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E, em 2021, a produção própria de energia no setor da água situou-se em 48,20 GWh. Nos sistemas de tratamento de águas residuais registou-se uma produção própria de energia de 38,82 GWh (8,7% do consumo total), dos quais 33,25 GWh foram produzidos em sistemas em alta.

Por outro lado, o Plano Estratégico para o Abastecimento de Água e Gestão de Águas Residuais e Pluviais 2030 (PENSAARP 2030), que já esteve em consulta pública, refere:

• Que se recolhem cerca de 640 milhões de m3 de águas residuais/ano geradas pela população e que se rejeitam nos meios recetores cerca de 702 milhões de m3/ano (mais de 10% de infiltrações e ligações indevidas aos sistemas de drenagem e tratamento);

• Que cerca de 99% da água residual rejeitada é tratada e que apenas 1,2 % dessa água tratada e rejeitada é reutilizada;

• Que no setor da água se consomem cerca de 650 GWh/ano de energia nos serviços de abastecimento de água e 430 GWh/ ano na gestão de águas residuais, desconhecendo-se o consumo na gestão de águas pluviais, embora se julgue ser um valor residual (o setor representa cerca de 2,5 % do consumo total nacional);

• O setor tem já uma produção própria de 47,6 GWh/ano.

Comparando os valores referenciados no PENSAARP 2030 e os constantes do RASARP 2021, é possível constatar ligeiras diferenças, que não impedem ou distorcem a presente análise.

E que investimentos se estimam para a neutralidade energética em todas as ETAR ≥ 10.000 h.e. até dezembro de 2040?

Como se sabe o Grupo AdP projetou e tem em desenvolvimento um Programa de Neutralidade Energética (também designado por Programa ZERO), assente na redução de consumos de energia nas infraestruturas de abastecimento de água, de saneamento de águas residuais, de água para reutilização e de outras instalações não operacionais e no forte aumento da produção própria de energia 100% renovável principalmente para autoconsumo, com o objetivo de atingir a neutralidade e autossustentabilidade energética até ao final de 2030.

As metas fixadas para o ZERO, nomeadamente em termos de autossuficiência energética, são globais ao Grupo AdP, não sendo avaliadas empresa a empresa, nem por setor de atividade, e têm em consideração os consumos de energia elétrica em todas as atividades desenvolvidas no território nacional, os consumos equivalentes em resultado da utilização da frota automóvel de serviço e também os consumos das atividades desenvolvidas internacionalmente e da respetiva frota de serviço.

O Programa prevê um mix integrado de produção, considerando sistemas baseados em solar fotovoltaica (on-shore e flutuante), eólica (on-shore), hídrica (condutas de água e de águas residuais, entradas de reservatórios, barragens) e de cogeração com recurso ao biogás e à codigestão, com aproveitamento elétrico e térmico, promovendo a maximização do autoconsumo e sempre que possível o armazenamento de energia, ajustando, tanto quanto possível, a operação das infraestruturas à disponibilidade da energia. O Programa ZERO constitui também um grande desafio do ponto de vista da gestão dos fluxos de energia. O facto de se lidar com tecnologias de produção intermitentes (eólica, solar, entre outras) exige o desenvolvimento de ferramentas de previsão sofisticadas e obriga a uma maior flexibilidade de consumos (a qual varia de infraestrutura para infraestrutura).

Por isso está prevista a constituição de uma Comunidade de Energia Renovável (CER), vital para o equilíbrio energético entre as unidades produtoras e consumidoras, propondo-se que a mesma seja de âmbito nacional ou com efeitos similares, envolvendo todas as empresas e os territórios operados, fator crítico para se assegurar e garantir o equilíbrio económico e financeiro do Programa, eliminando ou mitigando o seu impacto nas tarifas de prestação destes serviços, por via da maximização do autoconsumo da energia produzida, de forma direta ou indireta por armazenamento e/ ou CER.

Tendo em conta o valor dos investimentos em medidas de produção de energia 100% renovável projetados para o Programa ZERO e o aumento de produção que resulta desses investimentos, prevê-se que, em média, sejam necessários cerca de 50 euros por cada MWh de energia produzida (cerca de 975 euros por kW de potência instalada), a preços de 2020. Se estes investimentos tiverem uma vida útil de 25 anos, e de forma simplificada, o valor obtido será de 20 €/MWh produzido em cada ano de vida útil.

De acordo com a APA (REA 2022) existiam, em 2018, 453 aglomerações ativas ≥2.000 h.e., às quais correspondem 479 ETAR.

E os dados do Grupo AdP indicam que tem em exploração 138 ETAR acima de 10.000 habitantes equivalentes, as quais consumiram, em 2021, 166,23 GWh (22,4% do consumo total do Grupo). Por exemplo, as 30 ETAR ≥ 100.000 h.e. do Grupo consumiram, em 2021, 105,60 GWh (63,5% do consumo das ETAR do Grupo).

Relacionando os dados referidos, é plausível estimar a existência de 180 a 190 ETAR com ≥ 10.000 h.e., e com um consumo estimado médio da ordem dos 220 GWh.

Com estes dados de base, deduzindo a produção própria de energia já existente (38,8 GWh/ano), o investimento total para a neutralidade energética em todas as ETAR ≥ 10.000 h.e. seria de aproximadamente 92 milhões de euros, a desenvolver até dezembro de 2040. Por exemplo, no caso das ETAR do Grupo AdP, o montante de investimentos seria da ordem dos 67 milhões de euros.

Refere-se, de novo, que nesta estimativa não foram tidos em consideração os consumos energéticos em resultado de novas obrigações que venham a resultar da revisão da DARU.

E que efeito esses investimentos impactam

nas tarifas?

Se a energia renovável produzida for consumida por via do autoconsumo, o impacto nas tarifas será nulo ou até positivo, uma vez que

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