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2 • pardela n.º 48
ÍNDICE
Aves de Almada
Património para conhecer e proteger
17
Um futuro
para a Laurissilva de S. Miguel
13 Salvaguardar a calhandra-do-raso
20 Dias RAM investigação científica ao alcance de todos
32
Cegonha-branca
7
Ave do Ano 2014
Editorial
4
Breves
5
Cegonha-branca Ave do Ano 2014
7
Juvenis
8
Salvaguardar a calhandra-do-raso
20
Observando aves rio-a-dentro
23
Ilustração ornitológica II | voos de risco… e cor
26
A ciência das aves
28
Pombo-correio
10
Picanços | Um grupo de aves em perigo
11
Captura acidental de aves marinhas
30
Um futuro para a Laurissilva de São Miguel
13
32
Aves de Almada, Conhecer e proteger
Dias RAM – Citizen Science ou a investigação científica ao alcance de todos
17
n.º 48 pardela • 3
EDITORIAL
FICHA TÉCNICA
Este é ano da cegonha-branca para a SPEA, uma espécie bem simpática para continuar a celebrar o nosso 20.º aniversário. A cegonha representa não só uma espécie emblemática da nossa fauna e cultura, como também uma espécie que recupera de uma situação de declínio populacional em meados do século passado, mostrando que a investigação e a tomada de medidas de conservação são fundamentais para manter as espécies, logo os seus habitats e um ambiente saudável em que possamos viver. Este ano de aniversário fica também marcado pelo VIII Congresso de Ornitologia, um evento sempre importante para que todos os interessados em Ornitologia e biodiversidade possam apresentar e debater todas as novidades sobre as aves no país e no estrangeiro, e também as melhores formas de garantir a conservação das aves mais ameaçadas e não só. Almada foi o palco deste Congresso, que em março juntou mais de 200 pessoas, e nesta edição aproveitamos para mostrar os principais sítios e espécies de aves a observar no concelho. Além disso, os conteúdos deste número destacam alguns dos temas mais atuais da nossa atividade e os resultados de alguns projetos. Ao nível internacional, o nosso trabalho inclui a conservação de algumas das espécies mais ameaçadas em Cabo Verde, procurando proteger as ilhas de Santa Luzia, Branco e Raso, em parceria com os nossos colegas da Biosfera I em São Vicente. E seguindo mais a norte na região da Macaronésia, a SPEA continua com resultados importantes na Madeira e nos Açores, especialmente vocacionados para a proteção das populações de fura-bardos e de priolo. Os esforços do projeto Life Laurissilva Sustentável são apresentados, e vão ser continuados através do Life Terras do Priolo. O trabalho de conservação marinha continua na vanguarda - depois de definidas as áreas prioritárias para trabalhar, os novos projetos de colaboração com o setor das pescas são fundamentais para compatibilizar a atividade pesqueira com a conservação das aves marinhas. Aqui, duas novidades bem recentes: o projeto Ilhas Santuário para as Aves Marinhas nas ilhas do Corvo e São Miguel foi premiado como um dos melhores Life+ na União Europeia em 2013, e um novo grande projeto financiado pelo programa Life+ que teve início nas Berlengas em junho de 2014. Estes são alguns dos temas que marcam a primeira Pardela de 2014, que lhe lembra também uma agenda recheada de atividades, desde a Biologia no verão ao Festival de Observação de Aves de Sagres. Leia e continue a fazer parte destes resultados, celebrando os 20 anos da SPEA.
PARDELA N.º 48 | MAI-OUT 2014 DIRETORA: Vanessa Oliveira COMISSÃO EDITORIAL: Clara Casanova Ferreira, Joana Domingues, Luís Costa e Manuel Trindade AGRADECIMENTOS: Cátia Ribeiro FOTOGRAFIA DE CAPA: Cegonha-branca Ciconia ciconia, Ave do Ano 2014. Este ano, a espécie é alvo de novo censo europeu, que se realiza de 10 em 10 anos, e a SPEA é um dos parceiros nacionais do censo © Bruno Maia FOTOGRAFIAS: Alberto Borges, Alexandre Vaz/ Madalena Boto, Augusto Faustino, Biosfera I, Bruno Maia, Cristina Girão Vieira, DEGAS/CMA, David Cachopo, Faísca, Filipa Alves, Joana Andrade, Joaquim Teodósio, John Cheverton, José Cabrita, Julius Arinaitwe, Luís Costa, Luís Ferreira, Luís Quinta/CMA, Pedro Geraldes, Ricardo Guerreiro, Ricardo Guerreiro/CMA, Susana Alves e Teresa Catry TEXTOS: Catarina Freitas/DEGAS-CMA, Cristina Girão Vieira, Deolinda Ataíde/DEGAS-CMA, Fernando Correia, Filipa Alves, Joana Domingues, Joaquim Teodósio, Luís Costa, Maria Dias, Mário Estevens/DEGAS-CMA, Marta Silva, Miguel Castro/DEGAS-CMA, Nuno Barros, Nuno Oliveira, Nuno Lopes/DEGAS-CMA, Patrícia Silva/ DEGAS-CMA, Paulo Alves, Pedro Alvito, Sílvia Nunes, Susana Alves, Teresa Catry, Vanessa Oliveira e Victor Hugo Penalva ILUSTRAÇÕES: Djoko Soejanto, Fernando Correia, Marco Nunes Ferreira, Paulo Alves, Pedro Alvito e Susana Costa (infografia) PAGINAÇÃO E GRAFISMO: Susana Costa IMPRESSÃO: SIG - Sociedade Industrial Gráfica, Lda. TIRAGEM: 1200 exemplares e digital ISSN: 0873-1124 DEPÓSITO LEGAL: 189 332/02 Os artigos assinados exprimem a opinião dos seus autores e não necessariamente a da SPEA. A fotografia de aves, nomeadamente em locais de reprodução, comporta algum risco de perturbação das mesmas. A grande maioria das fotografias incluídas nesta publicação foi tirada no decorrer de estudos científicos e de conservação sobre as espécies, tendo os seus autores tomado as precauções necessárias para minimizar o grau de perturbação das mesmas. A SPEA agradece a todos os que gentilmente colaboraram com textos, fotografias e ilustrações. Contactos: Vanessa Oliveira | vanessa.oliveira@spea.pt | 213 220 434/0 | www.spea.pt/pt/publicacoes/pardela
Luís Costa Diretor Executivo da SPEA
Torne-se sócio! Junte a sua voz à nossa e apoie a conservação das aves e dos seus habitats Esta edição contou com o apoio publicitário de: Esteller/Swarovksi Optik; Opticron; Rio-a-dentro
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DIREÇÃO NACIONAL
Presidente: Clara Casanova Ferreira Vice-presidente: José Manuel Monteiro Tesoureiro: Michael Armelin Vogais: Adelino Gouveia, Vanda Coutinho, José Paulo Monteiro, Manuel Trindade Avenida João Crisóstomo, n.º 18 4.º Dto. 1000-179 Lisboa Tel. 213 220 430 | Fax 213 220 439 E-mail: spea@spea.pt | Website: www.spea.pt A SPEA é uma organização não governamental de ambiente, que tem como missão o estudo e a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal, promovendo um desenvolvimento que garanta a viabilidade do património natural para usufruto das gerações vindouras. Faz parte da BirdLife International, organização internacional que atua em mais de 100 países. Como associação sem fins lucrativos, depende do apoio dos sócios e de diversas entidades para concretizar as suas ações.
BREVES
Berlengas a caminho da gestão sustentável A SPEA coordena, desde 1 de junho, um novo projeto LIFE+ para a «Conservação das espécies e habitats ameaçados da ZPE das Berlengas através da sua gestão sustentável». Esta parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a Câmara Municipal de Peniche e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas tem como principal objetivo tornar o arquipélago num exemplo de integração do desenvolvimento socioeconómico com os valores naturais existentes. Para o efeito, até setembro de 2018, pretende-se implementar um plano de gestão para a Zona de Proteção Especial das Berlengas, com ações que visem o conhecimento e a redução das ameaças sobre espécies de aves marinhas como o roque-de-castro, o airo e a cagarra e o seus habitats (e.g. controlo de mamíferos introduzidos e de plantas invasoras), e a promoção da pesca e do turismo sustentáveis (e.g. requalificação de trilhos).
Denuncie a venda ilegal de aves Têm sido detetados muitos casos de venda ilegal de aves selvagens na internet. Apesar dos esforços e das várias queixas e denúncias feitas pela SPEA ainda não se encontrou uma solução eficaz para o problema. Apelamos aos cidadãos a fazerem queixa deste tipo de anúncios às entidades oficiais: o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR e ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas. Deve também denunciar os casos no próprio site de vendas. SEPNA - 808 200 520 e sepna@gnr.pt ICNF - 213 507 900 e icnf@icnf.pt
das três espécies de abutres da região. O produto foi banido na Índia em 2006, mas agora o mesmo perigo pode acontecer na Europa. O diclofenac está já à venda em Espanha e Itália e a BirdLife Europa, com a Vulture Conservation Foundation, lançaram uma campanha que visa proibir a sua comercialização na União Europeia. Participe e assine a petição, contacte o Comissário Europeu da Saúde e Segurança Alimentar, os eurodeputados e a distribuidora FATRO, e divulgue esta iniciativa. www.4vultures.org
Loja SPEA | Em Lisboa, nas ilhas e online
Abutres europeus enfrentam nova ameaça O diclofenac é um anti-inflamatório usado no tratamento do gado doméstico, altamente tóxico e que provoca a morte dos abutres por falência renal quando se alimentam das carcaças dos animais medicados. O seu uso generalizado no subcontinente indiano, na década de 1990, provocou a diminuição em mais de 95% das populações
Desde material ótico a guias de aves ou jogos didáticos para os mais novos, cada artigo que comprar contribui diretamente para a manutenção dos nossos projetos de conservação e educação ambiental. Visite-nos online, ou nas nossas sedes nas ilhas (Madeira - Funchal; S. Miguel - Centro Ambiental do Priolo, Nordeste) ou em Lisboa (segunda a sexta-feira: 9h30 - 13h; 14h - 18h). www.spea.pt/catalogo
Berlengas
Grifo Gyps fulvus
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BREVES
Por Joana Domingues, Susana Alves e Vanessa Oliveira
Planos de Ação para São Tomé e Príncipe Foram recentemente apresentados, em São Tomé e Príncipe, os planos de ação para quatro espécies de aves endémicas do país e classificadas como
Projetos SPEA novamente reconhecidos A Comissão Europeia distingue anualmente os melhores projetos financiados pelo programa LIFE. Da
Decisão pioneira pela Ria de Alvor O Tribunal Central Administrativo do Sul confirmou a condenação dos proprietários da Quinta da Rocha à reposição dos habitats que haviam destruído nesta península da Ria de Alvor.
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Criticamente em Perigo de extinção: a galinhola Bostrychia bocagei, o picanço-de-são-tomé Lanius newtoni, o anjolô Neospiza concolor e o tordo-do-príncipe Turdus xanthorhynchus. Os documentos estarão em vigor durante o período 2014-2018 e apontam o caminho a seguir para a conservação destas espécies ameaçadas. Este é um dos resultados recentes da colaboração da SPEA com a BirdLife International, a Royal Society for the Protection of Birds e os agentes locais.
Agenda em destaque Atividades julho - setembro | Exposição «O que é a observação de aves?»; Lisboa - sede do Turismo de Portugal 5 julho | Passeio de barco no Tejo «Os segredos de Escaroupim» 15 julho - 15 setembro | Biologia no Verão (Ciência Viva); todo o país 15 - 17 agosto | British Birdwatching Birdfair; Reino Unido 21 setembro | As aves da Quinta do Pisão; Cascais 3 - 5 outubro | VI Festival de Observação de Aves; Sagres 4 - 5 outubro | Fim de semana Europeu de Observação de Aves (EuroBirdwatch 2014); todo o país 11 - 12 outubro | VI Feira ObservaNatura, Setúbal
lista dos 13 Best LIFE Nature projects 2013, conhecida em abril, fazem parte o LIFE+ «Ilhas Santuário para as Aves Marinhas», coordenado pela SPEA (que se junta aos já premiados LIFE Priolo e LIFE IBAs Marinhas em 2009), o LIFE+ «Ações de conservação concretas para a galheta e a gaivota-de-audouin na Grécia», coordenado pela Helenic Ornithological Society (BirdLife Grécia), em parceria com a SPEA, e ainda ou-
tros dois projetos coordenados pelos parceiros BirdLife na Finlândia e na Polónia. Em maio, o trabalho desenvolvido pela SPEA nos Açores nos últimos 10 anos, foi também reconhecido com um Voto de Congratulação aprovado por unanimidade, na Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores.
Esta decisão poderá ter um impacto muito significativo no direito ambiental português, uma vez que aplica aquele que é o único antídoto eficaz para impedir o avanço ilegal da construção em áreas protegidas – a restauração integral dos valores destruídos. Este tipo de sentença, que embora prevista na lei, raramente é aplicada, é a única forma de inverter e combater a política do facto consumado.
A Ria de Alvor é uma das mais importantes zonas húmidas do Algarve, classificada como Zona Húmida de Importância Internacional (Convenção de Ramsar) e Zona Especial de Conservação (Rede Natura 2000).
Ave do Ano 2014
Cegonha-branca uma ave com carisma
Rumo ao Alentejo ou ao Ribatejo, os seus ninhos são «decoração» comum em chaminés, postes de eletricidade e torreões de igreja. De silhueta inconfundível, o seu simbolismo maternal facilmente produz sorrisos e, uma vez avistada de perto, até alguma admiração. A cegonha-branca é um animal carismático e, em 2014, é a Ave do Ano.
A
ssociada à boa sorte e à natalidade, a cegonha-branca Ciconia ciconia foi, desde sempre, muito acarinhada pelos humanos. A coexistência com pessoas - pela proximidade dos seus ninhos, localizados muitas vezes em zonas urbanas -, a possibilidade de se acompanhar facilmente o seu dia a dia e o aumento notório do número das suas populações são algumas das razões para esta relação afetiva. Distribuída pela maior parte do país, sobretudo no sul de Portugal, a cegonha-branca já foi um dos símbolos da chegada da primavera, mas recentemente a população aumentou e parte dela adaptou-se a viver em Portugal durante todo o ano. Visitar a costa alentejana é um convite à observação do único local do mundo com ninhos de cegonha-branca em rochedos costeiros. Já nos países do norte da Europa é uma visão rara - no Luxemburgo, por exemplo, registou-se pela primeira vez um casal em 2013 e na Bélgica apenas é conhecido um casal nidificante. As cegonhas-brancas são monogâmicas e regressam sempre ao mesmo ninho, compondo-o e aumentando-o todos os anos, podendo este atingir 800 kg de peso e 225 cm de diâmetro! Esta ave é também uma importante aliada do homem no combate a algumas pragas agrícolas, já que se alimenta do exótico lagostim-vermelho-da-luisiana Procambarus clarkii
e de gafanhotos, conhecidos pelos prejuízos que causam nos arrozais e nas culturas de cereais, respetivamente. A cegonha-branca, de uma forma natural, ajuda a prevenir a sua proliferação. Dois mil e catorze é também o ano do VII Censo Internacional de Cegonha-branca sendo esta, por isso, uma excelente oportunidade de sensibilizar para a importância da espécie. Realizado de 10 em 10 anos em todos os países da Europa durante a primavera–verão, o objetivo é recensear todos os ninhos desta ave em Portugal, de modo a obter dados reais e atualizados sobre a distribuição e abundância da espécie. No nosso país, o censo da cegonha-branca será efetuado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, SPEA, Quercus, Liga para a Protecção da Natureza e associação A Rocha. Autora: Joana Domingues (SPEA)
Ajude a dar asas a esta campanha Ligue o 760 455 155 (0,60 € + IVA)
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Tens a chave?
1
Uma chave dicotómica, ou de identificação, é uma forma fácil e rápida para identificar as espécies de um determinado grupo. Quando precisas de saber de que tipo de animal se trata como fazes? Vais fazendo perguntas - uma chave dicotómica é isso mesmo.
Por Sílvia Nunes
Que ser vivo és tu? Corpo coberto de escamas?
Sim
Membros em forma de barbatana
Não
Não Sem revestimento
Revestimento da pele
Penas
AVES
PEIXES
Sim
ANFÍBIOS
RÉPTEIS
Pêlos
> Estás pronto para o desafio? Faz a tua própria chave dicotómica e envia a tua proposta para vanessa.oliveira@spea.pt.
MAMÍFEROS
Que ave de rapina é esta? Rapina de grande porte?
Penas de cor clara? Não
PENEIREIRO-CINZENTO Sim
Não Sim
Parte superior sem pintas pretas e com cobertura azulada?
Sim
FRANCELHO
Não PENEIREIRO-VULGAR ÁGUIA-COBREIRA
Mancha clara no peito em forma de meia lua? Sim Não Penas claras na barriga e parte de baixo da asa? Não
Sim
ÁGUIA-D’ASA-REDONDA
ÁGUIA-SAPEIRA
Ombros e nuca de cores claras?
ÁGUIA-CALÇADA
Sim Não
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2 Por Pedro Alvito & Victor Hugo Penalva (professor no Colégio Vasco da Gama)
01
Como construir um papagaio-de-papel Atividade para realizar com crianças e adultos
Material - 2 Canas com 1 m de comprimento - 1 Ripinha de cana de 25 cm - Fio do Norte: 20 m, 1 mm de espessura - 6 Folhas de papel de seda A2 (ou equivalente) - 1 Tubo de cola stic - 1 T-shirt velha - Olhos e bico, em papel de seda
03
Estrutura
04
Papel de seda
05
Finalizar
- Asas e patas de cartolina - Cola líquida - Faca - Tesoura - Lápis
A) Escolher 3 meias canas. Em cada lado fazer 3 reentrâncias em V: 2 em cada extremidade (a 1,5 cm do extremo) e 1 no centro. Repetir no outro lado da cana, nos mesmos locais; B) Juntar as 3 meias canas (1 horizontal e 2 em X), de forma a que os 6 triângulos formados sejam o mais iguais possíveis;
02
Canas A) Secar em local seco (1 semana); B) Dividir as canas longitudinalmente, e ficar com 4 meias canas.
atar as 3 canas na parte central, passando o fio pelas reentrâncias e deixando uma ponta solta para o lado liso; C) Unir as 6 extremidades das canas, passando o fio nas reentrâncias.
A) Colar as folhas de papel de seda, sobrepondo as margens de cada folha cerca de 2 cm, de forma a obter um papel único com área um pouco maior à ocupada pela estrutura; B) Colar os olhos e bico na parte da frente; C) Sobrepor a estrutura sobre o papel (lado liso das canas para baixo, figuras para baixo); marcar a lápis as margens (como no desenho) e, recortar pelo tracejado, dobrar e colar sobre o fio.
A) Fio do carreto: pôr ripinha no novelo de fio, e unir a ponta do novelo ao fio solto no centro do papagaio; B) Guia de ataque superior: atar fio às duas extremidades superiores do X; atar a guia ao fio do carreto; C) Guia de ataque inferior: atar fio às duas extremidades inferiores do X; a meio atar a cauda do papagaio (tiras de t-shirt velha unidas umas às outras); D) Colar asas e pés de cartolina na parte de trás do papagaio (com cola líquida).
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Pombo-correio Pombo-correio, o espaço do leitor Relatos de encontros com a Natureza, experiências de vida associativa, sugestões ou a resposta às suas perguntas - partilhe-os com os leitores da Pardela! Escreva-nos para vanessa.oliveira@spea.pt.
Proteger a Natureza
Então, como proteger a Natureza? Mudando as nossas ações. Eu faço tudo o que posso para proteger a Natureza. Mas todos nós precisamos de ajudar! Proteger a Natureza é possível se tivermos o apoio de todos, para fazermos mudanças - deixar de deitar lixo ao chão, diminuir a desflorestação, reduzir a quantidade de produtos tóxicos libertados para o meio ambiente... Fica aqui um apelo: ajudem a Natureza, e claro, ajudem também as aves!
Da Pardela à Indonésia
homem e espécies predadoras introduzidas na ilha. Três outras espécies, ilustradas por Djoko Soejanto, foram também impressas: Otus siaoensis, Nisaetus floris e Aethopyga duyvenbodei. Senti-me realmente feliz pela oportunidade de participar num projeto com aquela importância.
Por Marta Silva, Fátima Olhando para civilizações mais antigas, podemos facilmente perceber que os problemas ambientais eram quase inexistentes. Mas depois a floresta começou a ser destruída. Nós somos os culpados do sofrimento que a Natureza enfrenta hoje em dia, o nosso comportamento é o que destrói a Natureza.
Por Paulo Alves, Abrantes Desde que em 2004 comecei a colaborar como ilustrador na Pardela, muito se passou. Um dos acontecimentos que mais marcou o meu percurso foi o contacto da Burung Indonesia (parceira da BirdLife International no país), depois de Astrid Leoni (Diretora de Comunicação Visual desta organização) ter encontrado a minha galeria na internet. Propôs-me ilustrar 27 espécies endémicas das ilhas Molucas (Halmahera) que viriam a ser usadas em sensibilização ambiental. Fiquei felicíssimo! Poder chegar às populações locais e mostrar-lhes os valores naturais que existem à sua volta através da arte é aquilo em que realmente acredito. Halmahera e a sua biodiversidade encontram-se ameaçadas pelas atividades mineiras, desflorestação, a captura ilegal de aves… Só um trabalho continuado junto das populações, mudando mentalidades, dando a conhecer os valores naturais que possuem, fará a diferença. Uma das ilustrações foi mais tarde selecionada para integrar a edição de selos especial comemorativa dos dez anos da Burung Indonesia, intitulada Indonesia’s threatened bird species, em 2012. A ave representada é um Habroptila wallacii, uma espécie discreta e pouco conhecida aparentada com os frangos-de-água que habita zonas pantanosas. Está ameaçada pela destruição do seu habitat, perseguição pelo
Edição de selos especial comemorativa dos dez anos da Burung Indonesia
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Picanços | Um grupo de aves em perigo em Portugal Os picanços são aves facilmente observáveis numa qualquer saída de campo em meio rural ou agroflorestal. Apesar da sua fácil deteção, os dados mais recentes do Censo de Aves Comuns apontam para uma diminuição das populações de picanço-real e picanço-barreteiro, em Portugal.
P
ara quem observa aves, os picanços são um grupo de aves bem conhecido e, por isso, parecem não estar entre os mais ameaçados. Contudo, os dados mais recentes indicam que, das três espécies que existem em Portugal, uma tem uma distribuição bastante restrita e as outras são duas das espécies de aves com maior diminuição das suas populações nos últimos anos. Estas são conclusões tiradas dos resultados do Censo de Aves Comuns (CAC), um dos esquemas de monitorização mais consolidados em Portugal, coordenado pela SPEA, e que reúne dezenas de voluntários em cada primavera. O CAC define o Índice de Aves Comuns, um dos indicadores de sustentabilidade em Portugal e na Europa, e permite identificar quais as espécies de aves que sofrem aumentos ou decréscimos no país. Há dez anos que mais de 70 quadrículas com 10 km de lado são visitadas, permitindo o registo de 192 espécies de aves e a identificação de quais se encontram em perigo. As duas espécies de picanço mais comuns, em especial no sul do país, parecem ser um novo problema de conservação. Se, até aqui, o número de picanços-barreteiros dava sinal de a espécie se encontrar em decréscimo moderado em Portugal, agora também os números de picanço-real estão a diminuir. Segundo os dados do CAC, a ocorrência destas espécies terá di-
Picanço-barreteiro Lanius senator
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minuído 38% e 26%, respetivamente – um sinal preocupante em apenas dez anos de censos. São espécies de meios agroflorestais, muito sensíveis à intensificação agrícola e florestal, sendo por isso indicadores da qualidade do meio. Algo se passa nos meios rurais e agroflorestais de Portugal que está a causar a diminuição destas duas espécies. Das 26 espécies de picanços conhecidas em todo o mundo, apenas se registam três em Portugal. Embora relativamente pequenos, os picanços têm um bico forte com uma ponta em forma de gancho semelhante ao das aves de rapina, o que demonstra os seus hábitos predatórios de pequenos mamíferos, répteis e pequenas aves.
São também conhecidos pelo hábito de guardarem para mais tarde os restos das suas presas, espetando os corpos em espinhos de árvores e arbustos.
Picanço-real Lanius meridionalis
O picanço-real foi recentemente reconhecido como uma espécie diferente na Península Ibérica. É o maior dos picanços em Portugal, com 25 cm de comprimento, e o único residente durante todo o ano. É sobretudo cinzento, com máscara, cauda e asas pretas. Encontra-se bem representado no país, com exceção do noroeste, e está geralmente associado a meios abertos,
com árvores e arbustos, nas zonas de clima mediterrânico.
Picanço-de-dorso-ruivo Lanius collurio
Migrador estival, esta é a espécie menos comum e mais localizada, existindo sobretudo desde as serras do Alto Minho até à região de Bragança e Montalegre, onde se concentra a maior parte da sua população. É encontrada em pastagens e lameiros mas também em bosques e matos. O dorso ruivo, como o nome indica, distingue bem esta espécie entre os picanços. É também mais pequeno que o picanço-real, com cerca de 18 cm.
Picanço-barreteiro Lanius senator
O picanço-barreteiro é também migrador estival e distribui-se sobretudo pelo sul e interior do território continental, sobretudo em áreas de montados, pomares e olivais. Está também associado a zonas de clima mediterrânico, como o picanço-real, mas a sua distribuição tem sofrido alguma redução. Por isso mesmo, e também por ser uma espécie representativa dos montados, foi já celebrada como Ave do Ano pela SPEA em 2009. É sensivelmente do tamanho do picanço-de-dorso-ruivo e distingue-se bem pelo tom avermelhado da cabeça e resto do corpo preto e branco.
Uma palavra final de reconhecimento aos mais de 200 voluntários que já colaboraram com o CAC. É graças ao seu contributo, às muitas horas de dedicação e de idas para o campo, percorrendo florestas, searas, montados, vilas e cidades em Portugal que conseguimos ter a noção de quais as espécies que precisam de mais trabalho de conservação. A todos, um grande obrigado! Picanço-real Lanius meridionalis
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Autor: Luís Costa (SPEA)
Um futuro para a Laurissilva em São Miguel O projeto LIFE+ Laurissilva Sustentável terminou em 2013 com resultados bastante positivos, que asseguram um futuro mais risonho para o priolo e para os habitats protegidos na ilha de São Miguel. Ainda em 2013, começou o LIFE+ Terras do Priolo que prossegue os trabalhos na Zona de Proteção Especial do Pico da Vara/Ribeira do Guilherme, procurando continuar e compatibilizar as medidas de gestão e conservação do priolo com o usufruto das áreas protegidas e a sua valorização para as economias locais.
Uma floresta, um futuro
As ilhas atlânticas dos Açores assumem uma grande importância pelos habitats únicos que possuem, consequência das suas características de isolamento e de evolução entre os dois continentes, Europa e América. A maior ameaça a estes habitats naturais é a acentuada expansão de espécies exóticas invasoras. Estas espécies, sejam plantas ou animais, são uma das principais ameaças
à biodiversidade ao nível mundial e isso nota-se particularmente nos Açores. O projeto LIFE+ Laurissilva Sustentável procurou combater diretamente esta ameaça, no sentido de recuperar áreas de habitats prioritários na ilha de São Miguel, únicas pela biodiversidade que apresentam, com destaque para o endémico priolo Pyrrhula murina. Tendo decorrido entre 2009 e 2013, o LIFE+ Laurissilva Sustentável foi mais um
Requalificação de trilho pedestre (Algarvia, Pico da Vara)
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A Zona de Proteção Especial do Pico da Vara/Ribeira do Guilherme está inserida no Parque Natural de Ilha de São Miguel (PNISM) e inclui uma importante extensão de vários dos habitats terrestres protegidos existentes nos Açores, dos quais três são classificados como prioritários pela Diretiva Habitats da União Europeia: - Florestas endémicas de cedro-do-mato - Floresta Laurissilva macaronésica - Turfeiras altas ativas.
caso de sucesso e de grandes resultados que contribuiu para a conservação de laurissilva, turfeiras e todas as espécies que ocorrem nestes habitats. O projeto foi uma parceria da SPEA com a Secretaria Regional dos Recursos Naturais e a Câmara Municipal da Povoação, sendo cofinanciado pelo programa LIFE+ da União Europeia. Contou ainda com o apoio da Câmara Municipal do Nordeste, da Direção Regional de Turismo e da ASDEPR, além de muitas outras entidades e pessoas que de forma mais ou menos regular colaboraram para o sucesso das ações.
Recuperação de floresta e turfeiras
Plantação de endémicas (urze e faia) e monitorização de flora
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Durante o projeto foram intervencionadas diferentes áreas de floresta natural num total de 50 ha. Os trabalhos incidiram no controlo de espécies de plantas invasoras como a conteira, o incenso e a cletra, tendo-se recorrido a metodologias específicas que minimizassem os danos para as espécies vegetais nativas envolventes. A intervenção dividiu-se por quatro áreas com diferentes características, nomeadamente ao nível da exposição e altitude. Foi possível recuperar zonas a menor altitude, como a área da Mata dos Bispos (concelho da Povoação), com estrutura mais desenvolvida onde as urzes ultrapassam facilmente os 5 metros de altura, e onde as principais invasoras controladas foram a conteira e o incenso. Por outro lado, a área recuperada na zona da Malhada (concelho do Nordeste), a maior altitude e mais exposta ao efeito do vento apresenta vegetação de menores dimensões e maiores densidades de cedro-do-mato, espécie muito explorada no passado. Um dos resultados mais importantes do projeto foi a recuperação da área de turfeiras no Planalto dos Graminhais, a maior área de turfeira da ilha, com 81 ha, a qual incluiu a interdição do pastoreio na área, o controlo de plantas exóticas, o encerramento de valas de drenagem e de antigos caminhos de penetração, a requalificação do trilho pedestre, a recuperação de linhas de água e a plantação de milhares de plantas nativas. Os Serviços Florestais do Nordeste, além dos esforços para a cessação do pastoreio na área, também realizaram ações de controlo de gigante na área adjacente e acessos, contribuindo assim para uma redução da propagação desta espécie altamente invasora. Este tipo de habitat assume uma grande importância no controlo de regime hídrico, funcionando como uma esponja ao absorver a água e permitir a sua libertação gradual ao longo do ano. O desenvolvimento de ações de divulgação e voluntariado nos Graminhais foi, por isso, fundamental para a população ficar a conhecer e apoiar o trabalho realizado nas turfeiras, um dos habitats menos conhecidos. Todas as ações foram alvo de monitorização regular, o que permitiu acompanhar regularmente a evolução das áreas intervencionadas, entre outros aspetos. Esta monitorização das ações (controlo de exóticas, produção de plantas e mesmo a monitorização da população de priolo e sensibi-
lização da população) permitiu uma gestão adaptativa do projeto, corrigindo ou alterando rapidamente algumas das intervenções no sentido de otimizar os recursos disponíveis e maximizar os resultados obtidos.
Um viveiro especial
Para apoio às ações de recuperação de habitats, foi criado um viveiro para produção exclusiva de espécies nativas e endémicas dos Açores. Instalado de raiz na vila da Povoação, permitiu a produção de mais de 120 000 plantas de 21 espécies nativas dos Açores, entre espécies arbóreas, arbustivas, herbáceas e fetos. A recuperação das áreas mais afetadas pelas espécies invasoras depende muito da rápida ocupação dos espaços abertos com um misto de espécies vegetais pioneiras, herbáceas e arbustivas nativas, reduzindo-se assim o risco de nova invasão e permitindo a evolução gradual da vegetação natural na área. Este viveiro contribuiu ainda com milhares de plantas utilizadas na recuperação de áreas naturais no ilhéu de Vila Franca do Campo, intervencionado no âmbito do projeto LIFE+ Ilhas Santuário para Aves Marinhas, também coordenado pela SPEA (ver Pardela 47). Foram ainda um importante polo de sensibilização e promoção das espécies nativas, tendo sido organizadas dezenas de atividades para a população da Povoação e para as escolas, que permitiram a algumas centenas de participantes conhecer melhor as espécies e os trabalhos necessários para a sua produção.
Os ecossistemas naturais, quando em bom estado, fornecem-nos diversos «serviços» de que muitas vezes nem nos apercebemos: a qualidade do ar, da água, a proteção do solo, resistência a erosão e derrocadas, muitos destes serviços são fundamentais para a nossa qualidade de vida. Apesar da maioria das áreas de intervenção do projeto estarem protegidas, existem ainda muitas ameaças que colocam em risco o seu futuro.
Desafios da sustentabilidade
No âmbito do projeto, a principal área de habitats naturais (floresta e turfeiras) foi classificada como Sitio de Importância Comunitária ao abrigo da Diretiva Habitats, contribuindo para o aumento da Rede Natura 2000, e para reforçar a importância desta região a nível europeu. Foi também definido um plano de ação para os próximos anos, que permitirá contribuir para a gestão desta área. Outro grande objetivo do projeto foi contribuir para a sustentabilidade da recuperação e conservação destas importantes áreas naturais, e um dos desafios passou por aumentar a consciencialização da população e das diversas entidades envolvidas na gestão do território. Foram realizadas centenas de atividades, desde palestras, workshops, passeios e exposições, que permitiram a milhares de pessoas conhecer melhor estes habitats e a sua importância para a sua própria qualidade de vida. Neste aspeto, foi essencial o trabalho realizado pelo Centro Ambiental do Priolo que, com os seus programas para o público em geral e escolar, levou a milhares de jovens o priolo e o seu habitat, sendo também um ponto de referência para quem visita as Terras do Priolo e procura os seus tesouros naturais. Graças ao projeto foi ainda possível promover o turismo sustentável nos concelhos da Povoação e Nordeste, designados por Terras do Priolo, segundo os processos
Viveiro do projeto, na Povoação
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Colaboradores de campo no difícil terreno da serra
participativos da Carta Europeia de Turismo Sustentável. Esta Carta foi atribuída pela EUROPARC em 2012 e permitiu a integração na rede europeia de mais de 100 parques naturais e o desenvolvimento de um plano de ação para a promoção do turismo sustentável neste território, que envolve entidades públicas, SPEA e empresários locais. A Marca Priolo implementada no seguimento deste plano conta já com mais de 20 empresas aderentes. O LIFE+ Laurissilva Sustentável procurou encontrar um modelo que compatibilizasse a preservação de um importante património natural com a melhoria da qualidade de vida das populações locais, produzindo dessa forma maisvalias que permitam a gestão e conservação a longo prazo das áreas naturais. Após quatro anos e meio, com muito esforço e o apoio de centenas de pessoas ficamos mais perto de assegurar mais do que uma floresta: um futuro. Um futuro que terá a ajuda do novo projeto LIFE+ Terras do Priolo, coordenado pela SPEA em parceria com a Secretaria Regional dos Recursos Naturais (SRRN), e que até junho de 2018 pretende contribuir para a gestão do sítio da Rede Natura 2000 ZPE Pico da Vara/ Ribeira do Guilherme, através da implementação de medidas inovadoras de gestão e restauração da floresta Laurissilva, monitorização do priolo e da biodiversidade da área, gestão do uso público, sensibilização das populações e promoção da sustentabilidade a longo prazo. Autor: Joaquim Teodósio (SPEA) life-laurissilva.spea.pt life-terrasdopriolo.spea.pt Turistas percorrem trilhos recuperados e alunos em atividade de educação ambiental
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A diversidade de aves de Almada um património para conhecer e proteger
Chapim-azul Parus caeruleus
Banhado pelo oceano Atlântico a poente e pelo rio Tejo a norte, o concelho de Almada apresenta uma diversidade de aves invulgar num território com características marcadamente urbanas, estando identificadas mais de 160 espécies. Um património para descobrir em plena área metropolitana de Lisboa.
P
elas suas características mais urbanas, poder-se-ia pensar que em Almada não existiriam muitos motivos de interesse ornitológico. No entanto, graças à sua situação geográfica privilegiada, rodeada pelo Atlântico e pelo Tejo, e ao esforço de preservação de vários ecossistemas do seu território, Almada é detentora de uma relevante diversidade avifaunística. De facto, por entre os ambientes marinhos, ribeirinhos, rupícolas, florestais, agrícolas, e até urbanos, o concelho de Almada abriga um conjunto de aves variado, onde já foram registadas mais de 160 espécies.
A frente atlântica
A extensa frente atlântica, com mais de 14 km, torna as aves marinhas um dos principais atrativos ornitológicos do território de Almada, onde espécies como o alcatraz Morus bassanus, a cagarra Calonectris diomedea e a pardela-das-baleares Puffinus mauretanicus reúnem populações invernantes muito importantes nas águas mais ao largo. Na época fria, a zona costeira também recebe números significativos de limícolas, com as praias de areia a serem percorridas por grandes bandos de pilritos-das-praias Cali-
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dris alba e os pontões rochosos da Costa da Caparica a proporcionarem abrigo a muitas rolas-do-mar Arenaria interpres. O extenso cordão dunar que se prolonga desde a Costa da Caparica até à Fonte da Telha é habitado por aves como a cotovia-de-poupa Galerida cristata e o borrelho-de-coleira-interrompida Charadrius alexandrinus, que nidifica com regularidade nas dunas da Cova do Vapor.
A frente ribeirinha
A frente ribeirinha entre a Trafaria e a Cova do Vapor, no troço correspondente à foz do Tejo, é especialmente importante para as aves marinhas, que em dias de mar agitado buscam abrigo nesta zona de confluência das águas salgadas e salobras. Aqui se concentram várias dezenas de corvos-marinhos Phalacrocorax carbo em dormitórios, bem como diversas gaivotas e outras aves, incluindo espécies menos comuns ao nível nacional, que neste local ocorrem com regularidade, como o gaivotão-real Larus marinus ou a torda-mergulheira Alca torda. Mais para o interior, o gargalo do Tejo apresenta zonas de substrato rochoso, únicas no contexto do estuário deste grande rio, que no inverno abrigam números importantes de maçarico-das-rochas Actitis hypoleucos, além de ocasionais garças-brancas Egretta garzetta e alvéolas-cinzentas Motacilla cinerea, que ocorrem desde a Trafaria até Cacilhas.
As arribas
As arribas são um dos elementos mais marcantes da paisagem de Almada, distinguindo-se a arriba fóssil, que se estende ao longo da frente atlântica e integra uma área de paisagem protegida, e a arriba ribeirinha, que ocupa toda a frente virada ao Tejo. Ambas constituem locais de nidificação para aves de rapina diurnas, como o peneireiro Falco tinnunculus e o falcão-peregrino Falco peregrinus, que são frequentemente observados a patrulhar estas escarpas. Também aqui ocorrem aves de rapina noturnas, como o mocho-galego Athene noctua, bem como passeriformes rupícolas como o rabirruivo Phoenicurus ochruros, além de espécies exóticas, como o mainato-de-poupa Acridotheres cristatellus, que tem na Costa da Caparica a colónia mais numerosa do país e um dos melhores locais de observação da espécie.
A Mata dos Medos e as terras agrícolas
No topo da arriba fóssil da Costa da Caparica estende-se a vasta Mata dos Medos, classificada como reserva botânica com vista à preservação da importante vegetação mediterrânica aqui presente, que integra vários endemismos ibéricos. Espécies como o pinheiro-manso, a aroeira, a sabina-das-praias, a camarinha, ou o tojo-chamusco, servem de habitat a aves típicas de matos e bosques, como a toutinegra-carrasqueira Sylvia undata, a toutinegra-dos-valados
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Sylvia melanocephala, o cartaxo Saxicola rubicola, a gralha-preta Corvus corone, o chapim-de-poupa Parus cristatus, ou o chapim-azul Parus caeruleus. As áreas agrícolas situadas junto à base da arriba fóssil, conhecidas como Terras da Costa, e os prados de sequeiro, existentes na região norte do concelho, são frequentados essencialmente por aves de hábitos terrestres, como a perdiz Alectoris rufa e a poupa Upupa epops, e por passeriformes granívoros, como a milheirinha Serinus serinus ou o pintassilgo Carduelis carduelis.
Parque da Paz
Inserido no tecido urbano da cidade, o Parque da Paz é um dos principais espaços verdes de Almada, constituindo um verdadeiro oásis de vida natural nos seus mais de 60 hectares. Conserva uma área florestada com vegetação mediterrânica autóctone, que inclui sobreiros, pinheiros, aroeiras, medronheiros e carrascos, onde ocorrem diversas aves típicas de meios florestais, como o pica-pau-malhado Dendrocopos major, o gaio Garrulus glandarius, a trepadeira Certhia brachydactyla, o chapim-carvoeiro Parus ater, ou o pisco-de-peito-ruivo Erithacus rubecula. No Parque da Paz existe também um lago artificial, que constitui um local de grande importância para as aves aquáti-
natureza, fruto de parcerias com fotógrafos almadenses de reconhecido mérito, como Luís Quinta e Ricardo Guerreiro. Visitas para observação de aves no campo são também dinamizadas com frequência, sendo o Parque da Paz, pela sua localização em plena cidade e pela diversidade de habitats que apresenta, um local privilegiado para estas ações. Recentemente, neste pulmão da cidade foi também instalada sinalética de informação sobre a avifauna que aqui se pode descobrir, e editado um guia de aves temático dirigido ao público infantil ou a quem se pretende iniciar na ornitologia. Em resultado de uma ação conjunta com a SPEA, foram ainda instaladas 30 caixas-ninho em diversos locais do parque, com vista a promover a nidificação de várias espécies de passeriformes. A grande diversidade avifaunística de Almada constitui, sem dúvida, uma mais-valia do seu património ambiental. A aposta que tem vindo a ser feita na sua divulgação é um esforço que poderá ser decisivo para que a comunidade local possa contribuir ativamente para a proteção dos habitats e das aves que aqui ocorrem. Autores: Catarina Freitas, Deolinda Ataíde, Mário Estevens, Miguel Castro, Nuno Lopes & Patrícia Silva Departamento de Estratégia e Gestão Ambiental Sustentável da Câmara Municipal de Almada | www.m-almada.pt/ambiente
cas, congregando espécies que raramente se veem noutros locais do concelho, como a galinha-de-água Gallinula chloropus, o galeirão Fulica atra, o pato-real Anas platyrhynchos ou o guarda-rios Alcedo atthis.
Divulgação e sensibilização
Toda esta riqueza tem sido objeto de estudos de inventariação e monitorização por parte da Câmara Municipal de Almada, muitas vezes em parceria com a SPEA, com vista à integração de medidas de proteção da avifauna no Plano de Ação Local para a Biodiversidade. Este inovador Plano pretende sintetizar toda a informação existente sobre o património natural do concelho, caracterizar as pressões e ameaças presentes e futuras, e definir prioridades de intervenção, metas e medidas concretas a adotar para preservar os valores naturais do território. Adicionalmente, as aves de Almada têm merecido especial atenção no âmbito da Estratégia de Educação para a Sustentabilidade da autarquia, sendo regularmente contempladas em percursos de natureza e outras atividades de divulgação e sensibilização. Nos últimos anos, por exemplo, o Município de Almada tem vindo a apostar em projetos de divulgação do seu património natural, como é o caso de exposições de rua ou a publicação de livros de fotografia de
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Salvaguardar a calhandra-do-raso
Dunas do ilhéu Branco, Reserva Marinha de Santa Luzia em Cabo Verde
Ilhas desertas, paradisíacas, mas também quentes e inóspitas! Esta é a primeira impressão com que fica o visitante que pela primeira vez desembarca na Reserva Marinha de Santa Luzia em Cabo Verde, alvo de um novo projecto que, entre outras acções, visa a salvaguarda da calhandra-do-raso.
P
or baixo de uma superfície agreste e seca, das montanhas e solo rochoso, e das bonitas praias a perder de vista, a Natureza povoou este pequeno arquipélago com inúmeras espécies que fazem delas a sua casa. São três as ilhas que fazem parte da maior reserva marinha de Cabo Verde: Santa Luzia, Branco e Raso. No ilhéu Raso pode-se ouvir o canto frequente de uma pequena ave: a calhandra-do-raso Alauda razae. Uma espécie que apenas existe aqui e cuja população já esteve reduzida a menos de 100 aves, fruto da presença de predadores in-
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troduzidos e das alterações do seu habitat. São actualmente mais de 800, graças a alguns anos de boas condições meteorológicas que permitiram boas épocas de reprodução e a sua recuperação. A calhandra-do-raso continua, no entanto, a ser uma das espécies mais ameaçadas do mundo e a estar sujeita às difíceis condições de vida e falta de água do ilhéu Raso. A Biosfera I, a SPEA e a RSPB uniram-se para melhorar as condições do habitat desta ave e tentar melhorar as suas hipóteses de sobrevivência futura.
Número de indivíduos 1800 1600 1400
Evolução da população de calhandras-do-raso
1200
Fonte: M. de L. Brooke, com. pess. e Brooke, M. de L.; T.P. Flower; E.M. Campbell; M.C. Mainwaring; S. Davies & J.A. Welbergen. 2012. Rainfall-related population growth and sex ratio change in the Critically Endangered Raso lark Alauda razae. Animal Conservation 16: 466-471. DOI: 10.1111/j.1469-1795.2012.00535.x
1000 800 600 400 200 0 2002
2004
2006
2008
2010
2012
Ano
Calhandra-do-raso Alauda razae
Cabo Verde e Reserva Marinha de Santa Luzia
Santo Antão São Vicente
Sal São Nicolau Boa Vista
Santa Luzia
Ilhéu Branco
Ilhéu Raso
Santiago
Maio
“
A calhandra-do-raso continua, no entanto, a ser uma das espécies mais ameaçadas do mundo e a estar sujeita às difíceis condições de vida e falta de água do ilhéu Raso.”
Ilhéu de Cima Ilhéu Grande
Fogo
Brava
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Alcatraz-pardo Sula leucogaster (2 adultos e cria, ao centro)
Equipa da Biosfera I e pescadores em Santa Luzia
Acampamento para protecção de tartarugas em Santa Luzia
Tartarugas juvenis a caminho do mar
A Biosfera I é uma jovem organização não-governamental cabo-verdiana, que desde 2007 se dedica à protecção do ambiente marinho e da Reserva de Santa Luzia. São conhecidas as suas campanhas de protecção de cagarras no Raso e das tartarugas em Santa Luzia. A sua dedicação e esforço já lhes mereceram o reconhecimento nacional e internacional e alguns prémios pelo seu trabalho.
Projecto 2013/2014
Com o apoio e financiamento do Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos (CEPF), em Março de 2013 iniciou-se a primeira fase do grande projecto actualmente em curso, que terminará em Julho de 2014. Até lá, são várias as acções que terão de ser implementadas pelos parceiros do projecto. Além de manter a protecção dos locais de desova de tartarugas e as colónias de cagarras, serão ainda efectuados estudos sobre a vegetação das ilhas e as densidades e dietas de gatos e ratos introduzidos em Santa Luzia. Todas as espécies terrestres estão a ser monitorizadas em detalhe, para que se possam avaliar com segurança as alterações que se venham a verificar numa fase futura, após as intervenções da Biosfera I e SPEA. Estão a ser estudadas as comunidades
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de répteis, ricas em endemismos e com espécies de elevada importância, como a osga-do-raso Tarentola gigas, uma das maiores osgas do mundo. Também as aves marinhas e terrestres estão a ser monitorizadas e a sua biologia estudada. O projecto inclui ainda várias sessões de esclarecimento com a população local e pescadores e está a ser realizado em proximidade com as autoridades de Cabo Verde, para que o futuro plano de gestão desta Reserva inclua todas as recomendações da SPEA e da Biosfera I. Prevê-se iniciar a segunda fase deste projecto ainda em 2014 para remover os gatos de Santa Luzia, a ilha principal, e translocar algumas calhandras para aqui, para que possam estabelecer um segundo núcleo populacional e assim assegurar melhores condições de sobrevivência da espécie. Autores: Pedro Geraldes (SPEA) e Tommy Melo (Biosfera I) NOTA: Os autores não reconhecem a legalidade do Acordo Ortográfico de 1990 e não o adoptam.
Observando aves rio-a-dentro Gosta de observar muitas aves de uma só vez? Saiba que a SPEA, em conjunto com a empresa Rio-a-Dentro, organiza visitas de barco para observar as aves de alguns mouchões do Tejo. Este passeio agradável é também uma oportunidade única de ver um conjunto de espécies difíceis de observar neste número noutros locais. E com este relato na primeira pessoa convidamo-lo a seguir connosco… rumo à ilha das Garças.
O
passeio começa cedo, com o embarque na aldeia do Escaroupim. Logo à nossa frente está a ilha das Garças, onde existe uma colónia onde pernoitam e nidificam várias espécies. Parece incrível que uma ilha tão pequena tenha tantas aves! O barco é elétrico para não perturbar as aves e evitar a poluição. Ao leme está Rui Domingos e a guiar a visita Joana Andrade, técnica da SPEA, que
nos dará informações preciosas sobre as espécies que estamos a ver. Mantendo uma distância segura da colónia, aproximamo-nos da ilha repleta de garças, incluindo centenas de casais de carraceiros Bubulcus ibis, que alimentam as crias, enquanto exibem as suas plumagens nupciais. As garças-reais Ardea cinerea fazem os ninhos mais alto, nos salgueiros que vergam com o peso. Todos os «andares» estão ocupados e os progenitores andam num
corrupio, alimentando os filhotes. Estamos em junho, e há crias em diferentes estádios de desenvolvimento, o que torna a visita ainda mais interessante! As garças-brancas-pequenas Egretta garzetta, com as patas amarelas e o penacho na cabeça, partilham os ramos com os colhereiros Platalea leucorodia. Um juvenil baixa a cabeça. Está a pedir comida aos pais. Mais adiante, observamos um goraz Nycticorax nycticorax juvenil! É uma es-
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Íbis-preta Plegadis falcinellus
Colhereiros Platalea leucorodia
Carraceiro Bubulcus ibis
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pécie estival nidificante em Portugal, com o estatuto de «Em perigo» de extinção. É bom saber que ali cria com sucesso! Há vários adultos e juvenis de íbis-pretas Plegadis falcinellus, o que confirma que ali nidificam com sucesso. Mas o Tejo tem outros mouchões com outras surpresas. A jusante, numa outra ilha, uma égua de uma coudelaria próxima descansa na areia e um corvo-marinho abre as asas para as secar. Nas margens arenosas, uma colónia de andorinhas-das-barreiras (Riparia riparia) transporta insetos para as crias e os abelharucos Merops apiaster, vindos de África, repetem os mesmos movimentos. Numa árvore mais à frente, um ninho de milhafre-preto Milvus migrans, uma espécie oportunista que não se importará de comer um filhote de garça desprotegido. Uma águia-d’asa-redonda Buteo buteo sobrevoa-nos e simultaneamente vemos mais do que uma águia-pesqueira Pandion haliaetus, espécie praticamente extinta como nidificante em Portugal. À medida que vamos navegando pelos canais, um macho de bispo-de-coroa-amarela Euplectes afer surge com o seu amarelo vivo. É uma ave africana, introduzida em Portugal. Dezenas de andorinhas-das-chaminés Hirundo rustica descansam à sombra, num ramo à beira rio. No barco bebe-se água e petisca-se sem tirar os olhos do céu, pois as garças e os corvos-marinhos continuam a sobrevoar-nos. Numa última volta à ilha das Garças, avistamos um papa-ratos Ardeola ralloides, espécie em declínio na Europa e cuja população nidificante em Portugal tem o estatuto de «Criticamente em perigo» de extinção. Foi o ponto alto do dia!!! Para quem vê a colónia da margem, ela é impressionante, mas, vista de barco, rio-a-dentro sabe ainda melhor!!! Fontes: www.icnf.pt/portal/naturaclas/ patrinatur/lvv Autora: Cristina Girão Vieira (sócia da SPEA) N.A.: a autora não tem qualquer interesse comercial ou económico na empresa mencionada no texto
Próximas atividades SPEA/Rio-a-dentro: - 5 julho: os segredos de Escaroupim - 16 novembro: navegar pelo est. do Tejo
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Ilustração ornitológica voos de risco...e cor «Observar e desenhar uma ave de asas abertas é um exercício que transmite, no imediato, a ideia subliminar da liberdade de um voo. Dominar a arte de bem representar as asas, é uma das condições primordiais para transmitir identidade e genuinidade às espécies de avifauna.»
A
s asas são talvez, de entre todos os elementos da anatomia externa das aves, aqueles que lhes conferem maior identidade enquanto grupo particular de vertebrados. A configuração geral destes membros anteriores revestidos de penas especializadas, quando em plena extensão, avança preciosas pistas sobre o grupo a que determinada espécie pode pertencer. Enquanto a asa de um falconídeo exibe uma configuração mais afilada, própria para voos vertiginosos, uma ave marinha como o cagarro Calonectris diomedea terá uma asa retangular bastante mais estendida, própria para o voo planado, aproveitando as correntes
ascendentes. Se a essa informação adicionarmos cores e/ou padrões, seja na face dorsal e/ou ventral, a identificação assim propiciada pode chegar inclusive ao nível do género e/ou espécie.
Asas e penas
Sendo elementos chave, aquando da figuração de uma ave, é crucial familiarizarmo-nos com cada grupo de penas alares, a sua forma, a sua posição e o seu número, isto é com a arquitetura e a topografia da asa, principalmente nas aves que voam (em oposição às aves que com elas nadam, como os pinguins, às corredoras, como as avestruzes, em que atrofiaram).
Vista inferior da asa
Vista superior da asa
Face ventral
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Regra geral, as aves, quando figuradas em poiso, são representadas em variadas poses, sendo que normalmente são preferidas as normas laterais, dorso-laterais ou ventro-laterais, consoante aquilo que é preciso enfatizar como mais distintivo na espécie, ou mesmo do género (caso o dimorfismo sexual seja acentuado). Ilustrar uma ave a voar representa um exercício de ainda maior complexidade, uma vez que a asa já não é ilustrada recolhida e em descanso (fechada), lateralizando o tronco corporal, e sim distendida (aberta) e em pleno destaque do mesmo. Face a esta contingência, esta é geralmente
Tordo-ruivo Turdus iliacus, passo a passo
Asa (topografia) Vista superior (dorsal)
Asa (formatos) Vista superior (dorsal)
— rémiges escapulares
elíptica (passeriformes)
— coberturas supra-alares pequenas — coberturas supra-alares médias — coberturas supra-alares grandes — rémiges bastardas
quadrangular com aberturas
triangular (voos picados)
— grandes supra-alares primárias — rémiges primárias — rémiges secundárias
ilustrada em três normas: de lado, de cima (topo ou dorsal), ou vista de baixo (ventral). Se as duas últimas são aquelas em que as asas apresentam a sua máxima expressão, a primeira (lateral) é a mais versátil pois é aquela onde teoricamente se observam simultaneamente ambas as faces, no pico de um ciclo de batimento (ventral, na asa mais proximal, e dorsal, na asa mais distal, ou vice-versa, após o batimento). Em geral, e com exceção de alguns grupos (ex.: as aves de rapina), a face ventral é bastante menos expressiva (em cor e padrões) que a face dorsal, onde as penas ganham um maior protagonismo (para exibição, camuflagem, etc.).
Passo a passo
O primeiro passo numa ilustração deste género passa sempre por obter referências visuais que nos auxiliem a identificar e posicionar cada uma das penas. A situação ideal é a de se
estendido (voo planado)
estudar esta num espécime ou, em alternativa, consultando coleções de asas abertas conservadas e depositadas em museus. Um destes espaços é o Burke Museum of Natural History & Culture, que possui um inventário de cerca de 26 000 espécimes e é considerado o maior acervo mundial de asas de aves. Por outro lado, outros há que embora possuindo coleções menores, as disponibilizam para consulta através da internet — como o Slater Museum of Natural History (http://digitalcollections.pugetsound.edu/cdm/search/ collection/slaterwing). A escolha da perspetiva é um outro passo igualmente importante, na medida em que não deve distorcer demasiado a configuração das asas e deve permitir que a ponta da asa esquerda se posicione num plano proximal ao observador (como se este voasse ligeiramente acima da ave, mas ladeando-a). Nessa asa, serão as supra-alares
primárias, as rémiges primárias e as rémiges bastardas aquelas que serão desenhadas destacadas e bem isoladas (com baixo índice de sobreposição), enquanto as rémiges secundárias e as coberturas supra-alares grandes, serão aquelas que terão menor expressão/ área no desenho preliminar e/ou artefinal. Obviamente na asa mais «afastada» do observador (distal), esta tendência e ordem inverte-se e, estando num plano de fundo, poderão ser menos pormenorizadas. Concluído o modelo preliminar é hora de lhe dar volume e cor para ganhar vida, materializandose assim num interessante e (ar)riscado voo... Autor: Fernando Correia www.efecorreia-artstudio.com Laboratório de Ilustração Científica da Universidade de Aveiro
Cagarra Calonectris diomedea borealis, passo a passo
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A ciência das aves Compilado por Teresa Catry e Maria Dias
Período de publicação: janeiro-abril de 2013
Grazina Gygis alba, uma das espécies tropicais estudada por T. Catry et al.
Artigo em destaque A influência da perturbação humana, geologia e outros fatores ambientais na determinação da abundância e diversidade das comunidades de aves costeiras durante o inverno Pedro M. Lourenço, Paulo Catry, Miguel Lecoq, Iván Ramírez & José Pedro Granadeiro. 2013. Role of disturbance, geology and other environmental factors in determining abundance and diversity in coastal avian communities during winter. Marine Ecology Progress Series 479: 223–234. A maioria das aves limícolas passa o inverno em zonas húmidas costeiras. Embora tenham sido largamente estudadas em zonas estuarinas, pouco se sabe sobre os fatores que determinam a distribuição e a abundância das limícolas ao longo da costa não estuarina, onde ocorrem números importantes de algumas espécies. Neste estudo foram analisados os dados de abundância de aves limícolas ao longo da costa não estuarina de Portugal (total de 1096 km) recolhidos no âmbito do projeto Arenaria, juntamente com um conjunto de variáveis da costa relacionadas com a perturbação humana, habitat e as características geofísicas. Foram detetados um total de 6866 individuos de 13 espécies de limícolas, sendo as mais abundantes o pilrito-das-praias Calidris alba (2897) e a rola-do-mar Arenaria interpres (2191). Verificou-se que a presença de falcões-peregrinos Falco peregrinus e a presença de pessoas e cães nas zonas entre-marés estão associadas a menores abundâncias de limícolas. No entanto, a densidade populacional e a percentagem de urbanização da costa estão associadas a densidades de limícolas mais elevadas, sugerindo que a presença
humana é mais prejudicial quando ocorre perturbação direta das aves. Outras variáveis associadas a maiores densidades de limícolas são a presença de zonas entre-marés rochosas, a proximidade de estuários e temperaturas médias mais baixas durante o inverno. Verificou-se ainda que as zonas da costa com uma geologia dominada por rochas ígneas e metamórficas (basaltos, granitos, xistos, grauvaques e diabases) apresentavam maior diversidade de aves limícolas, i.e. um maior número de espécies, do que as zonas dominadas por rochas sedimentares ou praias arenosas. Esta relação entre a geo-
Rolas-do-mar e pilritos-das-praias, duas espécies de aves costeiras
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logia costeira e a diversidade de limícolas nunca havia sido antes descrita. Uma melhor compreensão dos fatores que determinam a abundância e diversidade das aves limícolas nas zonas não estuarinas poderá no futuro ajudar a definir ações de conservação dirigidas a estas zonas.
Outros artigos Erwin Nemeth, Nadia Pieretti, Sue Anne Zollinger, Nicole Geberzahn, Jesko Partecke, Ana Catarina Miranda & Henrik Brumm. Bird song and anthropoge-nic noise: vocal constraints may explain why birds sing higher-frequency songs in cities. 2013. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 7: 280 1754 20122798. Inês Catry, Aldina M.A. Franco, Pedro Rocha, Rita Alcazar, Susana Reis, Ana Cordeiro, Rita Ventim, Joaquim Teodósio & Francisco Moreira. 2013. Foraging Habitat Quality Constrains Effectiveness of Artificial Nest-Site Provisioning in Reversing Population Declines in a Colonial Cavity Nester. PLoS ONE 8: e58320. Iván Ramírez, Vitor H. Paiva, Dília Menezes, Isamberto Silva, Richard A. Phillips, Jaime A. Ramos & Stefan Garthe. 2013. Year-round distribution
and habitat preferences of the Bugio petrel. Marine Ecology Progress Series 476: 269-284. José A. Alves , Tómas G. Gunnarsson, Daniel B. Hayhow, Graham F. Appleton, Peter M. Potts, William J. Sutherland & Jennifer A. Gill. 2013. Costs, benefits and fitness consequences of different migratory strategies. Ecology 94: 11–17. José A. Alves, Tomas G. Gunnarsson, Peter M. Potts, William J. Sutherland & Jennifer A. Gill. 2013. Sex-biases in distribution and resource use at different spatial scales in a migratory shorebird. Ecology and Evolution 3: 1079–1090. René E. van Dijk, Jennifer C. Kaden, Araceli Argüelles-Ticó, L. Marcela Beltran, Matthieu Paquet, Rita Covas, Claire Doutrelant & Ben J. Hatchwell. 2013. The thermoregulatory benefits of the communal nest of sociable weavers Philetairus socius are spatially structured within nests. Journal of Avian Biology 44: 102-110. Ricardo J. Lopes, José A. Alves, Jennifer A. Gill, Tómas G. Gunnarsson, Jos C. E. W. Hooijmeijer, Pedro M. Lourenço, Jose A. Masero, Theunis Piersma, Peter M. Potts, Bruno Rabaçal, Sandra Reis, Juan M. Sánchez-Guzman, Francisco Santiago-Quesada & Auxiliadora Villegas. 2013. Do different subspecies of Black-tailed Godwit Limosa limosa over-
Tecelão-sociável Philetairus socius (adulto e juvenil no ninho) estudado por R. van Dijk et al.
lap in Iberian wintering and staging areas? Validation with genetic markers. Journal of Ornithology 154: 35-40. Teresa Catry, Jaime A. Ramos, Inês Catry, David Monticelli & José P. Granadeiro 2013. Inter-annual variability in the breeding performance of six tropical seabird species: influence of life-history traits and relationship with oceanographic parameters. Marine Biology 160: 1189-1201. Teresa Militão, Karen Bourgeois, Jose L. Roscales & Jacob González-Solís. 2013. Individual migratory patterns of two threatened seabirds revealed using stable isotope and geolocation analyses. Diversity and Distributions 19: 317–329. Vitor H. Paiva, Pedro Geraldes, Vitor Marques, Rula Rodríguez, Stefan Garthe & Jaime A. Ramos. 2013. Effects of environmental variability on different trophic levels of the North Atlantic food web. Marine Ecology Progress Series 477: 15-28.
Melro Turdus merula, alvo de estudo sobre ruído das cidades e o canto das aves, por E. Nemeth et al.
n.º 48 pardela • 29
Captura acidental de aves marinhas
O QUE É O BYCATCH
As aves marinhas são o grupo de aves mais ameaçado do mundo. Fora dos locais de nidificação, a captura acidental por artes de pesca (bycatch) é o fator que mais contribui para esta situação.
Espécies marinhas capturadas acidentalmente em artes de pesca, como redes e anzóis
maior da União Europeia (UE)
4653
embarcações licenciadas em dezembro 2012
alguns PROBLEMAS
≈
morrem 200 000
aves marinhas anualmente em águas da UE
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Anzóis desprotegidos
Artes colocadas à superfície
Isco visível às aves
Os pescadores não querem capturar aves marinhas. Este problema pode trazer perdas financeiras elevadas para eles.
Albatrozes
Airo
17 das 22 espécies estão em vias de extinção em todo o mundo
EXTINTO como nidificante no arquipélago das Berlengas
Qual a próxima
Plano de ação para aves marinhas • Recolha de dados • Formação dos pescadores
• Campanhas de sensibilização
Os governantes europeus têm de incluir este plano nas suas prioridades para bem do ecossistema marinho.
Fundos disponíveis para ajudar os pescadores a implementar alterações às artes de pesca.
algumas SOLUÇÕES divulgue www.spea.pt/pt/participar/campanhas
Anzol protegido até determinada profundidade
Largada subaquática ou mecanismos para afundamento mais rápido
Largada noturna
Texto: Nuno Barros e Nuno Oliveira (SPEA) Infografia: Susana Costa (SPEA)
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Dias RAM Citizen science ou a investigação científica ao alcance de todos
Cabo Raso, Cascais
Os Dias RAM - Rede de Observação de Aves e Mamíferos Marinhos são uma atividade que se enquadra no movimento citizen science, que envolve o público generalista na investigação científica. Naquele dia de dezembro de manhã, um pequeno grupo de pessoas, entre biólogos e observadores de aves amadores, marcou presença no cabo Raso, em Cascais. É sempre assim no primeiro sábado de cada mês, em vários cabos do país.
No cabo Raso (Cascais), o dia amanhece com céu limpo, e o vento faz com que a temperatura pareça estar mais baixa do que os 5°C previstos. À esquerda do farol, numa zona mais resguardada da costa rochosa, um grupo de pessoas equipadas com gorros, luvas e cachecóis olha fixamente o mar. Seis são observadores de aves experientes e utilizam telescópios monta-
8h20
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dos em tripés. «Dois patolas para o sul, ao longe», relata um em voz alta para se sobrepor ao vento. A informação é prontamente apontada pelo sétimo membro do grupo, munido de lápis e folhas de registo. Os sete madrugadores estão a levar a cabo uma ação de monitorização organizada pela SPEA, o Dia RAM – Rede de observação de Aves e Mamíferos Marinhos. «A RAM foi inicialmente implementada por um grupo de espanhóis», explica Nuno Oliveira, o técnico respon-
sável pela atividade. A iniciativa teve origem na Cantábria e Galiza em 2005, e depois estendeu-se praticamente a toda a Península Ibérica. O objetivo é reunir dados que permitam determinar, aproximadamente, a abundância e os movimentos das aves marinhas costeiras e cetáceos no Oceano Atlântico e Mar Mediterrâneo. No âmbito da RAM, há uma manhã por mês (o Dia RAM) em que, simultaneamente nos cabos de toda a área coberta pela rede (de Peniche a Faro)
Grupo de participantes em Dia RAM no cabo Raso
O técnico Nuno Oliveira e a estagiária Marta Sendra usam o telescópio para perscrutar o horizonte à procura de aves
se contabiliza a passagem de aves marinhas e os avistamentos de cetáceos. Naquele dia de inverno, a observação inicia-se às oito horas, e é utilizada uma metodologia padronizada. «O telescópio é deixado fixo, mais ou menos perpendicular à costa, e depois vai-se contando os animais que passam», esclarece Nuno Oliveira.
Envolver o público na investigação é uma tradição na ornitologia
Ao contrário dos vulgares projetos científicos levados a cabo por cientistas, a RAM convida à participação de qualquer pessoa interessada em aves
marinhas e cetáceos. Os Dias RAM são, por isso, considerados um projeto de citizen science, um conceito que envolve, voluntariamente, o público generalista na investigação científica. Um dos projetos pioneiros de citizen science, que é também o mais duradouro, é o Christmas Bird Count (Contagens de Aves no Natal, na América do Norte). Este projeto, promovido pela Audubon Society, parceira BirdLife nos Estados Unidos, foi lançado em 1900 como uma alternativa à caça desportiva tradicional na época natalícia, consistindo no registo das aves observadas por cidadãos comuns desde meados de dezembro até ao princípio de janeiro. O objetivo era aproveitar o conhecimento
dos observadores amadores para fins científicos e conservacionistas e o projeto decorre ainda nos dias de hoje. Atualmente, os projetos de citizen science são um contributo importante para a investigação em Ecologia. Com efeito, a participação de cidadãos permite a recolha de dados numa vasta área geográfica e durante um longo período de tempo, uma tarefa que seria inviável para uma equipa de cientistas, por ser extremamente morosa e dispendiosa. Neste último Dia RAM de 2012 no cabo Raso, o grupo era constituído por alguns biólogos, mas também por pessoas sem formação académica em Ciências Biológicas. Uma delas é José Paulo Monteiro, médico pediatra no Hospital Garcia d’Orta (Almada). Este observador de aves amador, mas experiente, é um entusiasta do birdwatching, atividade em se iniciou devido a uma amizade. «Tive um amigo que era biólogo. Eramos da mesma equipa de remo e fizemos juntos um estágio na Barragem do Maranhal. Lembro-me que ele tinha uns binóculos e um guia de aves e eu achava estranho que se levantasse antes de irmos treinar, para observar aves. Comecei a ir com ele e foi aí que tudo começou», explica o médico, que refere que o facto de a mãe ser bióloga poderá, igualmente, ter contribuído para que se tornasse observador de aves. Começou por fazê-lo ocasionalmente em 1986-87, e hoje é participante assíduo das ações da SPEA. «Cria-se uma dependência. Quando há um fim de semana em que não vamos para o campo ver aves, sentimo-nos mal». E o seu entusiasmo contagiou o pai, José Monteiro, antigo oficial da Marinha, também presente neste Dia RAM. «Foi ele quem me passou o vício», afirma o septuagenário com um sorriso. O gosto pela observação de aves levou pai e filho a fazerem-se sócios da SPEA e, mais tarde, a envolverem-se de forma mais direta no trabalho desta ONG, integrando atualmente a sua Direção Nacional.
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O voluntariado científico permite construção de vastas bases de dados Alguns dos membros do grupo começam a desmontar os tripés para abandonar o local. Indiferente a estes movimentos, uma pequena ave de ventre branco e dorso castanho desloca-se por entre as rochas a menos de 10 metros, revirando as pedras à procura de crustáceos. Trata-se de uma rola-do-mar Arenaria interpres e é uma das aves mais comuns da costa rochosa portuguesa. Nuno Oliveira dá a atividade por concluída. Os dados recolhidos hoje serão introduzidos, tal como os resultados dos outros censos da SPEA, na plataforma online PortugalAves. Trata-se de uma base de dados sobre a ocorrência e distribuição de aves ao nível nacional. Reúne os registos de observadores de aves para fins conservacionistas, funcionando simultaneamente como local de armazenamento das observações pessoais, mantendo-as organizadas e sempre disponíveis. Deste modo, além das observações feitas durante as ações da SPEA, o website aloja avistamentos feitos no dia a dia. Por outro lado, todos os que participaram neste Dia RAM receberão, por e-mail, o relatório da atividade. O retorno de informação sobre a participação nas iniciativas de citizen science é um aspeto fundamental para manter elevada a motivação de voluntários como José Paulo e José Monteiro, garantindo que continuarão a participar em ações deste tipo e a contribuir para a construção do conhecimento científico.
10h30
11h
José Paulo Monteiro observa o mar durante o período de três horas que durou a ação de monitorização
Autora: Filipa Alves Mestranda em Comunicação de Ciência (Universidade Nova de Lisboa / Faculdade de Ciências Sociais e Humanas)
Participe nos dias RAM Próximas datas: 5 julho, 2 agosto, 6 setembro, 4 outubro, 8 novembro, 13 dezembro Locais: cabo Carvoeiro (Peniche), cabo Raso (Cascais), cabo Espichel (Sesimbra), Sines, cabo de S. Vicente (Sagres), Faro (ilha do Farol), Porto Moniz (Madeira), Corvo e S. Miguel (Farol do Arnel)
Rola-do-mar Arenaria interpres
Saiba mais: www.spea.pt/pt/ estudo-e-conservacao/censos/dias-ram/
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Pardela-balear Puffinus mauretanicus
CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
LUÍS COSTA
Toutinegra-de-bigodes (Sylvia cantillans)
5ªEDIÇÃO
OUTUBRO’14 F E S T I VA L SAGRES OBSERVAÇÃO de
AVES
02,03,04e05
& ATIVIDADES DE NATUREZA
SAÍDAS DE CAMPO
SAÍDAS DE BARCO ANILHAGEM DE AVES
ATIVIDADES PARA CRIANÇAS
MINI-CURSOS EXPOSIÇÕES MONITORIZAÇÃO DE AVES PLANADORAS PASSEIOS A CAVALO
PASSEIOS COM BURROS DE CARGA
INSCRIÇÕES DURANTE O MÊS DE AGOSTO DE 2014 MAIS INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES
WWW.BIRDWATCHINGSAGRES.COM CÂMARA MUNICIPAL DE VILA DO BISPO (282 630 601) SPEA / BIRDLIFE (+351 213 220 434/0) ALMARGEM (+351 289 412 959)
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