abertos da razão universal. Estava lançada a semente da incessante busca pelo conhecimento, que formatou nossa cultura ocidental e que gestou a atual globalização.


TEOLOGIA

Outra fonte globalizante poderá ser apontada no Oriente Médio, onde os profetas promulgavam a Palavra transcendente de Deus, que também possui cunho universal. “As nações caminharão para a Tua luz, e os reis, para o clarão da Tua aurora”, diz o profeta Isaías (60 1-3). No seguimento dessa proclamação profética, essa mentalidade universal amplia-se pelo mundo, refletindo a consciência de uma comunidade nascente, que recebe de Cristo uma missão: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). A caminhada histórica foi demonstrando que a cultura ocidental tem interiorizada uma consciência globalizante, em que se situam sonhos e desejos universalistas, bem como uma tendência expansionista nos campos político, econômico e cultural. O mundo torna-se hoje uma “aldeia global”, onde o planeta se apresenta para o homem como um espaço único e privilegiado, dominado pela tecnologia da comunicação em tempo real. Nesse diapasão o Evangelho também deve se propagar em tempo real.

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O cristianismo, com sua clara vocação universal, chega nos dias atuais aos mais longínquos recantos do planeta, mas a consciência da expansão firmase, sobretudo, na esfera ocidental, onde sua doutrina de fé lançou mais fundo as suas raízes. A globalização nos tempos modernos está provocando uma nova forma de contato da fé cristã com outras formas culturais e religiosas; esta é a novidade da questão atual. Em tempos de modernidade e pósmodernidade a globalização se manifesta com um paradoxo marcado pela continuidade de alguns valores naturais, como a liberdade, e a ruptura de outros diante da lógica da flexibilidade e da pluralidade, como é o caso do relativismo. Tudo isso se manifesta no estado atual do comportamento humano, nas expressões religiosas e na estética social e cultural. Diante desse contexto, surge a preocupação de formular uma teologia que, seguindo sua lógica da universalidade histórica, deve ser contemporânea e


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relevante, objetivando a compreensão do próprio indivíduo e seu coletivo, visto que a questão de Deus, enquanto uma profissão de fé passa invariavelmente pelas questões essenciais da existência humana.

os dramas humanos e os desafios que emergem para a fé cristã, com a finalidade de oferecer uma reflexão teológica em melhores condições de compreender sistemática e rigorosamente o ser humano, no seu atual momento histórico.

O pensar teológico em tempos globalizantes não pode se colocar à margem das angústias e esperanças do homem. A Revelação se apresenta gratuitamente na história humana; uma história marcada por contradições e ambiguidades, mas que é caminho para o diálogo da teologia com a razão, no círculo hermenêutico do conhecimento e da religiosidade. A fé cristã se reinterpreta num processo interminável, pois cada vez lhe surge um novo encontro com a graça do Mistério.

Temos de ressaltar que a globalização alavanca os fenômenos do relativismo, do nivelamento religioso rasteiro, do sincretismo amalgamado, com sérias consequências para uma abertura da consciência teológica ao diálogo com o mundo. A globalização não é um fluxo da cultura dominante e massificante tão somente, mas também um circular frenético de todo exotismo cultural possível e imaginável, talvez até inimaginável. E assim as mais diversas facções religiosas lançam suas expressões, habitualmente soltas e descoladas, em que cada sujeito as apreende como quer, quando quer e aonde lhe satisfizer individualmente.

A afirmação evangélica deverá consolidar e aprofundar o diálogo da teologia com as ciências humanas, que já está consolidado desde o Concílio Vaticano II, na constituição pastoral Gaudium et spes, que analisa a situação do mundo,

Alguns fenômenos contemporâneos chamam mais a atenção, porquanto conhecer o mundo moderno demanda a necessidade de uma visão mais


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TEOLOGIA

abrangente e profunda, para captar e interpretar os “sinais dos tempos”, em face da exacerbação da subjetividade, do individualismo, em que a crise de identidade pessoal chega às raias do patológico e da insegurança existencial. A aldeia global eliminou distâncias, mas criou abismos com a pasteurização e a perda da memória cultural, gerando pseudovalores, inibindo assim o senso crítico e a criatividade. Os tempos globais nos desafiam a proclamar uma Nova Evangelização, na qual devemos encontrar Jesus na alteridade, apesar de todas as dificuldades que existem, apesar de algumas muitas pessoas não viverem coerentemente sua fé. Mas somos os comunicadores do Cristo, numa sociedade que muitas vezes encontra-se distante de Deus, que não percebe a falta Dele como uma ausência. Nós, portanto, precisamos ser sempre mais capazes e dispostos a nos aproximarmos uns dos outros, para transmitir nossa alegria como primeira experiência que devemos manifestar: a alegria de ter encontrado Jesus. O Evangelho nos pede que sejamos coerentes com o nosso testemunho, apesar das dificuldades, dos nossos limites, das nossas contradições; o que conta, na verdade, é o nosso modo de celebrar a vida e lutar por ela. Nesse sentido a globalização favorece a profusão do testemunho, pois nela ocorre um aumento do intercâmbio cultural de diversos matizes, sendo importante para ampliar a visão de mundo nos indivíduos, que assim podem passar a conhecer e respeitar outras realidades culturais e

sociais. A globalização também pode fazer fluir um sentimento de integração, em que muitas pessoas passam a se sentir cidadãs do mundo, numa unidade na diversidade, numa fraternidade possível, no sonho cristão de sermos uma única família.

Referências: Por uma nova razão teológica. A teologia na pós-modernidade. Professor Paulo Sérgio Lopes Gonçalves. Globalização e o impacto sobre a fé. Pe. João Batista Libanio, sj. Desafios da globalização.

Márcio Oliveira Elias Advogado, Teólogo e Professor. Atua na formação permanente de agentes pastorais e fiéis leigos na Diocese de Cachoeiro de Itapemirim/ ES, sendo coordenador do Instituto de Ciências Humanas Evangelii Gaudium, instituição formativa de denominação católica, que tem por objetivo precípuo produzir e difundir o conhecimento da Doutrina Cristã.



MATÉRIA DE CAPA

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coração


CONHEÇO UM CORAÇÃO

PADRE JOÃOZINHO 71

de

TOQUE NO CORAÇÃO

CATEQUISTA por Moacir Beggo


MATÉRIA DE CAPA

A

gosto é celebrado na Igreja como mês vocacional por excelência. A palavra vocação vem do latim vocare, que quer dizer chamado, ou, na melhor definição bíblica, “Antes de formar-te no ventre de tua mãe Eu te conhecia e te escolhi” (Jr 1,5). A esse chamado vemos sacerdotes, religiosas e religiosos, pais e mães, leigos, leigas e catequistas respondendo com alegria. Fazem de suas vidas oferta, oblação e entrega. De forma especial, destacamos nesta edição especial os catequistas, que são lembrados no último domingo de agosto de 2014. Para o Papa Francisco, o ser catequista não vive separado do amor. “Amor sempre mais forte por Cristo, amor pelo seu povo santo. E este amor, necessariamente, parte de Cristo.”

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Durante a Jornada dos Catequistas, em setembro do ano passado, o Papa explicou como age o coração do catequista. Segundo Francisco, ele vive sempre o movimento de “sístole-diástole”: união com Jesus, encontro com o outro. “Se falta um destes dois movimentos não bate mais, não vive. Recebe como dom o querigma, e por sua vez o oferece como dom. É esta a natureza do próprio querigma: é um dom que gera missão, que impulsiona sempre para fora de si mesmo. São Paulo dizia: ‘O amor de Cristo nos impulsiona’, mas este ‘nos impulsiona’, pode se traduzir também em ‘nos possui’. É assim: o amor te atrai e te envia, te toma e te doa aos outros. Nesta tensão se move o coração do cristão, em particular o coração do catequista”, disse o Papa.


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Na raiz da palavra, catequizar, catáekhéi, em seu sentido original, significa “fazer ressoar aos ouvidos”; no Segundo Testamento podemos afirmar que catequese significa formar, instruir, ensinar de viva voz.

Ser catequista...

Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “a finalidade definitiva da catequese é levar à comunhão com Jesus Cristo: só ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade”. No parágrafo 427 do Catecismo, a definição de catequese e catequista: “Na catequese, é Cristo, Verbo Encarnado e Filho de Deus, que é ensinado – todo o resto está em relação com Ele; e somente Cristo ensina; todo outro que ensine, fá-lo na medida em que é seu porta-voz, permitindo a Cristo ensinar por sua boca... Todo catequista deveria poder aplicar a si mesmo a misteriosa palavra de Jesus: ‘Minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou’ (Jo 7,16)”.

TOQUE NOS CORAÇÕES PARA LER OS DEPOIMENTOS


MATÉRIA DE CAPA

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Coração acelerado Mas como anda o coração do catequista diante dos desafios de nossa sociedade atual? Segundo Angela Maria Leal Rocha, formadora de catequistas com especialização em catequética pela Faculdade Vicentina de CuritibaPR, hoje o evangelizador, como os primeiros apóstolos, se vê num mundo aparentemente hostil, mas cheio da “necessidade” de fé, de transcendência. “As pessoas andam perdidas pelo caminho, e a Palavra é entendida como resposta para tudo, só que no mundo de hoje, precisamos pensar o Evangelho como ‘pergunta’. Temos nos dedicado demais a dar respostas a perguntas que ninguém faz; o Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, afirma isso. O ser humano precisa ‘se perguntar’ mais: A que veio? Qual é sua missão aqui? O que se espera dele?”, interpela Angela, da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, de Londrina. Catequista por nove anos e agente da Pascom, Angela conta que leu recentemente uma entrevista em que o Pe. Antonio Spadaro pergunta: “O homem de hoje tem necessidade de perguntas. A Igreja sabe envolver-se com as dúvidas e as perguntas dos homens? Sabe despertar as perguntas que estão no coração deles sobre a existência?”.

“Sem que o catequista entre em diálogo com o catequizando, compreenda suas expectativas e suas esperanças, entenda suas motivações e conheça o contexto em que ele vive, não há evangelização. E aqui eu falo de um catequizando com maturidade para entender os aspectos da fé, não de crianças”, acredita a formadora. E Angela é enfática: “Penso que o maior desafio, hoje, para a catequese ainda é deixar o ‘conteúdo’ de lado e partir para o ‘relacionamento’. Deixar de pensar no sacramento como ‘fim’ e fazê-lo acontecer como ‘etapa’ na caminhada de conversão e seguimento. O catequista de hoje precisa pensar em evangelizar o adulto muito mais do que a criança. Ela não é mais educada na infância pelo testemunho dos pais, já não vivemos mais um cristianismo de ‘berço’; existe pluralidade religiosa dentro até de uma mesma família”.


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“O catequista precisa dialogar obrigatoriamente com o coração das pessoas!” Frei Djalmo Fuck

Frei Djalmo Fuck, pároco na Igreja São Francisco de Assis da Vila Clementino, em São Paulo, defendeu o tema “Catequese com adultos: processo de iniciação e aprofundamento permanente da fé” na conclusão do seu curso de teologia. Para ele, não basta transmitir a doutrina. “O catequista precisa dialogar obrigatoriamente com o coração das pessoas!”, decreta, pedindo uma formação continuada e permanente de nossos catequistas: “Formação não apenas teórica, doutrinária, mas prática: como interagir e dialogar com nossos catequizandos?”. Segundo Frei Djalmo, precisamos rever ainda a metodologia, aproveitar as mídias modernas para transmissão da fé. Para ele, um segundo grande desafio é envolver os pais, a família, no processo

catequético. “Os pais são os primeiros catequistas de seus filhos. Não podemos terceirizar ou delegar esta missão tão somente para os catequistas e a Igreja. A catequese começa dentro de casa!”, reforçou. Por último, e maior desafio, transformar a mentalidade de que catequese é “coisa para criança”. “Historicamente identificamos a catequese como atividade quase que exclusiva de crianças, mas hoje entendemos e compreendemos que catequese é um processo de iniciação permanente da fé e deste processo fazemos parte todos nós! Estamos continuamente fazendo iniciação na fé, a catequese não termina com celebração dos sacramentos da iniciação cristã”, explicou.


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Coração pleno O catequista não é só aquele que ensina, mas que aprende junto, aperfeiçoa, cresce, está junto, coordenando, orientando, mostrando pistas, caminhos. Para que ele possa fazer isso é preciso que antes esteja disposto a formar-se, a orientar-se, a ler, estudar, preparar-se a fim de que esteja em comunhão perfeita com o Evangelho e com os ensinamentos da Igreja. “Além de formação, o catequista precisa testemunhar aquilo que fala, ser pessoa de oração, escuta da Palavra e prática da caridade. Só através do testemunho e exemplo é que as pessoas podem conhecer a Jesus por meio dele, levando a um verdadeiro processo de conversão pessoal contínua e daqueles que estão ao seu redor”, acredita Cristy Rose de Azevedo, coordenadora da catequese na Paróquia São Francisco de Assis da Vila Clementino.

Para Marta Núbia de Moura Candeias, oito anos como catequista na Paróquia Nossa Senhora de Fátima do Imirim (SP), a catequese fala realmente ao coração das pessoas com “fé autêntica, práticas espirituais e vida de testemunho”. “É preciso ser testemunha da vida em Jesus Cristo e assumir a dinâmica da vida em comunidade. Não existem dificuldades: assumindo a vida cristã com convicção, e respeitando os limites da sociedade, pode-se levar o Cristo às pessoas mesmo nas realidades fragmentadas do nosso mundo”, acredita. Para a catequista Karen Cristina Riola Batista, pioneira na catequese da Comunidade São Paulo da Paróquia Santo Antônio de Indaiatuba-SP há cerca de seis anos, a catequese deve ser acolhedora e

Quem é o catequista?

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“Não vamos transmitir valores e nem ‘ensinar’ a amar sem amarmos aqueles que nos são confiados” Angela Rocha

estar sempre atenta à necessidade das pessoas. “As pessoas buscam carinho, atenção, esperança, opinião, explicações... e sacramentos. Com muita luz do Espírito Santo, precisamos corresponder a essas expectativas com amor e dedicação”. Mesmo neste mundo plural e fragmentado é possível transmitir valores humanos e cristãos porque o catequista tem como exemplo Cristo. “Ele é um grande catequista e nos mostra caminhos para vivenciar o amor e a fraternidade”, diz a guerreira Karen, em luta contra um desafio maior: a doença lúpus, que a obriga a extenuantes sessões de quimioterapia. Para Angela Rocha, não há outra palavra que melhor defina como educar para

o amor: relacionamentos. “Precisamos conhecer e entender as pessoas e nos tornarmos mais ‘disponíveis’ a elas. Não vamos transmitir valores e nem ‘ensinar’ a amar sem amarmos aqueles que nos são confiados. E não apenas a eles como seres independentes. Eles vêm de uma família que precisa ser conhecida, entendida e amada. Apesar de sermos tão plurais em nossas crenças, atitudes e valores, somos seres oriundos de um mesmo Criador e temos as mesmas necessidades: amor, reconhecimento, atenção e aceitação das nossas diferenças e erros”, acredita ela, que tem um blog sobre catequese: “Temos agora o desafio de evangelizar na era da cultura digital. Nesse sentido, o mundo pede uma Nova Evangelização”.


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Por uma catequese humana e humanizadora A catequese a partir das idades O Padre Jordélio Siles Ledo, pároco da igreja Sagrada Família em São Caetano do Sul-SP, é hoje um referencial no Brasil quando o assunto é catequese. Desde que se ordenou presbítero em 2002, este religioso estigmatino tem se dedicado à formação catequética e, aos 38 anos, tem um sonho: “O dia em que a Igreja, com as nossas paróquias e comunidades, conseguir atingir todas as fases da vida de uma pessoa, nós completaremos o ciclo de acompanhamento da fé”, espera. O desafio é grande, mas Pe. Jordélio insiste numa catequese permanente, que deve acompanhar a pessoa ao longo da vida: “Hoje, nós focamos só a criança e depois se esquece dela e só vai atendê-la lá no fim da vida. Então, a ideia é pensar uma catequese evangelizadora que atinja todas as fases, todas as etapas”. Pensando nisso, Pe. Jordélio Siles Ledo e Pe. Eduardo Calandro lançaram, pela Paulus, Psicopedagogia catequética – reflexões e vivências para a catequese conforme as idades, em quatro volumes, para ajudar os catequistas na adequação dos conteúdos da catequese para a linguagem da criança, do adulto, do idoso, etc. Segundo Pe. Jordélio, esse trabalho de formação não tem nenhuma novidade, mas nasceu a partir do Diretório Nacional e do Diretório Geral de Catequese, que coloca a ideia da catequese conforme as idades. “Pesquisamos mais de 700 obras para fazer esse trabalho. Ele é fruto de

uma experiência de quase dez anos dentro de salas de aula na área de pedagogia catequética e de assessorias andando pelo país afora”, explica o sacerdote, dando o seguinte diagnóstico: nossa catequese foi muito fragmentada e viveu em busca apenas dos sacramentos. “Funcionou e respondeu a uma realidade de Igreja numa época, mas que hoje precisamos repensar esse método, esses conceitos”, acredita. Segundo o religioso, caracterizar a situação existencial, bem como compreender o desenvolvimento da criança, é o objetivo dessa obra. “A catequese é essencialmente educação da


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fé; no entanto, para que a mensagem de Jesus Cristo seja anunciada e acolhida pelos catequizandos, é necessário que esta seja adaptada à sua capacidade de compreensão e assimilação”, observa Pe. Jordélio, que trabalha com uma abordagem que vem do psicodrama, da psicologia e da psicopedagogia. Pe. Jordélio fez mestrado em teologia pastoral com pesquisa na área de catequese e é especialista em pedagogia catequética e coordenador da Comissão de Animação Bíblico-catequética da Diocese de Santo André-SP. Para ele, muitas dioceses têm investido na formação de catequistas, mas também muitas deixam a desejar. “O que observamos é que há regiões no país em que o catequista é aquele que vai à Missa e o padre chama para ser catequista, sem ter um mínimo de formação. Essas situações estão muito presentes porque é uma prática que sempre foi assim”, avalia o formador. Segundo Pe. Jordélio, o desafio é gerar consciência e colocar o catequista numa escola catequética, num itinerário de formação. “Nós queremos fazer com que o catequista entenda, assimile a ideia de que ele é um educador. Ele é um pedagogo, um mistagogo. Hoje, trabalhamos muito essa ideia da catequese como itinerário mistagógico, que é centrada no mistério de Cristo, para viver e celebrar esse mistério. E aí há necessidade de uma catequese mais vivencial, uma catequese da experiência, uma catequese que caminhe com as pessoas, que atinja seus corações e não fique só no universo de transmissão de conteúdo para os sacramentos”, enfatiza.

Para ele, falta na formação do catequista a dimensão humana. “Acredito que para a nossa a catequese ser boa ela precisa ser humanizante e humanizadora. Foi o que o Papa falou naquele encontro aos catequistas no ano passado. Uma das coisas que ele dizia é justamente que o catequista precisa ‘sair de si’. Tanto é que ele citou aquela frase que todo mundo refletiu bastante: ‘Prefiro mil vezes uma Igreja que se acidente, que corra riscos...’. A educação da fé precisa correr riscos, precisa se acidentar. Nós precisamos nos abrir mais ao diálogo com o outro. Por isso é importante dar esse embasamento teórico, metodológico, psicopedagógico ao catequista, para que ele tenha um diálogo sereno com uma criança, com o adulto, com o jovem, com o idoso”, ensina. Ainda que vivamos num país com realidades diferentes e gigante na sua extensão territorial, Pe. Jordélio não vê outro caminho: “São desafios que nós temos. É preciso que a Igreja assuma isso como causa. Temos mais de 800 mil catequistas no país que precisam de cuidado, de atenção, porque eles são os responsáveis diretos, muitas vezes, de transmitir a fé cristã católica a uma criança ou jovem”. “Nós, padres, temos que valorizar mais o catequista, criar em nossas comunidades espaços que nossos catequistas se sintam acolhidos, respeitados e amados. Um centro catequético, uma biblioteca, etc.”, completa. Ele, contudo, não precisa fazer esse mea culpa, pois há três anos se debruça sobre um projeto inovador na sua Paróquia: o Museu Sagrada Família: Catequese e Arte, um espaço de diálogo entre educação da fé e arte.


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A catequese e as mídias sociais Pe. Jordélio não tem dúvida de que as novas mídias sociais podem ser um instrumento a mais na evangelização. “Hoje mais do que nunca nós temos necessidade de difundir nosso pensamento. A Igreja não pode ficar retraída diante de tantas mudanças. Às vezes, ficamos assustados com tanta tecnologia. Mas temos um tesouro para ser transmitido e não podemos deixar isso se perder”, acredita. Ele lembrou que o próprio Papa Francisco, no Congresso de Catequese, perguntava: “Quem são hoje as testemunhas vivas de que Jesus existe?” E o Papa disse: somos nós que estamos aqui. “Se nós temos na Igreja, a história, a tradição que nos diz que ele existiu e que muita gente professou a fé, nesse mundo, nesse momento, somos os responsáveis diretos em manter essa fé viva e dizer que Cristo existe. Temos esse desafio e as mídias, todas elas, podem contribuir”, avalia. Pe Jordélio, contudo, lembra que devem existir alguns critérios de avaliação de conteúdo. “Nem tudo que se escreve

pode se mandar para o Facebook, para o Twitter, etc. Pode ser que, às vezes, em vez de ajudar, acabe atrapalhando a catequese, ao divulgar um conceito, uma doutrina errada, ou uma interpretação que não é a real. Precisamos meio que purificar as coisas, estudar mais, refletir um pouco mais antes de fazer algumas publicações”, pondera. Ele ainda faz um alerta: “A criança não tem amigos de convívio. Ela tem cinco mil amigos virtuais e nenhum real. Isso para uma catequese, para uma vivência comunitária, solidária, não é saudável. Nós precisamos dessas experiências. E hoje as novas mídias têm tem tirado isso das pessoas”, lamenta. Para o religioso, o desafio é buscar o equilíbrio. “Ter um pé atrás com as mídias porque nem tudo presta, nem tudo é o melhor caminho. Muitas vezes é atingir o consumidor, não necessariamente formar, educar. Então, é preciso avaliar. Não se deve esquivar, mas utilizar com critérios”, ensina.


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Novo museu une catequese e arte sacra Há três anos, o Pe. Jordélio se perguntava: como podemos criar um espaço museológico que contribua na formação do catequista e que seja também um espaço da fé cristã, que agregue valor, que traga a pessoa para a reflexão? A resposta poderá se concretizar no final deste ano ou começo do ano que vem, quando será inaugurado o primeiro Museu de Arte Sacra e Catequese. O projeto está sendo erguido junto à tradicional Igreja Matriz Sagrada Família, localizada na Praça Cardeal Arcoverde, em São Caetano do Sul-SP. “Estamos aproveitando alguns espaços que estavam ociosos e criando um ambiente que os catequistas, tanto de nossa Diocese como de todo o país, possam frequentar

e refletir sobre a importância da arte na educação da fé. Como é que a arte, ao longo da história, contribuiu para educar a fé das pessoas e de tantas gerações? Pensamos numa catequese mais lúdica, que leve ao encontro da beleza expressa na arte, uma beleza que fala do próprio Cristo. Um espaço que pense até o catequista como artista, porque a arte de evangelizar exige muito de nós. Um espaço que estimule essa criatividade, estimule a espontaneidade e que leva à dimensão orante do catequista”, adianta o criador. Dos 2.000 m² do projeto, uma parte será de restauração da antiga residência dos padres e uma parte de cerca de 20% está em construção ao lado da Matriz. É, segundo Pe. Jordélio, por onde o visitante


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entrará para conhecer o acervo por meio de passarela que fará a ligação da edificação com a parte antiga. Na recepção do museu será construída a Capela Sagrados Estigmas e depois o visitante poderá contemplar exposições em três salões. Pe. Jordélio explica que a igreja não possui um acervo permanente. “A ideia é criar galerias que se abrem para exposições rotativas. Trazer esse dinamismo, em que o artista, o catequista, pode trazer uma exposição dentro dessa linha de pensamento e criar um diálogo. Por exemplo, nós estamos pesquisando o rosto de Jesus ao longo da história. Como isso contribuiu na educação da fé, na formação das pessoas? Que imagem de Deus se passou pela arte?”, explica o pároco. Hoje, a Sagrada Família está classificada como ponto de interesse histórico e cultural do município, segundo o Padre Jordélio Siles Ledo. Não é só a arquitetura que chama a atenção, mas também as pinturas sacras assinadas pelos irmãos Gentili em 1943. “Minha pergunta era como aproveitar esse espaço que nós temos com suas pinturas na reflexão da fé cristã. Como atingir esse homem, essa mulher contemporâneos que, muitas vezes, afastaram-se desse espaço sacro?”, pergunta o religioso. Na cúpula do altar-mor, Pedro Gentili desenhou Jesus Cristo e um cordeiro imolado. A cidade foi estilizada ao fundo. Na sequência, fez 14 cenas da caminhada de Cristo ao calvário. Segundo o pároco da Sagrada Família, a construção do Museu está sendo feita com doações dos paroquianos e de algumas empresas.

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Livros publicados pelo Pe. Jordélio Querigma com adolescentes e jovens – vol. I Este livro sobre o querigma tem como objetivo possibilitar aos adolescentes e jovens o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo e despertar para o seu seguimento.

Catequese com adolescentes e jovens – vol. II catequista

Este livro foi elaborado para adolescentes e jovens que estão no itinerário da catequese e neste processo receberão o sacramento do Crisma.

Catequese com adolescentes e jovens – vol. II catequizando Um guia de formação e celebrações de “inspiração catecumenal”. Os três subsídios foram elaborados pela Associação dos Fiéis do Centro de Formação Permanente (CEFOPE) da Diocese de Santo André-SP.

Roteiro de formação com catequistas – o saber e o saber fazer a catequese – Pe. Jordélio e Pe. Eduardo “Trabalhamos esse texto pela Editora Vozes, que é a questão da pedagogia catequética. O catequista precisa estudar a pedagogia da Igreja, a pedagogia de Jesus, a pedagogia de Deus, entender o planejamento catequético”, diz Pe. Jordélio.

Psicopedagogia catequética – reflexões e vivências para a catequese conforme as idades (vol. 1 – Criança; vol. 2 – Adolescentes e jovens; vol. 3 – Adultos; vol. 4 – Pessoas idosas). Pe. Jordélio e Pe. Eduardo, Editora Paulus.


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Dez dicas para tornar a catequese mais evangelizadora 1 Anuncie e testemunhe explicitamente a Pessoa de Jesus Cristo; 2 Proporcione e facilite aos catequistas e catequizandos o encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. 3 Invista na formação dos catequistas a fim de construir uma catequese dinâmica e atualizada à luz da pedagogia de Jesus. 4 Leve o grupo de catequese a uma profunda e verdadeira experiência de conversão a Jesus Cristo. 5 Incentive a vivência comunitária despertando em todos para a prática do amor fraterno. 6 Fortaleça o vínculo do grupo de catequese como equipe a serviço da construção de uma sociedade justa e solidária.

Por Pe. Paulo Gil

7 Aprofunde o primeiro anúncio do Evangelho: levar o catequizando a conhecer, acolher, celebrar e vivenciar o mistério de Deus, manifestado em Jesus Cristo, que nos revela o Pai e nos envia o Espírito Santo. 8 Introduza uma justa compreensão da Bíblia e à sua leitura frutuosa que permita descobrir a verdade divina que ela contém e que suscite uma resposta, a mais generosa possível, à mensagem que Deus dirige por Sua Palavra à humanidade. «A fecundidade da catequese depende do valor da hermenêutica empregada.» 9 Dinamize a catequese como itinerário de crescimento e amadurecimento na fé, esperança e caridade. 10 Intensifique a catequese com adultos; alerta para um maior zelo nesta importante ação evangelizadora.

É pedagogo e especialista em psicopedagogia, coordenador da Dimensão Bíblico-Catequética do Regional Sul I, coordenador de pastoral e assessor da Região Santana da Escola de Catequistas.


a

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Aos catequistas e às catequistas nossos parabéns pelo seu dia e também votos de que continuem firmes na missão!

sou catequista



O CATECISMO RESPONDE

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O desejo de Deus 30. «Exulte o coração dos que procuram o Senhor» (Sl 105, 3). Se o homem pode esquecer

ou rejeitar Deus, Deus é que nunca deixa de chamar todo o homem a que O procure, para que encontre a vida e a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço da sua inteligência, a rectidão da sua vontade, «um coração recto», e também o testemunho de outros que o ensinam a procurar Deus. És grande, Senhor, e altamente louvável; grande é o teu poder e a tua sabedoria é sem medida. E o homem, pequena parcela da tua criação, pretende louvar-Te – precisamente ele que, revestido da sua condição mortal, traz em si o testemunho do seu pecado, o testemunho de que Tu resistes aos soberbos. Apesar de tudo, o homem, pequena parcela da tua criação, quer louvar-Te. Tu próprio a isso o incitas, fazendo com que ele encontre as suas delícias no teu louvor, porque nos fizeste para Ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Ti (7).

Como falar de Deus? 39. Ao defender a capacidade da razão humana para conhecer Deus, a Igreja exprime a

sua confiança na possibilidade de falar de Deus a todos os homens e com todos os homens. Esta convicção está na base do seu diálogo com as outras religiões, com a filosofia e as ciências, e também com os descrentes e os ateus.

A vida do homem – conhecer e amar a Deus 3. Aqueles que, com a ajuda de Deus,

aceitaram o convite de Cristo e livremente Lhe responderam, foram por sua vez impelidos, pelo amor do mesmo Cristo, a anunciar por toda a parte a Boa-Nova. Este tesouro, recebido dos Apóstolos, foi fielmente guardado pelos seus sucessores. Todos os fiéis de Cristo são chamados a transmiti-lo de geração em geração, anunciando a fé, vivendo-a em partilha fraterna e celebrando-a na liturgia e na oração (1).


PAPA FRANCISCO

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O que é

família para o Papa Francisco

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes do 1º Congresso Latino-Americano de Pastoral Familiar, realizado de 4 a 9 de agosto, no Panamá. O evento, intitulado “Família e desenvolvimento social para a vida plena” foi organizado pelo departamento Família, Vida e Juventude, do CELAM.


PAPA FRANCISCO

O que é a família? O Papa afirma que “a família é um ‘centro de amor’, onde reina a lei do respeito e da comunhão, capaz de resistir aos ataques da manipulação e da dominação dos ‘centros de poder’ mundanos”. A família é o refúgio dos seus membros: “Na casa familiar, a pessoa se integra natural e harmonicamente em um grupo humano, superando a falsa oposição entre indivíduo e sociedade. No seio da família, ninguém é descartado: tanto o idoso como a criança são bem vindos. A cultura do encontro e o diálogo, a abertura à solidariedade e à transcendência têm nela o seu berço”. O Papa Francisco também disse que a família é uma grande riqueza social, citando o Papa Emérito Bento XVI. Além disso, sublinhou que a família oferece à sociedade dois elementos importantes: a estabilidade e a fecundidade. O núcleo familiar é uma escola de amor fiel e duradouro: “As relações baseadas no amor fiel, até a morte, como o matrimônio, a paternidade, a filiação ou a irmandade, aprendem-se e se vivem no núcleo familiar.” As relações familiares formam o tecido da sociedade: “Quando estas relações formam o tecido básico de uma sociedade humana, dão-lhe coesão e consistência.

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Pois não é possível formar parte de um povo, sentir-se próximo, ter em conta os mais distantes e desfavorecidos, se no coração do homem estão quebradas estas relações básicas, que lhes oferecem segurança em sua abertura aos demais” escreveu o Papa. O Pontífice também destacou a família constrói um mundo novo na fecundidade e no amor, pois “o amor familiar é fecundo, e não somente porque gera novas vidas, mas porque amplia o horizonte da existência, gera um mundo novo; faz-nos acreditar, contra toda desesperança e derrotismo, que uma convivência baseada no respeito e na confiança é possível”. O amor da família é a receita do Papa Francisco contra o materialismo: “Frente a uma visão materialista do mundo, a família não reduz o homem ao estéril utilitarismo, mas dá canal aos seus desejos mais profundos”.

O amor nos aproxima de Deus O Santo Padre garantiu que o amor familiar faz a pessoa crescer em sua abertura a Deus como Pai. Neste sentido, citando o Documento de Aparecida, convidou a não ver a família somente como objeto de evangelização, mas também como agente evangelizador.


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“Nela se reflete a imagem de Deus que em seu mistério mais profundo é uma família e, deste modo, permite ver o amor humano como sinal e presença do amor divino (Lumen fidei, 52). Na família, a fé se mescla com o leite materno”, afirmou. E completou: “Por exemplo, esse sincero e espontâneo gesto de pedir a benção, que se conserva em muitos de nossos povos, reflete perfeitamente a convicção de que a benção de Deus se transmite de pais para filhos”.

São João Paulo II, a vida de um papa Santo

As palavras importantes na família: “obrigado”, “por favor”, “perdão” “Conscientes de que o amor familiar enobrece tudo o que o homem faz, dandolhe um valor agregado, é importante incentivar as famílias a cultivarem relações sadias entre seus membros, como dizer uns aos outros “perdão”, obrigada”, “por favor”, e a se dirigir a Deus com o belo nome de Pai”, acrescentou o Papa, em sua mensagem. O Pontífice concluiu felicitando os organizadores pela iniciativa “a favor de um valor tão querido e importante hoje em nossos povos”. E pediu a bênção de Nossa Senhora de Guadalupe para os lares da América. Por Ary Waldir Ramos Díaz


A VOZ DA IGREJA

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O ESPÍRITO DOS EVANGELIZADORES “Enviai o vosso Espírito e renovai a face da terra” – assim a Igreja suplica a Deus, confiante na força vivificadora e na ação renovadora do Espírito de Deus.

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nimada pela força do Espírito de Deus, a Igreja atravessou 20 séculos de história, apesar das dificuldades e fraquezas humanas, que não foram poucas... Mas a ação do divino Consolador, do Advogado e Defensor, do Conselheiro, do Sopro vivificante e da Divina Unção confortou sempre de novo a Igreja de Cristo, mostrou-lhe as decisões a tomar e o caminho a seguir; deu discernimento aos pastores, constância e virtude aos santos, coragem aos mártires, alegria e esperança ao povo de Deus no caminho do Evangelho.


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No momento atual da história, a Igreja procura confrontar-se, de maneira renovada, com sua identidade e missão. De muitos modos, somos chamados a viver a alegria da fé numa renovada autenticidade de vida cristã e no zelo pela transmissão da fé. De onde podemos receber a capacidade para fazê-lo senão do próprio Senhor da Igreja, que concede o Seu Espírito Santo em abundância a quem O invoca?!

“Para manter vivo o ardor missionário, é necessária uma decidida confiança no Espírito Santo, porque Ele ‘vem em socorro de nossa fraqueza’ (Rm 8,26).

No último capítulo de sua exortação apostólica sobre A Alegria do Evangelho (Evangelii Gaudium), o Papa Francisco observa que a Igreja precisa de

Portanto,

“evangelizadores com espírito”, abertos à ação do Espírito Santo, que faz reconhecer as maravilhas de Deus e infunde a alegria da salvação; o Espírito Santo faz perder o medo e desperta corajosas e dedicadas testemunhas de Jesus Cristo. É ainda o Espírito Santo que move interiormente, dá coragem e incentiva para a ação pessoal e comunitária (cf. nº 261). Uma evangelização nova depende de evangelizadores novos, animados pela força do Espírito de Cristo, cheios do “fogo” do Espírito, que os consome de amor a Deus e aos irmãos. O Espírito Santo é a alma da Igreja; sem Ele, o ardor missionário esfria e a chama da fé se apaga. Diz ainda o Papa na mesma Exortação Apostólica:

Ele pode curar tudo o que nos faz esmorecer no compromisso missionário” (nº 280). “Continuemos indo em frente, empenhemo-nos totalmente, mas deixemos que seja Ele a tornar fecundos os nossos esforços, como melhor Lhe parecer” (nº 279). No domingo de Pentecostes, pedimos que Deus realize “ainda hoje, mediante seu Espírito, as maravilhas que realizou no início da pregação do Evangelho” (Oração do Dia). Planejamentos e programas pastorais, com métodos apropriados para a sua implementação, são necessários. Mas não são eles que garantem o fruto da evangelização: este é obra da graça do Espírito Santo e dos corações que se abrem à Sua ação, com liberdade e generosidade. E de evangelizadores animados pelo Espírito Santo e dóceis a Ele.

Cardeal Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo


CATECINE

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“E

squeçam os seus sonhos, crianças”: acredite ou não, esta é uma das principais mensagens que a Pixar quer transmitir aos seus filhos em seu filme mais recente, Universidade Monstros. E, analisando isso em seu contexto apropriado, eu não vejo nenhum problema – mas suponho que eu deveria explicar por quê. A última vez que vimos Mike e Sully, no final de Monstros S.A., a dupla conseguiu resolver a crise de energia de seu mundo por meio da descoberta de que o riso das crianças gera mais energia do que seus gritos de terror. E pelo que sabemos, Sully e Mike ainda estão felizes trabalhando na Monstros S.A., fazendo com que as crianças rachem de rir todas as noites. Isso porque Universidade Monstros não é sobre o que

Mike e Sully fazem depois, mas sobre o que fizeram na faculdade antes de se tornar os amigos que nós conhecemos e amamos hoje. O filme começa com um breve prólogo em que o jovem Mike visita a Monstros S.A. como parte de uma viagem de campo do ensino fundamental e fica encantado com a ideia de se tornar um “assustador”, um dos poucos monstros da elite com talento para assustar adequadamente as crianças. Para ajudar a alcançar esse sonho, assim que ele completa a idade necessária, Mike se matricula na Universidade Monstros, a melhor instituição de formação para monstros na arte do susto. Para frustração de Mike, no entanto, ele descobre que há duas coisas que estão no caminho do seu sucesso na faculdade.


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Uma delas é que não importa o quanto ele se destaque em seus estudos, pois será constantemente ofuscado por um tal de Sully. A outra é o simples fato de que, embora ele mesmo não perceba, Mike não é assustador de jeito nenhum. Nem mesmo um pouquinho. É durante uma acalorada discussão sobre este último detalhe que Mike e Sully conseguem atrair a ira do reitor da escola, que elimina ambos do programa de assustadores. Mike faz um acordo com o reitor segundo o qual, se ele ganhar a competição anual de susto da escola, permanecerá no programa. Mas, como a competição é realizada em grupos, Mike busca apoio em uma fraternidade, unindose à Oozma Kappa, a pior casa do campus (a única que poderia aceitá-lo, claro). Essa fraternidade de monstros consiste de um grupo agradável de perdedores. Infelizmente, mesmo com todos os seus novos irmãos da fraternidade, Mike ainda é um monstro fraco, então ele aceita relutantemente Sully na equipe, a fim de se qualificar para competir. Nenhum dos dois está feliz com a ideia de ter de trabalhar juntos, mas ambos entendem que esta é sua única chance. É neste ponto que Universidade Monstros entra em território muito familiar para quem cresceu assistindo aos clássicos da comédia dos anos 1980, como Animal house, Up the creek e A vingança dos nerds. Mas Universidade Monstro agradavelmente se desvia do padrão quando a competição termina, mas o filme, não.

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É nesses múltiplos finais que o tema subjacente de Universidade Monstros chega à superfície e, como em muitas outras produções da Pixar, é surpreendentemente maduro para um filme comercializado para crianças. Enquanto outros filmes sugeririam preguiçosamente a mensagem “seja você mesmo” e, em seguida, tocariam uma música pop, Universidade Monstros mostra Mike descobrindo que seus desejos e sua verdadeira vocação podem não ser a mesma coisa. Esta é uma luta familiar para muitos cristãos. Como acontece com muitos de nós, um dia você percebe que o que você imaginou que faria no resto de sua vida não vai acontecer, porque Deus tem outros planos. E, como Mike, muitas vezes demoramos para aceitar essa realidade. Afinal de contas, são os nossos sonhos – e devemos saber o que é melhor para nós, certo? Mas, com um pouco de oração e paciência, e um pouco mais de oração e discernimento, e ainda mais oração e uma útil direção espiritual, e talvez apenas um pouco mais de oração (a oração é importante, caso eu tenha me esquecido de mencionar isso), nós finalmente compreendemos o que Deus quer que sejamos. Nós encontramos nossa verdadeira vocação. Mike demora muito tempo para perceber isso – não apenas para perceber que ele nunca vai ser o assustador astro que imaginou, mas para entender que ele pode ser muito importante e necessário para


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os outros monstros em sua vida, de outra maneira. E quando ele chega a esse ponto, começamos a ver a sua relação com Sully em Monstros S.A. sob uma luz diferente. Mike não é apenas o infeliz parasita que pode parecer à primeira vista. Realmente, isso é o que esperávamos de uma continuação (neste caso, uma prequela), que é divertida e que desenvolveu a história. Universidade Monstros foi um sucesso nesse sentido. Por David Ives

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EVENTOS

Sociedade Brasileira de Catequetas completa dois anos de fundação

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os 9 de junho de 2012, dia do então bem-aventurado José de Anchieta, em São Paulo-SP, um grupo de catequetas, acompanhado por Dom Paulo Mendes Peixoto, arcebispo de Uberaba-MG e integrante da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética da CNBB e pelo assessor desta comissão, padre Décio José Walker, realizou a fundação da Sociedade Brasileira de Catequetas. Essa foi uma data preenchida de sinais e símbolos, bem como um sonho alimentado há muito tempo por muitos estudiosos da catequese em nosso país. São José de Anchieta, como passa a ser chamado, tem um profundo valor histórico para a catequese no Brasil. O arcebispo de Aparecida-SP e presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, destacou a importância da vida e missão de São José de Anchieta, que optou por uma catequese acessível, utilizandose da poesia, do teatro e de recursos próprios da época. “Ele é um modelo de evangelizador e missionário de todos os tempos e todas as épocas. Ensinounos que o Evangelho, ao ser anunciado, deve ser inculturado, levando em conta a cultura das pessoas ao qual se destina”.

Nessa data em que comemoramos dois anos de fundação vale lembrar o objetivo da associação na Igreja do Brasil, que tem como finalidade favorecer a convergência de pessoas qualificadas no campo da catequese e o livre intercâmbio de pesquisas e experiências que promovem o avanço nessa área pastoral. Ela está a serviço do povo de Deus, mediante a elaboração de estudos sobre aspectos específicos da missão catequética, a colaboração interdisciplinar, a resposta a solicitações e sugestões dentro de sua área, mantendo sintonia com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e organismos eclesiais afins. Nos próximos dias 27 e 28 de agosto será realizada em São Paulo-SP mais uma Assembleia da SBCat, com o objetivo de aprofundar a temática do processo catequético da Igreja do Brasil, que deve avançar sempre mais, bem como as repercussões do III Congresso Internacional sobre Catecumenato, que será promovido pelo Instituto Católico de Paris e a Universidade Católica Silva Henriques do Chile, que refletirá sobre a iniciação cristã em mudança de época.



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DICAS DE LEITURA

Papa Francisco – perspectivas e expectativas de um papado A obra apresenta leituras e perspectivas para a Igreja, tendo-se como referência os primeiros atos e pronunciamentos do Papa Francisco. São 14 capítulos escritos por diversos autores brasileiros e estrangeiros que abordam as menções faladas, escritas e gestuais do Papa Francisco em seu primeiro ano de pontificado, além de refletir sobre a importância dessas menções e avançar as perspectivas que, com isso, abrem-se na área de abordagem de cada autor. Francisco é o primeiro Papa não europeu em mais de 13 séculos de história da Igreja Católica e desde sua apresentação na Praça de São Pedro, quando humildemente solicitou orações para ele mesmo à multidão que o aguardava, ou mesmo um pouco antes, quando dispensou as tradicionais vestes papais e escolheu o nome pontifício, passando pela escolha da moradia oficial e pela bemsucedida Jornada Mundial da Juventude no Brasil, até a reforma da Cúria Romana, atualmente em adiantado curso, Francisco vem surpreendendo o mundo com suas homilias, pronunciamentos, documentos, iniciativas e gestos.

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Autor: Obra Coletiva Editora: Vozes

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O sentido da vida na catequese O livro aplica à catequese a reflexão sobre o sentido da vida, levando em consideração que a catequese será significativa e relevante para as pessoas se as ajudar a encontrar na fé cristã o sentido maior de sua existência. Quem primeiro precisa fazer esse processo são os catequistas para, então, favorecerem os catequizados a ter claro na vida quais são seus valores e qual é o maior; por conseguinte, qual o sentido de sua existência, diante da realidade e das perspectivas atuais. Catequistas e cristãos que saibam encontrar na fé cristã o sentido maior de sua existência podem melhor ajudar as pessoas de hoje a encantar-se com a fé e seus desafios e nela estabelecer o sentido de suas vidas, preenchendo os vazios da existência. Autor: Isabel Cristina A. Siqueira Editora: Paulus


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