Revista dezembro 2013 internet

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ENDOCRINOLOGIA GRUPO EDUCATIVO COM ADOLESCENTES DIABÉTICOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. ENDOCRINOLOGY Educational group with diabetic adolescents: an experience report.

ENDOCRINOLOGÍA Grupo educativo con adolescentes diabéticos: un relato de experiência.

DERMATOLOGIA Água sanitária poderia curar doenças de pele, diz pesquisa. DERMATOLOGY Bleach may cure inflammatory skin diseases.

NUTRIÇÃO Consumo de frutas secas ajuda a prolongar a vida, diz estudo.

Goiânia - ano V - nº 49 - Dezembro - 2013

NUTRITION Eating nuts may prolong life, study says.

CARDIOLOGIA : Relação entre volume do átrio esquerdo e disfunção diastólica em 500 casos de uma população brasileira. CARDIOLOGY : Relationship between left atrial volume and disatolic dysfunction in 500 brazilian patients.


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REVISTA ODISSEIA DA MEDICINA ......................................... ANO V NÚMERO 49 DEZEMBRO - 2013 ......................................... PUBLISHER

SUMÁRIO SUMMARY

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KLÉBER OLIVEIRA VELOSO

ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGY ENDOCRINOLOGÍA Grupo educativo com adolescentes diabéticos: um relato de experiência. Educational group with diabetic adolescents: an experience report. Grupo educativo con adolescentes diabéticos: un relato de experiência.

......................................... JORNALISTA RESPONSÁVEL SUELI RAUL - DRT-GO/011263JP

......................................... REDAÇÃO E ORTOGRAFIA NATÉRCIA MARIA MARTINS DA FONSECA

......................................... DIAGRAMAÇÃO

CARDIOLOGIA CARDIOLOGY Relação entre volume do átrio esquerdo e disfunção diastólica. Relationship between left atrial volume and diastolic dysfunction

ODISSEIA COMUNICAÇÃO

......................................... EDITOR DE FOTOGRAFIA EDMAR WELLINGTON - MTB 1842

......................................... TRADUÇÃO FELIPE HOMSI

NUTRIÇÃO NUTRITION A influência da cultura no comportamento alimentar dos adolescentes The influence of culture on eating behavior of adolescents

AGENOR NETO

......................................... CONSELHO EDITORIAL Dra. ADRYANNA LEONOR MELO CAIADO Dr. ANTÔNIO DA SILVA MENEZES JÚNIOR Dr. CLÁUDIO VITAL DE LIMA FERREIRA Dr. MARCO ANTÔNIO CARNEIRO

OFTALMOLOGIA OPHTHALMOLOGY Epidemiologia da alergia ocular e comorbidades em adolescentes. Epidemiology of ocular allergy and comorbidities in adolescents.

Dr. HÉLIO CURADO FRÓES Dr. JOEL DE SANT´ANNA BRAGA FILHO Dr. MARCOS ANTONIO RIBEIRO MORAES

......................................... PUBLICIDADE, MARKETING E MERCHANDISING

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ODISSEIA COMUNICAÇÃO + 55 62 3954.8201 odisseiadamedicina@gmail.com ......................................... CONTEÚDO, DESENVOLVIMENTO, PROJETO GRÁFICO E PUBLICAÇÃO AGÊNCIA ODISSEIA COMUNICAÇÃO CNPJ 11.026.604/0001-23 ......................................... Esta revista é uma publicação da Odisseia Comunicação, agência de publicidade e propaganda, com conteúdo nacional e internacional. A agência é comprometida com a ética, com o desenvolvimento sustentável, com o respeito ao consumidor e com a responsabilidade social. Os pontos de vista aqui expressos refletem a experiência e as opiniões dos autores. Nenhuma parte desta revista poderá ser reproduzida ou transmitida por quaisquer meios empregados sem a autorização prévia, por escrito, da agência e dos autores dos artigos. Esta publicação pode ser acessada, gratuitamente, nas seguintes redes sociais:

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ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGY ENDOCRINOLOGÍA OM

Grupo educativo com adolescentes diabéticos: um relato de experiência.

Educational group with diabetic adolescents: an experience report.

Grupo educativo con adolescentes diabéticos: un relato de experiência.

relato apresentado é produto da experiência dos autores no projeto de extensão intitulado “Grupo Educativo de Adolescentes que Convivem com o Diabetes”. O projeto do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri foi realizado na Policlínica Regional Dr. Lomelino Ramos Couto, em Diamantina/ MG, e contou com a participação discente sob coordenação e orientação docente. A Policlínica é um serviço de saúde municipal, nível secundário de atenção, responsável pelo atendimento ambulatorial de especialidades como cardiologia, nefrologia, ortopedia, nutrição, psicologia, dentre outros.

his report is the outcome of the experience of the authors in an extension project entitled: Educational Group with Diabetic Adolescents. Set up by the Nursing Department at the Vales do Jequitinhonha and Mucuri Federal University, this project was conducted at the Dr. Lomelino Ramos Couto Regional Polyclinic in Diamantina, Minas Gerais State, with participants including students under the coordination and guidance of faculty members. The Polyclinic is a municipal healthcare unit offering secondary level healthcare that provides out-patient services for specialties such as cardiology, nephrology,

l relato presentado es producto de la experiencia de los autores en el proyecto de extensión titulado “Grupo Educativo de Adolescentes que Conviven con Diabetes”. El proyecto del Departamento de Enfermería de la Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri fue realizado en la Policlínica Regional Dr. Lomelino Ramos Couto, en Diamantina/MG, y contó con la participación discente bajo coordinación y orientación docente. La Policlínica es un servicio de salud municipal, nivel secundario de atención, responsable por la atención ambulatorial de especialidades como

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A demanda por este projeto pautou-se na observação ao longo do tempo dos cenários de prática (unidades de saúde da família, postos de saúde, hospitais, escolas) da disciplina Enfermagem na Saúde da Criança e do Adolescente da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Observou-se certa dificuldade por parte dos adolescentes diabéticos em vivenciar o processo de adolescer e ter o diabetes, condição clínica que inspira inúmeros cuidados. Diante do exposto, implantou-se o referido projeto de extensão, que tem como objetivo realizar grupo educativo com adolescentes diabéticos, facilitando o aprendizado e valorizando a vivência dos integrantes através da discussão de temáticas como puberdade, adolescência e diabetes. O diabetes mellitus é uma condição crônica, que se caracteriza por um distúrbio do metabolismo. Esse distúrbio tem como principal causa a deficiência insulínica, que se manifesta por uma insuficiente função secretora de insulina pelo pâncreas e/ou por uma ação deficiente da insulina nos tecidos-alvo. No Brasil, existem aproximadamente 5 milhões de diabéticos, dos quais cerca de 300 mil são menores de 15 anos. É a segunda doença crônica mais comum na infância e na adolescência e, para a Organização Mundial de Saúde, uma das mais importantes doenças crônicas nestas fases em esfera mundial. O tratamento desta doença se dá pelo uso constante de medicamentos (insulina ou hipoglicemiantes orais), dietas apropriadas e prática de exercícios físicos. Além disso, requer um monitoramento frequente dos níveis glicêmicos. Estas condições somadas ao fato da cronicidade da doença fazem com que o diabetes seja de difícil aceitação para crianças, adolescentes e familiares, exigindo extrema adaptação nos OM 6

orthopedics, nutrition and psychology, among others. The demand for this project was guided by observations built up over time set against the practice backdrops (family health units, healthcare clinics, hospitals, schools) of the Children’s and do Adolescents Health Nursing Course at the Vales do Jequitinhonha and Mucuri Federal University - UFVJM. Some difficulties were noted among diabetic adolescents in coping with adolescence while living with diabetes, which is a clinical condition requiring constant care. As a result, this extension project was implemented in order to set up an educational group with diabetic adolescents, ensuring easier learning and appreciation of the experience of its members through discussing topics such as puberty, adolescence and diabetes. A chronic condition, diabetes mellitus is a metabolic disturbance whose main cause is an insulin disorder that results in insufficient insulin secretion functions by the pancreas and / or inadequate actions by insulin in the target tissues In Brazil, there are around five million diabetics, of whom 300,000 are less than 15 years old. This is the second most common chronic disease during childhood and adolescence and, for the World Health Organization, it is one of the most important chronic diseases during these phases worldwide. The treatment of this disease requires constant medication (insulin or oral hypoglycemic agents), proper diet and physical exercise. Moreover, glycemic levels must be monitored frequently. Together with the chronic nature of the disease, these conditions make it is hard for children, adolescents and their families to accept diabetes, requiring broad-ranging adaptation at the psychological, social and physical levels, by patients and their families. However, it is known that adequate control of this disease may avoid interventions during the course of their physical development, and even their psycho-emotional progress. Consequently, young people must be kept aware of the importance of complying with treatment. In order to do so, the main factor is to heighten awareness of the disease and encourage acceptance of this new condition. Along these lines, the relevance of this report is justified, describing the experiences of the authors in this extension project: •• due to the impact of diabetes on the lives of these patients who are living through this stage in their development, which in itself leaves them more vulnerable; •• by setting up a collective area offering

cardiología, nefrología, ortopedia, nutrición, psicología, entre otros. La demanda por este proyecto se pautó en la observación a lo largo del tiempo de los escenarios de práctica (unidades de salud de la familia, puestos de salud, hospitales, escuelas) de la disciplina Enfermería en la Salud del Niño y del Adolescente de la Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - UFVJM. Se observó cierta dificultad por parte de los adolescentes diabéticos en vivir el proceso de crecer y tener diabetes, condición clínica que inspira innúmeros cuidados. Frente a lo expuesto, se implantó el referido proyecto de extensión, que tiene como objetivo realizar un grupo educativo con adolescentes diabéticos, facilitando el aprendizaje y valorizando a vivencia de los integrantes a través de la discusión de temáticas como pubertad, adolescencia y diabetes. La diabetes mellitus es una condición crónica, que se caracteriza por un disturbio del metabolismo. Ese disturbio tiene como principal causa la deficiencia insulínica, que se manifiesta por una insuficiente función secretora de insulina por el páncreas y/o por una acción deficiente de la insulina en los tejidos-objetivo. En Brasil, existen aproximadamente 5 millones de diabéticos, de los cuales cerca de 300 mil son menores de 15 años. Es la segunda enfermedad crónica más común en la infancia y en la adolescencia y, para la Organización Mundial de Salud, una de las más importantes enfermedades crónicas en estas fases en esfera mundial.


ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGY ENDOCRINOLOGÍA OM âmbitos psicológico, social e físico, tanto por parte do portador como da família. No entanto, sabe-se que o controle adequado da doença pode evitar as interferências no curso dos desenvolvimentos físico e, até mesmo, psicoemocional. Assim, deve-se manter o jovem atento à importância da adesão ao tratamento. Para essa adesão fazem-se necessárias, principalmente, a conscientização sobre a doença e a aceitação da nova condição. Neste sentido, a relevância deste relato, que tem por objetivo descrever a experiência dos autores no referido projeto de extensão, é então justificada: •• Pelo impacto do diabetes na vida de um sujeito que vivencia uma fase da vida que por si só já o torna mais vulnerável; •• Pela criação de um espaço coletivo de orientação e educação em saúde para o adolescente diabético, o que pode facilitar a aprendizagem por identificação entre os pares (tendência grupal) e pela estratégia grupal; •• Pelos avanços das pesquisas científicas e tecnológicas em psicologia social, evidenciando o espaço singular que os grupos ocupam no contexto sócio-histórico da sociedade moderna. Métodos Levando-se em conta a tendência grupal na adolescência, onde há um senso de identificação entre os pares, vislumbrou-se o grupo como possível estratégia educativa. Dentre as várias modalidades educativas grupais, elegeu-se a do grupo psicoeducativo. O grupo psicoeducativo consiste numa técnica de trabalho com grupos de pessoas, cujo objetivo é conhecer as crenças, ideias e sentimentos de seus participantes, visando a sua reflexão, adaptação e/ou mudança, e estimulando novas aprendizagens, para o enfrentamento de uma dada problemática. No cotidiano desses adolescentes, a problemática configura-se no ser adolescente convivendo com o diabetes, ou seja, o foco de trabalho. O projeto de extensão teve como participantesalvos adolescentes diabéticos de 11 a 19 anos, de ambos os sexos, sendo estes identificados pelo seu cadastramento na Secretaria Municipal de Saúde de Diamantina, Minas Gerais. Este levantamento permitiu identificar os adolescentes que seriam os participantes, sendo estabelecido um número máximo de adolescentes a serem convocados, objetivando o bom funcionamento do grupo educativo. Assim, selecionaram-se quinze adolescentes por serem residentes na zona urbana do município, facilitando o acesso ao local onde seriam realizadas as reuniões do grupo. Dos

health education and guidance for diabetic adolescents, which could ensure easier learning through peer identification (group trends) and group strategies; •• through progress in scientific and technological research in social psychology, highlighting the specific place held by these groups in the social and historic context of modern society. Methods Taking into account group trends in adolescence, with a feeling of identification among peers, the group was viewed as a possible educational strategy. Among the various group education options, the psycho-educational group was selected. The psycho-educational group consists of a technique working with groups of people whose purpose is to explore the beliefs, ideas and feelings of their participants, pursuing reflection, adaptation and/or changes, encouraging new learning processes in order to deal with difficult situations. In the daily lives of these teenagers, the difficulty was the problems encountered by adolescents living with diabetes, which forms the topic of this paper. The target participants in this extension project were diabetic boys and girls between 11 and 19 years old, identified through registration with the Municipal Health Bureau in Diamantina, Minas Gerais State. This survey identified the youngsters who would participate, establishing a maximum number of youngsters to be invited, in order to ensure the smooth functioning of the educational group. As a result, fifteen adolescents were selected, living in the urban area of this municipality and with easy access to the venue where the group meetings were to be held. All fifteen invited teenagers agreed to attend the

El tratamiento de esta enfermedad se da por el uso constante de medicamentos (insulina o hipoglicemiantes orales), dietas apropiadas y práctica de ejercicios físicos. Además de eso, requiere un monitoreo frecuente de los niveles glicémicos. Estas condiciones sumadas al hecho de la cronicidad de la enfermedad hacen con que la diabetes sea de difícil aceptación para niños, adolescentes y familiares, exigiendo extrema adaptación en los ámbitos psicológico, social y físico, tanto por parte do portador como de la família. No obstante, se sabe que el control adecuado de la enfermedad puede evitar interferencias en el curso de los desarrollos físico e incluso, psicoemocional. Así, se debe mantener al joven atento a la importancia de la adhesión al tratamento. Para esa adhesión se hacen necesarias, principalmente, la concientización sobre la enfermedad y la aceptación de la nueva condición. En este sentido, la relevancia de este relato, que tiene por objetivo describir la experiencia de los autores en el referido proyecto de extensión, es entonces justificada: •• Por el impacto de la diabetes en la vida de un sujeto que vivencia una fase de la vida que por sí solo ya lo torna más vulnerable; •• Por la creación de un espacio colectivo de orientación y educación en salud para el adolescente diabético, lo que puede facilitar el aprendizaje por identificación entre los pares (tendencia grupal) y por la estrategia grupal; •• Por los avances de las pesquisas científicas y tecnológicas en psicología social, evidenciando

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quinze adolescentes convidados, todos aceitaram participar das reuniões. Devido à incompatibilidade de horários do grupo e compromissos assumidos anteriormente pelos adolescentes, obteve-se a participação de sete adolescentes: quatro do sexo feminino e três do sexo masculino. O tempo de diagnóstico destes sete variou de 4 a 10 anos e os mesmos só receberam orientação prévia sobre a doença de forma individualizada em consultas com profissionais de saúde. O convite aos adolescentes para a participação no trabalho se deu por uma carta-convite enviada para a residência de cada adolescente. O conteúdo da carta explicava em que se constituía o trabalho, o tema a ser discutido na determinada reunião, local e horário, além de uma autorização de participação para ser preenchida pelo responsável do adolescente. As reuniões ocorreram na Policlínica Regional nos meses de setembro, outubro e novembro de 2006. As reuniões tinham duração de, no máximo, uma hora, acontecendo mensalmente, totalizando assim três encontros. Em cada reunião, coordenada por uma acadêmica de enfermagem com supervisão docente, trabalhou-se uma temática específica relacionada à adolescência e ao diabetes. Para isso, ora utilizou-se de métodos expositivos, ora de debates e discussões. Após cada reunião, se registravam por escrito as observações do campo grupal, o que muito contribui para a confecção deste relato. OM 8

meetings. Due to scheduling difficulties for the group and other commitments accepted previously by these youngsters, the meetings were attended by seven adolescents: four girls and three boys. Their time since diagnosis varied between four and ten years, and they had previously received guidance about the disease only individually during consultations with healthcare practitioners. These teenagers were invited to participate in this project through a letter of invitation forwarded to their homes. The content of the letter explained the project, the topic to be discussed at a specific meeting, with the time and venue, in addition to an attendance authorization slip to be completed by their parents or guardians. These meetings were held once a month at the Regional Polyclinic in September, October and November 2006, lasting no more than an hour, thus totaling three meetings. At each meeting, which was coordinated by a nursing student supervised by a faculty member, a specific topic was addressed, related to adolescence and diabetes. To do so, presentations were used, as well as debates and discussions. After each meeting, field notes were taken on the group, which contributed greatly to the preparation of this report. Meetings As mentioned above, the first three meetings were held, which addressed the following topics:

el espacio singular que los grupos ocupan en el contexto socio histórico de la sociedad moderna.

Métodos

Llevándose en cuenta la tendencia grupal en la adolescencia, donde hay un sentido de identificación entre los pares, se vislumbró al grupo como posible estrategia educativa. De entre las varias modalidades educativas grupales, se eligió la del grupo psicoeducativo. El grupo psicoeducativo consiste en una técnica de trabajo con grupos de personas cuyo objetivo es conocer las creencias, ideas y sentimientos de sus participantes, visando a su reflexión, adaptación y/o cambio, y estimulando nuevos aprendizajes para el enfrentamiento de una dada problemática. En el cotidiano de esos adolescentes, la problemática se configura en el ser adolescente conviviendo con la diabetes, o sea, el foco de trabajo. El proyecto de extensión tuvo como participantes objetivo adolescentes diabéticos de 11 a 19 años, de ambos sexos, siendo éstos identificados por su registro en la Secretaría Municipal de Salud de Diamantina, Minas Gerais. Este estudio permitió identificar a los adolescentes que serían los participantes, siendo establecido un número máximo de adolescentes a ser convocados, con el objetivo de un buen funcionamiento del grupo educativo. Así, se seleccionaron quince adolescentes por


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As reuniões Como mencionado anteriormente, são relatadas as três primeiras reuniões que abordaram os respectivos temas: “Conversando sobre Adolescer e o Diabetes”, “Diabetes. E agora?” e “Convivendo com a Doença”. Cabe ressaltar que, para a escolha de tais temas, levou-se em consideração o objetivo de conhecer inicialmente os adolescentes e também conhecer sua aceitação frente ao diabetes. É válido também colocar que foi priorizado o processo de adolescer em relação à doença, buscando, assim, não rotular o adolescente como “diabético”, visto que ter uma doença crônica não o faz deixar de ser, primeiramente, adolescente. Conversando sobre Adolescer e o Diabetes A primeira reunião do grupo enfocou o processo de adolescer e o diabetes inserido neste processo. Também se objetivou apresentar o trabalho que se iniciava e entrosar os participantes e coordenadores. Neste primeiro momento também participaram alguns responsáveis pelos adolescentes. Após a apresentação em linhas gerais do que tratava a atividade, os participantes foram questionados sobre o cotidiano do adolescente diabético e as dificuldades que enfrentam. Os pontos mais destacados pelos jovens foram a aplicação de insulina, a rigidez de horários tanto para se alimentarem quanto para aplicarem insulina e as crises de hipoglicemia. Solicitou-se aos participantes que conceituassem verbalmente o que representava para eles a adolescência.

Talking about Adolescence and Diabetes; Diabetes. What now?; and Living with the Disease. It must be stressed that, when selecting these topics, consideration was given to the objective or initially getting to know these teenagers and also exploring their acceptance of diabetes. It is also valid to note that priority was assigned to the process of adolescence in terms of the disease, thus striving not to label the adolescent as ‘diabetic’, as this chronic disease does not negate the fact that these youngsters are above all adolescents. Talking About Adolescence and Diabetes The first meeting of the group focused on the adolescence process and diabetes within this process. It also strove to present the project that was starting, in order to engage the participants and coordinators more firmly. At this initial stage, some of the parents and guardians of these teenagers also attended. After a general presentation of these activities, the participants were asked about the daily lives of diabetic adolescents and the difficulties that they face. The points stressed most strongly by these youngsters were injecting insulin, strict meal schedules and insulin injection times, and hypoglycemic crises. The participants were requested to express verbally what adolescence meant to them. Issues such as rebelliousness and positions contrary to rules and constraints were mentioned by their parents and guardians, while these teenagers mentioned too many bans and body changes as the aspects that they experienced the most at the time.

ser residentes en la zona urbana del municipio, facilitando el acceso al lugar donde serían realizadas las reuniones del grupo. De los quince adolescentes invitados, todos aceptaron participar de las reuniones. Debido a la incompatibilidad de horarios del grupo y compromisos asumidos anteriormente por los adolescentes, se obtuvo participación de siete adolescentes: cuatro del sexo femenino y tres del sexo masculino. El tiempo de diagnóstico de éstos siete varió de 4 a 10 años y los mismos solo recibieron orientación previa sobre la enfermedad de forma individualizada en consultas con profesionales de salud. La invitación a los adolescentes para participación en el trabajo se dio por una carta invitación enviada a la residencia de cada adolescente. El contenido de la carta explicaba en qué consistía el trabajo, el tema a ser discutido en determinada reunión, lugar y horario, además de una autorización de participación para ser rellenada por el responsable del adolescente. Las reuniones ocurrieron en la Policlínica Regional en los meses de septiembre, octubre y noviembre de 2006. Las reuniones tenían duración de, máximo, una hora, aconteciendo mensualmente, totalizando así tres encuentros. En cada reunión, coordenada por una académica de enfermería con supervisión docente, se trabajó una temática específica relacionada a la adolescencia y diabetes. Para eso, a veces se utilizaron métodos expositivos, otras debates y discusiones. Luego de cada reunión, se registraban por escrito las observaciones del campo grupal, lo que contribuye mucho para la confección de este relato. Las reuniones Como fue mencionado anteriormente, son relatadas las tres primeras reuniones que abordaron los respectivos temas: “Conversando sobre Crecer y Diabetes”, “Diabetes. Y ahora?” y “Conviviendo con la Enfermedad”. Cabe resaltar que, para la elección de tales temas, se llevó en consideración el objetivo de conocer inicialmente a los adolescentes y también conocer su aceptación frente a la diabetes. Es válido también indicar que fue priorizado el proceso de crecer en relación a la enfermedad, buscando así no rotular al adolescente como “diabético”, visto que tener una enfermedad crónica no lo hace dejar de ser, primero, adolescente. Conversando sobre Crecer y la Diabetes La primera reunión del grupo enfocó el proceso 9 OM




OM ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGY ENDOCRINOLOGÍA Questões como rebeldia e posições contrárias a regras e limites foram colocadas pelos responsáveis, enquanto os adolescentes mencionaram excesso de proibições e as mudanças corporais como aspectos mais vivenciados no momento. Discutiu-se também sobre a prática de exercícios físicos, cobrança dos pais em relação ao uso de medicamentos e a facilidade de expor a condição de ter o diabetes às pessoas com as quais convivem. No que tange à prática de exercícios, os adolescentes se mostraram pouco ativos em relação a tal prática. Quanto à tomada de medicamentos, apenas um dos adolescentes ainda depende dos pais para a aplicação de insulina, enquanto os demais já se mostram independentes e responsáveis quanto aos horários de aplicação, não necessitando de um acompanhamento mais rígido pelos pais. Ao serem indagados sobre a facilidade de expor o fato de terem a doença, os adolescentes afirmaram sentir-se constrangidos em expor a patologia, sendo que alguns relataram já terem se recusado a aplicar insulina e verificar a glicemia na escola, mesmo que em local reservado, pois para eles isto despertaria o interesse e a curiosidade dos colegas. Este constrangimento não se limita aos adolescentes, pois os pais também se constrangem frente à doença dos filhos. Tal constrangimento foi atribuído ao preconceito, para eles existente, sendo este proveniente do desconhecimento sobre a doença. Diabetes. E agora? No segundo encontro, teve-se como proposta a discussão sobre o conceito de diabetes, sinais e sintomas, causas e complicações da doença. Primeiramente argumentou-se aos adolescentes sobre o conceito de diabetes. A resposta obtida foi “muito açúcar no sangue”. Neste caso percebeuse certa dificuldade dos participantes para definir a doença. Porém, quando questionados sobre tratamento medicamentoso, demonstraram um amplo conhecimento sobre a diversidade de medicamentos. Assim, ficou evidenciado que os adolescentes sabem a respeito dos medicamentos, mas desconhecem a fisiopatologia da doença, o que faz com que apresentem dúvidas sobre o que acontece em seu organismo. Visando sanar esta dúvida, explicou-se aos adolescentes a fisiopatologia da doença, além dos sinais e sintomas. A polidipsia, a poliúria e a perda de peso foram os sinais/sintomas mais comumente vivenciados pelos participantes. Em relação às dúvidas, incertezas e medos frente à doença, mostraram-se ansiosos para as possibilidades de cura e a eficácia do transplante de pâncreas. Quanto à necessidade de adaptação frente à OM 12

They also discussed physical exercise, parental demands in terms of taking medications, and the ease of mentioning their status as diabetics to the people around them. These youngsters were not very active in terms of physical exercise. With regard to medications, only one of the adolescents depended on parents to inject insulin, while the others were already independent and responsible for their own injection schedules, no longer needing close oversight from parents. When asked about how easy it was to mention the fact that they had the disease, the teenagers said that they were embarrassed to mention it, with some of them stating that they had already refused to inject insulin and check their blood sugar levels at school, even in private locations, as this would prompt interest and curiosity among their schoolmates. This embarrassment is not limited to adolescents, as parents are also ashamed of their children’s disease. This embarrassment was blamed on prejudice, which they feel exists, due to a lack of knowledge about the disease. Diabetes. What now? At the second meeting, the topic of discussion was the topic of diabetes, as well as the signs and symptoms, causes and complications of the disease. Initially, the teenagers were asked about the concept of diabetes. The replies were: “too much sugar in the blood”. A certain difficulty was noted here among the participants in defining the disease. However, when asked about treatment through medications, they displayed an ample knowledge of a wide variety of options. It is thus

de crecer y la diabetes inserto en este proceso. También hubo el objetivo de presentar el trabajo que se iniciaba y adaptar a los participantes y coordinadores. En este primer momento también participaron algunos responsables por los adolescentes. Luego de la presentación en líneas generales de lo que trataba la actividad, los participantes fueron cuestionados sobre el cotidiano del adolescente diabético y las dificultades que enfrentan. Los puntos más destacados por los jóvenes fueron la aplicación de insulina, la rigidez de horarios, tanto para alimentarse como para aplicar insulina y las crisis de hipoglicemia. Se solicitó a los participantes que conceptuaran verbalmente lo que representaba para ellos la adolescencia. Cuestiones como rebeldía y posiciones contrarias a reglas y límites fueron colocadas por los responsables, mientras los adolescentes mencionaron exceso de prohibiciones y los cambios corporales como aspectos más vividos en el momento. Se discutió también sobre la práctica de ejercicios físicos, presión de los padres en relación al uso de medicamentos y la facilidad de exponer la condición de tener diabetes a las personas con las cuales conviven. En lo que dice respecto a la práctica de ejercicios, los adolescentes se mostraron poco activos en relación a tal práctica. En relación a la toma de medicamentos, apenas uno de los adolescentes todavía depende de los padres para la aplicación de insulina, mientras los demás ya se muestran independientes y responsables sobre los horarios de aplicación, no necesitando de una vigilancia más rígida por los padres. Al ser indagados sobre la facilidad de exponer el hecho de tener la enfermedad, los adolescentes afirmaron sentirse avergonzados en exponer la patología, siendo que algunos relataron ya haberse negado a aplicar insulina y verificar la glicemia en la escuela, inclusive que en local reservado, pues para ellos esto despertaría el interés y la curiosidad de los compañeros. Esta vergüenza no se limita a los adolescentes, pues los padres también se complican frente a la enfermedad de los hijos. Tal complicación fue atribuida al preconcepto, para ellos existente, siendo éste proveniente del desconocimiento sobre la enfermedad. Diabetes. ¿Y ahora? En el segundo encuentro, se tuvo como propuesta la discusión sobre el concepto de diabetes, señales y síntomas, causas y complicaciones de la enfermedad. Primero se argumentó a los adolescentes sobre el concepto de diabetes. La respuesta obtenida fue “mucha azúcar en la


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descoberta da doença, os participantes relataram casos de adaptação pessoal e familiar, revelando que esta foi mais difícil de acontecer, justificada pelo excesso de zelo com o adolescente. Convivendo com a doença Na terceira reunião, foi abordada a temática do tratamento do diabetes. Os adolescentes expuseram que o ponto de mais fácil adesão foi o uso de medicamentos (aplicação de insulina). Foi observado que existe uma boa aceitação quanto à mudança de hábito que a patologia exige; no entanto, a difícil aceitação dos pais foi algo bastante relatado pelos participantes. Observou-se também que esta aceitação existe no grupo de amigos, embora estes tenham receio de presenciar uma crise de hiper ou hipoglicemia e não saber como agir. Neste momento ainda realizou-se uma dinâmica, em que se buscou a valorização pessoal, mostrando aos participantes que ser portador do diabetes não os faz menos importantes, seja para a família, para os amigos ou para si mesmos. Discussão As reuniões iniciais do grupo nos proporcionaram levantar uma série de observações no que se refere à convivência e aceitação do adolescente portador de uma doença crônica.

clear that adolescents know about the medications, but are unaware of the pathophysiology of the disease, leaving them with doubts about what is happening in their bodies. In order to clear up these doubts, the pathophysiology of the disease was explained to them, as well as the signs and symptoms. Polydipsia, polyuria and weight loss were the signs and symptoms most commonly experienced by the participants. In terms of doubts, uncertainties and fears about the disease, they were clearly eager to learn about the possibilities of a cure and the efficacy of pancreas transplants. With regard to the need for adaptation once the disease had been discovered, the participants reported on aspects of personal and family adaptation, revealing that the latter was harder to achieve, justified by over-protective attitudes adopted towards these youngsters. Living with the Disease The third meeting addressed the topic of the treatment of diabetes. These teenagers explained that the easiest aspect to comply with was taking medications (injecting insulin). It was noted that there is good acceptance of the change in habits required by this disease; however, difficulties in acceptance among parents were also reported quite widely by the participants. It was also noted that this acceptance is found

sangre”. En este caso se percibió cierta dificultad de los participantes para definir la enfermedad. No obstante, cuando preguntados sobre tratamiento médico, demostraron un amplio conocimiento sobre la diversidad de medicamentos. Así, quedó evidenciado que los adolescentes saben respecto de los medicamentos, pero desconocen la fisiopatología de la enfermedad, lo que hace con que presenten dudas sobre lo que sucede en su organismo. Mirando subsanar esta duda, se explicó a los adolescentes la fisiopatología de la enfermedad, además de las señales y síntomas. La polidipsia, la poliuria y a pérdida de peso fueron las señales/síntomas más comunes vividos por los participantes. En relación a las dudas, incertezas y miedos frente a la enfermedad, se mostraron ansiosos por las posibilidades de cura y eficacia del trasplante de páncreas. Sobre la necesidad de adaptación frente al descubrimiento de la enfermedad, los participantes relataron casos de adaptación personal y familiar, revelando que ésta fue más difícil de acontecer, justificada por el exceso de celo con el adolescente. Conviviendo con la enfermedad En la tercera reunión, fue abordada la temática del tratamiento de la diabetes. Los adolescentes expusieron que el punto de más fácil adhesión fue el uso de medicamentos (aplicación de insulina). 13 OM


OM ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGY ENDOCRINOLOGÍA O adolescente, na natureza própria de sua fase, possui uma atitude social reivindicatória, um caráter confrontador. Estas características em presença de uma patologia crônica podem tornar o adolescente diabético um paciente de difícil tratamento, haja vista as limitações que a doença impõe. Levar uma vida regrada é algo que se opõe à luta pela independência do adolescente, o que pode fazer com que os pais deste o percebam como excessivamente rebelde. Esta visão, no contexto do diabetes, pode levar a dois opostos: a superproteção ou a transferência de inteira responsabilidade para o adolescente. Pais de filhos diabéticos podem sentir-se afetados com o fato de não terem filhos sadios, o que por um lado pode gerar uma superproteção, impedindo a independência do filho, e, por outro lado, pode surgir uma negligência silenciosa ou explícita. Pais superprotetores e pais que levam crianças e adolescentes a assumirem toda a responsabilidade pelo autocuidado acabam por dificultar a manutenção dos níveis glicêmicos compatíveis com o controle metabólico. A relação entre autocuidado e controle metabólico em crianças e adolescentes diabéticos exige certo envolvimento dos pais no cuidado. Este envolvimento deve ser o bastante para ajudar o filho a manter o bom nível glicêmico e o bastante para responsabilizá-lo para o seu próprio cuidado, tão importante em virtude de viagens com amigos ou em atividades na escola e em outras situações em que os pais não estejam presentes. Além desses cuidados, ora excessivos, ora insuficientes, o adolescente tem que enfrentar o próprio tratamento, que se baseia na tríade insulina-dieta-exercício físico. A aplicação de insulina, na descoberta da doença, é algo de difícil aceitação. O paciente precisa enfrentar a cada dia o medo da agulha ou de aplicar de forma

in groups of friends, although they are scared of seeing hyper or hypoglycemic crises, not knowing how to act. At this time, a dynamic exercise was introduced, pursuing enhanced personal appreciation, showing the participants that having diabetes does not make them less important to their families, their friends or to themselves. Discussion The initial meetings of the group resulted in a series of observations related to the experience and acceptance of adolescents with chronic diseases. Due to the inherent nature of this phase, teenagers have a demanding attitude towards society with a confrontational approach. In the presence of a chronic disease, these characteristics may turn diabetic adolescents into patients who are hard to treat, due to the constraints imposed by the disease. Leading a well-ordered life is not well attuned to adolescent struggles for independence, which may cause parents to view these youngsters as excessively rebellious. Within the context of diabetes, this view may lead to two opposing extremes: overprotection, or transferring full responsibility to the adolescent. The parents of diabetic youngsters may feel affected by the fact that they do not have healthy

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Fue observado que existe una buena aceptación respecto al cambio de hábito que la patología exige; sin embargo, la difícil aceptación de los padres fue algo bastante relatado por los participantes. Se observó también que esta aceptación existe en el grupo de amigos, si bien éstos tengan recelo de presenciar una crisis de híper o hipoglicemia y no saber cómo actuar. En ese momento se realizó aún una dinámica en que se buscó la valorización personal, mostrando a los participantes que ser portador de diabetes no los hace menos importantes, sea para a familia como para los amigos o para sí mismos. Discusión Las reuniones iniciales del grupo nos proporcionaron pesquisar una serie de observaciones en lo que se refiere a la convivencia y aceptación del adolescente portador de una enfermedad crónica. El adolescente, en la naturaleza propia de sus fases, posee una actitud social reivindicatoria, un carácter confrontador. Estas características en presencia de una patología crónica pueden tornar al adolescente diabético un paciente de difícil tratamiento, vistas las limitaciones que la enfermedad impone. Llevar una vida reglada es algo que se opone a la lucha por la independencia


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errada. Com o passar dos anos, o adolescente se adapta a esta situação, o que foi perceptível no grupo educativo realizado. Assim como a aplicação de insulina, a dieta no início do tratamento não é bem aceita. Dentre as dificuldades dietéticas destacam-se: o não poder comer doce, algo que antes adorava, bem

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children, which on the one hand may result in overprotection, undermining the independence of the child, while on the other, silent or explicit negligence may appear. Overprotective parents and parents who make children and adolescents accept full responsibility for their own care in fact hamper the maintenance of glycemic levels that are compatible with metabolic control. The relationship between self care and metabolic control among diabetic children and adolescents requires a certain involvement of the parents in this care. This involvement must focus on helping their children maintain good glycemic levels, while also making them responsible for their own care, which is extremely important during trips with friends or activities at school, as well as other situations where parents are not present. In addition to this care, at times overprotective, at others insufficient, adolescents must deal with their own treatment, which is based on the insulin + diet + exercise triad. Injecting insulin after the disease is discovered is something that is hard to accept. Each day, the patient must face up to the fear of needles, or may even inject the medication wrongly. Over the years, the adolescent adapts to this situation, which was perceptible in this educational group.

del adolescente, lo que puede hacer con que los padres de éste lo perciban como excesivamente rebelde. Esta visión, en el contexto de la diabetes, puede llevar a dos opuestos: la súper protección o la transferencia de entera responsabilidad para el adolescente. Padres de hijos diabéticos pueden sentirse afectados con el hecho de no tener hijos saludables, lo que por un lado puede generar una súper protección, impidiendo la independencia del hijo y, por otro lado, puede surgir una negligencia silenciosa o explícita. Padres súper protectores y padres que llevan a niños y adolescentes a asumir toda la responsabilidad por el auto cuidado, acaban por dificultar la mantención de los niveles glicémicos compatibles con el control metabólico. La relación entre auto cuidado y control metabólico en niños y adolescentes diabéticos exige cierto envolvimiento de los padres en el cuidado. Este envolvimiento debe ser lo suficiente para ayudar al hijo a mantener el buen nivel glicémico y lo suficiente para responsabilizarlo para o su propio cuidado, tan importante en virtud de viajes con amigos o en actividades en la escuela y en otras situaciones en que los padres no estén presentes.


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como os anseios, medos e as percepções que permeiam essa experiência, como, por exemplo, o sentimento de culpa por não ter conseguido controlar o desejo de comer. Porém, a convivência com as restrições alimentares faz com que, em alguns anos, a dieta seja bem aceita e não vista como dificuldade na convivência com o diabetes. As taxas de não aderência à dieta em crianças em idade escolar que chegam de 40% a 80% são confrontadas pelos relatos dos adolescentes participantes deste grupo, que afirmam aderência e aceitação à dieta. É válido também dizer que estes adolescentes são diagnosticados diabéticos há alguns anos. Isto acaba por confirmar o fato de que conviver com o diabetes desde criança permite uma adaptação que nem sempre é encontrada em crianças ou adolescentes recém diagnosticados. Entretanto, no que se refere à prática de exercícios físicos, os adolescentes não demonstram boa adaptação e não os executam com frequência. Esta questão mostra um aspecto negativo no tratamento, já que o exercício físico é um dos pilares para o tratamento do diabetes, sendo referenciado pela literatura como uma forma de melhorar o grau de controle glicêmico e a auto-estima das pessoas diabéticas. Levando-se em consideração tal fato, a prática de exercício deve ser bastante estimulada e enfatizada, lembrando que esta prática deverá ser racional e não capaz de prejudicar a saúde do diabético, causando-lhe crises de hipoglicemia. Deve-se encorajar o paciente à adesão de atividade física tão logo quanto possível, pois só assim

As well as injecting insulin, the diet is not well accepted at the start of the treatment. Noteworthy among dietetic difficulties are: not being able to eat the sweets that they once loved, as well as the anxieties, fears and perceptions that permeate this experience, such as feelings of guilt for not being able to control cravings. However, living with dietary restrictions means that the diet becomes well accepted after a few years, and is no longer viewed as a difficulty for living with diabetes. The dietary non-compliance rates among school-age children that reach 40% to 80% are contradicted by the reports that the adolescents participating in this group, who stated that they complied with and accepted their diets. It is also valid to note that these adolescents were diagnosed with diabetes a few years ago, which confirms the fact that living with diabetes from childhood onwards allows adaptation that is not always found in newly-diagnosed children or adolescents. However, with regard to physical activities, these teenagers were not well adapted, and did not exercise frequently. This issue highlights the negative aspect of the treatment, as exercise is one of the pillars for treating diabetes, mentioned in the literature as a way of improving glycemic control levels and enhancing the self-esteem of diabetics. Taking this fact into consideration, exercise must be encouraged and stressed, recalling that this must be rational and does not adversely affect the health of the diabetic, resulting in hypoglycemic crises. The patient must be encouraged to engage in regular physical activities as soon as possible, as only thus will there be a clear possibility for children and adolescents to care for themselves in the future, in terms of diabetes, keeping their glycemic levels compatible with metabolic controls.

Además de esos cuidados, a veces excesivos, otras insuficientes, el adolescente tiene que enfrentar el propio tratamiento que se basa en el trío insulina-dieta-ejercicio físico. La aplicación de insulina, en el descubrimiento de la enfermedad, es algo difícil de aceptar. El paciente necesita enfrentar cada día el miedo de la aguja o de aplicar de forma equivocada. Con el pasar de los años, el adolescente se adapta a esta situación, lo que fue perceptible en el grupo educativo realizado. Así como la aplicación de insulina, la dieta al inicio del tratamiento no es bien aceptada. De entre las dificultades dietéticas se destacan: el no poder comer dulce, algo que antes adoraba, así como las ansias, miedos y las percepciones que permean esa experiencia, como por ejemplo, el sentimiento de culpa por no haber conseguido controlar el deseo de comer. Sin embargo, la convivencia con las restricciones alimenticias hace que, en algunos años, la dieta sea bien aceptada y no vista como dificultad en la convivencia con la diabetes. Las tasas de no adherencia a la dieta en niños en edad escolar que llegan de 40% a 80% son confrontadas por relatos de los adolescentes participantes de este grupo, que afirman adherencia y aceptación a la dieta. Es válido también decir que estos adolescentes son diagnosticados diabéticos hace algunos años. Esto acaba por confirmar el hecho de que convivir con diabetes desde niño permite una adaptación que no siempre es encontrada en niños o adolescentes recién diagnosticados. Entretanto, en lo que se refiere a la práctica de ejercicios físicos, los adolescentes no demuestran buena adaptación y no los ejecutan con frecuencia. Esta cuestión muestra un aspecto negativo en el tratamiento, ya que el ejercicio físico es uno de los pilares para el tratamiento de la diabetes, siendo sentenciado por la literatura como una forma de mejorar el grado de control glicémico y autoestima de las personas diabéticas4. Tomándose en consideración tal hecho, la práctica de ejercicio debe ser bastante estimulada y enfatizada, recordando que esta práctica deberá ser racional y no capaz de perjudicar la salud del diabético, causándole crisis de hipoglicemia. Se debe convencer al paciente a la adhesión de actividad física tan pronto como sea posible, pues solo así habrá una posibilidad concreta del niño y del adolescente asumir el auto cuidado en el futuro en relación a la diabetes, manteniendo los niveles glicémicos compatibles con el control metabólico. Con todo esto, es posible observar que por más difícil que sea, los adolescentes pueden adaptarse a esta nueva situación. La existencia de diabetes 17 OM


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haverá uma possibilidade concreta da criança ou do adolescente vir a assumir o autocuidado no futuro em relação ao diabetes, mantendo os níveis glicêmicos compatíveis com o controle metabólico. Com tudo isto, é possível observar que, por mais difícil que seja, os adolescentes podem se adaptar a esta nova situação. A existência do diabetes é algo assustador e causador de tristeza, justificado pelo fato de que uma doença crônica causa grande impacto na vida de uma pessoa. No entanto, a convivência com a doença possibilita aos adolescentes o aprendizado de como lidar com os tratamentos exigidos e com as dificuldades provenientes da doença. Muitas vezes a não aceitação se dá por parte da família, que acaba repassando isto aos filhos. Sentimentos de culpa e impotência fazem com que os pais tenham dificuldade em assimilar esta nova condição. Frente à doença, há familiares que ficam dominados pela dor, pelo desespero e pela situação vivida como traumática. Outros buscam a reestruturação, mobilizando defesas positivas para se adaptar e aceitar a doença. Esta aceitação pode levar até mesmo a problemas conjugais e outras dificuldades familiares, o que compromete o controle do diabetes no paciente. Assim, a pessoa com o diabetes deve ser tratada no grupo familiar, com um membro apoiando outro, pois através do apoio emocional os familiares tornam-se significativos no monitoramento do diabetes e na implementação das intervenções. Considerando todos estes aspectos, é fundamental mencionar a importância da educação em diabetes para o adolescente, para a família e até mesmo para a sociedade, que ainda demonstra OM 18

As a result, it is possible to note that, no matter how difficult it may be, these teenagers have been able to adapt to their new situation. The existence of diabetes is frightening and saddening, justified by the fact that a chronic disease has a sweeping impact on a person’s life. However, living with the disease allows youngsters to learn about how to handle the necessary treatments and the difficulties caused by the disease. Acceptance is often harder to achieve among their families, who may transfer this to their offspring. Feelings of guilt and powerlessness can make it harder for parents to accept this new status. When faced by the disease, some family members are overwhelmed by pain, desperation and the situation, which they feel is traumatic. Others strive to restructure, mobilizing positive defenses in order to adapt to and accept the disease. This acceptance may even lead to marital difficulties and other family problems, which also undermine the control of diabetes for the patient. Consequently, diabetics must be treated within their family groups, each member supporting the others, as it is through emotional support that relatives play a crucial role in monitoring diabetes and implementing interventions. Considering all these aspects, it is also vital to mention the importance of education in diabetes for adolescents, their families and even society, where some prejudice is still apparent, due largely to a lack of information. Understanding the entire process of the disease by the individual fosters the development of personal attitudes that are associated with the lifestyle concept. However, education in diabetes is still a difficult task, as this education must be addressed from a wide variety of aspects. One way of helping diabetic patients is through integration in peer groups, where they can share feelings and doubts, thus learning to live better with the disease. Furthermore, this also paves the way for psycho-educational interventions with patients and their families, resolving problems and strengthening support for parents. With all this backing and through the observations noted during the experience with this psycho-educational group, it is apparent that living with diabetes may have adverse effects on the lives of these youngsters. As soon as these youngsters feel confident about their condition, they begin to handle their disease in healthy ways. As it does not incapacitate patients, diabetes does not prevent teenagers from continuing to live a normal life.

es algo asustador y causa de tristeza, justificado por el hecho de que una enfermedad crónica causa gran impacto en la vida de una persona. No obstante, la convivencia con la enfermedad posibilita a los adolescentes el aprendizaje de cómo lidiar con los tratamientos exigidos y con las dificultades provenientes de la enfermedad. Muchas veces la no aceptación se da por parte de la familia, que acaba repasando eso a los hijos. Sentimientos de culpa e impotencia hacen que los padres tengan dificultad en asimilar esta nueva condición. Frente a la enfermedad, hay familiares que quedan dominados por el dolor, por la desesperación y por la situación vivida como traumática. Otros buscan la reestructuración, movilizando defensas positivas para adaptarse y aceitar la enfermedad. Esta aceptación puede llevar inclusive a problemas conyugales y otras dificultades familiares, lo que compromete el control de lo diabetes en el paciente. Así, la persona con diabetes debe ser tratada en el grupo familiar, con un miembro apoyando al otro, pues a través del apoyo emocional los familiares se tornan significativos en el monitoreo de la diabetes y en la implementación de las intervenciones. Considerando todos estos aspectos, es fundamental mencionar la importancia de la educación en diabetes para el adolescente, para la familia e incluso para la sociedad, que todavía demuestra cierto preconcepto, siendo esto resultado de la falta de información. El entendimiento de todo el proceso de la enfermedad por el individuo favorece el desarrollo de actitudes personales que se asocian al concepto de estilo de vida. Entretanto, la educación en diabetes continua siendo una tarea difícil, pues esta educación debe ser vista bajo varios aspectos. Una manera de ayudar al paciente diabético es a través de su integración en un grupo de iguales, compartiendo sentimientos, dudas y así aprendiendo a convivir mejor con la enfermedad. Además de eso, posibilita intervenciones psico educacionales con los pacientes y sus familias, resolviendo problemas y aumentando el apoyo de los padres. Con todo este amparo y por medio de las observaciones hechas durante la experiencia con el grupo psicoeducativo, se percibe que la convivencia con la diabetes puede afectar perjudicialmente la vida del adolescente. A partir del momento en que el joven se siente seguro en su condición, pasa a lidiar con su enfermedad de manera saludable. Por no implicar en la incapacitación del paciente, la diabetes no impide que el adolescente continúe una vida normal.


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certo preconceito, sendo este resultado da falta de informação. O entendimento de todo o processo da doença, pelo indivíduo, favorece o desenvolvimento de atitudes pessoais que se associam ao conceito do estilo de vida. Entretanto, a educação em diabetes continua sendo uma tarefa difícil, pois esta educação deve ser vista sob vários aspectos. Uma maneira de ajudar o paciente diabético é através de sua integração num grupo de iguais, compartilhando sentimentos, dúvidas e, assim, aprendendo a conviver melhor com a doença. Além disso, possibilita intervenções psicoeducacionais com os pacientes e suas famílias resolvendo problemas e aumentando o apoio dos pais. Com todo este amparo e por meio das observações feitas durante a experiência com o grupo psicoeducativo, percebe-se que a convivência com o diabetes pode afetar prejudicialmente a vida do adolescente. A partir do momento em que o jovem sente-se seguro em sua condição, passa a lidar com sua doença de maneira saudável. Por não implicar na incapacitação do paciente, o diabetes não impede que o adolescente continue uma vida normal. Considerações finais A partir da experiência de elaboração, participação e observação das reuniões iniciais do “Grupo Educativo com Adolescentes que Convivem com o Diabetes”, fica a conclusão de que é possível que os adolescentes convivam bem com a patologia, desde que existam ações que promovam esta boa convivência.

Closing remarks Based on the experience of preparing, attending and observing the initial meetings of the Educational Group of Diabetic Adolescents, it is clear that teenagers can live well with this pathology, provided that actions are taken that foster this positive experience. It is thus important to note that the meetings of this educational group helped extend knowledge among these diabetic adolescents of the pathophysiology, causes, signs, symptoms, treatment and complications of diabetes mellitus, which are topics not always fully mastered by these patients, even though they may have had the disease for many years. This also showed that there is no constant concern with patient knowledge of the disease during treatment. Consequently, this group was able to clear up some doubts, ensuring an easier understanding of what is happening to their bodies. The educational group strategy proved appropriate, as even without knowing some of the others first, these youngsters presented their problems and difficulties with no fear of rebuttal or contradiction, almost always finding a certain amount of support from other teenagers who had experienced similar situations. There was also a clear and evident need to continue this project, as these initial meetings spotlighted the complex experience of adolescents living with diabetes, thus underscoring the countless demands of these patients.

Consideraciones finales A partir de la experiencia de elaboración, participación y observación de las reuniones iniciales del “Grupo Educativo con Adolescentes que Conviven con Diabetes”, queda la conclusión de que es posible que los adolescentes convivan bien con la patología, desde que existan acciones que promuevan esta buena convivencia. Así, es importante decir que las reuniones del grupo educativo colaboraron para llevar al conocimiento de los adolescentes diabéticos la fisiopatología, causas, señales y síntomas, tratamiento, complicaciones de la diabetes mellitus, asuntos que no siempre eran dominados por los pacientes, incluso teniendo éstos la enfermedad hace muchos años. Esto evidenció que no es constante en los tratamientos preocuparse con el conocimiento del paciente acerca de su propia enfermedad. El grupo entonces puede resolver algunas dudas, facilitando la comprensión sobre qué acontece en sus organismos. La estrategia educativa grupal se mostró adecuada, pues incluso sin conocerse unos a otros, los adolescentes expusieron sus problemas y dificultades sin temer reservas o posiciones contrarias, porque casi siempre encontraban en otros adolescentes un cierto “apoyo”, pues habían vivido situaciones semejantes. Queda también clara y evidente la necesidad de continuidad del proyecto ya que las primeras reuniones elucidaron la compleja convivencia del adolescente con la diabetes, mostrando así las innúmeras demandas de esos pacientes. De este modo, queda la experiencia de que 19 OM


OM ENDOCRINOLOGIA ENDOCRINOLOGY ENDOCRINOLOGÍA Assim, é importante dizer que as reuniões do grupo educativo colaboraram para levar ao conhecimento dos adolescentes diabéticos a fisiopatologia, causas, sinais e sintomas, tratamento, complicações do diabetes mellitus, assuntos que nem sempre eram dominados pelos pacientes, mesmo estes tendo a doença há muitos anos. Isto evidenciou que não é constante nos tratamentos se preocupar com o conhecimento do paciente acerca de sua própria doença. O grupo, então, pôde sanar algumas dúvidas, facilitando a compreensão sobre o que acontece em seus organismos. A estratégia educativa grupal mostrou-se adequada, pois mesmo sem se conhecerem uns aos outros, os adolescentes expuseram seus problemas e dificuldades sem temer ressalvas ou posições contrárias, porque quase sempre encontravam em outros adolescentes um certo “apoio”, pois tinham vivido situações semelhantes. Fica também clara e evidente a necessidade de continuação do projeto haja vista que as primeiras reuniões elucidaram a complexa convivência do adolescente com o diabetes, mostrando, assim, as inúmeras demandas desses pacientes. Deste modo, fica a experiência de que visar a aceitação e convivência de um paciente frente a sua doença é imprescindível para a eficácia de um tratamento, principalmente estando este paciente em uma fase mais delicada de sua vida como a adolescência. Tal experiência mostra também que atividades de extensão são muito importantes para a formação do profissional, pois colocar o acadêmico em contato direto com as situações lhe permite identificar problemas e soluções, o que contribui de maneira significativa na formação acadêmica, além de colaborar para o bem-estar da população a ser cuidada.

Consequently, this experience shows that ensuring acceptance and adjustment of patients to their disease is a crucial step for ensuring efficacious treatments, particularly for patients during such a delicate stage of life as adolescence. This experience also shows that extension activities are very important for professional training, bringing students into direct contact with situations that allow them to identify problems and solutions, thus contributing significantly to academic training, in addition to enhancing the well-being of the population under care.

buscar aceptación y convivencia de un paciente frente a su enfermedad es imprescindible para la eficacia de un tratamiento, principalmente estando este paciente en una fase más delicada de su vida como es la adolescencia. Tal experiencia muestra también que actividades de extensión son muy importantes para la formación del profesional, pues colocar al académico en contacto directo con las situaciones le permite identificar problemas y soluciones, lo que contribuye de manera significativa en la formación académica, además de colaborar para el bienestar de la población a ser cuidada.

Marcela Guimarães Caires. Enfermeira da Estratégia de Saúde da Família de Abaeté. Abaeté, MG, Brasil. Alisson Araújo. Doutor em Saúde da Criança e do Adolescente pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG, Brasil. Professor Adjunto I da Universidade Federal de São João Del-Rei - Campus Centro Oeste Dona Lindu. Divinópolis, MG, Brasil. Marcela Guimarães Caires. Nurse, Abaeté Family Health Strategy. Abaeté, Minas Gerais State, Brazil. Alisson Araújo. PhD in Children’s and Adolescents’ Health, Medical School, Minas Gerais State Federal University. Belo Horizonte, Minas Gerais State, Brazil. Adjunct Professor I, São João Del-Rei Federal University - Campus Centro Oeste Dona Lindu. Divinópolis, Minas Gerais State, Brazil. Marcela Guimarães Caires. Enfermera de Estrategia de Salud de la Familia de Abaeté. Abaeté, MG, Brasil. Alisson Araújo. Doctor en Salud del Niño y del Adolescente por la Facultad de Medicina de la Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, MG, Brasil. Profesor Adjunto I de la Universidade Federal de São João Del-Rei - Campus Centro Oeste Dona Lindu. Divinópolis, MG, Brasil.

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CARDIOLOGIA

CARDIOLOGY

Relação entre volume do átrio esquerdo e disfunção diastólica em 500 casos de uma população brasileira.

Relationship between left atrial volume and diastolic dysfunction in 500 brazilian patients.

Disfunção Diastólica (DD) é muito comum, sobretudo nos idosos, sendo considerada importante indicador prognóstico de diversas condições cardíacas. É causa relevante de insuficiência cardíaca e tem sido associada ao desenvolvimento de fibrilação atrial. A prevalência de DD assintomática é de aproximadamente 25% a 30% nos indivíduos acima de 45 anos na população geral. A DD sintomática pode ocorrer associada à disfunção sistólica do Ventrículo Esquerdo (VE) ou ser determinante de insuficiência cardíaca com função sistólica preservada (fração de ejeção > 50%), responsável por 51% dos casos de insuficiência cardíaca. A DD na prática médica tem sido identificada de forma simples e inócua pelo ecoDopplercardiograma (Eco), caracterizada pela análise dos padrões de fluxo diastólico mitral pelo Doppler pulsátil e pelo estudo da velocidade do anel mitral avaliado pelo Doppler tecidual. Mais recentemente, foi proposto o volume do átrio esquerdo indexado pela superfície corporal (VAEi) obtido pelo eco bidimensional, como um

iastolic dysfunction (DD) is very common, especially in the elderly, and is considered an important prognostic indicator of various cardiac diseases. It is a major cause of heart failure and has been associated to atrial fibrillation development. The prevalence of asymptomatic DD is approximately 25% to 30% of the individuals older than 45 years in the general population. Symptomatic DD can occur in association to left ventricular (LV) systolic dysfunction or be a determinant of heart failure with preserved systolic function (ejection fraction >50%), which is responsible for 51% of the heart failure cases. In medical practice, DD has been identified in a simple and innocuous matter by eco-Doppler-cardiography (Eco) and characterized by the analysis of the mitral diastolic flow by pulsatile Doppler and the study of the mitral ring velocity by tissue Doppler. More recently, left article volume indexed by body surface (LAVI), measured by bidimensional echo was proposed as a more accurate index for

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CARDIOLOGIA

CARDIOLOGY

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índice mais acurado para detecção da dilatação atrial esquerda, superior ao simples diâmetro anteroposterior derivado do eco modo-M. O aumento do VAEi tem sido sugerido como marcador da gravidade e da duração da DD, como também preditor de eventos cardíacos incluindo fibrilação atrial, insuficiência cardíaca e acidente vascular encefálico embólico. Além disso, o VAEi tem sido considerado como um dos critérios de avaliação do grau de DD e da estimativa das pressões de enchimento do VE. Embora alguns estudos estrangeiros associem o aumento do VAEi à gravidade da DD, não dispomos de dados exclusivamente nacionais sobre esses aspectos em um grande número de pacientes de uma população brasileira. Os objetivos deste estudo foram: 1) avaliar a relação entre o VAEi e os diferentes graus de DD em uma série de pacientes ambulatoriais submetidos ao ECO em um serviço diagnóstico de cardiologia brasileiro, com função sistólica preservada ou pouco reduzida; 2) identificar as variáveis clínicas e ecocardiográficas independentemente associadas ao aumento do VAEi nesta amostra. Métodos Pacientes Foram estudados 545 pacientes consecutivos, com indicação de realização de eco transtorácico, no Medcenter Cardiologia, Vila Velha-ES. Os pacientes elegíveis para o estudo foram adultos de 20 anos a 86 anos, em ritmo sinusal, sem história de arritmia atrial ou ventricular, uso de marca-passo, valvopatia maior que discreta, ou cardiopatia congênita. Foram excluídos 45 indivíduos por apresentarem exames inadequados para análise do fluxo diastólico mitral (n = 35) ou do VAEi (n = 10). Os 500 pacientes restantes constituíram a amostra final deste trabalho. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Escola Paulista de Medicina - Unifesp, e todos os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Altura, peso, frequência cardíaca e pressão arterial foram medidos no dia do exame ecocardiográfico. Hipertensão arterial foi definida por antecedentes, níveis sistólicos > 140 mmHg e/ou níveis diastólicos > 90 mmHg em pelo menos duas ocasiões. O diagnóstico de diabete melito foi baseado na glicemia de jejum > 125 mg/dL ou uso de hipoglicemiantes orais e/ou insulina. Dislipidemia foi definida como colesterol total > 200 mg/dL e/ou LDL colesterol > 130 mg/dL ou uso de agentes hipolipemiantes. Foram considerados como tabagistas os indivíduos que fumavam na ocasião do estudo. Obesidade foi considerada com índice de massa corporal > 30. Doença arterial coronariana foi definida por história clínica, dados eletrocardiográficos ou presença de disfunção contrátil segmentar ao eco em indivíduo com fatores de risco. Ecocardiografia O Eco foi realizado com aparelho Philips Envisior, CHD, com transdutor P 4-2 MHz. Foram obtidas imagens nos cortes paraesternal longitudinal e transversal, apical de 4-câmaras, 2-câmaras e 5-câmaras. As medidas da fração de ejeção do VE, espessura das paredes miocárdicas e massa ventricular esquerda foram realizadas ao eco modo-M. Hipertrofia VE foi considerada quando o índice de massa VE fosse > 95 g/m2 para mulheres e > 115 g/m2 para homens. Fração de ejeção VE normal foi considerada > 0,50. A função diastólica foi analisada baseando-se no padrão de fluxo transmitral no repouso e durante manobra de Valsalva, quando necessário.

the detection of left atrial dilation, superior than the simple anteroposterior diameter derived by the M-mode echo. LAVI has been suggested as a marker of the severity and duration of DD, as ell as predictor of cardiac events such as atrial fibrillation, heart failure and embolic stroke. Besides that, it has been considered on the evaluation criteria of the DD grade and LV filling pressure estimates. Although some studies performed abroad associate LAVI increase to DD severity, we do not have exclusively national data on this subject in a great number of patients from a Brazilian population. This study’s objectives were: 1) to evaluate the relationship between LAVI and the various DD degrees in a series of outpatients with preserved or slightly reduced systolic function submitted to ECHO in a Brazilian cardiologic diagnostic center; 2) to identify the clinical and echocardiographic variables independently associated to LAVI increase in this subset of patients. Methods Patients Five hundred forty five consecutive patients in whom a transthoracic echo was indicated were studied at Medcenter Cardiologia, Vila Velha. The eligible patients were adults aged 20 to 86 years, who presented sinus rhythm and had no history of atrial or ventricular arrhythmia, pacemaker use, valvular disease (other than mild) or congenital cardiopathy. Forty five individuals were excluded since their exams were not adequate for analyzing mitral diastolic flow (n = 35) or LAVI (n = 10). The 500 remaining patients comprised the final sample for this study. The research was approved by the Ethics Committee of Unifesp (Escola Paulista de Medicina) and all patients signed an informed consent document. Height, weight, heart rate and blood pressure were measured on the same day of the echocardiographic exam. Arterial hypertension was defined by the history, systolic levels > 140 mmHg and/or diastolic levels > 90 mmHg on at least two occasions. The diagnosis of diabetes mellitus was based on fasting glucose levels > 125 mg/dl or oral hypoglycemic drug and/or insulin use. Dyslipidemia was defined as total cholesterol levels 23 OM


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CARDIOLOGIA Foram medidos, pelo Doppler pulsátil, picos de velocidade das ondas E, onda A, razão E/A e o tempo de desaceleração do fluxo mitral. O tempo de relaxamento isovolumétrico e o fluxo em veias pulmonares não puderam ser obtidos em todos os pacientes, não sendo utilizados para análise. O Doppler tecidual foi realizado para obter a velocidade da onda e’ da parede septal ao nível do anulo da valva mitral. Todas as variáveis do Doppler pulsátil e tecidual foram resultantes da média das medidas de três ciclos cardíacos consecutivos. A razão entre o pico da onda E mitral e tecidual (e’) foi calculada e expressa como E/e’. O diâmetro anteroposterior do átrio esquerdo foi obtido pelo eco modo-M. Utilizando o eco bidimensional, calculou-se o VAEi pela médias dos volumes obtidos pelo método de Simpson nos cortes apicais 4 e 2 câmaras, considerando-se a área atrial máxima antes da sístole ventricular e da abertura mitral, excluindo-se o apêndice atrial esquerdo e a confluência das veias pulmonares. A diferença do volume atrial esquerdo entre as duas medidas não excedeu 5%. O VAEi foi considerado normal nos valores entre 16-28 mL/m2; aumento leve, entre 29-33 mL/m2; moderado, entre 34-39 mL/m2; e severo. > 40 mL/m2. Todos os exames ecocardiográficos foram realizados e interpretados por um único examinador cego em ralação aos dados clínicos. As medidas do volume atrial esquerdo e da função diastólica foram analisadas separadamente. O padrão de disfunção diastólica foi categorizado como previamente publicado e validado. A disfunção diastólica foi classificada em graus crescentes de gravidade como: ausente ou padrão normal (0), relaxamento anormal (grau I), padrão pseudonormal (grau II), e padrão restritivo de enchimento ventricular (grau III). As pressões de enchimento do VE foram consideradas elevadas se a razão E/e’ fosse > 15 e normais se E/e’ fosse < 8. As pressões de enchimento foram consideradas “indeterminadas” se a relação E/e’ estivesse entre 8 e 15. Análise estatística Diferenças de prevalência entre variáveis categóricas foram testadas através do teste Chi quadrado. Diferenças entre variáveis contínuas foram testadas pelo teste t de Student e análise de variância (ANOVA) de uma via, seguida do teste post-hoc de Tukey. Associações simples entre o VAEi com variáveis clínicas e ecocardiográficas foram estimadas pelo coeficiente de correlação de Pearson. Para determinar os preditores independentes do aumento do VAEi foi feita regressão linear multivariada, com inclusão no modelo apenas das variáveis com correlações parciais significantes do ponto de vista estatístico. As hipóteses estatísticas foram testadas em testes bicaudais com erro tipo I de 5% (P < 0,05). Foram obtidas curva ROC (Receiver Operator Curves) para determinar a sensibilidade e especificidade do VAEi no diagnóstico dos diferentes graus de DD do VE. O melhor ponto de corte foi definido como o que representava a maior sensibilidade e especificidade concomitantes na curva ROC As análises estatísticas foram feitas no programa SPSS (versão 13.0).

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> 200 mg/dl and/or LDL cholesterol > 130 mg/dl or hypolipidemic agents. Individuals who smoked at time the study was performed were considered smokers. Body mass index > 30 was considered indicative of obesity. Coronary artery disease was defined by medical history, electrocardiographic data or presence of segmental contractile dysfunction at the echocardiogram in individuals with risk factors. Echocardiography The exam was performed with Philips Envisior, CHD device and a P 4 - 2 MHz transducer. Images were obtained of the transversal and longitudinal parasternal, 4-chamber, 2-chamber and 5-chamber slices. LV ejection fraction, myocardial wall thickness and left ventricular mass were measured with M-mode echo. LV hypertrophy was diagnosed when LV mass index was > 95 g/m2 (women) or > 115 g/m2 (men). LV ejection fractions > 0.50 were considered normal. Diastolic function was analyzed according to the transmitral flow pattern at rest and during Valsalva maneuver, when necessary. Peak E-wave velocity, A-wave, E/A ratio and mitral flow deceleration time were measured by pulsed Doppler. Isovolumetric relaxation time and pulmonary vein flow could not be obtained in all patients, and were not used in the analysis. Tissue Doppler was performed in order to obtain septal wall e’ wave velocity at the mitral valve anulus level. All tissue and pulsatile Doppler variables resulted from the mean measurement of three consecutive cardiac cycles. The ratio between mitral and tissue (e’) E-wave peak was calculated and expressed as E/e’. Left atrial anteroposterior diameter was obtained by M-mode echo. Using bidimensional echo, LAVI was calculated by the mean volumes obtained by Simpson method at 2- and 4-chamber apex slices, considering maximum atrial area before ventricular systole and mitral opening, and excluding left atrial appendage and pulmonary vein confluency. The difference in left atrial volumes between both measurements was inferior to 5%. LAVI was considered normal if 16-28 mL/m2; slightly increased, 29-33 mL/ m2; moderate, 34-39 mL/m2; and severe. > 40 mL/m2. All echocardiographic exams were performed and interpreted by a single investigator, blind to clinical data. Left ventricle volume and diastolic function measurements were analyzed separately. The diastolic dysfunction patter was classified according to previously published and validated guidelines. Diastolic dysfunction as classified in increasing

Resultados Na amostra global de 500 pacientes, 53% eram homens e a idade variou de 20 a 86 anos, com média de 52,6 ± 13 anos. Havia 55,4% pacientes hipertensos; 8,6% diabéticos; 9,4% tabagistas; 24,8% obesos; e 47,8% com hipertrofia do VE. Predominaram pacientes com função sistólica VE preservada (98% dos casos), com fração de ejeção média de 69,6 ± 7,2% (intervalo entre 21% e 89%). 25 OM


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A DD esteve presente em 169 pacientes desta amostra, representando uma prevalência de 33,8%, assim distribuída: grau I: 66%, grau II: 29% e grau III: 5%. As características demográficas e clínicas da amostra, de acordo com os diversos graus de DD. Observou-se maior prevalência de hipertensão, tabagismo e hipertrofia VE nos grupos com DD quando comparados com o grupo de função diastólica normal (p < 0,001). A idade e a massa ventricular esquerda foram maiores nos grupos com DD em relação ao grupo com função normal. A fração de ejeção apresentou-se significantemente reduzida apenas no grupo com DD grau III (padrão restritivo de enchimento ventricular). Houve aumento crescente das dimensões e do VAEi com a progressão do grau de DD : 21 ± 4 mL/m2 (ausente), 26 ± 7 mL/m2 (grau I), 33 ± 5 mL/ m2 (grau II) e 50,5 ± 5 mL/m2 (grau III); (p < 0,001). O inverso foi observado com o grupo com DD grau III (padrão restritivo). A onda e’ foi significativamente menor em todos os graus de DD, em comparação ao grupo com função diastólica preservada. Observou-se aumento progressivo da relação E/e’ com a piora do grau de DD. A análise da curva ROC do VAEi em toda a amostra mostrou 73,4% de sensibilidade e 74,6% de especificidade (VAEi > 25 mL/m2) para a detecção de DD. Porém, quando avaliados separadamente, observamos aumento progressivo do poder do VAEi na detecção da DD. Para a DD grau I, obtivemos 60,4% de sensibilidade e 74,6% de especificidade para um VAEi de 24 mL/m2. Para a identificação da DD grau II a curva mostrou um excelente desempenho (área sob a curva = 0,970) com valores de VAEI > 27,9 mL/m2 apresentando 98% de sensibilidade e 90,6% de especificidade. Já para o grau III de DD, o VAEi > 40 mL/m2 apresentou sensibilidade e especificidade de 100%. Observamos que o VAEi > 34 mL/m2 estava presente na quase totalidade dos casos com pressão de enchimento VE elevado, ou seja, relação E/e’ > 15. Houve correlação significativa e direta entre VAEi com idade, volumes OM 26

severity grades, such as: absent or normal (0), abnormal relaxation (grade I), pseudo normal (grade II) and left ventricular restriction (grade III). LV filling pressures were considered high if E/e’ ratio was > 15 and normal if it was < 8. Filling pressures were considered “undetermined” if E/e’ ratio was 8-15. Statistical analysis Prevalence differences between categorical variables were tested by Chi square test. Differences between continuous variables were tested by t Student test and one-way variance analysis (ANOVA) followed by Tukey post-hoc test. Simple associations between LAVI and clinical and echocardiographic variables were estimated by Pearson’s correlation coefficient. Multivariate linear regression was done to determine independent predictors of LAVI increase, including in the model only variables with statistically significant partial correlations. Statistical hypotheses were tested in two-tailed tests with 5% type I error (p < 0.05). ROC curves were obtained for determining sensitivity and specificity of LAVI for the diagnostic of different grade LVDD. The best cutoff was defined as the one which presented the higher simultaneous sensitivity and specificity in the ROC curve. Statistical analysis was done by SPSS software (version 13.0). Results On the global 500 patient set, 53% were men aged 20-86 years old (mean 52.6 ± 13 years); 55.4% were hypertensive, 8.6% diabetic; 9.4% smokers; 24.8% obese and 47.8% had LV hypertrophy. Patients with preserved LV systolic function (98% of the cases) with mean ejection fraction of 69.6 ± 7.2% (range, 21% - 89%) predominated. DD was present in 169 patients in this set, which represented a 33.8% prevalence, distributed as: grade I = 66%, grade II = 29%, grade III = 5%.


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diastólico e sistólico do VE, espessura relativa de parede do VE, massa ventricular esquerda indexada para altura elevada à potência 2,7 e relação E/e’ (p < 0,01). Houve correlação significativa e inversa entre VAEi e fração de ejeção do VE, o mesmo ocorrendo com a onda e’ do anel mitral septal. Na análise multivariada modelo stepwise, os fatores que permaneceram no modelo e explicam 57% da variabilidade do VAEi foram idade, massa ventricular esquerda indexada para altura elevada à potência 2,7, espessura relativa de parede, razão E/e’ e fração de ejeção do VE. Discussão Este foi um dos primeiros estudos de base populacional brasileira a demonstrar aumento progressivo do volume atrial esquerdo com a piora da disfunção diastólica em pacientes adultos com função sistólica relativamente preservada e ocorrência representativa de fatores de risco para doença cardiovascular. Adicionalmente, pudemos verificar nesta casuística os preditores independentes do aumento do VAEi, relacionados a conhecidos fatores de risco, como idade, hipertrofia e disfunção sistólica do VE. Nosso principal achado foi demonstrar a influência direta da DD no remodelamento atrial esquerdo, assim como foi observado em estudos prévios. Esses resultados reforçam o conceito do papel prognóstico da dilatação atrial esquerda como marcador de eventos cardiovasculares a exemplo da fibrilação atrial e insuficiência cardíaca, associados a outros fatores de risco tradicionalmente vinculados à má evolução (idade, hipertrofia de VE, disfunção VE e relação E/e’ aumentada). O remodelamento atrial esquerdo está presente em diversas cardiopatias, resultante de sobrecarga hemodinâmica volumétrica ou pressórica. A DD representa um componente adicional para o remodelamento do átrio esquerdo. Na DD, o relaxamento anormal do VE e diminuição de sua complacência ocorrem como consequência de modificações da interação actina-miosina, aumento do depósito de colágeno e alterações das pro-

The demographic and clinical characteristics of the sample, according to different grade DD. Hypertension, smoking and LV hypertrophy were more prevalent in the DD group in comparison to the group with normal diastolic function (p < 0.001). Age and left ventricular mass were higher in the DD groups as compared to the normal function group. The ejection fraction was markedly reduced only in the grade III DD group (ventricular filling restriction pattern). Echocardiographic variables, including LAVI, according to DD grades. LAVI and dimensions progressively increased with DD grade increase: 21 ± 4 mL/m2 (absent), 26 ± 7 mL/m2 (grade I), 33 ± 5 mL/m2 (grade II), 50.5 ± 5 mL/m2 (grade III) (p < 0.001). The opposite was observed in the group with grade III DD (restrictive pattern). The e’ wave was significantly smaller in all DD grades, in comparison to the group with preserved diastolic function. Progressive increase of the E/e’ ratio was observed with worsening DD. LAVI ROC curve analysis in the whole sample showed 73.4% sensitivity and 74.6% specificity (LAVI > 25 mL/m2) for DD detection. However, when evaluated separately, a progressive increase of LAVI power for DD detection was observed. For grade I DD, we found 60.45 sensitivity and 74.6% specificity for LAVI = 24 mL/m2. The curve showed excellent performance for identification of grade II DD (AUC = 0.970) with LAVI> 27,9 mL/m2 showing 98% sensitivity and 90.6% specificity. For grade III DD, LAVI> 40 mL/m2 was 100% sensible and specific. LAVI was > 34 mL/m2 in almost all cases with high LV filling pressure, i.e., E/e’ ratio > 15. There was a significant and direct correlation of LAVI and age, LV diastolic and systolic volumes, LV wall relative thickness, LV mass indexed to height raised to 2.7 power and E/e’ ratio (p < 0.01). There was an inverse and significant correlation between LAVI and LV ejection fraction; the same occurred for e’ wave and septal mitral anulus. In the stepwise multivariate analysis, the factors that remained in the model and explain 575 of LAVI variability were age, LV mass indexed for height raised to 2.7 power, relative wall thickness, E/e’ ratio and LV ejection fraction. 27 OM


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priedades viscoelásticas cardíacas. Nas fases iniciais da DD (grau I), há apenas uma maior participação da contração ativa do átrio esquerdo, mais vigorosa, para vencer a dificuldade de relaxamento, ocasionando aumento da onda A do Doppler mitral, sem alterações estruturais evidentes dessa câmara. Com a progressão da DD, esse mecanismo compensatório falha e a capacidade de esvaziamento total atrial fica prejudicada levando ao remodelamento atrial. A pressão atrial esquerda se eleva para manter um enchimento ventricular esquerdo adequado, resultando em aumento da tensão nas paredes atriais, causando dilatação da câmara e estiramento do miocárdio atrial. O aumento do VAEi reflete portanto a exposição crônica do átrio esquerdo às pressões de enchimento do VE elevadas e à gravidade da DD. No presente estudo, o valor médio do VAEi em pessoas com função diastólica normal foi de 21 ± 4 mL/m2. Esse valor está muito próximo daqueles encontrados em estudos realizados em adultos normais, que relatam valores entre 20 ± 6 e 21 ± 7 mL/m. Também estabelecemos valores de corte de VAEi que se associam com DD em grau > ll com alta acurácia. Em nosso estudo, assim como no estudo de Pritchett e cols. com 2.042 participantes, e o da Tsang e cols., o VAEi apresentou boa sensibilidade e especificidade para identificar graus intermediários (II) ou graves (III) de DD, embora com valores inferiores àqueles por nós observado. Diferenças na composição e seleção da casuística entre os estudos podem em parte justificar tais diferenças. Esses dados valorizam o uso desse índice na prática diária como um critério adicional às demais variáveis do padrão de fluxo diastólico mitral, para análise de DD. Lembramos que os elementos do Doppler pulsátil do fluxo mitral expressam gradientes pressóricos que, por sua vez, refletem o momento hemodinâmico instantâneo. Ao contrário, alterações estruturadas do átrio esquerdo são decorrentes da elevação pressórica sustentada ao OM 28

This was one of the first studies based on the Brazilian population to demonstrate progressive increase in left atrial volume with worsening diastolic dysfunction in adults with relatively preserved systolic function and representative occurrence of cardiovascular disease risk factors. Additionally, we were able to verify in this series the independent predictors of LAVI increase, related to known risk factors such as age and LV hypertrophy and systolic dysfunction. Our main finding was the demonstration of the direct influence DD exerts on left atrial remodeling, as previously observed. These results reinforce the concept of the prognostic role of left atrial dilation as cardiovascular event marker (as exemplified by atrial fibrillation and heart failure), associated to other risk factors traditionally linked to bad prognosis (age, LV hypertrophy, LV dysfunction and increased E/e’ ratio). Left atrial remodeling can be seen in various cardiac diseases, resulting from volumetric or pressoric hemodynamic overload. DD represents an additional component to left atrial remodeling. In DD, abnormal LV relaxation and reduced LV compliance occur as a consequence of modifications in the interaction between actin and myosin, increased collagen deposition and cardiac viscoelastic properties changes. On the initial DD phases (grade I), there is only increased participation of left atrial active contraction, which becomes more vigorous in order to surpass the relaxation difficulty, leading to A wave increase in mitral Doppler, without evident structural alterations in this chamber. With the progression of DD, this compensatory mechanism fails and the total atrial filling capacity is compromised, leading to atrial remodeling. Left atrial pressure increases to maintain adequate left ventricular filling, leading to increasing tension at the atrial walls, chamber dilation and atrial myocardial stretching. LAVI increase reflects, thus, the chronic exposure of the left atrium to high LV filling pressures and DD severity. In the present study, LAVI mean value in persons with normal diastolic function was 21 ± 4 mL/m2. This value is very close to the ones found in normal adults, which show values between 20 ± 6 and 21 ± 7 mL/m2. We have also established LAVI cutoff values associated to grade > ll grade DD with high accuracy. In our study, as well as Pritchett et al study, which included 2042 subjects, and the study by Tsang et al, LAVI showed good sensitivity and specificity in the identification of intermediate (II) and severe (II) grade DD, although the values were inferior to ours. Differences in the selection of cases may justify the differences. These data highlight the use of this index in daily practice as an additional criterion to the other variables of mitral diastolic flow pattern for DD analysis. One must remember that mitral flow pulsatile Doppler elements express pressoric gradients that reflect the hemodynamic moment. On the other side, structural changes in the left atrium are caused by pressure increase sustained through time. Thus, the study of the transmitral flow and mitral anulus velocities by pulsed Doppler, associated to LAVI measurement, could better differentiate the most advanced stages of DD, especially grade II dysfunction or the so-called pseudo normal left ventricle filling pattern. We have identified, using multivariate analysis, that age, LV hypertrophy (left ventricular mass and relative wall thickness), E/e’ ratio and LV ejection fraction as the determinant factors for LAVI increase in this population.VE DD prevalence increases with age and advanced age is admittedly associated to more severe DD presentation, justifying this finding. LV hypertrophy is also admittedly a factor intimately related to DD. These elements may have had greater participation in the most severe DD presentations (grades II and III), associated to systolic dysfunction and left ventricular remodeling with higher filling pressures.



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longo do tempo. Assim, o estudo das velocidades de fluxo transmitral pelo Doppler pulsátil e do anel mitral, associados à medida do VAEi, poderiam determinar melhor diferenciação de estágios mais avançados de DD, especialmente grau II de disfunção ou o chamado padrão pseudonormal de enchimento ventricular esquerdo. Identificamos pela análise multivariada idade, hipertrofia do VE (massa ventricular esquerda e espessura relativa de paredes), relação E/e’ e fração de ejeção do VE, como determinantes do aumento do VAEi nessa população. A prevalência de DD avança com a idade; idade avançada é reconhecidamente associada a formas mais graves de DD, justificando esse achado. Da mesma forma, a hipertrofia ventricular esquerda também é reconhecida como fator intimamente relacionado à DD. Esses elementos podem ter tido maior participação nas formas mais graves da DD (II e III), associadas à disfunção sistólica e remodelamento ventricular esquerdo com maiores pressões de enchimento. Limitações Os dados do presente estudo não podem ser aplicáveis a pacientes com fibrilação atrial, uma vez que foram obtidos exclusivamente em ritmo sinusal. É pouco provável que a insuficiência mitral possa ter tido influência no aumento do VAEi de nossa casuística, uma vez que excluímos a presença de valvopatias primárias significativas, sobretudo as mitrais, que sabidamente têm maior impacto no remodelamento atrial esquerdo. O fato de incluirmos apenas pacientes ambulatoriais, com cardiopatias menos graves e menor prevalência de formas graves de DD, poderia ser considerado uma limitação deste estudo. Entretanto, reflete a ocorrência natural da DD nas formas mais leves, sem disfunção sistólica significativa na sua maioria, como acontece na prática diária. Conclusões Este estudo em população brasileira sugere que a DD contribui para o remodelamento atrial esquerdo e que o aumento do VAEi expressa a gravidade da DD. Os determinantes do aumento do VAEi nesta amostra, com fração de ejeção média preservada ou pouco reduzida, sem valvopatia significativa, estão em parte relacionados a idade, hipertrofia ventricular esquerda, aumento da pressão de enchimento e declínio da função sistólica do VE.

Limitations The data from the present study may not be applicable to patients with atrial fibrillation, since they were obtained exclusively in sinus rhythm. It is unlikely that mitral insufficiency has influenced LAVI increase in our series, since we have excluded significant primary valvular disease, especially mitral valve disease, that are associated to greater impact in left atrial remodeling. The fact that we have included only outpatients with less severe cardiac disease and smaller prevalence of severe DD can be considered a limitation of this study. However, it reflects the natural occurrence of milder DD without significant systolic dysfunction, as seen in daily practice. Conclusion This study in a Brazilian population suggests that DD contributes to left atrial remodeling and LAVI increase is an expression of DD severity. LAVI increase determinants in this sample with preserved or slightly reduced mean ejection fraction and no significant valvular heart disease are partly related to age, left ventricular hypertrophy, increased filling pressure and decreased LV systolic function.

Diana Meyerfreud. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES. Brasil. José Geraldo Mill. Universidade Federal do Espirito Santo, VitóriaES. Brasil. Lilia Maria Mameri El Aouar. Escola Paulista de Medicina-UNIFESP, São Paulo-SP. Brasil. Medcenter Cardiologia, Vila Velha-ES. Brasil. Marcelo Perim Baldo. Universidade Federal do Espirito Santo, Vitória-ES. Brasil. Nabih Amin El Aouar. Medcenter Cardiologia, Vila Velha-ES. Brasil. Orlando Campos Filho. Escola Paulista de Medicina-UNIFESP, São Paulo-SP. Brasil. Pedro Magalhães. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES.Brasil. Sérgio Lamêgo Rodrigues. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES. Brasil. Sumaya Mameri El Aouar. Medcenter Cardiologia, Vila Velha-ES. Brasil. Yara Brasil. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES. Brasil. Diana Meyerfreud. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES. Brasil. José Geraldo Mill. Universidade Federal do Espirito Santo, VitóriaES. Brasil. Lilia Maria Mameri El Aouar. Escola Paulista de Medicina-UNIFESP, São Paulo-SP. Brasil. Medcenter Cardiologia, Vila Velha-ES. Brasil. Marcelo Perim Baldo. Universidade Federal do Espirito Santo, Vitória-ES. Brasil. Nabih Amin El Aouar. Medcenter Cardiologia, Vila Velha-ES. Brasil. Orlando Campos Filho. Escola Paulista de Medicina-UNIFESP, São Paulo-SP. Brasil. Pedro Magalhães. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES.Brasil. Sérgio Lamêgo Rodrigues. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES. Brasil. Sumaya Mameri El Aouar. Medcenter Cardiologia, Vila Velha-ES. Brasil. Yara Brasil. Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória-ES. Brasil.ecife, PE, Brazil.

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Água sanitária poderia Bleach may cure curar doenças de pele, inflammatory skin diz pesquisa. diseases. egundo cientistas, banho de água sanitária diluída retardou envelhecimento de ratos, tomar banho com água sanitária diluída poderia ajudar a tratar algumas doenças da pele e até retardar o envelhecimento, sugeriu um novo estudo conduzido por pesquisadores americanos. A descoberta, publicada na revista científica Journal of Clinical Investigation, foi feita por uma equipe da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Segundo os cientistas, a água sanitária diluída poderia tratar dermatites causadas por radioterapia, além de necroses e úlceras. Os pesquisadores, no entanto, alertaram aos pacientes que não apliquem o produto diretamente sobre a pele. Ainda não foram feitos testes em humanos. Eles ainda ressaltaram que a água sanitária também poderia interferir no sistema imunológico do paciente. Banhos com até 0,005% da substância já podem ser usados para o tratamento de eczemas, mas ainda há incertezas sobre se o procedimento é totalmente eficaz.

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iluted household bleach may be able to treat some skin diseases and may even have a role in slowing ageing, animal research suggests. A study, published in the Journal of Clinical Investigation, showed bleach calms inflammation. The team at Stanford University say bleach has potential for treating dermatitis caused by radiotherapy, bed sores and diabetic ulcers. Experts warned patients not to apply bleach directly to their skin. Baths in 0.005% bleach can already be used as a treatment for eczema, but exactly how they work is uncertain. “I cannot emphasise enough that it is very important that individuals with inflammatory conditions do not apply bleach directly to their skin”, Dr Graham JohnstonBritish Association of Dermatologists Some bacteria on the skin are killed. However, researchers as Stanford University Medical Centre in California showed bleach was also interfering with the immune system. Inflammation is a natural part of the immune response to infection, yet it can get out of hand.

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DERMATOLOGY ‘Simple bath’ Initial tests on skin cells showed that low doses of bleach could block a chemical that triggers the immune system’s inflammatory response. In tests on mice, bleach baths could reduce the damage caused by exposure to radiation. Radiotherapy during cancer treatment destroys the target tumour, but can also lead to large, sore, red areas on the skin akin to sunburn. “We showed that a simple bath ameliorates the nasty effects of radiation injury,” dermatologist Dr Thomas Leung told the BBC. He said the treatment had potential in other inflammatory skin diseases, including diabetic ulcers and bed sores and would be cheap. “There’s no treatment for these conditions and they affect tons of people.”I can’t say it is going to work, but this is a clinical treatment that we didn’t quite understand, we’ve applied it in mice and other diseases and we hope to translate it back into humans shortly.” ‘Potential’

Banho simples Testes iniciais em células da pele mostraram que doses baixas de água sanitária poderiam bloquear a substância química que desencadeia a resposta inflamatória do sistema imunológico. Nos experimentos feitos em ratos, os banhos com o produto conseguiram reduzir o dano causado pela exposição à radiação. A radioterapia, tratamento comum em pacientes com câncer, destrói o tumor, mas também pode deixar de hematomas na pele a queimaduras. “Nós mostramos que um simples banho melhora os efeitos desagradáveis dos danos causados pela radiação”, afirmou à BBC o dermatologista Thomas Leung. Leung disse que a substância também poderia ser usada para o tratamento de outras doenças inflamatórias da pele, como úlceras diabéticas ou necroses. “Ainda há muito o que se estudar sobre esse tratamento e esperamos poder testá-lo em humanos em breve”, afirmou Leung.

Further experiments on old mice suggested that bleach was also making the skin younger. After two weeks of bleach baths, the mice developed thicker skin and showed signs of more skin cells being produced. However, this was seen only under a microscope. The mice did not appear younger. Dr Graham Johnston, of the British Association of Dermatologists, said inflammatory skin conditions were “extremely common”. “Although dilute bleach baths are not commonly used in the UK, this research opens up the potential for new clinical treatments in the future. However, it is worth noting that this research is just the beginning, and although the science is sound, there are yet to be human clinical trials. Though dilute bleach baths can be used to treat eczema, it is important to discuss treatment options with your dermatologist first. I cannot emphasise enough that it is very important that individuals with inflammatory conditions do not apply bleach directly to their skin. We often see patients with severe reactions to even mild bleaches, and I would recommend that people with inflamed or broken skin avoid contact with bleach in those areas.”

Potencial Outros experimentos em ratos velhos também indicaram que a água sanitária poderia rejuvenescer a pele. Após duas semanas de banhos com o produto, os animais desenvolveram uma pele mais grossa e mostraram sinais de que estavam produzindo mais células da pele. No entanto, isso foi observado apenas pelo microscópio. Sem a ajuda do aparelho, os ratos não pareciam mais jovens. Graham Johnston, da Associação Britânica de Dermatologistas, disse que problemas de inflamações na pele são “extremamente comuns”. “Apesar de banhos de água sanitária diluída não serem comumente usados no Reino Unido, essa pesquisa abre a possibilidade de novos tratamentos clínicos no futuro. No entanto, é importante ressaltar que esse estudo é apenas o começo, e embora a ciência acerte em muitos casos, os testes ainda precisam ser realizados em seres humanos.Por isso, não recomendo que pacientes com problemas de pele tomem banho de água sanitária. Muitas vezes, recebo pacientes com reações graves até mesmo a alvejantes leves”, alertou. Fonte: James Gallagher, Repórter de Ciência e Saúde da BBC News OM 32

Source: By James GallagherHealth and science reporter, BBC News


ENDOCRINOLOGIA

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Colesterol ‘alimenta’ câncer de mama, diz estudo.

Cholesterol ‘ fuels’ breast cancer.

ntidades que combatem câncer de mama não recomendam uso de estatina e pedem mais estudos Um estudo feito por cientistas nos Estados Unidos afirma que um subproduto do colesterol pode ajudar o câncer de mama a crescer e se espalhar pelo corpo. pesquisa sugere que o uso de medicamentos que diminuem o nível de colesterol – as chamadas estatinas – pode prevenir tumores. O trabalho, que foi publicado na revista científica Science, ajuda a explicar por que a obesidade é um dos principais fatores de risco da doença. No entanto, organizações que trabalham na conscientização e combate ao câncer de mama alertaram que ainda é muito cedo para recomendar o uso de estatinas na prevenção de tumores. Hormônios A obesidade já é considerada um fator de risco em diversos outros tipos de câncer, como mama, intestino e útero. A gordura em pessoas acima do peso faz com que o corpo produza mais hormônios como o estrogênio, que pode facilitar a disseminação de tumores. O colesterol é “quebrado” pelo corpo em um subproduto chamado 27HC, que tem o mesmo efeito do estrogênio. Pesquisas feitas com camundongos por cientistas do Duke University Medical Centre, nos Estados Unidos,

by-product of cholesterol can fuel the deadly growth and spread of breast cancer, according to a group of scientists. It raises the prospect that taking cholesterol-lowering drugs called statins could prevent cancer. The work, published in the journal Science, helps explain why obesity is a major risk factor for the disease. However, cancer charities cautioned that it was too soon to advise women to take statins. Obesity has been linked with many cancers including those of the breast, bowel and womb. The fat in overweight people can pump out hormones, such as oestrogen, which drive the growth of cancers. A team at Duke University Medical Centre, in the US, showed that cholesterol was having a similar effect. Cholesterol is broken down by the body into 27HC, which can mimic oestrogen and produce the same effect as the hormone in some tissues. Experiments on mice showed that a high fat diet increased levels of 27HC in the blood and led to tumours that were 30% larger than in mice on a normal diet. Tumours were also more likely to spread. And human breast cancer

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ENDOCRINOLOGY tissue grew more quickly in the laboratory when it was fed 27HC. One of the researchers Prof Donald McDonnell said: “A lot of studies have shown a connection between obesity and breast cancer, and specifically that elevated cholesterol is associated with breast cancer risk, but no mechanism has been identified. “What we have now found is a molecule - not cholesterol itself, but an abundant metabolite of cholesterol - called 27HC that mimics the hormone oestrogen and can independently drive the growth of breast cancer.” Treatment

demonstraram que dietas ricas em colesterol e gordura aumentaram os níveis de 27HC no sangue, provocando tumores que eram 30% maiores, se comparados a animais que estavam com uma alimentação regular. Nos camundongos com dieta rica em gordura, os tumores também se espalharam com maior frequência. Testes feitos com tecidos humanos contaminados com câncer de mama também cresceram mais rapidamente quando injetados com 27HC. “Vários estudos mostraram uma conexão entre obesidade e câncer de mama, e mais especificamente que o elevado colesterol está associado ao risco de câncer de mama, mas nenhum mecanismo foi identificado”, afirma o pesquisador Donald McDonnell, que liderou o estudo. “O que achamos agora é uma molécula, não o próprio colesterol, mas um subproduto abundante do colesterol, chamado 27HC, que imita o hormônio estrogênio e consegue de forma independente provocar o crescimento do câncer de mama.” Mais pesquisa

The researchers say their findings raise the prospect that lowering cholesterol can lower the risk of breast cancer developing. Statins are already taken by millions of people to cut the risk of heart disease. However, studies have already suggested statins can cut the risk of breast cancer. A healthier diet is another way to cut levels of cholesterol in the bloodstream. Dr Hannah Bridges, from leading charity Breakthrough Breast Cancer, says: “Up until now research into the links between cholesterol levels, use of statins and breast cancer risk has been inconclusive. “The results from this early study are promising and if confirmed through further research could increase our understanding of what causes some breast cancers to develop.” Dr Emma Smith, from Cancer Research UK, said: “This study is intriguing as it shows for the first time a direct link between cholesterol and breast cancer in mice - but it’s too early to say how this knowledge might help tackle breast cancer in the future. “As things stand, until we know more about the effects of statins on cancer risk, the best ways to cut the risk of developing breast cancer are to stay a healthy weight, cut down on alcohol and keep active.”

Além de uso estatinas, colesterol pode ser reduzido evitando dietas com muita gordura As estatinas já são usadas hoje em dia por milhões de pessoas para combater doenças cardíacas. Agora há estudos sugerindo que elas podem ajudar na prevenção ou combate ao câncer. Mas entidades que lidam com saúde feminina não recomendam que as mulheres passem a tomar estatina por esse motivo. “Até agora pesquisas que relacionam níveis de colesterol, uso de estatina e risco de câncer de mama ainda são inconclusivas”, diz Hannah Bridges, porta-voz da Breakthrough Breast Cancer, entidade britânica de combate ao câncer de mama. “Os resultados deste estudo inicial são promissores e se confirmados através de mais pesquisas podem aumentar nossa compreensão sobre o que faz com que alguns tipos de câncer de mama se desenvolvam.” Emma Smith, porta-voz de outra instituição, a Cancer Research UK, também afirma que ainda é “cedo demais” para que as mulheres passem a tomar estatina. As duas entidades dizem que o colesterol pode ser combatido por meios alternativos ao uso de estatina. Uma forma é através de uma dieta mais saudável e de exercícios regulares.

Fonte: James Gallagher, Repórter de Ciência e Saúde da BBC News OM 34

Source: By James GallagherHealth, and science reporter, BBC News



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Consumo de frutas secas ajuda a prolongar a vida, diz estudo.

Eating nuts ‘may prolong life’ study says.

essoas que consomem regularmente oleaginosas como nozes, amêndoas e avelãs têm tendência a viver mais, segundo uma pesquisa feita por cientistas americanos. O estudo, divulgado na publicação científica New England Journal of Medicine, indica que os mais beneficiados são aqueles que consomem diariamente uma porção – nesses casos, os analisados tiveram uma queda de 20% na taxa de mortalidade durante o período de 30 anos de pesquisa, em comparação com outras pessoas que não consumiram as frutas secas. Os cientistas que fizeram o estudo disseram que, apesar de as pessoas que consumem regularmente essas oleaginosas em geral terem um estilo de vida mais saudável, o consumo em si também contribui para uma vida mais longa. Porém, segundo a British Heart Foundation, uma organização não-governamental britânica que faz pesquisas e campanhas de conscientização sobre males cardíacos, mais estudos são necessários para comprovar a relação entre longevidade e o consumo dessas frutas secas.

eople who regularly eat nuts appear to live longer, according to the largest study of its kind. The findings, published in the New England Journal of Medicine, suggested the greatest benefit was in those munching on a daily portion. The US team said nut eaters were likely to also have healthy lifestyles, but the nuts themselves were also contributing to their longer lifespan. The British Heart Foundation said more research was needed to prove the link

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Results The study followed nearly 120,000 people for 30 years. The more regularly people consumed nuts, the less likely they were to die during the study. 37 OM


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Resultados O estudo acompanhou cerca de 120 mil pessoas ao longo das três décadas e constatou que quanto mais as pessoas consumiam regularmente as oleaginosas menos provável era que elas morressem durante o estudo. Aqueles que consomem essas frutas uma vez por semana mostraram ser 11% menos propensos a morrer durante a pesquisa do que aqueles que nunca as comiam. O consumo de até quatro porções semanais foi associado a uma redução de 13% no número de mortes, e o consumo de um punhado de oleaginosas por dia reduziu em um quinto a taxa de mortalidade durante o estudo. O principal responsável pela pesquisa, Charles Fuchs, do Dana-Farber Cancer Institute nos Estados Unidos, explicou que “o benefício mais óbvio foi a redução de 29% de mortes por doença cardíaca, mas nós vimos também uma redução significativa, de 11%, no risco de morte por câncer.” A pesquisa também concluiu que, em geral, pessoas que comem as frutas secas têm um estilo de vida mais saudável. Elas se exercitam mais, são menos obesas e fumam menos. Esse fato foi levado em consideração durante o estudo. No entanto, os pesquisadores reconhecem que isso não elimina das conclusões do estudo todas as diferenças possíveis existentes entre aqueles que consumem regularmente as oleaginosas e aqueles que não. No entanto, eles disseram que era “improvável” que esse fator, estilo de vida, tenha impacto suficiente para alterar as conclusões da pesquisa. Eles dizem que as frutas secas de fato parecem colaborar para reduzir os níveis de colesterol, inflamações e a resistência à insulina. Mais pesquisa Para Victoria Taylor, nutricionista do British Heart Foundation, “este estudo mostra uma relação entre comer regularmente um pequeno punhado de oleaginosas e um menor risco de morte por doença cardíaca.” “Embora esta seja uma associação interessante, precisamos de mais pesquisas para confirmar que são essas frutas que protegem a saúde do coração, e não outros aspectos relacionados ao estilo de vida das pessoas. “Frutas oleaginosas contêm gorduras insaturadas, proteínas e uma variedade de vitaminas e minerais, e são ótimas substitutas para barras de chocolate, bolos e biscoitos na hora do lanche.” “A escolha pelas simples, sem sal, em detrimento das que tem mel, são assadas ou cobertas por chocolate, mantém o nível ingerido de sal e açúcar baixo.” O estudo foi financiado pelo National Institutes of Health e pelo International Tree Nut Council Nutrition Research & Education Foundation, ambos dos Estados Unidos.O colesterol é “quebrado” pelo corpo em um subproduto chamado 27HC, que tem o mesmo efeito do estrogênio. Pesquisas feitas com camundongos por cientistas do Duke University Medical Centre, nos Estados Unidos,

Fonte: James Gallagher, Repórter de Ciência e Saúde da BBC News OM 38

People eating nuts once a week were 11% less likely to have died during the study than those who never ate nuts. Up to four portions was linked to a 13% reduction in deaths and a daily handful of nuts cut the death rate during the study by 20%. Lead researcher Dr Charles Fuchs, from the Dana-Farber Cancer Institute and Brigham and Women’s Hospital, said: “The most obvious benefit was a reduction of 29% in deaths from heart disease, but we also saw a significant reduction - 11% - in the risk of dying from cancer.” Eating nuts was linked to a healthier lifestyle - including being less likely to smoke or be overweight and more likely to exercise. This was accounted for during the study, for example to eliminate the impact of smoking on cancer rates. The researchers acknowledge that this process could not completely account for all of the differences between those regularly eating nuts and those not. However, they said it was “unlikely” to change the results. They suggest nuts are lowering cholesterol, inflammation and insulin resistance. Victoria Taylor, senior dietician at the British Heart Foundation, said: “This study shows an association between regularly eating a small handful of nuts and a lower risk of death from coronary heart disease. “While this is an interesting link, we need further research to confirm if it’s the nuts that protect heart health, or other aspects of people’s lifestyle. “Nuts contain unsaturated fats, protein and a range of vitamins and minerals and make a good swap for snacks like chocolate bars, cakes and biscuits. “Choosing plain, unsalted options rather than honeyed, salted, dry-roasted or chocolate-covered will keep your salt and sugar intake down.” The study was funded by the US National Institutes of Health and the International Tree Nut Council Nutrition Research & Education Foundation. Source: By James GallagherHealth, and science reporter, BBC News


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A influência da cultura no comportamento alimentar dos adolescentes: uma revisão integrativa das produções em saúde.

The influence of culture on eating behavior of adolescents: an integrative review of the productions in healthcare.

desenvolvimento humano é um processo multidimensional, que ocorre durante o curso de vida, contextualizado por fatores biológicos, psicológicos, socioculturais e históricos que determinam as transformações. Os profissionais que integram a equipe de saúde vêm desenvolvendo um olhar aprofundado sobre o desenvolvimento humano na perspectiva do curso de vida, que inclui todos os ciclos que estão além dos aspectos biológicos e de saúde e doença. E este trabalho já aponta neste sentido. Entendemos a adolescência como uma etapa da vida humana que pode ser vista em cores, vibrações, sentimentos, dinamismo e sensibilidade. Tal visibilidade vai ocorrer de acordo com o significado que a ela for dado pelos envolvidos. Destacamos que a experiência do adolescer é universal, mas também é um período peculiar na evolução do ser humano,

uman development is a multidimensional process that occurs during the course of life, within the context of biological, psychological, social, cultural and historical factors that shape sweeping changes. The practitioners in the healthcare team have been developing a detailed approach to human development from the lifespan standpoint, which includes all cycles that extend beyond biological aspects, as well as health and disease. This paper is also focused in this direction We view adolescence as a stage in human life that may be seen as color, excitement, feelings, dynamism and sensitivity. This visibility will occur according to the meaning assigned to it by the people involved. We stress that the experience of moving through adolescence is universal, although it is also a specific stage in the development of

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ou seja, todos os indivíduos vivenciam esse processo na transição da infância à fase adulta. A adolescência pode ser delimitada por tempo de vida. A organização Mundial da Saúde (OMS) a delimita como a segunda década de vida, dos 10 aos 19 anos. E o Ministério da Saúde toma por base esse conceito. Esse período é marcado por transformações físicas e psicossociais, bem como por conflitos relacionados a incertezas, inseguranças, construção e conhecimento da própria imagem corporal, auto-estima e identificação de pares, além das instabilidades familiares e sociais. Consoante a isto, e por nos aprofundarmos em estudos relativos à saúde dos adolescentes, optamos por realizar uma busca nas produções científicas relacionadas a este tema. Atualmente realizamos um projeto de extensão, denominado Projeto Adolescer, onde são desenvolvidas oficinas lúdico-pedagógicas com adolescentes de duas escolas de ensino fundamental de Santa Maria-RS. Nestas oficinas abordamos temáticas presentes na vida dos adolescentes, como sexualidade, drogas, violência, comportamento, bullying, entre outras. Em vista disso, acreditamos que, como profissionais da saúde que trabalham com adolescentes, necessitamos atualizar nosso conhecimento e aprimorar a técnica de trabalho, conhecendo estudos relativos ao tema em outros locais na visão de outros profissionais. Entendemos, a partir de experiências vividas no referido projeto, que as representações culturais do corpo humano feminino/masculino manifestam-se de diferentes formas de acordo com: a estrutura familiar, a situação econômica, a religião, o meio social, o ciclo de vida, entre outros fatores. Considerando que os hábitos alimentares também fazem parte desta representação, percebemos que a alimentação está circundada por uma série de interferências: a história de vida do adolescente, o comportamento alimentar pregresso na sua infância, as crenças e os mitos alimentares, a influência da mídia no culto ao corpo e a boa forma física, o cenário social em que estão inseridos e também a interferência dos profissionais de saúde. No tocante à atenção à saúde dos adolescentes - que está pautada em diretrizes advindas do Ministério da Saúde e que consolidam os princípios de integralidade encontrados na Política de Atenção integral à Saúde de Adolescentes e Jovens - é preconizada a atenção integral a esse segmento OM 40

NUTRITION human beings, meaning that everyone must go through this time of transition between childhood and adulthood. Adolescence may be demarcated in terms of a lifetime. The World Health Organization (WHO) demarcates it as the second decade of life, between 10 and 19 years old, with the Brazilian Ministry of Health also working with this concept. This time is characterized by physical, social and psychological changes, as well as by conflicts triggered by uncertainty insecurity, construction and knowledge of the body image, self-esteem and peer identification, in addition to family turbulence and social instability. As a result, and being deeply involved in studies of adolescent health, we decided to conduct a survey of scientific output related to this topic. We are currently conducting an extension project for adolescents called the Projeto Adolescer, which runs learning-through-play workshops for adolescents at two schools primary schools in Santa Maria, Rio Grande do Sul State. At these workshops, we address topics found in the lives of these adolescents, such as sexuality, drugs, violence, behavior, bullying and others. Consequently, we believe that, as healthcare practitioners working with adolescents, we must update our knowledge and fine-tune our working techniques, exploring studies related to this topic at other locations, through the eyes of other practitioners. Based on our experiences with this project, we understand that the cultural representations of the male and female human body are expressed in different ways, depending on family structure, economic status, religion, social context, life cycle and others factors. As eating habits are also part of this representation, we perceived that eating is surrounded by a set of interventions: the life story of the adolescent, previous eating behavior during childhood, beliefs and myths about food, the influence of the media on the cult of the body and being fit, their social surroundings and the intervention of healthcare practitioners. With regard to adolescent healthcare - which is grounded on guidelines issued by the Ministry of Health that consolidate the principles of comprehensive care enshrined in the Policy in Comprehensive Healthcare for Adolescents and Young People - comprehensive care is stipulated for this segment of the population, bearing in mind the specific needs of adolescents and youngsters, the social, economic


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populacional, considerando as necessidades específicas de adolescentes e jovens, as características socioeconômicas e culturais da comunidade à qual pertencem, bem como as diferenças de gênero, raça e religião. Destacando as diretrizes advindas do Ministério da Saúde vigentes na política, percebemos o pouco enfoque que é dado à nutrição dos adolescentes, em vista a tantos agravos na saúde que hoje existem relacionados à obesidade e transtornos alimentares. Nas produções científicas, poucas pesquisas enfocam a alimentação na adolescência e a influência que a cultura exerce sobre a mesma. Entendemos a alimentação dos adolescentes como um cuidado de todos os profissionais da saúde que prestam atendimento aos mesmos, seja na atenção básica ou assistência terciária. Este cuidado necessita ser integral, incluindo, assim, os aspectos culturais que envolvem suas condições nutricionais. Logo, este estudo tem como objetivo conhecer a produção bibliográfica acerca da influência da cultura no comportamento alimentar dos adolescentes. Métodos O estudo realizado consiste em uma pesquisa bibliográfica integrativa, a qual se caracteriza como uma síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto que possibilita aos profissionais de saúde o acesso a resultados relevantes de pesquisas para fundamentar a prática profissional a partir de um saber crítico. A revisão integrativa é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, permitindo a inclusão de estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. Combina, também, dados da literatura teórica e empírica, além de incorporar um vasto leque de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e evidências, e análise de problemas metodológicos de um tópico particular.

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and cultural characteristics of the community to which they belong, as well as differences in gender, race and religion. Highlighting the guidelines issued by the Ministry of Health on this Policy, we realize that little attention is paid to adolescent nutrition, particularly in view of the many health threats that are today abound, related to obesity and eating disorders. In scientific papers, few surveys focus on adolescent nutrition and the influence of culture on diet. We believe that adolescent nutrition is a matter of concern for all healthcare practitioners attending these youngsters, through either primary or tertiary facilities. This care must necessarily be comprehensive, thus including cultural aspects that encompass their nutritional status. Consequently, the purpose of this study is to explore bibliographic output on the influence of culture on the eating behavior of adolescents. Methods This study consists of an integrative review of the literature, characterized as a synthesis of the current status of knowledge of a specific topic that allows healthcare practitioners to access important findings presented by surveys that can underpin professional practice based on critical knowledge. A comprehensive review is the broadest methodological approach to reviews, allowing the inclusion of experimental and non-experimental studies in order to ensure a full understanding of the phenomenon under analysis. It also includes data from theoretical and empirical literature, as well as encompassing a broad range of purposes: definition of concepts, reviews of theories and evidence and analyses of the methodological problems of a specific topic. We conducted a survey in the LILACS and ADOLEC electronic databases in March 2012. 41 OM


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Realizamos a busca nas bases eletrônicas de dados LILACS e ADOLEC em março de 2012. Utilizamos como descritor oficial “adolescente” e buscamos no modo avançado pelas palavras: alimentação OR hábitos alimentares e cultura OR aspectos culturais. Os critérios de inclusão foram: artigos de periódicos disponíveis na íntegra em meio eletrônico e ano de publicação a partir do ano de 1989, com a implementação do PROSAd - Programa de Saúde do Adolescente - como marco temporal. Após, realizamos o cruzamento das bases de dados para excluir os estudos que se repetiam. Foram selecionados primeiramente seis artigos, e após a leitura dos resumos de todos estes, foram selecionados quatro que vinham ao encontro do objetivo deste estudo. Os dados foram coletados e organizados em uma ficha de extração de dados (Tabela 1) contendo: título do artigo; periódico de publicação; ano e local de publicação; área do conhecimento; tipo de pesquisa (classificação da produção científica quanto à revisão de literatura, pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo ou pesquisa documental); abordagem metodológica (qualitativa e/ou quantitativa); cenário (instituição na qual se realizou a pesquisa) e, por fim, objetivos do estudo.

NUTRITION Using the official descriptor of “adolescent” we then conducted an advanced search with the following words: nutrition OR eating habits and culture OR cultural aspects. The inclusion criteria were: papers published in periodicals and available in full through electronic media, published from 1989 onwards, with the implementation of the Adolescent Health Program (PROSAD) as the time-related milestone. We then cross-referenced the databases in order to exclude repeated studies. Initially, six papers were selected and, having read their abstracts, four were selected that matched the objective of this study. The data were collected and organized into a data extraction sheet (Table 1) containing: the title of the paper; the periodical in which it was published; the year and place of publication; field of knowledge; type of survey (classification of scientific output as review of the literature, bibliographical survey, field survey or documentary survey); methodological approach (qualitative and / or quantitative); setting (institution where the survey was conducted) and finally, the objectives of the study.

The data were analyzed as set forth in Minayo, who established a theme-specific analysis through the following steps: (1) identification of the key ideas; (2) comparison among the different ideas presented in the texts; (3) discovery of the main ideas underpinning the arguments presented by the authors on the issues under investigation (4) preparation of a critical discourse grounded on the stances adopted by the authors of the papers analyzed. Through this analysis, it was possible to find the similarity between papers on a specific topic. Analysis of the results Os dados foram analisados conforme Minayo, que prevê a análise temática de acordo com os seguintes passos: (1) identificação das ideias centrais; (2) comparação entre as diferentes ideias presentes nos textos; (3) descoberta de eixos em torno dos quais giram os argumentos dos autores acerca das questões investigadas e (4) elaboração de um discurso crítico a partir dos posicionamentos dos autores dos artigos estudados. A partir desta análise, foi possível encontrar a semelhança entre os artigos em um núcleo temático. OM 42

Among the selected studies, 50% were found in multidisciplinary health journals, while the other 50% were in periodicals focused specifically on nutrition, with most of the papers on this topic being specifically in the field of nutrition. However, we believe that diet and nutrition is as aspect that requires care and attention from all practitioners. In terms of the methodological approach, 50% resulted from qualitative surveys, with 25% quantitative surveys and 25% quanti-qualitative surveys. In terms of the type of survey, 75% involved field work, and only 25% were limited to the literature.


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Análise dos resultados Dentre os estudos selecionados, 50% foram encontrados em revistas multidisciplinares de saúde e os outros 50% em periódicos específicos de nutrição, porém a maioria das produções relativas ao tema era específica da área de nutrição. No entanto, entendemos que a alimentação dos indivíduos é um cuidado que permeia a atenção de todos profissionais que os assistem. Em relação à abordagem metodológica, 50% resultam de pesquisas qualitativas, enquanto 25% de pesquisas quantitativas e 25% são quanti-qualitativas. Em relação ao tipo de pesquisa, 75% eram de campo e apenas 25% bibliográfica. A partir da leitura dos artigos na íntegra, constituímos a categoria do tema mais prevalente nos estudos, que foi o “comportamento alimentar dos adolescentes: construções sociais”. Comportamento alimentar dos adolescentes: construções sociais No que diz respeito à cultura alimentar, parte dos estudos traz a valorização do ato de comer e cozinhar de uma forma saudável e nutritiva aos adolescentes. Destacam que este ato é uma prática social, carregada de simbolismo, significado, história e identidade de um grupo de pessoas. Na adolescência, os aspectos psicossociais não vão influenciar apenas os processos de nutrição, mas sim, de acordo com os estudos, a busca da personalidade, a aceitação do próprio corpo que está se transformando e também a identificação com os pares. Relacionando a alimentação e a adolescência, encontramos também que o “estilo jovem de ser” passa a ser marca registrada, sendo um estilo de vida representado por expressões características, como, por exemplo, o consumo de hambúrguer, Coca-Cola e outros alimentos pouco saudáveis. Este fato levanta a questão importante de que a mídia tem grande influência sobre a opinião dos adolescentes, seja por meio da televisão ou de redes sociais. O surgimento do adolescente como ator consciente de si mesmo é cada vez mais reconhecido pelos fabricantes industriais de alimentos, que conseguem chegar até o jovem com slogans atrativos, comerciais joviais e uma linguagem moderna e convincente. Percebemos que, hoje, a alimentação de diferentes culturas está sofrendo mudanças em todo mundo, sendo motivo de preocupação, pois os adolescentes estão trocando os alimentos naturais por alimentos pouco saudáveis. Atualmente a tendência mundial é o consumo excessivo de calorias típicas das sociedades industriais. Antigamente, comia-se para viver e hoje o consumismo induz a “viver para comer”. No tocante à promoção da saúde e à prevenção de algumas enfermidades desencadeadas pela má alimentação, é necessário que ocorram mudanças nos hábitos alimentares destes adolescentes. Um estudo traz a questão da adesão à prática de atividade física e, assim, à busca por melhores condições de vida e saúde, visto que a obesidade é, na maioria dos casos, o resultado destes comportamentos poucos saudáveis. A mudança dos hábitos alimentares das pessoas, principalmente dos adolescentes brasileiros, é preocupante por trazer consequências desagradáveis. Os adolescentes priorizam e tendem a viver o momento, não se preocupando com as consequências de seus hábitos alimentares a longo prazo. Em um estudo encontrado nesta revisão, aparece a participação da família, em especial da mãe biológica ou não, no que tange às ques-

Having read the papers in full, we noted that the most prevalent theme for the studies was: “Eating Behavior of Adolescents: Social Constructs”. Eating behavior of adolescents: social constructs With regard to eating culture, some of the studies stressed the importance of eating and cooking in a healthy and nutritional manner for adolescents. They stressed that this is a social act, endowed with symbolism and meaning, reflecting the history and identity of a group of people. During adolescence, psychosocial aspects do not influence only nutritional processes, but also, according to the studies, the search for personality, acceptance of a changing body and peer identification. Relating eating habits and adolescence, we also noted that the “youthful lifestyle” is becoming a registered trademark, with this lifestyle being represented by characteristic expressions, such as consuming hamburgers, Coca-Cola and other unhealthy foods. This fact raised the important issue that the media is has a powerful influence over the views of adolescents, through either television or social networks. The appearance of the adolescents as players aware of themselves is being acknowledged to an increasing extent by industrial food manufacturers, who reach out to these youngsters with catchy slogans, amusing advertisements and a modern, compelling language. 43 OM


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tões de alimentação de seus filhos. Os ensinamentos de hábitos saudáveis estão presentes nas preocupações cotidianas das mães, que não querem falhar nesta tarefa e garantir melhores condições de saúde aos seus filhos. Alguns estudos, mostram que a refeição junto à família ainda é importante, apesar de parecer que o padrão da família comendo junto está apenas no imaginário, sugerindo já não ser isto uma constante em nossos dias. Esta realidade depende muito dos hábitos do grupo e do meio em que se insere. A partir das considerações destes autores, conseguimos perceber que o adolescente de hoje tem seu comportamento alimentar muito influenciado pelo meio em que está inserido. Desta forma, acreditamos ser de suma importância a realização de mais estudos que abarquem o adolescente e sua cultura, visto que somos seres culturais e nossas atitudes, decisões e manifestações nada mais são que elementos de uma teia repleta de significados construída ao longo de nossas vidas, de acordo com o que vivemos, fizemos, com quem vivemos, enfim, com o universo do qual fazemos parte. As pessoas estão sujeitas a inúmeras influências, que se expressam através de símbolos e se organizam a partir de concepções e conceitos na busca de significados. É preciso, como pesquisador, buscar o entendimento cultural, e mais, descobrir o acesso a tal interpretação. Conclusões Alguns estudos trazem o dilema vivenciado pelos adolescentes entre consumir alimentos que os identificam como alguém moderno, descontraído, correspondente aos padrões da mídia e da maioria dos outros adolescentes ou adotar hábitos saudáveis de vida que tragam benefício à saúde. No caso dos maus hábitos, vale ressaltar, a saúde dos adolescentes pode estar sendo comprometida, como, por exemplo, pelo excesso de peso. OM 44

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We note today that the diets of many different cultures are changing all over the world, causing concern, as adolescents are replacing natural foods by unhealthy items. Currently, there is a global trend towards excessive calorie consumption, typical of industrial societies. Formerly, people ate to live, while today consumerism encourages them to “live to eat”. In terms of promoting health and preventing some diseases triggered by poor diet, changes are required in the eating habits of these adolescents. One study explores the issue of involvement in physical activities, thus seeking better life and health conditions, as obesity is generally the outcome of this unhealthy type of behavior. Changing people’s eating habits, particularly among Brazilian adolescents, is a matter of concern, with unpleasant consequences. These adolescents assign high priority to living in the moment, unconcerned with the consequences of their eating habits over the long term. Family participation appeared in a study found in this review, specially the role played by mothers, whether biological or not, in terms of the foods eaten by their children. Teaching healthy habits is a matter of daily concern for mothers, who do not want to fail in this task, ensuring better health for their children. Some studies, show that family meals are still important, although it seems that it is no longer a standard practice for families to eat together, now being merely an imaginary occasion, and suggesting that this is not a constant factor today. In actual fact, this depends heavily on the habits of the group and their surroundings.


NUTRIÇÃO O comportamento alimentar não deve ser visto apenas como o conjunto de práticas observadas empiricamente (o quê e o quanto se come), mas inserido nas suas dimensões socioculturais e psicológicas. A concepção que o profissional tem de saúde e promoção da saúde influencia significativamente a sua prática com estes adolescentes. O conceito de saúde e de promoção da saúde mais amplo, como qualidade de vida, direciona a atuação do profissional, possibilitando a este desenvolver uma visão aprimorada do contexto socioeconômico e cultural do adolescente. Também favorece o conhecer, compreender e considerar os fatores determinantes e condicionantes como indicadores que ampliam ou reduzem as vulnerabilidades deste grupo. Após este estudo bibliográfico, obtivemos uma razão concreta para estudarmos de forma mais minuciosa a adolescência, os hábitos de vida dos adolescentes, envolvendo assim os aspectos culturais. Entendemos que, nesta direção, é possível prestar um cuidado mais humanizado e integral, respeitando crenças, valores e hábitos dos adolescentes. Sabemos que os adolescentes vivem uma pressão social pela estética, em função da mídia que traz o conceito do magro ser belo. Por esta razão, acreditávamos, no início desta busca, que encontraríamos mais estudos nesta direção; contudo, não encontramos estudos nacionais publicados em forma de artigo que retratam isso numa perspectiva cultural.

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Based on the remarks of these authors, we were able to perceive that the eating habits of today’s adolescents are strongly influenced by their surroundings. We thus believe that it is of the utmost importance to conduct more studies focused on adolescents and their culture, as we are cultural beings and our attitudes, decisions and expressions are no more than elements in a fabric packed with meanings that is woven in the course of our lives, shaped by the way we live, what we do, and the people we live with, as well as the universe of which we are a part. People are subject to countless influences that are expressed through symbols and organized on the basis of conceptions and concepts in the quest for meanings. As a researcher, it is necessary to strive to achieve this cultural understanding, and also discover the path offering access to this interpretation. Conclusions Some studies express the dilemma experienced by adolescents between consuming food that they identify as being cool and modern, reflecting the standards presented in the media and accepted by most other adolescents, or opting for healthy habits that will benefit their health. It must be stressed that poor habits may well undermine the health of these adolescents, such as becoming overweight, for example. Eating behavior should not be viewed merely as a set of practices that are observed empirically (what is eaten and when), but must rather be examined within their social, cultural and psychological dimensions. The concept of health and health promotion pursued by practitioners significantly influences their approaches to these adolescents. A broader concept of health and health promotion that encompasses quality of life steers the activities of the practitioner towards developing a more accurate vision of the social, economic and cultural contexts of these adolescent. It also fosters an understanding, comprehension and consideration of determining and conditioning factors as indicators that heighten or lessen the vulnerabilities of this group. Through this survey of the literature, we obtained a concrete reason to study adolescence in greater details, as well as the living habits of these adolescents, thus encompassing cultural aspects. We believe that, by moving in this direction, it is possible to offer more humane, comprehensive care that respects the beliefs, values and habits of adolescents. We know that adolescents are subject to social pressures based on appearance, shaped by the media that spotlights the concept of thin as being beautiful. This is why we believed, at the start of the survey, that we would find more studies in this field; however, we did not find any Brazilian studies published as papers portraying this from a cultural standpoint.

Carolina Carbonell dos Santos. Enfermeira Mestranda - UFSM. Santa Maria, RS, Brasil. Lúcia Beatriz Ressel. Enfermeira. Doutora em Enfermagem - Professora Associada do Departamento de Enfermagem - UFSM. Santa Maria, RS, Brasil. Camila Neumaier Alves. Enfermeira Mestranda - UFSM. Santa Maria, RS, Brasil. Laís Antunes Wilhelm. Enfermeira Mestranda - UFSM. Santa Maria, RS, Brasil. Karine Eliel Stumm. Enfermeira Mestranda - UFSM. Santa Maria, RS, Brasil. Silvana Cruz da Silva. Enfermeira Mestranda - UFSM. Santa Maria, RS, Brasil. Carolina Carbonell dos Santos. Nurse. Master’s Degree student, Santa Maria Federal University (UFSM). Santa Maria, Rio Grande do Sul State, Brasil. Lúcia Beatriz Ressel. Nurse. PhD student in Nursing - Associate Professor, Nursing Department, Santa Maria Federal University (UFSM). Santa Maria, Rio Grande do Sul State, Brasil. Camila Neumaier Alves. Nurse. Master’s Degree student, Santa Maria Federal University (UFSM). Santa Maria, Rio Grande do Sul State, Brasil. Laís Antunes Wilhelm. Nurse. Master’s Degree student, Santa Maria Federal University (UFSM). Santa Maria, Rio Grande do Sul State, Brasil. Karine Eliel Stumm. Master Student Nurse - UFSM. Santa Maria, RS, Brazil. Silvana Cruz da Silva. Master Student Nurse - UFSM. Santa Maria, RS, Brazil. 45 OM


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OFTALMOLOGIA

OPHTHALMOLOGY

Epidemiologia da alergia ocular e comorbidades em adolescentes.

Epidemiology of ocular allergy and comorbidities in adolescents.

lergia ocular (AO) é um termo geral para descrever diferentes fenótipos, com conjuntivite alérgica sazonal e perene representando a maioria dos diagnósticos. Várias doenças, como ceratoconjuntivite atópica e ceratoconjuntivite primaveril, afetam um pequeno número de pacientes. Existem poucos dados sobre a epidemiologia da AO. As alergias são consideravelmente subnotificadas e a incidência possui uma grande variação, dependendo da localização geográfica, que interfere nas estimativas da prevalência de AO. Uma pesquisa realizada pelo Colégio Americano de Alergia, Asma e Imunologia mostrou que 35% das famílias entrevistadas apresentaram alergias, das quais mais de 50% relataram sintomas oculares associados. A importância dos resultados da AO são principalmente em virtude de sua frequência, que varia de 5 a 22% da população. Alguns estudos sugeriram o conceito de “uma única doença” para asma e rinite alérgica (RA). Dados recentes também sugeriram que a conjuntivite alérgica pode ser parte desse grupo com base no fato de que a maioria dos pacientes que sofre de rinite alérgica também se queixa de sintomas oculares. Em contrapartida, foi mostrado que os sintomas de

cular allergy (OA) is a general term to describe different phenotypes, of which seasonal and perennial allergic conjunctivitis (AC) represent the majority of diagnoses. Severe conditions, such as atopic keratoconjunctivitis and vernal keratoconjunctivitis, affect a smaller number of patients. There are few data on OA epidemiology. Allergies are considerably underreported, and incidence has a wide variation depending on geographic location, which interferes with estimates on prevalence of OA. A survey conducted by the American College of Allergy, Asthma, and Immunology found that 35% of families interviewed experienced allergies, of which more than 50% reported associated eye symptoms.2 The importance of OA results mainly from its frequency, which ranges from 5% to 22% of the population. Some studies have proposed the concept of ‘one disease’ for asthma and allergic rhinitis. Recent data have also suggested that AC may be part of this entity, based on the fact that most patients suffering from allergic rhinitis also complain of ocular symptoms. In contrast, it has been shown that allergic ocular symptoms were the only manifestation of allergy in

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approximately 25% of allergic adults. OA is increasingly recognized as a distinct symptom that imposes its own burden on patient’s quality of life. In adolescents, most of the epidemiological data, including data from different phases of the International Study on Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), associate ocular symptoms with nasal symptoms, so it is difficult to separate the prevalence of AC from that of allergic rhinitis. This study aimed to determine the OA prevalence and co-morbidities in schoolchildren. Methods

alergia ocular foram a única manifestação em aproximadamente 25% dos adultos alérgicos. A AO é cada vez mais reconhecida como um conjunto de sintomas distintos que impõe sua própria carga e consequente redução na qualidade de vida do paciente. Em adolescentes, a maior parte dos dados epidemiológicos, incluindo aqueles de diferentes fases do Estudo Internacional de Asma e Alergias na Infância (ISAAC), associam os sintomas oculares aos nasais, sendo difícil separar a prevalência de conjuntivite alérgica da prevalência de rinite alérgica. Este estudo tem como objetivo determinar a prevalência e as comorbidades da AO em crianças em idade escolar. Métodos Estudo transversal realizado entre abril e maio de 2009, em Curitiba. A pesquisa abrangeu alunos de sétima e oitava séries para incluir, principalmente, alunos de 13 e 14 anos de idade, até um mínimo de 3.000 participantes. As informações com relação às escolas foram fornecidas pelo Departamento Estadual de Educação. Em 2009 havia 253 escolas em nossa cidade, que foram ordenadas de forma alfabética e randomizadas por computador. Esse tamanho da amostra é 90% capaz de detectar diferenças de 2% na prevalência em um nível de significância de 1%. As técnicas de administração da pesquisa seguiram o método padronizado da fase I do ISAAC. Os indivíduos preencheram um questionário validado incluindo oito itens sobre sintomas de alergia ocular e 11 itens relevantes sobre sintomas de asma, rinite e eczema atópico (EA) do principal questionário do ISAAC na faixa etária de 13 e 14 anos de idade. O termo alergia ocular foi definido como mais de três episódios de prurido ocular relatados nos últimos 12 meses. Os indivíduos com sintomas ocorrendo apenas entre setembro e dezembro e a temporada de pólen de gramíneas em nossa região foram classificados como apresentando sintomas sazonais, ao passo que os pacientes com sintomas ocorrendo na/fora da temporada de pólen de gramíneas foram classificados como apresentandosintomas perenes. Para investigar a carga da alergia ocular, perguntamos às crianças o quanto o problema com os olhos interferiu nas atividades diárias nos últimos 12 meses.

This was a cross-sectional study conducted between April and May of 2009 in Curitiba, State of Paraná, Brazil. The survey reached students of seventh and eighth grades to include most of 13 and 14 year olds up to a minimum of 3,000 participants. Information regarding the schools was provided by the Paraná Department of Education. In 2009, there were 253 schools in Curitiba, which were alphabetically ordered and randomized by computer. This sample size has power of 90% to detect differences of 2% in prevalence at 1% significance level. The survey administration techniques followed the ISAAC phase I standardized method. Subjects fulfilled a validated questionnaire from the ISAAC core questionnaire for 13 and 14 year olds, which comprised eight items on OA symptoms and 11 relevant items on asthma, rhinitis, and atopic eczema symptoms. OA was defined as more than three episodes of ocular itching reported in the last 12 months. Subjects with symptoms occurring only between September and December, which is the grass pollen season in the area, were classified as having seasonal symptoms, whereas patients with symptoms occurring both during and apart from the grass pollen season were classified as having perennial symptoms. To investigate the burden of OA, children were asked how much their eye problem had interfered with daily activities in the last 12 months. Those who responded ‘not at all’ or ‘a little’ were classified as ‘mild,’ whereas those responding ‘a moderate amount’ or ‘a lot’ were classified as ‘severe.’ Asthma was considered as positive responses to wheezing in the last 12 months. Frequent asthma symptoms were considered when more than three attacks of wheezing were reported, and severe asthma symptoms when the adolescent had sleep disturbances due to wheezing. Rhinitis was defined when symptoms (sneezing, runny or blocked nose) were present in the absence of cold or the flu. Atopic eczema was considered when a recurrent itchy rash affecting skin folds, for at least six months, had occurred. To reduce errors-of recall, only symptoms occurring in the last 12 months were considered. The statistical package StatCalc-7® was used to analyze the data. The response rate was calculated as the number of completed written questionnaires divided by the number of participants. The proportion of adolescents with allergic symptoms was calculated with a 95% confidence interval (CI). Pearsons chi-squared test was used to compare categorical variables. The significance level was 0.05. The odds ratio (OR) and 95% CI was used to verify the strength of association between OA and the other atopic conditions (asthma, rhinitis, and atopic eczema). The study was approved by the institutional review board, and informed consent was obtained from all participants. Results There were 3,468 subjects approached; 68 did not consent and 280 49 OM


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Aqueles que responderam “nada” ou “um pouco” foram classificados como “leve”, ao passo os que responderam “de forma moderada” ou “muito” foram classificados como “grave”. Asma foi considerado o caso de respostas positivas para pieira nos últimos 12 meses. Os sintomas foram reputados como frequentes quando relatadas mais de três crises de pieira e sintomas graves de asma quando as crianças apresentavam perturbações do sono devido à pieira. Rinite foi definida quando existiram sintomas, espirros ou nariz escorrendo ou entupido, sem resfriado ou gripe. Eczema atópico foi considerado na ocorrência de erupção cutânea pruriginosa recorrente afetando as dobras cutâneas por pelo menos seis meses. Para reduzir erros relacionados a viés de memória, foram considerados apenas os sintomas que ocorreram nos últimos 12 meses. O pacote estatístico StatCalc-7® foi utilizado para analisar os dados. A taxa de resposta foi calculada considerando-se o número de questionários escritos concluídos dividido pelo número de participantes. A proporção de adolescentes com sintomas alérgicos foi calculada com intervalo de confiança (IC) de 95%. O teste Qui-quadrado de Pearson foi utilizado para comparar variáveis categóricas. O nível de significância foi de 0,05. A razão de chance (RC) e o IC de 95% foram utilizados para verificar a força da associação entre AO e outras doenças atópicas (asma, rinite e EA). O estudo foi aprovado pelo Conselho de Revisão Institucional e o consentimento informado foi obtido de todos os participantes. Resultados Foram abordados 3.468 indivíduos; 68 não consentiram e 280 não preencheram o questionário corretamente. Foram incluídas 3.120 crianças; a taxa de resposta foi de 91,8% (51,2% do sexo feminino). A idade média OM 50

did not complete the questionnaire correctly. There were 3,120 adolescents included; the response rate was 91.8% (51.2% females). The age varied between 12 and 18 years old (mean 13.3 ± 1.1 years old). The prevalence of symptoms of OA was 20.7%. Among those considered as having OA, 30.5% had severe symptoms (79% were perennial), and 47% reported a previous diagnosis of AC. At least one co-morbidity (asthma, rhinitis, or atopic eczema) was reported by 75.3% of children with OA. Rhinitis was the most frequent co-morbidity (64.6%). Asthma occurred in 31.4% and atopic eczema in 13.1%. Co-morbidities of perennial versus seasonal OA compared through the chi-squared test showed that rhinitis was more common in those with perennial symptoms (66.7% versus 56.9%; p = 0.034), whereas asthma and atopic eczema did not differ between the two groups (33.1% versus 24.8%; p = 0.062) and (12.3% versus 16%; p = 0.25), respectively. Daily life interference was greater in those with perennial symptoms (22.7% versus 13.1%; p < 0.01). The probability of an adolescent with OA to show asthma, rhinitis, and atopic eczema was (OR = 5.7; 95% CI: 4.5 to 7.1); (OR = 3.6; 95% CI: 3.0 to 4.3) and (OR = 2.6; 95% CI: 2.0 to 3.5), respectively. The association between asthma and OA was greater among those with both OA and rhinitis than those with OA only (36.8% versus 20.5%; p < 0.01). Discussion Written questionnaires have been widely used in epidemiological studies of allergic diseases. The prevalence of asthma, rhinoconjunctivitis, and atopic eczema have been verified and compared throughout the globe. However, OA symptoms are less studied, and most of epidemiological studies have evaluated eyes and nasal symptoms combined, so it is difficult to analyze the prevalence of OA and its relationship with other allergic diseases.


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ficou entre 12 e 18 anos (média 13,3±1,1 ano de idade). A prevalência de sintomas de alergia ocular foi de 20,7%. Entre aqueles apresentando AO, 30,5% apresentaram sintomas graves, 79% apresentaram alergia perene e 47% relataram um diagnóstico anterior de conjuntivite alérgica. Pelo menos uma comorbidade (asma, rinite ou EA) foi relatada por 75,3% das crianças com AO. Rinite foi a comorbidade mais frequente (64,4%). 31,4% dos indivíduos apresentaram asma e 13,1% apresentaram EA. As comorbidades de AO perene em comparação à sazonal, comparadas por meio do teste 2, mostraram que a rinite foi a mais comum entre os indivíduos com sintomas perenes (66,7% em comparação a 56,9%; p = 0,034), enquanto asma e eczema atópico não apresentaram diferenças entre os dois grupos: (33,1% em comparação a 24,8%; p = 0,062) e (12,3% em comparação a 16%; p = 0,25), respectivamente. A interferência na vida diária foi maior nos indivíduos com sintomas perenes (22,7% em comparação a 13,1%; p < 0,01). A probabilidade de um adolescente com alergia ocular apresentar asma, rinite e eczema atópico foi (RC = 5,7; IC de 95%: 4,5 a 7,1); (RC = 3,6; IC de 95%: 3,0 a 4,3); e (RC = 2,6; IC de 95%: 2,0 a 3,5), respectivamente. A associação entre asma e alergia ocular foi maior entre aqueles com alergia ocular e rinite do que entre aqueles com apenas AO (36,8% em comparação a 20,5%; p < 0,01). Discussão Questionários escritos são amplamente utilizados em estudos epidemiológicos de doenças alérgicas. A prevalência de asma, rinoconjuntivite e eczema atópico tem sido verificada e comparada em todo o mundo. Contudo, os sintomas da alergia ocular são menos estudados, e a maior parte dos estudos epidemiológicos avaliou a associação de sintomas oculares e nasais, sendo difícil analisar a prevalência de alergia ocular e sua relação com outras doenças alérgicas. Existem poucos questionários validados para estudar a alergia ocular. Em um estudo caso-controle envolvendo 102 indivíduos, mais de três episódios de prurido ocular nos últimos 12 meses foram preditivos de alergia ocular com sensibilidade de 85,4% e especificidade de 85,1%. Apesar de não patognomônico, prurido ocular recorrente é o sintoma mais frequente da alergia ocular, sendo o primeiro observado na questão da conjuntivite alérgica. Os pacientes com blefarite, eczema, síndrome do olho seco e outros tipos de conjuntivite poderão, ocasionalmente, apresentar prurido ocular. O questionário foi criado especificamente para avaliar a prevalência dos sintomas de alergia ocular, e havia uma taxa de resposta elevada. Prurido ocular foi identificado em 51% dos participantes. A prevalência de alergia ocular foi de 20,7%, considerando os critérios de mais de três episódios de prurido ocular nos últimos 12 meses. Nos Estados Unidos, prurido ocular e lacrimejamento foram identificados em 40% dos 20.010 participantes da Pesquisa Nacional de Avaliação da Saúde e Nutrição. Na Suécia, a resposta a um questionário escrito após uma entrevista subsequente de 396 crianças em idade escolar entre 12 e 13 anos estimou a prevalência acumulada de conjuntivite alérgica de 19,1%, ao passo que, na Turquia, a prevalência geral de conjuntivite alérgica em crianças entre 6 e 14 anos de idade foi de 7,1%. Em Karachi, 818 crianças com idades entre 5 e 19 anos de idade foram submetidas a exame da visão e biomicroscopia por um oftalmologista. O diagnóstico de conjuntivite alérgica foi confirmado em 19,2%, considerando a presença de papilas na conjuntiva tarsal superior, vermelhidão dos olhos e histórico de prurido e queimação. A prevalência de alergia ocular possui uma grande variação entre as áreas geográficas não apenas devido às diferenças genéticas e aos fatores

There are few validated questionnaires to study OA. In a case-control study involving 102 subjects, more than three episodes of ocular itching in the last 12 months was predictive of OA with sensitivity of 85.4% and specificity of 85.1%. Although not pathognomonic, recurrent ocular itching is the most frequent symptom of OA and it is the first symptom observed in allergen conjunctival challenge. Patients with blepharitis, eczema, keratoconjunctivitis sicca, and other types of conjunctivitis may occasionally present with ocular itching. The questionnaire was designed specifically to assess prevalence of OA symptoms, and a high response rate was obtained. Ocular itching was identified in 51% of participants. The prevalence of OA was 20.7%, considering the criterion of more than three episodes of ocular itching in the last 12 months. In the US, ocular itching and tearing were identified in 40% of 20,010 participants in the National Health and Nutrition Examination Survey. In Sweden, response to a written questionnaire followed by a subsequent interview of 396 schoolchildren aged 12 to 13 years estimated the cumulative prevalence of AC of 19.1%, while in Turkey the overall prevalence of AC in children 614 years was 7.1%. In Karachi, Pakistan, 818 children aged between 5 and 19 years underwent vision assessment and slit lamp examination by an ophthalmologist. Diagnosis of AC was confirmed in 19.2%, considering the presence of papillae in the upper tarsal conjunctiva, redness of the eyes, and history of itching and burning. The prevalence of OA has a wide variation between geographic areas not only due to genetic differences and environmental factors, but also due to the lack of standardization in the assessment of ocular symptoms by validated methods. The ISAAC phase III comprised 304,679 adolescents aged 13-14 years from 56 countries, and demonstrated that the prevalence of nasal symptoms associated with itchy watery eyes ranged from 4.5% to 45.1% among adolescents. In the ISAAC, there were no questions regarding isolated AC symptoms, and the opportunity to verify its prevalence was missed. If validated questions for ocular symptoms had been included, the identification of the prevalence of AC and its relationship with other 51 OM


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ambientais, mas também devido à falta de padronização na avaliação dos sintomas oculares por meio de métodos validados. A fase III do Estudo Internacional de Asma e Alergias na Infância (ISAAC) envolveu 304.679 adolescentes com idades de 13 e 14 anos de idade de 56 países e demonstrou que a prevalência de sintomas nasais associada a olhos coçando e lacrimejando foi de 4,5% a 45,1% entre os adolescentes. No ISAAC, não houve perguntas com relação a sintomas isolados de conjuntivite alérgica, perdendo-se a oportunidade de verificar sua prevalência. Caso perguntas validadas sobre sintomas oculares tivessem sido incluídas, a identificação da prevalência de conjuntivite alérgica e sua relação com outras doenças alérgicas teria se tornado mais fácil. Neste estudo, o lacrimejamento foi associado em 73,9% dos adolescentes com AO. Após exposição da superfície ocular a alérgenos, existe uma reação tardia com infiltrado celular que pode levar à obstrução do canal nasolacrimal. Além disso, o lacrimejamento causado por reflexo neuronal foi observado após testes de provocação nasal. “Dificuldade em olhar para a luz” foi relatada por 45,7% dos participantes com AO. É importante diferenciar esse sintoma da fotofobia, que, quando detectada, sugere um diagnóstico alternativo, como irite e uveíte. Ocorre sensação de corpo estranho quando há uma ruptura no epitélio da córnea, expondo os nervos sensíveis da mesma à abertura e ao fechamento das pálpebras. Esse sintoma foi relatado por 20% dos indivíduos com AO. Hiperemia conjuntival é um sintoma comum de alergia ocular, porém não específico. Nos últimos anos ocorreu um aumento na prevalência de olhos vermelhos devido ao aumento no uso de lentes de contato e exposição a agentes irritantes, como fumaça de cigarro e poluentes. A conjuntivite alérgica sazonal (CAS) e a conjuntivite alérgica perene (CAP) são os tipos mais prevalentes de alergia ocular. A CAS é mais comumente relatada que a CAP em países de clima temperado. Contudo, em países de clima tropical, os sintomas perenes parecem ser mais comuns. Um estudo realizado na Tailândia com 445 pacientes com conjuntivite OM 52

allergic diseases could have been facilitated. In this study, lacrimation was associated in 73.9% of adolescents with OA. After exposure of the ocular surface to allergens, there is a late phase reaction with cell infiltrate that could lead to obstruction of the nasolacrimal duct. Tearing caused by neuronal refiex has also been observed after nasal provocation tests. ‘Difficulty in looking at light’ was reported by 45.7% of OA participants. It is important to distinguish this symptom Epidemiology of ocular allergy from photophobia, which when detected, suggests alternative diagnosis as iritis and uveitis. Foreign body sensation occurs when there is a break in the corneal epithelium, exposing sensitive corneal nerves to the opening and closing of the eyelids. This symptom was reported by 20% of those with OA. Conjunctival hyperemia is a common symptom of OA, but it is nonspecific. In recent years, an increase in the prevalence of red eye has occurred due to an increase in the use of contact lenses and exposure to irritants such as tobacco smoke and pollutants. Seasonal AC (SAC) and perennial AC (PAC) are the most prevalent types of OA. SAC is reported to be more common than PAC in temperate climate countries. However, in tropical climates, perennial symptoms appear to be more common. A study from Thailand with 445 patients with AC has showed that 81.8% had PAC. Most of them were sensitized to Dermatophagoides pteronyssinus (Dp) (70.2%) and house dust (67.5%). In this study, 78.8% of subjects with OA had perennial symptoms. In addition, when symptoms were perennial there was a stronger association with rhinitis and greater impact in daily life activities compared with seasonal symptoms. In 1999, a study to evaluate atopic sensitization in this population demonstrated that skin sensitization to Dp andLolium multifiorum (Lm) in 3,271 13 to 14 year-old schoolchildren was 31.3% and 4.7%, respectively. Whereas in 3,041 adults, positive skin prick test was 38.9% to Dp and 15.4% to Lm. These findings suggest that perennial allergens are important triggering agents in this population. Approximately one fifth of the students with OA reported that ocular symptoms caused moderate or severe interference in daily activities, though


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alérgica mostrou que 81,8% apresentaram conjuntivite alérgica perene. A maior parte deles foi acometida por Dermatophagoides pteronyssinus (Dp) (70,2%) e poeira doméstica (67,5%). Neste estudo, 78,8% dos indivíduos com alergia ocular apresentaram sintomas perenes. Além disso, quando os sintomas eram perenes, houve uma forte associação com rinite e maior impacto sobre as atividades da vida diária se comparado aos sintomas sazonais. Em 1999, um estudo para avaliar a sensibilização atópica em nossa população demonstrou que a sensibilização cutânea a Dp e Lolium multiflorum (Lm) em 3.271 crianças em idade escolar entre 13 e 14 anos foi de 31,3% e 4,7%, respectivamente, ao passo que em 3.041 adultos, o teste cutâneo de puntura positivo foi 38,9% para Dp e 15,4% para Lm. Esses achados sugerem que os alérgenos perenes são importantes agentes desencadeantes em nossa população. Cerca de um quinto dos estudantes com AO relataram que os sintomas oculares causaram interferência moderada ou severa nas atividades diárias, apesar de questões mais específicas relacionadas à qualidade de vida não terem sido incluídas nessa avaliação. Sobre a rinite, estudos mostram que essa questão foi bem correlacionada com outros indicadores de morbidez, inclusive gravidade do sintoma relatado, interferência em atividades específicas da vida diária e utilização de serviços médicos. Na Pesquisa “Alergias na América Latina”, 23% dos pacientes com RA apresentaram olhos vermelhos, com prurido e extremamente incômodos, e 20% disseram o mesmo para olhos lacrimejantes. Dos pacientes pesquisados, 10% disseram que olhos vermelhos e coceira eram seus sintomas mais incômodos. Apesar da alta prevalência de AO e da importante morbidez que ela impõe, a doença normalmente é subdiagnosticada. Metade dos indivíduos

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more specific questions related to quality of life have not been included in this evaluation. In rhinitis, studies have shown that this question was well correlated with other indicators of morbidity, including reported symptom severity, interference with specific activities of daily living, and medical service use. In the Allergies in America Survey, 23% of AR patients found red, itchy eyes to be extremely bothersome and 20% said the same for watery eyes. Ten percent of patients surveyed believed that red, itchy eyes were their most bothersome symptom. Despite the high prevalence of OA and important morbidity it imposes, the disease is often under-diagnosed. Half of the subjects considered as having OA answered ‘yes’ to the question ‘Have you had AC?’, suggesting that OA is underrecognized. It is known that OA symptoms may not become severe enough to lead patients to visit their doctors. A study performed in Portugal with 220 patients with AC demonstrated that, although significant impairment of quality of life had been observed during acute episodes of OA, only 19.4% had an appointment with an ophthalmologist as a first action and 37.2% had previous allergic evaluation. OA is also under-recognized by physicians. In a review of medical records of 1,549 asthmatic patients from a tertiary referral hospital, 681 (44%) had at least one ocular symptom suggestive of OA. However AC was diagnosed only in 16% by the attending physician. It is common to face associations between allergic conditions. However, few studies have evaluated OA comorbidities. In the present study, OA was often associated with at least one allergic condition. Rhinitis was the most common, followed by asthma and atopic eczema. Rhinoconjunctivitis has been identified as a risk factor for asthma. The prevalence rate of RCA between asthmatics may be as high as 90%. For individuals studied 53 OM


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que apresentam alergia ocular respondeu “sim” para a pergunta “Você já teve conjuntivite alérgica?”, sugerindo que a AO é sub-reconhecida. Sabe-se que os sintomas de alergia ocular podem não se tornar graves o suficiente para levar os pacientes aos consultórios médicos. Em um estudo realizado em Portugal com 220 pacientes com conjuntivite alérgica, mostrou-se que, apesar de uma redução significativa na qualidade de vida ter sido observada durante episódios agudos de AO, como primeira ação, apenas 19,4% marcavam uma consulta com um oftalmologista e 37,2% já haviam realizado teste de alergia. A alergia ocular também é sub-reconhecida por médicos. Em uma análise de prontuários médicos de 1.549 pacientes com asma de um hospital de referência terciária, 681 (44%) apresentaram pelo menos um sintoma sugestivo de alergia ocular. Contudo, conjuntivite alérgica foi diagnosticada pelo médico responsável em apenas 16%. É normal encontrar associações entre as doenças alérgicas. Contudo, poucos estudos avaliaram as comorbidades da alergia ocular. Neste estudo, a AO foi normalmente associada a, pelo menos, uma doença alérgica. Rinite foi a mais comum, seguida de asma e eczema atópico. Rinoconjuntivite foi identificada como um fator de risco para asma. A taxa de prevalência da RCA (rinoconjuntivite alérgica) entre indivíduos com asma pode chegar a 90%. Para os indivíduos estudados em Curitiba, a razão de chance de um adolescente com alergia ocular apresentar asma, rinite e eczema atópico foi seis, quatro e três vezes, respectivamente. A associação entre asma e alergia ocular foi maior entre aqueles com alergia ocular e rinite. O motivo de a combinação de sintomas variar entre os pacientes com alergias é conhecido. Em um estudo de coorte de nascimento com 404 crianças de seis anos de idade não selecionadas, foi sugerido que o vínculo entre as doenças alérgicas tende a ser mais forte naquelas com reação mediada por IgE. Esse estudo forneceu informações de epidemiologia sobre a alergia ocular isolada. Do ponto de vista da saúde pública, é importante diagnosticar, tratar e avaliar as comorbidades dos pacientes com alergia ocular, considerando sua alta prevalência e frequente associação a outras doenças alérgicas. Avaliar os fatores de risco e a condição alérgica desses pacientes deve ser o foco de estudos epidemiológicos futuros sobre CA.

in Curitiba, the odds ratios of an adolescent with OA to have asthma, rhinitis, and atopic eczema were six, four, and three times, respectively. The association between asthma and OA was greater among those with both OA and rhinitis. It is not known why the combination of symptoms varies among allergic patients. In a birth cohort study with 404 unselected 6-year-old children, it was suggested that the link between allergic disorders tends to be stronger in those with IgE-mediated reaction. The present study has provided information of isolated OA epidemiology. From the public health perspective, it is important to diagnose, treat, and evaluate comorbidities of patients with OA, since this disease is highly prevalent and frequently associated with other allergic diseases. Assessing risk factors and the allergic status of these patients should be the focus of future epidemiological studies on AC.

Marcos Geraldini. Mestre. Médico. Serviço de Alergia e Imunologia Pediátrica, Hospital de Clínicas, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Curitiba-PR. Brasil. Herberto Jose Chong Neto. Doutor. Médico. Serviço de Alergia e Imunologia Pediátrica, Hospital de Clínicas, UFPR, Curitiba-PR. Brasil. Carlos Antonio Riedi. Doutor. Médico. Serviço de Alergia e Imunologia Pediátrica, Hospital de Clínicas, UFPR, Curitiba-PR. Brasil. Nelson Augusto Rosário. Doutor. Médico. Serviço de Alergia e Imunologia Pediátrica, Hospital de Clínicas, UFPR, Curitiba-PR. Brasil. Marcos Geraldini. MD. MSc. Service Pediatric Allergy and Immunology, Hospital de Clinicas, Federal University of Paraná (UFPR), Curitiba, PR, Brazil. Herbert Jose Chong Neto. MD. PhD Service Pediatric Allergy and Immunology, Hospital de Clinicas, UFPR, Curitiba-PR. Brazil. Carlos Antonio Riedi. MD. PhD Service Pediatric Allergy and Immunology, Hospital de Clinicas, UFPR, Curitiba-PR. Brazil. Nelson Augusto Rosario. MD. PhD Service Pediatric Allergy and Immunology, Hospital de Clinicas, UFPR, Curitiba-PR. Brazil.

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