Pardela nº 46

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ÍNDICE

Aves exóticas em Portugal

24

Birdlife,

uma longa história de uma parceria jovem

11 Arrábida – da Serra ao Mar 18 Sinai

e as aves do deserto

21

Abetarda, Ave do Ano 2013

Editorial

4

Breves

5

Abetarda, Ave do Ano 2013

7

Juvenis

9

BirdLife, uma longa história de uma parceria jovem

11

Em reportagem no Congresso Mundial de Conservação

14

FAME, o capítulo final

16

Em busca de pica-paus: uma crónica do filme Arrábida - da Serra ao Mar

18

Sinai e as aves do deserto

7

21

Uma introdução ao mundo das aves exóticas em Portugal

24

A ciência das aves

28

A pergunta é: como perguntar? Um estudo sobre comportamentos que ameaçam a conservação das aves

30

Campanha Salve uma Ave Marinha

32

Saúde, exercício físico e natureza

34

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EDITORIAL

FICHA TÉCNICA

2013 | Ano decisivo para a Pardela 2013 está a ser um ano de e para os Sócios da SPEA! Temos vindo a solicitar a mobilização dos nossos associados e sentimos que a mensagem que passamos vos chega! As ações que a SPEA está a desenvolver, junto das mais diversas instâncias, em prol da conservação da lagoa dos Salgados; da conservação do Priolo e do seu habitat; da conservação dos habitats em redor dos projetos de construção das barragens – tentando, em alguns casos até, travar a construção destes monstros de cimento que não vão trazer qualquer vantagem económica à nação; continuamos a trabalhar com outras organizações congéneres para procurar reduzir a grande mortandade que a exposição das linhas elétricas provoca nas aves, etc. Internamente trabalhamos agora para conseguir manter a estrutura profissional estável para ser possível assim manter ideal o nível de execução em conservação. Para o sucesso destas ações conta, sem dúvida, o trabalho dos colaboradores da SPEA – cerca de meia centena! – mas sem a grande massa associativa não conseguiríamos passar esta mensagem tão importante! No dia 1 de março terminou a primeira campanha de crowdfunding da SPEA. Conseguimos angariar cerca de 50% da verba pretendida, valor que será utilizado em ações específicas produção de plantas nativas dos Açores em viveiro, reflorestação e recuperação do habitat do Priolo. A nossa mensagem – “ainda estamos a tempo de salvar o Priolo da extinção” - chegou a todos os cantos do mundo e o nosso agradecimento é muito grande e sentido. No final do primeiro trimestre, os sócios foram novamente convidados a participar em mais um ato eleitoral da SPEA. A Assembleia Geral é sempre o local por excelência para falarmos, cara a cara, com os sócios. Foi nesta última Assembleia que se falou do futuro da Pardela, que está condicionado a financiamentos que assegurem a sua publicação e envio por correio. O apelo aos nossos associados, familiares, individuais ou coletivos, toma agora proporções reais, pois só com financiamentos externos a SPEA terá condições para fazer chegar a próxima edição da Pardela, em papel, até sua casa. Se não for possível cobrirmos as despesas com impressão e envio das cerca de 1000 revistas que publicamos 3 vezes por ano, daremos o nosso melhor para que a receba no seu email (em versão digital) e para que a possa partilhar com todos os seus familiares e amigos nas redes sociais, convidando cada um dos novos leitores a juntar-se à SPEA, tornando-se sócio. Clara Casanova Ferreira Presidente da Direção da SPEA

Esta edição contou com o apoio publicitário de: Águas e Parque Biológico de Gaia, EEM; Esteller/Swarovski Optik; Holmes Place; Opticron; Rio-a-dentro

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PARDELA N.º 46 | MARÇO-JUNHO 2013 DIRETORA: Vanessa Oliveira COMISSÃO EDITORIAL: Clara Casanova Ferreira, Joana Domingues e Luís Costa AGRADECIMENTOS: Eduardo Rêgo e Ricardo Rocha FOTOGRAFIA DE CAPA: Abetarda Otis tarda, típica das planícies alentejanas e ameaçada. É a Ave do Ano 2013, embaixadora de uma agricultura sustentável © Bruno Maia FOTOGRAFIAS: Alexandre Vaz, Ana Nuno, Ana Almeida, Ana Isabel Fagundes, Bruno Maia, Cátia Freitas, Claire Kendall (rspb-images.com), Daniel Petrescu, Diogo Veríssimo, Faísca, Helena Batalha, Henrique Oliveira Pires, Iván Ramírez, James C. Lowen (www.pbase.com/ james_lowen), James Warwick (www.JamesWarwick. co.uk), João Carrilho, João Pedro Pio, Joaquim Camacho, Joaquim Teodósio, John Olivers Photography, José Xavier, Luís Quinta, Luís Venâncio, Mirua, Pedro Carvalho, Pedro Monteiro, Raquel Ferreira, Ricardo Rocha, RSPB Images, Susana Costa, VBN, Victor Cruz e Victor Maia TEXTOS: Alison Fairbass, Ana Isabel Fagundes, Ana Nuno, Cátia Gouveia, Clara Ferreira, Cristina Girão Vieira, Dinis Muacho, Diogo Veríssimo, Domingos Leitão, E. J. Milner-Gulland, Helena Batalha, Ivo Miguel Borges, Joana Andrade, Joana Domingues, João Pedro Pio, Luís Costa, Maria Dias, Nils Bunnefeld, Nuno Barros, Ricardo Guerreiro, Rita Moreira, Sílvia Nunes, Teresa Catry e Vanessa Oliveira ILUSTRAÇÕES: Afonso David, Ana Jones, José David, Paulo Alves e Pedro Alvito PAGINAÇÃO E GRAFISMO: Susana Costa IMPRESSÃO: SIG - Sociedade Industrial Gráfica, Lda. TIRAGEM/PERIODICIDADE: 1100 exemplares; quadrimestral ISSN: 0873-1124 DEPÓSITO LEGAL: 189 332/02 Os artigos assinados exprimem a opinião dos seus autores e não necessariamente a da SPEA. A fotografia de aves, nomeadamente em locais de reprodução, comporta algum risco de perturbação das mesmas. A grande maioria das fotografias incluídas nesta publicação foi tirada no decorrer de estudos científicos e de conservação sobre as espécies, tendo os seus autores tomado as precauções necessárias para minimizar o grau de perturbação das mesmas. A SPEA agradece a todos os que gentilmente colaboraram com textos, fotografias e ilustrações. Contactos: Vanessa Oliveira | vanessa.oliveira@spea.pt | 213 220 434/0 | www.spea.pt/pt/publicacoes/pardela

DIREÇÃO NACIONAL

Presidente: Clara Casanova Ferreira Vice-presidente: José Manuel Monteiro Tesoureiro: Michael Armelin Vogais: Adelino Gouveia, Vanda Coutinho, José Paulo Monteiro, Manuel Trindade Avenida João Crisóstomo, n.º 18 4.º Dto. 1000-179 Lisboa Tel. 213 220 430 | Fax 213 220 439 E-mail: spea@spea.pt | Website: www.spea.pt A SPEA é uma organização não governamental de ambiente, que tem como missão o estudo e a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal, promovendo um desenvolvimento que garanta a viabilidade do património natural para usufruto das gerações vindouras. Faz parte da BirdLife International, organização internacional que atua em mais de 100 países. Como associação sem fins lucrativos, depende do apoio dos sócios e de diversas entidades para concretizar as suas ações.


BREVES

Novos órgãos associativos Na última Assembleia Geral, realizada em 26 de março em Lisboa, foram eleitos os novos órgãos associativos da SPEA para o triénio 2013/2016. Os sócios eleitos são: Assembleia Geral Pedro Amadeu de Albuquerque Santos Coelho | Presidente Cláudia Serrano | Vice-presidente Alexandre Hespanhol Leitão | Secretário Gonçalo Ventura Martins | Secretário Pedro Monteiro | Secretário Conselho Fiscal José Manuel Soares Saldanha de Azevedo | Presidente Vítor Couto Gonçalves | Secretário Filipe Cansado | Relator Direção Maria Clara de Lemos Casanova Ferreira | Presidente José Manuel Monteiro | Vice-presidente Michael Armelin | Tesoureiro Adelino Gouveia | Vogal Vanda Santos Coutinho | Vogal José Paulo Oliveira Monteiro | Vogal Manuel Trindade | Vogal www.spea.pt/pt/quem-somos/equipa

SPEA pinta vidrão em Lisboa A SPEA pintou pela primeira vez um vidrão em Lisboa, juntando a arte ao tema das aves. O projeto artístico intitulado «Voa comigo por Lisboa», e situado na Avenida Duque de Loulé, foi um dos candidatos à quinta edição do «Reciclar o Olhar», iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa/Galeria de Arte Urbana, que neste ano teve o tema «Enamorados por Lisboa».

Uma chamada que ajuda o priolo Agora, ao ligar o 760 45 55 65 qualquer pessoa pode contribuir para ajudar o priolo. O custo é de 0,60€ + IVA, por chamada. A campanha telefónica, que pretende continuar a angariar fundos para a conservação desta espécie, surge no seguimento da iniciativa de crowdfunding internacional que, entre dezembro e fevereiro, conseguiu angariar cerca de 10 380 €. Já ligou? www.spea.pt/pt/noticias/ campanha-telefonica-ajuda-a-salvar-o-priolo

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BREVES

Por Vanessa Oliveira

Agenda em destaque Atividades 18-19 maio

Fim de semana «Aves do Barroso», Montalegre Curso de iniciação à Identificação

1-2 junho

Auditiva de Aves (Nível II), Alcobaça Excursão ornitológica aos Pirenéus

7-13 junho

Navarros 2013 15-16 junho

Workshop de Iniciação ao Desenho de Campo (Nível I)

19-22 junho

Congresso Mundial da BirdLife International, Canadá

29 junho

Passeio de barco no Tejo «Os segredos de Escaroupim», Salvaterra de Magos

www.spea.pt

Pombo-correio A poesia está no ar... Não é só o Santo António que inspira os poetas, as aves também. A comprová-lo estão as quadras vencedoras do desafio que lançámos no Natal, com a Pardela 45 juntando as palavras SPEA, Pardela e aves.

1.º lugar

Por Cristina Girão Vieira Falam de crise, falam de penas, mas de aves não o são. Esqueça a Troika, o IVA e o IMI e não entre em depressão. A SPEA veio salvá-lo(a), faça-se sócio(a) – eis a solução! Nas tardes tristes leia a Pardela, dê na crise um encontrão!!!

2.º lugar

Por Dinis Muacho Asas são numa aguarela O livre espírito da liberdade Assim é a SPEA e a Pardela Amando as Aves com verdade.

3.º lugar

Por Cristina Girão Vieira Vem aí um ano Novo cheiinho de aves para observar, Mas para tal é preciso dos habitats também cuidar! É por isso que existe a SPEA que todos devemos apoiar! Faça-se sócio(a)! Leia a Pardela! Para as Aves ajudar!

Pombo-correio, o espaço do leitor Relatos de encontros com a Natureza, experiências de vida associativa, sugestões ou as suas perguntas - partilhe-os com a Pardela! Saiba mais em www.spea.pt/pt/publicacoes/pardela.

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A embaixadora de uma agricultura sustentável

A abetarda é uma das mais belas aves de Portugal. São muitos os birdwatchers que visitam o nosso país apenas para ver esta ave, que impressiona pelo porte, pela dança dos machos e pelas plumagens coloridas e vistosas. No ano em que se discute a Política Agrícola Comum, a abetarda junta-se à SPEA no apelo por uma agricultura mais sustentável.

A

abetarda Otis tarda é uma ave de grande porte. O macho, com os seus 16 quilos de peso, é a maior ave voadora da Europa. As abetardas nidificam no solo e os pintos nascem já com capacidade de seguir os progenitores. São gregárias todo o ano e, durante o acasalamento, os machos juntam-se nas planícies alentejanas, exibindo uma plumagem branca, extremamente visível, que usam para atrair as fêmeas. É herbívora, consumindo folhas tenras, rebentos, flores e também sementes. Os pintos alimentam-se, numa fase inicial, de insetos e outros invertebrados, e com o crescimento passam para uma dieta vegetal. Vive em meios agrícolas abertos, normalmente em mosaicos de cereal de sequeiro, leguminosas, resto-

lhos, pastagens e pousios. Em Portugal, ocorre quase exclusivamente na planície alentejana, onde pode ser observada em Castro Verde, Cuba, Campo Maior, Vila Fernando e Mourão.

As ameaças

No espaço da União Europeia, as maiores populações de abetarda encontram-se em Espanha e em Portugal. Aqui, a abetarda é classificada como espécie Em Perigo. As principais ameaças estão relacionadas com a alteração do uso do solo e com a mortalidade por causas não naturais. A intensificação agrícola é particularmente grave, devido à substituição dos cultivos de sequeiro por regadio e culturas permanentes. A mortalidade causada por colisão com cabos de transporte

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Macho de abetarda em exibição nupcial

de eletricidade é localmente muito negativa. É fundamental que os troços mais negros da rede elétrica nacional sejam sinalizados e que a instalação de novas linhas seja bem planeada.

A Política Agrícola Comum

A Política Agrícola Comum (PAC) é determinante para a conservação da abetarda e das outras espécies ameaçadas dos sistemas agrícolas extensivos. Necessitamos de uma PAC que promova o desenvolvimento rural e que tenha instrumentos para os agricultores que queiram fazer uma agricultura com a conservação da natureza e a proteção do ambiente. Há mais de 50 anos que práticas agrícolas nocivas poluem os nossos solo, água e ar, e são subsidiadas e incentivadas pela União Europeia, enquanto a agricultura sustentável é esquecida. Acreditamos que é hora de mudar a PAC, de modo a apoiar as práticas agrícolas que respeitem a natureza, produzam alimentos saudáveis e de

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modo sustentável, para as gerações futuras. Os eurodeputados e o governo português, neste ano, têm o poder de votar uma PAC que não desperdice o dinheiro dos contribuintes e apoie a produção de alimentos através de práticas agrícolas que salvaguardem o solo e a água e da existência de medidas agroambientais eficazes. Acreditamos que isso vai beneficiar os agricultores, a sociedade atual e as gerações futuras. Autor: Domingos Leitão (SPEA)

Atividades previstas

• Envio de mensagens aos decisores políticos. • Presença na Feira Nacional de Agricultura Biológica (Lisboa, 19-21 de abril). • Presença na Feira Nacional da Agricultura (Santarém, 5-13 de junho). • Elaboração de brochura sobre aves e agricultura. • II Seminário Agricultura+. • Atividades para observar abetardas e outras aves da planície.

www.spea.pt/pt/participar/ campanhas/ave-do-ano-2013


A Matemática das Aves Por Rita Moreira, Pedro Alvito e Sílvia Nunes

O ano de 2013 foi declarado como o Ano Internacional da Matemática do Planeta Terra. Como tal, desta vez temos um desafio diferente para ti. Faz os cálculos com atenção para descobrires as respostas certas. São fáceis, não desistas à primeira tentativa!

1) A abetarda, Ave do Ano 2013, é a maior ave que

encontramos no nosso país. Um «lek» com 15 abetardas machos foi visitado por 3 abetardas fêmeas; sabendo que cada fêmea escolhe um macho, quantos machos ficaram sem fêmeas? a) 10 b) 12 c) 14

2)

A coruja-das-torres é uma ave noturna, de cor branca, muito comum no nosso país. Se uma coruja comer 5 ratos por noite, quantos comeu ao fim de uma semana? a) 20 b) 25 c) 35

3) O chapim-de-crista é uma ave pequenina que faz o ninho

6) Quantas patas tem um casal de patos-reais? a) 2

4) O falcão-peregrino é a ave mais rápida do mundo podendo atingir mais de 200 km/h. Ele usa essa velocidade para caçar outras aves, como os pombos. No entanto, a população desta espécie diminui devido ao uso de pesticidas e perseguição na década de 1950. Quantas décadas inteiras já passaram depois disso? a) 5 b) 7 c) 9

5) As andorinhas-dos beirais são aves estivais, ou seja,

vêm cá passar a primavera e o verão para se reproduzirem, voltando depois para África. Tal como indica o seu nome, constroem os seus ninhos nos beirais. Se num dia forem construídos 5 ninhos, no segundo dia 4 e no terceiro dia 6, quantos ninhos terás no teu beiral no quarto dia? a) 9 b) 15 c) 20

b) 4

c) 5

7) A andorinha-do-mar-ártica é a ave que faz a migração

mais longa, percorrendo 10 000 km duas vezes por ano. No total, quantos quilómetros percorre? a) 20 000 km b) 30 000 km c) 40 000 km

8)

A SPEA foi fundada em 1993. Quantos anos terá no final de 2013? a) 10 anos b) 19 anos c) 20 anos

SOLUÇÕES 1 – b; 2 – c; 3 – b; 4 – a; 5 – b; 6 – c; 7-a; 8 – c

em cavidades de árvores ou em caixas-ninho, e pode por até 8 ovos. Se só de metade dos ovos nascerem crias, e dessas apenas metade sobreviver até sair do ninho, quantos juvenis terão os pais de alimentar? a) 0 b) 2 c) 4

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À descoberta do ninho perdido

As aves fazem ninhos de formas e tamanhos diferentes, em locais muito variados. Descobre o nome dos nossos amiguinhos e ajuda-os a encontrar o ninho onde irão nascer os seus filhotes.

Por Pedro Alvito e Vanessa Oliveira

1___________________ a

2___________________ b

3___________________ c

SOLUÇÕES 1 – rouxinol – ninho c; 2 – poupa – ninho b; 3 – abetarda, ninho a.

Este espaço é teu! A abetarda, ave do ano 2013, serviu de inspiração ao José David, de 9 anos, e ao seu irmão Afonso David, de 6 anos. E a ti, o que te inspira? Dá asas à tua criatividade e envia-nos os teus desenhos, histórias ou outras sugestões, por e-mail para vanessa.oliveira@spea.pt

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O apoio da sua empresa é fundamental para a revista Pardela continuar a existir. Contacte-nos para 213 220 434/0.

Sócios da VBN, parceiro da BirdLife nos Países Baixos, em trabalho de campo em 1920

BirdLife, uma longa história de uma parceria jovem Em conjunto com mais de uma centena de parceiros, a SPEA celebra um aniversário especial: os 20 anos da BirdLife International e os 90 anos da organização para a conservação e estudo das aves mais antiga do mundo, que esteve na sua origem. Um aniversário partilhado com mais de 2,7 milhões de sócios em todo o mundo.

O

Homem está finalmente a tornar-se mais consciente do valor fundamental dos serviços que a Natureza lhe proporciona, a ele e a toda a vida na Terra. No entanto, simultaneamente destroi o que o rodeia a um ritmo alarmante. Ecossistemas fundamentais, como florestas e oceanos, essenciais para a estabilidade do nosso clima e fonte primária de alimento e materiais de que milhões de pessoas dependem, estão a ser sobreexplorados e irremediavelmente degradados. Um dos indicadores que demonstra bem como estamos a gerir mal os recursos do planeta aponta para uma em cada oito espécies de aves estar ameaçada de extinção. A SPEA tem vindo a trabalhar para conservar as aves e a Natureza em Portugal. Contudo, para tal é preciso operar

numa escala internacional e, por isso, juntámo-nos a outras 116 organizações nacionais de conservação da natureza, que fazem parte da parceria BirdLife.

A organização internacional de conservação mais antiga do mundo A BirdLife International foi fundada com o nome de International Council for Bird Preservation (ICBP) em 1922. Passados três anos, o ICBP já tinha membros dos cinco continentes. O forte compromisso de colaboração internacional entre os países e culturas de todo o mundo tornou-se um dos

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Esq.: O uso de plumas e até de aves em acessórios de moda, associado a matanças de garças e outras espécies (neste chapéu, uma chilreta Sterna albifrons), foi um dos motores para o surgimento de diversos parceiros da BirdLife. Nota: este chapéu é da década de 1900. Dir.: Bando de milhares de flamingos-pequenos Phoenicopterus minor no lago Bogoria, Quénia. Considerado um dos maiores espetáculos ornitológicos do mundo.

O logotipo da BirdLife International passou a ser uma gaivina-do-ártico Sterna paradisea estilizada, conhecida por ser uma das aves migratórias que percorre a maior distância no mundo, unindo continentes durante as suas jornadas e simbolizando a necessidade de colaboração internacional.

fatores determinantes do sucesso do ICBP. Esse princípio fundador permanece ainda hoje no cerne da BirdLife. Atualmente, a maioria dos parceiros BirdLife são nações em vias de desenvolvimento (60 de um total de 117) e o modelo de desenvolvimento da BirdLife incentiva as relações bilaterais entre parceiros de todos os continentes. A SPEA tem contado com o apoio da Royal Society for the Protection of Birds (RSPB, parceiro BirdLife no Reino Unido), entre outros, e dá apoio a países como São Tomé e Príncipe e Cabo Verde.

A primeira lista vermelha de aves ameaçadas Em 1952, o ICBP começou a compilar dados sobre aves ameaçadas do mundo e, em 1966, em cooperação com a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) produziram a primeira Lista Vermelha das aves ameaçadas, uma publicação que veio revolucionar a agenda de con-

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servação nas décadas seguintes, ao definir prioridades de conservação e de sensibilização.

A parceria evolui para BirdLife Entretanto, as necessidades e desafios cresceram e o ICBP sentiu necessidade de aumentar a coesão da parceria internacional. Nasceu, assim, a BirdLife International, há 20 anos. Em 1994, realizou-se a I Conferência Mundial da BirdLife, na Alemanha, e nessa altura já 53 novos parceiros tinham aderido à parceria. A SPEA, fundada em 1993, juntou-se em 1999. Este grande passo foi dado por se considerar que a associação passaria a ter mais voz na sociedade e porque iria participar de uma rede de apoio que lhe permitia estar na vanguarda do que de melhor se fazia na área da conservação da natureza. Hoje, a SPEA, juntamente com os seus 116 parceiros em todo o mundo, formam uma força eficaz para a conservação no cenário mundial. A parceria BirdLife é representada em


todos os continentes e reúne mais de 7500 colaboradores permanentes. Os sócios da SPEA são parte de um movimento global, o maior do mundo para a Natureza, com mais de 2,7 milhões de pessoas e de 10 milhões de simpatizantes. Como sócio e apoiante da SPEA, também é parte integrante desta parceria!

Conquistas comuns

O delta do Danúbio, na Roménia, é uma das principais zonas húmidas europeias classificada como Zona de Proteção Especial. A Sociedade Ornitológica da Roménia, com o apoio da RSPB, tem envolvido múltiplos atores num projeto que visa a compatibilização do desenvolvimento com a sua conservação.

Todos os parceiros têm a decorrer projetos de conservação com espécies ameaçadas, apoiados pelo Programa da BirdLife «Preventing Extinctions» (evitar extinções). Atualmente, das 189 espécies de aves criticamente ameaçadas globalmente, 70 estão a beneficiar destes projetos. A identificação de Áreas Importantes para as Aves (IBA) é mais uma conquista. Em Portugal, a SPEA identificou 93 IBA terrestres e foi pioneira na identificação de mais 17 no meio marinho. Em todo o mundo, a BirdLife identificou 12 000 IBA. Estas áreas são reconhecidas internacionalmente como a mais completa rede de locais fundamentais para proteger a biodiversidade, utilizando as aves como indicadores.

Juntos somos a BirdLife

Guardas florestais de Harapan

A SPEA, como qualquer parceiro, mantém a sua identidade nacional e representa a voz de cidadãos preocupados do seu próprio país. Mas, está também unida aos seus parceiros pela visão, estratégia e programas da BirdLife, e aos elevados padrões de rigor científico e de desempenho que ajudaram a desenvolver a parceria. Novos desafios continuam a surgir, como as alterações climáticas, a desflorestação, a sobrepesca, as mudanças de uso da terra. As aves são cada vez mais utilizadas como indicadores de sustentabilidade ecológica e excelentes veículos para conservar toda a Natureza e um ambiente saudável para toda a vida na Terra e para o bem-estar humano. Com a sua abordagem comum, desde a local à global, das aves à biodiversidade, da ciência com as pessoas, a parceria BirdLife está numa posição privilegiada para dar um contributo crucial para os próximos desafios e oportunidades na construção de um futuro em harmonia com a natureza. É com muito orgulho que fazemos parte desta parceria e que pretendemos continuar a apostar naquilo que nos torna uma organização única, forte e eficaz. Autores: Joana Domingues & Luís Costa (SPEA) www.birdlife.org http://birdlifecongress.org/

Príncipe Carlos em Harapan

A Floresta de Harapan na Sumatra, Indonésia, é a primeira floresta tropical de baixa altitude concessionada a parceiros BirdLife (Burung Indonesia e RSPB).

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Em reportagem no Congresso Mundial de Conservação Durante o passado mês de setembro, a pequena e anónima ilha de Jeju na Coreia do Sul foi a capital mundial da conservação da biodiversidade. A razão? O Congresso Mundial para a Conservação. Diogo Veríssimo, sócio da SPEA e vencedor de um prémio internacional que o levou àquele país, conta-nos como foi a sua experiência.

A

quinta edição do Congresso Mundial de Conservação, que se realiza de quatro em quatro anos, teve lugar na ilha de Jeju, recentemente declarada uma das maravilhas naturais do nosso planeta, entre 6 e 15 de setembro de 2012. Sob o lema «Natureza+», o encontro focou-se na importância que a Natureza tem para a

sobrevivência de cada um de nós como indivíduos, mas também no papel fulcral que desempenha para a sustentabilidade global de empresas e países. Com mais de 8000 delegados oriundos de cerca de 170 países, a última edição do Congresso Mundial para a Conservação foi um acontecimento a par de qualquer outro organizado pelas

Nações Unidas, sendo, provavelmente, o maior evento mundial relacionado com a conservação da biodiversidade. Mas é na diversidade e não só na quantidade dos delegados que reside o potencial desta reunião global. Este evento conseguiu a proeza de reunir, debaixo do mesmo teto, não só centenas de cientistas mas também repre-

Centro de conferências em Jeju

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sentantes de mais de 500 organizações não governamentais (ONG), 100 governos mundiais (onde infelizmente não se incluía o governo português) e ainda do setor privado e industrial, incluindo altos quadros de empresas como a Shell ou a Syngenta. É esta diversidade que proporciona trocas de ideias mais esclarecedoras e adequadas ao mundo real, onde apenas com diálogo entre estes diferentes setores é possível alcançar soluções para melhor gerir os recursos naturais do nosso planeta.

Moções em debate

Como tem sido norma em edições anteriores, o congresso dividiu-se em duas partes. A primeira, o Fórum, na qual durante cinco dias milhares de conservacionistas debateram temas como a importância da biodiversidade na segurança alimentar, o papel do setor privado na conservação ou regulação do comércio de espécies ameaçadas. A segunda parte consistiu na Assembleia dos Membros da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), instituição que organizou este congresso e que conta com mais de 1100 membros entre governos e ONG. Esta assembleia é um órgão consultivo ao qual os membros podem propor moções com o intuito, por exem-

plo, de sublinhar a importância de uma ameaça ambiental ou de condenar determinadas práticas como, por exemplo, a caça furtiva ao rinoceronte motivada pelas supostas propriedades medicinais do seu chifre. Desta vez, na assembleia foram apresentadas mais de 180 moções a votação, com tópicos tão diversos como a regulação da pesca ao tubarão ou o apoio à conservação das zonas húmidas. No entanto, a reunião acabou por ser dominada pela controvérsia em torno de uma moção que pretendia condenar a construção de uma base naval na ilha de Jeju. As organizações internacionais e coreanas que a apresentaram, argumentavam que os impactos sociais e ambientais da base não tinham sido devidamente analisados e que a construção deveria ser parada para que fosse feita uma consulta mais alargada às populações. O governo coreano contrapôs, no entanto, que o assunto já tinha sido aprovado, quer pelo parlamento, quer pelo supremo tribunal do país, onde ficou provado que o processo tinha sido conduzido adequadamente. Depois de uma discussão alargada que trouxe até Jeju vários dignitários do governo coreano, incluindo o ministro do ambiente, a moção apoiada pela maioria das ONG não contou com o voto da maioria dos representantes

governamentais e acabou por ser rejeitada, dado que qualquer moção precisa de maioria em ambas as câmaras da assembleia para ser aprovada. Esta discussão espelha, no entanto, o grande potencial desta reunião global, pois existem atualmente muito poucos espaços onde uma discussão envolvendo cientistas, governos, ONG e indústria pudesse ter lugar. Foi também por esta razão que, ter participado neste evento foi uma experiência formativa como nunca tinha tido na minha carreira e algo que aconselho a todos os profissionais e interessados na área da conservação. O próximo Congresso Mundial para a Conservação está agendado para 2016, mas não é preciso esperar tanto para participar num encontro desta magnitude, nomeadamente no que respeita às aves. Entre 19 e 22 de junho deste ano decorre em Ottawa, no Canadá, o Congresso Mundial da BirdLife International. Autor: Diogo Veríssimo Doutorando no Durrell Institute of Conservation and Ecology, University of Kent, Reino Unido

www.iucnworldconservation congress.org Centro de conferências em Jeju

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FAME, o capítulo final O que começou por ser uma ambiciosa candidatura com uma parceria diversa e exigente tornou-se num projeto de sucesso. Muito ainda há a fazer para alcançarmos a tão esperada proteção e gestão eficiente do meio marinho, mas sem dúvida que o FAME contribuiu para mais um importante passo no rumo certo.

E

m janeiro de 2013, chegou ao fim o projeto FAME - Future of the Atlantic Marine Environment, financiado pelo Programa Espaço Atlântico, um projeto estratégico de cooperação internacional, para a proteção do meio marinho atlântico. Parceiros de cinco países europeus (Reino Unido, Irlanda, França, Espanha e Portugal) estiveram envolvidos em várias temáticas da conservação marinha, desde a monitorização e seguimento de aves marinhas, à análise de dados e produção de mapas e envolvimento com os setores das pescas e das energias renováveis marinhas. Em Portugal, a SPEA, a Universidade do Minho/Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem (SPVS), e o Wave Energy Centre (WavEC) trabalharam em conjunto, desde 2010, para atingir os objetivos propostos.

Farilhões, arquipélago das Berlengas

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Monitorização de aves marinhas Muito do trabalho centrou-se na monitorização através de censos. Percorremos milhares de milhas marítimas para deteção de aves em meio pelágico, intensificámos o esforço de censos costeiros, sobrevoámos toda a faixa marítima mais costeira do país e implementámos uma rede de deteção de aves marinhas que contabilizou dezenas de aves arrojadas nas praias. Realizámos o primeiro censo completo de cagarra Calonectris diomedea no arquipélago das Berlengas (980-1070 casais), e monitorizámos a colónia de roque-de-castro Oceanodroma castro no Farilhão Grande. Ambas as espécies foram também alvo de seguimento individual (tracking) com dispositivos de

marcação eletrónica (loggers). Alguns dos resultados foram muito interessantes, como por exemplo cagarras que viajaram da Berlenga até aos Açores ou Norte de África, e um roque-de-castro marcado no Farilhão Grande (o primeiro indivíduo da espécie a ser marcado ao nível mundial) a ir alimentar-se ao largo do Sahara Ocidental. Os dados recolhidos permitiram aumentar o conhecimento sobre a distribuição e abundância deste ameaçado grupo das aves marinhas.

Gestão do ambiente marinho

Estima-se que cerca de 300 000 aves marinhas morram por ano como resultado de capturas acidentais (bycatch), só em linhas de palangre. O


FAME em números

N.º de loggers colocados (seguimento individual) N.º de espécies alvo de tracking

Portugal

Outros parceiros

TOTAL

201

1 009

1 210

3

7

10

537

6092

6 629

20 000

5 665

25 665

5 630

0

5 630

N.º de km percorridos para deteção de arrojamentos

617

1 860

2 477

N.º de inquéritos a mestres de pesca

355

584

939

N.º de embarques para monitorização de bycatch

557

0

557

N.º de horas de observação em censos costeiros N.º de km percorridos em censos marinhos N.º de km percorridos em censos aéreos

projeto FAME fez o primeiro ponto de situação deste problema em contexto nacional, através de inquéritos a mestres de pesca nos principais portos do país e de embarques para monitorização direta de interações e capturas. Existem zonas e artes de pesca específicas onde a captura de aves marinhas é um problema preocupante que merece atenção. Um desses exemplos é a Área Importante para as Aves (IBA) marinha da Figueira da Foz, zona de elevada concentração de pardelasbaleares Puffinus mauretanicus, onde o cerco é uma das artes predominantes, e para a qual esta espécie criticamente ameaçada revelou uma elevada taxa de interação. Ao nível das energias renováveis offshore, elaborámos documentos estratégicos para a implementação deste tipo de estruturas, tendo em conta o risco para as aves marinhas e a sensibilidade das mesmas a este tipo de impactos potenciais. Produzimos vários documentos no que diz respeito a orientações para a gestão de Áreas Marinhas Protegidas (AMP), e para a elaboração de planos de gestão. Fizemos ainda documentos de caracterização e recomendações de gestão para as IBA marinhas da Figueira da Foz, Cabo Raso e Ria Formosa. Construímos também um WebSIG, Parceiros

uma plataforma de informação geográfica online que condensa muita da informação recolhida (http://webgis. spea.pt/FAME), disponibilizando todos estes resultados no website do projeto.

Parceria internacional

A Royal Society for the Protection of Birds (Reino Unido) e a Birdwatch Ireland (BWI, Irlanda) realizaram sobretudo seguimento individual de aves, com dispositivos de marcação colocados em galhetas Phalacrocorax aristotelis, pombaletes Fulmarus glacialis, gaivotas-tridáctilas Rissa tridactyla, tordas-mergulheiras Alca torda e airos Uria aalge. A Ligue pour la Protección des Oiseaux (LPO, França) introduziu o radar ornitológico como meio de monitorizar os movimentos de aves marinhas ao longo da costa, marcou alcatrazes Morus bassanus nas colónias do norte do país e investiu nos censos costeiros como meio de recolha de dados, assim como a BWI. A Sociedad Española de Ornitología (SEO/BirdLife, Espanha), em parceria com a LPO, dedicou-se ao seguimento da pardela-balear, uma das espécies de aves marinhas mais ameaçadas da Europa, mas também ao estudo de capturas acessórias, através de embarques, inquéritos a pescadores e monitorização de aves arrojadas.

Parceiros associados

O projeto FAME chega assim ao fim, com muito dados recolhidos, um maior conhecimento do meio marinho e dos nossos impactos no mesmo, com esperança no futuro de uma gestão eficaz destes recursos. Porque o ambiente marinho não conhece fronteiras! Autores: Nuno Barros & Joana Andrade (SPEA) www.fameproject.eu/pt

Financiamento

Investindo no nosso futuro comum

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Em busca de pica-paus: uma crónica do filme Arrábida - da Serra ao Mar

Ricardo Guerreiro e Luís Quinta, os autores do filme

Quando chegámos às terras do Risco, por volta do meio-dia, o nosso objetivo era estudar casais de pica-paus e encontrar ninhos para acompanhar a época de reprodução. Ao preparar este filme, sabíamos que o património avifaunístico seria um dos temas por excelência devido à enorme riqueza da Arrábida nesta área, que não deixou de nos surpreender...

P

ara dois fotógrafos de natureza – pela primeira vez a braços com a realização de um filme de história natural – o terreno que pisávamos era, de alguma forma, novo e inusitado. Havia, no entanto, um aspeto que já nos era relativamente familiar: a narrativa visual deveria ser cativante a ponto de emocionar as pessoas; devia ser capaz de as ligar aos sujeitos, de as levar a admirar as suas histórias de vida e, no limite, a apaixonarem-se por eles. Um filme deste tipo deve, na nossa ótica, ser uma ponte entre a comunidade científica, que estuda e implementa programas de conservação, e a população que fica muitas vezes deslocada e sem saber o seu papel em todo o processo de proteção da natureza. Dar a conhecer estas histórias da vida selvagem e

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tocar as pessoas era, para nós, a forma mais eficaz e natural de as envolver. Com tantos pica-paus que se veem (e ouvem!) na Arrábida, com inúmeros buracos em troncos por eles escavados, encontrar um casal a criar seria apenas uma questão de tempo e dedicação. Era o que pensávamos. Em breve, teríamos o nosso casal eleito e começaríamos a trabalhar para captar as imagens idealizadas. Duas horas depois da chegada, escondidos dentro do carro, observávamos o movimento de várias aves. Os bicosgrossudos Coccothraustes coccothraustes faziam-se ouvir e mostravam-se regularmente aos binóculos. Os chapins chamavam com insistência e, mais ao fundo, as águias-d'asa-


O apoio da sua empresa é fundamental para a revista Pardela continuar a existir. Contacte-nos para 213 220 434/0. Eduardo Rêgo, conhecido por dar voz aos programas de vida selvagem, foi produtor e narrador do filme

Golfinho-comum, chapim-azul e raposa

-redonda Buteo buteo planavam descrevendo círculos bem acima da linha do horizonte. De repente, um casal de torcicolos Jynx torquilla visita um dos buracos que estávamos a vigiar. Não queríamos acreditar que poderíamos vir a filmar um casal de aves tão belas, a nidificar naquele bonito bosque! Após várias entradas e saídas da cavidade, de pequenas voltas prospetoras em redor da entrada, o casal acabou por abandonar o local. Algo não lhes agradou. Frustradas as expectativas, voltámos à estaca zero. Intrigados por ainda não termos encontrado os «nossos» pica-paus (não era a primeira nem a segunda vez que íamos com esta «missão»), iniciámos uma pequena incursão por um bosque de carvalhos, onde,

semanas antes, filmáramos as rosas-albardeiras. Observámos várias cavidades onde um casal destas aves podia fazer ninho, mas estavam todas vazias e sem sinais de utilização recente. Entretanto, um piar familiar vindo do alto chamou-nos a atenção! Da copa de um pinheiro-manso vimos sair uma águia-d'asa-redonda… e fomos investigar. O ninho estava a cerca de 12 metros, e num ramo ao qual não conseguíamos subir. Teríamos, por isso, de recorrer a ajuda especializada. A nossa convicção era de que o ninho tinha crias e a ave que havia saído dali, assustada com a nossa presença, só podia ser um dos progenitores. Foi então que resolvemos afastar-nos e observar. Pouco depois, a águia adulta regressou ao ninho. Forta-

leceram-se as nossas suspeitas de que estaria a criar. O sol começava a baixar e voltaríamos no dia seguinte, equipados e acompanhados pelo José Saleiro, da Vertente Natural, empresa especializada em escalada, rappel e outras atividades de ar livre, e que nos apoiou nesta área. Pela manhã, com a corda de subida bem fixa, trepei e deixei a câmara montada e escondida. O enquadramento havia sido afinado pelo Luís Quinta, que me orientava lá de baixo, atento à imagem que via num pequeno monitor ligado à câmara. Ficaríamos depois à distância, a controlar os movimentos do progenitor e a comandar o dispositivo. Depois de algumas horas de filmagens, a sessão terminou.

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Floresta da Arrábida

Pica-paus… ou chapins?

Já dentro do carro e prontos a ir embora, reparámos na frequência com que um chapim-azul Parus caeruleus se dirigia ao mesmo local num grande carvalho-cerquinho. Decidimos aguardar um pouco e observar. Trazia alimento! Era a confirmação de que se tratava de um ninho com crias. E era também a ocasião adequada para subir ao carvalho e estudar a melhor forma de montar câmaras remotas. Seria mais uma das histórias de aves a criar, para incluir no filme, caso fôssemos bem sucedidos. Já tínhamos descoberto dois ninhos de chapins-azuis, mas este era o «nosso» ninho – o mais interessante, numa perspetiva cinematográfica. O enquadramento era perfeito. De um certo ângulo, tínhamos a entrada do ninho, numa visão ampla sobre o sopé da serra do Risco. É sempre estimulante conseguir momentos fortes da intimidade dos animais enquadrados no seu ambiente. Parecia-nos ser uma grande oportunidade de trabalhar estas pequenas aves. Regressámos no dia seguinte. Satisfeitos com os planos de águias-d'asa-redonda da sessão anterior, concentrámo-nos totalmente nos chapins. O carvalho estava húmido, e a subida para a montagem das câmaras exigiu atenção redobrada. Este equipamento, que nos permite realizar os enquadramentos idealizados, é de pequenas dimensões, e não tem controlo remoto. Foi um dia de subidas e descidas, reajustes de enquadramentos e ângulos, pois as câmaras ficavam a gravar, em contínuo, durante uma a duas horas. Mas valeu a pena, porque conseguimos uma das sequências de aves que mais nos encantou. Na realização de filmes de história natural, o conhecimento

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técnico é apenas uma parte da garantia de sucesso. Não obstante um bom planeamento, o resultado depende, em muito, da meteorologia, de se encontrar ou não os animais e de outros fatores que não controlamos. Saímos para procurar pica-paus e acabámos por não encontrar nenhum casal. Não incluímos esta ave na versão final do filme, mas o esforço e trabalho de campo que lhe dedicámos, trouxe outras compensações.

Património Mundial da UNESCO

Ficou muita coisa por contar desta região de incomensurável riqueza geológica e biodiversidade. A Arrábida encerra muitos mais «segredos» que fazem dela protagonista de uma candidatura a Património Mundial da UNESCO assinada pela Associação de Municípios da Região de Setúbal. Esta foi ainda uma oportunidade soberana de conhecermos e trabalharmos com o Eduardo Rêgo – a voz do nosso imaginário dos programas de vida selvagem – que acabou por acumular aqui as funções de produtor, enquanto responsável da TRADUVÁRIUS. Esperamos todos que o filme, já exibido na SIC e em diversos locais e encontros, possa ser um convite à descoberta dos encantos da Arrábida e desperte na população um interesse cada vez maior pela fauna, flora e geologia que tornam único este rincão que vai da serra ao mar! Autor: Ricardo Guerreiro www.facebook.com/arrabidaserramar


Sinai e as aves do deserto A sua tese de mestrado levou-o até ao Sinai, no Egito e, num relato não exaustivo, que quase nos transporta até às paisagens áridas desta península desértica de montanhas e uádis, João Pedro Pio vai apresentando algumas das suas aves.

Mar Mediterrâneo ISRAEL Monte Sinai

Cairo

JORDÂNIA

ARÁBIA SAUDITA LÍBIA

EGITO

Mar Vermelho SUDÃO

O

dia começa tarde nas montanhas do Sinai. Enquanto os cumes distantes são lentamente pintados com os dourados mais quentes, aqui em baixo, envoltos pela escuridão, todos esperamos sozinhos e em silêncio. O ar custa a respirar, tão seco e gelado que chega a doer, e não se vê um único ser vivo. Não há plantas, a paisagem é quase lunar e apenas se veem diferentes tons das mesmas duas cores. Granito bege dá lugar a céu azul, céu azul dá lugar a granito bege. Todo o uádi (leito de rio seco) per-

manece em silêncio enquanto aguarda ansiosamente pela chegada do sol. E no fim de uma noite passada no deserto, o sol é tudo aquilo em que conseguimos pensar. Não sei se é por causa da pouca humidade do ar, se por outro motivo qualquer, mas devo dizer que não há frio como o frio do deserto. Ele faz-nos desejar o sol, rezar por ele. Todos os minutos são vividos intensamente, é quase uma questão de sobrevivência… mas quando ele vem finalmente, e nos acaricia a cara com o seu calor, fechamos os olhos e sorrimos humildemente.

Wadi Raha

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Chasco-de-barrete-branco Oenanthe leucopyga (adulto e juvenis no ninho)

Toda a espera valeu a pena, todas as dúvidas são levantadas, e não há melhor sensação no Mundo.

O chasco-de-barrete-branco

Atento, vejo um movimento pelo canto do olho, e levo instintivamente os binóculos à cara. Um chasco-de-barrete-branco Oenanthe leucopyga empoleirado na casa de um beduíno. Ou deverei antes dizer, o chasco-de-barrete-branco empoleirado na casa de um beduíno. Afinal de contas, a espécie é territorial e fiel ao seu território, por isso a probabilidade de aquele indivíduo ser exatamente o mesmo que tenho acompanhado nos últimos dias é extremamente elevada. Puxo da mochila, monto o telescópio. Com os binóculos, ele não passava de uma bolinha

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preta e branca perdida no meio das rochas, mas com o telescópio transformou-se numa cara conhecida, tão gelado como eu, impaciente pela chegada do sol. Estamos em janeiro, a chegada da primavera está aí à porta e ela vem com promessas de calor e (esperemos) alguma chuva. Será a combinação desses dois fatores que atiçará a germinação das sementes adormecidas entre os grãos de areia. E serão essas plantas que alimentarão todos os insetos. E serão esses insetos que servirão de alimento às crias que hão de nascer. Mas ainda falta… o sol ainda nem chegou ao fundo do uádi e nenhum dos casais que ando a acompanhar, no âmbito da minha tese de mestrado, começou a construir o ninho. Lá longe, no bebedouro à beira da estrada, dois homens falam alegremente enquanto os seus camelos aspiram toda a água que podem. Será uma longa subida desde o Mosteiro de Santa Catarina até ao cume do monte Sinai, e para os que


não estão fisicamente preparados para enfrentar os degraus intermináveis, as costas dum camelo são a única forma de chegar ao topo. Se tiverem sorte, os beduínos farão o mesmo caminho várias vezes por dia, já que é daí que provém o dinheiro de que dependem para viver. Sem tempo a perder, os camelos partem num trote deselegante e deixam para trás o bebedouro. A preciosa água cintila debaixo dos primeiros raios de sol, num convite irresistível para todos os que dela dependem. É só uma questão de tempo até aparecerem as aves mais comuns das redondezas. Rolas-dos-palmares Streptopelia senegalensis baixam a cabeça entre calhandras-do-deserto Ammomanes deserti que dão lugar a um ou outro peito-rosado-do-sinai Carpodacus synoicus. E sem eu reparar o tempo passou, as estações mudaram, e o casal de chascos já começou a construir o seu ninho em segredo. Usam ervas secas e, por vezes, tiras de plástico, mas o que realmente distingue o ninho desta espécie é a calçada de pedras achatadas que pavimenta a entrada da cavidade. Há quem acredite tratar-se de um forma de consolidar as fundações onde o ninho será construído; ou talvez seja um mecanismo para reduzir alterações bruscas de temperatura; ou ainda um sistema de alarme para alertar a fêmea da aproximação de predadores. A razão para este comportamento permanece um mistério, mas o certo é que se trata de um esforço impressionante para uma ave tão pequena, especialmente se tivermos em consideração que ocorre num ambiente desértico com recursos limitados.

Em busca de ninhos

Num dia escaldante como os outros, parto em busca de ninhos. Enquanto caminho ao longo da estrada principal vou trocando sorrisos e as-salam alaykum’s («que a paz esteja convosco», conhecido cumprimento árabe) com quem me cruzo. Hoje é sexta-feira, por isso a cidade inteira está na mesquita e das colunas do minarete voam leituras do Corão. Talvez por não perceber o que dizem, acho o som exótico, melodioso, relaxante. A semana passada foi mais húmida que o normal e chegou mesmo a chover por isso os resultados já se começam a ver. Pequenos rebentos cobrem já o fundo arenoso dos uádis e será apenas uma questão de tempo até as lagartas estarem em cima deles. Passo ao lado dos jardins dos beduínos, as amendoeiras estão lindíssimas, todas em flor, e quando já estou longe da cidade sou chamado por uma voz diferente. Aponto os binóculos para cima e o que eles me mostram é simplesmente inacreditável. Centenas de cegonhas-brancas Ciconia ciconia dançam num turbilhão fantástico em direção às nuvens. Vejo-as a bater com o bico ruidosamente, de asas bem abertas para aproveitar as colunas de ar quente; é assim que viajam todas juntas na sua migração de regresso à Europa. Se numa visita a um ninho contar um ovo, uns dias depois talvez conte cinco. E se tudo correr bem, não terá passado mais do que quinze dias até as crias eclodirem. No início mal se mexem, são apenas umas cabecinhas confusas e de olhos tapados que abrem a «bocarra» amarela ao mínimo som, mas uma semana depois a diferença é dramática.

Estão mais desconfiadas, escondem-se no ninho ou até mesmo dentro da cavidade, aproveitando a cor negra da plumagem para desaparecerem entre as sombras, e passada outra semana já as terei de procurar cá fora com os binóculos, porque não vão parar quietas. Ainda assim, será preciso mais um ano até que as crias exibam a coroa branca que dá o nome à espécie e eu já não estarei cá para as ver. Outros virão, e a Vida continua. Autor: João Pedro Pio

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Uma introdução ao mundo das aves exóticas em Portugal No nosso país, o número de espécies de aves exóticas observadas na natureza já chega a várias dezenas. É o caso do bem sucedido bico-de-lacre ou do sonoro periquito-de-colar. Fugidas de uma gaiola ou libertadas deliberadamente, estas aves podem tornar-se invasoras e ser uma ameaça para as espécies nativas e ecossistemas.

A

s aves, pelo seu colorido, beleza e canto agradável, têm sido muitas vezes capturadas e transportadas para outros locais, para manutenção em cativeiro. Depois, há quem se canse ou tenha pena delas e as liberte, ou quem simplesmente um dia deixe a gaiola aberta por esquecimento, possibilitando a sua fuga. É assim que as aves exóticas aparecem na Natureza. Algumas não sobrevivem; outras adaptam-se tão bem que acabam por estabelecer uma população residente, tal e qual como no seu habitat original. Destas, uma parte consegue expandir-se para além do local de estabelecimento inicial, e pode ter efeitos negativos no ecossistema: são as aves invasoras. Atualmente, faz falta saber se alguma das aves exóticas observadas em Portugal pode ser considerada invasora.

Aves exóticas em Portugal

No nosso país, o número de aves exóticas que já foram observadas em liberdade chega já às dezenas de espécies. Mas nem todas conseguiram estabelecer populações selvagens. Segundo a Lista Sistemática das Aves de Portugal Continental, publicada no Anuário Ornitológico 5, em 2007, são

apenas oito as espécies de aves que, não sendo nativas, se reproduzem regularmente em estado selvagem, tendo constituído populações estáveis. Estas são originárias dos mais variados locais. Por exemplo, o pato-de-rabo-alçado-americano Oxyura jamaicensis é um anatídeo originário da América do Norte. O periquito-de-colar Psittacula krameri pertence à ordem dos papagaios e araras, e distribui-se pela África e Ásia. As restantes seis aves são passeriformes, três delas originárias de África e três da Ásia. Naturalmente, estas aves procuram locais onde exista grande disponibilidade de alimento e bons locais de repouso. Assim, podem ser observadas principalmente em jardins e parques das grandes cidades e em zonas húmidas, como estuários e rias. Por exemplo, o periquito-de-colar pode ser visto a sobrevoar as copas das árvores de Lisboa ou o Parque da Cidade, no Porto. Já os bicos-de-lacre Estrilda astrild, tecelões-de-cabeça-preta Ploceus melanocephalus e bispos-de-coroa-amarela Euplectes afer ocorrem em grandes números nos estuários do Tejo e Sado, na ria de Aveiro ou nas zonas húmidas do Algarve.

Bico-de-lacre Estrilda astrild

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Periquito-de-colar Psittacula krameri, em ninho no Campo Pequeno, Lisboa

Segundo Pedro Ramalho, dedicado observador de aves, é possível que a viuvinha Vidua macroura e o bico-de-chumbo-malhado Lonchura punctulata venham no futuro a ser considerados também aves exóticas estabelecidas, já que as duas espécies têm pequenas populações residentes em Portugal e já foram observados indícios de reprodução em liberdade por diversas vezes.

Um caso de sucesso: o bico-de-lacre

Em Portugal, a exótica mais bem sucedida é o bico-de-lacre. É originário da África subsaariana e foi introduzido em Portugal Continental na década de 1960, na zona da lagoa de Óbidos. É possível que os indivíduos introduzidos tenham vindo de vários locais, por exemplo de vários países africanos ou mesmo do Brasil ou de Cabo Verde, onde a ave também já foi introduzida. O certo é que este pequeno estrildídeo de 11 a 13 centímetros de comprimento conseguiu sobreviver e expandir-se com sucesso, ocupando atualmente quase todas as zonas com habitat adequado no território continental. Após a sua introdução, utilizava principalmente zonas húmidas e áreas adjacentes, mas hoje em dia encontra-se também em terrenos agrícolas irrigados. É muito mais comum no litoral do país, onde estes habitats são mais comuns, que no interior. Recentemente foi também introduzido na Madeira e Açores.

O bico-de-lacre alimenta-se de sementes de pequenas gramíneas, que consegue “descascar” com o seu pequeno bico. Em África, a sua reprodução está ligada à época das chuvas, e em Portugal pode nidificar entre fevereiro e novembro. É uma ave muito social, que nidifica em pequenos grupos e se junta em grandes bandos no outono, para procurar alimento. O sucesso do bico-de-lacre é tão grande que até já podemos encontrar em Portugal uma ave que parasita os seus ninhos, vinda também de África, a viuvinha. Esta ave espetacular, cujo macho tem uma cauda muito longa e vistosa, pode ser observada principalmente na zona de Aveiro, onde parece ter constituído uma pequena população residente.

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O bico-de-lacre é também a exótica mais estudada em Portugal. O investigador Luís Reino caracterizou a invasão da espécie desde 1964 e calculou o seu risco de expansão com o aumento de temperatura. Atualmente, o investigador Gonçalo Cardoso, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, estuda a expansão da espécie em Portugal Continental e a forma como os aspetos da seleção sexual podem contribuir para a evolução das populações no nosso país. Outra ave que também se instalou com bastante sucesso é o periquito-de-colar. Esta ave verde, bastante abundante na sua área de origem, foi introduzida em Portugal há cerca de 30 anos. Invadiu os jardins dos grandes centros urbanos, onde pode ser avistada no topo das árvores. No entanto, apesar de o seu número ter vindo a aumentar, não se expandiu para outros habitats, ao contrário do bico-de-lacre.

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Potenciais perigos

As aves exóticas podem apresentar vários perigos para as nativas e para os ecossistemas. Podem introduzir doenças e parasitas a que estas sejam vulneráveis, como foi o caso da malária das aves no Havai. Outro perigo é o cruzamento de espécies exóticas e nativas aparentadas, que pode levar ao desaparecimento da variedade nativa original. Este é o caso do pato-de-rabo-alçado-americano, que pode hibridizar com o pato-de-rabo-alçado-europeu Oxyura leucocephala. Outro perigo potencial é a competição, nomeadamente por alimento ou locais de nidificação, em espécies que nidificam em cavidades de árvores. Por exemplo, nos parques de Bruxelas, o periquito-de-colar compete com a trepadeira-azul Sitta europaea pelas cavidades de nidificação nas árvores. As aves exóticas que se alimentam de frutos podem ainda ajudar a dispersar as sementes de frutos de

plantas invasoras no ecossistema. É difícil prever quais serão os efeitos de um ave introduzida, já que estes dependem das características desta e das nativas, do próprio local de introdução, da forma como as exóticas se adaptam ao novo habitat, do facto de a introdução ter lugar em ilhas ou continentes, das pressões que já existam sobre as populações de nativas, entre outros fatores. Em Portugal, não há estudos concretos sobre os impactos das aves exóticas nas nativas ou no ecossistema. No entanto, recentemente foi feita uma comparação entre as características ecológicas do bico-de-lacre e das aves nativas, e concluiu-se que o bico-de-lacre é ecologicamente bastante diferente da maioria dos passeriformes nativos, e parece não constituir uma ameaça para estes, em termos de competição. Pode, porém, ser uma ameaça adicional para a espécie ecologicamente mais seme-


Medição e anilhagem de bicos-de-lacre em Alpiarça (Vala da Gouxaria)

lhante, a escrevedeira-dos-caniços Emberiza schoeniclus, que já tem estatuto de conservação vulnerável, porque nidifica na mesma área onde esta ave ocorre, e também se alimenta de sementes durante parte do ano.

Recomendações

As aves exóticas surgem na natureza devido a libertação deliberada ou fuga. Muitas são introduzidas no país ilegalmente. Em dezembro de 2012, e a título de exemplo, a Polícia Judiciária apreendeu 304 aves exóticas protegidas em duas operações no norte do país. Para muitas pessoas, é tentador libertar uma ave engaiolada, por achar que será mais feliz em liberdade. Porém, nunca se devem libertar aves ou quaisquer outras espécies exóticas, porque estes podem adaptar-se tão bem que acabam por constituir populações residentes, o que pode, em último caso, pôr em perigo as espécies nativas. Também não

é boa prática matar qualquer ave exótica que se apanhe, uma vez que estas nem sempre são prejudiciais. Esta será sempre uma decisão a ser tomada pelas autoridades competentes. O que se pode e deve fazer é reportar às autoridades, nomeadamente a GNR-SEPNA, casos ilegais de aves em cativeiro, e avistamentos de aves exóticas em liberdade, sobretudo se estas aparecem num local onde ainda não tinham sido avistadas ou se o número parecer aumentar. Hoje em dia, a monitorização e conservação da avifauna assenta em grande parte em observações de voluntários, que também podem registar as suas observações em diversos portais como o PortugalAves, gerido pela SPEA. Assim, o seu contributo é essencial para monitorizar a biodiversidade e identificar potenciais situações de risco, possibilitando assim a prevenção de problemas maiores. Autora: Helena Batalha

Saiba mais

• Denúncias: Serviço SOS Ambiente e Território da GNR–SEPNA (808 200 520; www.gnr.pt) • Livro Aves Exóticas que nidificam em Portugal Continental, de Rafael Matias (ICN 2002) – disponível na biblioteca SPEA para consulta • Artigo científico sobre o nicho ecológico do bico-de-lacre (Helena Batalha et al. 2013): www.sciencedirect.com/science/ article/pii/S1146609X1300043X • Fichas sobre aves exóticas: www.avesdeportugal.info/exoticas.html • Projeto «Expansão do bico-de-lacre», coordenado por Luís Reino: http://naturlink.sapo.pt/Investigacao/Artigos/content/ Expansao-do-Bico-de-lacre?bl=1 e http://www.researcherid.com/rid/A-9261-2008 • Projeto «Seleção sexual expansão da área de distribuição dos Estrildidae», coordenado por Gonçalo Cardoso – CIBIO: http://cibio.up.pt/cibio.php?content=projs&menu=research&state=ongoing&proj=161

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A ciência das aves Compilado por Teresa Catry e Maria Dias

Melro-d’água Cinclus cinclus

Período de publicação: maio - agosto de 2012

Artigo em destaque Desenvolvimento de uma nova abordagem de modelação no âmbito da gestão da floresta Laurissilva para a conservação do priolo Rita Bastos, Mário Santos, Jaime A. Ramos, Joana Vicente, Carlos Guerra, Joaquim Alonso, João Honrado, Ricardo S. Ceia, Sérgio Timóteo & João A. Cabral. 2012. Testing a novel spatially-explicit dynamic modelling approach in the scope of the laurel forest management for the endangered Azores bullfinch (Pyrrhula murina) conservation. Biological Conservation 147: 243-254. O priolo é um passeriforme endémico da ilha de São Miguel, nos Açores, atualmente ameaçado pelas duas maiores causas de perda de biodiversidade ao nível mundial: as alterações do uso do solo e a invasão dos habitats naturais por plantas exóticas. O objetivo deste trabalho foi desenvolver e testar uma nova abordagem de modelação para a previsão da resposta espácio-temporal da população de priolo face a cenários de gestão do habitat, de forma a apoiar a tomada de decisões por parte dos gestores ambientais. Globalmente, os resultados obtidos apontam para um aumento da população reprodutora de priolo nos próximos 25 anos, de 1064 para 1270 indivíduos, como consequência das medidas já implementadas pelo projeto Life Priolo, ou para cerca de 1350 indivíduos no contexto de cenários futuros de restauração e gestão continuada do seu habitat. Estes resultados representam, respetivamente, um aumento suplementar de 6% ou 13% na abundância destas aves, tendo como referência as tendências simuladas para um cenário sem gestão de habitat. Apesar destes resultados, estas ações parecem ser relativamente ineficazes na promoção da ex-

28 • pardela n.º 46

pansão da área de distribuição da espécie, a partir da sua zona central de ocorrência na serra da Tronqueira. Este padrão parece ser muito condicionado pela dinâmica florestal local e processos de invasão por plantas exóticas nas zonas não intervencionadas na orla de distribuição da espécie. Neste contexto, é salientada a importância do redirecionamento do esforço de erradicação de plantas exóticas para áreas mais limítrofes que, em articulação com a gestão dos cortes florestais, parece também contribuir para o aumento da população de priolo mas também para o alargamento da sua área de distribuição. Ainda assim, a sustentabilidade da espécie parece ser garantida fundamentalmente pelas áreas centrais de Laurissilva que, apesar da pressão exercida pelas plantas invasoras, asseguram a disponibilidade alimentar e o refúgio necessários para a sobrevivência desta espécie nos próximos 25 anos.

Priolo Phyrrula murina


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Outros artigos Hany Alonso, José P. Granadeiro, Vitor H. Paiva, Ana S. Dias, Jaime A. Ramos & Paulo Catry. 2012. Parent–offspring dietary segregation of Cory’s shearwaters breeding in contrasting environments. Marine Biology 159: 1197-1207. Filipe Canário, Alexandre Hespanhol Leitão & Ricardo Tomé. 2012. Predation attempts by Short-eared and Long-eared Owls on migrating songbirds attracted to artificial lights. Journal of Raptor Research 46: 232-234. Filipe R. Ceia, Richard A. Phillips, Jaime A. Ramos, Yves Cherel, Rui P. Vieira, Pierre Richard & José C. Xavier. 2012. Short- and long-term consistency in the foraging niche of wandering albatrosses. Marine Biology 159: 1581-1591. J. Berton C. Harris, Damien A. Fordham, Patricia A. Mooney, Lynn P. Pedler, Miguel B. Araújo, David C. Paton, Michael G. Stead, Michael J. Watts, H. Reşit Akçakaya & Barry W. Brook. 2012. Managing the long-term persistence of a rare cockatoo under climate change. Journal of Applied Ecology. 49 : 785–794.

M. Ángeles Hernández, Francisco Campos, Tomás Santamaría, Luis Corrales, M. Ángeles Rojo & Susana Dias. 2012. Genetic differences among Iberian white-throated dipper Cinclus cinclus populations based on the cytocrome b sequence. Ardeola 59: 111-122. Dorine Y.M. Jansen. 2012. Population survey of the common buzzard Buteo buteo on Madeira Island (Portugal). Ardeola 59: 145-155. Norbert Mátrai, Gábor Bakonyi, József Gyurácz, Gyula Hoffman, Kobie Raijmakers, Júlio M. Neto & Róbert Mátics. 2012. Do the European Great Reed Warblers (Acrocephalus arundinaceus) reach South Africa during wintering? Journal of Ornithology 153: 579-583. Raul Ramos, José P. Granadeiro, Marie Nevoux, Jean-Louis Mougin, Maria P. Dias & Paulo Catry. 2012. Combined spatio-temporal impacts of climate and longline fisheries on the survival of a trans-equatorial marine migrant. PLoS ONE 7: e40822. Alexandre Robert, Vítor H. Paiva, Mark Bolton, Frédéric Jiguet & Joël Bried. 2012. The interaction between reproductive cost and individual quality

is mediated by oceanic conditions in a long-lived bird. Ecology 93: 1944-1952. Joana Santana, Miguel Porto, Luís Gordinho, Luís Reino & Pedro Beja. 2012. Long-term responses of Mediterranean birds to forest fuel management. Journal of Applied Ecology 49: 632-643. Julia Schroeder, Theunis Piersma, Niko M. Groen, Jos C.E.W. Hooijmeijer, Rosemarie Kentie, Pedro M. Lourenço, Hans Schekkerman & Christiaan Both. 2012. Reproductive timing and investment in relation to spring warming and advancing agricultural schedules. Journal of Ornithology 153: 327-336. Rita Ventim, Paulo Tenreiro, Nuno Grade, Paulo Encarnação, Miguel Araújo, Luísa Mendes, Javier Pérez-Tris & Jaime A. Ramos. 2012. Characterization of haemosporidian infections in warblers and sparrows at south-western European reed beds. Journal of Ornithology 153: 505-512. Rita Ventim, Jaime A. Ramos, Hugo Osório, Ricardo J. Lopes, Javier PérezTris & Luísa Mendes. 2012. Avian malaria infections in western European mosquitoes. Parasitology Research 111: 637-645.

Albatroz-gigante Diomedea exulans

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A pergunta é: como perguntar? Um estudo sobre comportamentos que ameaçam a conservação das aves

Há diversas atividades humanas que ameaçam a conservação das aves em Portugal. Estas incluem, por exemplo, a caça desregulada, o uso de venenos e a captura de aves selvagens para manutenção como animais de estimação. Muitas dessas atividades são ilegais ao abrigo da Diretiva Aves e da Convenção de Berna, dois instrumentos legislativos internacionais para a conservação da biodiversidade dos quais Portugal é signatário. Recentemente, num relatório da BirdLife International, com a contribuição de dados recolhidos pela SPEA, foi sugerido que há muito pouca informação sobre estas atividades e as pessoas envolvidas, o que dificulta o planeamento e a implementação de estratégias de conservação eficazes. Esta falta de informação deve-se, entre outras razões, às dificuldades associadas à investigação de atividades ilegais ou socialmente inaceitáveis. Quando inquiridas, as pessoas envolvidas fornecem frequentemente respostas evasivas ou simplesmente recusam-se a responder, devido ao medo de censura social ou sanções legais. Esta situação impede a obtenção de informação

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fidedigna sobre os problemas de conservação em questão, afetando os resultados obtidos e reduzindo a sua utilidade para informar estratégias de conservação da Natureza.

O nosso estudo

Na primavera-verão de 2012, investigámos a armadilhagem de aves para consumo humano e o abate de aves de rapina em duas aldeias do concelho de Odemira, Alentejo. No âmbito de um projeto de mestrado em Conservação no Imperial College London e em colaboração com uma organização local, testámos metodologias de entrevista e quantificámos a percentagem de pessoas envolvidas nestas atividades, assim como as suas características sociodemográficas. Devido às dificuldades em investigar estes comportamentos recorrendo a questionários normais, usámos um método inovador – a técnica de contagem de itens (item count technique, na versão original). Desenvolvida por cientistas das áreas sociais, esta técnica tem como finalidade obter respostas mais verdadeiras a perguntas sobre comportamentos ilegais e socialmente

inaceitáveis, protegendo a identidade dos respondentes.

O que descobrimos?

Entre 32-62% das pessoas entrevistadas admitiu já ter apanhado uma ave para consumo e entre 3-25% admitiu ter disparado contra uma ave de rapina, durante os 12 meses anteriores ao estudo. Em comparação com as questões colocadas diretamente, a técnica de contagem de itens foi mais frequentemente descrita como de confiança e garantindo o anonimato das respostas, o que sugere que este será um método adequado para a investigação de atividades ilegais e socialmente inaceitáveis. A exatidão dos resultados produzidos é afetada pelo número de respostas. O tamanho da amostra de 146 respondentes foi pequeno, produzindo estimativas com intervalos de confiança largos. Este estudo serviu para testar uma nova metodologia de entrevista e recomendamos a sua aplicação a amostras da população maiores para obtenção de dados a escalas regionais e nacionais.


O uso de venenos ameaça a conservação dos abutres.

Aldeia das Amoreiras, Odemira

A técnica de contagem de itens

Nesta técnica, cada respondente recebe uma lista de atividades e deve indicar quantas, mas não quais, foram praticadas num certo período de tempo. Previamente, cada participante é distribuído aleatoriamente (por exemplo, atirando uma moeda ao ar) a um de dois grupos. O primeiro grupo recebe uma lista com quatro atividades quotidianas, enquanto o segundo grupo recebe uma lista que, além destas mesmas atividades, inclui também um comportamento

Comportamento e perceções humanas

As estratégias de gestão de conservação visam, muitas vezes, mudar comportamentos humanos que ameaçam espécies e habitats como a caça de espécies protegidas, a desflorestação ilegal ou a pesca excessiva. Saber quem está envolvido nestas atividades, e porquê, é essencial para entender como desenvolver e implementar estratégias eficazes e eficientes. Este conhecimento permite realizar intervenções que alcançam as pessoas diretamente envolvidas e fornecem alternativas, atuando nas causas diretas

Caçador com tordos-pintos Turdus philomelos.

de carácter delicado que queremos investigar. Se a amostra for suficientemente numerosa, a diferença média entre as respostas dadas pelos dois grupos permite estimar a percentagem da população envolvida na atividade em questão. Dado o caráter mais indireto desta técnica de entrevista, estas respostas são geralmente mais exatas do que as adquiridas através de perguntas diretas (por exemplo: «já matou uma ave de rapina?»).

de diversos problemas de conservação. Neste trabalho, investigámos também a relação entre as atitudes dos respondentes em relação aos comportamentos em estudo, as normas sociais e o envolvimento em determinadas atividades potencialmente nocivas à conservação de aves. Esta informação é essencial para a proteção das aves em Portugal, fornecendo dados valiosos sobre a componente económica e sociocultural da gestão e conservação da nossa biodiversidade. Os resultados serão publicados brevemente numa revista científica internacional.

Este estudo teve o apoio do Centro de Convergência, iniciativa do Grupo de Ação e Intervenção Ambiental (GAIA) com base em Odemira, e não teria sido possível sem a participação e hospitalidade dos habitantes das aldeias alentejanas amostradas. Autores: Alison Fairbrass (alison. fairbrass.10@ucl.ac.uk) 1,2, Ana Nuno (ana.nuno08@imperial.ac.uk) 1, Nils Bunnefeld 1,3 & EJ Milner-Gulland 3 1

Imperial College London, Reino Unido

2

University College London, Reino Unido

3

Stirling University, Reino Unido

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Campanha Salve uma ave marinha

Durante o ano de 2012, a campanha «Salve uma Ave Marinha» ganhou um novo fôlego. Novos apoios permitiram mais divulgação, parcerias e a participação de 35 pessoas no salvamento de 29 cagarras durante a campanha, que continua em 2013, no arquipélago da Madeira.

P

recedida pelo projeto que pretendeu avaliar o impacto da iluminação pública nas aves marinhas do arquipélago da Madeira, a campanha «Salve uma Ave Marinha» continua por mais dois anos. Em 2012 e 2013, a iniciativa conta com os apoios financeiros por parte da Empresa de Eletricidade da Madeira e do The Seabird Group, beneficiando também da aprovação de um projeto submetido pela SPEA ao Programa Juventude em Ação, na medida 1.2 Iniciativas Jovens.

Balanço positivo

Em 2012, a conjugação de esforços entre a SPEA e diversas entidades, nomeadamente escolas, escuteiros, projeto Capacitar da associação juvenil Alternativas e Empresa Municipal Porto Santo Verde, permitiu aumentar as iniciativas de sensibilização da população madeirense, em especial das camadas mais jovens, para a conservação das aves marinhas. Nesse sentido, foram desenvolvidas diversas ações de divulgação, visando alertar para os cuidados a ter em situações de encandeamento

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das aves, assim como estimular a realização de patrulhas de salvamento, para o seu resgate. Com o objetivo de cativar um maior número de colaboradores foram realizadas palestras e ações de formação em escolas, centros de convívio, na

ecoteca do Porto Santo e com agrupamentos do Corpo Nacional de Escutas e da Associação de Escoteiros de Portugal, durante as quais foi explicada a problemática da iluminação pública e de que forma cada indivíduo poderia colaborar ativamente na campanha.


Voluntários com caixas de recolha

Todos os voluntários receberam formação no manuseamento das aves, assim como o seu kit Salve uma Ave Marinha composto por uma t-shirt, uma caixa para recolha de aves e um tríptico para distribuição junto de outras pessoas que assistissem ao salvamento da ave. De forma a potenciar o efeito multiplicador da campanha, ampliando a dispersão da mensagem, e com vista a atingirmos o maior número de pessoas possível, foi criado um spot de vídeo animado, difundido pela RTP-Madeira, internet e redes sociais durante o período mais crítico da campanha, coincidente com a saída dos juvenis de cagarra Calonectris diomedea dos ni-nhos (1 de outubro a 20 de novembro). O vídeo pode ainda ser visualizado no YouTube com o título SPEA - Campanha Salve uma Ave Marinha (www. youtube.com/watch?v=NZsWfbJgaSI). No blogue da campanha, também foParceiros

ram, diariamente, inseridas notícias sobre as brigadas de patrulhamento, o número de aves salvas, fotografias dos grupos intervenientes e informação sobre projetos ou campanhas semelhantes desenvolvidas noutras regiões ou países. No final da primeira edição, o balanço é bastante positivo, com a participação de 35 pessoas, organizadas em seis brigadas, que salvaram um total de 29 cagarras na Madeira e Porto Santo.

Novidades em 2013

Em 2013, continuarão as ações de sensibilização nos diversos concelhos da Madeira, procurando aumentar o número de colaboradores e as brigadas de salvamento assim como a área de prospeção coberta. Além disso, outras atividades lúdicas serão desenvolvidas, culminando numa exposição fotográfica da campanha e exibição dos trabalhos elaborados pelos jovens

participantes. Não poderíamos finalizar este artigo sem agradecer a todos os voluntários que se prontificaram a percorrer diversas localidades costeiras à procura de aves marinhas encandeadas e que colaboraram na divulgação da campanha, assim como ao apoio financeiro das instituições parceiras já referidas e outras entidades que de alguma forma nos apoiaram – RTP-Madeira, MEO e Empresa de Cervejas da Madeira. Junte-se a nós e ajude a salvar um dos grupos de animais mais ameaçado no mundo! Contamos com a sua ajuda durante o ano 2013. Autoras: Ana Isabel Fagundes & Cátia Gouveia (SPEA) salvar-avemarinha.blogspot.pt

Apoio

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Saúde, exercício físico e natureza A SPEA junta-se ao Holmes Place pela defesa da vida. Conheça alguns dos benefícios da atividade física e prepare o corpo, e a mente, para melhor desfrutar da primavera que aí vem.

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abendo que, em média, cada português anda menos de 15 minutos seguidos a pé, por dia, tornando-nos num dos países mais sedentários da Europa, a SPEA e o Holmes Place Defensores de Chaves criaram o programa family weekend. Atividades outdoor com personal trainer, observação de aves, ou uma semana no ginásio, são algumas das propostas gratuitas, que poderá aproveitar para criar uma mudança positiva no seu estilo de vida. E para uma aventura saudável, aqui ficam algumas dicas para «levar na mochila»: 1 - Água, para manter os níveis de hidratação normais. 2 - Calçado apropriado, maleável, para prevenir entorses. 3 - Protetor solar, caso exceda 30-45 min de exposição ao sol. 4 - Sendo que mais de 90% das lesões acontecem por desatenção postural, o correto posicionamento do corpo, quando transportar cargas e/ou durante o exercício é fundamental. 5 - Alongamento, fundamental no fim da atividade! Previne lesões e contraturas e estimula o sistema muscular.

Benefícios da atividade física na Natureza: C

1 – Longevidade. Quem pratica desporto vive notoriamente mais anos, com melhor qualidade de vida! 2 – Sol e vitamina D. Crucial para o sistema imunitário: 4050% das dores musculo-esqueléticas seriam resolvidas com uma exposição diária de 20-30 min, entre as 10 h e as 17 h. 3 – Prevenção contra as doenças. Papel fundamental na recuperação de hipertensão, osteoporose, diabetes, fibromialgia, asma, esclerose múltipla, Parkinson, entre outras doenças auto-imunes ou sistémicas. 4 – Crianças. Melhora a auto-estima e o processo de socialização, estimulando o crescimento físico e cognitivo. Crianças que praticam exercício mais de 3 vezes por semana obtêm melhores notas, com menor esforço. 5 – Emagrecer de forma saudável. Ao contrário de alguns métodos, permite emagrecer naturalmente e sem prejudicar a saúde. M

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6 – Redução do risco de depressão. Produção de endorfinas, hormonas que promovem o bem-estar, alívio do stress, e um sono melhor. São muitas as razões para a prática de exercício físico. Agora, só precisa de começar a pôr-se em forma, desfrutando do que a Natureza tem de melhor. Autor: Ivo Miguel Borges Coordenador Ser +, Holmes Place DDC

www.spea.pt/pt/como-ajudar/parcerias/outras AF_Familias_100x135.pdf

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