Livro stephany futuro

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O FUTURO CHEGOU CHEGOU MESMO?


O Futuro Chegou, Chegou Mesmo? Coordenação Geral Nelson Boni

Coordenação de Projetos Leandro Lousada

Projeto Gráfico, Diagramação e Capa Stephany Zarzur 1ª Edição: Maio de 2016 Impressão em São Paulo/SP

N562f

Stephany Zarzur. O futuro chegou, chegou mesmo?. / Stephany Zarzur. – São Paulo : Know How, 2011. 100 p. : 21 cm. Inclui bibliografia ISBN 000-00-0000-000-0 ção

1. Revolução Industrial. 2. Consumo. 3. GlobalizaI. Título.

Nada é mais prático do que uma boa teoria (Kurt Lewin).


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INTRODUÇÃO

EVOLUÇÃO DA TÉCNICA

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O Capitalismo e as Transformações Sociais e Espaciais

17

As Revoluções Industriais

17

A Primeira Revolução Industrial

19

A segunda Revolução Industrial

22

A Terceira Revolução Industrial

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O QUE É O FUTURO?


33 41

EMPREENDEDORISMO

IDENTIDADE DA MARCA

57

“UMA BREVE E ROMÂNTICA

77

A CONEXÃO DE TUDO E O MEIO

HISTÓRIA DE UM TEMPO”

AMBIENTE

80

A Importância de Steve Jobs

82

A Sustentabilidade

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CONSIDERAÇOES GERAIS


INTRODUÇÃO


A

partir da I Revolução Industrial e das grandes inovações promovidas por ela, foi possível o surgimento de um novo discurso por parte da academia, dos governos e de instituições, sobre a importância da inovação, fator relevante para a ampliação da competitividade econômica entre nações e corporações. A inovação passou a ser entendida como ponto vital da atividade industrial que buscava lucros de curto prazo, seguindo a lógica capitalista. A visão sobre inovação e tecnologia por parte de alguns, no entanto, mostrou seu lado negativo, na medida em que a crescente automação ceifava empregos e contribuía para agravar os impactos ambientais que, hoje, conduz o planeta à destruição. Nos discursos se posicionaram contra as novas tecnologias nos períodos posteriores aos problemas desencadeados pelas atividades industriais que poluíram rios, solos e florestas. Nos últimos anos, a busca pela sustentabilidade nas atividades produtivas demonstra uma nova visão sobre tecnologia, produção e inovação. A sustentabilidade, entendida como elemento importante ao desenvolvimento tecnológico tem ganhado respaldo de políticas governamentais que se tornam, cada vez mais adequadas, a adoção de práticas sustentáveis e engajamento de empresários mais conscientes. A indústria, ao utilizar os recursos naturais, renováveis ou não, tem um papel fundamental na economia global e impacta a qualidade de vida das pessoas, destacando a necessidade de um olhar além da preocupação, apenas econômica. A crescente necessidade de inovação e renovação; a adoção de políticas industriais, pondo em prática novas ideias; a flexibilidade para auxiliar nas mudanças econômicas, tornaramse essenciais ao desenvolvimento industrial.

À medida que o ambiente se torna mais instável e turbulento – como 11


está acontecendo no mundo de hoje – maior a necessidade de opções diferentes para a solução dos problemas e situações que se alteram e se diferenciam de maneira crescentemente diversa. (CHIAVENATO, 2014, p.4). Recentemente, o setor industrial enfrenta a globalização de mercados e o aumento da concorrência internacional com a participação das gigantes transnacionais que detêm tecnologias sofisticadas. O novo ambiente tornou a gestão mais eficiente e maior o aporte de capital, trazendo novas alternativas para atender demandas do mercado e da sociedade, ultrapassando limites. A obra: O futuro chegou: chegou mesmo? pretendeu abordar diferentes épocas e tecnologias, abordando conceitos e funções de objetos diversos, destacando mudanças operadas no estilo, redefinições de conceitos e recursos utilizados nos vários momentos, traçando um paralelo entre capitalismo, história e evolução. O livro procurou comparar o novo e o antigo, ilustrado por fotografias e gravuras que possam caracterizar os diferentes tempos. Tempo e espaço são condicionantes básico da história e por meio deles buscou-se apresentar aspectos das produções industriais. A obra é um trabalho acadêmico que procurou relacionar evolução do design, ressaltando sua identidade e conceito em relação às diversas épocas em constante transformação.

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EVOLUÇÃO DA TÉCNICA


Em 1872, quando Phileas Fogg saiu de Londres para cruzar o mundo em oitenta dias, a era industrial andava a passos rápidos. As pessoas já estavam se habituando a ter máquinas ao redor de si, como as máquinas de costura doméstica, os teares de produção de tecidos diversos, as locomotivas a vapor. (FONSECA, 2013, p.1)

No final do século XIX, a Europa atravessava a II Revolução Industrial. A primeira delas substitui o trabalho artesanal pela maquino-fatura e a Inglaterra saiu na frente, tornando-se um grande império colonial. Segundo Terra et al (2008), a Inglaterra investiu em equipamentos e inovações e aperfeiçoou sua produção têxtil e siderúrgica. Na II Revolução, a partir de 1850, ganha “novos companheiros” de produção como os Estados Unidos, o Japão, a Alemanha e a França. O aperfeiçoamento das máquinas ampliava a velocidade de produção que era cada vez mais impressionante. Nessa época, época de Phileas Fogg que saiu de Londres para rodar o mundo, já se utilizava eletricidade e petróleo que permitiram, mais tarde, progresso nos transportes pelo desenvolvimento da indústria automobilística, de trens elétricos e aviões, revolucionando a vida cotidiana. O Capitalismo e as Transformações Sociais e Espaciais O capitalismo, conforme explicam Terra et al (2008) surgiu no final da Idade Média, na Europa do século XIII e, ainda predomina na maior parte das nações. Sua estrutura econômica tem por base a propriedade privada e o lucro e, ao surgir, transformou o feudalismo, processo longo que ocorreu de 17


formas diversas nas diferentes regiões da terra. O desenvolvimento do comércio incentivou a utilização de moedas e as atividades bancárias, além do aparecimento de uma nova classe social que controlava praticamente todos os negócios: a burguesia que, aliada ao rei permitiu a centralização do poder e a constituição dos Estados Nacionais. Braudel (1995) destaca o surgimento das relações assalariadas de trabalho nesse longo processo de transição do feudalismo ao capitalismo. Terra et al (2008) explica que na transição feudalismo/capitalismo devem ser consideradas três etapas: capitalismo comercial, capitalismo industrial e capitalismo financeiro. O capitalismo comercial, também chamado de capitalismo mercantil que se inicia com as grandes navegações, os descobrimentos e as conquistas do século XV. Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda permitiram a interligação entre todas as regiões do mundo por meio do comércio que incentivou novos modos de produção com o aperfeiçoamento de técnicas, transportes e instrumentos de navegação, cuja política econômica ficou conhecida por mercantilismo.

“Essa doutrina econômica adotada pelas monarquias nacionais nos séculos XV e XVIII baseava-se na intervenção do Estado na economia, visando o fortalecimento do poder político e econômico.” (TERRA et al, 2008, p.29).

Huberman (1986) destaca que o mais importante efeito do aumento do comércio foi o desenvolvimento das cidades. Não que não houvesse cidades nessa ocasião, mas eram de outros tipos, rurais e sem privilégios especiais 18

ou governos que as diferenciassem; eram locais onde se realizavam julgamentos e tinham bastante movimento. Com o comércio adquiriram novas feições, surgindo as primeiras, na Itália e na Holanda. A expansão do comércio significava progresso, maior número de empregos e maiores lucros. Nessa época, conforme explica Terra et al (2008), tudo que podia ser vendido com lucro tornava-se mercadoria, inclusive pessoas; fato que pode ser ressaltado pela escravidão em larga escala, o que provocou um verdadeiro genocídio nas populações africanas e ameríndias transformando-se em negócios altamente lucrativos. Na primeira etapa do capitalismo, o capitalismo comercial, foi possível o acúmulo de capitais que irão criar as condições para a realização das Revoluções Industriais. As Revoluções Industriais As Revoluções Industriais foram verdadeiras “ondas tecnológicas que marcaram o desenvolvimento técnico mundial”. Destacam-se três Revoluções Industriais que serão explicadas a seguir: A Primeira Revolução Industrial

A primeira Revolução Industrial foi um período de grandes inovações técnicas, que ocorreu entre meados dos séculos XVIII e XIX. O período ficou marcado pela substituição do trabalho artesanal ou da manufatura (utilização do trabalho manual ou de máquinas simples, com divisão de tarefas pela maquino fatura. (TERRA et al, (2008, p.30). 19


Quem saiu na dianteira foi a Inglaterra que apresentava condições que lhe valeram essa posição. Segundo Terra et al (2008), a Inglaterra inovou antes das outras potências, industrializando-se e transformando seu modo de produzir. No início, conhecido como “ciclo hidráulico” pela utilização da energia hidráulica, aperfeiçoou sua produção têxtil e siderúrgica e esse período englobou aproximadamente os anos entre 1785 e 1845. A primitiva acumulação de capitais possibilitou a criação de um vasto império colonial que fornecia matérias-primas essenciais e estabilidade política à Inglaterra que pode investir em inovações, conforme ilustrado na figura 1 a seguir:

A máquina a vapor foi amplamente utilizada em navios, locomotivas e produção em geral, contribuindo para a melhoria do transporte de mercadorias e pessoas. A produção passou a ser feita em indústrias com a introdução das manufaturas têxtil, siderúrgica e naval. Essa transformação na produção transformou economia, sociedade e paisagens. O surgimento do proletariado, operador das máquinas industriais, acompanhou o desemprego, a mendicância, a exploração do menor, episódios que provocaram muitas manifestações em busca de melhores condições de vida, por parte de trabalhadores organizados em associações. O aumento da produtividade não foi acompanhado por melhoria salarial e o trabalhador não tinha nenhum direito trabalhista, devendo submeter-se a longas jornadas de trabalho. O lucro ficava integralmente com o capitalista, ampliando a desigualdade social. A introdução de ferrovias alterou as paisagens, pois seu traçado determinava núcleos de povoamentos. O desenvolvimento das fábricas provocou o êxodo rural e a urbanização de cidades que ganhavam infraestrutura apesar do crescimento de favelas e cortiços. A segunda Revolução Industrial

A máquina a vapor transforma energia térmica em energia mecânica por meio da expansão do vapor d’água.

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Depois de 1870, o capitalismo à antiga passou a ser o capitalismo moderno. O capitalismo da livre concorrência tornou-se o capitalismo dos monopólios. Essa modificação foi de tremenda importância [...] A indústria em grande escala e monopolista trouxe um desenvolvimento das forças produtivas muito maior que antes. A capacidade industrial de produzir 21


mercadorias cresceu num índice muito mais rápido do que a capacidade de consumo dos habitantes do país. (HUBERMAN, 1986, p.245) Huberman (1986) destaca que o crescimento da capacidade de produzir significava consumo lucrativo, pois o povo pode consumir mais mercadorias mas, muitas vezes, não consegue pagar por elas. A segunda Revolução Industrial, diferentemente da primeira, não se restringe apenas à Inglaterra e envolve Estados Unidos, Japão, França e Alemanha, tendo iniciado por volta da segunda metade do século XIX.

As máquinas foram aperfeiçoadas, aumentando a rapidez e a quantidade de produção. Para o trabalhador a mecanização aumentava o desemprego com a substituição do trabalho humano pelo das máquinas [...]. A utilização da eletricidade e do petróleo como combustível trouxe novos progressos. (TERRA et al, 2008, p. 31). O ciclo do petróleo deu novo impulso à indústria automobilística: carros, trens elétricos e aviões, tornaram-se mais rápidos e eficientes. Henry Ford, empresário do ramo automobilístico inovou o processo produtivo ao introduzir a produção em série onde os produtos padronizados eram produzidos em grande quantidade em etapas em que cada trabalhador realizava uma tarefa específica, processo conhecido como “regime fordista”. Em paralelo a esse regime Frederik Taylor intensificou o ritmo das fábricas com a fixação do trabalhador no posto de trabalho onde passava a esteira que movia as peças. O novo regime de trabalho separou as atividades intelectuais (nos 22

escritórios) das manuais (nas fábricas) e foi chamado de fordista/taylorista. O domínio dos mercados se deu em função das inovações no processo produtivo e nas tecnologias, dando início a um momento de consumo de massas com descarte constante de produtos substituídos por outros mais modernos, utilizando-se da obsolência programada que, segundo explicam Terra et al (2008), um produto deixa de funcionar após um certo tempo de uso, conforme planejamento do fabricante. Com a indústria em grande desenvolvimento, a partir das duas primeiras revoluções industriais, principalmente em relação às atividades agrícolas, industrial, comercial, extrativa e transportes, inicia-se a fase do capitalismo industrial cujo papel do Estado mudava para atender aos anseios da burguesia. Foi a época do liberalismo econômico que defendia a propriedade privada, a livre iniciativa e liberdade individual em que o Estado apenas deveria garantir esses preceitos fundamentais ao processo, regulando a economia e evitando crises de forma a assegurar as atividades de grandes empresas. Terra et al (2008) destaca ainda que a disputa por mercados acabou levando ao imperialismo sobre os continentes asiático, africano e latino americano. O neocolonialismo, praticado pelas potências da época, permitia a obtenção de matérias-primas e mercados para seus produtos. A intensa concorrência por mercados fez com que as empresas se unissem, formando verdadeiros impérios com o intuito de afastar as pequenas empresas e dominar o mercado, fazendo surgir práticas empresariais como o monopólio, o truste e o cartel. Mas não foi só isso, as inovações alcançaram os armamentos que acabou levando o mundo a duas guerras mundiais. Segundo Magnoli (2008), após a II Guerra Mundial, o ciclo da eletrônica deu novo impulso ao crescimento econômico até a década de 1970, quando a “revolução científica” associada a esse ciclo, permitiu avanços na biotecnologia, na automação, na robotização dos processos produtivos, no desenvolvimento de novos materiais, tendo por núcleo a informática o que 23


proporcionou grande avanço nas técnicas de armazenamento e processamento de informações. A última fase do capitalismo coincide com esta época de inovações tecnológicas da revolução tecnocientífica: o capitalismo financeiro, etapa do controle dos grandes bancos e instituições financeiras sobre os investimentos industriais e sobre diversas atividades econômicas. A fase ficou conhecida como capitalismo monopolista. Conforme Magnoli (2008), as empresas globais se estruturaram em redes integradas pelas tecnologias de informações. Após as duas grandes guerras mundiais, na segunda metade do século XX, o capitalismo retomou o crescimento sobre novas bases tecnológicas. Iniciava-se o ciclo da eletrônica. Esse ciclo se caracteriza pela intensa utilização de produtos eletrônicos (uso de circuitos formados por componentes elétricos e eletrônicos) e pelo vertiginoso crescimento da indústria petroquímica [...] (TERRA et al, 2008, p.33). A Terceira Revolução Industrial A Terceira Revolução Industrial ou Revolução Internacional trouxe mais velocidade às informações, acelerou transportes e diminuiu tempos e distâncias. Foi na última década do século XX que o mundo ficou sobre o predomínio da informática. Essas novas tecnologias permitiram acelerar a informação e a comunicação entre os países, chegando a criar intercomunicação dos lugares em tempo real, contribuindo com a flexibilização da economia.

[...] desde o final do século XIX formaram-se grandes empresas a partir dos trustes e oligopólios com filiais em diversos países, as multinacio24

nais. Mas recentemente, ficaram conhecidas como transnacionais. O termo é mais apropriado: embora suas atividades produtivas, mercantis e administrativas ultrapassem fronteiras, estendendo-se a diversos países, essas empresas mantêm vínculos especiais com o país de origem. (TERRA et al, 2008, p.34). As transnacionais são megaempresas que controlam diversos setores da economia; ultrapassam fronteiras nacionais buscando mercados para seus produtos, localizações mais vantajosas para suas fábricas como matéria-prima, mão de obra e incentivos fiscais. Grande parte de seus lucros são remetidos ao seu país de origem e exercem influência política mundial. Seu modelo é o pós-fordismo, com produtos individualizados (customização) disponíveis no momento adequado (just in time), para eliminar custos de estoque. No entanto, segundo explicam Terra et al (2008), para alcançar maior produtividade, cortam-se postos de trabalho atualizando e especializando alguns polivalentes e preparados para operar diversas máquinas, muitos deles terceirizados. A globalização faz parte da nova realidade, a nova fase do capitalismo financeiro que ultrapassa a esfera econômica, envolvendo a esfera política, a social e a cultural, criando um intercâmbio de produtos, técnicas e culturas.

Ocorre que o capitalismo visto em perspectiva histórica de longa duração, logo se revela como modo de produção e processo civilizatório [...]. Neste sentido desenvolveu-se o mercantilismo, o colonialismo e o imperialismo e o globalismo [...] cabe reconhecer, pois, que a globalização, a globalidade ou globalismo compreende um novo surto de expansão das forças produ25


tivas e relações de produção capitalistas. (IANNI, 2000, p. 9-10). A urbanização nas regiões para onde migram os investimentos econômicos, contribui para a ampliação de um conjunto de contradições urbana como o desemprego, a falta de políticas governamentais no atendimento às demandas sociais. O Estado, ao cobrar menos impostos sobre atividades econômicas e conceder incentivos fiscais a essas empresas e, ao mesmo tempo, pagar juros sobre dívidas, acaba com menos recursos para investir, provocando acelerada degradação ambiental do ar, das águas e do solo, destruindo ecossistemas e causando graves crises ecológicas. E o futuro chegou... Trazendo problemas...

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O QUE É O FUTURO?


N

o capítulo anterior foi abordada a evolução da técnica que, segundo Magnoli (2008) disseminou-se enormemente na era industrial com a conversão da energia em força mecânica, fato que multiplicou a produtividade geral.

[...] em primeiro lugar no surgimento de incontáveis bens de consumo manufaturados. A indústria logo passou a fabricar bens de produção, ou seja, máquinas e equipamentos para uso em outras indústrias e na agricultura. Os motores e as máquinas revolucionaram os transportes, na água, em terra e no ar. (MAGNOLI, 2008, p.99). Falou-se sobre os ciclos econômicos, da I Revolução Industrial que utilizava a força hidráulica e o ferro para produção de teares nas indústrias têxteis que, depois foi substituída pelo carvão, cuja energia movia máquinas como o tear mecânico que se utilizava da energia proveniente da combustão e as inovações que geraram e desenvolveram a siderurgia moderna. O transporte ferroviário movido à carvão, no entanto mostrou-se complicado por não servir a longas distâncias e ter alto custo; mas, as ferrovias e o navio a vapor propiciaram uma “revolução nos transportes”, fato que veio a contribuir com a unificação dos mercados. A partir da II Revolução, conforme Magnoli (2008), fez com que os EUA se tornassem a maior potência econômica e geopolítica da época e o petróleo e o motor à combustão permitiram o surgimento dos transportes rodoviários e, paralelamente, as vias de tráfego que modificaram a paisagem das cidades. A grande Depressão Americana na década de 1930 rompeu a linearidade desse processo que, só após a II Guerra foi retomado. A expansão da 31


tecnologia criou novos produtos, como eletrônicos, petroquímicos; a indústria aeronáutica, beneficiada pela aviação militar, desenvolveu a aviação civil. O ciclo da eletrônica promoveu grandes avanços em todos os setores econômicos. As fronteiras tornaram-se meras demarcações mais convenientes a grupos econômicos mundiais, definindo as necessidades e os interesses das classes empresariais. A integração econômica, política e cultural levou à globalização com destaque para as cidades globais que exercem forte influência nos negócios, nos intercâmbio políticos e nas trocas culturais. Nelas se encontram os importantes mercados financeiros e as sedes das poderosas transnacionais, polos das redes globais. No entanto, será que se pode caracterizar todo esse desenvolvimento como futuro? Por que, ainda existe fome no mundo? Por que é tão grande a diferença de renda entre ricos e pobres? E do consumo? Por que grande parte da população mundial enfrenta o fantasma da subnutrição? Do desemprego? De outros tipos de carência? Por que o clima está mudando para pior? Isto pode ser caracterizado como futuro? Segundo Foresti (2016), o crescimento exponencial provoca rápida obsolência das coisas. O mundo, conforme o autor caminha muito rápido e promove o desenvolvimento das novas tecnologias, o surgimento de novos produtos e serviços e as grandes mudanças culturais.

Um ser humano inventou o Uber e destruiu o esquema do taxi. Outro, o Whatsapp e matou o SMS, telefone e a porra toda. O smartphone transformou operadoras de telefonia (existe?) em distribuidoras de banda. Você paga sua TV a cabo e nem assiste. E mais mil exemplos desses. E assim caminha, rapidamente, a humanidade. (FORESTI, 2016, p.1) 32

Foresti (2016) de maneira interessante destaca a morte de umas “coisas” por “outras” que não se reinventem, que não dão a “volta por cima” e se reciclem. Cita o Uber como exemplo, mas ressalta o valor e a importância da marca, de seu investimento em comunicação e de seu conhecimento ao redor do mundo. O autor fala sobre estudantes de cinema e um filme aplaudidíssimo sobre Johnnie Walker; sim, o do whisky! A Netflix e a resistência dos negócios da TV em se reinventar; carros que andam sozinhos! Os drones, o Google como parceiro e todos repensando seus tipos e modelos de negócios. Aqueles que se acomodaram perderam neste mundo globalizado; perderam empregos, perderam seus negócios. Hoje não há lugar para intermediários, as relações, estão cada vez mais diretas. Foresti (2016) destaca a falência ética e moral das instituições como a FIFA, os Governos, a classe política, os sindicatos, ressaltando o empenho do Papa Francisco para adequar Vaticano aos novos tempos. Os Youtubers e influencers “roubam” a audiência dos atores e os blogs buscam caminhos sérios em seus trabalhos que ganham reputação, audiência e moral. Foresti (2016) afirma que “a vida e uma internet”. Conforme Foresti (2016), a nova realidade leva a reações absurdas como processos contra aplicativos, ataques a motoristas e carros do Uber, na tentativa de proteger o ultrapassado. O autor entende as mudanças como tendências a ser adotadas por todos que se sentem prejudicados por elas, pois acredita que quando o jeito de fazer não dá mais certo, deve-se achar outro jeito. De todo modo, conforme explica o autor, a mudança irá chegar, pois o que se fazia e se pensava se tornou fora de época, ultrapassado. Foresti (2016) acha, inclusive, saudável essa mudança e também que ela deve englobar a todos para resultar em transformação. Considera importante o resgate do respeito, ganhando uma vida nova e fazendo com que se repense e o caminho é sempre a evolução, sinônimo mais adequado para o futuro.

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EMPREENDEDORISMO


“Empreendedor é o agente do processo de destruição criativa que é o impulso fundamental que aciona e mantém em marca o motor capitalista”. (SCHUMPETER apud DEGEN, 2009, p.1). Degen (2009) destaca a capacidade produtiva de um país como medida de sua riqueza. Entretanto, mesmo rica, uma nação pode não permitir o acesso a bens e produtos a uma parcela da população e, não se precisa buscar essas nações para verificar esse fato, basta olhar para o que acontece no Brasil, cuja disparidade de renda coloca o país em dois universos socioeconômicos diferentes, fenômeno que leva a instabilidade política e aumento de violência. Mas, empreender não é apenas um modo de promover saúde, educação e melhoria nas condições de vida de uma nação; além de ser uma saída para os problemas sociais, é também uma forma de criar um ambiente de concorrência saudável e de maior competitividade entre as empresas. O empreendedor, conforme destaca Dornelas (2014), apresenta visão diferenciada, voltada para o futuro e é quem faz as coisas acontecerem. Apesar de um diploma ser imprescindível a um bom emprego, o bom profissional enxerga adiante, cria futuros e aproveita as oportunidades. O capítulo anterior mostrou a importância da inovação para reciclagem de empresas e a necessidade desse espírito transformador, comportamento típico do verdadeiro empreendedor. O empreendedorismo nasceu no século XVII e, segundo Dornelas (2014), nessa época, o empreendedor era o único a arriscar. No século seguinte, a partir do início da industrialização, houve grandes investimentos em relação à eletricidade e à química, áreas que necessitavam de pesquisas e experimentos. Pelo investimento, o empreendedor era também o capitalista. Na segunda metade do século XIX eram empreendedores todos aqueles que controlavam as organizações, sem, no entanto, deixarem de ser capitalistas pois 37


também investiam no desenvolvimento tecnológico. O autor ressalta também que apesar de um empreendedor ser um bom administrador, não se pode dizer que a recíproca seja verdadeira, pois há algo mais no empreendedor.

Quero ter a satisfação de ser um líder e não um seguidor. Desejo na minha vida profissional a garantia de ser ouvido e ver minhas ideias acatadas e implementadas. Almejo ter autonomia para fixar meu próprio ritmo de trabalho e progredir de acordo com minhas próprias ambições profissionais, vinculando o meu sucesso ao esforço individual apoiado por uma equipe de colaboradores. (MIRSHAWKA, 2004, p.22). Mirshawka (2004) coloca o empreendedor como um líder que influencie, tenha autonomia e sucesso, tendo como objetivo desenvolver sua profissão que deve ter grande significado para ele próprio, de forma a alcançar compensação financeira e social, além de influência econômica. Dornelas (2014) compara o empreendedor ao administrador utilizando definições e características de diversos autores e conclui que existem muitos pontos comuns entre eles. O empreendedor é também um administrador, porém, diferentemente dos gerentes, é muito mais visionário e segundo o mesmo autor, sabem tomar decisões, exploram as oportunidades que surgem, são determinados e dinâmicos, dedicados e apaixonados pelo que fazem, são independentes e constroem o seu destino, são lideres e bem relacionados e, o gerente, de forma geral tem por foco a gestão dos recursos. Degen (2009) ainda destaca o espírito de aventura do empreendedor em novos negócios ao assumir riscos financeiros, legais e pessoais, apesar de outros autores entenderem que os empreendedores assumem riscos calculados. 38

“Empreendedor é aquele que tem a visão do negócio e não mede esforços para realizar seu próprio negócio.” (DEGEN, 2009, p.8). Mirshawka (2004) cita criatividade, ética, humildade, atitude e paixão como requisitos fundamentais em um empreendedor.

Ser empreendedor não é só ganhar muito dinheiro. Ser independente ou realizar algo. Ser empreendedor tem um custo que muitos não estão dispostos a pagar. É preciso esquecer, por exemplo, a semana de quarenta horas de trabalho, de segunda a sexta, das oito às dezessete, com uma hora de almoço. O empreendedor, mesmo bem sucedido, geralmente trabalha de doze a dezesseis horas por dia, não raro sete dias por semana. (DEGEN, 2009, p.14). A autoconfiança e o preparo de um empreendedor são diretamente proporcionais ao seu conhecimento, sua capacidade gerencial e seu domínio sobre um negócio. Além disso, conforme Degen (2009) o empreendedor deve ter um sonho definido, algo que entenda como um projeto futuro. As razões para empreender são muitas e o sucesso de um empreendimento se relaciona a um conhecimento aprofundado do mercado, além de eficaz estratégia de vendas e as duas características mais importantes são saber vender e lidar com dinheiro. Conforme Degen (2009) o caminho para o sucesso passa pela busca de oportunidades e escolha do negócio. Lembra também que as oportunidades geralmente são únicas e pode ficar anos sem que haja o surgimento de uma delas; daí a importância de observá-la e apro39


veitá-la para desenvolvimento de novo produto ou serviço, cuja diferença em relação aos concorrentes possa implicar um novo sucesso. Degen (2009) adverte sobre a importância de um conhecimento profundo do universo do negócio que se pretende explorar, buscando entender necessidades do cliente.

“Desenvolver o conceito do negócio é ordenar ideias e informações coletadas sobre o negócio escolhido, descrevendo a necessidade de grupos de clientes e definindo como atender a essa necessidade.” (DEGEN, 2009, p.59). Conforme Dornelas (2014), o empreendedor de sucesso proporciona ofertas com atributos de valor aos seus clientes e comunica esse valor ao mercado, demonstrando sua disponibilidade para compra. O produto, conforme o autor, devem estar expostos, fazer parte da mente dos consumidores e um nome que carregue implícitos esses valores. Percebe-se, portanto, a importância da identidade da marca para um consumidor e este é um assunto bastante relevante ao verdadeiro empreendedor.

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IDENTIDADE DA MARCA


A marca é, de fato, o ponto de referência de todas as impressões positivas e negativas formadas pelo comprador ao longo do tempo, quando encontra com os produtos da marca, sua rede de distribuição, seu pessoal, sua comunicação. (KAPFERER, 2003, p.20). Segundo Kapferer (2003), marca é memória e realiza funções econômicas, afetando a atividade de uma empresa. Marca é também um símbolo que diferencia produção, certificando origem e tem valor ao adquirir um significado exclusivo e positivo na mente de seus consumidores. A marca reúne um conjunto de significados que são acionados na medida em que um consumidor pensa e vê seu símbolo; significado que deve ser considerado um investimento contínuo da empresa. A marca forte engloba significados relativos aos benefícios tangíveis e intangíveis resultantes da sua experiência de uso. O símbolo da marca adquire sentido a partir das características próprias que lhe são inerentes e permanece na memória associada àquilo que representa para seu público. A marca apresenta funções para seus consumidores, deixando de ser apenas fonte de informações. Conforme Kapferer (2003) as funções da marca para os consumidores podem se resumir em: referência, valor que a identifica em relação a outras; praticidade, por facilitar sua compra e utilização; garantia, que traz segurança de qualidade aos seus usuários, otimização, pelo seu melhor desempenho em relação a um outro específico; personalização, pela sua autoimagem; permanência, pela familiaridade e intimidade nas suas ligações com os consumidores, hedonista, pela satisfação alcançada com seu uso e ética, por suas relações com a sociedade como ecologia, sustentabilidade, cidadania entre outras. 45


Por que os homens de finanças preferem as empresas de marcas fortes? É porque o risco é menor. Assim, a marca funciona da mesma forma. Para o consumidor e para os homens de finanças: a marca elimina o risco. Ao pagar caro por empresas de marcas, o financista adquire fluxos de caixa que são praticamente certos. (KAPFERER, 2003, p.25). A marca atrai por sua reputação que se torna a fonte de demanda e sua imagem de qualidade superior e valor agregado justificam seu preço superior, funcionando como barreira a entrada de concorrentes. A marca de nome simboliza qualidade e traz implícita uma promessa de valor e sua criação envolve o trabalho de designers, desenhistas gráficos e agências de propaganda, além da definição dos atributos que ela injeta no produto, detalhando-se suas vantagens e benefícios para o ciente; transforma a categoria de um produto. A marca se manifesta por meio de ações e seu conteúdo se forma da memória cumulativa dessas ações, podendo exercer sua função de referência de forma estável e durável.

carregam identidades próprias. São produtos atuais, tanto do ponto de vista tecnológico, ecológico, ergonômico e hedonista. Seus designs devem estar intimamente relacionados às marcas, mesmo alterando-se com o tempo; a eficácia da marca permite o seu reconhecimento. Por exemplo; um longo caminho foi percorrido entre um gramofone e um ipod; no entanto, apesar de tantas diferenças, identificam-se por suas imagens material e simbólica constante a todo o momento; vivendo para sempre, mesmo com as novidades que vão surgindo com o passar do tempo, conforme ilustra a figura 2

A marca é memória e o futuro dos produtos. A analogia com a memória genética está no centro da compreensão da marca. De fato, a memória assim formada carrega com ela o programa dos desenvolvimentos futuros, as características dos modelos por vir, suas características comuns, seu ar de família, transcendendo suas diversas personalidades. (KAPFERER, 2003, p.46-47). 46

Consumidores não compram marcas, mas produtos de marcas que 47


Temin (2016) destaca o trabalho do professor Behrens, artista, designer gráfico, de produtos, de mobiliário e arquitetura. Homem bastante culto foi contratado pela AEG-All – Germeine Elektrizitaes Gesellschaft, empresa alemã, como consultor artístico em 1907. Antes disso, Behrens fora diretor da Escola de Artes e Ofícios em Dusseldorf, escola de cursos experimentais que explorava o potencial das formas da natureza no estudo das estruturas geométricas, cursos esses que, mais tarde, iriam influenciar os estudos da Bauhaus. Behrens projetou de tudo, desde objetos simples até postes de iluminação.

“O grande mérito dele foi pensar e estruturar uma linha de produtos e um sistema de comunicação integrados a partir de uma ideologia e estrutura organizacional de projeto.” (TEMIN, 2016, p.1).

Evolução do “ouvir música”

Bohrens, segundo destacou Temin (2016), procurou alinhar cultura empresarial à identidade coorporativa, convertendo conceitos em filosofia da empresa e de suas marcas. Tudo para Behrens, seja produto, edifício, marca, estrutura de lay-out da linha de produção e peças gráficas tinham como base de projeto uma estrutura geométrica e, na AEG, o designer criou marca identidade corporativa da empresa, produzindo várias campanhas publicitárias. Conforme Temin (2016), Behrens trabalho a geometria, explorando formas e possíveis transformações a partir de estruturas básicas, conseguindo chegar a padrões de proporções e dimensões nos diferentes tipos de design, desenvolvendo um sistema que permita que produtos e marcas apresentassem mesmo conceito de imagem, identificados com a AEG. Desenvolveu também a primeira topografia corporativa para composição de marca, estrutura gráfica de propagandas, design de produtos, todos símbolos de um 49


sistema que identificassem a corporação.

As grandes marcas têm um significado que identifica seu conteúdo e sua direção. Por exemplo, nos eletrodomésticos da Siemens, temos durabilidade, seriedade, confiança e um trabalho meticuloso dos trabalhadores alemães. A Brandt significa praticidade, ausência de preocupações e familiaridade no sentido de um amigo próximo da família que viu as crianças crescerem. A Philips adquiriu significado de inovação e de técnica colocada a serviço do grande público. (KAPFERER, 2003, p.47-48). Cada marca, segundo Kapferer (2003), tem um significado particular, carregando seu conteúdo próprio, diferentes identidades. Produtos são mudos, mas carregam significados e orientam a percepção dos produtos, construindo uma identidade atribuída por uma coerência de longo prazo. Conforme entende o mesmo autor, identidade não é atribuída apenas a um detalhe, mas a uma estratégia mais ampla; um detalhe amplifica valores de uma marca, mas não deixa traços nela. A marca coexiste com muitos sinais de qualidade; certificações de origem e selos que promovem. No entanto sua reputação se relaciona com a qualidade de seus produtos e valores de seus criadores, para tornarem-se referência e impor um padrão. Assim, designers são importantes, pois criam valores, aliam-se em projetos que trazem sucesso e reforçam sua imagem. O cliente se orienta pela identificação que existe entre ele e a marca. Com o fim da II Guerra Mundial; houve nos EUA, uma tendência de desenvolvimento de identidades corporativas que se tornou um momento importante na história do design. Temin (2016) destaca que os Estados Unidos 50

perderam menos homens na guerra do que a Europa e os avanços tecnológicos alcançados além do desenvolvimento das economias agrícola e industrial diminuíram as taxas de desemprego e proporcionaram tal crescimento econômico que conseguiam abastecer as nações destruídas pela guerra.

A explosão do crescimento econômico transferiu para as grandes corporações a responsabilidade e a criação de novos produtos e serviços, As corporações passaram a desempenhar um papel ativo na economia do país e, com o passar dos anos, só aumentaram. (TEMIN, 2016, p.3). Os Estados Unidos têm sua história atrelada às inovações surgidas no século XX, junto às grandes corporações; gigantes como a IBM, cuja marca se tornou referência mundial dentre tantas outras. Temin (2016), ressalta, ainda que Paul Rand foi o designer responsável pela identidade visual da marca IBM. A marca IBM sintetizou o design da época que se altera com o tempo, dando origem a novas formas que mantêm, no entanto, sua identidade. Os designers, de forma geral, trabalham adotando objetivos mais pragmáticos, identificando e reconhecendo os novos produtos como marca e desempenho econômico. Produtos se tornaram e, cada vez mais, se tornam acessíveis aos consumidores e os sistemas constituídos para as marcas incluem uma lógica construtiva que envolve a utilização de um símbolo visual criado para essa lógica, incluindo também manuais que especificam técnicas de execução, facilitando inúmeros outros projetos. No entanto, é bastante comum o desenvolvimento de produtos cuja comunicação esteja atrelada especificamente a uma gestão. Por outro lado, o próprio desenvolvimento tecnológico acelerado é responsável por mudanças também aceleradas no 51


design de inúmeros produtos que, por vezes, duram menos que uma gestão, fato que passou a ser observado a partir da segunda metade do século XX. A linha do tempo que mostrou o desenvolvimento do “ouvir música” da Figura 2 exemplifica a modificação do design e da tecnologia que acompanha o futuro, responsável por alterações e/ou introduções de tecnologias e estilos dos aparelhos de “tocar música”. Desde o gramofone, objeto que se modificou inúmeras vezes sempre utilizados para o mesmo fim, mas com novas aparências e tecnologias inovadoras que surgiam a cada época. Analisando-se o gramofone de 1900 a partir da Figura 3, a seguir:

Gramofone 52


O gramofone apresenta uma caixa com uma manivela que funciona como uma “corda que, solta, faz o disco rodar”. Sobre o rotor é colocado um disco pesado no qual está gravada a música, acionada a partir do contato da agulha com o disco sobre o rotor. Mais interessante é a parte de reprodução do som, uma caixa acústica em formato de cone aberto na extremidade maior. A vitrola, por sua vez, aparelho dos anos 1960 é semelhante, apesar da movimentação do disco ser feita por eletricidade e a caixa acústica com materiais tecidos, como se vê na Figura 4. A vitrola utilizava discos de vinil; os grandes eram os long-plays com seis músicas de cada lado e os menores, os compacts disc ou CD’s com duas músicas de cada lado. Mas, antes de 1960 havia os discos de 38 rotações, também grandes e pesados com uma ou duas músicas de cada lado. Um pouco mais adiante no tempo; entre décadas de 1960 e 1970 surgiam os rádios com toca-fitas, colocados em carros ou em aparelhos portáteis. Nessa época, podia-se gravar música, conversas, aulas e isso era uma grande novidade que se utilizou em todos os tipos de aparelhos; de carros, portáteis, equipamentos de som e outros utilizados em espionagem como canetas gravadoras, saltos de sapatos gravadores; e muitos mais; comuns em filmes de 007 e alguns deles podem ser ilustrados pela figura 5, a seguir:

Toca-fitas 54

Vitrola Elétrica


Muitos modelos havia, de muitos tamanhos e potência e não existia quem não tivesse um deles. Na década de 2000, rompia o século XXI e com ele, veio o ipod um desenho inovador, revolucionando a forma de “ouvir música”; uma minúscula caixinha de guarda milhares de músicas, adaptada para tocar em diversos locais; simples, sintético e belo; desenvolvido pela Apple que, aliás, identifica-se com design e técnica. Na figura 6, alguns modelos de iPod:

Ipod Apple Cada época foi memorável e, principalmente por tratar-se de música, cada um desses objetos perpetuou o glamour de momentos na vida: as festas do princípio do século XX, animadas pelas músicas dos gramofones; Beatles e Roling Stones tocados nas vitrolas dos anos 1960 em CD’s ou long-plays; as fitas cassetes que traziam músicas e conversas os toca-fitas; os CD players dos anos 1970 e 1980 e os ipods do princípio do século XXI. Hoje, os smartphones também fazem esse papel, servindo à comunicação geral. Até onde o futuro irá?

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“UMA BREVE E ROMÂNTICA HISTÓRIA DE UM TEMPO”


N

o final do século XIX as invenções movimentavam os países e havia uma pressa em mostrá-las. A grande Exposição Universal de Londres em 1851 mostrava o futuro que havia chegado para os ingleses que apresentavam trabalhos industriais de todas as nações, com criações de diversos países. A mostra foi apresentada no Palácio da Grande Exposição da Indústria de Todas as Nações e, segundo Fonseca (2013), o edifício ficou conhecido como Palácio de Cristal, apelido dado pela revista semanal inglesa Punch, em referência à grande quantidade de vidros utilizados em sua construção, conforme se pode ver na figura 7, a seguir: A partir das exposições universais pode-se seguir os progressos da engenharia na segunda metade do século XIX. As exposições de produtos industriais como a de Londres em 1851, refletem uma relação direta entre produtores, comerciantes e consumidores com o fim das corporações de ofício. As exposições da primeira metade do XIX eram nacionais e as nações, exceto Inglaterra, colocavam obstáculos ao comércio exterior para proteger suas nascentes industriais. Segundo Benevolo (1945), a situação se transforma depois de 1850, com a redução das barreiras alfandegárias, tornando-se uma abertura ao comércio internacional, conforme se destacava nas exposições mundiais.

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Edifício da Grande Exposição (Palácio de Cristal) Londres Interior do Palácio de Cristal – Londres


A primeira exposição universal foi a de Londres em 1851. Com sede em Hyde Park e concurso internacional com a participação de 245 profissionais, venceu o Palácio de Cristal que demonstrava a chegada do futuro, antes mesmo da colocação de objetos e maquinários apresentados em seu interior. Era um edifício gigantesco construído de ferro e vidro que foi montado em apenas cinco meses, veloz como o futuro que chegava. A tecnologia superava tudo pois ali, dentro desse monumental edifício expunham-se as maravilhas do mundo moderno; máquinas de “fazer-tudo” o que se imaginava como talhar pedras, moldar velas, arrancar pregos e outras mais. Por outro lado, segundo explica Fonseca (2013), no mesmo local encontravam-se produtos de outras nações, possibilitando uma primeira espécie de globalização, de um mundo sem fronteiras e o número de visitantes surpreendeu a todos. As culturas egípcias, hindu, turca e muitas outras traziam costumes e diferentes formas culturais que refletiam as diversas formas de vida e os visitantes extasiavam-se nesses mundos tão distantes, mas tão presentes ali, naquele momento; aquilo era o futuro sem qualquer dúvida e era apenas o começo de uma viagem através de objetos, aromas e sabores que levavam o homem do século XIX a conhecer o mundo da modernidade sem, no entanto, sair desse local. Para muitos era também uma experiência marcante de uma nova etapa da vida. Conforme Ortiz (1991), “o princípio da circulação é um elemento estruturante da modernidade que emerge no século XIX.” Assim, a Grande Exposição do Palácio de Cristal em Londres em 1851 e os objetos expostos por ela foram um sucesso e marcaram uma época. O Palácio de Cristal suscitou grande admiração por uma arquitetura inovadora que produziu efeitos maravilhosos pela técnica utilizada que produziu um edifício quase irreal. Muitos se deslocaram para vivenciá-la, experiência marcante de uma nova época. I carácter genuíno do Palácio de Cristal de Londres foi s sua relação com a técnica industrial. O carácter genuíno e impactante do Palácio de Cristal de Londrino 64

foi resultado de um projeto desenvolvido por um engenheiros paisagista, cuja preocupação não era apresentar uma “monumentalidade” mas sim, demonstrar uma correta relação entre o projeto e a técnica industrial, sem sensacionalismos, que ajudava a mostrar o que estava exposto, sem competir com o edifício. O êxito do Palácio de Cristal inspirou a Exposição de Nova York em 1853. Em 1852, Napoleão III se instalou no poder por meio de um golpe de Estado e, segundo Fonseca (2013) tinha projetos de modernidade e a Exposição Universal de 1855 foi um deles e, apesar de alcançar o mesmo sucesso alcançado pela exposição londrina, estabeleceu um padrão internacional para as exposições que se tornaram mais exuberantes. Os arquitetos Cendrier e Barrault fizeram o projeto de um pavilhão de ferro e vidro; entretanto, o contrário da exposição inglesa, os franceses não estavam preparados e ficou decidido que a cobertura do edifício em ferro e vidro ficaria limitada à sala. O edifício, Palácio da Indústria, foi construído no “Champs Elysées” e foi utilizado em todas as exposições seguintes até 1900. A exposição de 1855 promovida por Napoleão III, durante a Guerra da Criméia, serviu para consolidar o império na França e para mostrar o progresso da indústria francesa, preparada para competir com igualdade de condições com a indústria estrangeira.

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Benevolo (1945) destacou que, entre os muitos objetos expostos no Palácio da Indústria em 1855, estava uma estranha canoa de ferro e cimento executada por J. L. Lambot, precursora das estruturas de concreto armado.

Vista Geral do Palácio das Indústrias - 1855

A sala principal e os monumentos do Palácio das Indústrias

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No local do Pavilhão da Exposição de Paris em 1855, outras realizações atraíam as atenções dos visitantes: as máquinas para construção como as gruas e escavadeiras que foram utilizadas na modernização de Paris. A fotografia impressionava os visitantes tanto quanto a utilização doméstica da eletricidade. Em 1867, uma nova mostra foi realizada em Paris, a segunda Exposição Universal instalada no “Champ de Mars”. O edifício de forma oval, compunha-se de sete galerias concêntricas. Na parte externa ficaram as máquinas e nas áreas interna, as matérias-primas, o vestuário, o mobiliário, as artes plásticas e outros e, no centro um jardim ao ar livre, ficava uma exposição de moedas. Segundo Benevolo (1945), cada nação ocupava um setor, de forma que o projeto circular representasse o Equador. Todos os países estiveram prestes e, até inimigos conviveram juntos, pacificamente, durante a mostra. Os objetos expostos mostraram os progressos realizados em doze anos, em todos os campos tecnológicos. Os objetos de ferro eram muito numerosos e representaram os progressos da siderurgia.

Os Champs de Mars reunia também, inúmeros restaurantes e cafés de diversas nacionalidades que permitiu o conhecimento de pratos pelo olfato e paladar, em meio as novas tecnologias apresentadas na Exposição de 1867. Segundo Benevolo (1945), em 1873 a nova Exposição Universal foi montada em Viena, em um pavilhão circular com 102 metros de diâmetro. Em 1876 foi a vez da Filadélfia nos Estados Unidos e o edifício que abrigava pode ser ilustrado pela figura 12.

Exposição Universal de Filadélfia Em 1878, Paris inaugura uma nova Exposição Universal ocupando o “Champs de Mars” em uma mostra provisória e o Palácio do Trocadeiro, em uma mostra permanente, apresentado na figura 13. 68

Champs de Mars – Paris 1867

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A partir desse momento, as exposições universais se multiplicam em todo mundo: Sidney em 1879, Melbourne em 1880; Amsterdã em 1883; Amberes e Nova York em 1885; Barcelona, Copenhagen e Bruxelas em 1888. Conforme Benevolo (1945), entre elas, se destaca a Exposição de Paris em 1889, que comemorava o centenário da “Queda da Bastilha” e, que em muitos aspectos tornou-se o mais importante de todas as exposições oitocentistas. Organizada em “Champ de Mars” em um conjunto de edifícios: a “Galerie des Machines”; a torre “Eiffel” e um palácio em forma de “U” que apresentava estrutura metálica e vidro como se percebe nas figuras 14, 15, 16, 17 e 18 a seguir: Segundo explica Fonseca (2013), a construção da Torre Eiffel surpreendeu pelo seu porte, com 320 metros de altura, causava vertigem nos visitantes. Sua iluminação elétrica também foi um sucesso pelas milhares de lâmpadas que adornavam, além de um raio tricolor que emergia de seu topo.

Exposição Universal – Paris 1878

Evolução da Construção da Torre Eiffel

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Galerie des Machines Galerie des Machines


Torre Eiffel - Detalhes

Torre Eiffel - Detalhes


Em 1900 a mudança espaço/tempo se consolidou com as novas tecnologias: a nova estação de trem “Gare D’Orleans” recebia os visitantes e, próximo à estação ficavam os edifícios da exposição. Havia uma calçada ambulante que transportava as pessoas para a exposição e isso simbolizava o futuro que não admitia a perda de tempo; tudo era acelerado, a velocidade era o espírito da época. A eletricidade, novamente, era a estrela da exposição de 1900. Paris estava diferente em relação às outras exposições; Haussmann urbanizara a cidade que contava com grandes avenidas, facilitando os deslocamentos e passeios pela cidade. A exposição de 1900 apresentava um lugar de trilhos e relógio, objeto que se transformou em símbolo de civilização e riqueza. O século XX deu origem a uma época de muitas invenções tecnológicas e acelerou o futuro ainda mais rapidamente; a exposição de 1939 na cidade de Nova York é testemunha disso: século do petróleo, século da eletricidade; século da indústria automobilística; século da bomba atômica, século de coisas boas e ruins. A exposição de 1939 em Nova York tinha como slogan “O amanhã é Hoje” e os americanos queriam demonstrar que os tempos difíceis da depressão econômica haviam sido superados. Agora os Estados Unidos miravam o futuro e queriam chegar à frente em tudo; a exposição de 1939 tinha inúmeros pavilhões e, em um deles, o público era recebido por um robô com quase dois metros de altura cujos comandos possibilitavam uma rápida conversa com seu interlocutor. A figura 27, a seguir ilustra o robô da exposição internacional de 1939 na cidade de Nova York. Assim como acontece hoje, sempre houve uma vontade de se conhecer o futuro, basta ver as filas que se formam nas lojas da Apple a cada novo lançamento de aparelhos. As feiras traziam a ilusão de antecipar o futuro e, conforme Fonseca (2013) destacou, Phileas Fogg acreditava ser possível fazer uma viagem ao mundo em oitenta dias... 76

Robô da empresa Westinghouse Eletric na Exposição Internacional de Nova York em 1939.


A CONEXÃO DE TUDO E O MEIO AMBIENTE


Segundo Vilicic e Thomas (2014), coisas são relógios, geladeiras, televisores, informações sobre todos os indivíduos. A nova era invade cada momento de suas vidas sem que se perceba o que está acontecendo; nada escapa.

A internet, aquela do passado, nasceu nos anos 60, resultando de estudos conjuntos feitos por universidades americanas, empresas do Vale do Silício e laboratórios militares dos Estados Unidos, com o nome de Arpanet. Em plena Guerra Fria, foi criada para ser uma rede de comunicações capaz de sobreviver a qualquer ataque, mesmo uma ofensiva militar. A rede deixou o ambiente acadêmico e militar e logo se tornou comercial. Mas era intricada demais para ser compreendida por leigos. (VILICIC, THOMAS, 2014, p. 133). Conforme Vilicic e Thomas (2014), em 1989 Tim Berners-Lee desenhou os protocolos que deram origem à World Wide Web, o w.w.w, e a internet passou a ser compreendida. Nos anos 1980, a Apple, ganhou fama e popularizou o primeiro computador pessoal e já se previa o surgimento de aparelhos móveis on-line, soando segundo os mesmo autores como ficção científica; mas não era... A internet popularizou-se com grande velocidade e, em apenas duas décadas, três bilhões de homens estava conectado a computadores, tablets e celulares. Nos anos 1980 existiam barreiras técnicas, mas, na primeira década do século XXI, entre 2000 e 2010, os limites foram transpostos, conectando trilhões de pessoas. Vilicic e Thomas (2014) destacam que a internet das coisas irá alterar a economia mundial e isso será feito de maneira muito rápida, de forma a 81


interligar todas as coisas e pessoas, tornando os processos menos burocráticos, mais velozes e mais econômicos: carros conectados um ao outro, com semáforos, postes, órgãos de trânsito, fatores que impediriam acidentes e congestionamentos. O carro não precisaria nem de motorista que poderia ocupar o tempo para descansar ou trabalhar. A administração pública também ganharia pois fiscalizaria todas as ruas de forma eletrônica. A internet das coisas já faz parte do cotidiano e muitas cidades já estão em fase de experiência para total conexão como Copenhagen na Dinamarca que conta com sensores conectados a semáforos, câmaras de segurança e equipamentos que medem a poluição do ar, de maneira a facilitar o controle e direcionar políticas públicas. O w.w.w. foi o estopim dessa revolução e transformou a maneira de se utilizarem coisas. Muitos acreditam que a nova fase só irá trazer benefícios, ampliando o tempo para pensar e desenvolver novas tecnologias: por outro lado, outros são mais cautelosos, acreditando que isso tornará o ser humano menos produtivo. 7.1 Importância de Steve Jobs

[...] totalitário e explosivo, exigia que os produtos da Apple tivessem leveza, simplicidade, funcionalidade e fossem, a começar pela embalagem, a fonte de uma experiência quase zen para seus usuários. Desapegado do dinheiro, andava em trajes despojados – calça jeans, tênis e camiseta preta – mas triturou os executivos de terno e gravata de sua concorrente mais constante, a Microsoft, de Bill Gates. (ALTMAN, 2011, p.182). 82

Conforme Altman (2011), Jobs tem a força de Henry Ford e Thomas Edson nas criações eletrônicas, tornando-se um imortal nas tecnologias contemporâneas. Sem ele, os computadores seriam portáteis, mas piores, maiores e mais caros. Jobs ajudou na passagem do século XX ao século XXI, fez parte das invenções da época e com o ipod, iphone e ipad permitiu que se colocasse toda uma vida na palma da mão; criou produtos que deram prazer, reergueu indústrias e moldou sociedades urbanas de todo mundo, influenciando negócios de música, editoração e cinema. Soube que as pessoas queriam, mesmo antes que elas dessem conta disso. O momento agora é o da economia de serviços que paralelamente acompanha o desenvolvimento tecnológico e a ampliação do conhecimento. Grande parte da riqueza mundial é produzida pelo setor de serviços que é responsável por inúmeras vagas de trabalho, envolvendo a educação, a saúde, a mordida, os bancos, os shoppings centers, os restaurantes, os escritórios de profissionais liberais, etc. Os serviços proporcionam experiências transformadoras, satisfazendo o interesse e o desejo de seus consumidores, promovendo satisfação e valor. A demanda por um serviço está atrelada a preço e qualidade desse serviço e depende de uma estrutura para seu atendimento: os modos de distribuição dos mesmos que são muitos e, entre eles os canais eletrônicos foram aqueles que mais espaço ganharam, facilitando a vida dos clientes. As criações de Jobs deixaram um mundo mais agradável, bonito e eficiente.

A avassaladora farra consumista desencadeada a partir da Revolução Industrial, potencializada pelo avanço tecnológico dos meios de produção e universalidade pela mídia na era da globalização, está custando caro ao planeta. Há evidentes sinais de exaustão dos recursos naturais não renováveis. (TRIGUEIRO, 2005, p.21). 83


7.2 A Sustentabilidade O meio ambiente se caracteriza pelo conjunto de fatores que afetam diretamente o metabolismo e/ou comportamento dos seres vivos do ecossistema incluindo solo, água, atmosfera e radiação. Hoje muitas são as manifestações a favor à preservação ambiental; à sustentabilidade e ao desenvolvimento social, relevantes no panorama mundial, deixando de ser restritos apenas aos ambientalistas e intelectuais. O tema é debatido em fóruns mundiais e é parte das discussões políticas, integrando a esfera das atividades empresariais e já movimenta organismos internacionais com presença constante no rádio, televisão, artigos e entrevistas de revistas e jornais. No contexto mundial atual, o aquecimento global, a biodiversidade, a água, o destino do lixo, a utilização de energia, o consumo irracional de recursos naturais, o desperdício e o meio ambiente são objetos de reflexão de vários setores da sociedade preocupados com o destino do planeta Terra. Este é o desafio da humanidade para um futuro não muito distante. Depois da I e II Revolução Industrial a poluição e o descaso com o meio ambiente não eram fatores preocupantes e os recursos ambientais eram abundantes. Aos poucos o cenário foi se alternando e os impactos sobre o meio ambiente se tornaram mais agressivos, mostrando um conflito grave entre o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental, dando origem a um assunto que ganhou importância e exige urgência nas soluções. Aos poucos, o homem tomou consciência da necessidade de atividades de estancar a exploração sobre a natureza e o ambiente para garantir sua sobrevivência futura. O meio ambiente fundamenta as disparidades socioeconômicas entre o mundo desenvolvido e o subdesenvolvido. As desigualdades são a chave para mudanças e se nada for feito, muitas gerações serão prejudicadas. 84

A natureza é base indispensável da vida e da moderna economia, devendo ser preservada para as futuras gerações. A sustentabilidade é, portanto, o elemento fundamental de equilíbrio e integração do homem e da natureza. Para muitos pode parecer um processo devastador sobre os lucros, mas, por outro, o homem é parte importante da natureza e, o desenvolvimento sustentável não pode ser considerado como um obstáculo ao desenvolvimento econômico, mas deve ser entendido como uma forma de preservação no meio ambiente, evitando degradação nociva a todos os habitantes da Terra, garantindo uma natureza saudável para o futuro. Conscientizar-se, ficar alerta ao consumo desenfreado, buscar qualidade de vida são atitudes que mostram produção e consumo como desafios contra a lógica dos lucros. Espera-se, num futuro não muito distante, diminuir a pressão do homem sobre a natureza reduzindo, a princípio, o consumo exagerado.

As mudanças oriundas da globalização provocaram uma neo-orientação estratégia na produção e organização das empresas. Fenômenos tais como o aumento da concorrência internacional, o incrementar extraordinário de novas tecnologias no processo de produção, aliados a nova conjuntura de desregulamentação econômica e social, bem como ao reordenamento institucional do mercado de trabalho, forçaram as empresas a realizarem uma reestruturação produtiva em escala internacional, envolvendo transformações qualitativas tanto interna quanto externas das fábricas. (COSTA, 2008, p. 111). 85


Corsi (2002) destaca ainda que o desenvolvimento esbarra nos limites ecológicos. Segundo o autor, o modelo capitalista adotado pelos EUA, Japão e Europa Ocidental, tendo a industrialização e uma sociedade de consumo de massas, acaba sofrendo o impacto dos limites naturais do planeta em relação aos recursos energéticos e outros não renováveis que foram muito explorados na década de 1970, beneficiando uma pequena parcela da população. Corsi (2002) não acredita que dará tempo de evitar a destruição da natureza por meio de um desenvolvimento sustentável que garanta crescimento econômico e superação da miséria.

quanto isso, a natureza sofre com exploração sobre ela e aumento de produtos descartados como lixo tecnológico.

Desenvolvimento sustentável é entendido como uma forma de crescimento econômico associado à integridade dos sistemas ecológicos, à justiça e à igualdade entre toda a população mundial, nos parâmetros da sociedade capitalista; parece bastante improvável. (CORSI, 2002, p.26). Corsi (2002) considera improvável um desenvolvimento sustentável dentro de um sistema capitalista, pois o próprio capitalismo cria e recria desigualdades e, na busca irrefreada pelo lucro destroem a natureza. Capitalismo e sustentabilidade é um paradoxo para o autor. Apesar da tecnologia que surgiu para facilitar a vida de todos os cidadãos há um problema que não deve ser deixado de lado; a constante renovação de objetos, principalmente no setor de comunicação, que rapidamente se tornam obsoletos, não havendo nada que se possa fazer para reaproveitá-los uma vez que cada produto lançado no mercado traz consigo uma novidade que o antigo não tem. O descarte de produtos, praticamente novos, faz parte de uma estratégia de vendas; sem que, no entanto, sejam desenvolvidos elementos que se troquem, peças que modifiquem para torná-los atuais. En86

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CONSIDERAÇÕES GERAIS


A

economia sustentável é uma nova proposta que pretende o desenvolvimento sem destruição, uma gestão mais responsável, com incentivo de tecnologias inovadoras. Conscientização, alerta ao consumo desenfreado, busca de melhor qualidade de vida faz parte de práticas sustentáveis que consideram produção e consumo como os novos desafios contra a lógica dos lucros. A economia verde vem surgindo devagar; ainda não tem tanta força, mas já foi plantada para que forneça frutos em um futuro não muito distante e tanto homem quanto natureza irão agradecer quando esse futuro chegar, freando explorações abusivas sobre a natureza e consumo exagerado, introduzindo-se na Terra a responsabilidade social de forma a preservar meio ambiente e conscientizar as gerações por vir. A Revolução Industrial permitiu o aperfeiçoamento e a criação de novos utensílios para todos os usos; no entanto, tudo foi crescendo de tal modo que um dia se percebeu o exagero do consumo pela sociedade de consumo de massas. Produzir e vender mercadorias, mercadorias, mercadorias, mercadorias, mais mercadorias... Os produtos inebriaram os cidadãos que queriam dinheiro para comprar! Mas, onde jogar o que se tornava obsoleto? Ou, o que se fazer com montes de objetos que não mais seria utilizado? Pois bem, o problema envolve design, indústrias, consumidores e muitos outros. Mas é chegada a hora de mudar. Inovar e renovar, principalmente este último. Lógico que é possível se alcançar a renovação e quando isso acontecer o futuro terá realmente chegado.

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INDICE IMAGENS

A máquina a vapor

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Figura 1 Fonte: https://www.oficinadanet.com.br/post/14633-como-funciona-a-energia-a-vapor Evolução do “ouvir música”

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Figura 2 Fonte: http://vintageguide.blogspot.com.br/2012/02/5-things-i-love.html http://mlb-s2-p.mlstatic.com/radio-toca-fitas-philips-ar-150-so-funciona-o -radio--501311-MLB20516815713_122015-F.jpg http://images.cdn.whathifi.com/sites/whathifi.com/files/styles/big-image/public/sony_1982_CDP101.jpg?itok=HSf9HXUi Gramofone 53 Figura 3 Fonte: http://www.casadostocadiscos.com.br/agulhas-para-gramofone.html Toca-fitas 54 Figura 5 Fonte: http://www.clubedohardware.com.br/artigos/como-limpar-e-ajustar -um-toca-fitas/2597


Vitrola Elétrica

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Figura 4 Fonte: http://www.trapemix.com.br/vitrola-toca-discos-de-vinil-com-radio -am-fm-e-usb-dallas-classic-35-309.html IPod Apple

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Figura 6 Fonte: http://www.itrush.com/apple-ma146ll-a-ipod-black-video-mp3-playerthe-perfect-companion-for-people-with-busy-lifestyle/ Edifício da Grande Exposição (Palácio de Cristal) Londres

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Figura 7 Fonte: https://teoriadoespacourbano.wordpress.com/2013/03/19/iii-grandville-ou-as-exposicoes-universais/ Interior do Palácio de Cristal – Londres

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Figura 8 Fonte: https://teoriadoespacourbano.wordpress.com/2013/03/19/iii-grandville-ou-as-exposicoes-universais/ Vista Geral do Palácio das Indústrias - 1855

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Figura 9 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Palais_de_l%27Industrie#/media/ File:Palaisext2.jpg

A sala principal e os monumentos do Palácio das Indústrias

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Figura 10 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Palais_de_l%27Industrie Champs de Mars – Paris 1867

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Figura 11 Fonte: http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_ruth2.htm Exposição Universal de Filadélfia

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Figura 12 Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Exposi%C3%A7%C3%A3o_Universal_de_1876 Exposição Universal – Paris 1878

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Figura 13 Fonte: Desenho de Felmann, 1867.In DUCUING. François. Les contemporains célèbres illustrés, 106 portraits. 106 études. Paris: Librairie Internationale, 1869. Evolução da Construção da Torre Eiffel

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Galerie des Machines

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Figura 14


Fonte: L’Architecture d’aujourd’hui, n 5-6. Galerie des Machines

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Figura 15 Fonte: http://www.nga.gov/resources/dpa/1889/11machines.htm. Torre Eiffel - Detalhes

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Figura 16 Fonte: http://www.cienciahistorica.com/the-tower-that-was-not-designed -by-monsieur-eiffel/. Torre Eiffel - Detalhes

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Figura 17 Fonte: http://www.albertodesampaio.com.br/torre-eiffel-de-outra-perspectiva/.

Referencias AGEORGES, Sylvain. Sur les traces des expositions universelles: Paris 1855-1937. Paris: Parigramme, 2006. ALTMAN, Fábio. Quero deixar uma marca no universo. Dez Anos em Dez Temas. Um olhar a última década nas grandes reportagens e entrevistas. Veja. São Paulo: Editora Abril, 2011. CORSI, Luis Francisco. A Questão do Desenvolvimento à Luz da Globalização da Economia Capitalista. Revista de Sociologia e Política, no 19, p. 11-19, nov. 2002. COSTA, Edmilson. A Globalização e o Capitalismo Contemporâneo. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

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