Livro Deborah Roig by Editora Stock Company

casas de sonho

Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Câmara Brasileira do Livro - SP Brasil

R741 Roig, Deborah Deborah Roig: casas de sonho / editor: Antonio Baldini, jornalista: Marianne Wenzel Capa, projeto gráfico e diagramação: Alexandre Figueira de Almeida, coordenação: Fernanda Sodré, revisão: Laura Arrienti

1.ed. - São Paulo: 427 Design, 2018 224p.; 32 cm Inclui índice editorial ISBN: 978-85-94060-01-3

1. Deborah Roig. 2. Arquitetos - Brasil - 3. Arquitetura. I. Título CDD - 720.981 CDU - 72.036 (81)

Reservados todos os direitos desta obra. Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela eletrônica, mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer meio de reprodução sem permissão expressa do editor.

Sumário

ARQUITETURA

112 | Elegância com personalidade 122 | O estilo da felicidade

212 | Mostra Artefacto 216 | Mostra Star Home 218 | Mostra Casa Pronta 220 | Mostra Casa Cor São Paulo

Deborah Roig Razão e sensibilidade em equilíbrio

Com uma carreira solo que já conta mais de 20 anos, Deborah Roig percorreu um caminho orgânico a partir da graduação em desenho industrial pela FAAP, em São Paulo, e dos posteriores estudos sobre arquitetura na Universidade de Barcelona. Inicialmente centrado em interiores, seu trabalho alcançou uma visão integrada da arquitetura como um todo – característica que, hoje, é a marca registrada de seu escritório, assim como a atemporalidade de suas propostas e a importância que atribui ao relacionamento com os clientes. Não raro, eles reaparecem anos após a primeira experiência para realizar uma nova empreitada em outro momento de vida.

a favor de espaços concebidos desde o marco zero a fim de trazer conforto e bem-estar. Nos projetos liderados por Deborah, a casa é tida como porto seguro, lugar para construir relações afetivas e elemento capaz de nos colocar em contato com a natureza, seja por meio de soluções construtivas (iluminação zenital, jardins internos, integração com o exterior) seja por meio de materiais (madeira, pedra, couro, fibras naturais). Em seu portfólio, essas premissas se traduzem especialmente em aconchegantes casas de lazer de linguagem contemporânea e repletas de recursos sustentáveis, além de apartamentos e casas urbanas.

Participante do programa Winning Women, promovido pela EY (uma das dez maiores empresas de serviços profissionais do mundo) para mulheres empreendedoras, a profissional vem investindo na gestão do escritório. A combinação entre foco e assertividade, de um lado; a delicadeza e empatia, de outro, opera

Não à toa, a logomarca de Deborah Roig Arquitetos Associados remete ao símbolo do infinito. Pois não há limites para uma arquitetura que se propõe a ser afinada com as pessoas, respeitosa para com a natureza e sobretudo duradoura, como mostra a seleção de projetos a seguir.

Depoimento Realizadora de sonhos

“Há tempos acompanho o belíssimo trabalho realizado pela Deborah Roig, que por sinal é uma profissional extremamente competente, com um portfólio respeitável de obras bemsucedidas. O que chama a atenção nos trabalhos da Deborah é a sua sensibilidade em entender os desejos e atingir resultados sofisticados que traduzem o estilo de vida do cliente. Com construções que realçam a beleza de espaços amplos, suas obras seguem linhas limpas, com uma arquitetura totalmente integrada à natureza. O bom gosto faz parte de seu vasto repertório, sempre buscando um design contemporâneo e personalizado. O céu é o limite”.

Gabriela Baumgart Diretora Center Norte

Luxo, charme, conforto e criatividade são características dos espaços assinados por Deborah Roig. Sua ampla experiência responde às expectativas de seus clientes, criando ambientes repletos de personalidade. Em seus projetos, é possível observar e se surpreender com as cores, formas e texturas. O conforto, a sofisticação e a praticidade, que se alinham ao conceito atual, convidam a renovação dos espaços a cada mudança de vida, como reconhecimento do resultado em suas vivências. Tamanha habilidade se faz presente em ambientes inspiradores no Brasil e no mundo.

Esther Schattan

Diretora Executiva Ornare

Depoimento

Conheci a Deborah durante o Winning Women, programa promovido pela Ernst &Young dedicado às mulheres empreendedoras para aperfeiçoamento dos conceitos de branding, liderança, gestão e relacionamento. Fiquei surpresa quando fui designada para ser mentora de uma arquiteta e fiquei curiosa sobre como seria esse trabalho.

nesse “fazer”. Além de bem estruturado, esse briefing contempla não só a mulher, mas toda a família, a funcionalidade e, principalmente a sustentabilidade da edificação.

Ao longo de um ano de convívio, descobri coisas incríveis sobre ela. Venho da confecção, da indústria, e minha relação com a arquitetura era apenas a de cliente. Desenvolver essa atividade me permitiu entrar em contato com aspectos práticos dessa realidade profissional tão diversa da minha.

Afinal, não construímos uma casa para desmanchá-la em três anos. Ela tem que ter história, que a Deborah ajuda a criar com a família desde o primeiro contato, para ouvir seus sonhos, aspirações e necessidades. Essa criação nasce na concepção do projeto, avança ao longo da construção e entra em sintonia fina nos acabamentos e no design de interiores. Esse conjunto mostra como essa história foi realizada e como será vivida.

Pude entender o conceito que ela tem de família, do pensar de um arquiteto, de como desenvolve cada detalhe, porque ela realiza o briefing do cliente com foco no universo feminino. A casa é feita por uma mulher, querendo ou não, mesmo que a responsabilidade financeira recaia sobre o homem. E a Deborah entrega sua alma feminina

Trago da experiência desse evento a oportunidade de conhecer uma pessoa competente, carinhosa, acolhedora, linda, uma excelente esposa, mãe e amiga. Só posso concluir que essa vivência foi um presente pra mim, principalmente por continuar sendo uma grande admiradora dessa amiga que está em meu coração.

Sonia Hess

Conhecida por ter liderado a marca Dudalina (confecção fundada por seus pais), ocupa a vice-presidência do grupo Mulheres do Brasil, comanda o Lide Mulher, é mentora dos programas Mulheres em Conselho, Endeavor e Winning Women Brasil (Ernst &Young); é conselheira do Instituto Ayrton Senna, Verde Escola e Fundação Dom Cabral.

Arquitetura

Sintonia entre inovação e identidade A casa de lazer que a profissional desenhou para sua família num sofisticado condomínio de campo tornou-se, com o tempo, seu cartão de visitas e referência de sua linguagem, inaugurando uma rica série de projetos afinados com esse estilo de vida. Situada num platô pouco abaixo da rua, a construção evitou movimentações de terra. O impacto, aqui, é de outra ordem: entrar, passar pelo jardim interno cheio de luz natural e notar, adiante, as portas do living se abrindo para a varanda, para a piscina com borda infinita e, por fim, para a paisagem em último plano. Inspirada por uma viagem a Israel, Deborah usou a pedra madeira a fim de colocar em sua morada algo da textura típica das construções do Oriente Médio. O corte em diversos formatos e o assentamento irregular dos blocos, que revestem alguns volumes e pilares, remetem à forma como

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ocorrem no meio ambiente. Madeira de demolição na porta de entrada, rochas brutas e pedriscos no jardim interno e na sala de banho, nichos de cobre no living e limestone no piso (estes dois últimos, ainda pouco utilizados na época) completam o leque dos principais materiais, escolhidos com a intenção de evocar a presença da natureza. Um lounge rebaixado, dentro da piscina, convida a desfrutar do espaço também à noite para observar o famoso céu estrelado da região. No design de interiores, couro estonado, a mesa de centro sob medida com lareira a gás embutida, tons terrosos e algumas peças esculturais, como uma poltrona de troncos retorcidos trazida do Uruguai, são ícones do aconchego e da identidade que Deborah persegue em cada um de seus trabalhos.

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Atenção especial à sustentabilidade O desejo dos clientes por uma casa de campo tão despojada quanto um loft traduziuse em ambientes pontuados por materiais típicos do universo industrial, como cimento queimado e aço corten, em equilíbrio com soluções frequentes no vocabulário de Deborah, a exemplo da fachada de pedra e da presença do verde. No térreo, apenas a escada e o espelho-d’água, localizados sob uma generosa claraboia, setorizam a ampla área social. Não há fronteiras entre living e varanda: trata-se de um único espaço aberto para a piscina por meio de um vão livre de quase 30 metros. Isso potencializa o convívio nesses locais e na cozinha gourmet, além de aproveitar a vista privilegiada para o campo de golfe do condomínio – hobby que levou os moradores a comprar este lote e pautou vários aspectos do projeto, como o salão de jogos que também

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funciona como abrigo para os carrinhos de golfe. A construção emprega steel frame, método construtivo com perfis metálicos na estrutura e chapas cimentícias no fechamento. Capazes de tornar a obra muito mais racional, rápida (esta durou dez meses) e quase sem geração de entulho, esses recursos estão entre os principais trunfos da arquitetura sustentável. Nos revestimentos, há outros bons exemplos, como as pastilhas de vidro reciclado da piscina e o deck, feito de um tipo de plástico reciclado cuja aparência lembra a da madeira. Este trabalho aprofundou a expertise do escritório nessa área, principalmente do ponto de vista da relação custo/benefício de sistemas complexos, como os de energia solar e reúso de água, e das vantagens e desvantagens de cada escolha, desde o método construtivo até o acabamento.

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Referência revisitada

Decididos a encomendar uma cópia fiel de um projeto de Deborah que viram publicado numa revista, os clientes foram entendendo, nas conversas com a profissional, o prazer de ver nascer um projeto sob medida. Menor e com um declive mais acentuado, o terreno nada tem em comum com o da casa tomada como referência, isso sem contar as diferenças de clima, insolação e de programa. Duas ideias, no entanto, puderam ser aproveitadas: a implantação num patamar mais baixo que a rua e a entrada já conectada com a vista da piscina de borda infinita e a paisagem ao fundo. Com formato em U, a planta abraça a piscina e aproveita melhor o lote, além de abrigar a área gourmet num espaço coberto – medida importante para a região de clima fresco.

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Limestone no piso interno, fulgê no externo, pedra revestindo trechos da fachada e a sólida presença do aço corten em pérgolas e na porta entrada marcam a paleta de revestimentos. No living, a adega walk-in é um elemento-surpresa proposto por Deborah e encampado pelos clientes, que não haviam verbalizado esse desejo, mas, como bons enólogos, adoraram a ideia. Alocada no canto para não atravancar a área social, a escada nem assim perde sua imponência. Encaixada entre duas paredes e com guarda-corpo de vidro entre os dois lances, ela tem seu desenho simples e gráfico valorizado ainda mais pelo contraste com a vegetação externa, enquadrada pelo painel de vidro ao fundo.

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FALTA IM

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Toscana contemporânea O quarto projeto realizado para um mesmo casal atualiza o clássico estilo da Toscana, na Itália. A vontade era variar, já que o apartamento e a casa de praia são bastante contemporâneos. O pedido por uma fachada com tijolinhos à vista desafiou Deborah a encontrar uma solução sintonizada com o imaginário dos clientes, porém, revisitada por meio de linhas e recursos mais modernos. Os tijolos, por exemplo, ganharam expressão por intermédio do assentamento com junta seca, técnica na qual a argamassa não fica aparente. As venezianas sobressaem com a pintura preta, cor que também aparece em algumas portas e esquadrias de ferro, no revestimento da piscina, do spa e em móveis e objetos de destaque, a exemplo da mesa de bilhar, da marcenaria do espaço gourmet e dos grandes vasos que

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deram origem a três fontes no jardim (que, aliás, também remete ao paisagismo típico da Toscana). Cimento queimado reveste pilares e desenha faixas junto ao beiral, conferindo leveza à estrutura e ao telhado, além de dar acabamento também às paredes internas. A cozinha preserva mais características do estilo toscano, como a cor dos armários, os metais com desenho clássico e o piso de ladrilhos hidráulicos com padrão exclusivo desenhado por Deborah. Na implantação, cabe ressaltar uma medida que deu mais privacidade e imponência à casa, situada num terreno de esquina em declive próximo ao centro comercial do condomínio: a configuração de um platô no alto do lote para assentar a construção e resguardá-la do movimento das ruas adjacentes – sem, no entanto, escondê-la.

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Memória da fazenda

Lembranças da infância do proprietário, passada numa casa de fazenda tipicamente brasileira, com varanda e telhado de largos beirais, foi o ponto de partida deste projeto. Organizada em L, a planta dispõe os quartos – todos avarandados, é claro – ao longo da piscina, voltando-os para a área de lazer por meio de portas-balcão com venezianas de madeira. O canteiro alto em frente a essa ala garante a privacidade ao setor íntimo sem obstruir a vista para o jardim. No outro braço do L, encontra-se a entrada: uma caixa de pedra com duas expressivas portas pivotantes que anunciam o living com pé-direito alto e as tesouras do telhado aparentes. No eixo da piscina, a lareira com fundo de vidro traz para o ambiente interno a agradável vista para a linha d’água, enquanto o painel de vidro acima do

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equipamento enquadra o spa. Este, por sua vez, é uma caixa de vidro estruturada com madeira – protegido, o ambiente permite o uso em dias ou noites frios, frequentes na região. Para Deborah, uma casa de campo, especialmente em condomínio, deve oferecer opções de atividades – daí a frequência com que propõe spa com sauna, lounges, áreas gourmet, cantinhos com fogo ou de leitura... Varandas, segundo a profissional, também podem proporcionar essa diversidade de uso. Aqui, com a integração total desse espaço à sala por meio de portas de correr que liberam as quinas do ambiente, o living pode estender-se até o perímetro da varanda, onde bancos de madeira instalados entre os pilares são mais um recurso que remete à vida na fazenda.

Menos é mais

Esta residência comprova que, nem sempre, a qualidade e a usabilidade dos espaços dependem da quantidade de metros quadrados. Muitas vezes, é possível chegar a um resultado prático e adequado ao estilo de vida da família com uma metragem bem menor do que a imaginada pelo cliente (inicialmente 1.500 m2); sendo uma casa com uma edícula independente apenas para receber, o que quase duplicaria o programa e fragmentaria a planta num lote relativamente pequeno, incompatível com essa ideia. O resultado concebido por Deborah se deu numa área construida total de 700 m2 mostrando que nessas situações, integrar funciona melhor do que separar – conceito defendido por ela nesse trabalho, realizado no começo dos

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anos 2000 e, hoje, mais atual do que nunca. Ladeada por espelhos-d’água, a imponente porta de entrada se avizinha ao home office, situado na frente para preservar o restante da casa da rotina própria do escritório. O living com pé-direito duplo avista a área externa e confere destaque à escada branca por meio do contraste do revestimento de pastilhas de madeira reaproveitada aplicado nas paredes. Uma passagem conduz à ala de lazer com home theater, cozinha gourmet com duas mesas de jantar e adega, sala de jogos e spa. Dessa forma, essa ala, toda interconectada, fica setorizada sem, no entanto, isolar-se completamente do restante da casa – que, por sua vez, também orbita em torno de um grande ambiente integrado, o living.

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Projetos em andamento

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Interiores

Elegância com personalidade Na visão de Deborah, a concepção de interiores está menos relacionada à decoração e mais à arquitetura – iluminação, revestimentos de parede, desenho de marcenaria... Para ela, também importa prever como serão as vistas oferecidas em cada ambiente, da mesma forma como se leva isso em conta nos projetos de casas. A ideia geral é a de que, mesmo sem os móveis, os espaços transpareçam a linguagem arquitetônica, o cuidado com os detalhes e a flexibilidade necessária para acompanhar as mudanças de vida de seus moradores. Segundo apartamento que realizou para o mesmo casal, este projeto prima pela sofisticação numa fase em que a família está mais madura e não há mais “brinquedos” pelo caminho. O living, proporcionalmente pequeno em relação à área total, mereceu atenção na escolha de

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materiais e no layout de mobiliário para ganhar imponência e, ao mesmo, tempo, otimizar o espaço disponível. Daí a presença elegante da nogueira desde o hall social, revestindo a marcenaria que ora embute a iluminação, ora configura armários e nichos. Disposto sobre o piso claro de limestone, o mobiliário com pés palito ou delgados e com peças visualmente leves, a exemplo do banco de acrílico, parece multiplicar os metros quadrados. Um pedido especial da moradora – a presença do azul – está contemplado no estofamento das cadeiras, em obras de arte e em objetos deixados em evidência. No home theater, nos banheiros e na varanda, sobressai a opção por tons mais sóbrios e contrastante, como o revestimento de parede com textura croco, boa parte dos móveis e as louças e os metais dos banheiros.

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FALTA IMAGEM

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O estilo da felicidade

Esta história, possivelmente, figura entre os sonhos de consumo de muitos arquitetos: clientes que acompanhavam há tempos o trabalho da profissional e lhe concederam carta branca com o objetivo de remodelar o apartamento recém-comprado. O único gosto expressado com mais ênfase foi a preferência por madeira clara. Dessa forma, o freijó acabou permeando todo o projeto, do mobiliário aos muitos painéis ripados de parede, cada qual com sua função, e à porta de correr da área gourmet. Os trabalhos começaram por incorporar a varanda estreita ao living, e garantindo a esse novo e amplo ambiente uma variedade de situações e de usos: estar, jantar, home theater com lareira e dois lounges nas extremidades da antiga varanda – sendo que

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um deles se conecta à sala de almoço, nova subdivisão da antiga cozinha, antes grande demais. Nesse local, as portas do aparador exibem revestimento de pergaminho, cortado em quadrados e encerado para adquirir mais resistência. A mesma ideia original aparece na porta de entrada. A atmosfera suave se estende ao piso de limestone. Usada também para forrar a lareira, a pedra clara completa uma paleta que empresta ao apartamento certo ar escandinavo. O termo hygge, cunhado pelos dinamarqueses para traduzir o aconchego e a felicidade de desfrutar do abrigo proporcionado por uma casa e hoje utilizado como definição de um estilo, foi antecipado por Deborah neste projeto, realizado muito antes de esta tendência ser reconhecida em solo brasileiro.

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Tradição e modernidade Este apartamento, terceiro para o mesmo casal de clientes, atende a uma fase de vida gostosa e muito almejada: a de curtir novamente momentos a dois e receber os filhos, agora casados e em seus próprios lares, e netos em ocasiões especiais, descontraídas. A proposta incorpora heranças importantes de família, como móveis antigos e obras de arte, e inventa usos criativos para peças queridas, a exemplo de dois tapetes transformados em um – itens, a essa altura, muito familiares a Deborah, que já havia deparado com eles nos projetos anteriores. A intenção de inaugurar a nova etapa de maneira leve, contudo enraizada na história dos clientes, resultou num equilibrado mix entre o tradicional e o moderno. Abriu-se espaço para o frescor de peças novas e até mesmo ousadas, como a mesa de jantar vermelha, desenhada por Deborah

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e produzida sob medida; e também alguns ícones modernistas como Tenreiro, Sergio Rodrigues e Salzupin. A antiga varanda, agora parte do living, adota seus traços elegantes. No canto com bar, churrasqueira e forno de pizza (xodó do cliente, que nos fins de semana gosta de montar suas próprias receitas), estão embutidos na marcenaria executada com a mesma madeira carvalho utilizada no painel de parede dos ambientes vizinhos, cuidado que confere unidade visual ao apartamento. Na sequência de janelões dessa área social expandida, a luminosidade era tamanha que foi possível tapar, com uma estante, o lado menos interessante da vista. Essa atitude gerou um agradável espaço de trabalho. Todo esse cenário se assenta sobre a base neutra e tranquila do piso de limestone, muito presente em outros projetos do escritório.

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A arte da integração

Só a varanda deste apartamento tem 110 m2. Por outro lado, o living estreito oferecia poucas opções de layout. Na unidade decorada do prédio, a sugestão recaía sobre apenas um sofá em L – algo que, segundo Deborah, uma solução que não cria uma situação aconchegante e apta a uma boa conversa”. De acordo com a profissional, imaginar as situações de uso e convívio é fundamental para qualquer projeto. Por isso, a fim de ampliar as possibilidades do living, ela anexou a ele metade da varanda e alocou ali o home theater e um pequeno lounge. O restante do espaço deu origem à área gourmet, onde os móveis de tonalidades escuras convivem com o piso de bambu e a presença do verde, contraste que confere ao lugar uma pegada contemporânea.

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Duas caixas de nogueira se destacam: a que demarca o hall social (e inclui a porta de entrada, a porta do lavabo e a passagem para a ala íntima) e a que contém a lareira e disfarça uma coluna remanescente após a integração de parte da varanda. Num ligeiro toque extravagante, a profissional usou a madeira com acabamento brilhante, escolha que transmite sofisticação. A paleta se completa com os beges e off-whites, pontuados por acessórios e objetos com pitadas de vermelho. Na parede principal do living, destaca-se uma harmônica composição de obras de arte, enquanto no mobiliário novamente Deborah demonstra habilidade em mesclar itens de linhas retas com peças clássicas. Isso está bem visível na sala de jantar, coroada por um charmoso lustre de cristal.

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O primeiro ninho

Realização do sonho de uma jovem família, que acalentava o desejo de ter um apartamento sob medida para o novo momento de vida, este apartamento seguiu à risca o orçamento previsto e o planejamento da obra – especialmente importante nesse caso, porque a segunda filha do casal estava prestes a nascer. O quebra-cabeça do layout precisou resolver a localização da televisão de forma que ela não monopolizasse a sala nem implicasse a colocação de um sofá bem no meio do ambiente, atravancando a circulação. A integração da varanda, que agora abriga a sala de jantar, o espaço gourmet com churrasqueira e um confortável sofá em L ladeado de floreiras, permitiu uma solução inusitada: a colocação da TV em uma de suas

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extremidades, de forma ser possível assisti-la de qualquer ponto da área social (instalado num suporte regulável preso ao painel de madeira cabreúva, o equipamento pode voltar-se para onde for necessário). Esse mesmo painel embute armários e inclui arandelas. A criação de vários ambientes para receber considera a vida social dos clientes, muito próximos a outros quatro casais de amigos, também com filhos, que se frequentam intensamente. No lugar que seria a escolha óbvia para a TV, figura algo muito mais interessante: um tríptico sugerido por Deborah, que preenche toda a parede atrás do sofá. Ao sugerir a infinitude do horizonte, o tema das fotos foi feliz ao dar a impressão de uma janela aberta para a paisagem oceânica em plena região central de São Paulo.

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Elogio à sobriedade

A planta desatualizada, compartimentada demais, era o maior problema deste apartamento antigo. A sala de jantar, por exemplo, se encontrava separada do estar por uma porta de correr de quatro folhas confeccionadas em madeira escura, com desenho bastante antiquado e visualmente pesado. Removê-la a fim de unir os ambientes, portanto, foi a primeira providência da reforma. Essa medida também tornou mais direto o acesso à varanda – antes, era preciso atravessar a sala de jantar para alcançá-la, senha para gerar um espaço pouco frequentado. Em uma das pontas, o living cresceu com a anexação de um dos quartos, desnecessário na atual fase de vida do casal. Nesse local, a estante emoldura a

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lareira, à frente da qual formou-se um cantinho para curtir o fogo e tocar saxofone, hobby do morador. O telão do home theater está embutido junto à estante – quando acionado, normalmente em ocasiões sociais, fica visível de todos os pontos do living. Apreciador de vinhos, o proprietário também pediu um lugar dedicado a degustações, vontade atendida com o lounge ao lado da nova sala de jantar, suficiente para receber mais um ou dois casais. Caso venha mais gente, a varanda com churrasqueira consegue acomodar todos com conforto. De tons bastante neutros, o décor reflete a personalidade leve e sofisticada dos donos. Mais uma vez, a presença da madeira (freijó) aquece a atmosfera desde a entrada social.

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Toda a riqueza do off-white

O living deste apartamento conta com uma configuração tradicional, com home theater, estar e jantar numa sequência linear. Nada que tenha imposto limites ao projeto de interiores, que aproveita o formato retangular do ambiente para tirar partido da simetria. Em cada ponta, por exemplo, há um pórtico realizado com madeira laqueada de branco ao redor de um painel de parede de pedra travertino. Em um deles está a TV; em outro, o aparador que dá apoio à sala de jantar. Tanto na seleção dos acabamentos quanto na escolha de mobiliário, tecidos e objetos, Deborah trabalhou as delicadas variações de tons neutros e texturas suaves, já que a moradora não se sentia confortável com

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arroubos de cor nem com soluções ousadas. Assim, a profissional introduziu com sutileza elementos como o couro treliçado na base de um dos estofados, a cortina de macramê (cuja minuciosa trama artesanal se evidencia no contraluz) e o trio de bancos de couro tie dye – recursos que proporcionam contraste e evitam a monotonia mesmo considerando a paleta off-white da qual a cliente não gostaria de se afastar. Até a madeira natural a assustava um pouco, mas ela aceitou usar o freijó, com seu tom bem clarinho, na porta de entrada. Isso gerou grande efeito no conjunto, bem como o delgado grafismo presente no tapete disposto sobre o piso de travertino e nas almofadas. Detalhes que fazem toda a diferença.

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Desenhado sob medida

Fã da cor laranja, a moradora deste apartamento contou com a sensibilidade de Deborah para escolher onde e como usar sua nuance predileta. E ela reina na sala de jantar, espaço apropriado ao tom quente, relacionado à energia, à vitalidade e ao entusiasmo. No mesmo ambiente, um sonho da cliente tornouse realidade: o telão para projeção dupla-face, posicionado estrategicamente no limite com o estar. Cinéfila, a moça fez questão absoluta de um equipamento audiovisual de primeira, e desejava que fosse possível assistir aos filmes de vários pontos da casa, incluindo a cozinha, que ela também curte muito. Trata-se de um projeto verdadeiramente sob medida, onde gostos particulares puderam ser atendidos

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plenamente e nos mínimos detalhes. Outros dois hobbies influenciaram a configuração do living – montar quebra-cabeças e receber os amigos para noitadas de jogos e carteado. Já a suíte de hóspedes desempenha também as funções de home office, sala de massagem e de meditação, atividades importantes na rotina da proprietária. O ambiente se resolve com uma espécie de day bed com confortáveis futons, montada sobre um tablado de madeira ao lado do qual ainda coube uma banheira de hidromassagem, completando o cantinho zen e de relaxamento. Tanto ali quanto na suíte principal (cuja cabeceira emprega pastilhas de coco), tons mais calmos compõem a atmosfera de descanso.

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Repaginação total

Difícil imaginar que esta era uma casa escura, com janelas pequenas, toda segmentada e sem conexão com a área externa, apesar do tamanho do jardim. Mas foi essa a situação que Deborah encontrou ao visitar com seu cliente o imóvel dos anos 40. Ainda assim, ela não advogou pela demolição, pois enxergou o potencial do espaço através do caos. A estrutura do sobrado se manteve, mas sofreu o máximo de aberturas possível com a remoção de paredes internas e a ampliação dos vãos de portas e janelas. Agora, da sala, vê-se todo o jardim, que ganhou um paisagismo escultural e contemplativo. A eliminação de ambientes de passagem desnecessários dinamizou a planta, antes muito fragmentada a despeito dos cômodos generosos. A sala de jantar,

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por exemplo, de tão grande, pôde acomodar uma adega anexa, sugestão que funcionou muito bem para as recepções que o casal gosta de fazer. A velha sala da lareira tornouse o family room, que agrega copa, sala de TV e home office e se comunica com um deck externo. Junto a um muro alto, o estar ao ar livre surgiu no lugar de um quintal cimentado e subaproveitado, antigamente usado apenas para estender roupas no varal. Ligado também à sala de ginástica, o espaço tornou-se atraente com o vistoso jardim vertical e a lareira externa. No quarto, piso de madeira de demolição, tons suaves e objetos garimpados pela moradora – como as cerâmicas e a colcha transformada em cortina – materializam o desejo por uma ambiência tranquila.

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Clássico revisitado

Com filhos adolescentes e cansado do apartamento em que morou a vida toda, o casal decidiu se mudar para um imóvel maior e queria atualizá-lo. Respeitando o perfil formal e o gosto clássico da dupla, Deborah demonstrou que essas características não precisam ser sinônimo de ambientes pesados. Como faz em todos os projetos do escritório, a profissional apresentou suas ideias em perspectivas tridimensionais bem realistas, nas quais deixava clara uma proposta leve e neutra, porém, receptiva a peças mais rebuscadas (como as duas cadeiras Luis XV da sala de jantar e os quadros com molduras rococós), familiares ao repertório dos clientes. O clássico se traduz nesses detalhes, que sobressaem entre os móveis claros, e também no uso do espelho e no piso de mármore.

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A única resistência surgiu diante da sugestão de integrar o trecho da varanda com churrasqueira à sala de almoço, o que daria origem a um ambiente gostoso para as refeições do dia a dia ou para receber em ocasiões especiais. O cliente alegava que a obra não valeria a pena, pois a família não tinha o hábito de reunir-se para fazer as refeições corriqueiras, e ele tampouco enxergava essa possibilidade. Deborah conseguiu convencê-lo de que a falta de convívio na hora de comer estava relacionada à ausência de um lugar atraente para isso. Dito e feito: pouco depois da mudança, ele ligou para agradecer. Tinha acabado, pela primeira vez na vida, de tomar um agradabilíssimo café da manhã com os filhos graças à existência da sala de almoço integrada.

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Final feliz

Solteiro na época da obra, o cliente já acompanhava o trabalho de Deborah e chegou à primeira reunião munido de referências que lhe agradavam no portfólio da profissional. Soluções de iluminação e o uso de cobre e de madeira de demolição foram algumas citadas por ele, que gosta de cozinhar, reunir os amigos das confrarias de charuto e vinho, jogar pôquer e tocar guitarra. Pedidos anotados, Deborah começou pelo hall do elevador, possível, neste condomínio, de integrar-se à entrada do apartamento por funcionar com acionamento digital. O revestimento de madeira nas paredes, configurando nichos para objetos e embutindo pontos de luz ou luminárias, já se anuncia na chegada e repete-se por toda a área social.

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Após a remoção das esquadrias da varanda e o nivelamento do piso, a mesa de jantar (com tampo de madeira de demolição) foi alocada à frente da churrasqueira, compondo a área gourmet. Na passagem desse espaço para a cozinha, Deborah encaixou uma day bed, num cantinho junto ao lounge com quatro poltronas pensado para tocar música ou fazer uma degustação perto do bar. Depois de três meses – controlados na ponta do lápis, já que o morador trabalha no mercado financeiro –, o apartamento ficou pronto e ele teve uma epifania: inspirado pela deliciosa casa que conseguira montar, pediu a namorada em casamento.

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Mostras

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Mostra Star Home

Mostra Casa Pronta

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Mostra Casa Cor SĂŁo Paulo

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