Duna n 12

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DUNA

N. 12, 2017 SOL

Surya Escobar LENÇÓIS MARANHENSES Carla Gradin INVERNO Carmen Fossari CHUVA Francis Amaral SOL, O GRANDE DEUS DO OCIDENTE

Gabriela Martins PRODUÇÃO MUSICAL


Robert Frank. Untitled (Children with Sparklers in Provincetown) ca. 1958.


Ippolito Caffi, 'Solar Eclipse over Venice on July Eigtth, 1842, oil on canvas


EDITORIAL

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DUNA

este editorial da revista DUNA trazemos como capa Imagens registradas por Surya Escobar, do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, são fotografias tentadoras de um paraíso formado por areia, céu e água. O azul se mistura com a cor dourada das dunas e as piscinas naturais, juntamente com a vegetação, formam um mosaico único. Os registros estão acompanhados da poética das letras de três temas da MPB, "Foi Deus Que Fez Você”, “Frevo Mulher”, “Gemedeira” dos compositores: Luis Ramalho, Zé Ramalho e Capinan, são canções solares que fizeram sucesso nacional na voz da interprete Amelinha nos anos oitenta, e que traduzem o calor e sabor doce que somente o sol no nosso país foi capaz de exprimir. No ensaio de moda, por Carla Gradin, apresentamos elementos de inverno, nostalgia e beleza com a participação do produtor Eduardo Godoy e dos modelos Fernando Weber, Gabriella Medeiros, Jan Migdał e Mariana Peña. Temos também a Produtora Musical Gabeira Medeiros que abre o caderno de eventos, apresentado seu trabalho no cenário de música eletrônica em Florianópolis. A jornalista Francis Amaral produz uma crônica sobre o elemento Sol, e finalizamos com uma poesia de Carmen Fossari, apresentando seus versos intitulados de “Chuva”. Na revista incluímos, em formato flipbook, uma cena do filme “O Sol da Meia-Noite” de 1985 com direção de Taylor Hackford.


SUMÁRIO CAPA: Surya Escobar, p. 01 LENÇÓIS MARANHENSES MODA & ESTILO Carla Gradin, p. 13 INVERNO CRÔNICA : Francis Amaral, p. 33 SOL, O GRANDE DEUS DO OCIDENTE

DUNA

EVENTOS Gabriela Martins, p. 27 PRODUÇÃO MUSICAL

TEATRO & POESIA : Carmen Fossari, p. 37 CHUVA


SOL NORMAS PARA PUBLICAÇÃO: A revista DUNA publica originais de autores convidados e também daqueles que desejam submeter seus trabalhos por iniciativa própria. As contribuições são avaliadas pela Comissão Editorial, por meio de revisão às cegas, reservando-se o direito da revista de propor modificações com a finalidade de adequar os artigos e demais trabalhos aos seus padrões editoriais. Os interessados em participar publicando nas futuras edições podem enviar seus arquivos para o endereço de email: studiofelinos@gmail.com.


DUNA N. 12, 2017

EXPEDIENTE PUBLISHER Fernando Weber DIRETOR GERAL Régis Rodrigues EDITORA DE ESTILO Carla Gradin COLABRADORES Carmen Fossari Eduardo Godoy Francis Amaral Gabriela Martins Gabriella Medeiros Jan Migdał Mariana Peña Surya Escobar

Studio Felinos Endereço R. NATALINO CAMPOS SCHAIMANN, 1339. GUARDA DO CUBATÃO, BL. E 304. PALHOÇA-SC. CEP: 88135-383 PUBLICAÇÃO MENSAL studiofelinos@gmail.


Surya Escobar - FOTOGRAFIA PARQUE NACIONAL LENÇÓIS MARANHENSES

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ão existe nada comparável aos fascinantes Lençóis Maranhenses. Situado no litoral oriental do Maranhão, envolve os municípios de Humberto de Campos, Primeira Cruz, Santo Amaro e Barreirinhas, este último sendo o principal portão de entrada para esta fantástica beleza natural. Seu maior atrativo é o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, às margens do Rio das Preguiças, no Maranhão. São 155 mil hectares de paisagem deslumbrante, cheio de altas dunas com até 40 metros de altura e lagoas de água doce, cujas águas variam entre os tons de verde e azul. Sua grande beleza cênica, aliada aos passeios pelos campos de dunas e a possibilidade de banhar-se nas lagoas, atraem turistas de todo o mundo, que visitam o parque durante o ano inteiro. parquelencois.com.br 01


“Foi Deus que fez o céu, o rancho das estrelas Fez também o seresteiro para conversar com elas Fez a lua que prateia a minha estrada de sorrisos E a serpente que expulsou mais de um milhão do paraíso Foi Deus que fez você Foi Deus que fez o amor Fez nascer a eternidade no momento de carinho Fez até o anonimato dos afetos escondidos E a saudade dos amores que já foram destruídos Foi Deus! Foi Deus que fez o vento Que sopra os teus cabelos Foi Deus que fez o orvalho Que molha o teu olhar, teu olhar

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Foi Deus que fez a noite E um violão plangente Foi Deus que fez a gente Somente para amar Só para amar, só para amar. Foi Deus que fez o céu, o rancho das estrelas Fez também o seresteiro para conversar com elas Fez a lua que prateia a minha estrada de sorrisos E a serpente que expulsou mais de um milhão do paraíso Foi... Foi Deus que fez você Foi Deus que fez o amor Fez nascer a eternidade no momento de carinho Fez até o anonimato dos afetos escondidos E a saudade dos amores que já foram destruídos

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Foi Deus! Foi Deus que fez o vento Que sopra os teus cabelos Foi Deus que fez o orvalho Que molha o teu olhar, teu olhar Foi Deus que fez a noite E um violão plangente Foi Deus que fez a gente Somente para amar Só para amar, só para amar. Foi... Foi Deus!” (Foi Deus Que Fez Você, 1980, Luis Ramalho.)

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“Quantos aqui ouvem os olhos eram de fé. Quantos elementos amam aquela mulher? Quantos homens eram inverno outros verão? Outonos caindo secos no solo da minha mão.

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Gemeram entre cabeças a ponta do esporão A folha do não-me-toque O medo da solidão Veneno meu companheiro Desata no cantador E desemboca no primeiro açude do meu amor

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É quando o tempo sacode a cabeleira A trança toda vermelha Um olho cego vagueia Procurando por um. É quando o tempo sacode a cabeleira A trança toda vermelha Um olho cego vagueia Procurando por um.” (Frevo Mulher, Zé Ramalho, 1979.)

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“Tava eu mirando a lua Veio a moça me olhar Perguntei se era nova Não custou me apaixonar No cavalo de São Jorge Já mulher a galopar sete léguas de paixão Sem parar de suspirar Tava tocando viola Num galope a beira-mar Ai! Ai! Ai! É bom que dói Ui! U! Ui! Chega a sangrar

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Gemedeira é que nem beijo Começou custa parar Ela olhou pediu um xote Pra gemer bastou te amar Tava sentado na pedra Veio o dono reclamar Perguntou pra ver quem era Não custou me apresentar Com cem tiros de pistola sete furos de punhal Sou violeiro patrão Ele não pode escutar (Gemedeira, Capinan, 1980.

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MODA & ESTILO CARLA GRADIN- INVERNO

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O SOL DA MEIA-NOITE

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VIVARACHA DISEÑO INTEGRAL

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FERNANDO WEBER

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MARIANA PENÃ

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JAN MIGDAL

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GABRIELLA MEDEIROS

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EVENTOS: GABRIELA MARTINS - PRODUÇÃO MUSICAL

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abriela é baixista, DJ/beatmaker e produtora do projeto T.E.E. Também trabalha com produção de trilhas corporativas e com sonoplastia. Na pista suas influências musicais vão do electroclash até Miro Pajic, The Hacker, Dj Hell, The Horrorist, Truncate, Surgeon... Já se apresentou ao lado de artistas internacionais como Tiefschwarz, Dirty Vegas, Guy G, entre outros. Convidamos ao público para conhecer o seu som através do link: www.soundcloud.com/djgabmartins

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CRÔNICA - Francis Amaral SOL, O GRANDE DEUS DO OCIDENTE

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strela de quinta grandeza, centro do sistema solar no qual o planeta Terra está inserido, responsável por iluminar e aquecer este orbe que abriga a humanidade, além de outros oito. Foi ele, através da geração de luz e calor, que propiciou o surgimento da vida no planeta. É ele que, através dos mesmos atributos, mantém toda sorte de vida conhecida pelo ser humano. É ele também que eliminará a vida no planeta Terra, seja "engolindo" este pequeno planeta, seja se aproximando o suficiente para transforma-lo em um forno inóspito, ou mesmo deixando de existir e provocando o congelamento do planeta água. 33


Mas nada disso importa. Ou parece não importar para os seres humanos comuns. Só os cientistas pensam nessas coisas... Hélios para os gregos, Apolo, para os romanos, Surya, para os hindus, Guaraci para os tupis, Khepri para os egípcios, Tonatiuh para os astecas, Inti para os incas: em várias culturas ancestrais, o sol era considerado uma divindade, na ampla maioria das vezes associado à vitalidade, força, prosperidade, conhecimento, juventude, poder, perfeição. Com o passar dos séculos, a maioria dessas culturas passou a ser considerada mitologia e o sol voltou a ser apenas uma estrela. Pelo menos do ponto de vista religioso. 34


Uma análise um pouco mais cuidadosa levará à conclusão de que o sol ainda é o grande deus ocidental, cultuado diuturnamente: um culto à beleza estética e à moda. Ter um "corpo de verão" é o objetivo de milhares de homens e mulheres. Óculos de sol deixaram, à muito, de ser apenas funcionais e se transformaram em ícones de beleza e status. Milhares se expõem à máquinas de bronzeamento artificial para parecer que tomam sol. Ter um jet-sky, um barco, uma lancha ou uma casa de praia são símbolos de riqueza e ostentação que fazem qualquer um estar um degrau acima na escala social. Propagandas dos mais variados produtos e serviços exibem homens e mulheres de beleza escultural tomando sol. O verão é a estação mais quente, e não por causa da temperatura. 35


Ainda cultuado, mas agora com significados menos nobres, o sol é o deus ocidental dos padrões estéticos, da prosperidade financeira, da juventude corporal, da felicidade aparente, da ostentação material. Por outro lado, é o mais democrático dos deuses: a despeito do que a indústria da beleza e da riqueza tenta fazer crer, o sol está aí para todos. Oferece a todos, gordos ou magros, ricos ou "pobres", o mesmo calor, as mesmas estações do ano, os mesmos alimentos, a mesma dose diária de vitamina D.

Qual deus sol você cultua?

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CHUVA

TEATRO & POESIA Carmen Fossari

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chuva estala pingos d’água

A madrugada almeja o sol do amanhecer Previsão da meteorologia: estabilidade do clima, tempo bom! Sombra? Só sob as copas das árvores tão poucas para tanto verão é o desejo: sol intenso para o dia nascente. Mas... Gota a gota, brincando de esconder o som de tlins tlins no alumínio da janela traça uma visão aquática e oclusa a noite de suas vestes céu de estrelas o Cruzeiro do Sul, a Ursa Maior Ah e Aldebarã! Menor espaço entre o saltitar de pingos d'água. Avisto a um canto da sala uma sombrinha, silente! Repleta dos monumentos de Roma Estampados sob um céu azul Tão italiano. 37


Que breguice - aqui na ilha com tantas Imagens tão lindas... Me absolvo desta aquisição souvenir: bom deixar o coração escolher pelas recordações, pelos afetos. E com a chuva afastando a ida à praia, ponto a ponto reconstruo a tua imagem, teus olhos evoco. Fecho os meus e em cada canto da memória te edifico amorosamente. Um violino tece músicas, Verão, estação dos breves aguaceiros, mas tu permanecerás!!! Intenso, pois que povoas meu ser. Desde sempre, de todos os silêncios de todas as sinfonias, em teu olhar vive o sol, verde sol, que a chuva esconde. Em teu olhar vive o sol. Verde sol, que a chuva esconde.

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REFERÊNCIAS facebook.com/carla.gradin instagram.com/gradincarl carmenfossarintatuagem.blogspot.com.br facebook.com/carmen.fossari instagram.com/fernandomweber facebook.com/fernando.weber facebook.com/regis.rodrigues instagram.com/studiofelinos facebook.com/JanMigdał instagram.com/dudda_hagen .facebook.com/mariana.pena instagram.com/gabriellaamedeiro imdb.com/title/tt0090319 pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_Ramalho dicionariompb.com.br/capinan/dados-artisticos .ZeRamalho.com.br cliquemusic.uol.com.br/artistas/ver/Amelinha parquelencois.com.br


PUBLICAÇÃO DUNA - EDIÇÃO N. 12. FLORIANÓPOLIS-SC - BRASIL - 2017


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