Revista FICA - 6ª Edição

Page 1




Editorial Editorial Editorial

Um prêmio não é apenas um título. No caso do FICA, é também uma oportunidade de mudar a trajetória de produtores e diretores que, a despeito do talento, da força de vontade e de investimentos do próprio bolso, muitas vezes não conseguem viver de cinema. Nessa edição, a Revista mostra como a premiação do festival impactou de forma positiva e significativa o trabalho dos realizadores contemplados, que hoje possuem novas perspectivas de atuação. Outra reportagem mostra como o FICA tem alcançado jovens e crianças, que participam do projeto Cena Goiana. No Ponto de Vista, Ana Maria Magalhães fala sobre a importância do Urbanismo para a preservação do meio ambiente e para a melhoria da qualidade de vida da população, e relembra o legado deixado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy. O foco urbano também se estende pelo Panorama, que presta uma homenagem a dois grandes artistas goianos (Roos e ZéCésar), que com seu talento retratam a paisagem das cidades e seus quintais em telas e esculturas. Esperamos que gostem de nosso último número. Levar o melhor do cinema e do meio ambiente a você, ao longo dessas seis edições, foi um grande prazer!


| An award is not just one more honor. In the case of a FICA award, it also enhances the careers of producers and directors, who despite their talent, willpower and investments from their own resources, often do not manage to make a living off their work. This edition of the magazine shows how the festival award has impacted positively and significantly on the work of filmmakers who now have new possibilities for production. Another report shows how FICA has reached the young people and children participating in the Cena Goiana Project.

In Viewpoint, Ana Maria Magalhães recalls the legacy of architect Affonso Eduardo Reidy and talks about the importance of urbanism for environmental preservation and for bettering the quality of people’s lives. This urban focus is also extended by Panorama, which pays tribute to two great Goiás artists, Roos and ZéCésar. With their talents, they depict city landscapes and gardens in paintings and sculptures. We hope you enjoy this last edition. It has been our pleasure to bring you the best of cinema and the environment, throughout these six issues of the FICA MAGAZINE.

|| Un premio no es apenas un título. En el caso del FICA, es también una oportunidad para cambiar la trayectoria de productores y directores que, a despecho del talento, de la fuerza de voluntad y de inversiones de su propio bolsillo, muchas veces no consiguen vivir del cine. En esta edición, la Revista muestra como la premiación del festival impactó de forma positiva y significativa en el trabajo de los realizadores contemplados, que hoy tienen nuevas perspectivas de actuación. Otro reportaje muestra como el FICA ha alcanzado a jóvenes y niños, que participan en el proyecto Cena Goiana.

En Punto de Vista, Ana Maria Magalhães habla sobre la importancia del Urbanismo para la preservación del medio ambiente y para la mejora de la calidad de vida de la población, y recuerda el legado dejado por el arquitecto Affonso Eduardo Reidy. El foco urbano también se extiende por el Panorama, que rinde homenaje a dos grandes artistas goianos (Roos y ZéCésar), que con su talento retratan el paisaje de las ciudades y sus patios en telas y esculturas. Esperamos que les guste este último número. Llevarle a Ud. lo mejor del cine y del medio ambiente, a lo largo de estas seis ediciones, ¡Fue un gran placer!


Revista do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental Publicação Institucional Nº 6 / Setembro/Outubro de 2010 ISSN 2177-4668 Governo do Estado de Goiás Governador: Alcides Rodrigues Filho Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel) Palácio Pedro Ludovico Teixeira, Rua 82, 400, 1º andar, Setor Sul Goiânia – Goiás 74015-908 Fone: 55 62 3201-5100 www.agepel.go.gov.br Presidenta: Linda Monteiro Chefia de Gabinete: Nériton Ribeiro Diretora de Ação Cultural: Tânia da Cunha Bastos


Sumário Summary Resumen

8 20 30 46 50

FICA 2010 Lição que se aprende na escola | Lessons you learn in school || Lección que se aprende en la escuela

Ponto de Vista | Point of View || Punto de Vista Entrevista com Ana Magalhães | Interview with Ana Magalhães || Entrevista con Ana Magalhães

Capa | Cover || Portada Divisor de águas | A watershed || Divisor de aguas

Artigo | Article || Artículo Wolney Unes

Panorama | Scene || Panorama Meio século de arte e criatividade | Half a century of art and creativity || Medio siglo de creación y arte

Editor-chefe: Wolney Unes Editora-executiva: Fabrícia Hamu Reportagem: Adalberto Araújo, Bruno Hermano, Carol Magalhães e Fabrícia Hamu Projeto gráfico: Genilda Alexandria Diagramação: Luciana Fernandes e Alessandro Carrijo Fotografias: Weimer Carvalho, Vinícius Castro Tradução: Anne Mary Stauton, Patrick John O’Sullivan e Ricardo Pérez Banega Revisão: Camila Pessoa Impressão: Marques & Bueno Ltda. (Gráfica Talento) Tiragem: 4 mil Distribuição: gratuita

64 68 71 72 77

Mosaico | Mosaic || Mosaico Jornalistas e sustentabilidade | Journalists and Sustainability || Periodistas y sustentabilidad

Circuito | Circuit || Circuito Festivais de filmes ambientais Outubro 2010 | Environmental Film festivals October 2010 || Festivales de cine ambiental Octubre 2010

FICA na rede | FICA on the net || FICA en la red Opinião on line | Opinion on line || Opinión en la red

Script História de sucesso | A hystory of success || Historia de un éxito

Traço | Trace || Rastro Liah

www.fica.art.br revistadofica@fica.art.br

Casa Brasil Presidente: Wagner Baptista da Costa Júnior Diretor comercial: Germano Roriz Diretor administrativo: Gustavo de Morais Roriz Rua 29, nº 186, Setor Central, Goiânia – Goiás 74.015-050 Fone/Fax: 55 62 3942-0228 www.icbc.org.br


FICA 2010

Lição que se aprende na escola Lessons you learn in school Lección que se aprende en la escuela

8 FICA


O programa FICA: Cena Goiana leva cinema e debate ambiental para instituições públicas de ensino Texto: Carol Magalhães Fotos: Divulgação

The program FICA: Cena Goiana takes film and the environmental debate to public schools El programa FICA: Escena Goiana lleva cine y debate ambiental a instituciones públicas de enseñanza

FICA

9


-

FICA 2010

-

Tinha um povo do Nordeste numa represa e, depois, veio um menino que trocou um burro por um pé de mandioca. Ai, ele o jogou numa cisterna e nasceu uma planta... Achei bom demais da conta! É com esse relato empolgado que Maria Aparecida de Freitas do Vale, 35, resume a animação Josué e o Pé de Macaxeira (Brasil-RJ, 2009), de Diogo Viegas. A obra foi exibida pelo programa FICA: Cena Goiana no Colégio Estadual Honestino Monteiro Guimarães, em Itaberaí (GO), onde ela cursa o 1° ano do Ensino Médio. Maria Aparecida é deficiente visual e precisou valer-se da audição e imaginação, bem como das descrições feitas por sua professora, para construir as imagens do filme, que é uma adaptação para o antigo conto João e os Feijões Mágicos. Uma das mais esforçadas de sua turma, ela também se encantou com o documentário Subpapéis, produção de 2007 do goiano Luís Eduardo Jorge. “Fiquei emocionada.

10 FICA

Não conseguia nem ficar calada. Queria perguntar as coisas logo, porque tive medo dos outros alunos passarem na minha frente e não me deixarem falar”, dispara. Ganhador do Troféu José Petrillo de melhor produção goiana no X FICA, o curta, que enfoca o cotidiano de um grupo de catadores que morava em uma invasão próxima ao Parque Agropecuário de Goiânia, teve um significado especial para Maria Aparecida, que conhece bem de perto a realidade dos que tiram sua sobrevivência daquilo que a sociedade joga fora. Assim como os personagens retratados na obra, ela também se dedica à coleta de recicláveis como papelões, latinhas e garrafas PET. A aluna conta que aprendeu o ofício há dois anos e meio, observando alguns vizinhos que exerciam


“‘ There were people living around a dam in the Northeast, and then along came this boy who had swapped a donkey for a cassava plant. He threw the cassava into a well and it sprouted... I thought it was a great story”’ . This thrilling report was the way Maria Aparecida de Freitas Vale, 35, summed up Diogo Viegas’s animation film Josué e o Pé de Macaxeira (Brazil, 2009), screened as part of the FICA: Cena Goiana Program at the Colégio Honestino Monteiro Guimarães, in the town of Itaberaí, where she is a first-year high-school student. Being visually impaired, Maria Aparecida had to use her hearing and imagination as well as the descriptions given by her teacher to visualize the film, an adaptation of the fairytale Jack and the Bean Stalk. One of the keenest students in her class, she was also fascinated by Luis Eduardo Jorge’s 2007 documentary Subpapéis. “I was touched. I

couldn’t keep quiet. I wanted to blurt out questions immediately, because I was afraid that the other students would get there ahead of me and not let me talk”, she declared. This short film, winner of the José Petrillo Trophy for best production in Goiás at the X FICA, which focuses on the daily lives of a group of garbage collectors living on occupied land near Goiânia’s Parque Agropecuário, had a special meaning for Maria Aparecida, who knows very well the reality of earning a living from what society throws away. Like the characters in the film, she also collects recyclables such as cardboard, cans and PET bottles. She had learned the trade two and a half years previously

“‘ Habia un pueblo del Noroeste en una represa y, después, vino un nino que cambio un burro por un brote de mandioca. Ahi, él lo tiro en una cisterna y nacio una planta... Me parecio buenisimo!”’ Es con ese relato entusiasmado que Maria Aparecida de Freitas do Vale, 35, resume la animación Josué y el Pé de Macaxeira (Brasil-RJ, 2009), de Diogo Viegas. La obra fue exhibida por el programa FICA: Escena Goiana en el Colegio Estadual Honestino Monteiro Guimarães, en la ciudad de Itaberaí, donde cursa el 1° año de la Enseñanza Media. Maria Aparecida es deficiente visual y precisó valerse de la audición e imaginación, así como de las descripciones hechas por su profesora, para construir las imágenes de la película, que es una adaptación para el antiguo cuento João e os Feijões Mágicos. Una de las más esforzadas de su grupo, también se encantó con el documental Subpapéis, producción de 2007 del goiano Luís Eduardo Jorge. “Quedé

emocionada. No conseguía ni quedarme callada. Quería preguntar enseguida, porque tuve miedo de que los otros alumnos se me adelantasen y no me dejasen hablar”, dispara. Ganador del Trofeo José Petrillo de mejor producción goiana en el X FICA, el corto, que enfoca lo cotidiano de un grupo de recolectores que vivía en una invasión próxima al Parque Agropecuario de Goiania, tuvo un significado especial para Maria Aparecida, que conoce bien de cerca la realidad de los que sacan su supervivencia de aquello que la sociedad descarta. Así como los personajes retratados en la obra, ella también se dedica a la recolección de reciclables como cartones, latitas y botellas PET. La alumna cuenta que aprendió FICA 11


FICA 2010

a atividade. “Não sinto vergonha do que faço. Sei que estou contribuindo para o meio ambiente”, assegura. Mãe de André Luís e Andrielly, Maria Aparecida também aposta na reciclagem como forma de construir um futuro melhor para si e para os filhos. Vítima de violência doméstica, ela, que está separada do companheiro, não se deixa abater. Prefere seguir adiante com

12 FICA

determinação e perseverança. Exemplo de superação, a estudante mantém acesa a chama da esperança, da fé em uma vida menos sofrida. “Sonho com a casa própria. Deposito quase tudo que ganho como catadora no banco. Sei que vou conseguir. É o que sempre digo: lixo não é lixo; é dinheiro”, frisa confiante, deixando escapar que nas horas vagas frequenta ainda aulas de computação no colégio.


watching neighbors who did the same. “I’m not ashamed of what I do. I know I’m contributing to the environment”, she says. Maria Aparecida, who has two children, André Luis and Andrielly, sees recycling as a means towards building a better future for herself and her children. As a beaten wife, separated from her partner, she does not let this get the better of her. Instead, she prefers to move forward with determination and perseverance. She is an example of how to overcome adversity and she keeps the flame of hope and faith alive in a life of less suffering. “I dream of having my own home. I save almost everything I earn as a garbage collector. I know I’ll get there. What I always say is garbage is not junk, it’s money”, she says confidently, letting slip that in her spare time she even attends computing classes at the school.

el oficio hace dos años y medio, observando a algunos vecinos que ejercían la actividad. “No siento vergüenza de lo que hago. Sé que estoy contribuyendo para el medio ambiente”, asegura. Madre de André Luís y Andrielly, Maria Aparecida también apuesta al reciclado como forma de construir un futuro mejor para ella y sus hijos. Víctima de violencia doméstica, ella, que está separada del compañero, no se deja abatir. Prefiere seguir adelante con determinación y perseverancia. Ejemplo de superación, la estudiante mantiene encendida la llama de la esperanza, de la fe en una vida menos sufrida. “Sueño con la casa propia. Deposito casi todo lo que gano como recolectora en el banco. Sé que lo voy a conseguir. Es lo que siempre digo: basura no es basura; es dinero”, señala confiada, dejando escapar que en las horas vagas frecuenta aun aulas de computación en el colegio.

FICA 13


FICA 2010

Debates consistentes Fruitful debate Debates consistentes Troca de experiências como as de Maria Aparecida fomentam debates consistentes no ambiente escolar, além de auxiliar o Cena Goiana na missão de aproximar a realidade dos alunos das temáticas propostas por filmes do FICA e por outros vídeos produzidos nas escolas. “Tivemos um envolvimento expressivo dos alunos, que demonstraram interesse não somente pelas obras como também pelas discussões ambientais. Muitos vieram nos agradecer pela oportunidade de participar do projeto”, atesta Isleide Maria Alves Portela Estrela, coordenadora de Produção e Educação Ambiental do Cena Goiana. Os educadores partilham da mesma gratidão expressa pelos estudantes. 14 FICA

“Somos agradecidos ao Cena Goiana, que foi muito significativo para nossa comunidade. Os alunos ficaram empolgados com toda movimentação, até porque muitos são da zona rural e não têm acesso ao cinema. Além disso, os assuntos discutidos despertaram os adolescentes para questões ambientais urgentes e preocupantes, permitindo que os professores continuassem a trabalhar esses temas em sala de aula posteriormente. A REVISTA DO FICA também se tornou material didático por aqui”, expõe a professora Idoni Moreira Gonçalves Marx, diretora do Colégio Estadual Arthur da Costa e Silva, em Matrinchã (GO). Para o professor Ângelo Aparecido


Machado, diretor do Colégio Estadual Honestino Monteiro Guimarães, em Itaberaí, o programa também se destaca por sua organização. “Fiquei impressionado com a estrutura que eles montaram para a projeção dos filmes e ainda com a seleção dos eixos temáticos para os debates. É tudo muito organizado e atraente. Nós adoramos. Foi bastante positivo”, enfatiza. A opinião dele é corroborada pela professora Márcia Angelina de Jesus, diretora do Colégio Estadual Professor Alcides Jubé, na Cidade de Goiás, onde a discussão foi enriquecida pelo vídeo Águas que choram, produzido por estudantes da escola e que retrata a situação de um córrego do município.

program. “I was impressed by how the films were projected and the selection of themes for discussion. It’s all very well-organized and attractive. We absolutely loved it. It was very positive”, he emphasizes. His opinion is corroborated by Marcia Angelina de Jesus, principal of the Colégio Estadual Professor Alcides Jubé, in the town of Goiás, where discussion was enhanced by the screening of Águas que choram (Weeping Waters) produced by students at the school, showing the situation of a stream in the municipality.

Exchanges of experiences like those of Maria Aparecida foster discussion within the school environment, and help Cena Goiana in its mission of confronting the reality of the students with the themes proposed by Fica films and other videos produced in schools. “Students became considerably involved and were interested not just in seeing the films but also in the environmental discussions. Afterwards, many came up to us to thank us for the opportunity of participating in the project”, said Isleide Maria Alves Portela Estrela, Production and Environmental Education Coordinator of Cena Goiana.

Los educadores comparten la misma gratitud expresada por los estudiantes. “Somos agradecidos al Escena Goiana, que fue muy significativo para nuestra comunidad. Los alumnos se entusiasmaron con todo el movimiento, ya que muchos son de la zona rural y no tienen acceso al cine. Además de eso, los asuntos discutidos despertaron los adolescentes a las cuestiones ambientales urgentes y preocupantes, permitiendo que los profesores continuasen trabajando esos temas en sala de clase posteriormente. La REVISTA DEL FICA también se volvió material didáctico por aquí”, expone la profesora Idoni Moreira Gonçalves Marx, directora del Colegio Estadual Arthur de la Costa y Silva, en Matrinchã.

Teachers were equally thankful. “We are grateful to the Cena Goiana, which was very significant for our community. Our students were excited about it all, because many come from the countryside where there is no access to cinema. In addition, the topics under discussion made teenagers aware of the urgent and preoccupying environmental issues, and teachers can continue later on to address these issues in the classroom. The Fica Magazine has also become teaching material around here”, explains Idoni Moreira Gonçalves Marx, principal of the Colégio Estadual Arthur da Costa e Silva, in the town of Matrinchã. Ângelo Aparecido Machado, principal of the Colégio Estadual Honestino Monteiro Guimarães, in Itaberaí, was taken by the organization of the

Intercambio de experiencias como las de Maria Aparecida fomentan debates consistentes en el ambiente escolar, además de auxiliar al Escena Goiana en su misión de aproximar la realidad de los alumnos de las temáticas propuestas por películas del FICA y por otros videos producidos en las escuelas. “Tuvimos una inclusión significativa de los alumnos, que demostraron interés no solamente por las obras como también por las discusiones ambientales. Muchos vinieron a agradecernos por la oportunidad de participar del proyecto”, declara Isleide Maria Alves Portela Estrela, coordinadora de Producción y Educación Ambiental del Escena Goiana.

Para el profesor Ângelo Aparecido Machado, director del Colegio Estadual Honestino Monteiro Guimarães, en Itaberaí, el programa también se destaca por su organización. “Quedé impresionado con la estructura que montaron para la proyección de las películas y aun con la selección de los ejes temáticos para los debates. Está todo muy organizado y atrayente. Nos encantó. Fue bastante positivo”, enfatiza. Su opinión es corroborada por la profesora Márcia Angelina de Jesús, directora del Colegio Estadual Professor Alcides Jubé, en la Ciudad de Goiás, donde la discusión fue enriquecida por el video Águas que choram, producido por estudiantes de la escuela y que retrata la situación de un arroyo del municipio. FICA 15


FICA 2010

Etapas evolutivas Evolutionary Phases Etapas evolutivas A coordenadora de Produção e Educação Ambiental do Cena Goiana relata que, em 2010, o projeto visitou 20 escolas estaduais, em duas etapas evolutivas, atendendo, em cada uma delas, cerca de 8 mil alunos do ensino fundamental e médio. “Na primeira fase, de maio a junho, crianças e adolescentes conferiram vídeos produzidos, em 2008, por estudantes de dez municípios do Estado. Posteriormente, de agosto a setembro, o programa retornou às cidades e apresentou alguns dos filmes que foram destaque no FICA, bem como fomentou discussões e reflexões ancoradas na 16 FICA

educação ambiental”, explica. Além da projeção, o Cena Goiana 2010 também colocou alunos e professores em contato com o blog do programa (www. ficacenagoiana.blogspot.com), elegendo cinco estudantes e um educador para coordenar a página eletrônica de cada município e postar vídeos, fotos e textos relacionados com cinema e meio ambiente, ampliando, assim, as discussões para além dos limites escolares e possibilitando a participação da comunidade em geral. A novidade foi bem aceita nas instituições, principalmente naquelas em que os alunos tinham mais familiaridade com a ferramenta tecnológica, como o Colégio Estadual Barão de Mossâmedes, na cidade de Mossâmedes (GO), e do Colégio Estadual Lindolfo M. da Cunha, em Faina (GO).


The Production and Environmental Education Coordinator of FICA: Cena Goiana reports that in 2010 the project visited 20 state schools in two different phases, involving about 8000 elementary and high school students. “In the first phase, from May to June, children and adolescents watched videos produced in 2008 by students from ten municipalities in the State. Then, from August to September, these places were all revisited, this time to screen some of the films featured at FICA and to encourage discussion and reflection on environmental education”, she explains. As well as showing films, the FICA: Cena Goiana 2010 also put students and teachers in touch with the blog program (www.ficacenagoiana.blogspot.com). Five students and a teacher were elected to coordinate the web site of each municipality and to post videos, photos and texts on film and the environment, thereby taking the discussion beyond the confines of the school and enabling the community in general to participate. This was well received in the schools, especially those where children and adolescents were more familiar with the Internet, as was the case of Colégio Estadual Barão de Mossâmedes, in the town of Mossâmedes, and Colégio Estadual Lindolfo M. da Cunha, in Faina.

La coordinadora de Producción y Educación Ambiental del Escena Goiana relata que, en 2010, el proyecto visitó 20 escuelas estaduales, en dos etapas evolutivas, atendiendo, en cada una de ellas, cerca de 8 mil alumnos de la enseñanza primaria y media. “En la primera fase, de mayo a junio, niños y adolescentes vieron videos producidos, en 2008, por estudiantes de diez municipios del Estado. Posteriormente, de agosto a setiembre, el programa retornó a las ciudades y presentó algunas de las películas que fueron destacadas en el FICA, así como fomentó discusiones y reflexiones sobre la educación ambiental”, explica. Además de la proyección, el Escena Goiana 2010 también colocó alumnos y profesores en contacto con el blog del programa (www.ficacenagoiana. blogspot.con), eligiendo cinco estudiantes y un educador para coordinar la página electrónica de cada municipio y colocar videos, fotos y textos relacionados con cine y medio ambiente, ampliando, así, las discusiones más allá de los limites escolares y posibilitando la participación de la comunidad en general. La novedad fue bien aceptada en las instituciones, principalmente en aquellas en que los alumnos tenían más familiaridad con la herramienta tecnológica, como el Colegio Estadual Barão de Mossâmedes, en la ciudad de Mossâmedes, y del Colegio Estadual Lindolfo M. da Cunha, en Faina. FICA 17


FICA 2010

Trajetória de sucesso Segundo Isleide Maria, o projeto nasceu, em 2008, com o nome FICA: a construção da cena goiana e o objetivo de estimular a ação criativa dos estudantes por meio da produção de vídeos. Para tanto, foi ofertado um curso de formação de diretores de vídeo, além de oficinas de preparação de elenco com 600 alunos de escolas públicas das cidades goianas de Buriti de Goiás, Faina, Cidade de Goiás, Heitoraí, Itaberaí, Itapuranga, Itapirapuã, Matrinchã, Mossâmedes e Novo Brasil. O resultado foi a produção de um curta-metragem em cada um dos dez municípios participantes. No ano seguinte, visando conferir mais visibilidade para este trabalho e para os filmes exibidos no FICA, foram realizadas pequenas sessões de cinema em escolas públicas estaduais da grande Goiânia e em ambientes definidos pelas próprias instituições de ensino, com a participação de 15 municípios. “O programa, que cresce a cada ano, tem se tornado uma importante ferramenta para socialização dos filmes do FICA e promoção da conscientização ambiental. A receptividade e os resultados obtidos através da iniciativa não poderiam ser melhores, a começar pelos sorrisos dos alunos que compensam todo o nosso esforço”, arremata Isleide Maria.

18 FICA

Success story Trayectoria de éxito According to Isleide Maria, this project started in 2008, using the title FICA: a Construção da Cena Goiana and it aimed at stimulating students’ creativity through the production of videos. A training course for video directors and workshops on cast preparation were offered to 600 students from public schools in the Goiás towns of Buriti de Goiás, Faina, Goiás, Heitoraí, Itaberaí, Itapuranga, Itapirapuã, Matrinchã, Mossâmedes and Novo Brasil. The result was the production of a short film in each of these participating municipalities. The following year, with a view to disseminating this project and FICA films, short film sessions were held in State schools in Goiânia and surrounds and in venues indicated by educational institutes, in 15 municipalities. “The program, which expands every year, has become an important tool for the socialization of the FICA films and the promotion of environmental awareness. The reception and the results obtained couldn’t have been better. The smiles on students’ faces alone would have made our effort worthwhile”, Isleide Maria concludes. Según Isleide Maria, el proyecto nació, en 2008, con el nombre Fica: la construcción de la escena goiana y el objetivo de estimular la acción creativa de los estudiantes por medio de la producción de videos. Para esto, fue ofrecido un curso de formación de directores de video, además de talleres de preparación de elenco con 600 alumnos de escuelas públicas de las ciudades goianas de Buriti de Goiás, Faina, Ciudad de Goiás, Heitoraí, Itaberaí, Itapuranga, Itapirapuã, Matrinchã, Mossâmedes y Novo Brasil. El resultado fue la producción de un cortometraje en cada uno de los diez municipios participantes. El año siguiente, buscando darle más visibilidad a este trabajo y a las películas exhibidas en el Fica, fueron realizadas pequeñas sesiones de cine en escuelas públicas estaduales de la gran Goiania y en ambientes definidos por las propias instituciones de enseñanza, con la participación de 15 municipios. “El programa, que crece cada año, se ha vuelto una importante herramienta para socialización de las películas del Fica y promoción de la concientización ambiental. La receptividad y los resultados obtenidos a través de la iniciativa no podrían ser mejores, comenzando por las sonrisas de los alumnos que compensan todo nuestro esfuerzo”, remata Isleide Maria.


Alunos de escolas da rede pública participam da exibição e de debates dos filmes vencedores do FICA Public school students participating in the exhibition and discussion of FICA award-winning films Alumnos de escuelas de la red pública participan de la exhibición y de debates de las películas vencedoras del FICA

FICA 19


Ponto de vista Viewpoint Punto de vista Fabrícia Hamu

Cinema em construção Cinema in the making Cine en construcción Entrevista com Ana Maria Magalhães Interview with Ana Maria Magalhães Entrevista con Ana Maria Magalhães

20 FICA

Proporcionar à população de baixa renda a possibilidade de morar em conjuntos habitacionais confortáveis, com escolas, quadras de esporte, piscinas e lavanderia. Promover a construção desses conjuntos de forma sustentável, instalando-os perto do local de trabalho dos moradores – para reduzir a emissão de gases poluentes do transporte público e o tempo de deslocamento dos cidadãos – e privilegiando o verde com projetos paisagísticos arrojados. Parece utopia ou uma previsão muito futurista? Pois no começo do século passado um homem já pensava assim. Trata-se de Affonso Eduardo Reidy, que nasceu em Paris mas cresceu e viveu no Brasil, marcando para sempre o Rio de Janeiro com sua concepção moderna e humanista de arquitetura. Para retratar a vida e a obra do arquiteto, a atriz carioca Ana Maria Magalhães produziu o documentário Reidy, a construção da utopia (2009). Responsável pela direção, produção e roteiro da obra, ela ficou “extremamente feliz” ao saber que o documentário havido sido selecionado para a mostra competitiva do XII FICA. Atriz premiada (ela conquistou os prêmios de atriz revelação pela Associação dos Críticos Paulistas de Arte, em 1972, e melhor atriz do Festival de Cinema de Gramado, em 1975), Ana Maria agora alcança reconhecimento por seu trabalho atrás das câmeras. Á REVISTA DO FICA, ela conta um pouco das alegrias e dificuldades de filmar a trajetória de um visionário da arquitetura e das questões sociais no Brasil. Confira:


Mauro Júnio

Making it possible for low wage-earners to live in comfortable housing estates, with schools, sports facilities, swimming pools and laundry facilities. Encouraging the construction of these estates in a sustainable manner, close to where their residents work, in order to reduce both the greenhouse gases emitted by public transport and the time spent commuting – and prioritizing the green with daring landscaping projects. Is this a utopia or a very futuristic prediction? Well, at the beginning of the last century there was a man already thinking along these lines. His name was Affonso Eduardo Reidy. Born in Paris, he grew up and lived in Brazil, and left an indelible mark on Rio de Janeiro with his modern and humanistic concept of architecture. To portray the life and work of this architect, the Rio de Janeiro actress Ana Maria Magalhães produced the documentary Reidy, a construção da Utopia (2009). She who was responsible for directing, producing and writing the script for the film, was “extremely happy” to hear that the documentary had been selected for the XII FICA competition. Ana Maria, an award-winning actress (she won awards as revelation actress given by the Association of São Paulo Art Critics in 1972 and best actress at the 1975 Gramado Film Festival), has now achieved recognition for her camera work. Interviewed by the FICA Magazine, she tells of the joys and difficulties of filming the journey of a visionary in architecture and in social issues in Brazil.

Proporcionar a la población de bajos ingresos la posibilidad de vivir en conjuntos habitacionales confortables, con escuelas, campos de deporte, piscinas y lavandería. Promover la construcción de esos conjuntos de forma sustentable, instalándolos cerca del lugar de trabajo de los habitantes – para reducir la emisión de gases contaminantes del transporte público y el tiempo de desplazamiento de los ciudadanos – y privilegiando el verde con proyectos paisajísticos osados. ¿Parece una utopía o una previsión muy futurista? Pues a comienzos del siglo pasado un hombre ya pensaba así. Se trata de Affonso Eduardo Reidy, que nació en París pero creció y vivió en el Brasil, marcando para siempre a Río de Janeiro con su concepción moderna y humanista de la arquitectura. Para retratar la vida y la obra del arquitecto, la actriz carioca Ana Maria Magalhães produjo el documental Reidy, la construcción de la utopía (2009). Responsable por la dirección, producción y guión de la obra, se puso “extremamente feliz” al saber que el documental había sido seleccionado para la muestra competitiva del XII FICA. Actriz premiada (conquistó los premios de actriz revelación por la Asociación de los Críticos Paulistas de Arte, en 1972, y mejor actriz del Festival de Cine de Gramado, en 1975), Ana Maria ahora alcanza reconocimiento por su trabajo detrás de las cámaras. Le cuenta a la REVISTA DEL FICA un poco de las alegrías y dificultades de filmar la trayectoria de un visionario de la arquitectura y de las cuestiones sociales en el Brasil.

FICA 21


Ponto de vista Viewpoint Punto de vista

O que a motivou a fazer esse filme? Esse filme foi feito para atender ao um pedido de uma tia minha, Carmen Portinho, engenheira e companheira do Reidy. Ela foi muito apaixonada pela obra dele, trabalhou com ele no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM) e nas obras do Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Moraes, mais conhecido como Pedregulho. Eu sabia que seria difícil levantar recursos, porque para filmar arquitetura é preciso ter uma série de equipamentos especializados, como helicóptero, grua. Busquei essa verba no final dos anos 80, mas não consegui convencer ninguém no Rio da importância do projeto. Minha tia insistia para que eu produzisse o filme, e eu pedia que ela esperasse. Ela morreu em 1998 e fiquei com essa missão. Quando o Lula assumiu a presidência da República, achei que tinha chegado a hora do Reidy ser revelado, porque ele trabalhou muito com habitação popular. Ele foi uma pessoa que pensou muito sobre isso nos anos 30 e 40, construiu conjuntos habitacionais, porque achava que era preciso acabar com as favelas. Esse problema tornou-se um verdadeiro flagelo no Rio. A maior parte dos moradores das favelas é composta de trabalhadores. Eles não são bandidos, mas são tratados como se fossem. O Reidy já tinha percebido que essa situação não podia continuar, que era preciso construir conjuntos em vários bairros e remover essas pessoas. Mas 22 FICA

o empresariado brasileiro não aceitou essa proposta. Eles acreditavam que o dinheiro do governo tinha de ir para projetos de desenvolvimento. Essa resistência paralisou a construção dos conjuntos e as favelas foram crescendo. Naquela época, na década de 30, não se planejou a urbanização do Rio, não se pensou onde as pessoas que estavam construindo a cidade iriam morar. Ainda hoje isso acontece. Os operários que construíram a Barra da Tijuca moram na favela de Rio das Pedras. É um lugar violentíssimo, pois não tem tráfico de drogas, mas tem milícia. Não adianta erguer a cidade e não dar moradia para quem a constrói. É um falso desenvolvimento, que não vai longe. A Barra está linda, mas atrás dela existe uma favela enorme. Naquela época o Reidy já pensava em tudo isso.

A maior parte dos moradores das favelas é composta de trabalhadores. Eles não são bandidos, mas são tratados como se fossem “Most shanty town dwellers are working class people. They are not criminals but are treated as if they were” “La mayor parte de los habitantes de las favelas está compuesta por trabajadores. No son bandidos, pero son tratados como si lo fuesen”


Why did you make this film? This film was made at the request of an aunt of mine, Carmen Portinho, an engineer who was Reidy’s partner. She was very enthusiastic about his work, and worked with him both on the Rio de Janeiro Museum of Modern Art (MAM) and the Prefeito Mendes de Moraes Housing Estate, better known as Pedregulho. I knew it would be difficult to raise funds, because to make a film on architecture you need a set of specialized equipment such as a helicopter or a crane. I went after this grant in the late 80s, but could not convince anyone of the importance of the project. My aunt insisted that I produce the film, but I had to ask her to wait. She died in 1998 and I was left with this mission. When Lula became president of the Republic, I thought the time had come to make Reidy known, because he had done considerable work on popular housing. He thought a lot about it in the 30s and 40s and built housing estates, because he thought shanty towns had to be done away with. This problem has now become a scourge for Rio. Most shanty town dwellers are working class people. They are not criminals but are treated as if they were. Reidy had already understood that this situation could not continue and that housing estates had to be built in different neighborhoods to which these people could move. But the Brazilian business community did not accept this proposal. They believed that government money should be spent on development projects. This resistance halted the construction of the housing estates and the shanty towns continued to grow. Back then in the 30s, there was no planning for the urbanization of Rio, no thought for where the people building the city would live. And this holds true even for today. The workers who built the Barra da Tijuca live in the shanty town of Rio das Pedras. It is an extremely violent place, and while there is no drug trafficking there, there are militias. There’s no point in building a city and not giving housing to those who build it. This is false development, and it goes nowhere. Barra is beautiful, but behind it there is a huge shanty town. At that time, Reidy was already thinking about all this.

Não adianta erguer a cidade e não dar moradia para quem a constrói. É um falso desenvolvimento, que não vai longe

¿Qué la motivo a hacer esa película? Esa película fue hecha para responder al pedido de mi tía, Carmen Portinho, ingeniera y compañera de Reidy. Ella fue una enamorada de su obra, trabajó con él en el Museo de Arte Moderno de Río de Janeiro (MAM) y en las obras del Conjunto Habitacional Prefeito Mendes de Moraes, más conocido como Pedregulho. Sabía que sería difícil conseguir recursos, porque para filmar arquitectura es preciso tener una serie de equipamientos especializados, como helicóptero, grúa. Busqué ese dinero al final de los años 80, pero no conseguí convencer a nadie en Río de la importancia del proyecto. Mi tía insistía para que produjese la película, y yo le pedía que esperase. Murió en 1998 y me quedé con esa misión. Cuando Lula asumió la presidencia de la República, me pareció que había llegado la hora de revelar a Reidy, porque él trabajó mucho con la vivienda popular. Fue una persona que pensó mucho sobre eso en los años 30 y 40, construyó conjuntos habitacionales, porque creía que era preciso acabar con las favelas. Ese problema se volvió un verdadero flagelo en Río. La mayor parte de los habitantes de las favelas está compuesta por trabajadores. No son bandidos, pero son tratados como si lo fuesen. Reidy ya se había dado cuenta de que esa situación no podía continuar, que era preciso construir conjuntos en varios barrios y remover esas personas. Pero el empresariado brasileño no aceptó esa propuesta. Creían que el dinero del gobierno tenía que ir a proyectos de desarrollo. Esa resistencia paralizó la construcción de los conjuntos y las favelas fueron creciendo. En aquella época, en la década de 30, no se planeó la urbanización de Río, no se pensó donde iban a vivir las personas que estaban construyendo la ciudad. Aun hoy eso sucede. Los obreros que construyeron la Barra de la Tijuca viven en la favela de Rio das Pedras. Es un lugar violentísimo, pues no hay tráfico de drogas, pero hay milicia. De que sirve levantar la ciudad y no darle vivienda a quien la construye. Es un falso desarrollo, que no va lejos. La Barra es linda, pero atrás de ella existe una favela enorme. En aquella época Reidy ya pensaba en todo eso.

“There’s no point in building a city and not giving housing to those who build it. This is false development, and it goes nowhere” “De que sirve levantar la ciudad y no darle vivienda a quien la construye. Es un falso desarrollo, que no va lejos”

FICA 23


Ponto de vista Viewpoint Punto de vista

Até a década de 70 vigorava o conceito de que as habitações de interesse social deveriam ser construídas nas periferias das cidades, com materiais de baixa qualidade e casas padronizadas, sem a instalação dos equipamentos urbanos. Pode-se dizer que Reidy foi contra esse padrão? Claro. Tanto é que o conjunto habitacional dele não segue o modelo das Cohabs, nem tampouco o que foi feito em São Paulo. O governo paulista estimulava a construção da casa própria, dava o dinheiro do material e aí o cidadão erguia sua moradia. O problema é que não havia calçamento, água, esgoto, condução. Construíramse, então, aquelas periferias enormes, sem estrutura nenhuma. Minha tia, Carmen Portinho, foi para a Inglaterra fazer um estágio e conheceu os conjuntos habitacionais do pósguerra, as Unidades de Vizinhança. Os conjuntos eram construídos para os trabalhadores daquele bairro. Em função da proximidade com o local de trabalho, o cidadão economizava com transporte público, a poluição gerada pelos veículos era menor, enfim, valorizava-se a qualidade de vida do indivíduo e não somente a mão-de-obra. Os ingleses também construíam nessas unidades escolas para os filhos dos trabalhadores. Inspirado nessa ideia, Reidy projetou o Conjunto Habitacional do Pedregulho, no Rio de Janeiro, que recebeu em 1951 o primeiro prêmio da Exposição Internacional de Arquitetura da I Bienal de São Paulo. Essa unidade 24 FICA

está situada em Benfica, perto de São Cristóvão. É um conjunto que tem mural de Portinari, paisagismo de Burle Max, piscina. Havia padaria, posto de saúde, lavanderia. Para evitar que as roupas ficassem penduradas nas janelas dos apartamentos, ele projetou uma lavanderia industrial, onde cada morador tinha direito a uma cota mensal de uso. Quem ultrapassasse esse limite, pagava as lavagens extras por fora. Havia também um ginásio de esportes para as crianças e jovens, com quadras de vôlei, basquete. Embora o Pedregulho tenha recebido elogios de grandes nomes da arquitetura mundial, o governo alegou que não podia gastar tantos recursos em cada conjunto habitacional e foi parando de construir esse tipo de obra. O conjunto que Reidy projetou para a Gávea, por exemplo, ficou inacabado. Muitos políticos têm uma visão imediatista. Eles pensam nos votos que vão obter a curto prazo e não visam a qualidade, mas a quantidade. Foi também por essa razão que eu quis fazer o documentário. É uma crítica social? Veja, eu não produzi o filme somente pelo fato de o Reidy ser meu “tio”. Nasci e vivo no Rio de Janeiro. Vivi essa cidade maravilhosamente na minha infância. Sinto muito a sua degradação. Vejo o que está acontecendo e me pergunto o que posso fazer sobre isso. A gente pensa que, se falar sobre o assunto, as autoridades vão abrir os olhos.


Up until the 70s, it was thought that social housing should be built on the outskirts of cities using low quality material. The houses should be standardized and there was no need for any urban infrastructure. Could it be said that Reidy was against this model? Sure, he was. So much so that his housing estate does not follow the COHAB model, nor even what was done in São Paulo. The Sao Paulo government encouraged people to build their own houses, by giving money for construction material and then letting them build. The problem was that there were no pavements or sewers, and water and transport were not provided. So those huge outskirts emerged, without any infrastructure whatsoever. My aunt, Carmen Portinho, went to England for a work experience and got to know the post-war housing estates, the so-called neighborhood units. These estates were built for the workers of a certain neighborhood. Because of its closeness to their workplace, people saved money on public transport, there was less pollution from vehicles, in short, people’s quality of life and not just their labor was appreciated. In these units, schools were also built for the workers’ children. Inspired by this idea, Reidy designed the Pedregulho Housing Estate, in Rio de Janeiro, which in 1951 received first prize at the International Architecture Exhibition during the First Biennial in São Paulo. Pedregulho is located in Benfica, near São Cristóvão and it boasted of a mural by Portinari, landscaping by Burle Max, and a swimming pool. There was a bakery, a health center and a laundry. He designed an industrial laundry, where every resident was entitled to a monthly quota, so that clothes would not be hung out to dry from the windows. Those who exceeded their quota paid extra for their excess. There was also a gym with volleyball and basketball courts for children and young people. Although Pedregulho has received compliments from famous figures in international architecture, the government claimed it could not apportion such sizeable resources to every housing estate and stopped building this type of project. The estate that Reidy designed for Gávea, for example, was never finished. Many politicians have a shortterm vision. They only think of the votes they will get in the short term and put quantity before quality. This was another reason why I wanted to make this documentary.

Hasta la década de 70 regía el concepto de que las viviendas de interés social deberían ser construidas en las periferias de las ciudades, con materiales de baja calidad y casas estandarizadas, sin instalación de equipamientos urbanos. ¿Se puede decir que Reidy fue contra ese modelo? Claro. Tanto es que su conjunto habitacional no sigue el modelo de las Cohabs, ni tampoco el que fue hecho en San Pablo. El gobierno paulista estimulaba la construcción de la casa propia, daba el dinero del material y ahí el ciudadano levantaba su casa. El problema es que no había pavimento, agua, desagües, transporte. Construyeron, entonces, aquellas periferias enormes, sin estructura alguna. Mi tía, Carmen Portinho, fue a Inglaterra a hacer una pasantía y conoció los conjuntos habitacionales de la postguerra, las Unidades de Vecindad. Los conjuntos eran construidos para los trabajadores de aquel barrio. En función de la proximidad con el lugar de trabajo, el ciudadano economizaba con transporte público, la contaminación generada por los vehículos era menor, en fin, se valorizaba la calidad de vida del individuo y no solamente la mano de obra. Los ingleses también construyeron en esas unidades escuelas para los hijos de los trabajadores. Inspirado en esa idea, Reidy proyectó el Conjunto Habitacional del Pedregulho, en el Río de Janeiro, que recibió en 1951 el primer premio de la Exposición Internacional de Arquitectura de la I Bienal de San Pablo. Esa unidad está situada en Benfica, cerca de São Cristóvão. Es un conjunto que tiene un mural de Portinari, paisajismo de Burle Max, piscina. Había panadería, puesto de salud, lavandería. Para evitar que las ropas estuviesen colgadas en las ventanas de los apartamentos, proyectó una lavandería industrial, donde cada habitante tenía derecho a una cuota mensual de uso. Quien sobrepasase ese límite, pagaba los lavados extras. Había también un gimnasio de deportes para los niños y jóvenes, con canchas de volley, basket. Aunque el Pedregulho haya recibido elogios de grandes nombres de la arquitectura mundial, el gobierno alegó que no podía gastar tantos recursos en cada conjunto habitacional y fue parando de construir ese tipo de obra. El conjunto que Reidy proyectó para la Gávea, por ejemplo, quedó inacabado. Muchos políticos tienen una visión inmediatista. Piensan en los votos que van a obtener a corto plazo y no buscan la calidad, sino la cantidad. Fue también por esa razón que quise hacer el documental.

Is it a social critique? Well, I didn’t make the film just because Reidy was my ‘uncle’! I was born in Rio de Janeiro and I live there. I had the experience of that wonderful city in my childhood. And I now feel its degradation very much. I see what is happening and I wonder what I can do about it. You think that if you talk about it, the authorities will open their eyes. But many

¿Es una crítica social? Vea, no produje la película solamente por el hecho de que Reidy sea mi “tío”. Nací y vivo en Río de Janeiro. Viví esta ciudad maravillosamente en mi infancia. Siento mucho su degradación. Veo lo que está aconteciendo y me pregunto que puedo hacer sobre eso. Pensamos que, si hablamos sobre el asunto, FICA 25


Ponto de vista Viewpoint Punto de vista

Mas muitos políticos não querem enxergar. Entreguei ao prefeito do Rio de Janeiro uma cópia do filme, mas ele nunca se pronunciou sobre o assunto. Encaminhei a obra para a Riofilme, mas eles não querem distribuí-la. E qual foi a razão alegada para isso? Que eles não têm pessoal para firmar os contratos comigo. É um argumento que não dá para considerar. Acredito que não seja pela qualidade do filme, pois ele ganhou o prêmio de Melhor Documentário de Longa Metragem na seção Première Brasil do Festival do Rio de 2009. É um filme que tem sido muito solicitado. Vários arquitetos e urbanistas de todo o País têm me ligado para pedir cópias. Querem passá-lo em sala de aula, exibi-lo em palestras. Eles se comovem, me mandam cartas lindas, elogiam a forma como proponho a discussão urbana. O público, de fato, desperta para essa questão. Em todos os festivais de que participei, inclusive no FICA, o público percebe o quanto a arquitetura afeta sua vida particular e cotidiana. Percebe que o urbanismo não é uma palavra esquisita, cujo significado ele não conhece, mas aquilo que ele vive diariamente. Esse despertar é muito importante, pois constitui-se no primeiro passo para resolver o problema. Mas o filme precisa chegar às salas de cinema para ser percebido! Se você o impede de chegar às salas, dificulta sua disseminação, acaba barrando a discussão e circunscrevendo a obra aos festivais e eventos específicos. 26 FICA

O que você tem feito para driblar essa dificuldade? O filme foi exibido no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMa), em julho, a convite da organização do Festival do Rio, que produz semanas de cinema brasileiro no exterior. Ele também será exibido em Berlim, onde farão um grande evento sobre a construção de Brasília. O festival do Rio vai levar para a Alemanha filmes de Lúcio Costa, Niemeyer e Reidy, que são os principais do modernismo. A obra também será exibida em Washington (EUA). Esse debate no exterior é muito importante, porque a discussão sobre a construção das cidades é parecida em vários lugares. Os problemas de transporte, moradia, das periferias, dos excluídos, existem em toda parte. Em algumas cidades eles são mais visíveis, noutras menos. Ao mostrar o filme no exterior, é uma forma de frisar o quanto é importante que ele chegue até o povo. Na sua opinião, qual foi o maior legado deixado por Reidy? Dentro da questão da discussão da habitação de interesse social no Brasil, creio que o maior legado que ele deixou foi seu exemplo. Se você for entrevistar os moradores do Pedregulho, verá que eles são felizes, que têm orgulho de morar lá. Isso não é comum nos conjuntos habitacionais populares. Para a arquitetura, o grande legado de Reidy foi o desenho do projeto e a concepção espacial, a questão da adequação de função e


Entreguei ao prefeito do Rio uma cópia do filme, mas ele nunca se pronunciou sobre o assunto politicians do not want to see. I gave the mayor of Rio de Janeiro a copy of the film, but he has never pronounced on the matter. I sent a copy to Riofilme, but they do not want to distribute it.

“I gave the mayor of Rio a copy of the film, but he has never pronounced on the matter” “Le entregué al alcalde de Río una copia de la película, pero nunca se pronunció sobre el asunto”

las autoridades van a abrir los ojos. Pero muchos políticos no quieren ver. Le entregué al alcalde de Río de Janeiro una copia de la película, pero nunca se pronunció sobre el asunto. Le encaminé la obra a la Riofilme, pero no quieren distribuirla.

And what was the reason given? They don’t have staff to sign contracts with me. This is an argument beyond consideration. I don’t think it has anything to do with the quality of the film, because it won the award for Best Documentary Feature Film in the Premiere Brazil section of the 2009 Rio Festival. There have been many requests for the film. Several architects and planners from around the country have called me requesting copies. They want to show it in the classroom, and use it in lectures. They have been touched by it and have sent me beautiful letters, praising the way I have proposed to discuss the urban question. In fact, the public has now become aware of this issue. In all the festivals I have attended, including FICA, the public realizes how architecture affects their private and everyday lives. They realize that urbanism is not a weird word, whose meaning is beyond them, but something that they live out everyday. This awareness is of vital importance because it constitutes the first step towards solving the problem. But the film needs to be screened in cinemas if it’s to be seen! If it is prevented from reaching the cinemas, then dissemination will be more difficult and this puts an end to discussion and confines the film to festivals and special events.

¿Y cual fue la razón alegada para eso? Que no tienen personal para firmar los contratos comigo. Es un argumento que no se puede considerar. Creo que no debe ser por la calidad de la película, pues ganó el premio de Mejor Documental de Largometraje en la sección Première Brasil del Festival de Río de 2009. Es una película que ha sido muy solicitada. Varios arquitectos y urbanistas de todo el País me han llamado para pedirme copias. Quieren exhibirlo en sala de clase, exhibirlo en conferencias. Se conmueven, me mandan cartas lindas, elogian la forma como propongo la discusión urbana. El público, de hecho, despierta a esa cuestión. En todos los festivales en que participé, inclusive en el FICA, el público percibe cuanto la arquitectura afecta su vida particular y cotidiana. Percibe que el urbanismo no es una palabra rara, cuyo significado no conoce, sino aquel que él vive diariamente. Ese despertar es muy importante, pues se constituye en el primer paso para resolver el problema. ¡Pero la película necesita llegar a las salas de cine para ser conocida! Si Ud. le impide llegar a las salas, dificulta su diseminación, acaba evitando la discusión y circunscribiendo la obra a los festivales y eventos específicos. ¿Qué ha hecho para superar esa dificultad?

What have you done to overcome this difficulty? The film was shown at the New York Museum of Modern Art (MoMA), in July, at the invitation of the Rio Festival, which organizes Brazilian Cinema Weeks abroad. It will also be screened in Berlin, during a major event featuring the construction of Brasilia. The Rio festival is taking films on Lucio Costa, Niemeyer and Reidy, the principal proponents of modernism, to Germany. The debate abroad is very significant, because the discussion on the construction of cities is similar in many places. The problems of transport, housing, city outskirts and the excluded are everywhere. In some cities they are more visible, while in others they are less so. Showing the film abroad is one way of emphasizing how important it is that it reaches people.

La película fue exhibida en el Museo de Arte Moderno de Nueva York (MoMa), en julio, a invitación de la organización del Festival de Río, que produce semanas de cine brasileño en el exterior. También será exhibido en Berlín, donde harán un gran evento sobre la construcción de Brasilia. El festival de Río va a llevar a Alemania películas de Lúcio Costa, Niemeyer y Reidy, que son los principales del modernismo. La obra también será exhibida en Washington (EUA). Ese debate en el exterior es muy importante, porque la discusión sobre la construcción de las ciudades es parecida en varios lugares. Los problemas de transporte, vivienda, de las periferias, de los excluidos, existen en todas partes. En algunas ciudades son más visibles, en otras menos. Al mostrar la película en el exterior, es una forma de destacar cuanto es importante que llegue al pueblo. FICA 27


Ponto de vista Viewpoint Punto de vista

forma. Não adianta projetar um prédio lindo, se a função dele não está contemplada no interior da obra. Aí ele passa a ser uma escultura, não uma edificação. Reidy fazia muito essa adequação de forma e função. A forma era quase que uma exteriorização da função do prédio. Outro legado foi a ética. Ele foi servidor público federal, não ganhou dinheiro extra para fazer o MAM, apenas o salário mensal. Como servidor, procurou fazer o melhor para a população. O Niemeyer dizia que o Reidy era um grande urbanista, assim como o Lúcio Costa também reconhecia isso. Ele projetou o Parque do Flamengo e somente essa obra já é muito importante. A quantidade de pessoas que circulam ali é imensa, mas ninguém conhece o nome do Reidy. Ele é, ao mesmo tempo, o mais popular e o mais anônimo dos arquitetos. Qual sua impressão sobre o FICA? É a primeira vez que participo e gostei muito, principalmente da Cidade de Goiás. Fazer o festival nesse local é uma coisa muito emblemática. O fato de ser um festival de cinema ambiental também é muito significativo, porque é uma discussão que tem de ser levada adiante. Precisamos insistir nesse debate, independente da mentalidade das autoridades que estão em posição de decidir alguma coisa. Só vamos conseguir mudar a situação quando conquistarmos a adesão da população para a causa ambiental. Não podemos mais reverter o quadro de mudanças climáticas, mas podemos tentar 28 FICA

minorar o impacto desses fenômenos. O festival tem o mérito de colocar essa questão em discussão. As pessoas saem do FICA com a cabeça mexida, o público passa a pensar melhor sobre esse ou aquele aspecto da natureza.

O público brasileiro não gosta de filme brasileiro. É muito difícil conquistar o público nacional. E os festivais nos ajudam nisso, a fazer com que nossos filmes cheguem até o povo “Brazilians do not like Brazilian films. It is very difficult to win over the national audience. And festivals help us in this, by making our films reach people ” “Al público brasileño no le gustan las películas nacionales. Es muy difícil conquistar al público nacional. Y los festivales nos ayudan en eso, a hacer que nuestras películas lleguen al pueblo”

O FICA é um canal importante de mobilização? Sim, todo festival é importante nesse sentido. No Brasil, eles são ainda mais, porque padecemos de um mal: o público brasileiro não gosta de filme brasileiro. É muito difícil conquistar o público nacional. É uma questão de formação de plateia. E os festivais nos ajudam nisso, a fazer com que nossos filmes cheguem até o povo. Também por isso, fiquei extremamente feliz ao saber que fui selecionada para o FICA.


What, in your opinion, was Reidy’s greatest legacy? In terms of the discussion on the issue of social housing in Brazil, I believe that his greatest legacy was his example. If you were to interview the residents of Pedregulho, you would see that they are happy and proud to live there. This is not common in popular housing projects. In terms of architecture, Reidy’s legacy was his design of the project and the concept of space, the question of aligning form and function. There’s no point in designing a beautiful building if its function is not considered from within. Then, it becomes a sculpture, not a building. Aligning form and function was important for Reidy. The form was almost a manifestation of the function of the building. Another legacy was his ethics. He was a federal civil servant, who didn’t earn extra for designing the MAM, just his monthly salary. As a civil servant he tried to do his best for the people. He designed the Parque do Flamengo and this work alone is very important. An enormous number of people pass through the park, but nobody knows Reidy’s name. He is at the same time, the most popular and the most anonymous of architects. What is your impression of FICA? This is the first time I have participated and I have really enjoyed it, especially the town of Goiás. Holding the festival in a place like this is very symbolic. The fact that it is an environmental film festival is also significant because this is a discussion that must go ahead. We must insist on this debate, regardless of the mentality of the authorities who are in a position to decide. We’ll only be able to change the situation when we get people to take up the environmental cause. We can no longer reverse climate change, but we can try to lessen its impact. Thanks to the festival, this issue is now on the agenda. People leave FICA with something to think about and they begin to reflect more on this or that aspect of nature. Is FICA an important channel for mobilization? Yes, every festival is important in this regard, but in Brazil, even more so, because we have one great defect: Brazilians do not like Brazilian films. It is very difficult to win over the national audience. And festivals help us in this, by making our films reach people. That is also why I was extremely happy to learn that I was selected for FICA.

En su opinión, ¿Cuál fue el mayor legado dejado por Reidy? Dentro de la cuestión de la discusión de la vivienda de interés social en el Brasil, creo que el mayor legado que dejó fue su ejemplo. Si Ud. entrevista a los habitantes del Pedregulho, verá que son felices, que tienen orgullo de vivir allí. Eso no es común en los conjuntos habitacionales populares. Para la arquitectura, el grande legado de Reidy fue el diseño del proyecto y la concepción espacial, la cuestión de la adecuación de función y forma. No sirve proyectar un edificio lindo, si su función no está contemplada en el interior de la obra. Ahí pasa a ser una escultura, no una edificación. Reidy hacía mucho esa adecuación de forma y función. La forma era casi una exteriorización de la función del edificio. Otro legado fue la ética. Fue servidor público federal, no ganó dinero extra para hacer el MAM, apenas el salario mensual. Como servidor, procuró hacer lo mejor para la población.Proyectó el Parque de Flamengo y solamente esa obra ya es muy importante. La cantidad de personas que circulan allí es inmensa, pero nadie conoce el nombre de Reidy. Él es, al mismo tiempo, el más popular y el más anónimo de los arquitectos. ¿Cuál fue su impresión sobre el FICA? Es la primera vez que participo y me gustó mucho, principalmente la Ciudad de Goiás. Hacer el festival en ese lugar es una cosa muy emblemática. El hecho de que sea un festival de cine ambiental también es muy significativo, porque es una discusión que tiene que ser llevada adelante. Precisamos insistir en ese debate, independientemente de la mentalidad de las autoridades que están en posición de decidir. Sólo vamos a conseguir cambiar la situación cuando conquistemos la adhesión de la población a la causa ambiental. No podemos más reverter el cuadro de cambios climáticos, pero podemos tratar de disminuir el impacto de esos fenómenos. El festival tiene el mérito de colocar esa cuestión en discusión. Las personas salen del FICA con la cabeza inquieta, el público comienza a pensar mejor sobre ese o aquel aspecto de la naturaleza. ¿El FICA es un canal importante de movilización? Sí, todo festival es importante en ese sentido. En el Brasil, lo son aun más, porque padecemos de un mal: al público brasileño no le gustan las películas nacionales. Es muy difícil conquistar al público nacional. Y los festivales nos ayudan en eso, a hacer que nuestras películas lleguen al pueblo. También por eso, me puse extremamente feliz al saber que fui seleccionada para el FICA.

FICA 29


Capa Cover Portada

Divisor

de รกguas A watershed Divisor de aguas

30 FICA


Diretores e produtores goianos que venceram o FICA contam como a premiação do festival mudou suas trajetórias e impactou positivamente suas carreiras Texto: Fabrícia Hamu

Fotos: Weimer Carvalho

Goiás directors and producers who won FICA awards say how the prize has changed their careers and positively impacted on their lives Directores y productores goianos que ganaron el FICA cuentan como la premiación del festival cambió sus trayectorias e impactó positivamente en sus carreras

FICA 31


Capa Cover Portada

Sara Vitória:”Receber o troféu José Petrillo faz muita diferença” Sara Vitória: “Receiving the José Petrillo Trophy makes a great difference” Sara Vitória: “Recibir el trofeo José Petrillo hace una gran diferencia”

32 FICA


Quando subiu ao palco para receber uma homenagem da Agenda LatinoAmericana Mundial, em outubro do ano passado, em São Paulo, Sara Vitória ficou surpresa. Nunca imaginou que o curta Ressignificar, que ela dirigiu e ganhou o prêmio de Melhor Produção Goiana do XI FICA, pudesse levá-la tão longe. A mesma Sara que tirou dinheiro do próprio bolso para financiar a obra, varou noites e madrugadas para trabalhar no material e teve de contar com a boa vontade de uma equipe não-remunerada para ajudá-la a finalizar o curta, estava ali, cercada de personalidades de renome nacional, recebendo uma homenagem de grande importância, por ter colocado em prática com seu filme o lema da Agenda: “Salvemo-nos com o planeta.” O reconhecimento por parte de um evento de caráter internacional é apenas um dos exemplos citados por Sara, ao explicar o impacto da premiação do FICA em sua carreira. “Receber o troféu José Petrillo faz muita diferença. Ele abre várias portas e perspectivas,

pois dá grande visibilidade à obra e aqueles responsáveis por ela, além de permitir que o realizador invista em novos trabalhos”, diz. Com os R$ 40 mil da premiação, Sara conseguiu não apenas recursos para bancar um novo projeto, como também a possibilidade de gratificar financeiramente a equipe com a qual trabalhou em Ressignificar. “É uma forma de fazer justiça a todos que possibilitaram a realização do curta, pois sem eles seria impossível”, frisa. Para a diretora, ser premiada pelo FICA é também uma maneira de ultrapassar fronteiras e perceber que, um tema abordado no Brasil, pode tocar de maneira intensa o público de outros países. “Em Ressignificar tratamos a questão do lixo tecnológico, de como geramos esses resíduos sem perceber e do quanto desperdiçamos sem necessidade. Geralmente, o retorno que tínhamos da plateia era no âmbito da educação ambiental. Entretanto, recebemos uma carta muito tocante de um grupo de Malta, uma ilha ao Sul da Europa, dizendo que depois do curta eles decidiram ressignificar a comunidade, o que mostra que o tema foi compreendido de forma muito mais geral e profunda”, comemora Sara.

FICA 33


Capa Cover Portada

In October last year, when Sara Vitoria ascended the stage in São Paulo to receive an honor from the World Latin American Agenda, she was surprised. She had never imagined that the short film Ressignificar which she had directed and for which she had won the award for Best Goiás Production at XI FICA, could take her so far. This same Sara who had used her own money to finance the film, working into the early hours of the morning and depending on the goodwill of an unpaid team to help her finish it, was there, surrounded by personalities of national fame to receive a valuable tribute for having put into practice with her film the theme of the Agenda: “Let’s save ourselves along with our planet.” Recognition at an event of international stature is just one of the examples quoted by Sara to explain the impact of the FICA award on her career. “Receiving the José Petrillo Trophy makes a great difference. It opens doors and offers prospects, as it gives great visibility to the film and to those who produced it, and makes it possible for the director to invest in new projects”, she says. With her award of R$40,000, she now had resources to fund a new project and was also in a position to pay the team which had worked with her on Ressignificar. “It’s a means of being just to all those who made the film possible because without them it would simply have been impossible,” she emphasizes. She believes that getting a FICA award is also a way of cutting across boundaries and seeing how a theme taken up in Brazil can deeply touch the lives of people in other countries. “Ressignificar deals the issue of e-waste, how it is generated without even noticing and how much we waste unnecessarily. In general, audience feedback was in the context of environmental education. However, we received a very touching letter from a group in Malta, a Mediterranean island, saying that after seeing the film they decided to resignify the community, which shows that the theme was understood in a much broader and deeper sense”, Sara proudly adds.

34 FICA

Cuando subió al escenario para recibir un homenaje de la Agenda Latino Americana Mundial, en octubre del año pasado, en San Pablo, Sara Vitória se sorprendió. Nunca imaginó que el corto Ressignificar, que dirigió y ganó el premio de Mejor Producción Goiana del XI FICA, pudiese llevarla tan lejos. La propia Sara que sacó dinero de su bolsillo para financiar la obra, pasó noches y madrugadas trabajando en el material y tuvo que contar con la buena voluntad de un equipo no remunerado para ayudarla a finalizar el corto, estaba allí, rodeada de personalidades de renombre nacional, recibiendo un homenaje de gran importancia, por haber colocado en práctica con su película el lema de la Agenda: “Salvémonos con el planeta.” El reconocimiento por parte de un evento de carácter internacional es apenas uno de los ejemplos citados por Sara, al explicar el impacto de la premiación del FICA en su carrera. “Recibir el trofeo José Petrillo hace una gran diferencia. Abre muchas puertas y perspectivas, pues da gran visibilidad a la obra y a sus responsables, además de permitir que el realizador invierta en nuevos trabajos”, dice. Con los R$ 40 mil del premio, Sara consiguió no sólo recursos para financiar un nuevo proyecto, como también la posibilidad de gratificar financieramente al equipo con el cual trabajó en Ressignificar. “Es una forma de hacer justicia a todos los que posibilitaron la realización del corto, pues sin ellos sería imposible”, destaca. Para la directora, ser premiada por el FICA es también una manera de superar fronteras y percibir que, un tema abordado en el Brasil, puede tocar de manera intensa al público de otros países. “En Ressignificar tratamos la cuestión de la basura tecnológica, de como generamos esos residuos sin darnos cuenta y de cuanto desperdiciamos sin necesidad. Generalmente, el retorno que teníamos del público era en el ámbito de la educación ambiental. Entre tanto, recibimos una carta muy emocionante de un grupo de Malta, una isla al sur de Europa, diciendo que después del corto decidieron resignificar la comunidad, lo que muestra que el tema fue comprendido de forma mucho más general y profunda”, conmemora Sara.


Divulgação ampliada Broader dissemination Divulgación ampliada Assim como no caso de Sara, ser premiado pelo FICA como Melhor Produção Goiana é um divisor de águas na carreira de vários produtores ou diretores contemplados, pois traz desdobramentos positivos em diversos aspectos. Um deles é a questão da divulgação da obra. “Como o festival tem mostras itinerantes em várias cidades de Goiás e Estados brasileiros, o trabalho do realizador não para de andar. Constantemente você recebe notícias de pessoas que assistiram ao documentário e percebe que ele não ficou adormecido depois da premiação”, analisa Kátia Jacarandá. Premiada no VI FICA com a obra A vida não vive, ela conta que até hoje recebe pedidos de escolas e universidades para terem acesso ao filme.

Kátia Jacarandá: “Como o festival tem mostras itinerantes em várias cidades de Goiás e Estados brasileiros, o trabalho do realizador não para de andar” Kátia Jacarandá: “ As the festival holds traveling exhibitions in different towns and cities in Goiás and Brazil, the film is constantly on the move” Kátia Jacarandá: “Como el festival tiene muestras itinerantes en varias ciudades de Goiás y Estados brasileños, el trabajo del realizador no para de andar”

FICA 35


Capa Cover Portada

Amarildo Pessoa, que produziu A vida não vive em conjunto com Kátia e também conquistou o prêmio de Melhor Produção Goiana do FICA desse ano com Sonho de humanidade, é outro que vê com surpresa seu trabalho ser exibido em um dos festivais de cinema ambiental mais tradicionais e consolidados do mundo: o Cine Eco, em Portugal. “Ter sido selecionado para a mostra competitiva desse evento, agora em outubro, é motivo de grande orgulho para mim e, principalmente, uma prova da força do FICA. As obras premiadas no festival de Goiás conquistam uma credibilidade muito significativa, que rende desdobramentos bastante interessantes para os realizadores”, considera. Além do Cine Eco, Amarildo também foi convidado para participar do Cine Brasília e recebe dezenas de e-mails com solicitações de autorização para que suas obras premiadas sejam exibidas em outros Estados. O mesmo aconteceu com Luiz Botosso e Thiago Veiga, que conquistaram o troféu José Petrillo do VIII FICA com a animação Bartô. Ambos viram a obra ser divulgada em festivais no Japão, Holanda e França, além do Cine Eco. “É engraçado, porque quando você está produzindo o filme, não consegue dimensionar o alcance que ele terá. Quando vence um evento como FICA, acaba surpreso com a quantidade de pessoas que se interessam pela obra e com o feedback do público, que no nosso caso foi muito positivo”, contam os realizadores.

36 FICA


As in the case of Sara, winning the award for the Best Goiás Production at FICA has been a watershed in the careers of many directors or producers, because of the positive results which ensue. One such is the dissemination of the film. “As the festival holds traveling exhibitions in different towns and cities in Goiás and Brazil, the film is constantly on the move. You always hear from people who have seen the documentary and you realize that it’s not just laid aside after winning”, says Kátia Jacarandá. A VI FICA award-winner for her A vida não vive, she says that she still receives requests for the film from schools and universities. Amarildo Pessoa, who co-produced A vida não vive with Kátia and who also won the award for Best Goiás Production at this year’s FICA with his Sonho da humanidade, was greatly surprised to see that his work would be shown at one of the most traditional and firmly-established environmental film festivals in the world: CineEco in Portugal. “To have been selected for the competitive exhibition at this event in October this year is a matter of great pride for me and, undoubtedly, proof that FICA has definite status. Winning an award at the Goiás festival gives a film great credibility, and this leads to a very positive outcome for the filmmaker”, he believes. As well as CineEco, Amarildo has also been invited to participate in Cine Brasilia and has received dozens of emails requesting permission for his awardwinning film to be shown in other States. The same happened to Luiz Botosso and Thiago Veiga, who won the José Petrillo Trophy at VIII FICA with their animation film Bartô. They have seen their film being screened at festivals in Japan, Holland and France, as well as CineEco. “It’s funny because when you’re making the film, you can’t gauge the reach it will have. When you win an award at an event like FICA, you are always amazed by the number of people interested in the film and at the feedback from the public, which in our case was very positive”, said the filmmakers.

Así como en el caso de Sara, ser premiado por el FICA como Mejor Producción Goiana es un divisor de aguas en la carrera de varios productores o directores contemplados, pues trae desdoblamientos positivos en diversos aspectos. Uno de ellos es la cuestión de la divulgación de la obra. “Como el festival tiene muestras itinerantes en varias ciudades de Goiás y Estados brasileños, el trabajo del realizador no para de andar. Constantemente recibimos noticias de personas que vieron el documental y nos dimos cuenta de que no quedó adormecido después de la premiación”, analiza Kátia Jacarandá. Premiada en el VI FICA con la obra La vida no vive, cuenta que hasta hoy recibe pedidos de escuelas y universidades para tener acceso a la película. Amarildo Pessoa, que produjo La vida no vive en conjunto con Kátia y también conquistó el premio de Mejor Producción Goiana del FICA de ese año con Sonho de humanidade, es otro que ve con sorpresa su trabajo ser exhibido en uno de los festivales de cine ambiental más tradicionales y consolidados del mundo: el Cine Eco, en Portugal. “Haber sido seleccionado para la muestra competitiva de ese evento, ahora en octubre, es motivo de gran orgullo para mí y, principalmente, una prueba de la fuerza del FICA. Las obras premiadas en el festival de Goiás conquistan una credibilidad muy significativa, que produce desdoblamientos muy interesantes para los realizadores”, considera. Además del Cine Eco, Amarildo también fue invitado a participar del Cine Brasilia y recibe decenas de e-mails con solicitudes de autorización para que sus obras premiadas sean exhibidas en otros Estados. Lo mismo sucedió con Luiz Botosso y Thiago Veiga, que conquistaron el trofeo José Petrillo del VIII FICA con la animación Bartô. Ambos vieron la obra divulgada en festivales en el Japón, Holanda y Francia, además del Cine Eco. “Es curioso, porque cuando Ud. está produciendo la película, no consigue medir el alcance que tendrá. Cuando vence un evento como el FICA, acaba sorprendido con la cantidad de personas que se interesan por la obra y con el feedback del público, que en nuestro caso fue muy positivo”, cuentan los realizadores.

FICA 37


Capa Cover Portada

Sonho e realidade Dream and reality Sueño y realidad O valor da premiação (R$ 40 mil) é outro fator que permite ao cineasta ampliar a divulgação de sua obra. “Com esse recurso, consegui produzir cópias do documentário, fazer as capas dos DVDs, camisetas, cartazes e enviar todo esse material promocional para as instituições e pessoas que me solicitavam. Além disso, pude me dedicar a novos projetos”, conta Adriana Rodrigues, diretora de Benzeduras, vencedor do X FICA. Essa situação contrasta radicalmente com aquela vivida por Adriana na época da produção do filme. “Levei cinco anos para concluir o Benzeduras, pois, como não tinha recursos disponíveis, dependia de uma série de pessoas e situações”, lembra. Adriana bem que tentou conciliar a produção do filme com outras atividades. Mas, quando viu que para finalizar a obra precisaria de mais tempo, foi obrigada a passar seis meses dedicando-se exclusivamente ao projeto. A escolha exigiu sacrifícios, como o fato da diretora abrir mão de outros trabalhos e precisar gastar todas as suas economias nesse período para

38 FICA

conseguir se manter. “Mas valeu a pena. Além do documentário ter sido premiado, houve um grande reconhecimento por parte da comunidade retratada no filme. Muitos dos entrevistados e seus familiares nunca tinham ido ao cinema e ficaram emocionados quando se viram na tela. É o caso da esposa de um dos benzedores, cujo marido morreu pouco antes do FICA”, recorda. Amarildo Pessoa também conta que teve a possibilidade de investir em novas obras depois da premiação do FICA. Segundo ele, o impacto que o prêmio do festival imprime na carreira dos realizadores goianos é tão grande, que a polêmica sobre a manutenção ou não da categoria Melhor Produção Goiana no festival deveria ser deixada de lado, pois não é frutífera. “Há quem considere que a existência de uma categoria específica para os cineastas de Goiás seja uma regalia sem sentido, que faz com que os profissionais se acomodem e não se esforcem para produzir obras de qualidade similar às dos grandes centros e de outros países”, diz. “Considero essa posição absolutamente sem fundamento”, sentencia.


Luiz Botosso e Thiago Veiga: “Quando vence um evento como Fica, você acaba surpreso com a quantidade de pessoas que se interessam pela obra e com o feedback” Luiz Botosso and Thiago Veiga: “When you win an award at an event like Fica, you are always amazed by the number of people interested in the film and at the feedback” Luiz Botosso and Thiago Veiga: “Cuando vence un evento como el Fica, acaba sorprendido con la cantidad de personas que se interesan por la obra y con el feedback”

FICA 39


Capa Cover Portada

The value of the award (R$40,000) is another factor which helps the filmmaker to disseminate his work. “With this money, I was able to produce copies of the documentary, make the dvd covers, t-shirts, posters and send all this promotional material to the institutions and people who requested a copy of the film. And in addition I was able to take on new projects”, says Adriana Rodrigues, director of Benzeduras, winner of X FICA. This contrasts dramatically with what she had experienced while making the film. “It took me five years to complete Benzeduras, because I didn’t have any resources and I depended on certain people and situations”, she recalls. Adriana really tried to reconcile her work on the film with her other activities, but when she realized that in order to finish it she would need more time, she was obliged to spend six months working exclusively on the project. This choice demanded sacrifices, such as having to refuse other projects and having to draw on all her savings at the time just to survive. “But it

40 FICA

was well worth it. As well as winning the award for my documentary, the community portrayed in the film was very appreciative. Many of the interviewees and their families had never been to the cinema and were thrilled when they saw themselves on screen. This was the case of the wife of one of the healers, whose husband had died shortly before FICA”, she recalls. Amarildo Pessoa also said that he was able to invest in new projects after his FICA award. He said that winning an award at the festival influences the careers of Goiás filmmakers so profoundly that the controversy over retaining the Best Goiás Production category should be dropped because it is not going anywhere. “Some consider that having a special category for Goiás filmmakers is a meaningless perk which leaves them resting on their laurels and not making any effort to produce quality films, similar to those of large cities and other countries”, he says. “I think there is no basis whatsoever for this argument”, he adds.


El valor del premio (R$ 40 mil) es otro factor que permite al cineasta ampliar la divulgación de su obra. “Con ese recurso, conseguí producir copias del documental, hacer las tapas de los DVDs, camisetas, carteles y enviar todo ese material promocional a las instituciones y personas que me lo solicitaban. Además de eso, pude dedicarme a nuevos proyectos”, cuenta Adriana Rodrigues, directora de Benzeduras, vencedor del X FICA. Esa situación contrasta radicalmente con aquella vivida por Adriana en la época de producción de la película. “Llevé cinco años para concluir Benzeduras, pues, como no tenía recursos disponibles, dependía de una serie de personas y situaciones”, recuerda. Adriana trató de conciliar la producción de la película con otras actividades. Pero, cuando vió que para finalizar la obra precisaría más tiempo, fue obligada a pasar seis meses dedicándose exclusivamente al proyecto. La elección exigió sacrificios, como el hecho de dejar otros trabajos y gastar todas sus economías en ese período para conseguir mantenerse. “Pero valió la pena. Además

de que el documental fue premiado, hubo un gran reconocimiento por parte de la comunidad retratada en la película. Muchos de los entrevistados y sus familiares nunca habían ido al cine y se emocionaron cuando se vieron en la pantalla. Es el caso de la esposa de uno de los benzedores, cuyo marido murió poco antes del FICA”, recuerda. Amarildo Pessoa también cuenta que tuvo la posibilidad de invertir en nuevas obras después del premio del Fica. Según él, el impacto que el premio del festival imprime en la carrera de los realizadores goianos es tan grande, que la polémica sobre la manutención o no de la categoría Mejor Producción Goiana en el festival debería ser dejada de lado, pues no es fructífera. Hay quien considere que la existencia de una categoría específica para los cineastas de Goiás es un privilegio sin sentido, que hace que los profesionales se acomoden y no se esfuercen para producir obras de calidad similar a las de los grandes centros y de otros países”, dice. “Considero esa posición absolutamente sin fundamento”, sentencia.

FICA 41


Capa Cover Portada

Polêmica e incentivo Controversy and incentive Polémica e incentivo Para Amarildo, a situação enfrentada pelos cineastas é tão difícil, em função da falta de recursos e de apoio sistemático para a produção das obras, que a premiação do FICA acaba desempenhando papel fundamental para a atividade cinematográfica no Estado. O consultor de Cinema do festival e professor da Universidade Federal de Goiás, Lisandro Nogueira, concorda com a visão sobre a força da iniciativa. “O FICA contribuiu e contribui significativamente para a produção do cinema em Goiás. É realmente um divisor de águas”, afirma. “Porém, se há quem discorde da existência de uma categoria específica para as obras goianas, é preciso discutir esse fato de forma conjunta”, opina. “As entidades de cinema goianas devem chegar a um consenso sobre a questão e levar sua posição à Agepel, que é a promotora do evento, para que ela reflita sobre o que for colocado”, sugere Lisandro. Polêmicas à parte o consultor considera que a influência positiva do FICA sobre o trabalho dos cineastas goianos é um fato indiscutível. “Houve um crescimento em termos quantitativos e

42 FICA

qualitativos tão grande, que hoje o festival poderia tranquilamente tratar não apenas da questão ambiental, mas também de outros assuntos, tamanha a desenvoltura dos realizadores goianos em lidar com a abordagem dos mais variados temas”, analisa. Para o consultor, as obras do FICA hoje são interessantes a ponto de render ações para todo o ano. “Propus à organização do festival a implantação de um projeto denominado FICA o ano inteiro, para que possamos, não apenas em maio, mas também antes e depois da realização do festival, mostrar os filmes premiados e selecionados e travar um contato maior com o público”, conta. Talentos não faltam para isso. Ao longo de suas 12 edições, o FICA já premiou 22 realizadores goianos por suas obras e distribuiu R$ 740 mill em prêmios. Os cineastas de Goiás podem ser contemplados na categoria de Primeira Melhor Produção Goiana, com troféu José Petrillo, ou de Segunda Melhor Produção Goiana, com o troféu João Bennio. Para ambas, o valor do prêmio é de R$ 40 mil. Um belo incentivo para criadores e criaturas.


Amarildo Pessoa: “A situação enfrentada pelos cineastas é tão difícil, que a premiação do FICA acaba desempenhando papel fundamental para a atividade no Estado” Amarildo Pessoa: “The life of a filmmaker is so difficult, so the FICA awards end up playing a key role in the State’s cinematographic industry” Amarildo Pessoa: “La situación enfrentada por los cineastas es tan difícil, que la premiación del FICA acaba desempeñando un papel fundamental para la actividad cinematográfica”

FICA 43


Capa Cover Portada

According to Amarildo, the life of a filmmaker is so difficult because of the lack of resources and systematic support for film production, so the FICA awards end up playing a key role in the State’s cinematographic industry. Dr. Lisandro Nogueira, film festival consultant and professor at the Federal University of Goias, agrees with this idea of the festival’s clout. “FICA has contributed significantly and continues to contribute to film production in Goiás. It is really a watershed”, he says. “However, if anybody disagrees with the idea of a specific category for Goiás films, then this should be jointly discussed”, he feels. “The Goiás film bodies must reach a consensus on the issue and take their findings to Agepel, sponsor of the event”, Dr. Nogueira suggests. Controversy aside, the consultant feels that FICA’s positive influence on the work of Goiás filmmakers is indisputable. “There has been such growth both in terms of quantity and quality that the festival could easily deal not just with environmental issues, but also with other subjects, since Goiás filmmakers are so skilled in dealing with the most diverse themes”, he says. According to him, FICA films nowadays are so interesting that they provide projects for the entire year. “I proposed that the festival organizers establish a project called FICA all year round, so that we can screen the selected and award-winning films not just in May, but also before and after the festival and so get the public more actively involved”, he says. There is no lack of talent for this. Throughout its 12 editions, FICA has awarded prizes to 22 Goiás filmmakers and has distributed R$740,000 in cash prizes. Goiás filmmakers can either be awarded the José Petrillo Trophy for the category of First Best Goiás Production, or the João Bennio Trophy for the Second Goiás Best Production. In both cases, the prize is R$40,000. A nice incentive for all involved.

44 FICA

Para Amarildo, la situación enfrentada por los cineastas es tan difícil, en función de la falta de recursos y de apoyo sistemático para la producción de las obras, que la premiación del FICA acaba desempeñando un papel fundamental para la actividad cinematográfica en el Estado. El consultor de Cine del festival y profesor de la Universidad Federal de Goiás, Lisandro Nogueira, concuerda con la visión sobre la fuerza de la iniciativa. “El FICA contribuyó y contribuye significativamente a la producción del cine en Goiás. Es realmente un divisor de aguas”, afirma. “Sin embargo, si hay quien esté en desacuerdo con la existencia de una categoría específica para las obras goianas, es preciso discutir ese hecho de forma conjunta”, opina. “Las entidades de cine goianas deben llegar a un consenso sobre la cuestión y llevar su posición a la Agepel, que es la promotora del evento, para que ésta reflexione sobre lo que sea decidido”, sugiere Lisandro. Polémicas aparte el consultor considera que la influencia positiva del FICA sobre el trabajo de los cineastas goianos es un hecho indiscutible. “Hubo un crecimiento en términos cuantitativos y cualitativos tan grande, que hoy el festival podría tranquilamente tratar no apenas de la cuestión ambiental, sino también de otros asuntos, tal es la desenvoltura de los realizadores goianos para lidiar con el abordaje de los más variados temas”, analiza. Para el consultor, las obras del FICA hoy son interesantes al punto de rendir acciones para todo el año. “Le propuse a la organización del festival la implantación de un proyecto denominado FICA todo el año, para que podamos, no apenas en mayo, sino también antes y después de la realización del festival, mostrar las películas premiadas y seleccionadas y trabar un contacto mayor con el público”, cuenta. Talentos no faltan para eso. A lo largo de sus 12 ediciones, el FICA premió 22 realizadores goianos por sus obras y distribuyó R$ 740.000 en premios. Los cineastas de Goiás pueden ser contemplados en la categoría de Primera Mejor Producción Goiana, con trofeo José Petrillo, o de Segunda Mejor Producción Goiana, con el trofeo João Bennio. Para ambas, el valor del premio es de R$ 40 mil. Un bello incentivo para creadores y creaciones.


Ao longo de suas 12 edições, o FICA já premiou 22 realizadores goianos por suas obras e distribuiu R$ 740 mil em prêmios

Throughout its 12 editions, FICA has awarded prizes to 22 Goiás filmmakers and has distributed R$740,000 in cash prizes A lo largo de sus 12 ediciones, el FICA premió 22 realizadores goianos por sus obras y distribuyó R$ 740.000 en premios

FICA 45


Artigo Article Artículo

A era da

natureza The era of nature La era de la naturaleza

Wolney Unes é professor da Escola de Música da Universidade Federal de Goiás (UFG), editor-chefe das revistas da UFG e do FICA.

Wolney Unes is Professor at the Federal University of Goiás, also editor-in-chief of the UFG and FICA magazines.

Wolney Unes es profesor de la Escuela de Música de la Universidad Federal de Goiás (UFG), editor-jefe de las revistas de la UFG y del FICA.

46 FICA

Há um conhecido romance goiano que descreve uma cena dramática passada no sertão. Um homem vaga pelas estradas de terra batida, sem destino, sem ocupação, sem ter o que dar de comer a seus filhos famintos. A uma certa altura de seu caminho, o homem percebe rastros de um animal, um tatu talvez. Põe-se a caçar o bicho, que finalmente apanha e usa para saciar a fome da prole. No momento em que pai e filhos terminam o banquete, chega o capataz da fazenda com um bando de homens. Ao deparar-se com a cena, os restos ainda fumegantes do animal, sua carcaça ao lado, o grupo dá voz de prisão à família. Chegando à sede da fazenda, iniciase um debate entre o andarilho e o fazendeiro: o fazendeiro furioso com o homem por ter usado um recurso raro e importante em suas terras, o tatu; o andarilho argumentando a premência de sua causa, a fome dos filhos. Desse debate, emerge uma questão: na busca por sua sobrevivência, até onde o ser humano pode desfrutar da prerrogativa de usar dos recursos naturais? Longe de constituir-se uma cena isolada de algum romance regionalista, estamos diante de uma cena tão premente como atual. Agora mesmo, esta situação pode estar-se repetindo, não somente pelo interior do Brasil, mas também em inúmeras outras regiões do planeta.


There is a well-known story in Goiás that describes a dramatic scene taking place in the hinterlands. A man is wandering the dirt roads, with nowhere to go, no job, and nothing to offer his starving children. At a point along the way, he sees tracks of an animal, perhaps an armadillo. So, he goes after it, catches and kills it to stave off the hunger of his offspring. At the very moment when father and children are finishing off their feast along comes the farm overseer with a gang of men. When they see the scene of the still-steaming remains of the animal, its carcass thrown to one side, they arrest the family. When they arrive at the farmhouse, there is an argument between the wanderer and the farmer. The farmer is angry with the man because he has killed an armadillo, such a rare and important resource, on his property. The wanderer equally argues for the urgency of his cause, the hunger of his children. Out of this discussion, a question emerges: in the search for survival, how far can human beings take their prerogative to use natural resources? This is not just an isolated scene from some regional storybook, but an issue of the utmost urgency and immediacy. At this very moment, this scenario may be repeating itself, not only in the Brazilian hinterland, but in innumerable other regions around the globe. The author of our story describes the scene pointing out the very obvious cruelty of the farmer, insensitive as he is to the human drama of the wanderer and his starving children. It is indeed really cruel to leave a man and his children go hungry; it is, in fact, cruel for a man not to be able to provide for his children; it is even cruel for a man not to have work, a house or a destiny. But the writer’s narrative poses the question: in a borderline case, do the last surviving specimens of an endangered species have a right to life over a father of starving children, in a world with a population fast-approaching seven billion people? This is the decisive debate of the moment in which we must decide whether to produce more food, more energy, more natural resources or preserve tracts of the planet, the irreplaceable habitats of animals and plants. Belo Monte, power plants, pasture in the Amazon, Cerrado monocultures, hydroelectric schemes in the Mata Atlântica - the list is long, taking recent Brazilian cases alone. Undoubtedly, the day when we would prefer to sacrifice human beings and their comfort for the sake of maintaining plant or animal life or

Hay una conocida novela goiana que describe una escena dramática que ocurre en el sertão. Un hombre vaga por los caminos de tierra, sin destino, sin ocupación, sin nada para darle de comer a sus hijos hambrientos. A cierta altura de su camino, el hombre ve rastros de un animal, un tatú tal vez. Se pone a cazarlo, hasta que finalmente lo atrapa y lo usa para saciar el hambre de su prole. En el momento en que padre e hijos terminan el banquete, llega el capataz de la fazenda con un grupo de hombres. Al encontrarse con la escena, los restos aun humeantes del animal, su caparazón al lado, el grupo le da la voz de prisión a la familia. Cuando llegan a la fazenda, comienza un debate entre el caminante y el fazendeiro, éste furioso con el hombre por haber usado un recurso raro e importante en sus tierras, el tatú; el caminante argumentando la urgencia de su causa, el hambre de sus hijos. De ese debate, emerge una cuestión: en la búsqueda de su supervivencia, ¿Hasta dónde puede el ser humano disfrutar de la prerrogativa de usar los recursos naturales? Lejos de constituir una escena aislada de alguna novela regionalista, estamos delante de una escena tan apremiante como actual. Ahora mismo, esta situación pode estar repitiéndose, no solamente en el interior del Brasil, sino también en innumerables regiones del planeta. El autor de esta nuestra novela describe la escena dejando en evidencia la crueldad del fazendeiro, indiferente ante el drama humano del caminante y el hambre de sus hijos. Es de hecho cruel dejar hambrientos a un hombre y sus hijos; y es de hecho cruel que un hombre no tenga nada para proveer a sus hijos; es de hecho cruel que un hombre no tenga trabajo, no tenga vivienda, no tenga destino. Pero de la narrativa del escritor queda la pregunta: en una situación límite, ¿tienen derecho a la vida los últimos ejemplares de una especie en extinción o tiene derecho a la vida un padre con sus hijos hambrientos, en un mundo que se aproxima a los 7 mil millones de seres humanos? Es este un debate que marca este preciso momento, en el que precisamos decidir entre producir más alimentos, más energía, más recursos naturales o preservar partes del planeta, hábitat insustituible de animales y plantas. Belo Monte, termoeléctricas, pasturas en la Amazonia, monocultivos en el Cerrado, hidroeléctricas en

FICA 47


Artigo Article Artículo

O autor deste nosso romance descreve a cena deixando evidente a crueldade do fazendeiro, inerte ante o drama humano do andarilho e a fome de seus filhos. É de fato cruel deixar famintos um homem e seus filhos; é de fato cruel um homem não ter o que prover para seus filhos; é de fato cruel um homem não ter trabalho, não ter moradia, não ter destino. Mas da narrativa do escritor fica a questão: numa situação de limite, têm direito à vida os últimos exemplares de uma espécie em extinção ou têm direito à vida um pai com seus filhos famintos, num mundo que já se aproxima dos 7 bilhões de seres humanos? É este um debate que marca este preciso momento, em que precisamos decidir entre produzir mais alimentos, mais energia, mais recursos naturais ou preservar porções do planeta, hábitat insubstituível de animais e plantas. Belo Monte, termoelétricas, pastagens na Amazônia, monoculturas no Cerrado, hidrelétricas na Mata Atlântica – a lista é longa, para ficarmos apenas em recentes casos brasileiros. Sem dúvida estamos ainda distantes do dia em que preferiremos sacrificar seres humanos e seu conforto em nome da manutenção da vida animal ou vegetal, em nome da preservação de uma paisagem natural. Mas o debate está posto. E, neste panorama, um evento da natureza do Festival de Cinema e Vídeo Ambiental de Goiás torna-se imprescindível, fórum privilegiado de

48 FICA

discussão, que usa a arte como arma de sensibilização. Diferentemente de nosso escritor regionalista, cujo romance tem alcance restrito, a arma do FICA é potente, de último tipo e de longo alcance, corporizada na linguagem contemporânea e poliestética da sétima arte. Nas aulas de história do ensino fundamental, aprendíamos que no primeiro milênio de nossa era tudo se fazia em nome do Deus monoteísta; a partir do Humanismo, tudo se fez em nome dos homens. Não é portanto de todo impossível que em algum momento passemos a colocar a natureza e o planeta no centro do mundo, como premissa básica. Assim como o teocentrismo deu lugar ao antropocentrismo, podemos estar agora mesmo no limiar de algo como o ecocentrismo ou naturocentrismo. Há sinais que parecem anunciar o início desta nova era, uma era de primazia da natureza, como nunca antes ela desfrutou. Hoje nos horrorizamos com as histórias de épocas pregressas em que pessoas eram sacrificadas em nome de alguma entidade divina. Talvez chegue o dia em que não nos horrorizemos ao decidir sacrificar o progresso humano em nome de algum animal ou planta. Talvez em alguns séculos – ou décadas, quem sabe? – decidamos sacrificar o conforto de alguns milhares de seres humanos em prol da vida de algum tamanduá, um loboguará ou uma onça. E, para este tipo de debate, o FICA se apresenta como fórum privilegiado.


preserving a natural landscape is still very far away. But the question has been posed. And, against this background, an event like the Goiás Environmental Film and Video Festival is a vital, precious forum for discussion, using art as a weapon of awareness. Unlike our regional writer, whose story has limited scope, FICA is a powerful, cutting-edge and farreaching weapon, embodied in the contemporary language and polyaesthetics of the seventh art. In our history classes at elementary school, we learned that in the first millennium of our era everything was done for the sake of a monotheistic God; from Humanism onwards, everything is done for the sake of people. It is therefore not at all impossible that at some time in the future we will put nature and the planet at the center of the world, as a basic premise. Just as theocentrism gave way to anthropocentrism, right now we could be on the threshold of something like ecocentrism or naturocentrism. Signs would seem to point to the beginning of this new era, an era of the primacy of nature, in a way which has never before been seen. Today we are horrified by the stories of times when people were sacrificed in the name of some deity or other. Maybe the day is coming when we won’t be horrified by the decision to sacrifice human progress for the sake of a certain animal or plant. Maybe in a few centuries – or even decades, who knows? – we will decide to sacrifice the comfort of a few thousand human beings, for the sake of the life of some anteater, wolf or jaguar. And FICA is a precious forum for this kind of debate.

la Mata Atlântica – la lista es larga, para mencionar apenas recientes casos brasileños. Sin duda estamos aun distantes del día en que preferiremos sacrificar seres humanos y su confort en nombre de la manutención de la vida animal o vegetal, en nombre de la preservación de un paisaje natural. Pero el debate está colocado. Y, en este panorama, un evento de la naturaleza del Festival de Cine y Video Ambiental de Goiás se vuelve imprescindible, foro privilegiado de discusión, que usa el arte como arma de sensibilización. A diferencia de nuestro escritor regionalista, cuya novela tiene un alcance restringido, el arma del FICA es potente, de último tipo y de largo alcance, corporizada en el lenguaje contemporáneo y poliestético del séptimo arte. En las clases de historia de la escuela primaria, aprendíamos que en el primer milenio de nuestra era todo se hacía en nombre del Dios monoteísta; a partir del Humanismo, todo se hizo en nombre de los hombres. No es por lo tanto imposible que en algún momento comencemos a colocar a la naturaleza y al planeta en el centro del mundo, como premisa básica. Así como el teocentrismo dio lugar al antropocentrismo, podemos estar ahora mismo en el umbral de algo así como el ecocentrismo o naturocentrismo. Hay señales que parecen anunciar el comienzo de esta nueva era, una era de primacía de la naturaleza, como nunca antes ésta disfrutó. Hoy nos horrorizamos con las historias de épocas pasadas en que personas eran sacrificadas en nombre de alguna entidad divina. Tal vez llegue el día en que no nos horroricemos al decidir sacrificar el progreso humano en nombre de algún animal o planta. Tal vez en algunos siglos – o décadas, ¿quien sabe? – decidamos sacrificar el confort de algunos miles de seres humanos en pro de la vida de algún oso hormiguero, un lobo-guará o un jaguar. Y, para este tipo de debate, el FICA se presenta como foro privilegiado.

FICA 49


Panorama Scene Panorama

Uma geração de criação e arte A generation of creativity and art Una generación de creación y arte

50 FICA


Com talento e originalidade, dois grandes artistas goianos demonstram suas preocupações com o meio ambiente, usando técnicas e materiais diferentes Texto: Valbene Bezerra Fotos: Acervo dos artistas

With talent and originality, two great Goiás artists show concern for the environment, using different techniques and materials Con talento y originalidad, dos grandes artistas goianos demuestran sus preocupaciones con el medio ambiente, usando técnicas y materiales diferentes

FICA 51


Panorama Scene Panorama

52 FICA


Roos investe no desenho elegante, nas pinceladas distribuĂ­das sem contrastes e na alternância de cores Roos concentrates on reďŹ ned designs, on brush strokes without contrast and the rotation of colors Roos invierte en el dibujo elegante, en las pinceladas distribuidas sin contrastes y en la alternancia de colores

FICA 53


Panorama Scene Panorama

54 FICA


ZéCésar esculpe com estilete em folhas de papelão e confecciona maquetes que evocam o paisagismo desordenado das grandes cidades

ZéCésar has been carving with a stiletto on sheets of cardboard and making models which conjure up images of the cluttered landscapes of large cities ZéCésar esculpe con cutter en hojas de cartón y confecciona maquetas que evocan el paisajismo desordenado de las grandes ciudades

FICA 55


Panorama Scene Panorama

56 FICA


Roos enche suas telas de paisagens e personagens em pinceladas magistrais, que remetem ao impressionismo Roos ďŹ lls his canvases with landscapes and characters using master strokes, which would remind one of the impressionist techniques Roos llena sus telas de paisajes y personajes en pinceladas magistrales, que remiten al impresionismo

FICA 57


Panorama Scene Panorama

58 FICA


Subproduto do consumo, o papelão é considerado um verdadeiro fóssil urbano. Mas não para ZéCésar Cardboard, a byproduct of consumerism, is considered a real urban fossil. Not for ZéCésar Subproducto del consumo, el cartón es considerado un verdadero fósil urbano. No para ZéCésar

FICA 59


Panorama Scene Panorama

60 FICA


Minimalista, barroca, lúdica. É assim que Roos define sua arte Minimalist, baroque, ludic – this is how Roos defines his art Minimalista, barroco, lúdico. Es así que Roos define su arte

FICA 61


Panorama Scene Panorama

A REVISTA DO FICA presta uma homenagem a dois grandes artistas goianos: ZéCésar e Roos. Representantes da mesma geração, ambos demonstram preocupações com o meio ambiente, mas de formas diferentes. Enquanto ZéCésar denuncia o caos urbano das grandes cidades em maquetes feitas de papelão, Roos enche suas telas de paisagens e personagens em pinceladas magistrais, que remetem ao impressionismo. Professor da Faculdade de Artes Visuais, doutor em Gravura e músico, ZéCésar consagrou-se com gravuras feitas com lâminas de plástico, pranchas de acrílico, PVC, PVC expandido, poliestireno e polietileno, técnica que desenvolveu depois de muita pesquisa e experimentação. Há seis anos, ele esculpe com estilete em folhas de papelão e confecciona objetos tridimensionais, maquetes que evocam o paisagismo desordenado das grandes cidades. Subproduto do consumo, descartado em larga escala, o papelão é considerado um verdadeiro fóssil urbano. Não para o artista, que reutiliza

62 FICA

o material como matéria- prima de sua obra para fazer um alerta ao descaso com a paisagem urbana, ao ritmo acelerado da vida moderna, ao crescimento desordenado das grandes cidades, ao trânsito caótico e outras mazelas que afetam a qualidade de vida do planeta. Diferentemente de ZéCésar, Roos investe em outras paisagens e personagens. Madonas, Quixotes, Sancho Panças e palhaços, o cotidiano diurno e noturno da cidade são temas recorrentes na obra do artista. Ex-publicitário, que trocou o trabalho rotineiro na agência pelos pincéis, Roos investe no desenho elegante, nas pinceladas distribuídas sem contrastes e na alternância de cores nas suas telas. Versátil, o artista vive a eterna procura pela técnica ideal, pela perfeição do desenho e da pintura, e se supera a cada nova exposição. Minimalista, barroca, lúdica. É assim que o artista define sua arte, que também registra momentos importantes da vida da cidade que escolheu para viver. Valbene Bezerra é jornalista e pós-graduada em Filosofia da Arte. Cursou História da Arte e Crítica Teatral.


FICA MAGAZINE pays tribute to two great Goiás artists: ZéCesar and Roos. Representatives of the same generation, both are concerned about the environment, each in their own way. While ZéCésar denounces the urban chaos of large cities in models made of cardboard, Roos fills his canvases with landscapes and characters using master strokes, which would remind one of the impressionist techniques. ZéCesar, a musician and professor at the School of Visual Arts, holding a doctorate in the Fine Arts, has become known for his etching on plastic, acrylic boards, PVC, expanded PVC sheets, a technique which he developed after extensive research and experimentation. For six years, he has been carving with a stiletto on sheets of cardboard and making three dimensional objects, models which conjure up images of the cluttered landscapes of large cities. Cardboard, a byproduct of consumerism and discarded in large quantities, is considered a real urban fossil. Not for this artist though, who reuses it as a raw material for his work to warn people about the consequences of neglecting the urban landscape, the accelerated pace of modern life, the disorderly growth of large cities, chaotic traffic and other ills that affect the quality of life on the planet. Unlike ZéCésar, Roos deals with other landscapes and characters. Madonnas, Quixotes, Sancho Panzas and clowns, the daily and nightly routine of the city are all recurring themes in his work. A former advertiser, who exchanged his routine work at an agency for paintbrushes, concentrates on refined designs, on brush strokes without contrast and the rotation of colors. Roos, a versatile artist eternally searching for the ideal technique, for the perfect design and painting, excels with each new exhibition. Minimalist, baroque, ludic – this is how he defines his art, which also records significant moments in the life of the city where he has chosen to live. Valbene Bezerra is a journalist who holds a post-graduate diploma in the Philosophy of Art. She has studied the History of Art and Theatre Critique.

LA REVISTA DEL FICA rinde un homenaje a dos grandes artistas goianos: ZéCésar y Roos. Representantes de la misma generación, ambos demuestran preocupaciones con el medio ambiente, aunque de formas diferentes. En cuanto ZéCésar denuncia el caos urbano de las grandes ciudades en maquetas hechas de cartón, Roos llena sus telas de paisajes y personajes en pinceladas magistrales, que remiten al impresionismo. Profesor de la Facultad de Artes Visuales, doctor en Grabado y músico, ZéCésar se consagró con grabados hechos con láminas de plástico, planchas de acrílico, PVC, PVC expandido, poliestireno y polietileno, técnica que desarrolló después de mucha investigación. Hace años, esculpe con cutter en hojas de cartón y confecciona objetos tridimensionales, maquetas que evocan el paisajismo desordenado de las grandes ciudades. Subproducto del consumo, descartado en larga escala, el cartón es considerado un verdadero fósil urbano. No para el artista, que reutiliza el material como materia prima de su obra para hacer un alerta al descuido con el paisaje urbano, al ritmo acelerado de la vida moderna, al crecimiento desordenado de las grandes ciudades, al transito caótico y otras heridas que afectan la calidad de vida del planeta. A diferencia de ZéCésar, Roos invierte en otros paisajes y personajes. Madonas, Quijotes, Sanchos Panza y payasos, lo cotidiano diurno y nocturno de la ciudad son temas recurrentes en la obra del artista. Ex-publicitario, que cambió el trabajo rutinario en la agencia por los pinceles, Roos invierte en el dibujo elegante, en las pinceladas distribuidas sin contrastes y en la alternancia de colores en sus telas. Versátil, el artista vive la eterna búsqueda de la técnica ideal, por la perfección del dibujo y de la pintura, y se supera a cada nueva exposición. Minimalista, barroco, lúdico. Es así que el artista define su arte, que también registra momentos importantes de la vida de la ciudad que eligió para vivir. Valbene Bezerra es periodista y post graduada en Filosofía del Arte. Cursó Historia del Arte y Crítica Teatral

FICA 63


Mosaico Mosaico Mosaic Fabrícia Hamu

Jornalistas e sustentabilidade Journalists and sustainability Periodistas y sustentabilidad Workshop é destinado aos jornalistas e outros profissionais de comunicação Workshop is aimed at journalists and other media professionals Workshop es destinado a periodistas y otros profesionales de la comunicación social

No âmbito das temáticas da Década das Nações Unidas da Educação para o Desenvolvimento Sustentável (2005-2014), a Unesco, em parceria com a emissora portuguesa RTP, o Comitê Português Planeta Terra e a Câmara Municipal de Seia promovem, no dia 23 de outubro, o workshop Informação em contexto. Destinado a jornalistas e outros profissionais da comunicação social, o evento acontece durante o Festival Internacional de Cinema de Ambiente de Seia (Cine’Eco – 16 a 23/10). A iniciativa visa dotar os profissionais da comunicação de conhecimento científico sobre o funcionamento de sistemas naturais, de modo a promover uma melhor contextualização da notícia. O workshop será ministrado pela coordenadora do Comitê Português Planeta Terra, Maria Helena Henriques; pela jornalista da RTP, Sílvia Alves, e pela responsável pelo Setor das Ciências da Comissão Nacional da Unesco em Portugal, Elizabeth Silvwa. Outras informações pelo site www. cineeco.org.w 64 FICA

On October 23, within the sphere of the UN Decade of Education for Sustainable Development (2005-2014), UNESCO, in partnership with the Portuguese broadcaster RTP, the Portuguese Planet Earth Committee and the Municipality of Seia are holding a workshop on Information in context. This event, aimed at journalists and other media professionals, will be held in the Serra da Estrela Interpretation Center, during the Seia International Environmental Film Festival (CineEco, 16-23 October). The event sets out to supply media professionals with scientific knowledge about the working of natural systems so that news can be better contextualized. The workshop will be run by Maria Helena Henriques, Coordinator of the Portuguese Planet Earth Committee and professor at the University of Coimbra, by Sílvia Alves, RTP journalist/Universidade Nova de Lisboa, and Elizabeth Silva who is in charge of the Science Sector of the UNESCO National Commission in Portugal. More information at www. cineeco.org.

En el ámbito de las temáticas de la Década de las Naciones Unidas de la Educación para el Desarrollo Sustentable (2005-2014), la Unesco, en sociedad con la emisora portuguesa RTP, el Comité Portugués Planeta Terra y la Cámara Municipal de Seia promueven, el día 23 de octubre, el workshop Informação em contexto. Destinado a periodistas y otros profesionales de la comunicación social, el evento será realizado durante el Festival Internacional de Cine de Ambiente de Seia (Cine’Eco – 16 a 23 /10). La iniciativa tiene como objetivo dotar a los profesionales de la comunicación social de conocimiento científico sobre el funcionamiento de sistemas naturales, de modo de promover una mejor contextualización de la noticia. El workshop será dictado por la coordinadora del Comité Portugués Planeta Terra, Maria Helena Henriques; por la periodista de la RTP, Sílvia Alves, y por la responsable por el Sector de Ciencias de la Comisión Nacional de la Unesco en Portugal, Elizabeth Silva. Otras informaciones en el site www.cineeco.org.


Cerrado em chamas The Cerrado in flames Cerrado en llamas Entre maio e setembro deste ano foram registrados 57,7 mil focos de queimadas Between May and September of this year, 57,700 outbreaks of fire were recorded in the Cerrado Entre mayo y setiembre de este año, fueron registrados 57,7 mil focos de quemadas

Um balanço completo sobre os estragos provocados pelas queimadas no Brasil em 2010 deve ser divulgado ainda em outubro pelo Instituto Chico Mendes. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelam que, entre maio e setembro deste ano, foram registrados 57,7 mil focos de queimadas no Cerrado, número mais de 350% superior ao verificado no mesmo período de 2009 e recorde nos últimos cinco anos. Os danos foram graves à natureza e ao solo, elevaram as emissões regionais e também prejudicaram a saúde da população. Os Estados mais atingidos foram Mato Grosso, Tocantins e Goiás. A capital federal enfrentou mais de 120 dias sem chuva. Além disso, todos os parques nacionais no Cerrado, que abrigam grandes parcelas do que resta do bioma, sofreram com a passagem do fogo. O Parque Nacional das Emas (GO) teve 90% de sua área queimada, os Parques Nacionais de Brasília (DF) e do Araguaia (TO), 40%, e o Parque Nacional da Serra da Canastra (MG), 35%.

A complete account of the damage caused by fires in Brazil in 2010 is to be released later in October by the Instituto Chico Mendes. Data from the National Institute for Space Research (INPE) show that between May and September 2010, 57,700 outbreaks of fire were recorded in the Cerrado, an increase of more than a 350% on the same period in 2009 and a record for the last five years. Severe damage has been caused to nature and soil and people’s health has been affected. The hardest hit states were Mato Grosso, Tocantins and Goias. Brasília endured more than 120 days of drought. In addition, all the national parks in the Cerrado, where large tracts of what still remains of this biome are located, have also been damaged by the fires. A total of 90% of the Parque Nacional das Emas (Goiás) has been destroyed, as well as 40% of the Parques Nacionais of Brasilia and Araguaia (Tocantins), and 35% of the Parque Nacional da Serra da Canastra (Minas Gerais).

Un balance completo sobre los estragos provocados por las quemadas en el Brasil en 2010 debe ser divulgado aun en octubre por el Instituto Chico Mendes. Datos del Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) revelan que, entre mayo y setiembre de 2010, fueron registrados 57,7 mil focos de quemadas en el Cerrado, número más de 350% superior al verificado en el mismo período de 2009 y record en los últimos cinco años. Los daños fueron graves a la naturaleza y al suelo y también perjudicaron la salud de la población. Los Estados más alcanzados fueron Mato Grosso, Tocantins y Goiás. La capital federal enfrentó más de 120 días sin lluvia. Además de eso, todos los parques nacionales en el Cerrado, que abrigan grandes parcelas de lo que resta del bioma, sufrieron con el pasaje del fuego. El Parque Nacional de las Emas (GO) tuvo 90% de su área quemada, los Parques Nacionales de Brasilia (DF) y de Araguaia (TO), 40%, y el Parque Nacional de la Serra da Canastra (MG), 35%. FICA 65


Mosaico Mosaico Mosaico

Prêmio Von Martius The Von Martius Award Premio Von Martius Resultado dos vencedores da 11ª edição deve ser divulgado no dia 5 de novembro

The winners of the 11th edition are to be announced on November 5 El resultado de los vencedores de la 11ª edición debe ser divulgado el día 5 de noviembre

O resultado dos vencedores da 11ª edição do Prêmio Von Martius de Sustentabilidade deve ser divulgado no dia 5 de novembro. Promovida pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, a premiação contempla trabalhos de empresas, ONG’s, indivíduos, governos e instituições nacionais em três categorias: Humanidade, Natureza e Tecnologia. Podem concorrer projetos que promovam o desenvolvimento econômico, social e cultural alinhado ao conceito de desenvolvimento sustentável. Desde a primeira edição do prêmio até hoje, 1.630 projetos foram inscritos e analisados nas três categorias, entre os quais 91 foram premiados e 13 receberam menção honrosa. O evento homenageia o emérito pesquisador alemão Carl Friedrich Phillipp von Martius (1794-1868), cujo trabalho de pesquisa científica pelo Brasil, entre 1817 e 1820, contribuiu para o conhecimento e a valorização do ambiente natural e cultural do País. Informações pelo site www.premiovonmartius.com.br. 66 FICA

The winners of the 11th edition of the Von Martius Sustainability Award are to be announced on November 5. This award, sponsored by the German-Brazilian Chamber of Commerce and Industry since 2000, is intended for the work of companies, nongovernmental organizations, people, governments and national institutions under three categories: Humanity, Nature and Technology. Completed or ongoing projects which promote economic, social and cultural development aligned to the concept of sustainable development can be submitted. From the first edition of this award to date, 1,630 projects have been submitted, analyzed and audited in all three categories. Of these 91 have been awarded prizes and 13 have received honorable mention. This event honors the illustrious German researcher Carl Friedrich Philipp von Martius (1794-1868), whose scientific research work in Brazil between 1817 and 1820, made a remarkable contribution to our understanding and appreciation of the country’s natural and cultural environment. More information at www.premiovonmartius.com.br.

El resultado de los vencedores de la 11ª edición del Premio Von Martius de Sustentabilidad debe ser divulgado el día 5 de noviembre. Promovida por la Cámara de Comercio e Industria Brasil-Alemania desde 2000, la premiación contempla trabajos de empresas, organizaciones no gubernamentales, individuos, gobiernos e instituciones nacionales en tres categorías: Humanidad, Naturaleza y Tecnología. Pueden participar proyectos concluidos o en andamiento que promuevan el desarrollo económico, social y cultural alineado al concepto de desarrollo sustentable. Desde la primera edición del premio hasta hoy, 1.630 proyectos fueron inscriptos, analizados y auditados en las tres categorías, entre los cuales 91 fueron premiados y 13 recibieron mención honrosa. El evento homenajea al emérito investigador alemán Carl Friedrich Phillipp von Martius (1794-1868), cuyo trabajo de investigación científica por el Brasil, entre 1817 y 1820, contribuyó mucho al conocimiento y la valorización del ambiente natural y cultural del País. Otras informaciones en el site www.premiovonmartius. com.br.


Divulgação

Fellini na UFG Fellini at UFG Fellini en la UFG Evento exibirá obras de um dos maiores diretores italianos e do mundo The event will screen works of one of Italy’s and the world’s greatest directors El evento exhibirá obras de uno de los mayores directores italianos y del mundo

O Cine da Universidade Federal de Goiás (UFG), em suas apresentações dos grandes mestres do cinema, promove, de 13 de outubro a 5 de novembro, a Mostra Fellini. O evento exibirá obras de um dos maiores diretores italianos e do mundo: Federico Fellini (1920-1993), Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1960 com A doce vida (foto); Oscar pela carreira em 1993, e dezenas de outras indicações e prêmios. Dono de extensa obra, que vai dos primórdios do preto e branco ao colorido, da produção de baixo orçamento à superprodução, Fellini é o poeta das imagens, o cineasta que influenciou e influencia gerações e gerações de jovens amantes do cinema. Com início às 12h e término às 17h30, as sessões exibirão filmes como E la nave va, Noites de Cabíria, A estrada da vida, entre outros. Após os filmes, o público poderá participar de debates. Mais informações pelo site www.ufg.org.br.

From October 13 to November 5, the Federal University of Goiás (UFG Cinema) features Fellini in its presentations of the great masters of cinema. The event will screen works of one of Italy’s and the world’s greatest directors: Federico Fellini (19201993), who won the Palme d’Or at the 1960 Cannes Film Festival for his La Dolce Vita (photo). In 1993, he was awarded an Oscar for his career, and he also won dozens of other indications and awards. Fellini, the producer of an extensive list of films, ranging from the early black and white to color, from low-budget to superproduction, is the poet of images, the filmmaker who influenced and continues to influence generations of young moviegoers. Sessions start at noon and finish at 5:30 pm, showing films such as And the ship sails on, Nights of Cabiria and The Road. After the screening, there is a debate open to all. More information at www.ufg.org.br.

El Cine de la Universidad Federal de Goiás (UFG), en sus presentaciones de los grandes maestros del cine, promueve, del 13 de octubre al 5 de noviembre, la Mostra Fellini. El evento exhibirá obras de uno de los mayores directores italianos y del mundo: Federico Fellini (1920-1993), Palma de Oro en el Festival de Cannes de 1960 con La dolce vita (foto); Oscar por la carrera en 1993, y decenas de otras indicaciones y premios. Dueño de una extensa obra, que va de los comienzos del blanco y negro al color, de la producción de bajo presupuesto a la superproducción, Fellini es el poeta de las imágenes, el cineasta que influenció e influencia generaciones y generaciones de jóvenes amantes del cine. Con comienzo a las 12h y fin a las 17h30, las sesiones exhibirán películas como Y la nave va, Noches de Cabiria, La Strada, entre otras. Después de las películas, el público podrá participar de debates. Más informaciones en el site www.ufg.org.br.

FICA 67


Circuito Circuit Circuito Bruno Hermano

Festivais de cinema ambiental Outubro 2010

Environmental film festivals – October 2010 Festivales de Cine Ambiental – Octubre 2010

Wildscreen Festival Quando: 15 de outubro Onde: Bristol, Inglaterra Edição: 15ª Site: www.wildscreenfestival.org O festival: É um dos importantes eventos cinematográficos mundiais sobre a vida selvagem e o meio ambiente. A temática dos filmes visa a compreensão do público global sobre a natureza e necessidade de preservála. O Wildscreen foi fundado por Sir Peter Scott em 1982 e ocorre a cada dois anos, atraindo centenas de pessoas ativamente envolvidas na preservação do meio ambiente.

The festival: This is one of the world’s most important film festivals dealing with wildlife and the environment. Its themes aim to help the public understand nature and the need to preserve it. Wildscreen, founded by Sir Peter Scott in 1982 and held every two years, attracts hundreds of people actively involved in preserving the environment. El festival: Es uno de los importantes eventos cinematográficos mundiales sobre la vida salvaje y el medio ambiente. La temática de las películas procura la comprensión del público global sobre la naturaleza y necesidad de preservarla. El Wildscreen fue fundado por Sir Peter Scott en 1982 y tiene lugar cada dos años, atrayendo centenas de personas activamente envueltas en la preservación del medio ambiente.

Ekotopfilm 2010 Quando: 11 a 15 de outubro Onde: Bratislava, Eslováquia Edição: 37ª Site: www.ekotopfilm.sk O festival: É aberto a filmes de documentários para cinema e televisão que têm como tema a natureza e o desenvolvimento sustentável. Trata-se de uma mostra competitiva realizada pelo 37º ano seguido. Em sua história, o festival exibiu cerca de 6 mil filmes de todo o mundo. O objetivo do festival é difundir a consciência da necessidade de proteção do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável. 68 FICA

The festival: It is open to documentary films for both cinema and television, on the theme of nature and sustainable development. It has been held consecutively for 37 years and, throughout its history, has shown about 6.000 films from all over the world. Its aim is to spread awareness of the need for environmental protection and sustainable development.

El festival: Es abierto a documentales para cine y televisión que tienen como tema la naturaleza y el desarrollo sustentable. Se trata de una muestra competitiva realizada por el 37º año seguido. En su historia, el festival exhibió cerca de 6 mil películas de todo el mundo. El objetivo del festival es difundir la conciencia de la necesidad de protección del medio ambiente y del desarrollo sustentable.


Edição: 12ª Site: www.planetinfocus.org

The festival: This is one of Canada’s major environmental film festivals. Known as the PIF, it features documentaries, animation, long, short and experimental works, all focused on the concept of the environment and the current challenge of the relationship between people and nature.

O festival: É um dos principais festivais de cinema ambiental do Canadá. Conhecido como PIF, o festival apresenta documentários, animação, longas, curtas, trabalhos experimentais, todos com foco no conceito de meio ambiente e no desafio atual das relações entre homem e natureza.

El festival: Es uno de los principales festivales de cine ambiental del Canadá. Conocido como PIF, el festival presenta documentales, animación, largometrajes, cortometrajes, trabajos experimentales, todos con foco en el concepto de medio ambiente y en el desafío actual de las relaciones entre hombre y naturaleza.

Planet in Focus Toronto Environmental Film and Video Festival Inscrições: 13 a 17 de outubro de 2010 Onde: Toronto, Canadá

Banff Mountain Film Festival Quando: 30 de outubro a 7 de novembro Onde: Banff, Canadá Edição: 32ª Site: www.banffcentre.ca/ mountainculture/ O festival: Com 31 anos de tradição, é considerado o maior e um dos mais prestigiados festivais de cinema de montanha do mundo. O Banff Mountain Film Festival é apresentado pela National Geographic e bootmakers Dunham. Envolve filmes de todo o mundo e em suas últimas edições teve público superior a 170 mil pessoas. O evento conta com participação de alpinistas e adeptos de esportes de montanha. Os filmes selecionados terão a oportunidade de ser apresentados na série de televisão Banff Mountain Film Festival.

The festival: With its 31 years of tradition, the Banff Mountain Film Festival, presented by National Geographic and Dunham boot makers, is considered to be one of the largest and most prestigious mountain film festivals in the world. Films are submitted from all over the world and its latest editions have drawn audiences of more than 170.000 people. Mountaineers and mountain sport enthusiasts also participate. The films selected will have an opportunity to be presented as part of the Banff Mountain Film Festival television series. El festival: Con 31 años de tradición, es considerado el mayor y uno de los más prestigiados festivales de cine de montaña del mundo. El Banff Mountain Film Festival es presentado por la National Geographic y bootmakers Dunham. Incluye películas de todo el mundo y en sus últimas ediciones tuvo un público superior a 170 mil personas. El evento cuenta con participación de alpinistas y adeptos de deportes de montaña. Las películas seleccionadas tendrán la oportunidad de ser presentados en la serie de televisión Banff Mountain Film Festival. FICA 69


Circuito Circuit Circuito

Cine Eco – Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental da Serra da Estrela Quando: 16 a 23 de outubro Onde: Serra da Estrela, Seia, Portugal Edição: 16ª Site: www.cineeco.org O festival: É aberto a concorrentes nacionais e estrangeiros, profissionais e amadores. Seu objetivo é valorizar a ecologia e a cultura, bem como promover o turismo na Serra da Estrela e a preservação do meio ambiente. Serão aceitas obras que tenham como tema o meio ambiente. Uma atenção especial será reservada ao audiovisual (cinema e vídeo) da Lusofonia, produzido em países de língua portuguesa, através da instituição de um prêmio especial.

The festival: Open to domestic and foreign competitors, both professional and amateur, the aim of the festival is to promote an appreciation of ecology and culture, stimulate tourism in Serra da Estrela and preserve the environment. Films on the theme of the environment will be accepted. Lusophonic audiovisuals (film and video), produced in Portuguese-speaking countries, will be given special attention through the establishment of a special prize. El festival: Es abierto a participantes nacionales y extranjeros, profesionales y amateurs. Su objetivo es valorizar la ecología y la cultura, así como promover el turismo en la Serra da Estrela y la preservación del medio ambiente. Serán aceptadas obras que tengan como tema el medio ambiente. Una atención especial será reservada al audiovisual (cine y vídeo) de la Lusofonía, producido en países de lengua portuguesa, a través de la institución de un premio especial.

Nature Film Festival of Namur Quando: 17 a 25 de outubro Onde: Wépion, Belgica Edição: 15ª Site: www.festivalnaturenamur.be O festival: Tem como objetivo mostrar as belezas do planeta no grande e revelar seus pontos frágeis. O tema principal é Natureza em geral. Os filmes selecionados serão dedicados à descoberta, proteção e conservação da natureza selvagem. O assunto pode ser tratado em formato de documentário, reportagem, entrevista, clipe, etc. O tema especial desta edição é Parques e jardins. O festival foi criado em 1995. Paralelamente, é realizado o Concurso Canon Internacional de Fotografias de Natureza.

The festival: The aim of this festival, founded in 1995, is to show the beauty of the planet at large and present its weaknesses. Its main theme is Nature in general. The films selected will deal with the discovery, protection and preservation of wildlife. The theme may be treated in the form of documentary, report, interview, clip, etc. The theme of this particular edition is Parks and Gardens. The Canon International Nature Photography Competition runs parallel to this festival. El festival: Tiene como objetivo mostrar las bellezas del planeta en general y revelar sus puntos frágiles. El tema principal es Naturaleza en general. Las películas seleccionadas serán dedicadas al descubrimiento, protección y conservación de la naturaleza salvaje. El asunto puede ser tratado en formato de documental, reportaje, entrevista, clip, etc. El tema especial de esta edición es Parques y jardines. El festival fue creado en 1995. Paralelamente, es realizado el Concurso Canon Internacional de Fotografías de Naturaleza. 70 FICA


FICA na rede FICA on the net FICA en la red

Opiniões on line

Opinions on line Opiniónes en la red

Participe da REVISTA DO FICA conferindo o site (www.fica.art.br) ou seguindo o perfil do festival no Twitter (twitter.com/XII_FICA). Envie também suas opiniões, sugestões e dúvidas para o e-mail revistadofica@fica.art. br. Veja a seguir algumas avaliações dos leitores sobre o quinto número da revista:

Join the FICA MAGAZINE by checking out the site (www.fica.art.br) or by following the festival profile on Twitter (twitter.com / XII_FICA). Send your opinions, suggestions and questions to revistadofica@fica.art.br. Here are some reviews from readers on the fifth edition of the magazine:

Extremamente Ex trem importante a reportagem sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global. Sou professor do ensino médio e vou usá-la em sala de aula. au a. Leandro Chagas – Brasília (DF), Brasil

Emocionante Em moc o trabalho de Selma Parreira com os lençóis no Rio Vermelho. Minha mãe foi lavadeira em Minas e fiz um retorno à minha inha infância e às manhãs no rio.

Participe en la REVISTA DEL FICA visitando la página (www.fica.art.br) o siguiendo el perfil del festival en Twitter (twitter.com/XII_FICA). Envíe también sus opiniones, sugestiones y dudas al e-mail revistadofica@fica.art.br. Vea a continuación algunas evaluaciones de los lectores sobre el quinto número de la revista: “The report on climate change and global warming was very impressive. I’m a high school teacher and I’m going to use it in the classroom.” Leandro Chagas – Brasilia, Brazil

“Selma Parreira’s work on the sheets in the Vermelho River was very moving. My mother was a washerwoman in Minas so it took me back to my childhood and mornings in the river.” Lindalva Santos Belo Horizonte, Brazil

“The article on the cinema debate about the generation and reuse of garbage was very good. I am curious to see Efeito Reciclagem and check out the story of Claudinêz Alvarenga.” Mercedes Cantagalo - Lisbon, Portugal

“I could never have imagined that the town of Goiás was so beautiful. The photos of it in the magazine are magnificent. I want to visit it soon.” Vicente Alexandrino - Florianopolis, Brazil

Lindalva Santos – Belo Horizonte (MG), Brasil

Muit boa a reportagem sobre o debate Muito da geração e o reaproveitamento do lixo no cinema. Fiquei curiosa para assistir Efeito reciclagem e conferir ir a hi história de Claudinês Alvarenga. eng ga. Mercedes Cantagalo – Lisboa, Portugal

Nu Nunca unc imaginei que a Cidade de Goiás fosse tão bela. As fotos da revista são magníficas. as. Quero conhecê-la em breve. reve. Vicente Alexandrino – Florianópolis (SC), Brasil

“Extremadamente importante el reportaje sobre los cambios climáticos y el calentamiento global. Soy profesor de enseñanza media y la voy a usar en sala de clase.” Leandro Chagas – Brasília (DF), Brasil “Emocionante el trabajo de Selma Parreira con las sábanas en el Río Vermelho. Mi madre fue lavandera en Minas e hice un regreso a mi infancia y a las mañanas en el río.” Lindalva Santos – Belo Horizonte (MG), Brasil

“Muy bueno el reportaje sobre el debate de la generación y el reaprovechamiento de la basura en el cine. Me quedé con ganas de ver Efeito reciclagem y conocer la historia de Claudinês Alvarenga.” Mercedes Cantagalo – Lisboa, Portugal “Nunca imaginé que la Ciudad de Goiás fuese tan linda. Las fotos de la revista son magníficas. Quiero conocerla a la brevedad.” Vicente Alexandrino – Florianópolis (SC), Brasil

FICA 71


Script

História de sucesso

O festival contribui para o fomento da produção de cinema ambiental, movimenta o meio cultural, estimula o turismo e gera emprego e renda na Cidade de Goiás

| A story of success || Historia de un éxito | The festival contributes towards promoting environmental film-making, enlivens the cultural milieu, stimulates tourism and generates employment and income in the town of Goiás.

|| El Festival contribuye a fomentar la producción de cine ambiental, moviliza el medio cultural, estimula el turismo y genera empleo e ingresos en la Ciudade de Goiás

O Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) é um dos mais importantes festivais cinematográficos de temática ambiental do mundo. Ele é realizado desde 1999, na Cidade de Goiás, antiga capital do Estado de Goiás (localizado no centro do Brasil), considerada Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco. Trata-se de um evento cultural amplo, aberto não só ao cinema, mas a diversas apresentações artísticas e que cumpre o relevante papel de discutir a relação do homem com o meio ambiente. Além disso, contribui para o fomento da produção de cinema ambiental, movimenta o meio cultural, estimula o turismo e gera emprego e renda na Cidade de Goiás.

ambiental com a maior premiação da América Latina, distribuindo R$ 240 mil em prêmios. O FICA promove a discussão do desenvolvimento sustentável pelas telas e também por meio de seminários, oficinas, mesas redondas e palestras que acontecem paralelamente à exibição dos filmes. Além da exibição da mostra competitiva, que apresenta o que de melhor se produz em cinema e vídeo sobre meio ambiente, o público e os participantes que comparecem à Cidade de Goiás durante o festival ainda são contemplados com uma ampla programação multicultural (shows musicais, espetáculos de dança, teatro, exposição de obras artísticas e lançamentos literários). Além disso, a própria Cidade de Goiás, encravada na Serra Dourada, com seu casario antigo e ruas de paralelepípedo é uma atração cultural incontestável. A mostra e todos os eventos paralelos são gratuitos.

Desenvolvido pela Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (Agepel), órgão do Governo do Estado de Goiás, o FICA cresce e se consolida a cada edição. Em 2009, foi o festival de cinema 72 FICA


| The International Environmental Film and Video Festival (FICA) is one of the world’s most significant thematic film-making festivals. It has been held since 1999 in the town of Goiás, former capital of the State of Goiás (in Brazil’s Midwest), listed by UNESCO as a World Heritage Site. It is a broad cultural event, open not just to films, but also to various artistic presentations. In addition, it fulfils the very relevant role of discussing the relationship between people and the environment. As well as that, it promotes the production of environmental film-making, enlivens the cultural milieu, stimulates tourism and generates employment and income for the town of Goiás. Set up by the State body called the Pedro Ludovico Teixeira Goiás Agency for Culture (AGEPEL), FICA has grown and become established with each passing edition. In 2009 it was the biggest environmental film festival in Latin America in terms of awards, distributing R$240 thousand reals in prizes. It stimulates discussion on sustainable development through the use of the screen, seminars, round tables and lectures which run parallel to the film screenings. The public and participants who go to the town of Goiás during the festival to attend the screening of the competing films, the very best of what is produced on the environment, can also avail of a broad multicultural program (concerts, dance presentations, theatre, art exhibitions and launching of books). Furthermore, the town of Goiás itself, hidden away at the foot of the Serra Dourada, with its ancient housing and paved stone streets is an undisputed cultural attraction. Entrance to the exhibition and parallel events is free.

||El Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) es uno de los más importantes festivales cinematográficos de temática ambiental del mundo. Éste se realiza desde 1999, en la Ciudade de Goiás, antigua capital del estado de Goiás (ubicado en el centro de Brasil), considerada Patrimonio Histórico de la Humanidad por la UNESCO. Se trata de un evento cultural amplio, abierto no sólo al cine, sino a diversas presentaciones artísticas y cumple el relevante papel de discutir la relación del hombre con el medio ambiente, moviliza el medio cultural, estimula el turismo y genera empleo ingresos en la Ciudad de Goiás. Desarrollado por la Agencia Goiana de Cultura Pedro Ludovico Teixeira (AGEPEL), órgano de gobierno del Estado, el FICA crece y se consolida con cada nueva edición. En 2009 fue el festival de cine ambiental con mayor premiación de América Latina, distribuyendo 240 mil reales en premios. El FICA promueve la discusión del desarrollo sostenible por las pantallas y también mediante seminarios, talleres, mesas redondas y conferencias que tienen lugar paralelamente a la exhibición de los filmes. Además de la muestra competitiva que presenta lo mejor de lo que se produce en cine y vídeo sobre medio ambiente, el público y los participantes que están presentes en la Cidade de Goiás durante el festival incluso son contemplados con una amplia programación multicultural (conciertos, espectáculos de danza, teatro, exposiciones de obras artísticas y lanzamientos literarios). Además de eso, la propia Cidade de Goiás, enclavada en la Serra Dourada, con su casco histórico y sus calles de adoquines, es una atracción cultural incontestable. La muestra y todos los eventos paralelos son gratuitos.

FICA 73


Script

FICA Itinerante A mostra itinerante dos filmes premiados no XII FICA chega este mês à cidade goiana de Urutaí. As exibições serão nos dias 18, 19 e 20 no Cefet. | FICA on the road The road show of the XII FICA award-winning films arrives in the town of Urutaí (Goiás), this month. The screening will take place between 18-20 October in Cefet. || FICA Itinerante La muestra itinerante de las películas premiados en el XII FICA llega este mes a la ciudad goiana de Urutaí. Las exhibiciones serán los días 18, 19 y 20 en el Centro Federal de Educación Tecnológica (Cefet).

Nordeste Entre os dias 18 a 20 de novembro o FICA Itinerante estará no Estado de Pernambuco. Os filmes premiados serão exibidos na oficina de criação O norte, em Olinda. | Northeast Between 18-20 November, FICA on the road will be in the State of Pernambuco. The award-winning films will be shown during the creation workshop, O norte, in Olinda. || Nordeste Entre los días 18 a 20 de noviembre el FICA Itinerante estará en el Estado de Pernambuco. Las películas premiadas serán exhibidas en el taller de creación O norte, en la ciudad de Olinda.

Viajando A mostra já passou pelas cidades goianas de Quirinópolis, Porangatu, Rio Verde, Formosa, Jataí, Itapuranga, Morrinhos, Planaltina, Bela Vista, Goiás e Goiânia, além das capitais do Rio de Janeiro e São Paulo. | Traveling The road show has already been to the Goiás towns of Quirinópolis, Porangatu, Rio Verde, Formosa, Jataí, Itapuranga, Morrinhos, Planaltina, Bela Vista, Goiás and the city of Goiânia, as well as to the cities of Rio de Janeiro and São Paulo. || Viajando La muestra ya pasó por las ciudades goianas de Quirinópolis, Porangatu, Rio Verde, Formosa, Jataí, Itapuranga, Morrinhos, Planaltina, Bela Vista, Goiás y Goiânia, además de las capitales de Rio de Janeiro y San Pablo.

74 FICA


Bagagem

Consciência

Por onde passou, a mostra levou na bagagem os filmes Heavy metal, ganhador do grande prêmio; Efeito reciclagem, Caçando capivara, Bringing life to space (Trazendo vida ao espaço), Sonho de humanidade, Vida seca, Recife frio, *Bananas!, A blooming business (Um negócio florescente) e Les anges déchets (Os anjos dos dejetos).

O objetivo do festival de Fernando de Noronha é sensibilizar sobre o impacto das emissões de carbono no meio ambiente. O foco desta edição é o desenvolvimento de ações sustentáveis.

| Baggage Everywhere the road show has been its baggage has contained the films Heavy metal, the major prize winner, Efeito reciclagem, Caçando capivara, Bringing life to space, Sonho de humanidade, Vida seca, Recife frio, *Bananas!, A blooming business and Les anges déchets (Garbage Angels). || Equipaje Por donde pasó, la muestra llevó en el equipaje las películas Heavy metal, ganadora del gran premio; Efeito reciclagem, Caçando capivara, Bringing life to space (Trayendo vida al espacio), Sonho de humanidade, Vida seca, Recife frio, *Bananas!, A blooming business (Un negocio floreciente) y Les anges déchets (Los ángeles de los deyectos).

Cinema na ilha Será realizado entre os dias 18 e 29 de outubro o Festival do Cinema Ambiental de Fernando de Noronha. Esta é a segunda edição do evento, que terá como tema A terra é vida. | Cinema on the island The 29th Fernando de Noronha Environmental Film Festival will be held between 18-29 October. This is the second edition of the event, entitled Land is life. || Cine en la isla Será realizado entre los días 18 y 29 de octubre el Festival de Cine Ambiental de la Isla de Fernando de Noronha. Esta es la segunda edición del evento, que tendrá como tema A terra é vida.

| Awareness The aim of the Fernando de Noronha festival is to sensitize to the impact on the environment of carbon emissions. The focus of this edition is action for sustainable development. || Conciencia El objetivo del festival de Fernando de Noronha es sensibilizar sobre el impacto de las emisiones de carbono en el medio ambiente. El foco de esta edición es el desarrollo de acciones sustentables.

Mostra Serão exibidas mostras competitivas e não-competitivas do Festival do Cinema Ambiental de Fernando de Noronha, envolvendo filmes, vídeos de animação e documentários de média e curta metragem, com duração de 50 e 20 minutos, respectivamente. | Screening Competitive and non-competitive exhibits will be screened in the Fernando de Noronha Environmental Film Festival. These include short and medium-length films, animation videos and documentaries, lasting 50 and 20 minutes, respectively. || Muestra Serán exhibidas muestras competitivas y no competitivas del Festival de Cine Ambiental de Fernando de Noronha, incluyendo películas, videos de animación y documentales de medio y corto metraje, con duración de 50 y 20 minutos, respectivamente.

FICA 75


Script

Site Outras informações sobre o festival de Fernando de Noronha no site www.ecocinenoronha.com.br. | Site Further information on the Fernando de Noronha Festival at www.ecocinenoronha.com.br. || Site Otras informaciones sobre el festival de Fernando de Noronha en el site www.ecocinenoronha.com.br.

Jardim Botânico Entre os dias 21 e 28 de outubro realiza-se o Cine Gaia – Festival Internacional de Cinema Ambiental do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Por meio de sessões de cinema, mesas redondas com especialistas de meio ambiente e cineastas, além de atividades paralelas, o evento tem como objetivo a conscientização ambiental, o estímulo do exercício da cidadania através da cultura e educação para uma sociedade melhor. A entrada é gratuita.

Acervo Graças ao festival, criou-se o acervo de filmes ambientais Cine Gaia que inclui as obras inscritas no festival. Os títulos estão disponíveis ao público no Jardim Botânico do Rio de Janeiro e serão exibidos em mostras itinerantes nos jardins botânicos do Brasil através da parceria com a Rede Brasileira de Jardins Botânicos. Uma delas deve ser realizada na cidade de Cabo Frio, no final de 2010. 76 FICA

| Botanic Gardens Cine Gaia – the International Environmental Film Festival at the Rio de Janeiro Botanic Gardens will be held from 21 to 28 October. Using film screenings, roundtable discussions with environment and film ex perts, and parallel activities, the aim of this event is to raise environmental awareness, stimulate the exercise of citizenship through culture and education for a better society. Admission is free. || Jardín Botánico Entre los días 21 y 28 de octubre se realiza el Cine Gaia – Festival Internacional de Cine Ambiental del Jardín Botánico de Río de Janeiro. Por medio de sesiones de cine, mesas redondas con especialistas de medio ambiente y cineastas, además de actividades paralelas, el evento tiene como objetivo la concientización ambiental, el estímulo del ejercicio de la ciudadanía a través de la cultura y educación para una sociedad mejor. La entrada es gratuita.

| Collection Thanks to the festival, the Cine Gaia collection of environmental films has been set up, which includes the entries submitted to the festival. The films are available to the public at the Rio de Janeiro Botanic Gardens and will be screened in road shows at Brazil’s Botanic gardens as a result of a partnership with the Brazilian Network of Botanic Gardens. One such screening will be held in the town of Cabo Frio (RJ), in late 2010. || Acervo Gracias al festival, se creó el acervo de películas ambientales Cine Gaia que incluye las obras inscriptas en el festival. Los títulos están disponibles al público en el Jardín Botánico de Río de Janeiro y serán exhibidos en muestras itinerantes en los jardines botánicos del Brasil a través de la asociación con la Red Brasileña de Jardines Botánicos. Una de ellas debe ser realizada en la ciudad de Cabo Frio, al final de 2010.


Traço Trace Rastro

Alexandre Liah é artista plástico autodidata, com obras expostas em vários países do mundo. | AlexandreLiah is a self-taught artist whose works are exhibited all over the world. || Alexandre Liah es artista plástico autodidacta, con obras expuestas en varios países del mundo.

FICA 77




SCS - COC - 00785


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.