As virtudes do Bem-Morar

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AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


Incentivo:


Zulmara Clara Sauner Posse Elizabeth Amorim de Castro

AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

1ª Edição

Curitiba Edição das Autoras 2012


© Zulmara Clara Sauner Posse e Elizabeth Amorim de Castro, 2012. Todos os direitos reservados. Equipe Técnica Pesquisa

| Zulmara Clara Sauner Posse | Elizabeth Amorim de Castro | Leda Trindade | Produtos Cartográficos

| Max Gaia Consultoria em Gestão Ambiental e do Território | | Zulmara Clara Sauner Posse | Elizabeth Amorim de Castro | Susana Mezzadri| Desenhos Arquitetônicos

Elizabeth Amorim de Castro Fotografias

| Elizabeth Amorim de Castro | Acervos Institucionais e Particulares | Textos finais

| Zulmara Clara Sauner Posse | Elizabeth Amorim de Castro | Ilustrações da capa

| Di Magalhães | Projeto Gráfico

| Susana Mezzadri | Revisão de textos

| Solange Torres Bittencourt |

Depósito legal junto à Biblioteca Nacional, conforme Lei n° 10.994 de 14 de dezembro de 2004. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Index Consultoria em Informação e Serviços Ltda. Curitiba - PR

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Posse, Zulmara Clara Sauner As virtudes do bem morar / Zulmara Clara Sauner Posse, Elizabeth Amorim de Castro.— Curitiba : Edição das Autoras, 2012. 232 p. : il. ISBN 978-85-904968-8-5 1. Arquitetura brasileira —. 2. Urbanização — Curitiba. 3. Chaves, Eduardo Fernando. I. Castro, Elizabeth Amorim de. II. Título. CDD (20.ed.) 721 CDU (2.ed.) 721

IMPRESSO NO BRASIL/PRINTED IN BRAZIL


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO | 7 A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR | 11 BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA | 69 A DÉCADA DE 1920 | 127 POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR | 187


Eduardo Fernando Chaves, sem data. Coleção Eduardo Fernando Chaves Acervo: Eduardo Fernando Chaves


APRESENTAÇÃO O livro As Virtudes do Bem-Morar foi viabilizado pelo Programa de Apoio e Incentivo à Cultura da Fundação Cultural de Curitiba e financiado pelo Banco do Brasil. Ao longo de três anos, o trabalho tomou forma e proporções inesperadas: iniciou com a proposta do estudo de dez obras do engenheiro civil Eduardo Fernando Chaves – seis residências, dois edifícios de uso misto, uma igreja e uma capela – que possibilitariam mapear a trajetória da arquitetura e das virtudes do bem-morar na Curitiba da Primeira República. Na historiografia da cidade seu nome aparece, pontualmente, como responsável pelos “palácios” – São Francisco, sede do governo do final dos anos 1930 a 1954, e do Batel, conhecido por “castelo”, ambos, originalmente, moradias – além de edifícios religiosos, como a Igreja do Rosário e a Capela Santa Maria, todos marcos da paisagem curitibana. No entanto, a pesquisa revelou uma produção maior e diversificada, totalizando 220 projetos arquitetônicos: palacetes, vilas, bungalows, cottages e casas; edifícios comerciais e residenciais; depósitos; instituições educacionais e religiosas; além de reformas, ampliações e muros que Eduardo projetou, calculou, fiscalizou ou administrou. A abrangência de sua obra, realizada durante 30 anos, traduz uma carreira sólida e constante, até agora desconhecida. No conjunto das edificações, 123 residências incorporam os princípios da casa moderna e relacionam-se ao processo de urbanização e modernização de Curitiba, introduzindo novas técnicas, materiais e equipamentos construtivos, que transformaram o modo de vida da sociedade. Remete-se à valorização do conforto, da privacidade, da higiene, da individualidade e da modernidade, virtudes possíveis somente no meio urbano e que são expressas no projeto e na obra de arquitetura, neste momento, submetidos a uma grande complexidade. As moradias estudadas revelam que o atendimento a tais princípios e virtudes ocorre no espaço construído, de formas variadas, em conformidade com os valores da época, demonstrando que as inovações na sociedade são permeadas pela manutenção das tradições. Curitiba, como muitas cidades brasileiras, inicia no século XX um processo de urbanização, onde se destaca a ação do poder público em planejar, implantar e regulamentar serviços tidos como indispensáveis à vida moderna. De forma constante, mas com avanços e retrocessos, os sistemas de abastecimento de água e de coleta do esgoto são efetivados, vias e praças recebem pavimentação e arborização, a iluminação pública é ampliada e intensificada, a eletricidade chega às residências, a comunicação telefônica é estendida à população e o bonde passa


a fazer parte do cotidiano. Tal processo, durante a Primeira República, seguirá o plano traçado no início do século XX, que, ao delimitar o quadro urbano, hierarquizar regiões centrais, estabelecer padrões construtivos e definir eixos de crescimento, determinou a expansão territorial, o uso do solo e a implantação da infraestrutura. A trajetória do arquiteto desenvolve-se juntamente com a história da urbanização de Curitiba e em sua consolidação como cidade moderna. A geografia da produção de Eduardo Fernando Chaves explicita sua inserção no meio urbanizado, atendido pelas redes hidrossanitária, elétrica e telefônica, localizada em ruas pavimentadas e servidas pelo bonde, condições que influenciaram a solução do espaço arquitetônico e a presença das virtudes do bem-morar. Desta forma, o texto percorre os princípios da arquitetura vigente inseridos nos projetos de Eduardo Fernando Chaves e no processo de urbanização da cidade. A busca de informações sobre os edifícios e seu uso foi longa e só obteve êxito pela colaboração de muitas pessoas e instituições, as quais nos disponibilizaram documentos, fotografias, tempo e lembranças. Tivemos, também, a oportunidade de entrevistar moradores das residências e seus familiares, cujos depoimentos trouxeram outra dimensão ao nosso trabalho e revelaram o que são as virtudes do bem-morar, a partir da perspectiva de seus usuários. A todos que, com confiança e paciência, nos ajudaram a escrever As Virtudes do Bem-Morar, só nos resta agradecer. | colaboradores | | Ana Maria de Oliveira Mello Costa | Ana Maria Leão França | Annemarie Lilian Reinhardt Glaser | | Bernardo Vianna Teigão (antiquário) | Bruno Weiss de Castilho | Ceres de Ferrante | | Cristiana de Azevedo Romanó | Cristiano Ross | Deborah Glaser Malanca| | Denise Glaser Rupollo | Eduardo Fernando Chaves, sobrinho | Eduly Reginato Ross | | Elsa Guimarães Castilho | Fabio Fistarol | Fernando Rocha Maranhão | | Flora Camargo Munhoz da Rocha | Gelta Chaves | Gercino Fernando de Carvalho | | Gilda Guimarães Castilho | Gustavo de Carvalho Chaves | Hilda Teresa Mäder de Pauli Scherrer | | Humberto Fogassa | Izabel Chaves Moniz de Aragão | João Moreira Garcez Filho | | Jocy Ribeiro Bastos | Leonida de Azevedo Romanó | Lígia Vieira | Lilian Luiza Withers Almeida | | Marco Aurélio Sabag de Souza | Maria Elena Withers Pessoa | Mariza Dittrich Vieira | | Melany Glaser Rupollo Calixto | Nadiesda de Azevedo Romanó | Nestor Gastão Poplade | | Noeli de Mello Fernandes Gomes | Odette Regina Maria Pereira de Leão Camargo | | Olga Ferreira | Paulo Affonso Grötzner | Paulo Munhoz da Rocha | Rejane Varella | | Rosa Maria Mäder de Pauli | Rosianne Pazinato da Silva | Ruth Dittrich Vieira | Sara S. Schulman | | Sonia Maria Madeiras Suplicy de Lacerda | Suzana Guimarães Castilho | | Igreja do Rosário – Santuário das Almas | | Silvino Pedro Rabuske | Dionysio Seibel |


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A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


As virtudes do bem-morar em todas as sociedades humanas variam geográfica e historicamente, estando relacionadas, diretamente, ao meio urbano, ao avanço da ciência e às concepções sobre o habitar. No Brasil, até meados do século XIX, morar na cidade significava seguir padrões espaciais rígidos, estruturados na tradição lusa, nos quais os estreitos lotes e a legislação induziam à idêntica inserção na malha urbana, solução formal, técnica construtiva e materiais utilizados. As construções, geminadas, eram semelhantes em relação às dimensões de aberturas, à altura dos pavimentos e ao alinhamento com as edificações vizinhas, delimitando pela proximidade, uniformidade e continuidade das ruas e, consequentemente, a própria cidade. “A rua existia sempre como um traço de união entre conjuntos de prédios e por eles era definida espacialmente.”1 A diferenciação existente entre as casas populares e as mais abastadas ocorria pelo tamanho do edifício. As primeiras eram térreas e contrapunham-se aos dois pisos dos sobrados, que abrigavam atividades comerciais e a residência da família. A arquitetura doméstica é, nas cidades, feita de sobrados em que a riqueza e até mesmo a opulência estão caracterizadas no volume e no tamanho do edifício e não em soluções formais de autores, como já foi muitas vezes observado.2 Além do número de andares, conferia-se importância ao sobrado pelas dimensões, pelo número de cômodos e de janelas envidraçadas, guarnecidas de balcões de ferro batido.3 Outra característica comum a todas as residências urbanas era a distribuição espacial dos ambientes, determinada pelo alongado e estreito terreno, onde a sala ou salão de visitas situava-se na frente; em seguida, ficavam as alcovas e, nos fundos, a sala de jantar e a cozinha em puxado, no quintal. O zoneamento, portanto, caracterizava-se pela sequência dos setores de estar, íntimo, estar informal e serviço, como esquematizado ao lado. Os diferentes ambientes eram interligados por circulação longitudinal, que induzia um fluxo constante de familiares e escravos através das zonas da casa. Viver nas cidades brasileiras, no século XIX, também significava sujeitar-se a crises de abastecimento, além da inexistência ou precariedade de serviços urbanos, como o fornecimento de água potável, iluminação pública e o calçamento de rua. A chácara representou uma alternativa aos sobrados urbanos, proporcionando aos seus proprietários maior conforto e abundância em relação à vida citadina. Nas chácaras, o ciclo de sobrevivência procurava ser o mais completo possível, o que lhes dava certa autonomia. Além da presença obrigatória dos veios A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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d’água, do plantio de gêneros alimentícios como arroz, feijão, milho, mandioca, acrescentavam-se algumas culturas extensivas para a troca ou para a venda dos excedentes, tais como o café, o chá ou a vide. Contavam ainda com olarias, máquinas para beneficiamento dos produtos da lavoura, como o monjolo, a moenda e as prensas, bem como com árvores frutíferas, armazéns, senzalas, capinzais, criações várias, etc.4 O conhecimento científico, as novas tecnologias desenvolvidas nos meados do século XIX e início do XX, mais o adensamento das cidades e a implantação da infraestrutura alteraram, substancialmente, o modo de vida urbano, processo acompanhado e normatizado por códigos sanitários estaduais, códigos de postura e regulamentos sanitários municipais. Em São Paulo, editou-se no ano de 1886, o Código de Posturas e o Padrão Municipal que uniformizaram novos loteamentos, aberturas de ruas, construção de edifícios em geral e de habitações populares, expressando preocupações higienistas já definidas internacionalmente nas regulamentações urbanas, recebendo reforço em 1893 e nos códigos sanitários de 1894 e 1918.5 A legislação fez-se acompanhar, simultaneamente, das taxas de arrecadação, como a Lei n.° 64 de 1893 do município de São Paulo que aprovou tabela de impostos de acordo com os perímetros urbanos, divisão que consolidaria as áreas urbanas e serviria, mais tarde, para definir o alcance de obras de infraestrutura das empresas de gás e eletricidade.6 As preocupações sanitaristas revelam-se em diferentes normas amparadas na ideologia da modernização, do progresso e da civilização, dominante no século XIX na Europa, a qual será a grande difusora dos novos ideais do viver urbano. No Brasil, a urbanização [é] levada a cabo pelo Estado no papel de fomentador e poder concessionário das atividades urbanas. Entretanto, já existia uma transformação na mentalidade das elites, tornando possível e desejável uma série de mudanças de hábitos que fossem identificadas com o progresso e o ideal urbano vigente na Europa. Assim o “embelezamento urbano”, a sanitarização e o consumo de objetos identificados com esses ideais, faziam parte desse desejo de modernização. 7 A cidade como objeto do saber e da intervenção do Estado, passa a ser pensada em sua totalidade, com a organização, saneamento e embelezamento sob base científica, materializados pelas ações sistemáticas, permanentes e estruturais no espaço público, entre as quais o fornecimento de água, redes de esgoto e iluminação, desenvolvendo e expandindo uma política de distribuição de bens até então gerado artesanalmente. Assim, o advento das usinas elétricas permite a transmissão da energia à longa distância, barateando os custos de um recurso até então disponível apenas para alguns, possibilitando que a eletricidade 12

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suplante o gás como sistema de iluminação. Equiparando seus custos aos da iluminação a gás, para além da questão da qualidade e da própria intensidade da luz, as vantagens da energia elétrica se adéquam cada vez melhor a esse novo ideal de conforto e higiene, eliminando os inconvenientes do mau cheiro, da fuligem e da sujeira, sem mencionar os riscos de incêndio, multiplicando as possibilidades de uso de novos equipamentos e maquinismos, como o telefone, o telégrafo e os eletrodomésticos. Por outro lado, identificavam-se com os novos ideais de luxo, conforto e modernidade.8 A infraestrutura urbana implantada a partir de meados do século XIX, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, introduz no ambiente doméstico novas maneiras de conceber e vivenciar a habitação e, portanto, outras virtudes do bem-morar, desconhecidas em períodos anteriores, associadas diretamente à noção de conforto. La maison doit être calquée exactement sur besoins et même des goûts de ses habitants. Elle est « l’enveloppe des mœurs», comme dit Viollet-le-Duc, de même que l’architecture est «le vêtement des civilisations», selon l’expression du fils de ce maître éminent. Les maisons (...) reflétaient parfaitement le genre de vie intérieure qui était propre à la civilisation du temps.9 A transformação do habitat em um domínio da intervenção política e econômica por intermédio do “maquinário urbano” remonta ao século XIX na Europa. Esse processo foi introduzido no Brasil pelo governo republicano através da engenharia, mas submetido às autoridades médicas. (...) Os aparelhos domésticos e o fornecimento de combustível em rede representavam tudo o que era preconizado por médicos e engenheiros: a submissão da casa e do espaço urbano a uma nova lógica, que visava limpar e higienizar as cidades, acelerando seus fluxos e circulação em prol do melhor funcionamento da cidade capitalista.10 A iluminação, o transporte coletivo, a telefonia, a pavimentação, a distribuição de água e a coleta de esgoto alteram o modo de vida e padrões de consumo dos serviços urbanos, transformando o espaço público da rua em “via de circulação rápida e racional”11 e lugar de reunião, tornando-o mais seguro, menos violento e mais higienizado. Há, portanto, uma leitura dos espaços públicos e privados a partir da urbanização, tendo como referência o projeto de modernização sustentado no higienismo. A casa inserida nesta conjuntura já tem definido o programa da modernidade: “a possibilidade de abastecimento com água, gás e, posteriormente, eletricidade (...) vai mudar os hábitos da vida familiar e criar raízes na casa moderna”.12 A “noção A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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de habitar liga-se aos ideais, necessidades, aspirações e costumes burgueses, que constituíam um corpo formal e conceitual de contornos bastante definidos”, fundamentados na higiene e salubridade, voltados para a privacidade e o conforto e, sobretudo, com novos valores.13 On peut dire que l’habitation moderne prend naissance avec le XVIIIe siècle, et Blondel, dans son traité d’architecture, dit, non sans fierté, que depuis peu une véritable révolution s’était faite dans l’architecture des hôtels et maisons, au point de vue surtout de la distribuition. Et en effet, de grands efforts ont été faits alors pour substituer aux anciennes enfilades des distribuitions doubles en profondeur, avec les dégagements indispensables à la liberté de l’habitation. On a compris que si les diverses pièces d’un appartament doivent avoir leurs accés de réception, il faut aussi assurer la facillité et l’indépendance des allés et venues, celles du service, celles mêmes de la retraite discrète. L’indépendence dans l’habitation, tel a été le but poursuivi par les architects du XVIIIe siècle, et à cette poursuite nous devons des plans très remarcables, dont le plus important recueil est le traité d’architecture de Blondel, si intéressant à consulter.14 A residência burguesa tornou-se a expressão da individualidade do proprietário, pois, doravante, ele passou a ter valor por si mesmo e não mais por títulos de nobreza herdados de seus antepassados. A casa não contaria mais com uma mera sucessão de espaços sem outra utilidade que a de mostrar os troféus e as façanhas dos nobres de uma família. A exemplo da moda ou das roupas que também faziam o homem, a casa passou a expressar solidez financeira. Ela tornou-se o refúgio do mundo das contradições e das lutas pela vida.15 Para Julien Guadet, professor da École des Beaux-Arts francesa, a arquitetura tem como “finalidade e razão de ser a construção”, sendo a habitação humana seu “primeiro objeto”: “de la maison au palais, grande est la distance; et cependant les éléments sont les mêmes, humbles et pauvres, ou riches et magnifiques”.16 A casa moderna recebe o aporte do conhecimento científico e a introdução de novas tecnologias como o sistema de abastecimento de água e coleta de esgoto, bem como a consequente incorporação das instalações sanitárias, a calefação central e a eletricidade. Decorrem destas inovações, a modernização da cozinha com a introdução de maquinário e a intervenção higienista no processo de cocção dos alimentos. Igualmente, o reconhecimento da importância da insolação e ventilação de todos os ambientes para a saúde humana; e, sobretudo, o entendimento da habitação como um sistema hierarquizado e especializado de ambientes com funções e usuários específicos, definem-se em três zonas: a social, a íntima e a de serviço. O princípio regulador de tal setorização, ainda segundo Guadet, não deve ser esquecido: “a distinção e independência espacial entre os setores”.17 14

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La maison moderne se caracterize surtout par sa complexité; son programme comprend un grand nombre de pièces, et ces pièces doivent satisfaire à de nombreuses conditions eu égard aux exigences actuelles des mœurs.18 Um programa arquitetônico extenso e complexo, como afirma Louis Cloquet – professor da Universidade de Gante e do Instituto de Belas-Artes da Antuérpia, Bélgica – é a primeira característica da casa moderna, fruto das novas tecnologias e demandas, inserido por intermédio da correta distribuição de ambientes, a qual é orientada pela independência das diferentes zonas, como lembra Guadet. As três áreas básicas de uma moradia possuem ambientes com funções específicas, independentes entre si e integrados por circulações – corredores, galerias e escadas – que determinam o acesso às diferentes salas, impõem o tipo de uso e as relações que mantêm, facilitando o serviço e estabelecendo fluxos distintos de familiares, empregados e visitantes. La distribution doit être le premier objet de l’architecture; la decoration même dépend absolument d’un plan déterminé: c’est la distribution qui établit les longueurs, largeurs et hauteurs d’un édifice. Au point de vue de la disposition générale, il faut considérer un appartement avec plusieurs chambres, souvent assez nombreuses. (...) l’ensemble de ces chambres forme (...) l’habitation intime, la vie de famille. Il est donc bon que ces chambres soient groupées, qu’elles communiquent entre elles facilement (...). Vous ne disposerez bien un plan d’habitation que si vous vous rappelez constamment ce qui a toujours été le principe nécessaire de l’habitation, aussi bien dans l’antiquité que chez nous: séparation et indépendance de la partie publique et de la partie intime de l’habitation. Entendez-moi bien d’allieurs quand je parle de partie publique, je veux dire par là partie où peuvent se trouveur momentanément des personnes étrangères à la famille. 19 No processo de constituição da casa moderna, as suas inovações/características possuem justificativas de diversas ordens, uma vez que a habitação é “l’enveloppe des mœurs”, como afirmou Viollet-le-Duc, ou ainda a expressão de seu tempo, como quer Cloquet.20 No século XIX, a privacidade e o conforto assumem importância na sociedade, estruturados pelas imposições higienistas, descobertas científicas e avanços técnicos que conformam a cidade e um novo modo de vida urbano, sendo a destinação de cômodos para atividades específicas um reconhecimento de tal valorização. A implantação isolada da edificação no terreno possibilita sua maior aeração e ventilação, assim como o porão elevado afasta o piso da umidade do solo e protege os moradores dos olhares externos. Conforto, A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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privacidade e higiene estão, portanto, imbricados e a modernização da habitação traz, em nome de tais virtudes, novos ambientes ou, ainda, diferentes utilizações e arranjos dos existentes. A cozinha, no contexto das constantes epidemias, sofre importantes intervenções e transformações impulsionadas pela tecnologia, justificadas pela necessidade de limpeza, sendo regulamentada por códigos de posturas e códigos sanitários, exigindo sua introdução no corpo principal do edifício, dimensões mínimas, situação em relação aos demais ambientes e impermeabilização de paredes e pisos.21 As casas abastadas incorporam as orientações/modernizações/virtudes no espaço construído por intermédio do programa arquitetônico complexo e da setorização rígida, organizada pela correta distribuição de ambientes. Ou seja, a casa moderna é estruturada por princípios fundamentados no conhecimento científico, com nova relação de ambientes, listados a partir de critérios de salubridade, funcionalidade, conforto e organizados hierarquicamente. A habitação, seguindo tais parâmetros, expressa e imprime o novo modo de vida, essencialmente urbano e moderno, cujas virtudes são buscadas dentro do espaço doméstico (bem-morar) inseridos na cidade (bem-viver), pois a própria distribuição interna é influenciada pela presença e incorporação das redes públicas hidrossanitárias, elétricas e de gás. Há, portanto, estreita relação e dependência entre a modernização da moradia e o processo de urbanização, regida pelos avanços higienistas, científicos e técnicos e a normatização que os assimila. A implantação, por exemplo, do sistema de abastecimento de água potável e de coleta e tratamento de esgoto nas cidades trouxe a vulgarização da água corrente nas residências, a qual introduziu novos ambientes e modificações técnicas e construtivas, alterando hábitos. Ela chegou primeiro ao andar de baixo, depois aos superiores e, finalmente, a cada apartamento. A industrialização dos canos galvanizados e do material impermeável, a fabricação da torneira, bem como a invenção do sifão e da privada sifonada, patenteada pelos ingleses, permitiram que a água corrente passasse da pia da cozinha ao lavabo e ao w.c. e daí, ao banheiro. Ao mesmo tempo, eliminava-se o mau cheiro e canalizavam-se as águas servidas. O banho pode passar de nômade a estável, e as peças apropriadas de portáteis a fixas. As residências de luxo destinaram-lhe um cômodo exclusivo. Da mesma forma, o suprimento de água quente também ocorreu a partir do aquecimento de tubos acoplados à fornalhas do fogão. Em 1840, nos Estados Unidos, começaram a ser utilizadas caldeiras de cobre e ferro conectadas a fogões. Desse modo, a cozinha e o banheiro transformaram-se nos dois focos da mecanização da casa, onde se concentrariam outras invenções que concorreram para aliviar o trabalho doméstico. Na cozinha, surgiram, em maior escala, as máquinas de moer carne, as batedeiras de manteiga e ovos, os moinhos de café, 16

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o aparelho de fazer gelo e sorvete, etc., que se somaram a gêneros alimentícios pré-elaborados, refinados ou em conservas.22 A presença da rede hidrossanitária urbana, acompanhada de legislação que obriga a conexão de todos os edifícios situados na área beneficiada, é justificada como ação pública modernizadora, que impede a disseminação de epidemias, melhora a qualidade de vida da população e regulamenta os espaços internos que a utilizam (como a cozinha e o banheiro). Simultaneamente, a proximidade e a ligação de uma residência ao sistema de água e esgoto passa a ser reconhecida e buscada como uma virtude do bem-morar, a qual materializa e simboliza a condição de moderna. A implantação de tal infraestrutura é acompanhada das demais, como a pavimentação, as redes elétrica e telefônica, o transporte coletivo e o embelezamento da cidade23, em um processo de expansão irradiado a partir do centro da cidade, sempre o primeiro beneficiado. Em consequência, a região servida por tais benefícios é valorizada e ocupada pela população de maior poder aquisitivo, capaz de usufruir dos serviços e atender a legislação construtiva mais rigorosa, pagar elevados impostos e taxas e, sobretudo, incorporá-los nas residências expressando-os em seu modo de vida. As casas abastadas são o melhor exemplo deste processo, agregando tecnologia e conceitos, assim como a nova estrutura e os valores sociais que priorizam o sucesso econômico e profissional em detrimento dos títulos de nobreza. A maioria localiza-se em áreas próximas ao centro da cidade – “zonas altas, arejadas, limpas, nas quais as doenças seriam evitadas”24 – e também usufruem da modernização urbana. As residências incorporam na solução espacial inovações técnicas, programa arquitetônico complexo e distribuição de ambientes com orientação funcional; atendem a um rígido ritual e refletem a condição social e a solidez financeira do proprietário, moldadas por regras de conforto, higiene e salubridade, as quais aparecem no apuro formal e construtivo. A arquitetura doméstica possui um significado simbólico. Ela se apresenta representando a condição social de seus moradores e materializando um código de valores a serem exibidos e divulgados. Ela caracteriza uma forma de poder, seja ele político, econômico ou da tradição. O palacete ao final do século XIX possuirá os atributos que o colocarão à frente, na vanguarda do bem-morar, e funcionará como uma vitrina das aspirações civilizatórias da sociedade. Ele mostrará, doravante, como seu proprietário se situa profissionalmente, algo de sua posição e de seus valores. (...) Uma característica fundamental da casa do século XIX é a sua ênfase em espelhar o “caráter” do proprietário, diferentemente da casa do século XX, que gradualmente se afirmará como uma extensão de sua “personalidade”.25 A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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Elas representam a passagem da sociedade rural para a condição de urbana e passam de centro produtivo a consumidor de grande variedade de produtos, alimentos, objetos decorativos, “peças evocativas de cultura, de padrão social e de prestígio” e “novidades ligadas às diversas invenções que se sucedem rapidamente”. Consumo, cuja “característica essencial é a possibilidade de escolha, que se estende dos equipamentos até a própria edificação”, com a disponibilização de um “grande repertório de formas arquitetônicas” – difundidos nos manuais e tratados europeus – e de produtos, materiais construtivos e decorativos, expostos em catálogos e acessíveis em lojas importadoras ou adquiridos diretamente nas viagens ao exterior.26 O estilo arquitetônico e a decoração interna deveriam sugerir o poder econômico, o gosto, o grau de ilustração e o cosmopolitismo dos proprietários, ao mesmo tempo em que proporcionariam as condições necessárias ao seu isolamento.27 As inúmeras publicações então existentes dedicadas ao tema da arquitetura habitacional permitem difundir gostos, hábitos, necessidades e rituais que se tornam comuns e imprescindíveis à cena doméstica. Livros e periódicos especializados como os franceses Architecture privée au XIXème siècle, de César Daly (1864); Habitations modernes, de Eugène Viollet-le-Duc (1875-1991); e Moniteur des architectes (1847-1900); além dos estudos americanos de Andrew Jackson Dawning (1873-1981), Samuel Sloan (1852-1980), Calvert Vaux (1894-1991) ou A. J. Bicknell (1878-1979) orientam arquitetos e clientes em todo o mundo, sugerindo e disseminando novos arranjos espaciais e, consequentemente, novos “comportamentos, padrões sociais e estéticos relativos à habitação”.28 No Brasil, em sintonia com tais orientações, as revistas divulgadoras de arquitetura29 imprimem a ideia do lar confortável com adoção de modelos existentes no exterior, expresso nos conceitos e nas virtudes de moderno, civilizado, higiênico e de bom gosto, já em 1904. No mesmo ano, a premissa do aformoseamento presente na concepção da urbe abrange, igualmente, a arquitetura residencial e faz com que a municipalidade da cidade do Rio de Janeiro crie o “Concurso para projeto de fachadas” para a remodelação da Avenida Central.30 O espaço urbano, higienizado, organizado e belo corresponde a habitações com os mesmos princípios, que são estimuladas e expostas, evidenciando os símbolos da modernidade do país. Residências sofisticadas surgem nas cidades brasileiras, usufruindo dos novos, modernos e urbanos conceitos espaciais, infraestrutura, orientações higienistas, materiais e técnicas construtivas, padrões de conforto e modo de vida. A Mansão Figner, no Rio de Janeiro, e os palacetes paulistanos exemplificam este processo, assim como a produção residencial de Francisco de Paula Ramos de Azevedo, todos objetos de diversos trabalhos.31 18

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


O processo construtivo mescla técnicas e materiais já consagrados com as novidades produzidas pelas indústrias estrangeiras e locais. Tornam-se comuns as estruturas mistas com o emprego da alvenaria autoportante, vigas metálicas e lajes de concreto, frequentes nas instalações sanitárias do pavimento superior; assim como a presença do porão alto para evitar o contato do piso térreo com a umidade do solo. No entanto, a presença de produtos importados potencializa as possibilidades construtivas. A alteração espacial concomitante à renovação da arquitetura deveu-se à introdução de técnicas construtivas. Os condutores de cobre ou folhas-de-flandres possibilitavam telhados isolados e recortados e com eles, a nova disposição final da construção. O trem de ferro trouxe da Europa chapas de zinco e de cobre, arames e pregos galvanizados, cimento, telhas francesas, ardósia, pinho-de-riga, mármores, grades, guarda-corpos, colunas de ferro forjado ou fundido, mosaicos, azulejaria, louça sanitária, janelas completas, tintas a óleo, serralheria, etc.32 Paulatinamente, desponta a produção nacional de indústrias mecanizadas para construção civil da cerâmica, existente desde 1893 em São Paulo; a do vidro, em 1903, pela Companhia Industrial de São Paulo Santa Marina; e a do aço, em 1914, com a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, permitindo a popularização dos materiais. Os manuais de arquitetura, os catálogos de produtos, as técnicas construtivas e, sobretudo, o amplo repertório formal disponível permitem a construção de habitações mais complexas e elaboradas, em relação ao início do século XIX. Na França, as casas abastadas poderiam ser urbanas (hôtels privés) ou suburbanas (villas) tendo as primeiras como referência os palácios da nobreza e apresentando maior apuro formal e sofisticação construtiva e as segundas, “os movimentos românticos nacionais e piturescos, encontrando-se a meio caminho da casa urbana e da casa de campo”.33 Os hôtels privés definem-se por pátios fronteiros seguidos da casa, e esta, dos jardins. Possuíam portaria e cocheira, mas os serviços concentravam-se no subsolo, sendo exercidos por uma série de criados que obedeciam a uma hierarquia rígida, em cujo ápice ficava o mordomo ou maître d’hôtel. Nesses casos, a residência funcionava sem a presença da mulher. A distribuição era sempre à francesa: os serviços no subsolo e nas edículas, o estar no térreo, o repouso no primeiro andar, destinando-se o sótão aos hóspedes, aos amigos e à criadagem mais próxima aos patrões.34 Nas cidades brasileiras, são construídos, no início do século, palacetes e vilas inspirados nos modelos franceses. A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

19


Ambos os tipos iriam proliferar pela cidade de São Paulo, mas as villas teriam a preferência nos arrabaldes. Sua implantação com jardins ou parques fronteiros, permitindo elementos programáticos do campo, como árvores frutíferas, hortaliças, veios d’água, galinheiros, estrebarias, pombais, além de cocheiras, casas de porteiro, edículas várias, etc., estava mais próxima das chácaras tradicionais paulistanas, possibilitando a persistência de certas soluções. A villa, programada para o reino da mulher dentro da perspectiva romântica, dizia mais respeito à nossa tradição familiar, segundo a qual a mulher permanecia no comando da casa e dos criados, como supervisora das tarefas domésticas. Não é por acaso que as villas tinham, de preferência, nomes próprios femininos: Vila Maria, Vila Antonieta, Vila Laura, Vila Fortunata, etc.35 De forma geral, os palacetes e as vilas brasileiros caracterizam-se pela implantação solta em amplos terrenos, com a presença de construções e serviços de apoio (em maior número nas villas), elementos que as distanciam dos sobrados coloniais e reiteram a modernidade da solução espacial. Também se destaca o programa arquitetônico mais elaborado, com ambientes definidos e distribuídos funcionalmente, formando as zonas de estar, de serviço e íntima. Tais definições não impedem que sejam encontradas casas abastadas sem a presença de uma ou mais características relacionadas, mostrando soluções de transição ou de adaptação a situações específicas. É possível identificar modernidade, conforto, limpeza, hierarquia, distribuição e setorização na casa moderna, valores consagrados pelos palacetes e vilas; nos chalés, cottages e bungalows destinados à classe média, e popularizados no Brasil, na passagem do século XIX para o XX pelas revistas inglesas e norte-americanas; ou ainda nas moradias operárias, objeto de intensa discussão e regulamentação por parte do poder público. Em residências de todos os tipos e tamanhos são encontradas, portanto, orientações higienistas na definição e distribuição de ambientes, a presença da infraestrutura urbana e da tecnologia que alteram atividades e condutas domésticas e, em consequência, virtudes do bem-morar. Conceitos disseminados nos diferentes tipos de habitações e materializados na divisão tripartida de ordem funcional do espaço doméstico, identificada com o cosmopolitismo, a modernidade e a elegância, presente nos palacetes, insinuada nas moradias de renda média e manifestada nas casas populares e operárias, com a destinação de um cômodo para cada atividade. A definição da casa de renda média parece estar sempre ligada ao aumento do número de cômodos, aproximando-se da divisão mais clara das funções do palacete, mas sem a sua distribuição e circulação interna. Além do maior número de cômodos (acima de três), um dado que chama a atenção é a existência 20

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


do quarto da empregada. A cozinha estava definitivamente estabelecida neste tipo de habitação, colocada no corpo principal e muitas vezes com a presença da copa.36 Com o objetivo de eliminar os cortiços – que adensavam os centros urbanos brasileiros desde o final do Império, caracterizando-se pela precariedade física e potencializando a disseminação de epidemias – surgem legislações sanitárias e posturas municipais com foco nas casas da população de baixa renda. No Rio de Janeiro e em São Paulo, iniciam ao final do Império e ganham força nos primeiros anos republicanos, determinando moradias restritas à família nuclear, com uso eminentemente residencial e de repouso, protegidas de estranhos e penetradas por uma nova racionalidade estruturada em três pilares: economia, salubridade e solidez. Princípios sujeitos ao domínio de médicos e engenheiros que visam transformar o modo de vida pelo espaço, “um ambiente solidário com a saúde, a privacidade, [que propicia] o fortalecimento dos laços familiares, o aumento da produtividade no trabalho e um reordenamento das atividades e do uso do tempo no âmbito doméstico”.37 Logo, a casa econômica deve possuir uma quantidade mínima de três cômodos, cada qual com área, volumetria e índices de iluminação e ventilação mínimos, como determina a lei paulistana n.° 498 de 1900.

LEI MUNICIPAL N.° 498, DE 14 DE DEZEMBRO

§7° Os muros de alicerces terão a espessura

DE 1900 (Município de São Paulo)

minima de 0m,45 até o nivel do pavimento e 0m,30 dahi para cima.

Estabelece prescripções para construcção de

§8° A altura minima das paredes, contada do

casas de habitação operaria

nivel superior do pavimento até o frechal,

Art.1° Na construcção de casas para habitação

será de tres metros.

de familias de operarios, fóra do perimetro

§9° O vão minimo das portas e o das janellas

urbano marcado na presente lei, serão obser-

será a quinta parte da superficie minima do

vadas as seguintes prescripções:

compartimento.

(...)

§10° O pavimento poderá ser de madeira,

§4° Nenhuma casa poderá ter menos de tres

cimentado ou ladrilhado. No primeiro caso,

compartimentos, inclusive a cozinha.

ficará pelo menos 0m,50 acima da superfi-

§5° A area minima de cada compartimento

cie do solo, que deverá ser cimentado ou la-

será de dez metros quadrados.

drilhado, sendo o porão convenientemente

§6° Cada compartimento terá pelo menos

ventilado.

uma porta ou janella abrindo diretamente

§11° As paredes internas serão rebocadas e

para o exterior ou para uma area aberta, que

caiadas; as externas poderão ser de juntas

deverá ter a superficie minima de dez metros

tomadas.

quadrados e a dimensão minima de dous me-

§12° Os compartimentos poderão não ser

tros de largo.

forrados.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

21


§13° As portas, as janellas e os forros serão pin-

Art.4° Não havendo distribuição de agua po-

tados a oleo.

tavel, serão permittidos poços ou cisternas,

§14° Não havendo platibanda, o beiral do

revestidos de alvenaria, protegidos por um

telhado terá pelo menos uma saliencia de

muro de 1 metro de altura, cobertos ou muni-

0m,30.

dos de bomba para extracção da agua. Esses

§15° O terreno em torno das paredes exterio-

poços ou cisternas serão inutilizados desde

res será revestido, na largura minima de um

que a distribuição de agua da cidade chegue

metro, de calçada de alvenaria de pedra de

ao logar ou quando se verifique que a agua

tijolo ou cimentado.

por elles fornecida é impropria para o uso

Art.2° As casas a que se refere a presente lei

domestico. (...)

não poderão ser construidas no alinhamento

Art.5° Cada casa terá pelo menos uma latrina.

das ruas, mas afastadas dellas pelo menos 5

Não havendo distribuição de agua canalisada,

metros.

a latrina [com fossa negra] deverá ficar iso-

Art.3° Quando forem construidas varias casas

lada, fora da habitação, conservada a distan-

unidas, as paredes divisorias terão a espes-

cia minima de 3 metros de qualquer parede,

sura minima de 0m,30 e irão até o telhado,

muro ou cerca divisoria, e será completa-

sendo os respectivos terrenos separados por

mente estanque e arejada. 38

meio de muros ou cercas.

Emerge então a noção de moradia como espaço sanitário, base para a difusão de mecanismos disciplinares no âmbito doméstico e a da casa como santuário, lugar próprio ao fortalecimento da vida familiar, à construção de um “verdadeiro lar”, com suas trocas afetivas e hierarquias. O habitat moderno é construído, articulando uma noção de casa como lar, espaço sanitário, local de repouso e vida familiar com uma série de outras alterações no espaço urbano – criação de redes de infraestrutura, de equipamentos e de lugares específicos de trabalho – complementares a esta definição de forma e de uso da moradia. A ideia de casa como propriedade difunde-se, convertendo-se a moradia em expressão do direito básico consagrado pela sociedade burguesa e também em instrumento de controle social, desde que no século XIX este significado passa a ser valorizado por homens que salientam como efeito da casa própria – ou do sonho de tê-la –, sobre o trabalhador, o desenvolvimento de hábitos de trabalho e economia. Ganha espaço a concepção da casa como o estojo do homem privado – usando a expressão sugerida por Walter Benjamin –, espaço onde o morador procura afirmar sua individualidade, imprimindo a cada recanto seu gosto pessoal, suas lembranças e os belos objetos que amealhou ao longo de sua existência.39 O processo de constituição da casa moderna, que ocorre em fins do século XIX e início do XX no Brasil, é igualmente verificado em Curitiba, e pode ser analisado 22

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


de acordo com alguns parâmetros. Inicialmente, valoriza-se a dimensão globalizadora, uma vez que se encontra diretamente relacionada à urbanização presente em diversos países; a seguir, a vinculação com a ciência, voltada à transformação do homem, da sociedade e do meio em que vive, abrangendo áreas como o higienismo, a medicina e a engenharia, definindo conceitos e orientações para modificação e melhoria do modo de vida. Por fim, a presença do projetista das residências, detentor do conhecimento técnico, compositivo e construtivo e do repertório formal da arquitetura, incorporando no espaço construído a infraestrutura urbana; as premissas higienistas e científicas definidoras de ambientes e zonas funcionais; as regulamentações edificatórias; e as virtudes do bem-morar. A apresentação do projeto arquitetônico para a construção de edifícios dentro dos quadros urbanos é obrigatória, desde a República, em várias cidades. Em São Paulo a exigência da “planta e do desenho da frente da casa” data de 189340 e em Curitiba, de 189541, inserindo a participação do profissional que domina a técnica de representação arquitetônica. São desenhistas, arquitetos ou ainda engenheiros que projetam e constroem hospitais, mercados, teatros, escolas, palacetes e casas operárias, utilizando o conhecimento técnico e artístico da arquitetura, materiais e demandas, mescla de tradição e novas tecnologias. Em Curitiba, a produção da arquitetura residencial de Eduardo Fernando Chaves entre 1912 e 1944, evidencia os processos de urbanização e de constituição da casa moderna relacionados com as virtudes do bem-morar. Partindo da relação de 30 obras apresentadas na monografia datada em 1930, sob o título “Alguns dos trabalhos de Architectura projectados e executados sob immediata direcção do Autor, na cidade de Curityba”42 realizou-se minuciosa pesquisa no Arquivo Público Municipal e na Casa da Memória de Curitiba, registrando 220 projetos. Diante do grande volume, optou-se por analisar uma parte da produção, definindo como limite temporal o ano de 1930, quando Eduardo Fernando Chaves, com carreira consolidada e reconhecida, presta concurso para professor da Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades na Faculdade de Engenharia do Paraná. No período 1912-1930, estão listadas 103 obras de variados tipos, como palacetes, villas, bungalows e casas econômicas, escritórios, edifícios de uso misto, depósitos, reformas, ampliações, muros e garagens, que atendem às mais diversas necessidades, marcaram a paisagem urbana de Curitiba e permanecem como importantes referências. Eduardo Fernando Chaves atuou profissionalmente como desenhista, arquiteto, engenheiro civil, projetista, calculista, construtor, administrador e fiscal de obras. O conjunto da produção volumosa e diversificada, assim como as diferentes atividades exercidas, espelha a abrangência da atuação profissional iniciada logo após a conclusão do curso ginasial, que acompanha o A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

23


período de graduação (1914-1922) e avança até o começo da atividade docente na Universidade do Paraná (1922-1930). A produção arquitetônica de Eduardo Fernando Chaves ocorre junto ao processo de urbanização da cidade que, embora tenha se iniciado nos primeiros anos republicanos, ganha corpo nas décadas de 1910 e 1920 com a modernização, o embelezamento, a consolidação e a ampliação da infraestrutura – sistemas de água, esgoto, luz, telefone, transporte e pavimentação – propiciada pelo Estado e Município. Neste contexto, o arquiteto materializa nos seus edifícios princípios higienistas, arquitetônicos e técnicos e as virtudes do bem-morar vigentes, ancorados na infraestrutura urbana. Para realizar a análise – articulando a urbanização de Curitiba, a produção do arquiteto e as virtudes do bem-morar presentes nas edificações – tornou-se necessário dividir o período em duas fases. A primeira, estende-se de 1900 a 1922, revelando a concepção de urbanização da cidade, as diversas ações integradas e modernizadoras de implantação das redes hidrossanitária, elétrica, de telefonia, de transporte coletivo, da estrutura viária e de equipamentos urbanos, como a hierarquização e pavimentação de vias, a iluminação pública e o embelezamento de praças, etc. A obra de Eduardo Fernando Chaves, elaborada até sua graduação como engenheiro civil, integra-se neste contexto de implantação e modernização de Curitiba. A partir de então, inicia-se uma segunda fase com vasto e diversificado rol de projetos e edifícios, associado à consolidação de sua carreira. A intrínseca relação da arquitetura com o meio urbano, sempre presente, procura demonstrar as influências, conceitos, ações e valores que compartilham as virtudes do bem-morar com as do bem-viver na cidade. Mas, as obras de Eduardo Fernando Chaves e a cidade ganham vida quando seus moradores “falam” o que se entendia por tais virtudes, naquelas décadas. A listagem das 103 obras dispostas cronologicamente encontra-se na Tabela 9 [página 54], acrescida de informações sobre o projeto arquitetônico – como a categoria do edifício, tipo de implantação, área construída, número de pavimentos, etc. – e a atuação de Eduardo Fernando Chaves – projetista, calculista, fiscal, construtor, administrador ou por intermédio da empresa Gastão Chaves & Cia, da qual era sócio – além das referências às fontes pesquisadas. Organizando analiticamente a produção arquitetônica, pôde-se definir seis categorias de edifícios, de acordo com o uso projetado: residência, residência geminada, residência e comércio, edifício comercial e/ou residencial, reforma e/ ou ampliação e diversos. Na Tabela 1 observa-se que a categoria “residências” é a mais significativa, com 54% do total. 24

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


TABELA 1 Categorias e percentual de edifícios projetados por Eduardo Fernando Chaves entre 1912 e 1930 CATEGORIA

QUANTIDADE % DO TOTAL FUNÇÃO

Residência

56

54%

Edificação com um ou mais pavimentos de uso exclusivamente residencial;

Residência Geminada

4

4%

Edificação com um ou dois pavimentos – de uso exclusivamente residencial – apresentando duas ou mais residências separadas por paredes comuns, integrantes do mesmo lote com configurações semelhantes;

Residência e Comércio

6

6%

Edificação com um ou dois pavimentos de uso misto;

Reforma e/ou Ampliação

20

19%

Projeto e obra de reforma ou ampliação de edificação existente, assim como de muros e garagens;

Edifício Comercial e/ou Residencial

8

8%

Edificação com três ou mais pavimentos de uso residencial, comercial ou misto;

Diversos

9

9%

Edificação de uso diverso, como edifício público, barracão, depósito, armazém, hospital e escritório.

103

100%

TOTAL

A Tabela 2 reúne as categorias das obras relacionadas em ordem cronológica, registrando a elaboração de 23 projetos arquitetônicos, alvarás e obras até 1922 e outros 69 na década de 1920, concentrando 44 projetos no período de 1925 a 1928. TABELA 2 Categorias de edifícios projetados por Eduardo Fernando Chaves entre 1912 e 1930 1912

OBRAS 1

1914

3

1914 - 16 1916

1 3

1917

7

1919 1919 - 20 1920 - 22 1921

1 1 1 3

1922

2

CATEGORIAS 1 Residência 1 Edifício Comercial e/ou Residencial 1 Residência e Comércio 1 Residência Geminada 1 Diversos 1 Diversos 1 Residência 2 Reformas e/ou Ampliações 2 Residências 1 Residência e Comércio 2 Reformas e/ou Ampliações 2 Diversos 1 Reforma e/ou Ampliação 1 Residência 1 Residência e Comércio 2 Residências 1 Reforma e/ou Ampliação 2 Residências

ÁREA CONSTRUÍDA 1 entre 199 e 100,00 m2

1 entre 499 e 200,00 m2 1 entre 499 e 200,00 m2 1 entre 200 e 100,00 m2

1 maior que 500,00 m2 2 maiores que 500,00 m2 1 maior que 500,00 m2 1 entre 200 e 100,00 m2

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

25


1923

OBRAS 5

CATEGORIAS 4 Residências

1923 - 25 1924

1 7

1 Diversos 1 Residência 5 Residências

5

1 Edifício Comercial e/ou Residencial 1 Diversos 3 Residências

1925

ÁREA CONSTRUÍDA 2 maiores que 500,00 m2 2 entre 499 e 200,00 m2 1 entre 99 e 33,00 m2 1 maior que 500,00 m2 1 entre 499 e 200,00 m2 3 entre 199 e 100,00 m2

2 entre 499 e 200,00 m2 1 entre 199 e 100,00 m2

1925 - 27

2

1 Edifício Comercial e/ou Residencial 1 Reforma e/ou Ampliação 2 Residências

1926

14

7 Residências

10

1 Residência Geminada 4 Reformas e/ou Ampliações 2 Diversos 7 Residências

1 12

1 Edifício Comercial e/ou Residencial 1 Reforma e/ou Ampliação 1 Residência Geminada 1 Residência 7 Residências

1927

1927 - 28 1928

1929

5

1930

7

sem data

11

4 Reformas e/ou Ampliações 1 Diverso 1 Residência 4 Reformas e/ou Ampliações 4 Residências 1 Residência Geminada 2 Residências e Comércio 5 Residências 1 Residência e Comércio 5 Edifícios Comerciais e/ou Residenciais

1 maior que 500,00 m2 1 entre 499 e 200,00 m2 1 maior que 500,00 m2 1 entre 499 e 200,00 m2 1 entre 199 e 100,00 m2 1 entre 99 e 33,00 m2

1 entre 199 e 100,00 m2 6 entre 99 e 36,00 m2

1 entre 99 e 33,00 m2 1 maior que 500,00 m2 1 entre 499 e 200,00 m2 1 entre 199 e 100,00 m2 5 entre 99 e 33,00 m2

1 entre 99 e 33,00 m2 3 entre 499 e 200,00 m2 1 entre 99 e 33,00 m2 1 entre 199 e 100,00 m2 sem projeto arquitetônico sem projeto arquitetônico sem projeto arquitetônico

103

As 56 residências, por sua vez, são classificadas de acordo com a área construída [tabela 3], formando subcategorias – de grande, médio e pequeno porte, além das econômicas – cada qual com o estudo do programa arquitetônico [tabelas 5 a 8, páginas 41, 44, 48 e 51]. 26

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


TABELA 3 Classificação das residências projetadas por Eduardo Fernando Chaves em relação à área construída RESIDÊNCIAS Residências de grande porte Residências de médio porte Residências de pequeno porte Residências econômicas Residências sem informações TOTAL

ÁREA CONSTRUÍDA maior que 500,00 m2 entre 499,00 e 200,00 m2 entre 199,00 e 100,00 m2 entre 99,00 e 36,00 m2

QUANTIDADE 10 13 10 18 5 56

% DO TOTAL 18% 23% 18% 32% 9% 100%

Os ambientes encontrados em todo o conjunto foram reunidos na Tabela 4, revelando a diversidade e a especialização dos espaços residenciais que totalizam 16 sociais, 12 íntimos e 12 de serviços. TABELA 4 Relação de ambientes encontrados nas residências projetadas por Eduardo Fernando Chaves SETORIZAÇÃO

SOCIAL hall/ vestíbulo RELAÇÃO DE AMBIENTES sala de espera (PROGRAMA ARQUITETÔNICO) biblioteca escritório/ gabinete fumoir salão de recepções salão de festas salão de conversa e bilhar salão/ sala de visitas sala de música salão/ sala de jantar sala de almoço sala/ saleta jardim de inverno living room sala de jogos

ÍNTIMO dormitório/ quarto toilette studio vestiário sala de trabalho/ saleta sala senhora sala de estudo sala de brinquedo/ jogos sala de costura sala de banho banho e w. c. (water closet) w. c. (water closet) capela

SERVIÇO cozinha despensa copa depósito rouparia sala de trabalho sala de empregados quarto de empregados sala de banho banho e w. c. (water closet) w. c. (water closet) quarto para malas

O detalhamento do programa arquitetônico evidencia que casas abastadas, ou de grande porte, materializam, de forma plena, a casa moderna [tabela 5, página 41]. Com projetos elaborados entre 1919 e 1930, as residências construídas em alvenaria de tijolos e possuindo pelo menos dois pavimentos apresentam entre 18 e 31 cômodos, maior área construída, programa mais especializado e zoneamento tripartido. Alguns dos ambientes sociais encontrados no conjunto de casas concebidas por Eduardo Fernando Chaves compreendem as salas destinadas a festas, visitas, jantar, jogos, música e para fumar. Ou ainda, a toilette e a sala de banho que integram, juntamente ao quarto, os cômodos do setor íntimo. Na maioria dos exemplares, há predominância da área íntima em relação às demais – com a participação variando entre 23% e 52% – consequência do elevado A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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número de moradores: a Vila Olga [017], por exemplo, apresenta onze quartos, enquanto o Palacete Luiz Guimarães [030], sete. O setor de serviço conta, na edificação principal, com um número menor de ambientes, sendo apoiado por construções secundárias espalhadas nos amplos terrenos: as edículas abrigam depósitos, garagens, galinheiros, casas do forno e de empregados, etc. As residências locadas na região central de Curitiba são exceções: o lote de menores dimensões impõe a incorporação de espaços de serviços no edifício principal, chegando ao índice de 39% na Vila Ida [046], com a cozinha e a despensa no térreo e todo o porão destinado à garagem, depósito e aos aposentos de empregados, condição acentuada pelo fato da residência abrigar somente o casal Grötzner. Os espaços estão agrupados funcionalmente, definindo a setorização preconizada pelos manuais franceses. Em sete residências, a área social situa-se no pavimento térreo, a íntima nos pisos superiores e a de serviço no térreo, no subsolo, na mansarda ou ainda, em anexos. A valorização reservada à área de convívio social – também chamada de zona de representação – é evidenciada pela maior variedade de ambientes, expressando a “solidez financeira” e, sobretudo, a posição do proprietário na sociedade, por intermédio do requinte e da elegância ornamental, das maiores dimensões, da presença de móveis e objetos “evocativos de cultura, de padrão social e de prestígio”.43 Além da setorização e da distribuição de ambientes de orientação funcional, pode-se destacar outras características da casa abastada, na passagem do século XIX para o XX, como o isolamento das divisas do terreno, possibilitando a aeração e insolação de todos os ambientes e garantindo maior privacidade aos moradores. Tal solução distingue-se da uniformidade construtiva das cidades brasileiras no período e somente é possível em terrenos amplos, afastados da região central das cidades. Com o novo padrão de locação do edifício no lote, outro elemento adquire importância, o jardim frontal, fonte de ar e luz, de esmerado planejamento e intermediário entre o espaço público (rua) e o privado (casa). Seguem à risca as orientações de Guadet e Cloquet para a casa moderna, o Palacete de Luiz Guimarães [030]44e a Vila Odette [027], de Agostinho Ermelino de Leão, residências de grande porte, projetadas em meados da década de 1920. Apresentam características e configurações consideradas ideais, que expressam inteiramente os conceitos e virtudes do bem-morar. As casas possuem especificidades em seus 28

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


| figura 1 | Fachada frontal da Vila Odette [027], 1924.

| foto 2 | Em primeiro plano, o caramanchão de entrada; em seguida, vista parcial do jardim na Vila Odette [027], década de 1940.

| foto 1 | Vila Odette [027], década de 1940.

| foto 3 | Vista parcial do jardim na Vila Odette [027], década de 1940.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

29


| figura 2 | Fachada frontal do Palacete Guimarães [030], 2004.

| foto 4 | Palacete Guimarães [030], década de 1930.

| foto 7 | Vila Olga [017], década de 1940.

| foto 5 | Vista parcial do jardim no Palacete Guimarães [030], década de 1930.

| foto 6 | Vista parcial do jardim no Palacete Guimarães [030], década de 1930.

programas e arranjos e, concomitantemente, enfatizam critérios higienistas e funcionais, o conhecimento teórico da arquitetura, o programa arquitetônico complexo e a incorporação tecnológica. Suas soluções espaciais são repetidas em construções de todos os tamanhos e materializam virtudes como conforto, privacidade, modernidade e higiene. Estão locadas de forma isolada dos limites de amplos terrenos, localizados em regiões nobres e altas, afastadas do centro da cidade. Simultaneamente, beneficiam-se de pavimentação, iluminação pública, telefonia, linha de bondes e rede hidrossanitária. O terreno do Palacete, chamado pela família de “casa grande do Batel” é descrito pela filha e a neta de Luiz Guimarães como:

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A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


Elsa [Palacete Guimarães - 030]: A casa foi construída em um terreno de 10.500 m2, adquirido em 1923. Nos fundos, tinha a garagem para dois carros, o estábulo com cavalo, a quadra de tênis e o pomar. Atrás deste terreno estava a chácara e em parte desta área foram construídas três casas para as filhas quando se casaram. No terreno de uma delas, além da casa de dois pavimentos, com três quartos na parte superior, tinha ainda o galinheiro, a horta e os pés de pessegueiro, limoeiro e ameixeira. Depois foi edificada a garagem para um carro e outra casa.45

Semelhante é o relato da filha de Agostinho Ermelino de Leão, proprietário da Vila Odette: Odette [Vila Odette - 027]: A Vila Odette foi construída em uma chácara, muito longe do centro, tanto que a residência ao lado era chamada “casa da vovó da chácara”. Havia um jardim em volta da casa todo em estilo francês, que foi desaparecendo com o uso. Na frente, um tanque rodeado de buchinhos, onde hoje estão a piscina e complementos. Os carros entravam e saiam pelo mesmo portão, contornando a casa por caminho com pedrisco e mais estreito que o existente. Inicialmente, o terreno possuía mais 100 m de profundidade, além do limite atual – ia até o Hospital de Clínicas – e andávamos a cavalo. Minha mãe deu esta área para o meu irmão, que construiu uma casa quando casou. Os meus irmãos, e depois meus filhos, foram criados aqui. Havia ainda, nos fundos, os pés de jabuticaba, goiaba e uva, a estufa, o galinheiro, o depósito de lenha, a quadra de tênis – hoje fora do terreno – e a casa de bonecas. Meus pais a construíram para mim, quando eu estava com quatro anos de idade, era toda em miniatura, com fogão e geladeira para colocar gelo. Na garagem, ao lado, tinha na parte superior os quartos do chauffer e das empregadas. No fundo do terreno, morava a lavadeira com a família.

A Vila Olga, outra residência de grande porte projetada por Eduardo Fernando Chaves para Caetano Munhoz da Rocha, de acordo com depoimento do filho Paulo e da neta Olga, localizava-se muito distante da cidade. Olga [Vila Olga - 017]: Em volta da casa do vovô tinha só o Country, a rua chamava-se Avenida Graciosa e chegava até o trilho do bonde, onde acabava Curitiba. Odah, a filha mais velha,minha mãe, ia de trem para o Colégio Cajuru, pois não tinha rua para ir até lá. O terreno era muito grande, aos fundos alcançava o presídio do Ahú, e, na frente, incluía a área da Vila dos Funcionários. A casa estava construída no local onde hoje funciona um órgão A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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do Ministério da Marinha. O edifício onde moro está localizado no terreno da Vila Olga; aqui era o pomar, com muita fruta e verdura. Também tinha a casa de vinhedo, a do forno, o estábulo, a lavanderia, o tanque, o poço, a cocheira e ainda a Vila Odah, uma casa bem pequena, ao lado da Vila Olga. Tinha vaca, galinhas, alguns porcos, um cercado com balanço para as crianças, um caminho de cerejeira, desde a entrada, e, nos fundos, um bambuzal. O jardineiro e outro empregado de confiança, que atendiam tudo, moravam com suas famílias em casas construídas na chácara. Em 1947, a casa foi alugada para o Colégio Sacré Couer, depois para o sanatório do Alô Guimarães e, finalmente, vendida para o IBC, que a destruiu.

Posteriormente, os terrenos foram cortados por ruas e avenidas, mas mantêm, até o presente, grande extensão, indicando as dimensões das áreas que, originalmente, ocupavam. Nos fundos das chácaras, havia casas de empregados, vinhedo, garagem, depósitos, quadra de tênis, criatório de animais para consumo, estábulos, cocheiras, pomar, poço, estufa e os vistosos jardins. Tal conjunto remetia às casas abastadas de outras capitais do país, em fase de urbanização. A origem dos palacetes paulistanos a partir de chácaras semi-urbanizadas já os inseria numa tradição de produção de videiras, chás, flores, pomares e capinzais. As chácaras eram as herdeiras das culturas de subsistência instaladas na periferia da cidade desde os tempos coloniais.46 A solução formal é sofisticada e singular em todas as residências, uma escolha que deve necessariamente ser única, dentro do vasto repertório de formas arquitetônicas oferecidas naquele momento. A influência dos castelos franceses do Vale do Loire na elaboração do projeto do Palacete Guimarães, por exemplo, é sempre lembrada, seja nas diversas matérias em jornais e revistas, seja no processo de tombamento ou no depoimento escrito do proprietário. Por sua vez, a arquitetura rural da Normandia, encontrada nas vilas Odette e Olga, associa-se ao bucolismo e à salubridade da vida do campo. As referências, mesmo que distintas, relacionam-se às virtudes da sofisticação, monumentalidade e, sobretudo, luxo, revelados no grande porte, na volumetria movimentada, na singularidade formal e na ornamentação elaborada. Numerosos ambientes sociais encontram-se distribuídos no térreo e, nos fundos, localizam-se ambientes de serviço. Os aposentos para hóspedes – quarto e banheiro – são independentes e separados da intimidade familiar: no Palacete Guimarães estão localizados no térreo e na Vila Odette, no pavimento superior. A solução espacial em cada um destes modelos é elaborada, singular e acompanha a complexidade de ambientes. 32

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


A zona íntima apresenta especificidades no programa de cada residência – na Vila Odette é destinada a uma família pequena de quatro pessoas e no Palacete Guimarães, para onze – mas mantém em comum a valorização do conforto e da privacidade, expressos, por exemplo, nos aposentos do casal que possuem além do quarto, as salas de banho e a toilette. Ou, ainda, na comunicação direta do quarto dos filhos pequenos da família Leão com a toilette dos pais, disposição que permite a circulação dos familiares sem a utilização da galeria; e nos conjuntos de dormitórios para meninos e meninas dos Guimarães, que contam, cada um, com ambientes de apoio como toilette, saleta e sala de banho. A presença de vários banheiros distribuídos nos pavimentos principais das casas – instalações técnicas onerosas que exigem a presença de lajes de concreto, tubulações, equipamentos hidrossanitários e de aquecimento de água – é significativa e pouco frequente, relacionando-se diretamente com a higiene e o conforto dos moradores. As duas residências apresentam a mesma setorização, com os ambientes sociais, em grande número, ocupando a maior parte do térreo. A cozinha e dependências de serviço situam-se nos fundos deste pavimento. No piso superior, encontra-se o setor íntimo, o qual tem como apoio alguns espaços de serviço (rouparia e quarto dos empregados). Na mansarda situam-se os demais aposentos de criados. A delimitação do zoneamento está ancorada em sofisticado sistema de circulação, onde o serviço possui fluxo independente que percorre todos os pavimentos. Os vários acessos existentes no térreo possibilitam circulações diferenciadas no entorno da casa: a entrada principal é frontal, a de serviço localiza-se nos fundos e portas secundárias permitem ligações diretas com o escritório e o aposento de hóspede no Palacete Guimarães e com o hall que intermedeia as salas de almoço e jantar na Vila Odette. | figura 3 | Esquemas de setorização - comparativo entre o Palacete Guimarães [030] e a Vila Odette [027], 1924.

Embora as duas residências apresentem esquemas e soluções espaciais reproduzidos em várias construções, não podem ser consideradas modelos únicos, uma vez que são encontrados exemplos com orientações diferentes, como o Palacete de Antonio de Souza Mello [019], resultante da reforma e ampliação de construção A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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| figura 4 | Plantas da Vila Odette [027], com a identificação de ambientes, 1924.

| figura 5 | Fachada frontal da Vila Odette [027], 1924.

| figura 6 | Elevações lateral da Vila Odette [027], 1924.

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A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


| figura 7 | [acima] Plantas do Palacete Guimarães [030], com identificação de ambientes, 1924. | figura 8 | [ao lado] Fachada frontal do Palacete Guimarães [030], 1924.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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| foto 8 | [ao lado] Palacete de Antonio de Souza Mello [019], sem data. Em destaque, o acesso principal voltado para a Rua Ébano Pereira. | figura 9 | [abaixo] Plantas do Palacete de Antonio de Souza Mello [019], com identificação de ambientes, 1921.

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A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


| figura 10 | Fachada frontal do Palacete Antonio de Souza Mello [019], 1921.

térrea localizada na área central da cidade, no início da década de 1920. O aproveitamento da edificação existente determina o alinhamento frontal. Noeli [Palacete de Antonio de Souza Mello - 019]: O terreno era enorme e, nos fundos, havia uma parede com uma pia e azulejos aplicados; um jardim grande, pomar e galinheiro. Tinha um largo portão e os carros eram guardados embaixo da parreira.

Residencia particular. Rua Ebano Pereira. Amplos e confortaveis interiores com esplendidas decorações complementares.47 No Palacete Antonio de Souza Mello, a tipologia da casa urbana brasileira é mantida na composição estruturada em volume único, compacto, de base retangular, com valorização da horizontalidade, somente interrompida por dois balcões no pavimento superior. A solução formal apresenta sóbria elegância e, mesmo mantendo o alinhamento no limite frontal do terreno, destaca-se na paisagem pelo seu porte e riqueza ornamental. Na sua organização, a casa possui sobreposição da tradição portuguesa e da modernidade do modelo francês. Em relação à primeira, não tem a separação completa entre as três áreas da casa, estando presentes, no térreo, o setor social (salas de visitas, de jantar e de almoço), íntimo (quarto do casal) e de serviço (cozinha e despensa). Como condiz a uma casa moderna, conta com um vestíbulo principal que faz a transição entre o exterior e o interior e a distribuição para os A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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ambientes de sociabilidade, os quais, seguindo a configuração lusa, situam-se no térreo; estes são em número reduzido e a sala de jantar, centralizada, tem função distributiva, grande importância no conjunto e, portanto, maiores dimensões que as demais. Porém, os ambientes não estão dispostos de forma sequencial, como nas casas coloniais, apresentando espaços sociais e íntimos lado a lado. O acesso ao piso superior ocorre por intermédio de escadaria situada nos fundos da residência, entre a sala de almoço e o serviço, cozinha e despensa e não no vestíbulo, como preconizam os manuais franceses. O pavimento superior é, predominantemente, destinado à área íntima, composto de quatro quartos, uma toilette e uma sala de banho. Há também dependências de empregados proximas da escada e independente do conjunto de dormitórios. Os aposentos do casal, apesar da localização térrea junto aos espaços de sociabilidade, são formados por quarto, toilette, saleta e sala de banho com fluxo privativo. As instalações sanitárias estão presentes nos dois pavimentos, sempre nos fundos da construção.

| figura 11 | [ao lado à esquerda] Fachada frontal da Residência de Ulisses Vieira [024], 1920.

A convivência de padrões tradicionais e modernos demonstram limites difusos, nos quais soluções consolidadas convivem com inovações em um processo caracterizado pela incorporação sistemática e paulatina, sem bruscas mudanças e rupturas. O Palacete Antonio de Souza Mello é um exemplo de casa abastada, que incorpora virtudes do bem-morar e do bem-viver, utilizando linguagem e configuração distintas dos modelos já discutidos, mas ainda válidas e apropriadas. Tais argumentos justificam a solução espacial adotada na Residência Ulisses Vieira [024], construída no ano de 1920, em terreno de grandes dimensões, localizado em região afastada do centro da cidade, que mantém, no entanto, a implantação no alinhamento frontal e o jardim lateral, típicos da década anterior e de locais mais adensados. Segundo Ruth, nora de Ulisses Vieira:

| foto 9 | Residência de Ulisses Vieira [024], sem data.

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A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


Ruth [Residência Ulisses Vieira - 024]: O terreno onde foi construída a casa de

| figura 12 | Plantas da Residência Ulisses Vieira [024], com identificação de ambientes, 1920.

Ulisses era uma chácara pertencente aos seus pais, José Rodrigues e Cecília. A propriedade enorme tinha cavalo, cocheira, estábulo, galinheiro, horta, cabras, coelhos e imenso pomar. [Residência Ulisses Vieira - 024]: Nos imensos canteiros que circundavam toda a la-

teral da casa até a calçada de entrada das garagens, eram cultivadas pela vovó rosas de várias espécies, margaridas, lírios do campo, glicínias, são-joão, camélias brancas e vermelhas e hortênsias matizadas em azul e rosa, que vistas da rotunda, pareciam o manto da Virgem Maria, reproduzida em gravura na sala de jantar.48 Aqui permanece a solidez do volume único, de formato alongado, característico dos lotes de tradição colonial, implantado em terreno de grandes dimensões. O sobrado é tratado como piano nobile – com as atividades e os ambientes principais – e o térreo destina-se ao trabalho e ao serviço da casa. A zona social contém o hall que recebe e distribui diretamente o fluxo para os salões de visitas e jantar, este também se comunicando com a sala de almoço e o terraço com vista para o jardim lateral. Há apenas dois corredores: um, interligando dois quartos na área íntima e outro, entre a sala de almoço e a cozinha. O projeto, inicialmente, previa toda a fachada lateral direita cega, no entanto novos desenhos foram aprovados com outro acesso e “terraço de entrada”, que forma em uma das extremidades A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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As duas casas apresentam configuração semelhante, com o setor social ocupando, juntamente com o íntimo, a maior parte do pavimento principal. A cozinha e demais dependências de serviço encontram-se nos fundos deste piso. Contudo, há diferença na localização do piano nobile: na Residência Ulisses Vieira, ele situa-se no pavimento superior, seguindo a tradição lusa, e no Palacete Antonio de Souza Mello, no térreo, como preconizam os manuais franceses. Em consequência, é distinta também a destinação do outro piso: no térreo da Residência Ulisses Vieira localizam-se espaços de apoio ao serviço – como depósitos e dependências de empregados – e o seu escritório; já no Palacete Souza Mello, o sobrado destina-se ao setor íntimo. Apesar de projetado e construído primeiro, o Palacete Antonio de Souza Mello tem maior proximidade com os preceitos da casa moderna de Guadet. No entanto, a descrição dos moradores da Residência Ulisses Vieira indica que o mobiliário, a decoração, os equipamentos e, sobretudo, o modo de vida apresentam as mesmas virtudes do bem-morar encontradas nas demais moradias.

40

| figura 13 | Esquemas de setorização - comparativo entre o Palacete Antonio de Souza Mello [019], 1921, e a Residência de Ulisses Vieira [024], 1923.

área mais alargada semi-circular, chamada pela família de “rotunda”. Na ocasião, é acrescentado o projeto de elaborado muro de alvenaria, com gradil e dois portões de ferro, ricamente ornamentados, sendo um para veículos, uma vez que a garagem encontrava-se nos fundos do terreno. Assim, a casa passa a contar com vários acessos, distribuindo e separando diferentes fluxos. As habitações de grande porte – Vila Odette, palacetes Luiz Guimarães e Antonio de Souza Mello e Residência Ulisses Vieira – incorporam, portanto, os conceitos da casa moderna de diferentes formas, todas consideradas válidas e utilizadas frequentemente na produção arquitetônica da época. A implantação da construção no terreno pode ser isolada ou no seu alinhadamento, situações encontradas em casas de todos os tamanhos e condicionadas à área disponível, ao gosto do proprietário e à solução proposta pelo arquiteto. Formalmente, é possível recorrer às vilas campestres, aos palacetes urbanos, a bucólicos bungalows ou chalés, ou ainda à mistura de elementos de todas as épocas, que dão vida a contidos, elegantes ou exuberantes edifícios, nos quais encontram-se modernos formatos de esquadrias; telhados elaborados; gradis, portões, marquises, ornamentos escolhidos em catálogos. O programa arquitetônico não é fixo, e os ambientes variam de acordo com o tamanho da família e seu modo de vida. Alguns exemplares apresentam o zoneamento tripartido bem delimitado, outros se utilizam de arranjos diferentes para atender tais preceitos. A flexibilidade resulta de condições físicas específicas; da própria escolha que proprietário e arquiteto exercem em um amplo universo de repertórios, arranjos, formas e materiais disponíveis; da necessária singularidade que a residência deve possuir, expressando o caráter de seus moradores; e, sobretudo, dos recursos financeiros destinados à construção. A distribuição dos ambientes no programa arquitetônico do conjunto de residências de grande porte pode ser observada na Tabela 5, a seguir.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


TABELA 5 Residências de grande porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves - área construída maior que 500,00 m2 Estudo do Programa Arquitetônico NÚMERO TABELA GERAL

RESIDÊNCIA/ PROPRIETÁRIO

ÁREA APROX.

PAVIMENTOS EDIFICAÇÃO PRINCIPAL

AMBIENTES SOCIAIS

AMBIENTES ÍNTIMOS

AMBIENTES DE SERVIÇO

OUTROS AMBIENTES*

TOTAL AMBIENTES

[030]

Palacete Luiz Guimarães

1.286,82 m2

2 + sótão

06

16

06

03

31

[080]

Palacete Julio Garmatter

1.145,31 m2

2 + sótão + porão

08

10

05

04

27

[027]

Vila Odette

825,00 m2

2 + sótão + porão

06

09

05

[022]

Palacete Guilherme Weiss

800,00 m2

2

07

11

04

03

25

[046]

Vila Ida

570,00 m2

2 + porão

04

05

07

02

18

[019]

Palacete Antonio de Souza Mello

540,00 m2

2

04

11

03

[024]

Residência Ulisses Vieira

540,00 m2

2

04

05

05

08

22

[020]

Residência Guilherme Withers Junior

500,00 m2

2 + sótão + porão

05

10

07

03

25

[017]

Vila Olga **

2 + sótão + porão

08

16

07

31

[057]

Residência Candido Mäder**

2

05

07

09

21

20

18

* Alguns ambientes não se enquadram nas categorias social, íntimo e de serviço. São os aposentos destinados a hóspedes, tradicionalmente alocados longe da intimidade familiar, na extensão dos ambientes de representação; e os ambientes de trabalho, locais de permanência masculina. ** As residências de Caetano Munhoz da Rocha [Vila Olga - 017] e de Candido Mäder [057], apesar da inexistência dos respectivos projetos arquitetônicos, foram incluídas na tabela considerando a relação de ambientes fornecida nos depoimentos e fotografias.

O Mapa 1 [página 42] indica a localização das residências de grande porte no quadro urbano de Curitiba, todas servidas pela rede hidrossanitária e elétrica e próximas ao trajeto da linha de bonde, evidenciando o contexto indispensável à casa moderna. A Vila Olga é o único exemplar situado fora de tal delimitação e o mais distante do centro da cidade. A incorporação da infraestrutura urbana em toda a sua abrangência – compreendida pelas redes hidrossanitárias, pavimentação das ruas, presença de iluminação pública, do telefone, proximidade das linhas de bonde, arborização – caracterizam estas residências, tornando-as modernas. Os preceitos higienistas, os avanços técnicos e o modo de vida deles decorrente, impregnam o processo de modernização da casa e passam a ser considerados virtudes do bem-morar – traduzidas como higiene, conforto e privacidade – em grande parte presentes em moradias de médio porte [tabela 6]. Neste grupo predomina uma tipologia até então encontrada na casa abastada: singularidade da solução formal, locação afastada dos limites do terreno, dois pavimentos; construção em alvenaria de tijolos; e a setorização tripartida, no térreo, os ambientes sociais e de serviço e, no pavimento superior, os íntimos. As treze moradias estudadas apresentam entre oito e vinte, A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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| mapa 1 | Localização das residências de grande porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves e construídas entre 1912 e 1930.

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A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


cômodos, a maioria com dimensões menores do que as encontradas nas de grande porte. Na zona social, a variedade de ambientes diminui: somente as salas de visitas e de jantar estão presentes em todas as casas; o hall existe em onze; o escritório/biblioteca/consultório em seis; a sala de almoço em quatro; e o jardim de inverno em apenas uma. O hall mantém-se como elemento de transição entre o espaço público-privado e de distribuição dos fluxos internos, no entanto com menores dimensões e sem a escadaria principal. Esta localiza-se na transição da zona social com a de serviço, geralmente encerrada entre paredes, mantendo os caprichados vitrais, que possibilitam, de forma sofisticada, a iluminação natural permanente.

| figura 14 | [acima] Projeto de residência para José Bellegard [033], 1924. | figura 15 | [abaixo] Projeto de cottage para Hermano Franco Machado [091], 1930.

A grande maioria dos exemplares de médio porte possui entre quatro e cinco quartos, sendo o de casal acompanhado por toilette em nove casas. Em cinco residências, uma sala de trabalho, da senhora ou de estudos integra a zona íntima. As instalações sanitárias encontram-se nos dois pisos, sendo a do superior com banho e servindo todos os quartos. Os aposentos para hóspedes locados no pavimento térreo, de forma independente do setor íntimo, compõem o programa de seis casas. Em relação ao serviço, há variação na localização e no programa, com exemplos de cozinhas na lateral [Cottage de Franco Machado [091]], que se distinguem da tradicional locação nos fundos, em puxado [Residência de José Bellegard [033]]. A despensa é encontrada em doze casas, diferente da copa que aparece em seis e das dependências internas para empregados, em cinco. O bungalow de Seraphim França [025] situa-se no bairro do Batel e ficou conhecido como Villa Yayá, em homenagem à esposa: Yayá Junqueira França. A residência construída para o casal, mostrada na revista “Illustração Paranaense”, em 192849, desenvolve-se no térreo, sendo o pavimento superior utilizado para aposentos de empregados, depósito e sala de trabalho. A demarcação dos três setores e dos diferentes fluxos é precisa, com a utilização do hall de distribuição, como mostra o esquema ao lado. A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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| foto11 | Antiga Vila Yayá que, com alguns acréscimos, abriga atualmente um restaurante.

| foto 10 | Bungalow de Seraphim França ou Vila Yayá [025], 1928.

A distribuição dos ambientes no programa arquitetônico do conjunto de residências de médio porte pode ser observada na Tabela 6, a seguir. TABELA 6 Residências de médio porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves - área construída entre 499,00 e 200,00 m2 Estudo do Programa Arquitetônico NÚMERO TABELA GERAL

RESIDÊNCIA/ PROPRIETÁRIO

ÁREA APROX.

PAVIMENTOS EDIFICAÇÃO PRINCIPAL

AMBIENTES SOCIAIS

AMBIENTES ÍNTIMOS

AMBIENTES DE SERVIÇO

OUTROS AMBIENTES*

TOTAL AMBIENTES

[040]

Palacete Fidelis Reginato

448,00 m2

2

05

10

03

02

20

[025]

Bungalow Seraphim França

410,00 m2

2

05

05

07

01

18

[013]

Residência Octavio Montezano

360,00 m2

2

03

05

03

06

17

[038]

Residência João Alfredo Silon

320,00 m2

2

04

04

06

04

18

[007]

Vila Alkinoar

320,00 m2

2

03

05

04

06

18

[028]

Bungalow Raul Plaisant

290,00 m2

2

03

09

05

02

19

[092]

Residência Vera Maria Munhoz da Rocha

280,00 m2

2

03

04

04

[091]

Residência Hermano Franco Machado

254,00 m2

2

05

07

03

01

16

[086]

Residência Eurico C. Hart

230,00 m2

2

02

03

05

04

14

[045]

Residência Elisa Constantino Rocha

240,00 m2

2

04

05

04

03

16

[071]

Bungalow Carl Chyla

240,00 m2

2

02

05

01

08

[033]

Residência José Nunes Bellegard

210,00 m

2

04

06

04

14

[042]

Residência Dante Romanó**

3

04

06

03

13

2

11

* Alguns ambientes não se enquadram nas categorias social, íntimo e de serviço. São os aposentos destinados a hóspedes, tradicionalmente alocados longe da intimidade familiar, na extensão dos ambientes de representação; e os ambientes de trabalho, locais de permanência masculina. ** A residência de Dante Romanó [042] apesar da inexistência do projeto arquitetônico, foi incluída na tabela considerando a relação de ambientes fornecida nos depoimentos e fotografias.

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A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


| figura 16 | [abaixo] Projeto do Bungalow para Seraphim França [025], 1923.

O Mapa 2 [página 46] mostra situação semelhante à encontrada na localização das residências de grande porte: a presença da infraestrutura urbana. Água, esgoto, eletricidade, pavimentação, telefone e bonde garantem o conforto, a salubridade e, sobretudo, o modo de vida moderno também para os exemplares de médio porte, construídos dentro do quadro urbano de Curitiba. A única exceção é o Bungalow de Carl Chyla [071], construído em madeira e localizado em loteamento popular, a Vila Guaira. As dez residências de pequeno porte [tabela 7] possuem em sua maioria um pavimento, característica que impõe uma delimitação pouco precisa dos três setores e aproxima-se da solução espacial adotada no Palacete de Antonio de Souza Mello. No setor social permanecem, em todos os exemplares, as salas de visitas e de jantar – esta em posição privilegiada e de maiores dimensões – e diminui a frequência do escritório, da sala de almoço e do hall. O número de quartos varia entre um e quatro, compondo, juntamente com as instalações sanitárias, a zona intima. A toilette está presente em um único exemplar. O serviço é formado, majoritariamente, pela cozinha e a despensa, com a copa e as dependências internas para empregados encontradas em dois projetos. Há diversidade no programa e na distribuição de ambientes, como se verifica comparando o projeto das casas de Octavio Marcondes [050] e a de Costa Maia [039]. Ambas possuem cerca de 170 m² de área construída, um pavimento e porão alto. No entanto, a primeira é destinada a um casal e apresenta configuração semelhante à encontrada no bungalow dos França. Possui escritório na parte fronteira da casa e, na área íntima, um conjunto formado por quarto, toilette e banheiro com acesso restrito. Dois quartos de hóspedes estão situados nos fundos da casa, próximos à cozinha. A solução formal é uma sofisticada composição eclética que destaca a localização da sala de visitas por intermédio de grande abertura finalizada em arco pleno, com cornija e platibanda acompanhando a curA URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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| mapa 2 | Localização das residências de médio porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves e construídas entre 1912 e 1930.

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A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


vatura. Já no bungalow da família Costa Maia, que não possui o característico telhado aparente e acentuado, sobressai na fachada frontal um pórtico centralizado de referência clássica, ladeado por colunas, onde se situa o acesso principal diretamente ligado a um hall de entrada. A platibanda contorna toda a edificação, com predomínio de linhas retas e austeras e ausência de ornamentação. A distribuição de ambientes caracteriza-se por uma sequência de cômodos, onde a circulação aparece, apenas, nos fundos do terreno.

| figura 18 | Projeto de garagem para Octavio Marcondes [050], 1926.

| figura 17 | Projeto do Bungalow para Costa Maia [039], 1925. Com 172,61 m² de área construída, situava-se na Rua Buenos Aires quase esquina com a Avenida Visconde de Guarapuava, região que recebeu grandes intervenções na gestão de Moreira Garcez.

| figura 19 | Projeto do Bungalow para Octavio Marcondes [050], 1926. De dimensões semelhantes ao bungalow de Costa Maia e projetada um ano após, localiza-se na tradicional Avenida do Batel. Apresenta maior elaboração formal, programa complexo e requintes, como a edícula em alvenaria destinada à garagem e ao alojamento de empregados. | foto 12 | Antiga residência de Octavio Marcondes [050], atualmente abriga um restaurante.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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A distribuição dos ambientes no programa arquitetônico do conjunto de residências de pequeno porte pode ser observada na Tabela 7. As residências de pequeno porte, indicadas no Mapa 3 [página 49], encontram-se majoritariamente dentro do quadro urbano de Curitiba e são servidas pela rede hidrossanitária. Mesmo nos três exemplares fora de tais limites, dois ainda contam com a presença do bonde elétrico. Há também uma casa na Vila Guayra – a de Fritz Scknepper [063] – em loteamento que até então não dispunha desses serviços. TABELA 7 Residências de pequeno porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves - área construída entre 199,00 e 100,00 m2 Estudo do Programa Arquitetônico OUTROS AMBIENTES*

NÚMERO TABELA GERAL

RESIDÊNCIA/ PROPRIETÁRIO

ÁREA APROX.

PAVIMENTOS EDIFICAÇÃO PRINCIPAL

AMBIENTES SOCIAIS

AMBIENTES ÍNTIMOS

AMBIENTES DE SERVIÇO

[001]

Residência V. Hermenegildo Gomes da Silva

176,00 m2

1

02

04

02

08

[039]

Residência J. B. da Costa Maia

172,61 m2

1

04

05

04

13

[050]

Residência Octavio Marcondes

171,00 m2

1

04

03

05

[011]

Residência Zacharias de Paula Xavier Filho

160,00 m2

1

02

05

01

08

[029]

Residência Rodolfo Altrich

155,00 m2

1

02

04

02

08

[069]

Residência João Gröger

150,00 m2

2

02

05

02

09

[034]

Residência Alvares Teixeira de Freitas

144,00 m2

1

03

04

03

10

[035]

Residência José Lombardi*

130,00 m2

1 + sótão

02

04

02

08

[063]

Residência Fritz Scknepper

125,00 m2

2

03

05

01

09

[023]

Residência José Muzzilo

120,00 m2

1

03

02

04

09

02

TOTAL AMBIENTES

14

* Alguns ambientes não se enquadram nas categorias social, íntimo e de serviço. São os aposentos destinados a hóspedes, tradicionalmente alocados longe da intimidade familiar, na extensão dos ambientes de representação; e os ambientes de trabalho, locais de permanência masculina.

As casas econômicas representam o conjunto mais numeroso da produção residencial de Eduardo Fernando Chaves. Entre as 18 relacionadas [tabela 8], a maioria localiza-se em regiões afastadas do centro da cidade, tem implantação isolada dos limites do terreno, é construída em madeira e apresenta um pavimento. O número de cômodos varia entre três e sete, sendo que dez exemplares possuem as salas de visitas e de jantar e os demais, contam com um único ambiente social. A cozinha é o espaço que representa a zona de serviço e os quartos, a íntima. As instalações sanitárias são externas. A solução formal, singela, acompanha o programa arquitetônico enxuto e sem uso de circulações, marcado pelas disposições da legislação que determinam áreas, pé-direito e dimensões de aberturas 48

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


| mapa 3 | Localização das residências de pequeno porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves e construídas entre 1912 e 1930.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

49


mínimos. Há ainda nesta categoria, as residências mais centrais que possuem a fachada frontal em alvenaria de tijolos – com soluções elaboradas –, condição que permite a construção no alinhamento frontal do lote, como as de João Regheto [047] e de Feliciano Guimarães [062].

| figura 20 | [acima] Projeto de residência para José Palaniza [075], 1928. | figura 21 | [ao lado] Projeto de residência para Antonio Cortiaro [078]. | figura 22 | [abaixo] Projeto de residência para João Reghetto [047], 1926.

50

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


A distribuição dos ambientes no programa arquitetônico do conjunto de residências econômicas pode ser observada na Tabela 8, a seguir. TABELA 8 Residências econômicas projetadas por Eduardo Fernando Chaves - área construída menor que 99,00 m2 Estudo do Programa Arquitetônico NÚMERO TABELA GERAL

RESIDÊNCIA/ PROPRIETÁRIO

ÁREA APROX.

[036]

Vila dos Funcionários

entre 52,00 e 102,60 m2

[047]

João Reghetto

[072]

TOTAL

PAVIMENTOS EDIFICAÇÃO PRINCIPAL

AMBIENTES SOCIAIS

AMBIENTES ÍNTIMOS

AMBIENTES DE SERVIÇO

OBS.:

94,00 m2

1

02

03

01/ 17%

I. S. (instalações sanitárias) externas.

06

Paulo Godleschik

90,00 m2

1

02

04

01

I. S. externas

07

[064]

Hans Sastny

80,00 m2

1

02

03

02

I. S. externas

07

[053]

Veronicca César

80,00 m2

2

01

03

01

I. S. externas

05

[090]

Alexandre Marchioro

76,50 m2

1

02

02

01

I. S. externas

05

[079]

Frederico Nemes

70,00 m2

1

02

02

02

I. S. externas

06

[066]

Berlina Roza

70,00 m2

1

02

02

01

I. S. externas

05

[056]

Maria Trevisani

70,00 m2

1

01

03

01

I. S. externas

05

[052]

Cassilda Cornelsen Grosmann e Marina Nelson

63,00 m2

1

02

02

02

I. S. externas

06

[081]

Benedicto Ogg

60,00 m2

1

01

05

01

I. S. externas

07

[060]

Ladislau Sobelewski

60,00 m2

2

02

03

01

I. S. externas

06

[062]

Feliciano Guimarães

50,25 m2

1

02

02

01

I. S. externas

05

[074]

Reinhardt Mathez

49,00 m2

1

02

01

02

I. S. externas

05

[067]

Peter Muller

48,00 m2

1

01

02

01

I. S. externas

04

[075]

José Palaniza

44,00 m2

1

01

01

01

I. S. externas

03

[078]

Antonio Cortiano

42,00 m2

01

01/ 25%

02/ 50%

01/ 25%

I. S. externas

04

[058]

Manuel Pereira

42,00 m2

01

01/ 33%

01/ 33%

01/ 33%

I. S. externas

03

AMBIENTES

O Mapa 4, mostra uma situação distinta das demais categorias: a maioria das casas econômicas encontra-se fora do quadro urbano e não conta com a presença da rede hidrossanitária, nem com a proximidade do bonde. Mesmo os quatro exemplares situados dentro daquele limite, localizam-se distantes do centro da cidade e somente os dois, com a fachada em alvenaria, dispõem do abastecimento de água e de transporte coletivo. A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

51


| mapa 4 | Localização das residências econômicas projetadas por Eduardo Fernando Chaves e construídas entre 1912 e 1930.

52

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR


A produção arquitetônica de Eduardo Fernando Chaves conta também com residências geminadas, residências e comércio, edifícios comerciais, residenciais ou mistos e, ainda, outros de variados usos, como o Paço Municipal e os hospitais para o interior do Estado. Toda a sua obra encontra-se relacionada na Tabela 9, acrescida de mais informações sobre cada edifício: proprietário, denominação inicial, tipo de implantação, forma de atuação profissional, dados do projeto arquitetônico e da aprovação na prefeitura, localização e situação atual, além de concentrar as referências das fontes consultadas. Tais dados, sistematizados, permitem perceber a atuação plena e contínua de Eduardo: desenhista, engenheiro e arquiteto que realizou projetos e cálculos estruturais, construiu, administrou e fiscalizou obras, além de ser o responsável técnico da empresa Gastão Chaves & Cia. Trata-se de uma obra consistente e diversificada, que conta com residências de mais de 1.000 m², assim como de 40 m², edificadas em madeira; edifícios nobres e centrais e, também, barracões de depósitos; bungalows, cottages, vilas e projetos singelos de reformas e ampliações ou ainda de muros, que, por força da legislação, foram erguidos em toda a cidade. Produção, intrinsecamente associada ao processo de urbanização e modernização de Curitiba, que reforça a estreita relação entre a arquitetura e a cidade, entre o bem-morar e o bem-viver.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

53


TABELA 9 TABELA GERAL DE OBRAS DE EDUARDO FERNANDO CHAVES ENTRE 1912 E 1930

ÁREA CONSTRUÍDA ESTIMADA (M2)

EDIFÍCIO LOCALIZADO

X

17. 10. 1912

176,00

X

Diversos

X

Alvenaria de tijolos

X

28. 02. 1914

Casa

Residência e Comércio

X

Alvenaria de tijolos

X

29. 08. 1914

400,00

Casa

Residência Geminada

Madeira

X

12. 09. 1914

47,00

FISCALIZAÇÃO

Alvenaria de tijolos

ADMINISTRAÇÃO

X

CÁlCULO

DATA DA APROVAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO

[004]

Residência

CONSTRUÇÃO

Gregório Affonso Garcez

PROJETO

[003]

TÉCNICA CONSTRUTIVA

Sociedade Victorio Manoel III

Prédio

Alinhamento frontal e/ou lateral

[002]

Isolada dos limites do terreno

V. Hermenegildo Gomes da Silva

CATEGORIA

[001]

DENOMINAÇÃO INICIAL

PROPRIETÁRIO

GASTÃO CHAVES & CIA

ATUAÇÃO DE EDUARDO FERNANDO CHAVES

IMPLANTAÇÃO

[005]

Ottoni E. F. Bello

Muro

Reforma e/ou Ampliação

X

Alvenaria de tijolos

X

28. 05. 1916

[006]

Iphigenio Ventura de Jesus

Muro

Reforma e/ou Ampliação

X

Alvenaria de tijolos

X

10. 08. 1916

[007]

Eduardo Leite Leal Ferreira

Vila Alkinoar

Residência

X

Alvenaria de tijolos

X

21. 12. 1916

[008]

Prefeitura de Curitiba

Paço Municipal

Diversos

[009]

Francisco Raymundo

Muro

Reforma e/ou Ampliação

X

Alvenaria de tijolos

X

02. 01. 1917

[010]

Manoel R. Guimarães

Muro

Reforma e/ou Ampliação

X

Alvenaria de tijolos

X

16. 01. 1917

[011]

Zacharias de Paula Xavier Filho

Casa

Residência

X

Alvenaria de tijolos

X

17. 02. 1917

160,00

X

[012]

José Beggi

Casa

Residência e Comércio

X

Alvenaria de tijolos

X

27. 02. 1917

95,00

X

[013]

Octavio Montezano

Casa

Residência

X

Alvenaria de tijolos

X

19. 04.1917

360,00

X

[014]

Governo do Paraná

Hospital Regional

Diversos

X

Madeira

X

1917

---

[015]

Governo do Paraná

Lazaropolis

Diversos

X

Madeira

X

1917

---

[016]

Raul Correia Pinto

Ampliação

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

X

11. 06. 1919

54

X

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

Concreto armado

X

X

320,00

1914 . 1916

X

X


SITUAÇÃO ATUAL DO EDIFICIO DEMOLIDO

FONTES Projecto de casa para o Snr. Hermenegildo Gomes da Silva à Avenida Vicente Machado. Planta do pavimento térreo, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 17 de outubro de 1912, talão n.° 2414. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0190, PPM. Projecto da Fachada para a Sociedade Victorio Manoel III no Ahú. Planta do pavimento térreo, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 28 de fevereiro de 1914, talão n.° 203. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0132, PPA. CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de casa para o Snr Gregório Affonso Garcez. Planta do pavimento térreo, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 29 de agosto de 1914, talão n.° 914, protocolo n.° 6308. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de casa à R. Vicente Loyola. Plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachadas frontal e lateral, apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 12 de setembro de 1914, talão n.° 890, protocolo n.° 6524. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de muro para o Snr. Ottoni E. F. Bello à Rua V. de Nácar, n.° 119. Planta, corte e elevação apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 28 de maio de 1916, talão n.° 580, protocolo n.° 11879. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de muro para o Snr. Iphigenio Ventura de Jesus à Av. Vicente Machado. Corte e elevação apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 10 de agosto de 1916, talão n.° 824, protocolo n.° 12377. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

EXISTENTE

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto da Vila Alkinoar para o Snr. Leal Ferreira à Av. S. Vicente. Plantas do pavimento térreo e do porão, croquis de implantação, fachada frontal, elevação do muro e corte apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 21 de dezembro de 1916, talões n.° 1966 e 1967, protocolo n.° 444. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. MARANHÃO, Fernando Rocha. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 16 de novembro de 2011. 74 minutos. MARIUS. O Paço Municipal. In Jornal Diário da Tarde. Curitiba, 18 de janeiro de 1916. p.1 CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de muro para o Snr. Francisco Raymundo à Av. Vicente Machado. Planta, corte e elevação do muro apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 2 de janeiro de 1917, talão n.° 2, protocolo n.° 582. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de muro para o Snr. Manoel R.Guimarães à Al. Carlos de Carvalho. Planta, corte e elevação do muro apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 16 de janeiro de 1917, talão n.° 52, protocolo n.° 705. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de Casa para o Snr. Zacharias de Paula Xavier Filho à Rua Voluntarios da Patria. Planta do pavimento térreo, fachada frontal e corte apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 17 de fevereiro de 1917, talões n.° 129 e 130, protocolo n.° 849. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de Casa para o Snr. José Beggi à Rua Fernando Amaro. Planta do pavimento térreo, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 27 de fevereiro de 1917, talão n.° 687, protocolo n.° 998. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de Casa para o Snr. Octavio Montezano. Plantas do pavimento térreo, do porão, de implantação e de situação, cortes e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 17 de abril de 1917, talão n.° 227, protocolo n.° 1136. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

NÃO CONSTRUÍDO

SOUZA ARAUJO, Heraclides C. de. A Prophylaxia Rural no Estado do Paraná. Esboço de Geographia Medica. Curityba, 1919. p. 230-231.

NÃO CONSTRUÍDO

SOUZA ARAUJO, Heraclides C. de. História da Lepra no Brasil. Período Republicano (1889-1946). Volume II. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948. Estampas 15 e 16. CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de Casa para o Snr. Raul Correia Pinto. Planta de ampliação do pavimento térreo, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 11 de junho de 1919, talão n.° 272, protocolo n.° 5145. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

55


[017]

Caetano Munhoz da Rocha

Vila Olga

Residência

[018]

Banco do Brasil

Palacete do Banco do Brasil

Residência e Comércio

[019]

Antonio de Souza Mello

Palacete Antonio Souza Mello

Residência

[020]

Guilherme Withers Junior

Prédio

Residência

[021]

Jacob Woisky

Reforma

Reforma e/ou Ampliação

[022]

Guilherme Weiss

Palacete

Residência

[023]

José Muzzilo

[024]

Ulisses Vieira

[025]

Alvenaria de tijolos

X

X

1919 . 1920

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

1920 . 1922

X

X

Alvenaria de tijolos

X

07. 06. 1921

540,00

X

Alvenaria de tijolos

X

04. 07. 1921

500,00

X

Alvenaria de tijolos

X

25. 09. 1921

Alvenaria de tijolos

X

X

X

X

X

Residência

X

Alvenaria de tijolos

Casa

Residência

X

Alvenaria de tijolos

Serafim França

Bungalow

Residência

X

Alvenaria de tijolos

[026]

Maria Dolores Leão da Veiga

Escritório

Diversos

X

Alvenaria de tijolos

X

[027]

Agostinho Ermelino de Leão Junior

Vila Odette

Residência

X

Alvenaria de tijolos

X

[028]

Raul Plaisant

Bungalow

Residência

X

Alvenaria de tijolos

[029]

Rodolfo Altrich

Casa

Residência

56

X

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

Alvenaria de tijolos

X

X

X

X

18. 09. 1922

800,00

X

X

01. 12. 1922

120,00

X

X

17. 01. 1920 16. 03. 1923

540,00

X

X

19. 07. 1923

410,00

X

27. 09. 1923

144,00

X

X

03. 10. 1923

755,00

X

X

29. 10. 1923

290,00

14. 01. 1924

155,00

X


DEMOLIDO

FERREIRA, Olga; ROCHA, Paulo Munhoz da. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse, Elizabeth A. de Castro e Humberto Mezzadri. Curitiba, 1°de dezembro de 2010. 173 minutos. ROCHA, Flora Camargo Munhoz da. Entrevista realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 07 de dezembro de 2010.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. p. 45.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto para reforma e augmento do prédio do Sr. Antonio de Souza Mello à Rua Ébano Pereira n.° 26. Plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 7 de junho de 1921, talão n.° 400, protocolo n.° 1453. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. GOMES, Noeli de Mello Fernandes. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 23 de novembro de 2011. 95 minutos.

EXISTENTE

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de casa para Snr. Guilherme Withers na Avenida Batel. Plantas dos pavimentos térreo, superior e mansarda, corte e fachada frontal apresentados em três pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 4 de julho de 1921, talão n.° 285, protocolo n.° 1175. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. ALMEIDA, Lilian L. W.; PESSOA, Maria E. W. Entrevista realizada por Zulmara C. S. Posse. Curitiba, 23 de outubro de 2011.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto para reforma das portas de entrada e andar térreo do prédio do Snr. Jacob Woisky à Rua RX de Novembro. Plantas, corte e elevação frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 25 de setembro de 1921, protocolo n.° 3240. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto do Palacete para o Snr. Guilherme Weiss na Rua Comendador Araujo esquina com Visconde do Rio Branco. Plantas dos pavimentos térreo, superior e de cobertura, corte e fachadas frontal e laterais apresentados em três pranchas. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 18 de setembro de 1922, talão n.° 606, protocolo n.° 2252. Microfilme digitalizado. Acervo: Casa da Memória/ Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0200, PPA – e Arquivo Público Municipal de Curitiba. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto do Palacete para o Snr. Guilherme Weiss na Rua Comendador Araujo esquina com Visconde do Rio Branco. Plantas dos pavimentos térreo, superior e de cobertura, corte e fachada frontal apresentados em três pranchas. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 17 de maio de 1923, talão n.° 466, protocolo n.° 2252. Microfilme digitalizado. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0200, PPA – e Arquivo Público Municipal de Curitiba. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto do Palacete para o Snr. Guilherme Weiss na Rua Comendador Araujo esquina com Visconde do Rio Branco. Plantas dos pavimentos térreo, superior e de cobertura, cortes, fachadas frontal e laterais e gradil apresentados em três pranchas. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 14 de janeiro de 1924, talão n.° 41, protocolo n.° 2252. Microfilme digitalizado. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0200, PPA – e Arquivo Público Municipal de Curitiba. CASTILHO, Bruno Weiss. Entrevista realizada por Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 11 de outubro de 2011. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. José Muzzilo à Rua Alameda Augusto Stelfeld. Planta do pavimento térreo, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 1° de dezembro de 1922, protocolo n.° 2965. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para senhorinhas Cecilia, Sylvia e Ligia Alvares Vieira á Alameda Carlos de Carvalho. Plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado 17 de janeiro de 1920, talão n.° 275, protocolo n.° 860. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para senhorinhas Cecilia, Sylvia e Ligia Alvares Vieira á Alameda Carlos de Carvalho. Projecto para nova entrada do predio em construcção. Projeto arquitetônico, aprovado 16 de março de 1923, protocolo n.° 2700. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. VIEIRA, Ruth Dittrich; VIEIRA, Mariza Dittrich. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 16 de setembro de 2011. 53 minutos. VIEIRA, Lígia. Entrevista realizada por Zulmara C. S. Posse. Curitiba, 16 de março de 2012.

EXISTENTE

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para o Snr. Seraphim França à Av. Batel. Plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado 19 de julho de 1923, talão n.° 682, protocolo n.° 1869. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de escriptorio para Viuva Bernardo da Veiga Cia no Alto da Gloria. Planta do pavimento térreo, seção horizontal, implantação, corte e fachada frontal apresentados em três pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 27 de setembro de 1923, talão n.° 961, protocolo n.° 2557. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

EXISTENTE

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto do Palacete Villa Odette para o Snr. A. E. de Leão Junior. Plantas dos pavimentos térreo, superior e mansarda, cortes, fachadas frontal e laterais e gradil apresentados em seis pranchas. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 3 de outubro de 1923, talão n.° 962, protocolo 2744. Microfilme digitalizado. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referências: 0265, PPA; 0661, PPM e 0664, PPM – e Arquivo Público Municipal de Curitiba. CAMARGO, Odette R. M. P. de Leão; FRANÇA, Ana M. Leão. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 11 de novembro de 2011. 109 minutos.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para o Snr. Raul Plaisant à Av. Dr. Candido de Abreu. Plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado 19 de julho de 1924, talão n.° 980, protocolo n.° 2271. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de casa para o Snr. Rodolfo Altrich na Avenida Graciosa. Planta do pavimento térreo, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 14 de janeiro de 1924, talão n.° 56, protocolo n.° 75. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

57


[030]

Luiz Guimarães

Palacete Guimarães

Residência

[031]

Anna Flora Rodrigues Lustoza

Palacete Lustoza

Edifício Comercial e/ou Residencial

[032]

Firma Seiler

Armazéns

Diversos

[033]

José Nunes Bellegard

Residência

Residência

[034]

Álvaro Teixeira de Freitas

Bungalow

Residência

[035]

José Lombardi

Casa

Residência

[036]

Vila dos Funcionários

Residência

Residência

[037]

Angelo Guarinello

Reforma

Reforma e/ou Ampliação

X

Alvenaria de tijolos

[038]

João Alfredo Silon

Casa

Residência

X

Alvenaria de tijolos

[039]

J. B. da Costa Maia

Bungalow

Residência

X

Alvenaria de tijolos

[040]

Fidélis Reginato

Palacete

Residência

X

[041]

Ernestina e Luiz Mueller

Palacete Luiz Mueller

Edifício Comercial e/ou Residencial

[042]

Dante Romanó

[043]

Alcides Barbosa Teixeira

Ampliação

[044]

Francisca Bettold Belloto

[045]

Elisa Constantino Rocha

58

Concreto armado

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

Alvenaria de tijolos

Alvenaria de tijolos

X

X

X

22. 03. 1924

X

1286,82

26. 04. 1924

X

X

X

14. 06. 1924

800,00

X

09. 09. 1924

210,00

X

X

09. 09. 1924

144,00

X

X

18. 12. 1924

130,00

X

1923 . 1925

102,60 52,00

X

X

X

X

12. 01. 1925

X

X

X

05. 04. 1925

320,00

X

X

X

06. 05. 1925

172,61

X

Alvenaria de tijolos

X

X

19. 09. 1925

448,00

X

Alvenaria de tijolos

X

X

14. 10. 1925

X

Alvenaria de tijolos

X

1925 . 1927

X

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

X

X

20. 02. 1926

X

Reforma

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

X

X

23. 02. 1926

X

Casa

Residência

Alvenaria de tijolos

X

X

15. 03. 1926

X

Residência

X

X

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

240,00

X


EXISTENTE

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto do Palacete para o Snr. Luiz Guimarães. Implantação, plantas dos pavimentos térreo e superior, corte, fachada frontal e gradil apresentados em quatro pranchas. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 22 de março de 1924, talão n.° 389, protocolo n.° 1349. Microfilme digitalizado. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referências: 0656, PPM e 0269, PPM – e Arquivo Público Municipal de Curitiba. CASTILHO, Elsa G.; CASTILHO, Suzana G. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 5 de outubro de 2011. 131 minutos.

EXISTENTE

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto do Palacete Lustoza para Sra. Anna Flora Rodrigues Lustoza. Planta de cobertura, corte e fachada principal apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 26 de abril de 1924, talão n.° 526, protocolo n.° 1719. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para modificação do angulo da esquina do Palacete Lustoza. Plantas das modificações nos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado e, 25 de outubro de 1925. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0261, PPA.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto para os armazéns da Firma Seiler & Cia à Rua João Negrão. Plantas do pavimento térreo e de implantação, cortes e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 14 de junho de 1924, talão n.° 776, protocolo n.° 2430. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de casa para o Snr. José Bellegard à Rua Iguassú. Plantas dos pavimentos térreo e superior e de implantação, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 9 de setembro de 1924, talão n.° 2156, protocolo n.° 2656. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de Bungalow para o Snr. Álvaro Teixeira de Freitas em Coritiba. Planta do pavimento térreo, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 9 de setembro de 1924, talão n.° 1030, protocolo n.° 3250. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto de casa para o Snr. José Lombardi à Rua João Negrão n.° 32. Plantas do pavimento térreo e do sótão, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 18 de dezembro de 1924, talão n.° 1325, protocolo n.° 4113. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

EXISTENTE

PARCIALMENTE

Relatorio do Secretario Geral d’Estado, Alcides Munhoz para o Presidente do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha. Exercicio Financeiro de 19241925. Curityba: Livraria Mundial França & Cia. Ltda., 1925. Relatorio do Secretario Geral d’Estado, Alcides Munhoz para o Presidente do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha. Exercicio Financeiro de 19251926. Curityba: Livraria Mundial França & Cia. Ltda., 1926.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto para reforma na parte fundo do prédio do Snr. Angelo Guarinello à Avenida Dr. Vicente Machado. Plantas do pavimento térreo e superior e de implantação apresentadas em uma prancha. Projeto arquitetônico de reforma, aprovado em 12 de janeiro de 1925, talão n.° 1964, protocolo n.° 4429. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. João Alfredo Silon na Travessa Oliveira Bello n.° 14. Plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado 5 de abril de 1925, talão n.° 971, protocolo n.° 2820. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bangalow para Snr. J. B. Costa Maia. Planta do pavimento térreo, implantação, corte, fachadas frontal e lateral e gradil apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 6 de maio de 1925, talão n.° 218, protocolo n.° 1586. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0298, PPB.

NÃO CONSTRUÍDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto do Palacete para o Snr. Fidelis Reginato à Praça Senador Correia. Plantas dos pavimentos térreo, superior e de implantação, cortes, fachadas frontal e laterais e gradil apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, em papel canson, aprovado em 19 de setembro de 1925, talão n.° 254 e protocolo n.° 2851. Acervo: Casa da Memória/Diretoria do Patrimônio Cultural/FCC (Fundação Cultural de Curitiba) – referência: 0292, PPB.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto para reconstrucção do prédio da Sra. Ernestina Müller e do Snr. Luiz A. G. Müller na Rua XV de Novembro. Plantas, corte e fachada principal apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 14 de outubro de 1925, protocolo n.° 3970. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

ROMANÓ, Cristiana de A.; ROMANÓ, Nadiesda de A. Entrevista realizada por Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 20 de outubro de 2011. 81 minutos.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto para o augmento do prédio do Snr. Alcides B. Teixeira á Rua Dr. Pedrosa, esquina da Rua Brigadeiro Franco. Planta do pavimento térreo apresentada em uma prancha. Projeto arquitetônico de reforma, aprovado em 20 de fevereiro de 1926, protocolo n.° 290. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando. Projecto para abertura das portas do prédio da Avenida Luiz Xavier. Seção apresentada em uma prancha. Projeto arquitetônico de reforma, aprovado em 23 de fevereiro de 1926, protocolo n.° 913. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para Sra. Elisa Constantino Rocha. Plantas dos pavimentos térreo e superior e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 15 de março de 1926, protocolo n.° 1176. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

59


[046]

Paulo Grötzner

Vila Ida

Residência

[047]

João Reghetto

Residência

Residência

[048]

José Pereira de Macedo

Muro

Reforma e/ou Ampliação

[049]

Frederico Hauer

Depósito

Diversos

[050]

Octavio Marcondes

Residência

Residência

[051]

Anna Preutter

Casa

Residência Geminada

[052]

Cassilda Cornelsen Grosmann e Marina Nelson

Residência

Residência

[053]

Veronicca César

Casa

Residência

[054]

João Szuberski

Barracão de Madeira

Diversos

[055]

João Vianna Seiler

Ampliação/ Garagem

Reforma e/ou Ampliação

[056]

Maria Trevisani

Casa

Residência

[057]

Candido Mäder

[058]

Manuel Pereira

[059]

X

Alvenaria de tijolos

X

Madeira

X

X

06. 04. 1926

570,00

X

X

28. 04. 1926

94,00

X

Alvenaria de tijolos

X

X

29. 04. 1926

X

Alvenaria de tijolos

X

X

30. 04. 1926

132,00

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

30. 06. 1926

171,00

X

X

Madeira

X

X

22. 07. 1926

90,00

X

X

Madeira

X

X

24. 08. 1926

63,00

X

Madeira

X

X

09. 10. 1926

80,00

X

X

Madeira

X

X

22. 10. 1926

44,00

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

29. 11. 1926

57,00

X

X

Madeira

X

X

07. 12. 1926

70,00

X

Residência

X

Alvenaria de tijolos

X

Bungalowsinho

Residência

X

Madeira

X

X

17. 01. 1927

42,00

X

Sizinio Arantes Carneiro

Ampliação

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

X

X

19. 01. 1927

22,66

X

[060]

Ladislau Sobelewski

Residência

Residência

Madeira

X

X

19. 01. 1927

60,00

X

[061]

Gabriel Ribeiro

Sobrado

Edificio Comercial e/ou Residencial

X

Alvenaria de tijolos

X

X

18. 03. 1927

[062]

Feliciano Guimarães

Residência

Residência

X

Madeira

X

X

22. 03. 1927

50,25

X

[063]

Fritz Scknepper

Casa

Residência

Madeira

X

X

05. 04. 1927

125,00

X

60

X

X

X

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

X

X

1926 . 1927

X

X


EXISTENTE

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Villino para o Snr. Paulo Grotzner, à Rua Dr. Muricy. Plantas dos pavimentos térreo, subsolo e superior, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 6 de abril de 1926, protocolo n.° 1329. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. GRÖTZNER, Paulo A. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 28 de outubro de 2011. 65 minutos.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. João Reghetto à Rua Francisco Torres. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 28 de abril de 1926, protocolo n.° 1723. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de muro e gradil para o Snr. Dr. José Pereira de Macedo. Planta e elevação apresentadas em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 29 de abril de 1926, talão n.° 140, protocolo n.° 1537. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para deposito do Snr. Frederico Hauer em Curityba. Curitiba. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 30 de abril de 1926, talão n.° 596, protocolo n.° 5958. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

EXISTENTE

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Octavio Marcondes no Batel. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal da residência; elevação do muro; plantas dos pavimentos térreo e superior, corte e fachada frontal da garagem apresentadas em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 30 de abril de 1926, protocolo n.° 2051. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para Sra. Anna Preutter à Rua Saldanha Marinho, n.° 110. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 22 de julho de 1926, talão n.° 405, protocolo n.° 2494. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para as Sras. Marina Nelson e Cassilda Cornelsen Grossmann. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 24 de agosto de 1926, protocolo n.° 3371. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para Sra. Veronica César, à Avenida Augusto Stelfeld. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 9 de outubro de 1926, talão n.° 652, protocolo n.° 3942. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de barracão de madeira para o Snr. João Szuberski. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 22 de outubro de 1926, talão n.° 511, protocolo n.° 4385. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de garagem para o Snr. João Vianna Seiler à Rua Dr. Muricy. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 29 de novembro de 1926, protocolo n.° 5018. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para Sra. Maria Trevisani à Rua Bandeirantes. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 7 de dezembro de 1926, protocolo n.° 5316. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

PAULI, Rosa M. M. de; SCHERRER, Hilda T. M. de P. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 14 de novembro de 2011. 66 minutos.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de bungalowsinho para o Snr. Manuel Pereira na Villa Lustosa. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 17 de janeiro de 1927, talão n.° 51, protocolo n.° 5579. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para augmento nos fundos do predio de Sizinio Arantes Carneiro à Rua Brigadeiro Franco n.° 87. Planta do pavimento térreo apresentada em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 19 de janeiro de 1927, talão n.° 24, protocolo n.° 494. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para Snr. Ladislau Sobelewski. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 19 de janeiro de 1927, talão n.° 26, protocolo n.° 019. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de sobrado para Snr. Gabriel Ribeiro, á Rua Marechal Deodoro. Plantas dos pavimentos térreo e superior e de implantação apresentadas em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 18 de março de 1927, talão n.° 189, protocolo n.° 1666. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para Snr. Feliciano Guimarães, à Rua Visconde de Nacar. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 22 de março de 1927, talões n.° 157 e 158, protocolo n.° 1386. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa do Snr. Fritz Scknepper na Villa Guayra. Plantas dos pavimentos térreo e superior e de implantação, cortes e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 05 de abril de 1927, protocolo n.° 5304. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

61


[064]

Hans Sastny

Residência

Residência

X

Madeira

X

X

03. 07. 1927

80,00

X

[065]

Pedro Gabardo

Casa

Residência Geminada

X

Madeira

X

X

07. 09. 1927

33,00

X

[066]

Berlina Roza

Casa

Residência

X

Madeira

X

X

08. 09. 1927

70,00

X

[067]

Peter Muller

Casa

Residência

X

Madeira

X

X

08. 09. 1927

48,00

X

[068]

Feliciano Guimarães

Reforma

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

X

X

09. 03. 1928

[069]

João Gröger

Casa

Residência

Alvenaria de tijolos

X

X

11. 05. 1928

150,00

X

[070]

Miguel Glandoschi

Ampliação

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

X

X

18. 06. 1928

48,00

X

[071]

Carl Chyla

Bungalow

Residência

X

Madeira

X

X

06. 07. 1928

240,00

X

[072]

Paulo Godleschik

Bungalow

Residência

X

Madeira

X

X

07. 07. 1928

90,00

X

[073]

Lourenço Zanello

Barracão

Diversos

X

Madeira

X

12. 07. 1928

24,00

X

[074]

Reinhardt Mathez

Bungalow

Residência

X

Madeira

X

30. 07. 1928

49,00

X

[075]

José Palaniza

Casa

Residência

X

Madeira

X

21. 09. 1928

44,00

X

[076]

Virgílio Pontoni

Ampliação

Reforma e/ou Ampliação

X

Madeira

X

X

19. 11. 1928

[077]

Hermínio Ricoy

Ampliação/ Garagem

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

X

X

20. 11. 1928

95,00

X

[078]

Antonio Cortiano

Casa

Residência

Madeira

X

X

25. 11. 1928

42,00

X

[079]

Frederico Nemes

Casa

Residência

Madeira

X

X

27. 12. 1928

70,00

[080]

Julio Garmatter

Palacete

Residência

Concreto armado

X

1928

1145,31

X

[081]

Benedicto Ogg

Casa

Residência

Alvenaria de tijolos

X

20. 02. 1929

60,00

X

62

X

X

X

X

X

X

X

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

X

X

X

X

X


DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Hans Sastny na Villa Guayra. Plantas do pavimento térreo e de implantação, cortes e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 03 de julho de 1927, protocolo n.° 3429. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Pedro Gabardo. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 07 de setembro de 1927, protocolo n.° 4502. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para a Sra. Berlina Roza. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 08 de setembro de 1927, protocolo n.° 4546. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Peter Müller. Plantas do pavimento térreo e de implantação, cortes e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 08 de setembro de 1927, protocolo n.° 4689. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para uma galeria no prédio dos Snr. Feliciano Guimarães & Cia. na Praça Municipal. Plantas do pavimento térreo e da galeria e corte apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico aprovado em 09 de março de 1928, talão n.° 1237, protocolo n.° 1337. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. João Gröger. Plantas dos pavimentos térreo e superior e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 11 de maio de 1928, talão n.° 211, protocolo n.° 2023. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para augmento no prédio do Snr. Miguel Glandoschi, à Praça Tiraddentes, n.° 30. Planta do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 18 de junho de 1928, protocolo n.° 1173. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para o Snr. Carl Chyla na Villa Guayra. Planta dos pavimentos térreo e superior e de implantação, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 06 de julho de 1928, talão n.° 298, protocolo n.° 687. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para o Snr. Paulo Godleschik na Villa Guayra. Planta do pavimento térreo e de implantação, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 07 de julho de 1928, protocolo n.° 2972. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para barracão de madeira do Snr. Lourenço Zanello, à Rua Ivahy entre as ruas 24 de Maio e Alferes Poli. Planta do pavimento térreo e de implantação, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 12 de julho de 1928, protocolo n.° 3013. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para o Snr. Reinhardt Mathez na Villa Guayra. Planta do pavimento térreo e de implantação, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 30 de julho de 1928, protocolo n.° 2971. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para duas casas do Snr. José Palaniza. Planta do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 21 de setembro de 1928, protocolo n.° 5631. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para augmento da casa n.° 127 do Snr. Virgilio Pontoni. Planta do pavimento térreo e de implantação e corte frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 19 de novembro de 1928, protocolo n.° 5282. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de garagem para o Snr. Herminio Ricoy. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico aprovado em 20 de novembro de 1928, talão n.° 1389, protocolo n.° 5137. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Antonio Cortiaro. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 25 de novembro de 1928, talão n.° 584, protocolo n.° 5136. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Frederico Nemes. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 27 de dezembro de 1928, talão n.° 650, protocolo n.° 3072. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

EXISTENTE

PARANÁ. DEPARTAMENTO DE OBRAS E VIAÇÃO. Secção Técnica. Projecto do Palacete para o Snr. Julio Garmatter à Rua Dr. Kellers (Alto São Francisco). Curitiba, 14 de outubro de 1937. Plantas, cortes e fachadas apresentadas em quatro pranchas. Cópia autentica executada pela Secção Técnica do Departamento de Obras e Viação. Levantamento arquitetônico, em cópia heliográfica. Acervo: Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. GLASER, Annemarie L. R.; RUPOLLO, Denise G.; MALANCA, Deborah G. e CALIXTO, Melany G. R. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 24 de abril de 2012. 125 minutos.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de uma casa nova e mudança da velha casa para o Snr. Benedicto Ogg. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 20 de fevereiro de 1929, talão n.° 119, protocolo n.° 0147. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

63


[082]

José Kloss

Ampliação

Reforma e/ou Ampliação

[083]

Bruno Luceti

Ampliação/ Galpão

Reforma e/ou Ampliação

[084]

Moura Brito

Ampliação

Reforma e/ou Ampliação

[085]

Heitor S. Lobo

Muro

Reforma e/ou Ampliação

[086]

Eurico C. Hart

Casa

Residência

[087]

Walter Kipper

Casa

Residência e Comércio

[088]

Hermano Franco Machado

Casa

Residência Geminada

[089]

Hermano Franco Machado

Sobrado

Residência e Comércio

[090]

Alexandre Marchioro

Casa

Residência

[091]

Hermano Franco Machado

Cottage

[092]

Vera Maria Munhoz da Rocha

[093]

Laerzio Lanzetti

[094]

Bento Manita

Residência

[095]

João de Mattos

Residência

[096]

Osmundo Vieira

Residência

[097]

Eugenio Profillet

Residência

[098]

J. B. Detter

[099]

X

12. 08. 1929

108,80

X

Madeira

X

19. 08. 1929

17,50

X

X

20. 09. 1929

37,10

X

Alvenaria de tijolos

X

10. 11. 1929

X

Alvenaria de tijolos

X

04. 03. 1930

230,00

X

X

Alvenaria de tijolos

X

27. 04. 1930

310,00

X

Alvenaria de tijolos

X

29. 04. 1930

189,00

X

Alvenaria de tijolos

X

21. 05. 1930

270,00

X

X

Alvenaria de tijolos

X

08. 07. 1930

76,50

X

Residência

X

Alvenaria de tijolos

X

16. 07. 1930

254,00

X

Bungalow

Residência

X

Alvenaria de tijolos

X

X

19. 03. 1930

280,00

X

Palacete Lanzetti

Ed. Comercial e/ou Residencial

Alvenaria de tijolos

X

X

X

X

X

X

X

X

X

X

Amando Cunha

[101]

Maria Eulália Chaves

[102]

Alvaro Junqueira

[103]

Amando Cunha

X

X

X

Alvenaria de tijolos Alvenaria de tijolos Alvenaria de tijolos Alvenaria de tijolos Alvenaria de tijolos

Residência

Residência e Comércio

Edifício

Ed. Comercial e/ou Residencial Ed. Comercial e/ou Residencial

Alvenaria de tijolos

X

Ed. Comercial e/ou Residencial Ed. Comercial e/ou Residencial

V. Gabriel Ribeiro

[100]

64

Alvenaria de tijolos

X

X

X

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

X

X

X

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X

Alvenaria de tijolos

X

X


DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para aumento nos fundos do prédio do Snr. José Kloss à Rua Marechal Floriano Peixoto n.° 88. Plantas do pavimento térreo e superior e de implantação e corte apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico de reforma, aprovado em 12 de agosto de 1929, talão n.° 840, protocolo n.° 4222. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para Galpão em madeira. Planta de implantação apresentada em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 19 de agosto de 1929, talão n.° 867, protocolo n.° 3908. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Reforma do prédio para o Snr Moura Brito à Al. Carlos de Carvalho n.° 603. Plantas do pavimento térreo e superior e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico de reforma, aprovado em 20 de setembro de 1929, talão n.° 955, protocolo n.° 4723. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de muro e gradil para o Snr. Heitor S. Lobo à Av. Visconde de Guarapuava, esq. Cap. Carneiro Lobo. Planta e corte apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 10 de novembro de 1929, talão n.° 1169, protocolo n.° 5474. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Eurico C. Hardt na Av. Iguaçu. Plantas do pavimento térreo e superior e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 4 de março de 1930, talão n.° 27136, protocolo n.° 1943. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

EXISTENTE

PINNOW, Francisco. Projecto de casa para o Snr. Walter Kipper à rua Saldanha Marinho, n.° 121. Plantas do pavimento térreo e superior e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico aprovado em 27 de abril de 1930, Talão n.° 27426, protocolo n.° 1933. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto para grupo de oito casas do Snr. Hermano Franco Machado na Rua Bruno Filgueiras e Av. Batel. Plantas do pavimento térreo e superior e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 29 de abril de 1930, Talão n.° 27559, protocolo n.° 1330. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de sobrado para o Snr. Hermano Franco Machado à Avenida Batel esq. Bruno Filgueiras. Plantas do pavimento térreo e superior e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 21 de maio de 1930, Talão n.° 25192, protocolo n.° 1322. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Alexandre Marchioro à Av. Iguassu, n.° 244. Planta, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 8 de julho de 1930, protocolo n.° 3275. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Cottage para o Snr. Hermano Franco Machado. Plantas do pavimento térreo e superior e de implantação, corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 16 de julho de 1930, talão n.° 27799, protocolo n.° 2980. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de Bungalow para Sra. Vera Maria Munhoz da Rocha. Planta corte e fachadas frontal e lateral apresentados em uma prancha. Projeto arquitetônico, aprovado em 19 de março de 1930, protocolo n.° 0103. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

DEMOLIDO

CHAVES, Eduardo Fernando Chaves. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. (p. 45)

DEMOLIDO

Idem.

DEMOLIDO

Idem.

DEMOLIDO

Idem.

DEMOLIDO

Idem.

EXISTENTE

Idem.

EXISTENTE

Idem.

DEMOLIDO

Idem.

EXISTENTE

Idem. ARAGÃO, Izabel Chaves Moniz de. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse, Elizabeth A. de Castro e Humberto Mezzadri. Curitiba, 12 de fevereiro de 2010. 94 minutos. CHAVES, Eduardo Fernando Chaves, sobrinho. Entrevista realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 2 de junho de 2012.

EXISTENTE

CHAVES, E. F. op. cit. (p. 45)

DEMOLIDO

Idem.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

65


NOTAS E REFERÊNCIAS

24

WOLFF, S. F. S. op. cit. p.56.

Municipal n.° 491/1877, artigos 12 e 13.

1 REIS FILHO, Nestor G. Quadro da Arquitetura no Brasil. São Paulo: Perspectiva, 1983. 5ª ed. p.23-24.

25

CARVALHO, M. C. W. op. cit. p.173-174.

26

SÁ, M. M. op. cit. p.27.

42 CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p.

27

HOMEM, M. C. N. op. cit. p.29.

28

CARVALHO, M. C. W. op. cit. p.167.

CARVALHO, Maria C. W. de. Bem morar em São Paulo, 1880-1910: Ramos de Azevedo e os modelos europeus. São Paulo: Anais do Museu Paulista. 1996. N.Sér. v. 4, jan/dez. p.168. 2

HOMEM, Maria C. N. O Palacete Paulistano e outras formas de morar da elite cafeeira. São Paulo: Martins Fontes, 2010. 2ª ed. p.33. 3

4

Idem, p.37.

WOLFF, Silvia F. S. Jardim América. São Paulo: EDUSP, 2001. p.59.

5

6

Idem, p.98.

SILVA, João L. M. da. Cozinha Modelo. São Paulo: EDUSP, 2008. p.21.

43

Revistas e periódicos que popularizaram os ideais da modernidade associados aos melhoramentos urbanos, conforto, higienismo e beleza: Fon-Fon (entre 1904-1924), A Renascença (1904), O Malho (1905), Kosmos (1905), Jornal do Brasil (1904), A Casa (1923–1949), Architectura (1921-1926) e A Construção (1923-1926). In: RICCI. Claudia T. Imagens e crônicas nas revistas ilustradas. 19&20. Rio de Janeiro, v. II, n. 1, jan. 2007. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/ arte decorativa/ad_arq_revistas.htm>. Acesso em 7 de janeiro de 2012. 29

SÁ, M. M. op. cit. p.27.

44 A citação das obras de Eduardo Fernando Chaves é acompanhada com o número de registro correspondente à sua colocação na Tabela Geral de Obras, apresentada ao final do capítulo, acrescida de informações construtivas e as referências às fontes consultadas. 45 As referências dos depoimentos sobre as residências estão registradas também na Tabela Geral de Obras. 46

CARVALHO, V. C. de. op. cit. p.316.

47

CHAVES, E. F. op. cit. p.45.

7

8 CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL. A vida cotidiana do Brasil Moderno. A energia elétrica e a sociedade brasileira (1880-1930). Rio de Janeiro: Centro da Memória da Eletricidade no Brasil, 2001. p.62-76.

CLOQUET, Louis. Traité d’architecture. Éléments de L’Architecture, Types d’Édifices - Esthétique, Composition et Pratique de L’Architecture. Tome Quatrième. Paris: Beranger, s.d. 12ª ed. p.2.

9

SILVA, J. L. M. op. cit. p.84.

10

11 CENTRO DA MEMÓRIA DA ELETRICIDADE NO BRASIL. op. cit. p.81.

SÁ, Marcos M. de. A Mansão Figner. O Ecletismo e a casa burguesa no início do século XX. Rio de Janeiro: Senac, 2002. p.27.

30 SILVA, Maristela S. Os periódicos de arquitetura e a formação da arquitetura moderna brasileira: tecnologia e habitação econômica (anos 1920 e 1930). Tese de Doutorado. Escola de Engenharia de São Carlos, USP, 2008.

CARVALHO, M. C. W. op. cit. p.168.

32

HOMEM, M. C. N. op. cit. p.87.

33

Idem, p.31.

34

Idem, p.89.

35

Idem, p.31.

36

SILVA, J. L. M. op. cit. p. 104.

14

CORREIA, Telma de B. A Construção do Habitat Moderno no Brasil – 1870-1950. São Carlos: RIMA, 2004. p.1.

15

HOMEM, M. C. N. op. cit. p.27.

16

GUADET, J. op. cit. p.5.

38 CAMPOS, Eudes. Casas e vilas operárias paulistanas. INFORMATIVO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL, São Paulo: 2008. V. 4 (19): jul/ago. Disponível em: http://www.arquivohistorico.sp.gov.br. Acesso em 24 de fevereiro de 2012.

17

Idem, p.45.

39

CORREIA, T. B. op. cit. p.47-48.

18

CLOQUET, L. op. cit. p.7.

40

CAMPOS, E. op. cit.

19

GUADET, J. op. cit. p.35-39.

41

20

Idem, p.2.

37

GUADET, Julien. Éléments et théorie de l’architecture: cours professé à l’École Nationale et Spéciale des Beaux-Arts. Tome II. Paris: Librairie de la Construction Moderne, 1901. p.2.

21

SILVA, J. L. M. op. cit. p.148.

22

HOMEM, M. C. N. op. cit. p.29.

A abrangência da época: ações públicas integradas e simultâneas que consideram a cidade em sua totalidade e atuam no processo de urbanização, visando organizar, regulamentar, “aformosear” e modernizar o espaço urbano.

23

66

Revista Illustração Paranaense. Curityba: anno 2, n. 1, jan. 1928. p.22.

49

Como os de Maria C. N. Homem, Maria C. W. de Carvalho, Marcos M. de Sá, Silva F. S. Wolff, Vania C. de Carvalho (CARVALHO, Vania C. de. Gênero e Artefato: O Sistema Doméstico na Perspectiva da Cultura Material. São Paulo: 1870-1920. São Paulo: Edusp, 2008.), entre outros.

31

12

13

48 VIEIRA, Maria. I. C. Momentos Intensos. Curitiba, s.d. p.101.

A exigência da apresentação da “planta e do desenho da frente da casa” para a liberação da construção consta nas Posturas Municipais de Curitiba de 1895, com o objetivo de fiscalizar o atendimento à padronização construtiva, ao alinhamento predial e às demandas higienistas sendo mantida na legislação elaborada posteriormente, nas leis municipais n.° 149 de 1905, n.°245 de 1909, do Decreto Municipal n.° 52 de 1912 e nos artigos 44, 47, 48 e 63 do Código de Posturas de 1919. No período imperial, havia parâmetros construtivos e exigia-se “previa licença da Camara” para “levantar predio novo”, sem a necessidade de apresentação do projeto arquitetônico - Decreto

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

RELAÇÃO DE FIGURAS, FOTOS, MAPAS E TABELAS | figura 1 | Fachada frontal da Vila Odette. Desenho baseado no projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 2 | Fachada frontal do Palacete Guimarães. Desenho baseado em HUMBERTO FOGAÇA ARQUITETURA. Projeto de Restauração do Castelo do Batel. Etapa 1, Cadastro Arquitetônico. Elevações 01 e 02. Prancha L09/21, arquivo Digital. Curitiba, 2004. Acervo: Humberto Fogaça Arquitetura. | figura 3 | Esquemas de setorização – comparativo entre o Palacete Guimarães e a Vila Odete. Desenho baseado nos projetos aprovados na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 4 | Plantas da Vila Odette, com identificação de ambientes. Desenho baseado no projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 5 | Fachada frontal da Vila Odette. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 6 | Fachada lateral da Vila Odette. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 7 | Plantas do Palacete Guimarães, com identificação de ambientes. Desenho ebaseado no projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 8 | Fachada frontal do Palacete Guimarães. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 9 | Plantas do Palacete Antonio de Souza Mello, com identificação de ambientes. Desenho baseado no projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 10 | Fachada frontal do Palacete Antonio de


Souza Mello. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 11 | Fachada frontal da Residência Ulisses Vieira. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 12 | Plantas da Residência Ulisses Vieira, com identificação de ambientes. Desenho baseado no projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 13 | Esquemas de setorização – comparativo entre o Palacete Antonio de Souza Mello e a Residência Ulisses Vieira. Desenho baseado nos projetos aprovados na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 14 | Projeto de residência para José Bellegard. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 15 | Projeto do cottage para Hermano Franco Machado. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 16 | Projeto do bungalow para Seraphim França. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 17 | Projeto do bungalow para Costa Maia. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 18 | Projeto de garagem para Octavio Marcondes. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 19 | Projeto do bungalow para Octavio Marcondes. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 20 | Projeto de residência para José Palaniza. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 21 | Projeto de residência para Antonio Cortiano. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 22 | Projeto de residência para João Reghetto. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | foto 1 | Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 2 | Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 3 | Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 4 | Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 5 | Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 6 | Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 7 | Vila Olga. Coleção Vila Olga – Acervo: Olga Ferreira. | foto 8 | Palacete de Antonio Souza Mello. Coleção Palacete Antonio de Souza Mello – Acervo: Noeli de M. Fernandes Gomes. | foto 9 | Residência de Ulisses Vieira. Fonte: BOLETIM

INFORMATIVO DA CASA ROMÁRIO MARTINS. Ulisses Vieira 1885-1942. Volume XII, n.° 76. Curitiba: FCC, junho de 1985. p.19. | foto 10 | Bungalow de Seraphim França ou Vila Yayá. Fonte: ILLUSTRAÇÃO PARANAENSE. Ano 2, n,° 1. Curityba, janeiro de 1928. p. 22. | foto 11 | A antiga Vila Yayá. Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 12 | Antiga Residência de Octavio Marcondes. Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | mapa 1 | Localização das residências de grande porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves e construídas entre 1912 e 1930. Fontes: Planta de Curityba, 1927, acervo: Fundação Cultural de Curitiba; Planta Geral da Rede de Água e Esgotos de Curitiba, 1926. Relatorio do Secretario Geral d’Estado Alcides Munhoz ao Presidente do Paraná Caetano Munhoz da Rocha. Exercício financeiro de 1925-1926. Curityba: Livraria Mundial, 31 de dezembro de 1926; Planta da Cidade de Curityba, 1935, acervo: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba; e o conjunto de projetos arquitetônicos elaborados por Eduardo Fernando Chaves, acervos: Arquivo Público Municipal e Fundação Cultural de Curitiba. | mapa 2 | Localização das residências de médio porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves e construídas entre 1912 e 1930. Idem. | mapa 3 | Localização das residências de pequeno porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves e construídas entre 1912 e 1930. Idem. | mapa 4 | Localização das residências econômicas projetadas por Eduardo Fernando Chaves e construídas entre 1912 e 1930. Idem. | tabela 1 | Categorias e percentual de edifícios projetados por Eduardo Fernando Chaves entre 1912 e 1930. | tabela 2 | Edifícios projetados por Eduardo Fernando Chaves entre 1912 e 1930. | tabela 3 | Classificação das Residências projetadas por Eduardo Fernando Chaves em relação à área construída. | tabela 4 | Relação de ambientes encontrados nas residências projetadas por Eduardo Fernando Chaves. | tabela 5 | Residências de grande porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves – área construída maior que 500 m² – Estudo do Programa Arquitetônico. | tabela 6 | Residências de médio porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves – área construída entre 499,00 e 200,00 m² – Estudo do Programa Arquitetônico. | tabela 7 | Residências de pequeno porte projetadas por Eduardo Fernando Chaves – área construída entre 199,00 e 100,00 m² – Estudo do Programa Arquitetônico. | tabela 8 | Residências econômicas projetadas por Eduardo Fernando Chaves – área construída menor que 99,00 m² – Estudo do Programa Arquitetônico. | tabela 9 | Tabela Geral de Obras de Eduardo Fernando Chaves entre 1912 e 1930.

A URBANIZAÇÃO, A CASA MODERNA E AS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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A definição do programa da casa moderna, que alcança todas as classes de renda, só é possível com o uso dos serviços públicos oferecidos pelo meio urbano, indicando a sintonia do bem-morar nas habitações, com o bem-viver das cidades. Para muito além do poder aquisitivo, as virtudes do bem-morar tomam como referência a infraestrutura urbana, critério sem o qual se torna impossível dispor de conforto, privacidade, higiene e embelezamento, isto é, os princípios modernos que orientam as habitações do século XX, propostos por Guadet. As cidades, principalmente as capitais dos Estados, centros produtores de bens e serviços com maior adensamento populacional, investem, massivamente, em instrumentos legais que aparelham e regulamentam o seu sistema urbano. A frequência de grandes epidemias, trazidas pelos fluxos imigratórios e relacionadas à precariedade do saneamento básico, é uma das grandes preocupações dos municípios brasileiros. A presença de redes de água e de esgoto, da pavimentação e da energia elétrica são requisitos mínimos e necessários para o viver urbano e tornam-se questões públicas, orientando a organização das cidades, no Brasil, do século XX. A densidade crescente da população de Curytiba exige, com effeito, que os poderes municipaes, deixando de confiar na exagerada salubridade tradicional do nosso clima, vão desde já abordando o problema do seu saneamento, debaixo de todas as suas formas multiplas e variadas. Por outro lado, a importancia, tambem crescente, desta Capital do Estado, quer como o seu principal centro commercial e industrial, reclama igualmente, á par dessas medidas hygienicas, o seu util e necessario embellezamento.1 Curitiba, como as demais capitais da República, insere-se no contexto da urbanização, incorporando os avanços tecnológicos. A preocupação com as condições sanitárias, a infraestrutura urbana e a padronização construtiva na capital do Paraná – referendada nas posturas e códigos do século XVII até o XIX – transforma-se, neste momento, em leis e regulamentos. O Código de Posturas de 1895, por exemplo, define altura e vãos dos edifícios [capítulo IX, artigos 111° a 114°], o tráfego de veículos [capítulo V, artigos 34° a 41°], tipos e larguras das vias [capítulo IX, a 101°].2 O Regulamento Sanitário de 1900 – resposta às epidemias do último quartel do século XIX – tem como uma de suas atribuições realizar “o saneamento do meio local em suas particularidades e das habitações” [capítulo I, artigo 1°] e “prestar especial attenção aos serviços de exgottos, supprimento de agua para qualquer myster, ás latrinas, myctorios publicos, encanamento de aguas servidas, reservatorio para aguas potaveis” [capítulo I, artigo 1°].3 O Regulamento de 1897 trata “do serviço de construção, conservação, trafego

QUADRO 1

EPIDEMIAS EM CURITIBA (1877- 1918)

ano epidemia 1877 1878 1879 1880 1881 1882 1883 1885 1889

Pneumonia Disenteria Disenteria, Pneumonia Disenteria Pneumonia, Sarampão Disenteria, Sarampão Pneumonia Coqueluche Disenteria, Tifo, Varíola

1890 Disenteria, Febre Dengue, Sarampão, Escarlatina 1891 Tifo, Escarlatina, Difteria 1893 Disenteria 1895 Disenteria, Pneumonia, Erisipela 1896 Disenteria, Erisipela, Febre Dengue 1897 Disenteria 1898 Disenteria 1917 Tifo 1918 Gripe Espanhola Em Curitiba, no último quartel do século XIX, ocorreram várias epidemias, praticamente uma por ano. A ação governamental em relação a tais surtos revelou-se tímida pela falta de recursos financeiros, carência de hospitais e número insuficiente de médicos.

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e policia dos carris urbanos” e especifica o trajeto [artigo 2°], as bitolas e o espaçamento dos trilhos [artigo 3°], a lotação e a velocidade dos carros [artigos 14° e 16°], além da conduta dos passageiros, proibindo a entrada de pessoas “que não estejam decentemente trajadas”, fumando, acompanhadas de animais ou ainda portadoras de armas carregadas ou matérias explosivas [artigo 22°].4 TABELA 1 Crescimento Demográfico Curitiba Paraná 1900 50.124 327.136 1910 60.800 572.375 1920 78.986 685.711 1940 140.656 1.236.276

Até o final da década de 1900, são estabelecidos o arcabouço técnico, as ações e as bases legais da urbanização de Curitiba – a definição do quadro urbano, a determinação do uso do solo, a implantação da infraestrutura e a padronização construtiva e de equipamentos – todos, estreitamente, relacionados aos preceitos higienistas, de melhoramento e embelezamento da cidade, de modernização e modernidade. Nos primeiros anos do século XX, o governo estadual, contando com recursos financeiros, investiu na melhoria e ampliação da rede viária, concluiu estradas entre a Capital e Guarapuava, Ourinhos, Serro Azul, Rio Negro e São Mateus, viabilizando o escoamento da produção; ampliou o serviço de medição de terras, no interior, destinadas à colonização; valorizou a instrução pública, primária e secundária, inaugurando o primeiro grupo escolar paranaense, Dr. Xavier da Silva (1903), e a moderna sede do Ginásio Paranaense e da Escola Normal (1904), ambos em Curitiba. Ainda na capital, o governo centralizou o serviço público com a construção de edifício próprio para as Secretarias Estaduais, a Repartição Central

QUADRO 2

PREFEITOS DE CURITIBA 1900 a 1907 Luiz Antonio Xavier 1907 a 1908 Antonio Rodrigues da Costa 1908 a 1912 Joaquim Pereira de Macedo 1912 João Antonio Xavier 1913 a 1916 Cândido Ferreira de Abreu 1916 João Antonio Xavier 1916 Claudino R. F. dos Santos 1917 a 1920 João Antonio Xavier 1920 Percy Withers 1920 a 1928 João Moreira Garcez 1928 a 1930 Eurides da Cunha | foto 1 | Rua 15 de Novembro, em 1907, vista a partir da Praça Osório, destacando a pavimentação, a recente arborização, a iluminação pública, o bonde puxado por mulas e seus trilhos.

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de Polícia e de Higiene, além do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais de Primeira Instância e do Júri (1903). Colaborou financeiramente na construção do Hospício Nossa Senhora da Luz, iniciativa da Santa Casa de Misericórdia, com o objetivo de prestar “amparo a alienados e desvalidos”. Foi um período pleno de ações públicas modernizadoras, materializadas em diversas obras, com a participação direta da Secretaria de Estado dos Negócios de Obras Públicas e Colonização. Na condição de capital, a cidade deveria necessariamente simbolizar tal prosperidade, as aspirações e ações republicanas de ordem e progresso, com o Estado e Município investindo no seu melhoramento e embelezamento. Em 1902, a Lei Municipal n.° 77 autoriza a Prefeitura a proceder “estudos topographicos e hydrograficos dos cursos d’agua na bacia da Capital” – para servir de base ao “futuro serviço de abastecimento d’agua e lavagens de esgotos n’esta cidade” – e “das quedas d’agua nas proximidades de Curytiba que possam ser transformadas suas energias em força electro-motriz”, assim como a “confecção das plantas, projectos e orçamentos relativos a todos os trabalhos”.5

Com o desenvolvimento técnico e científico, as utilizações práticas [da eletricidade] expandiram-se e as exposições universais foram a grande vitrina para a eletricidade e para aparelhos e máquinas que uniam os novos avanços da ciência e da indústria. As exposições serviram para mostrar a eletricidade a um público mais amplo, de forma pedagógica. De qualquer forma, também exploraram parcialmente o caráter mágico da nova forma de energia, mas sempre associando-a a todo o processo de conquistas científicas e tecnológicas. (...) A eletricidade prometia uma série de mudanças no cotidiano das cidades no século que se iniciava [XX]. 6

A utilização da eletricidade extrapola a iluminação pública ou privada, uma vez que sua força motriz impulsiona a indústria, a qual, com sistemas mecanizados, passa a produzir maior quantidade em menor tempo, aumentando a lucratividade, como no caso dos engenhos de erva mate. O processo artesanal do sapeco e cancheamento, movidos a força humana, animal ou hidráulica, característico dos primeiros engenhos, rapidamente é substituído, nos anos seguintes, pela energia elétrica, aumentando a produção e a exportação. A energia elétrica existia na capital desde 1892, explorada inicialmente pela Companhia de Água e Luz de São Paulo que instalou a primeira usina elétrica movida a vapor, nas proximidades da estação ferroviária e atrás do Congresso Estadual. Em 1898, a empresa José Hauer & Filhos adquire a concessão do contrato e da usina, propondo-se a aumentar a sua capacidade, uma vez que Curitiba aproximava-se dos 40 mil habitantes. Em 1901, é inaugurada a primeira usina termelétrica, na Avenida Capanema, próxima à garagem ferroviária de Curitiba. No ano seguinte, a Câmara Municipal autoriza a contratação do “melhoramento de illu-

| foto 2 | Praça Osório, em 1905, com diversos melhoramentos, como o calçamento de paralelepípedos e a arborização, serviços executados com a autorização da Lei Municipal n.° 196, de 16 de novembro de 1906.7

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minação da Rua 15 de Novembro, com lâmpadas em arcos voltaicos” e “substituir a illuminação actual da Praça Tiradentes”.8 O alto custo e a baixa qualidade do serviço levam a prefeitura a financiar o estudo para a geração hidráulica da eletricidade. Simultaneamente à implantação da infraestrutura na cidade, a legislação impõe à população condutas, proibições e multas, disciplinando sua relação com fios, postes e trilhos que passam a fazer parte da paisagem urbana. O artigo 34 do Código de Posturas de 1895 proíbe “o transito de carros ou de qualquer outro vehiculo de modo que embarassem a passagem dos bonds e bem assim a collocação nos trilhos de objectos que impeçam o transito ou causem descarrilamento” e o Capítulo VIII trata da rede elétrica, “combustores, conductores e outros apparelhos da Luz Electrica da Companhia Agua e Luz do Estado de São Paulo” [artigos 58° a 63°].9 O adensamento da capital, a expansão econômica, a necessidade de saneamento e a crescente demanda da força motriz para a indústria resultam na transferência, do Município para o Estado, do “encargo das obras para o abastecimento d’agua e rede de exgottos” e da “administração do serviço de illuminação publica e particular”, com a “superintendência sobre a execução do contracto então existente e podendo revel-o ou encampal-o”. A Secretaria de Estado dos Negócios de Obras Públicas e Colonização, autorizada pela Lei Estadual n.° 506 de 1903, assume as novas responsabilidades em relação ao serviço prestado pela Empresa de Eletricidade, visando sua regularização, a redução dos valores cobrados e o melhoramento técnico, além da definição das obrigações para com o governo e os consumidores particulares”.10 As redes de água e esgoto, para além do atendimento domiciliar, têm como objetivo dotar a cidade de abrangentes mecanismos de controle sanitário seguindo os preceitos higenistas vigentes, considerados modernos e civilizados.

| foto 3 | Reservatório do Alto São Francisco em construção, 1905. Inaugurado em 1907.

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| foto 4 | Tampa de poço de inspeção da rede de coleta de esgoto, datada de 1904, ainda existente na Praça Osório em Curitiba, 2012.

| figura 1 | Recibo de pagamento do imposto de “Agua e Exgottos”, relativo aos anos de 1906 e 1907, para o prédio de Paulo Grötzner, sito à Avenida Luiz Xavier, n.° 85-87.


Não se pode conceber uma cidade moderna de certa importancia sem um systema de distribuição levando a todos os pontos a agua necessaria a todos os usos – á alimentação, ás lavagens e ao saneamento –, ou sem a rede de exgottos destinada a tornar commoda, facil e rapida a evacuação das aguas carregadas de materias organicas. Curytiba, pois, por sua importancia, tem absoluta necessidade e está já nas condições de ser dotada de um regular serviço de aguas e exgottos. (...) Os trabalhos da sciencia moderna vieram alias confirmar de modo brilhante a importancia da agua potavel no ponto de vista da saude publica; entre as questões sanitarias, a que merece em mais alto grau a attenção dos hygienistas é sem duvida a da alimentação das cidades com agua de boa qualidade.11 Ainda em 1904, o governo estadual contrata os engenheiros Álvaro de Menezes e Octaviano Augusto Machado de Oliveira – que fundariam a Companhia de Melhoramentos de São Paulo – para o “serviço de abastecimento d’agua e exgottos na cidade”.12 O sistema seria constituído por represas (Carvalho e Braço do Carvalho, entre outras), o Reservatório do Alto São Francisco, linhas adutoras, as redes de distribuição de água e de captação de esgotos e a ”installação bacteriana” para o tratamento de efluentes e posterior lançamento no Rio Belém. Concomitantemente, a Prefeitura estabelece as taxas sanitárias referentes a tais serviços. O coletor central do sistema de esgotos achava-se, no final de 1904, quase concluído e parte da tubulação secundária já atingia às avenidas Sete de Setembro e Visconde de Guarapuava, Praça da Misericórdia, Praça Osório e arredores. “Em 1905, fica pronta a estrada Represa do Carvalho – Estação (férrea) Roça Nova; 45.812 m da rede de esgoto são implantados, e a Represa Braço do Carvalho está quase pronta. No ano seguinte, inicia-se o assentamento da tubulação de água”.13 Outro serviço, considerado imperativo para as cidades, era o transporte coletivo e Curitiba já o possuía, desde 1883, com bondes puxados à mula. A primeira linha férrea trafegava entre a Estação Ferroviária e o Batel e, em um processo contínuo de expansão, na década de 1890, havia 20 carros operando em 18 km de trilhos. Em 1903, a “Empresa Ferro Carril Curitybano”, que a construíra, é autorizada a estender suas linhas até o Seminário Diocesano de São José, inaugurado em 1901, no prolongamento da Avenida do Batel.14 No trecho em questão, os trilhos dos bondes foram implantados em rua sem pavimentação. Em 1902, a Prefeitura é autorizada pela Câmara Municipal a abrir concorrência para o calçamento “com paralellepipedos e pelo systema já adoptado” [artigo 6°] nas principais ruas e praças da cidade15, executando, até setembro de 1904, 32.080,74 m² BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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| fotos 5, 6 e 7 | Panorâmicas de Curitiba, na primeira década do século XX, tomadas da torre do então Colégio da Divina Providência.

de pavimentação e 7.371,01 m² de meio-fio.16 Em 1906 e 1909, há novamente contratos para “os serviços de calça1903 17.773,28 m2 2.504,21 m2 mento, macadamisação e arborização 1904 11.419,28 m2 2.905,80 m2 das Ruas e Praças de Curytiba”.17 A pavitotal 32.080,74 m2 7.371,01 m2 mentação continua sendo realizada, com o objetivo de cobrir todo o quadro urbano da cidade e eliminar a poeira e as águas paradas. Relaciona-se às constantes intervenções e implantações de outros serviços, como a tubulação de água e esgotos, ou ainda os trilhos de bondes, que ocorrem durante a Primeira República. TABELA 2 Pavimentação de Curitiba, 1902-1904 ano área de calçamento área de meio fio 1.961,00 m2 1902 2.929,18 m2

| figura 2 | Recibo de pagamento da taxa colocação de placas numéricas, em 1907.

A urbanização pressupõe a organização abrangente do espaço urbano e desta forma determina-se uma nova numeração predial e a padronização das suas placas indicativas.18 A arborização é outro elemento importante, incorporando princípios da salubridade e embelezamento, por manter, na cidade, “seu ar puro e fresco, tonico e vivificante das montanhas reputado pelos mais considerados higienistas”.19 Desde 1903, utiliza-se diversos tipos de árvores, entre os quais, espécies nativas como a erva-mate – principal fonte de riqueza do Estado – plantada nos canteiros centrais da Rua Barão do Rio Branco, via que liga a cidade à Estação Ferroviária e pela qual o produto chega ao Porto de Paranaguá. Nas demais ruas, havia jacarandá, eucalipto, plátanos, catalpas, eugenias, thypoanas, cinamomos, camphoreiras, incensos e grevíleas, com mudas importadas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e reproduzidas no Horto Florestal de Curitiba. Na estação do caminho de ferro, o movimento era consideravel, muita gente, muitas carruagens. Em frente, uma rua muito larga para subir. Era a parte nova da cidade, há uns doze anos coberta de pântanos. O centro principal ficava no alto, do lado oposto, mas a estrada veio ter ali e as construções conquistaram o terreno, entre elas o Palácio do Governo e o edifício do Congresso.20

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| foto 8 | Praça Eufrásio Correia, na década de 1910.

| foto 9 | Praça Osório, na década de 1910.

| figura 3 | Fatura da “Empresa Telephonica do Paraná”, referente ao primeiro trimestre de 1906.

A telefonia, contratada em 8 de maio de 1891, recebe concessão de 20 anos. A implantação deste serviço, assim como os demais que se encontravam em execução, ocorre, desde o início, lentamente e pleno de problemas. Em 1905, o contrato é prorrogado por mais 14 anos, sob a condição de ampliação das linhas existentes e modernização do serviço.21 No mesmo ano, a prefeitura determina que as linhas da “Empresa Telephonica não tenham contacto com as da Illuminação Publica”.22 A preocupação em relação à fiação nas vias públicas também decorre de vários acidentes com munícipes, queimados por fios elétricos soltos, descascados e abaixo da altura estabelecida. A legislação procura contornar tais questões padronizando e estabelecendo a altura das diferentes redes e determinando a aprovação prévia da sua locação pelo engenheiro diretor de Obras Públicas Municipais.23 A cidade está sendo projetada e os serviços da infraestrutura ocorrem simultaneamente, buscando adequação às novas tecnologias que a introduzirão no cosmopolitismo do século XX. Curitiba transforma-se em um canteiro de obras, com ruas abertas para a instalação da tubulação de água e esgoto, posteriormente pavimentadas, que recebem postes para as redes elétricas e telefônicas e onde se assentam trilhos. Contudo, a execução de tais serviços encontra sérias dificuldades. Os problemas com a empresa responsável pelo saneamento avolumamBEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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-se e o contrato é rescindido “amigavelmente”, em 17 de dezembro 1907, por não cumprimento do prazo de execução e “defeitos de construcção que se afiguraram de alta importancia”.24 Tais questões prejudicam as demais obras de infraestrutura e o não cumprimento do cronograma causa danos à municipalidade, que se obriga a refazer calçamentos, passeios e arborização, instalando-se verdadeiras guerras jurídicas entre as concessionárias e o município. No entanto, a implantação do sistema hidrossanitário de Curitiba não pode ser interrompida, os concessionários apresentam nova proposta e, no dia seguinte à rescisão do contrato, assina-se outro, com o compromisso de conclusão do trabalho em um ano (janeiro de 1910).25

| figura 4 | Fatura da “Empresa de Electricidade de Curytiba”, em 1907.

A Lei Municipal n.° 217, de 23 de julho de 1907, prorroga o contrato para “o serviço de Illuminação de Curytiba por trinta annos”, concedida a Hauer Junior & Cia, proprietários da “Empreza de Eletricidade” e determina, em seu Artigo 2°, a redução dos preços então praticados para a “illuminação publica e particular” regulamentada no Termo de Prorrogação assinado pelo Governo Estadual e a concessionária: 10% imediatamente e 15% dentro de três anos.26 Com a reducção do preço da illuminação foi possivel attender ás reclamações para a collocação de focos incandescentes em ruas que delles necessitavam. A illuminação publica actual é feita por 1.400 vellas, approximadamente, e 804 lampadas incandescentes de 16, 20, 25 e 32 vellas, unidade Heffner.27 O sistema existente de bondes puxados à mula, em breve será substituído pelo elétrico, pois a The South Brazilian Railways Ltda, que já adquirira a concessão de energia, comprará também a “Empresa Ferro Carril Curitybano”.28 Em 23 de dezembro de 1907, o município assina o contrato com a empresa dispondo sobre prazos para execução e entrega dos “bonds electricos” na capital: em 1909, seriam concluídos estudo e relatório; no ano seguinte, a substituição da tração animal pela eléctrica; e, em 1911, construir-se-ia a primeira linha suburbana.29 Os prazos não foram cumpridos, em nenhuma das fases, com acusações recíprocas do município e a concessionária, além de problemas com outras prestadoras de serviços. Após um longo período de obras, o serviço de saneamento é inaugurado em 1° de janeiro de 1910, regulamentado pelo Acto n.° 430 – com instruções técnicas para a exploração do serviço – e pelo Decreto Estadual n.° 59031, de 1909, que divide a cidade em cinco zonas com prazos diferenciados para o atendimento da obrigatoriedade da ligação das casas e prédios à tubulação. A extensão total das redes de água é de 63.024 m e a de esgoto, 51.567 m, dentro do quadro urbano de Curitiba.32 Naquele momento, os dejetos são coletados apenas no centro da

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cidade, conduzidos para os digestores da Rua Engenheiro Rebouças e, após tratamento, levados até o Rio Belém. Saneamento de Curityba Contractados como se acham com duas emprezas os serviços de abastecimento d’agua e exgotto e o de calçamento, dois dos problemas importantes da questão geral do saneamento, resta-nos, para completar este, tratar de outros também de magna importancia, que são os seguintes: construção de um forno de incineração do lixo; remoção e organização d’este serviço; construção do revestimento e abobadas nos rios Ivo e Belem; ajardinamento das praças e bem assim o estabelecimento de latrinas e mictorios publicos. Com esses melhoramentos citados e os que já se acham contractados e em andamento, teremos mais ou menos completo o saneamento d’esta cidade. Demonstrar e procurar salientar as vantagens que o conjuncto destes serviços trará á nossa Capital pela defesa que elles virão fazer á saude publica, é uma questão por demais discutida, conhecida e provada praticamente nas cidades que já possuem semelhantes melhoramentos.34

| foto 10 | Rua Riachuelo, em 1912 - destaque para o calçamento de paralelepípedo, o trilho do bonde à mula e a instalação dos trilhos para o bonde elétrico. A cidade transformada em canteiro de obras. | foto 11 | [abaixo] Praça Tiradentes, em 1913, ponto final da linha do Batel, com a via macadamisada, passeio para pedestres e postes de energia elétrica.

O engenheiro Guilhermino Baeta de Faria, Diretor de Obras Públicas do município, ao relatar as atividades de 1910, confirma as ações de modernização e de organização da infraestrutura urbana empreendidas pelos governos municipal e estadual, na primeira década do século XX. Elas são calcadas em conceitos higienistas; pensadas de forma abrangente – envolvendo todos os aspectos do bem-viver nas cidades – e planejadas em etapas para serem cumpridas ao longo dos decênios seguintes. Ocorrem, portanto, a implantação das redes hidrossanitárias e a pavimentação das vias – intervenções realizadas por, praticamente, todos os prefeitos da Primeira Republica –, seguidas da destinação do BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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lixo, da canalização de rios (evitando alagamentos), da remodelação de praças e da instalação de mictórios públicos. A estreita relação entre modernização (melhoramento e embelezamento) e as condições sanitárias do meio urbano, evidenciada no texto de Baeta de Faria, traduz a sintonia do poder público com o conhecimento científico, as técnicas e ações urbanizadoras praticadas em todo o mundo e planejadas em Curitiba, logo após às grandes intervenções ocorridas no Rio de Janeiro e em São Paulo. A realização daquelas ações estender-se-á por um longo período, com múltiplos problemas, levando à errônea interpretação de que a intenção e a execução são concomitantes e que tais processos ocorreram tardiamente na cidade, como as sérias irregularidades da rede hidrossanitária, que, apesar de oficialmente inaugurada, resultaram em danos graves à população. Segundo o Relatório da Diretoria de Higiene de 1912, nos mananciais não há tratamento das impurezas da água, nem higienização da tubulação. Não é bom o abastecimento d’agua d’esta Capital e para melhoral-o é preciso, sem perda de tempo, obrigar a Empreza a fazer limpeza dos mananciais da serra, construir filtros para a purificação das aguas e fazer o asseio constante dos reservatorios e das redes conductora e distribuidora. Sem isto a agua continuara, muito justamente, a ser um motivo de constantes reclamações do povo.35

| fotos 12 e 13 |Dois aspectos do arrabalde do Batel, na década de 1910. Apesar do bonde, a região não contava com pavimentação, passeio e abastecimento de água potável.

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Além da baixa qualidade da água, em 1912, havia somente 2.371 instalações domiciliares de água e esgoto para uma população estimada em 50.000 habitantes, confirmando a reduzida área de atendimento e, consequentemente, de utilização do serviço; além disso, a região servida pelo saneamento contava com 3.500 prédios, ou seja, um terço do total não estava conectado à rede; mesmo assim, o volume de água


potável produzido era insuficiente, ocasionando sua falta nas partes altas da cidade (Batel, Alto da Rua 15 e Alto do São Francisco); e, piorando a situação, o sistema de “penas d’água” (peça antecessora do hidrômetro que regula a entrada de água nas residências) apresentava alta taxa de desperdício. 36 Outro serviço precário era o da remoção de lixo: Limpeza publica Este serviço carece de serias providencias. Existe ahi um arremedo de serviço de limpeza publica que não está de forma alguma na altura de uma cidade como Coritiba. Seis carros de pequeno tamanho e dose homens, eis todos os elementos com que conta a Prefeitura para fazer o asseio d’uma cidade que tem uma area não pequena e agasalha uma população superior a cincoenta mil almas. Convem notar que nem sempre estão trabalhando os dose homens e o numero de carros acima citado. É irrisorio até! Exigem, depois, que a Prefeitura conserve a cidade em perfeito estado de limpeza! (...) Ha ruas da cidade por onde os carros conductores passam duas vezes por mez, outras que passam uma só vez e ainda ha algumas pelas quais jamais passaram e o resultado de tudo isto e ficar o lixo depositado nos porões das casas e nos quintais, onde vai decompondo pela acção do tempo e dando nascimento a gazes que vêem depois infestar o ar que respiramos.37 Em julho de 1911, o Prefeito relata à Câmara que o serviço de calçamento e “macadamisação” está sendo executado com “morosidade”, apesar do prazo de um ano concedido pela Lei Municipal n.° 276, de 19 de novembro de 1910, para a realização dos primeiros 80.000 m² de revestimento.38 Essa morosidade de trabalhos tem prejudicado grandemente os interesses do municipio, obrigando esta Prefeitura a adiar serviços urgentemente reclamados para não ter de pagar duplamente. Os meios fios, os boeiros, os entulhos, as arborizações etc, tudo isto esta comprehendido no contracto e qualquer d’estes serviços feitos agora por administração sera em beneficio da Empreza de Calçamento que o encontrara prompto, recebendo, porem, o pagamento como se fizesse a sua custa. Entretanto, é tal a necessidade que se faz sentir em varios pontos da cidade, de serviços d’esta natureza que mesmo reconhecendo os inconvenientes apontados, esta Prefeitura tem procedido a muitos d’elles.39 A implantação de uma moderna infraestrutura na cidade, esbarra em inúmeros obstáculos: de ordem técnica; falta de recursos; entraves contratuais; divergência de interesses entre o município e as concessionárias; e, sobretudo, resultados BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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insatisfatórios. Os relatórios dos diretores municipais de higiene e de obras públicas e dos secretários estaduais, além das mensagens prefeiturais, denunciam exaustivamente problemas nas redes de saneamento, elétrica, telefônica e de bonde, no descumprimento de cronogramas e nos textos pouco precisos dos contratos. No caso da “morosidade”, o “contracto não fornece meios efficazes para obrigar a Empreza a atacar com energia os serviços a seu cargo”, somente aplicação de multa pela suspensão.40 No outro lado, encontra-se a população que paga altos impostos e pesadas taxas e reclama da qualidade do serviço. O médico Assis Gonçalves, diretor de higiene do município, desabafa: Um grande entrave que encontrei no cumprimento dessa lei [Regulamento Sanitário Municipal de 1900] foi a Empresa de Saneamento. (...) O contrato firmado pelo governo com a dita Empresa, contracto esse em que so se cogitou de dar grandes rendas á firma exploradora do serviço, esquecendo por completo o interesse e bem estar do publico. Pelo dito contracto a Empresa dispõe de todos os elementos para garantir seus capitaes e auferir grandes lucros, mas não existe ali nada que indique ter havido intenção de proteger o povo contra a ganancia da Empresa. O material é vendido por um preço muito superior áquelle pelo qual se o encontra aqui na praça; o serviço de installações em geral, não prima pela perfeição e é feito com uma preguiça que exgotta a paciencia das pessoas que d’elle tem necessidade, fazendo-as esperar longo tempo, e tudo isso redunda em prejuizo do serviço a meu cargo. (...) E não é so isso! A Empresa é obrigada a extender a rede de exgottos por todo o perimetro | foto 14 | Praça Tiradentes, em 1905. Praça na região central de Curitiba apresentando os melhoramentos urbanos: arborização, calçamento e trilhos de bonde.

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| foto 15 | Praça Eufrásio Correia, em 1915, com tratamento paisagístico realizado na gestão de Cândido de Abreu.

urbano e, no entanto, não são poucas as ruas por onde não passa o tubo geral, o que tem dado logar a multiplas reclamações. Consequencia dessa irregularidade é terem, algumas vezes, os proprietarios de gastar quantia maior do que seria preciso, caso o serviço estivesse em ordem, e outras vezes, o que é pior, deixam de fazer as installações justificando a sua falta com a falta da Empresa. Uma providencia para sanar esses abusos é necessaria.41 O processo de urbanização esbarra também em aspectos legais sobre o uso do solo, pois há no centro da cidade áreas particulares, que impedem a abertura de ruas e, por conseguinte, a instalação dos serviços. Acordos e indenizações, com demorados processos judiciais, ocorriam entre os proprietários e a prefeitura envolvendo as concessionárias e o governo do Estado, retardando ainda mais a lenta implantação da infraestrutura urbana. Em 1912, Joaquim Pereira de Macedo, Prefeito de Curitiba, relata algumas turbulências: Com os serviços da rua Marechal Floriano Peixoto, deu-se um incidente entre a Empreza de Calçamento e a Paulista de Melhoramentos do Parana, motivado pela necessidade que teve aquella de pôr a descoberto os canos de agua e exgotos. Interposto pela Empreza Paulista de Melhoramentos do Parana um protesto perante o dr. Juiz de direito da 2ª vara, a Empreza de Calçamento interpellou esta Prefeitura, sobre a quem caberiam os dannos a causar com semelhante serviço. Disse-lhe eu que a municipalidade absolutamente não se considerava responsavel por esses dannos, tanto mais quanto o serviço de agua e exgotos correu sempre por conta do Governo do Estado e sob sua immediata fiscalização.42 BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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Lei Municipal n.° 177, de 30 de abril de 1906 Art. 1° Fica prohibida a construção de casas de madeira na area abrangida pelo seguinte perímetro: da Rua 7 de Setembro – em frente a Estrada de Ferro – subindo até o Largo 21 de Abril, deste, descendo a Rua Brigadeiro Franco até encontrar a Rua Saldanha Marinho; por esta até pegar a Rua Desembargador Ermelino de Leão; por esta subindo até o Alto de S. Francisco; d’ahi descendo até apanhar a Rua America, por esta abaixo até sahir na Rua Paula Gomes, para esta sahir no Largo 19 de Dezembro e apanhar a Rua Riachuelo, e desta até a Rua 15 de Novembro, e desta apanhar o Largo Santos Andrade, e deste a apanhar a Rua Marechal Deodoro até a Rua da Liberdade, e por esta até fechar o perímetro da Estrada de Ferro. 47 A madeira encontrada em abundância e com baixo custo é utilizada como material construtivo pela população de baixa renda. A restrição da lei objetiva o aprimoramento do padrão construtivo do centro da cidade. Ao relacionar a medida de embelezamento e os diversos melhoramentos implantados no núcleo central de Curitiba, com o custo de tais serviços, percebe-se a ação integrada voltada para os mais abastados, dividindo e hierarquizando o espaço urbano.

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A Empreza contractante do serviço de Bondes Electricos não tem dado a elle o andamento que seria por desejar, continuando muito moroso e, difficilmente, poderá Ella dar cumprimento ao que por contracto se obrigou, até 22 de junho deste anno, quando termina o praso para o estabelecimento de linhas urbanas. Até agora estão assentados trilhos do Portão até a rua Iguassu, e em quase toda a linha do Matadouro, iniciando-se o assentamento, na linha do Batél. No serviço de assentamento de trilhos da linha do Matadouro, na rua Commendador Roseira, a linha da Estrada de Ferro, o representante da Comp. Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, oppoz-se a isso, declarando que impediria mesmo á força esse serviço. Estando a rua incontestavelmente na posse da municipalidade, e não reconhecendo eu direito á companhia S. Paulo-Rio Grande de fazer tal opposição, ameaçando mesmo o emprego da força, resolvi de accôrdo com o dr. advogado da Camara, pedi em juízo manutenção de posse para effectuar os trabalhos. Requerido ao meretissimo dr. juiz federal, foi expedido mandado contra a companhia referida que em officio a mim dirigido e que a esta junto, declarou-me não marcar dia e hora para serviço algum, porquanto o mandado estava suspenso pelos embargos que oppoz. Insurgindo-se assim a companhia contra um mandado judicial, legalmente expedido, requeri ao exmo. sr. dr. Juiz Federal que fosse prestada força para o cumprimento do mandado. Este integro magistrado requisitou do Governo Estadoal um força de policia e com a presença d’este, poude-se effectuar o assentamento dos trilhos no logar em questão, isto, entretanto, com o protesto solenemente lido na occasião pelo dr. advogado da companhia S. Paulo Rio Grande, no qual se dizia que a companhia cedia ante a força material.43 Havia muito a ser feito e a substituição de empresas prestadoras de serviço tornou-se constante, apesar da administração pública evitá-la, devido ao ônus causado à população e à própria municipalidade. O contrato de calçamento, assinado por Santiago M. Colle, Guilherme Weiss e Henrique Palm (Henrique Palm & Comp.), é transferido, nos termos da Lei Municipal n.° 276 de 19 de Novembro de 1910, para Edouard Fontaine Laveleye, o qual naquele momento detinha os contratos para a unificação de bondes e transporte da carne verde do Matadouro e a concessão sobre a iluminação pública, repassados à The South Brazilian Railways Company Limited44,em 7 de maio e em 5 de dezembro do mesmo ano, respectivamente.45 A telefonia também é transferida para a “Empresa Telephonica do Paraná”, em 1911. Esperava-se, com o novo contrato, poder realizar imediatamente as ligações interurbanas com Ponta Grossa, Araucária, São José, Campo Largo, Campina Grande e Colombo, exploradas até então pela “Companhia A. E. G. Sul Americana de Electricidade”.46 Porém, o monopólio da telefonia, deixava a

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municipalidade amarrada aos contratos e à empresa, que avançava os trabalhos de acordo com seus interesses financeiros, sempre em desacordo com os da população. Somente seis anos após, têm início as ligações interurbanas com aquelas cidades, as quais mantinham comunicação à distância via telégrafo, também utilizada na correspondência oficial com o governo central. Devido à “grande expansão que tem tido a Capital”48, a Prefeitura amplia, em 1903, o quadro urbano49, que será mantido com pouquíssimas alterações até 192950. Nesta área, são realizadas, durante os primeiros 30 anos do século XX, as ações públicas de modernização e urbanização, como a definição e locação das redes de água e esgoto; o calçamento de vias; o sistema de transporte coletivo; a normatização construtiva e “aformoseamento” da cidade. Também são estabelecidas, dentro de tais limites, áreas com padrões construtivos diferenciados e mecanismos de controle de sua aplicação: Lei Municipal n.° 149, de 10 de outubro de 190551 Art. 1° As edificações e reedificações que se fizerem nas Ruas 15 de Novembro e Liberdade e Praça Tiradentes só poderão ser de dois ou mais pavimentos. Art. 2° Na Rua 15 de Novembro, bem como nas demais da Cidade, quer calçadas ou não, as edificações ou reedificações serão executadas de accordo com as Posturas Municipaes, mediante plantas approvadas pela Seção Technica, obedecendo as modificações que a mesma julgar conveniente, de accôrdo com as mesmas Posturas.52 No ano seguinte, proíbe-se a construção de casas de madeira na área central53, onde também é autorizada “concorrencia publica para os serviços de calçamento, macadamisação e arborização das Ruas e Praças de Curytiba” e “outros serviços convenientes para o embelezamento da cidade”. Além disso, a Rua 15 de Novembro recebe atenção especial com a autorização da reforma dos passeios, a exigência de substituição de tapagens e meias portas de madeira por paredes de tijolos e da colocação de platibandas.54 O perímetro delimitado em 1906 [Lei Municipal n.° 177] incorpora a área definida no ano anterior [Lei Municipal n.° 149], consolidando o centro de Curitiba como palco das ações de “embelezamento” – com edifícios mais altos e, consequentemente, de maior apuro técnico, construtivo e formal – e de “melhoramentos urbanos”. A padronização construtiva, dos equipamentos e da infraestrutura visa o aformoseamento da cidade, materializada no local onde se concentram as atividades comerciais, os palácios e as repartições de governo, as escolas e as igrejas, as residências mais abastadas, enfim, o poder econômico, político e social. O Mapa 1 mostra o quadro urbano de 1903, a área de restrição ao uso da madeira e as ruas com imposições construtivas mais elaboradas. BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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| mapa 1 | Curitiba, em 1901, com a delimitação do Quadro Urbano de 1903 [Lei Municipal n.° 117].

A B C

A malha urbana ultrapassa timidamente os limites norte e leste do quadro delimitado. Em destaque, as localizações dos palacetes dos irmãos Miró [A e B], na Rua Comendador Araújo, e da família Leão [C], no Boulevard Dois de Julho; regiões ocupadas, desde o início do século XX, por residências abastadas, com infraestrutura coetânea à do centro da cidade. A legislação promulgada no período define, também, padrões construtivos mais sofisticados.

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A atuação dos governos municipal e estadual na urbanização e modernização de Curitiba define, portanto, a hierarquização do espaço urbano, estabelecendo áreas de ocupação diferenciada. Em 1911, determina-se novo alinhamento para as construções dos trechos mais centrais das ruas da Liberdade e Marechal Floriano Peixoto.55 A região definida pela Lei Municipal n.° 149 de 1905 amplia-se, em fevereiro de 1912, com a inclusão das ruas Primeiro de Março e Marechal Deodoro, das praças Municipal, Osório, Eufrásio Correia, Carlos Gomes e Zacarias e do entorno da Tiradentes56, culminando, no final daquele ano, na divisão do quadro urbano em três zonas, “para o effeito da cobrança de impostos sobre muros e terrenos não edificados e para outros fins”57, apresentada no Mapa 2.

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| foto 16 | Palacete Manoel Miró, em 1907.

| foto 17 | Palacete Ascânio Miró, em 1917.

| foto 18 | Palacete Leão Junior, sem data.

| foto 19 | Rua Comendador Araujo, em 1905, região urbanizada, onde já se encontram construções isoladas em lote de grandes dimensões. Ao fundo, as residências de Manoel e Ascânio Miró.

Imagens da região central de Curitiba, na década de 1910, nas quais se verifica a melhoria do padrão construtivo, resultado da legislação restritiva desde 1905.

| foto 20 | Rua 15 de Novembro.

| foto 21 | Rua José Bonifácio.

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| mapa 2 | Quadro Urbano e Zoneamento de Curitiba em 1914.

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A primeira zona, de perímetro irregular, compreendia a parte mais central da cidade – em volta da Praça Tiradentes –, estendendo-se ao sul até à Estação Ferroviária e à sudoeste, para alcançar as ruas Aquidaban e Comendador Araújo até a altura da Brigadeiro Franco; possuía também dois prolongamentos: o da Rua Marechal Floriano até a Ivahy (onde se situava o Quartel da Força Pública) e o da Comendador Araújo-Avenida do Batel até a atual Bento Viana. Tratava-se da área de ocupação mais tradicional e nobre de Curitiba, circundada pela segunda zona, a qual por sua vez era envolvida pela terceira, até o limite do quadro urbano. A legislação visava tributar os terrenos desocupados, incentivando o levantamento de muros padronizados: com altura de 2,5 m e gradis ou balaustres assentados sobre embasamento de alvenaria [artigo 8°]. Os lotes vazios ficariam sujeitos ao imposto anual de 1% de seu valor venal, estabelecendo-se os seguintes limites: para a primeira zona, entre 800$00 e 400$00; para a segunda, entre 300$00 e 150$00; e para a terceira, entre 100$00 e 50$00. A diferença entre as taxas é significativa e tem a clara intenção de desestimular áreas vazias na região central, servida por redes de água, esgoto, eletricidade e telefonia, além de pavimentação e bondes. Afinal, terrenos baldios não embelezam a cidade e não pagam pela utilização da

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infraestrutura. Com o muro, haveria um desconto de 20% [artigo 9°] e ao iniciar a construção no terreno, no momento em que as paredes estivessem na altura para receber o vigamento da armação [artigo 15°], podia-se requerer baixa dos impostos estabelecidos. Além disso, determinou-se, sob pena de multas progressivas, que o proprietário teria 60 dias para calçar e fazer as guias do passeio na frente de seu lote, de acordo com parâmetros estabelecidos pela Prefeitura [artigos 16° e 17°]. Novamente há diferenças qualitativas: na primeira zona, o calçamento só poderá ser feito em mosaico, asfalto, ladrilho ou cimento; nas demais, há possibilidade de utilização também de lajes de pedra [artigo 18°]. As casas de madeira foram proibidas nas primeira e segunda zonas, sendo possíveis na terceira, desde que recuadas cinco metros do alinhamento frontal. O loteamento também levará em conta a localização, sendo a primeira zona mais valorizada.58

A comparação entre os Mapas 1 e 2 revela, desde o início do século XX, os objetivos de hierarquização do espaço e de valorização da região central por intermédio da definição de padrões construtivos mais elaborados nas principais ruas da cidade (15 de Novembro e Liberdade) e na Praça Tiradentes (Lei Municipal n.° 149 de 1905); e a proibição da construção de casas de madeira (Lei Municipal n.° 177 de 1906). O zoneamento estabelecido em 1912 consolida tal orientação, delimitando a primeira e a segunda zonas, onde os parâmetros edificativos já eram mais rígidos e controlados. Percebe-se, também, o aumento da malha urbana e o planejamento da expansão da cidade (em linhas tracejadas). O crescimento mais expressivo ocorre ao longo das linhas suburbanas do Portão (sudoeste), Matadouro (sudeste) e Fontana (nordeste), evidenciando a influência da infraestrutura na expansão territorial. O Mapa 3 mostra o projeto da rede de água e esgoto de Curitiba – definido em 190960, locada dentro do quadro urbano e nas primeira e segunda zonas estabelecidas em 1912. Da mesma forma, as linhas de bondes

| foto 22 | [à esquerda] Praça Osório, em 1916. A Praça Osório, situada na primeira zona, encontra-se dotada de infraestrutura e equipamentos urbanos. Destaque para o relógio (encomendado da Europa e ainda sem o mecanismo de funcionamento), o coreto de estrutura metálica e o tratamento paisagístico de embelezamento.

| foto 23 | [acima] Rua Marechal Floriano, em 6 de novembro de 1912. Presença de uma faixa central arborizada como preconiza o Artigo n.° 34° do Código de Posturas de 1912, no entanto: Devido à situação da linha de Bond e as difficuldades encontradas para sua remoção, foi necessario projectar o calçamento dessa rua com passeios menos largos do que deveriam ser sanando-se esse inconveniente com uma arborização central. 59

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elétricos – que percorrem o centro e transportam pessoas e cargas para regiões mais afastadas como Portão, Matadouro, Seminário e Fontana – direcionam o crescimento da cidade.61

| mapa 3 | Infraestrutura de Curitiba – 1914.

O ano de 1912 caracteriza-se por sistemática regulamentação das questões urbanas e construtivas, como a expansão da área central, a exigência de alinhamento predial no rocio, a atualização das taxas de limpeza pública, a definição de zoneamento, a cobrança de imposto em terrenos vagos e a consequente imposição de edificação de muros, além da abertura de editais para distribuição de energia elétrica.62 A hierarquia do espaço urbano permeia tais ações, procurando unificá-las na proposta do Código de Posturas de 191263 – um “apanhado das leis e posturas actualmente em vigor, com algumas modificações” – que não foi sancionada.64 Trata-se de normatizações, estabelecidas por critérios higienistas, definindo o padrão mínimo das edificações (bem-morar) e da infraestrutura urbana (bem-viver), consolidando, portanto, as políticas de embelezamento, melhoramento e modernização da cidade. 88

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O projeto do Código de 1912, apresentado pelo engenheiro Adriano Goulin, reúne leis e decretos elaborados desde 1895. Revela a constante preocupação em manter a regularidade de um padrão construtivo em toda a cidade e eliminar a paisagem rural, mantendo no Artigo 8° o texto da Lei Municipal n.° 305, que determina: os “proprietarios dos terrenos situados na zona de 3 (três) kilometros além dos limites do quadro urbano que estiver em vigor, ficam sujeitos ao alinhamento que for mandado observar pela Prefeitura, de accordo com a planta da cidade, quando tenham de edificar nos terrenos que lhes pertencer”.65 Ao estender para fora do quadro urbano os parâmetros vigentes, o governo municipal constata, nas palavras do mesmo engenheiro, “o desenvolvimento bastante animador que tem tido a cidade para seus arrabaldes”, defendendo a conveniência da adoção do referido alinhamento nas estradas que são servidas por “bondes electricos”.66 Em relação às vias urbanas, a largura mínima para a abertura de novas ruas se mantém em 18 metros [artigo 11°], já definido em 1895 [artigo 101°]; entretanto, as existentes são divididas em 12 a 20, 20 a 29 e 30 metros ou mais, cada qual com dimensão padronizada de calçamento. O artigo 34° estabelece, nas vias com mais de 30 metros de largura, a presença de uma faixa central “convenientemente ajardinada e arborizada”. A medida prioriza espaços abertos, bem arejados e ensolarados, com superfícies pavimentadas, que evitam águas paradas e poeira. Ao mesmo tempo, impõe a presença da natureza e de seus benefícios em jardins

| figura 5 | Projeto de casas geminadas em madeira [004], 1912, com 47 m² de área construída aprovado com a Lei Municipal n.° 413 em vigor. O programa arquitetônico é composto por salas de estar e jantar, cozinha, dois quartos. O pé-direito de 4,5m e a área útil superior a 9 m², em todos os ambientes, ultrapassam a cubagem mínima de 36 m³ estabelecida pela referida norma.

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convenientemente organizados, que possibilitam a circulação de carros, carroças, bondes e pedestres, materializando a modernidade dos novos tempos. Há, ainda, a identificação uniformizada das vias e logradouros públicos e dos prédios, executadas com placas “de ferro esmaltado, de letras ou números brancos sobre fundo verde-claro, representativos das côres do municipio” [artigo 16°]. Há a exigência de postes de iluminação e de sustentação da fiação aérea, com locação aprovada, assim como a necessária determinação das redes guardarem uma distância de 30 cm entre si e 6,5m do chão [artigo 28°]. No Capítulo “Predios em geral”, com seis artigos, permanece grande parte do texto da Lei Municipal n.° 245, de 190967, que regulamenta a construção e reconstrução de prédios dentro do quadro urbano e cujas primeiras exigências são “segurança e hygiene”. Qualquer obra deve ser iniciada com a nivelação e drenagem do terreno, facilitando o escoamento das águas fluviais e obedecendo ao alinhamento fornecido pelo engenheiro diretor de Obras Públicas Municipais. Haverá uma base impermeável de concreto, com no mínimo 10 cm de espessura, apoiada em alicerces de profundidade não inferior a 60 cm; porões com ventilação e altura de 60 cm ou mais, contados do nível do passeio; paredes externas sempre em alvenaria e sólidas; e a obrigatoriedade de utilização da platibanda e de um sistema de captação de água fluviais. “Todos os compartimentos do predio, qualquer que seja seu destino, terão aberturas directas para a rua”, eliminando as alcovas. As dimensões mínimas também são definidas: pé-direito de 4,5 m no primeiro pavimento, 4,2 m no segundo e 4,0 m nos demais68; e aberturas, respeitando a proporção de um quinto da superfície do cômodo, com portas e portas-janelas 3,30 x 1,30 m, janelas 2,30 x 1,15 m e portões ou porte-cochère 2,00 x 3,00 a 4,00 m. Também se estabelece limites máximos para saliências de embasamentos, pilastras ou colunas, cornijas e sacadas. O artigo 7° do projeto de normatização de 1912 refere-se a dois tipos de edificações isoladas nos terrenos: a casa de madeira (com recuo frontal obrigatório de 10 m) e a de alvenaria (5 m), esta última já encontrada no artigo 115° do Código de 1895. O texto contempla a implantação da casa popular e da abastada, sob a perspectiva higienista – priorizando, com a locação solta da edificação, a circulação de ar e a incidência de luz – presente nos manuais de arquitetura e ainda pouco usual nas cidades brasileiras de tradição lusa. Nos primeiros anos republicanos, já eram encontradas, em Curitiba, residências de grande porte com tais características – como os palacetes de Manoel Miró, de Ascanio Miró e de Leão Junior, projetados pelo engenheiro Cândido Ferreira de Abreu –, construídas em regiões mais afastadas e constituindo-se em excepcionalidade na paisagem marcada pelos edifícios contíguos. [fotos 17 a 19, página 85] 90

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Em relação às “Casas Operarias e Casas de Madeira”, somente permitidas na periferia da cidade, verifica-se a estreita relação entre as habitações populares e a utilização deste material, abundante, de baixo custo, considerado insalubre e sem “formosura”, fato que determina um significativo afastamento da construção do limite frontal do terreno. O artigo 68° define a existência de, no mínimo, três ambientes, cada qual com pelo menos 10 m² e sendo um deles a cozinha. Procura garantir a independência das diferentes atividades domésticas como, por exemplo, cozinhar e dormir, desenvolvidas em compartimentos distintos, seguindo a setorização preconizada por Guadet. Há, ainda, a obrigatoriedade de uma latrina, geralmente fora do corpo principal da edificação. Apesar das restrições impostas às casas de madeira, a fiscalização não consegue impedir sua disseminação, resultando, em 1914, na permissão para a construção nas segunda e terceira zonas. No entanto, os parâmetros, definidos no artigo 1°, são distintos dos propostos anteriormente: afastamentos frontal de cinco metros e laterais de dois; muro em gradil de ferro; valores mínimos de quatro metros para o pé-direito e 36 m³ de cubagem em cada compartimento; assentamento sobre alicerces de alvenaria de pedra ou de tijolos; afastamento do solo; janelas com 2,30 x 1,10 m; cobertura em telha de barro; abas do telhado guarnecidas com lambrequins, pintados à óleo, assim como as esquadrias (nas casas da segunda zona, tal exigência estende-se às paredes). É mantida a proibição de “construcção de meias aguas” (definida nos artigos 121° e 124° do Código de Posturas de 1895).69 Curitiba continua sua expansão urbana ocupando áreas alagáveis como o Rebouças e a região de deságue do Rio Belém, a oeste da cidade, exigindo a coleta das águas fluviais, para minimizar as enchentes, juntamente com a colocação de bueiros e a construção de galerias fluviais. Os córregos e afluentes dos rios Barigui, Ivo e Bigorrilho ainda não se encontram canalizados, necessitando de pontilhões que permitam a circulação em ruas e praças centrais da cidade, como na Praça Zacarias e nas ruas Marechal Deodoro, Visconde do Rio Branco, Conselheiro Laurindo, Voluntários da Pátria, João Negrão, 15 de Novembro e Saldanha Marinho. Em 27 de janeiro de 1913, o engenheiro Cândido Ferreira de Abreu assume a prefeitura de Curitiba e dá continuidade ao processo de intervenção urbana, respaldado pela concessão de “poderes especiais” e a disponibilidade de seis mil contos de réis, provenientes de empréstimo do governo estadual para o município. O prefeito é autorizado a executar as obras “necessarias aos melhoramentos e embelezamento desta Capital”; “desapropriar, por utilidade publica, os terrenos e predios situados no municipio, que forem indispensaveis para o alargamento de praças, alinhamento e prolongamento de ruas e construcção de avenidas”; e “nomear em commissão os empregados que julgar necessarios para executar os melhoramentos da cidade BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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e a fixar-lhes os respectivos vencimentos”.70 Com o Decreto Municipal n.° 66, cria a “Commisão de Melhoramentos da Capital”, em 4 de julho de 1913, responsável pelo planejamento e execução da modernização da cidade. Como a concorrência para a conclusão do calçamento ainda não fora executada71, propõe a administração direta do serviço e adquire vários equipamentos e materiais: britador, betoneira, compressores, escavador, manilhas, tubos e trilhos; cria o horto municipal para a produção de mudas destinadas à arborização e ao ajardinamento de ruas e praças; projeta e executa intervenções em toda a cidade, como a remodelação do passeio público e de diversas praças, alargamento de ruas, canalizações de rios.72 A Comissão de Melhoramentos estimou, no mesmo ano, a necessidade de 200.000 m de guias para o quadro urbano73 da cidade, com 10.000.000 m²74, e em fevereiro de 1914 já contabilizava: Macadamização de uma area de 56.912,00 m2; recalçamento de 79.390,79 m2, confecção de passeios numa extensão de 7.308,49 m2; construcção de 5.440,77 m de boeiros; assentamento de 92 refugios centraes convenientemente gradeados; trabalhos de terra-plenagem com um movimento de 78.887,04 m3; plantio de 617 arvores ornamentaes; fabricação de 6.488,26 m de meios fios de cimento, alem da canalisação dos rios em todas as travessas, retificação e limpesa do Ivo, Belem e Bigorrilho.75

| figura 6 | A “Companhia Telephonica do Parana” anuncia a modernização da rede em janeiro de 1914 .

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Apesar de importantes avanços, permanece a insatisfação da prefeitura e da população com os serviços prestados pelas concessionárias. O trabalho da “Companhia Telephonica do Paraná não corresponde absolutamente ao fim a que é destinado”, uma vez que o aperfeiçoamento técnico, a elevação da altura da rede e a substituição dos postes de madeira por ferro foram condições de continuação – não cumpridas – deste serviço em 25 de setembro de 1911, na renovação do contrato por mais 20 anos.76 A Lei Municipal n.° 416 de 1914 reitera a necessidade de melhoramento da telefonia e trata da substituição da rede aérea por cabos subterrâneos, “de modo a evitar inducções e interrupções electricas ou qualquer accidente e garantir o perfeito funccionamento do serviço telephonico”.77 Contudo, no mesmo ano, o fiscal dos “Carris Electricos e Telephones”, Antonio Ricardo de Nascimento, registra a demora na realização das ligações. As linhas constantemente “embaraçadas” ocasionam o não funcionamento de parte dos 550 telefones do município – controlados por cinco mesas de 100 linhas e uma de 50 com a capacidade

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instalada plenamente em uso – e o “systema arcaico com fiação estragada”. Relata ainda a promessa da companhia em implantar o sistema telefônico subterrâneo, com outra central a ser instalada na esquina das ruas Primeiro de Março e Marechal Deodoro, dotada de mesas da fábrica Western Electric, com capacidade inicial de 1.000 assinantes, “para onde devem convergir os cabos das novas instalações subterraneas”. Parte das canaletas já foram assentadas, assim como também se encontram depositados na cidade “cabos, telephones, commutadores centraes e fios isolados para mensageiros”, informa Nascimento.78 No entanto, após três anos, o relatório da Diretoria de Obras Municipais adverte que, em relação à telefonia, “nada ocorreu de importante a não ser mais um período de não cumprimento de obrigações contratuaes”.79 Além disso, o número de assinantes pouco aumentou, sendo contabilizados 630, em fevereiro de 1919.80 A implantação dos bondes elétricos também é um processo demorado e, em 14 de junho de 1912, a The South Brazilian Railways Company Limited consegue, por intermédio da Lei Municipal n.° 321, a prorrogação de oito meses para “terminação do serviço”.81 Em janeiro de 1913, os carris elétricos – “veículos belgas extremamente modernos, com alavancas de roldana de contato para captação da corrente elétrica com suporte giratório para alcançar os fios distantes e suspensos ao longo das laterais das ruas, um arranjo que era único na América do Sul”82 – percorriam as linhas Portão-Batel, Polícia, Matadouro, Circular, Fontana e Iguaçu.83 Dois meses depois, Cândido de Abreu transmite à Câmara Municipal o comunicado da empresa de que os “bonds electricos estavam regularmente inaugurados, o que alias, se deveria ter verificado em 23 de março proximo passado”. Em resposta, encaminhou ofício “apontando os defeitos existentes no mesmo serviço e seu complemento” e “a Companhia attendendo as reclamações (...) concordou em assignar termo pelo qual são concedidos novos prasos para as devidas correcções e complementos daquelles serviços”.84 Um ano após, em relatório oficial, há a informação de que as condições estipuladas não foram cumpridas e “ainda não foi possível a inauguração official desse serviço”. Naquele momento, a The South Brazilian Railways Company Limited contava com 168 empregados; 67 carros, sendo 26 automotores (ou seja, 38% da frota com força elétrica); e os trilhos cobriam a distancia de 27, 17 quilômetros.85 No início de 1918, o prefeito João Antonio Xavier, relata que “o serviço de carris electricos (...) tem sido executado nas diversas linhas com razoável perfeição”.86

QUADRO 3

UTILIZAÇÃO DO SERVIÇO DE BONDES EM CURITIBA ano movimento de passageiros 1903 680.000 1910 1.000.000 1913 1.910.000

Em 1913, ocorre a duplicação da intensidade da iluminação pública com a substituição das lâmpadas Heffner, de filamento carbônico, por 1.315 unidades de filamento metálico com “systema Osram”, capacidade de 32, 100-200 e 300 velas e energia fornecida por motores “thermico, turbo-alternadores de corrente triphasica para inicio imediato”.87 O novo sistema, mais potente e menos oneroso, BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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| foto 24 | Jardim Botânico (Passeio Público), na década de 1910.

apresentava-se como “muito inovador” e já em funcionamento em São Paulo e no Rio de Janeiro, implantado pela mesma concessionária. Contudo, a prefeitura reclama da lentidão e paralisação dos serviços, do descumprimento às posturas municipais na colocação dos postes, da má qualidade dos produtos e dos preços exorbitantes cobrados pela empresa no fornecimento da força motriz, o que impede o estabelecimento de indústrias.88 Há interesse do poder público em embelezar Curitiba, afinal as capitais representam o expoente maior do progresso dos países ou das circunscrições políticas de que são centro. Inspirando-se nas intervenções no Rio de Janeiro e em São Paulo, Carlos Cavalcanti, Presidente do Paraná, acredita que tais melhoramentos compensam com rapidez e amplitude todos os onus e compromissos por ventura contrahidos para realizal-a, no desdobramento do commercio, no augmento da população e na entrada dos novos capitaes que invertem-se em obras de valor ou entram em circulação, creando serviços, animando industrias e irradiando-se por todo o territorio dependentes daquelles centros.89

| foto 25 | [acima] Praça Eufrásio Correia, na década de 1910. A região central de Curitiba foi alvo de ações públicas de melhoramento e embelezamento durante toda a Primeira República.

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Assim, as ações de embelezamento e melhoramento são múltiplas, abrangendo a intervenção física na cidade com o aprimoramento da infraestrutura; a remodelação e alargamento de praças e ruas centrais; a organização, regulamentação e taxação de diversas atividades, como a circulação de veículos, o transporte em carros de praças, o serviço de automóveis, o comércio de leite, o funcionamento de padarias e açougues;90 e o estímulo a construções mais elaboradas. A arquitetura, considerada elemento importante no processo de urbanização, é regulamentada com parâmetros mínimos a serem cumpridos, ao mesmo tempo em que são oferecidos prêmios quando elaborada artisticamente. A beleza, portanto, é uma virtude

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buscada pela cidade e pelos edifícios que a compõem. Seguindo a experiência de outras capitais brasileiras, a Prefeitura lança um concurso com “dois prêmios, um de três contos e outro de dois contos de réis, [destinados] aos proprietarios que durante o anno de 1913 construirem respectivamente predios com as mais artisticas fachadas para casa de commercio e particulares”.91 Simultaneamente ao estímulo do apuro formal, há a demanda por mecanismos de penalização dos proprietários no descumprimento das leis vigentes, como faz o diretor de obras, Adriano Goulin, em outubro de 1914, solicitando “imposto por metro linear das casas sem platibandas que dentro de certo praso, não collocarem uma talha destinada a canalizar as aguas”, “praso que poderá variar conforme a zona da cidade”.92

| foto 26 | Praça Tiradentes, sem data. Destaque para a Estação de Bonds e o ponto de carros de aluguel.

| foto 27 | Praça Tiradentes, sem data. O ponto de carros de aluguel convive com o das carroças do outro lado da rua.

Concomitante à modernidade dos automóveis e bondes elétricos, continuava existindo o transporte de tração manual e animal, como se observa nos anúncios publicitários – “aluguel de aranha na Rua Desembargador Motta n.° 38” e Casas de Pasto situadas na Praça Tiradentes n.° 37 e Rua Barão do Rio Branco, n.° 59 e 26 –, onde se pagava por dia e por animal.93 Também havia a entrega “Expresso”, cujos meios de transporte incluíam serviços com “carro de mão, a cavallo, a pé, carrocinha ou bicycleta e ainda carros especiais para mudanças, até para fora da capital, com registro na central de policia, no horario das 6 as 11 da noite durante a estação calmosa e até as 10:00h durante a invernosa”.94 Igualmente frequente era o aluguel de bicicletas nas ruas Barão do Serro Azul n.° 3, na Sete de Setembro n.° 142 e na São Francisco n.° 45.95 As carroças para mudanças e viagens ficavam BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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estacionadas nas praças Tiradentes, Santos Andrade e Zacarias, na Estada de Ferro e na Rua Comendador Araujo.96 Porém, os automóveis já se faziam presentes no transporte urbano, com os “carros de aluguel” em ponto de estacionamento na Praça Tiradentes, juntamente ao das carroças. A tabela do transporte de carros automotivos fixava o valor de 5$000 para a corrida sem taxímetro com até duas pessoas, no horário das 6:00h da tarde até a 1:00h da manhã; da 1:00h da manhã até às 6:00h da tarde, o custo era de 4$000, acrescendo 1$000 para cada pessoa a mais. Já os carros com taxímetro, cuja corrida atingisse até 1.600 m dentro do quadro urbano, cobravam 1$800 e para os arrabaldes e nas cercanias, acrescentava-se na primeira hora mais 1$000. Havia oito pontos para os carros de aluguel, com tabelas fixas e diferenciadas de acordo com o trajeto: “para tomar o trem, para enterro, ir a casamento, assistir ao theatro, para atender as festas dos clubes e para Canguiry, Horto Florestal, Araucaria, Colombo e Capocú.97 Embora reduzido o número de automóveis particulares, a diversidade dos meios de transporte indica que a população percorria distâncias significativas, numa cidade em expansão, substituindo a locomoção a pé. O aumento da ocupação territorial faz-se acompanhar da extensão do transporte coletivo que, em 1917, dispunha das “linhas de carris electricos”, entre 05:30h e 22:00h, na capital. Nas regiões consideradas arrabaldes, os carros, nos intervalos entre 05:30h e 07:00h da manhã e 17:30 e 19:00h, levam “reboque para passageiros de segunda classe” nas linhas do Portão e Matadouro, circulando em intervalos de meia hora, e, na Buenos Ayres-Fontana, a cada uma hora. Nos demais trajetos: Polícia-América, a cada 20 minutos; Estação-Fontana, a cada meia hora; e Batel-Seminário, sempre a cada dez minutos.98 Delineia-se, claramente, com os horários dos bonds, um fluxo contínuo e intervalos curtos para as primeira e segunda zonas e, para a terceira zona, um espaçamento maior com o transporte de operários no início e final da jornada de trabalho. Além da condução de passageiros, os bondes elétricos realizavam o transporte de carga, como a da Linha Matadouro, que conduzia a “carne verde” até a Praça Tiradentes, local de distribuição para os açougues. Próximo à Estação dos bonds na Praça Tiradentes encontra-se a “Central Telephonica”, instalada na Rua Primeiro de Março n.° 22, 1° andar, que dispõe de um “empregado especialmente para attender as pessoas que desejam telephonar para Ponta Grossa, Castro, Ipiranga, Conchas, Entre Rios, São Jose dos Pinhais, Araucaria, Quatro Barras e Campo Largo”, no horário das 7:00h às 22:00h. Porém, o grande veículo de comunicação à distância continua sendo o “telegrapho nacional” instalado também na Praça Tiradentes n.° 26, onde “só se cobrará a importancia de phonogramma se este puder ser transmittido dentro de um quarto de hora”.99 Na capital, os Expressos faziam a entrega do telegrama, pois a rede de telefonia não cobria sequer o quadro urbano, situação que pouco será alterada até o fim da 96

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década, quando a correspondência oficial se viabilizava basicamente via “phonogramma”, conforme revelam os relatórios dos prefeitos e governadores. É na conjuntura de uma cidade sendo urbanizada e embelezada que Eduardo Fernando Chaves inicia suas atividades como projetista. Nascido na cidade de Hamburgo em 27 de novembro de 1892 – por ocasião da residência temporária dos pais, Coronel Eduardo Augusto de Vasconcelos Chaves e Maria Eulália de Andrade Chaves – tinha três irmãos: Maria Rosa, Maria da Luz e Gastão. Conclui o Ginásio Paranaense no ano de 1911 e, entre 1914 e 1922, frequenta o Curso de Engenharia Civil da Universidade do Paraná.

| foto 28 | Família Chaves, em 1916. À direita, Eduardo Fernando Chaves.

Antes de 1929100,a arquitetura e a engenharia podiam ser exercidas por profissionais diplomados ou práticos, com conhecimento na elaboração dos desenhos necessários para aprovação da obra na prefeitura e posterior execução. Como desenhista, em 1912, Eduardo Fernando Chaves projeta a residência de Hermenegildo Gomes [001].101 Localizada na segunda zona, a casa apresenta implantação sobre os limites frontal e lateral do terreno, com as demais faces soltas, e acesso descentralizado. Possui planta alongada com dois pisos: o porão habitável (possivelmente utilizado para serviço e alojamento de empregados) e o piano nobile, elevado convenientemente do nível do solo. O programa arquitetônico é modesto: salas de visitas e de jantar (social), três quartos (íntimo), cozinha, despensa e instalações sanitárias (serviço), estas já inseridas no corpo principal da casa, mas locadas ao lado da cozinha, concentrando a tubulação hidrossanitária. BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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A planta apresenta três ambientes sem aberturas diretas, o que levou à exigência de instlação de clarabóias para a aprovação do projeto, condição prevista no Artigo 1°, § 8° da Lei n.° 245 de 1909.102

| figura 7 | Projeto de residência para Hermenegildo Gomes da Silva [001], 1912. No detalhe, a planta e a determinação da Diretoria de Obras Municipais para colocação de clarabóias nos “compartimentos sem luz directa”.

A solução formal filia-se ao ecletismo, destacando o apuro ornamental e o cuidado compositivo ao inserir no conjunto virtudes como sofisticação, singularidade e diversidade, com desenhos elaborados nos gradis em ferro fundido – dos balcões e das aberturas do porão – e uma trabalhada moldura coroando as janelas duplas na fachada frontal. Eduardo Fernando Chaves, entre 1914 e 1916, “responde pela fiscalização da construção do Paço Municipal” [008], projeto e execução da “Commissão de Melhoramentos”, cuja equipe contou com renomados profissionais, entre os quais Roberto Lacombe e o próprio prefeito Cândido de Abreu. Os trabalhos de marcenaria foram executados nas oficinas dos Srs. Maderna & Bonne. A esculptura e ornamentação foi feita pelo distinto arquiteto Roberto Lacombe. A cantaria foi toda trabalhada por artistas portugueses e italianos. As pinturas foram executadas pelos Srs. J. Orttolani e João Guelffi, sendo que a este se devem as grandes decorações. Os trabalhos de estuque e fingimento são de artistas vindos de S. Paulo. A direção dos trabalhos esteve a cargo dos arquitetos construtores srs. Angelo Bottechia e Andre Petrelli e a fiscalização foi feita pelo nosso conterraneo Sr. Eduardo Chaves.

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A superintendencia de todas os trabalhos nunca foi descurada pelos srs. Prefeito municipal dr. Cândido de Abreu e engenheiro chefe de obras municipais dr. Adriano Goulin, que diariamente acompanhavam os serviços de forma a que ficasse bem feita essa obra admiravel que tanto honra o povo curitibano.103

| foto 29 | Paço Municipal [008], na década de 1920.

Obra de vulto, a primeira sede projetada e construída do governo municipal foi classificada na época como “elegante e maravilhosa”. Apresenta modernas técnicas construtivas, acabamento aprimorado, requinte formal, incorporação de equipamentos e serviços como eletricidade, telefonia e rede interna de água e esgoto. A participação de Eduardo Fernando Chaves, ainda aluno do curso de engenharia, revela conhecimento e experiência suficientes para o desempenho da fiscalização de uma complexa e inédita construção na cidade. Em 1916, projeta a Vila Alkinoar [007], residência de Eduardo Leite Leal Ferreira,104 e, no ano seguinte, as casas de Zacharias de Paula Xavier Filho [011] e de Octavio Montezano [013]. A primeira, com mais de 300 m² distribuídos em dois pisos, inova ao ser implantada com apenas a lateral esquerda no limite do terreno, permitindo sua denominação de “vila”. A composição acompanha tal tipologia, com uma solução mais solta e assimétrica e acento na cobertura e no volume frontal.

| foto 30 | Vila Alayde, sem data, propriedade de Luiz Albuquerque Maranhão, cujo nome homenageia sua esposa. Antiga residência da família de Eduardo Leite Leal Ferreira, denominada inicialmente de Vila Alkynoar [007]. É a primeira casa projetada por Eduardo Fernando Chaves que apresenta recuo frontal e lateral, aproximando-se das orientações da casa moderna de Guadet. A imagem mostra muro frontal de alvenaria apenas à frente da casa, e a madeira completando o fechamento do terreno. 105

| figura 8 | Projeto de Residência para Eduardo Leite Leal Ferreira [007], 1916.

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Já as residências de Octavio Montezano (mais de 300 m²) e Zacharias de Paula Xavier Filho (cerca de 160 m²) mantêm a tradicional implantação no alinhamento frontal do terreno. Ambas apresentam semelhanças na composição e solução formal: volumes compactos, com acessos laterais, discreto jogo de planos na fachada frontal, ornamentação contida, platibanda, o porão elevado e rustificação. A distribuição espacial nos três exemplos é próxima da encontrada na residência de Hermenegildo Gomes da Silva. | figura 9 | Projeto de Residência para Octavio Montezano [013], 1917.

| figura 10 | Projeto de residência para Zacharias de Paula Xavier Filho [011], 1917.

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Integra a sua produção o sobrado, de uso misto, projetado, em 1914, para Gregório Affonso Garcez [003]. Embora o desenho não apresente a localização do edifício, a configuração espacial revela características vigentes naquele momento, as quais simultaneamente introduzem modernizações e mantêm tradições, relacionadas estreitamente ao contexto urbano. Construção situada no alinhamento frontal do lote – estreito e alongado – e ocupando toda a extensão, possui no térreo três grandes ambientes posicionados de forma sequencial e destinados ao comércio. No pavimento superior, a distribuição dos espaços sugere dois usos: na parte frontal, o escritório – quatro salas – e nos fundos, a residência, de pequenas dimensões, com duas salas, dois quartos, cozinha, despensa e instalações sanitárias, cuja presença no sobrado indica aprimoramento técnico. A composição simétrica destaca os dois pavimentos, é arrematada por platibanda e valoriza-se pelo esmerado desenho das esquadrias e dos balcões de ferro fundido do sobrado. A ornamentação é profusa e procura destaque no cenário urbano, condizendo com uma edificação da nobre área central de Curitiba, já servida pelas redes de água e eletricidade e locada em rua pavimentada. | figura 11 | Projeto de residência de uso misto para Gregorio Affonso Garcez [003], 1914.

A virtude da beleza, inserida no contexto de urbanização e modernidade, é buscada e valorizada, como mostram as várias residências exibidas na coluna “Bellezas de nossa Architectura” da Revista do Povo, periódico que circulava na cidade nos anos de 1916 e 1919. A primeira edição traz os “palacetes construídos pelo habil e talentoso architecto Snr. René Sandresky” e o quinto número apresenta a produção arquitetônica da American and Brazilian Engineering Co. – Architectos, BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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Engenheiros e Constructores, com imagens das residências, de Lothario Pereira e de Victor Vianna. Situadas na segunda zona e implantadas no alinhamento frontal do lote, contam com jardins e acesso laterais, composição baseada na justaposição de volumes, ornamentação exuberante e incorporam modernas técnicas construtivas, como esquadrias de desenhos arrojados e marquises de ferro, por exemplo.106 Tipologia também encontrada nas residências de Hermenegildo Gomes, Octavio Montezano e Zacharias de Paula Xavier Filho, apesar de diferenças no programa arquitetônico, nas dimensões da construção e no repertório ornamental.

Os projetos arquitetônicos de Eduardo Fernando Chaves, entre 1916 e 1921, apresentam três formas de identificação. | foto 31 | Residência de Lotario Pereira, 1917. | figura 12 | Projeto de Vila para Ildefonso Rocha, 1915.

| foto 32 | Residência de Victor Vianna, 1917. Residências projetadas e construídas pela American and Brazilian Engineering Co. e exibidas na Revista do Povo de 1917, sob o título “Bellezas de nossa Architectura”. O ângulo das fotografias privilegia a fachada frontal, onde a ornamentação é mais exuberante, e mostra também a presença do jardim lateral, importante elemento de funções estéticas e higienistas.

| foto 33 | Vila de Ildefonso Rocha, 1916, projeto de René Sandreski, construída na terceira zona por Amando Cunha para sua filha, Odemira, e seu genro, Ildefonso Rocha. Apresenta as características da casa moderna reunidas no Tratado de Guadet.

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Ao longo da Primeira República, muitas residências abastadas, mais distantes do centro da cidade, passam a adotar parâmetros construtivos, implantação no terreno, programa arquitetônico, distribuição espacial e linguagem formal distintos dos utilizados nas regiões centrais, mais densamente urbanizadas, aproximando-se, paulatinamente, dos princípios da casa moderna preconizados por Guadet. São exemplos, os palacetes dos irmãos Miró e da família Leão [fotos 17 a 19, página 85], do início do século XX, assim como os de Ildefonso Rocha, de autoria de René Sandresky, aprovado em 1915 e exibida na Revista do Povo em 1916 e 1918107, de Anibal Carneiro108 e de Alfredo Almeida, que teve a amabilidade de mostrar a sua luxuosa vivenda, sito á rua Visconde de Guarapuava. É realmente bella a residencia do distincto patricio. Faz lembrar a architectura da renascença e a decoração interior é de um gosto aprimorado e raro.109

| foto 34 | [à esquerda] Palacete de Anibal Carneiro, 1918, situado na Rua Comendador Araújo esquina com a Desembargador Motta. | foto 35 | [ao lado] Palacete de Alfredo Almeida, 1918.

Luxo, beleza, referências a “estilos” de outros tempos e, sobretudo, o “gosto aprimorado e raro” são virtudes atribuídas às residências, que também incorporam características da urbanização. Desta forma, as imagens destacam a imponência das construções soltas no terreno, a diversidade da linguagem formal, a exuberância ornamental, os elaborados jardins, os muros, requintados portões de ferro e a presença da infraestrutura e dos serviços urbanos. Recebem também a assinatura de Eduardo Fernando Chaves projetos de reformas, de ampliações e de vedações, relacionadas principalmente aos terrenos não edificados dentro do quadro urbano.110 Em decorrência da legislação vigente, Eduardo Fernando Chaves projeta muros de fechamento para Iphigenio Ventura de Jesus BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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| figura 13 | Projeto de muro para Ottoni E. F. Bello [005], 1916.

| figura 14 | Projeto de ampliação da residência de Raul Correia Pinto [016], 1919.

| figura 15 | Projeto de residência para José Beggi [012], 1917: construção de uso misto, com 95m², de paredes externas em alvenaria de tijolos e internas em madeira, com programa arquitetônico simplificado compreendendo: salão central para uso comercial e, em torno deste, sala de visitas e jantar, quarto, cozinha – em puxado – e instalações sanitárias externas. Situada em lote de esquina e fora do quadro urbano, apresenta alinhamento em duas faces do terreno e ornamentação que seguem os padrões das edificações da área central da cidade.

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[006], Ottoni Bello [005] (ambos em 1916), Francisco Raymundo [009] e Manoel Guimarães [010] (1917). As edificações construídas no alinhamento frontal também são obrigadas a contemplar vedação na área do lote correspondente ao jardim lateral, como se observa no desenho da fachada da Residência de Zacharias de Paula Xavier Filho [figura 10, página 100].

Ainda em 1917, Eduardo Fernando Chaves executa os projetos arquitetônicos de dois leprosários – em Piraquara [015] e na região central do Estado [014], não construídos –, integrantes da proposta de implantação do serviço de profilaxia rural no Paraná, desenvolvida pelo médico Heráclides Cesar de Souza Araújo, por intermédio de convênio entre os governos estadual e federal.111 Para o Hospital Regional de Colônia Mineira, com capacidade para 30 leitos, há desenhos da fachada principal, corte e plantas dos pavimentos térreo e superior; e para o de Lazarópolis em Piraquara, implantação do conjunto arquitetônico, plantas e fachadas do pavilhão destinado à escola e às oficinas.112 | figura 16 | Fachada frontal do Hospital Regional em Colônia Mineira [014], 1917.

Na capital, a rede hidrossanitária apresenta graves problemas – entre os quais irregularidade no abastecimento de água (com períodos de estiagem) e reduzida parcela da população usufruindo dos serviços – que levam o Presidente do Estado, Affonso Camargo, a encampar a Empresa Paulista de Melhoramentos do Paraná, em 1917, e transferir o serviço para a Seção de Água e Esgotos da Diretoria de Obras e Viação.113 Mesmo assim, as dificuldades continuam: Si a agua e os exgotos são bases da hygiene publica, facilitai-os ao povo, senhores! Infelizmente não falha de fundamento a reclamação que nos foi trazida sobre as novas exigencias officiaes no que se refere ás installações de agua e exgotos. Uma carta do sr. dr. Moreira Garcez, estampada em nosso proprio jornal, levou ao conhecimento do publico nada mais nem nada menos, que longe de se tornar um beneficio geral a encampação da empreza, por parte do governo, está redundando tudo isso num mal á nossa população... BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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Que o governo se precavenha contra os consumidores relapsos, que pedem installações e não as pagam com a devida pontualidade, é ainda admissivel. Mas que descambemos de vez para o regimen do papelorio, que visa exclusivamente o emprego inutil de muitos braços e de muitas intelligencias, para pesar aos cofres publicos ou á bolsa particular, é simplesmente lastimavel. A antiga empreza tirava-nos os olhos da cara com a sua tabella exorbitante de preços de installações, que lhe constituiam monopolio. Tinha, porem, uma vantagem – não exigia a tal “planta acompanhada de um corte em elevação do predio”, nem os requerimentos lavrados em termos. Passando para o governo, não se annunciou que os preços das installações tivessem baixado, que se não quer negociar com ellas monopolisando-as, mas se patenteou que se exige isto, e mais aquillo, para a salvaguarda dos interesses do nosso departamento. E si se proseguir com esse criterio – triste decepção! Muitissimo outro deveria ser o criterio a que deviam obedecer os srs. aos quaes ficou agora o negocio das aguas. Passando para as mãos do governo, que não encobriu aos olhos de todos o sacrificio feito para a acquisição do material, e si esse esforço tinha por fim unico o beneficio do povo em geral.114 A saude publica periclita (...) As sentinas archaicas são elementos perturbadores da saude publica. As condições hygienicas de Coritiba deixam muito a desejar. Coritiba só se tornou uma cidade habitavel depois que lhe dotaram de aguas e exgotos. Com esse melhoramento, as condições hygienicas melhoraram sensivelmente. Devemos recordar, entretanto, que apesar de haver em Coritiba agua e exgotos foi somente quando o dr. Espindola desempenhou o cargo de inspetor de hygiene que a influencia desse melhoramento se fez sentir. Não há coisa mais immunda e mais suja numa cidade do que as fossas privadas onde as materias apodrecem expostas ao ar. E foi so quando o dr. Espindola foi inspector de hygiene que obrigou os particulares a ligar suas privadas á rede de exgotos. Mas elle sahiu da hygiene, a cidade cresceu, e nas partes novas continua o abuso antigo. As fossas ahi estão em todos os quintaes, creando nas materias podres uma alluvião de pernilongos para inocular no sangue dos pobres habitantes desta capital os germens de todas as molestias ruins. Porque razão a nossa hygiene consente nesse abuso contra a salubridade geral não o sabemos, mas o facto é que ninguem olha para isso. E sem agua não pode haver boa hygiene Noutros lugares o fenomeno é mais curioso ainda. Ha bairros inteiros da capital onde não ha absolutamente installações de aguas e exgotos simplesmente porque a caixa dagua não tem altura suficiente para impulsionar a agua a esses lugares. Em outros, as installações foram feitas com grandes dispendios, mas quando se quer agua toma-se um balde e vae-se ao poço e tira-se com a mão!115 106

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TABELA 3 Há também uma grande preocupação Abrangência da rede de água e esgoto de com a qualidade da água e sua estreita Curitiba, na década de 1910 1912 1917 1918 1919 relação com as doenças que assolam ligações de água e esgoto 2.601 2.697 2.729 Curitiba. Em janeiro de 1917, a alta ligações de água 207 221 229 mortalidade infantil gerou uma série total 2.371 2.808 2.918 2.950 de matérias no Jornal Diário da Tarde, número de edifícios 3.500 5.436 5.600 5.700 que buscou opiniões de médicos sobre as causas e soluções. Houve unanimidade em relação à falta de higiene e à pobreza da população atingida, assim como sobre a precariedade da infraestrutura urbana que a servia e a inexistência da rede de esgoto em parte da cidade, condições que determinavam a utilização de fossas sépticas inadequadas. O jornal alerta

O Poder Público, ao longo da década de 1910, criou normas obrigando a população a realizar a ligação de suas casas com a rede hidrossanitária, como a Lei Municipal n.° 493, de 1917, determinando o prazo de quatro meses para “os proprietarios de casas sitas no perimetro urbano, servidas pela rede de exgotos, que ainda não possuirem esse serviço fazerem as respectivas installações”, sob pena de multa e interdição.116

Os pobres auxiliados pelo ‘Diario’ tem tres medicos e uma pharmacia As molestias que estão dizimando as nossas crianças são a coqueluche e a dysinteria. Os pobres do Diario não se podem queixar. Dous medicos, um allophata e outro homeopatha se propuzeram a attendel-os carinhosamente. São elles os drs. Benedicto Evangelista (allopatha) e Brazilio Luz (homeopatha); a elles pois devem os nossos pobres recorrer em caso de necessidade. Tambem o nosso illustre collaborador dr. José Loyola responderá por nossas columnas a todas as consultas que lhe forem feitas. Dispoem tambem a necessidade da pharmacia homeopatha do sr. Jose Correia Lima, que generosamente offereceu-nos seu valioso concurso. Trataremos ainda do assumpto Sentimos porem que essas providencias são insufficientes. Pois o mal não attinge so aos pobres do Diario e julgamos ser do nosso dever orientar o publico sobre a maneira de defender-se do mal. Por essa causa de amanhã em deante publicaremos artigos sobre as temíveis enfermidades que nos estão dizimando. Cremos prestar assim um relevantissimo serviço aos nossos leitores”.117 Entre agosto e outubro de 1917, Curitiba é atingida pela “febre typhica” e o Governo de São Paulo envia uma comissão formada pelos médicos Theodoro Bayma, então Diretor do Instituto Bacteriológico, Bruno Rangel Pestana e Cincinato Panponet e Calazans que detectam graves problemas na qualidade da água fornecida à população. Após haver installado excellente laboratorio no edificio da Universidade, começou a commissão os seus trabalhos, analysando as aguas que abastecem a população coritibana, pois que ja era de opinião dos mais notaveis dos nossos medicos – que estavamos a braços com uma epidemia hydrica. Dentro de poucos dias appareciam as primeiras demonstrações, oriundas da BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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Decreto Municipal n.° 132 O Prefeito do Municipio da Capital tendo em vista que as Directorias dos Serviços da Capital de São Paulo e deste Estado, bem como da Capital Federal, aconselham insistentemente que se evitem agglomerações, principalmente á noite, afim de imppedir a propagação da “grippe hespanhola”, epidemia ora reinante em diversas localidades do pais. Resolve: como medida preventiva contra a invasão dessa epidemia, suspender o funccionamento dos cinemas e outras casas de diversões desta capital. O Secretario faça intimar por intermedio do fiscal geral, os proprietarios ou empregados dos alludidos estabelecimentos desta resolução. 122 João Antonio Xavier, 9 de novembro de 1918

Decreto Municipal n.° 133 O Prefeito do Municipio da Capital no intuito de facilitar aos seus municipes a acquisição de gêneros alimenticios e medicamentos aos Domingos e Dias Feriados, resolve: autorisar ao Commercio de seccos e molhados e pharmacias a permanecerem com seus estabelecimentos abertos emquanto perdurar a epidemia de Grippe ora reinante. 123 João Antonio Xavier, 9 de novembro de 1918

“Louvado seja Deus! Está extincta a epidemia de influenza, que estendeu as suas azas sinistras por todo o território do Paraná, nesta Capital.” Trajano Reis, Diretor do Serviço Sannitario do 124 Parana, em 8 de janeiro de 1919.

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analyse das aguas, da existencia de contatos das redes de abastecimento de aguas com rêdes de esgotos. Conjugados, então, os esforços da illustre commissão medica paulista com a notavel colaboração do illustre engenheiro Dr. João Moreira Garcez, competente Director de Obras e Viação deste Estado, foram encontrados os primeiros contactos, justamente nas zonas onde avultavam os casos da molestia. Eliminados os contactos conhecidos, passando a população a usar agua filtrada e fervida, intensificada a vaccinação anti-typhica, evitados os contactos com doentes da molestia, esta declinou consideravelmente, conforme demonstrou a estatistica e expoz brilhantemente o Dr. Theodoro Bayma em notavel conferencia. A culta população coritibana teve tão nitida comprehensão do momento que promptificou-se a receber a vaccina anti-typhica com tamanha confiança que, dentro de 40 dias, mais ou menos, o numero de pessoas vaccinadas elevou-se a dezessete mil. Os postos da Directoria do Serviço Sanitario, da Cruz Vermelha, da Associação dos Empregados do Commercio e do Corpo de Bombeiros, bem como nossos medicos em suas clinicas, desenvolveram a vaccina com os melhores resultados.118 O texto detalha as ações empreendidas pelo governo estadual contra a “epidemia de caráter benigno”, que não apresentou número significativo de óbitos, mas evidenciou os problemas sanitários da cidade: vacinação da população, imposição de novos hábitos de higiene e correção da contaminação da rede hidrossanitária. A questão também foi alvo de preocupação do poder municipal, como relata, no início de 1918, o Prefeito João Antonio Xavier: “o estado Sanitario de Curytiba permanece bom, mal grado a ultima epidemia de febres typhicas, da qual infelizmente ainda existem alguns casos esparsos”. As ações empreendidas, “dentro da estreiteza dos recursos financeiros”, foram a desobstrução de rios e bueiros e a drenagem de áreas alagáveis.119 Até então, Curitiba, pela salubridade de seu clima, ocupava o segundo lugar “na escala demographica” entre as capitais com menor mortalidade.120 Em 1918, no período 14 de outubro a 14 de dezembro, a epidemia da gripe espanhola, ou “influenza”, assolou a capital do Paraná, contaminando 45.249 pessoas e matando 384. A cidade foi dividida em quatro zonas. Médicos, acadêmicos de medicina e a polícia sanitária inspecionaram casas, desestimularam reuniões públicas – “clubs, foot-balls e cinematographos não funccionaram durante os dias calamitosos” – e o uso do gelo – intimando os fabricantes a não fornecê-lo sem pedido médico –, além de proibir os enterros “á mão”. Criaram-se sete postos médicos espalhados na cidade com consultas e atendimento especializado e hospitais improvisados, como o de Isolamento São Roque, nas Mercês, e o da Rua Marechal Floriano Peixoto, além da Santa Casa que disponibilizou uma enfermaria. Houve “desinfecção de tudo e de todos” que chegavam

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diariamente à Estação de Ferro; comprava-se em quantidade “desinfectantes, camas, colchões, travesseiros, roupas e todo o necessario para que os hospitaes pudessem funccionar”; e fabricavam-se na Repartição Central milhares de comprimidos de quinina.121 As epidemias de tifo e gripe que assolaram Curitiba colocaram em evidência a precariedade das condições sanitárias da cidade, a ausência de estrutura física de atendimento à saúde pública e de mecanismos legais rígidos, como consta na mensagem prefeitural de 1917: Aconteceu que muitos proprietarios até agora não fizeram e outros as fizeram incompletas, aproveitando-se somente do serviço de agua. Actualmente não ha meio de se proceder á limpeza das antigas sentinas, não devendo os predios que ainda as possuem ser habitados, pois de modo contrario, resultará grave prejuizo para a saude publica. Urge, como já disse, elaborardes uma Lei cogitando de tudo quanto diga respeito á hygiene e na qual, principalmente, se fixe praso certo e determinado para o estabelecimento de installações sanitarias em todos os predios situados no perimetro da cidade servido pelas redes de agua e exgotos, sob pena de não poderem ser os mesmos habitados.125 Em 8 de abril de 1918, é promulgada a Lei Estadual n.° 1.791 com o novo Regulamento Sanitário do Paraná, dedicando atenção especial aos diferentes tipos de edifícios urbanos. Assim, o Título II desenvolve, em 231 artigos, temas como habitação em geral; hotéis, casas de pensão e internatos; escolas; hospitais, maternidades e casas de saúde; teatros e casas de diversões ou de reuniões; fábricas e oficinas em geral; casas de banho; casas de barbeiros e cabeleireiros; lavanderias públicas; estábulos e estrebarias; asilos mortuários e necrotérios; cemitérios; mercados; matadouros; açougues; padarias; fábricas de produtos alimentícios; restaurantes etc. Há ainda regras específicas para “Exgotos e Abastecimento de agua nas cidades”.126 Comparando-o com o Código de 1892127, até então vigente, com 102 artigos, há um detalhamento que atinge 248, onde consta a regulamentação do Serviço Sanitário do Estado, das atividades e estabelecimentos relacionados à saúde pública e das profilaxias específicas para doenças gerais e transmissíveis como a lepra, a coqueluche, a tuberculose e a febre tifóide, entre outras. A inclusão dos temas indica a atualidade da legislação, que cogita “de tudo quanto diga respeito á hygiene”, intrinsecamente relacionada ao bem-viver e ao bem-morar urbano. Ao mesmo tempo, a normatização proporciona o suporte legal para a fiscalização sanitária. No regulamento de 1892 estão presentes regras construtivas voltadas à salubridade dos ambientes, no entanto o aprofundamento encontrado 26 anos após é fruto da complexidade e da modernidade. BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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CÓDIGO SANITARIO DO PARANÁ - 1918128

sendo necessario ficar isoladas dos alicerces por qualquer destes meios: placa de asphalto,

Título I

(...), duas ou tres fileiras de tijollos vitrificados,

Art. 1° O Código Sanitario tratará da hygiene

fiadas de tijollos assentos com argamassa de

e fiscalização das habitações privadas e

cimento ou cal, areia e alcatrão.

collectivas, das fabricas e estabelecimentos

Art. 11° Nas construcções de casas só deverão

commerciaes, dos mercados, matadouros,

ser empregados materiaes solidos, resis-

cemiterios, logares e logradouros publicos e

tentes, seccos, refractarios á humidade e

generos alimenticios.

maus conductores de calor, repousando as fundações sobre um solo firmado em uma

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Título II

camada de concreto ou qualquer outro mate-

Capítulo I - Das habitações em geral

rial conveniente.

Art. 2° Nenhuma habitação será iniciada sem

Art. 12° Os porões que tiverem dois metros

planta organizada de accordo com as dispo-

e cincoenta centimetros de altura do piso

sições das leis sanitarias e sem estar feito o

ao vigamento, e forem perfeitamente illu-

saneamento do solo.

minados e arejados, poderão servir de habi-

(...)

tação durante o dia, nunca porem de casa de

Art. 5° Haverá, para toda a construcção, uma

negocio ou officinas.

superficie livre dos lados a fim de que o

(...)

imovel seja bem arejado e illuminado.

Art. 14° O soalho do primeiro pavimento deve

Art. 6° Toda a habitação será isolada do solo

ficar afastado do solo cincoenta centimetros.

por uma camada impermeavel, sobre leito de

§ Unico Sempre que for difficil o estabeleci-

(...) dez centimetros de espessura, pelo menos,

mento de porões em condições hygienicas,

devendo a superficie impermeabilizada ser

os soalhos serão pregados em barrotes ou

lisa, resistente e offerecer as necessarias

taboas grossas immersos em concreto de cal,

condições de declividade para o facil escoa-

areia, e fragmentos duros, de pedra, de telha,

mento das aguas.

de ladrilho, de manilha ou de tijollo bem

Art. 7° Em torno das habitações será feita na

queimado.

superficie do solo, uma faixa impermeavel de

(...)

sessenta centimetros de largura minima.

Art. 18° Todos os compartimentos do immovel

Art. 8° As contiguas aos terrenos de nivel

terão sempre portas e janellas para o exterior,

superior, serão revestidas de material imper-

de modo que recebam luz e ar directamente.

meavel, de modo a evitar a infiltração e

Art. 19° Os aposentos de dormir não deverão

conseqüente humidade.

ter capacidade cubica menor de quarenta

Art. 9° A espessura das paredes externas,

metros, sendo todos elles de 4 quatro metros

quando de alvenaria, deverá ser de trinta

e meio o seu pe direito.

centimetros pelo menos, não podendo ser

Art. 20° Os pateos internos e areas não

ellas de argamassa, de argilla ou saibros.

poderão ter menos de dois metros no seu

Art. 10° Na confecção das paredes internas,

lado menor, sendo a sua superficie minima de

não serão empregados materiaes, em cuja

quatro metros quadrados.

composição entrem substancias toxicas,

Art. 21° As cozinhas serão installadas longe

BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA


dos aposentos de dormir e não deverão

lidade provida de agua canalisada e rede de

communicar com as latrinas; serão abundan-

esgotos poderá ser habitado senão depois

temente providas de ar e luz e deverão ter a

destes melhoramentos.

capacidade cubica minima de trinta metros; o

Art. 27° Nas localidades providas de agua

pizo e as paredes, até um metro e cincoenta

potavel canalizada só serão tolerados os

de altura, serão impermeaveis, devendo o

poços para fins industriaes ou para horticul-

tecto ser gradeado, sempre que for possivel.

tura, desde que sejam convenientemente

Art. 22° As chamines de tiragem devem

protegidos.

exceder pelo menos um metro e cincoenta

Art. 28° Nas localidades, onde não houver

centimetros dos telhados das casas vizinhas.

agua potavel canalisada, serão permittidos os

Art. 23° As cozinhas nos porões deverão ter:

poços que tiverem agua pura, sob a condição

a) O tecto impermeavel e de facil limpeza;

de serem fechados e munidos de bombas,

b) A parede acima da faixa impermeavel

sendo prohibido no seu revestimento o

revestida de pintura resistente a frequentes

emprego de materiaes toxicos.

lavagens;

Art. 29° É prohibido lançar as materias resi-

c) a altura minima de três metros de pizo ao

duaes nos cursos de agua, dentro ou fóra de

tecto;

povoações, salvo em rios de grande vasão ou

d) duas faces externas.

depois de feita a depuração dos residuos.

Art. 24° Não poderão servir de aposentos de

Art. 30° Onde não houver rede de exgotto,

dormir as cosinhas, as copas, os banheiros e

para o afastamento das aguas residuaes,

as latrinas.

compete á Directoria Geral aconselhar o

Art. 25° Todos os edificios e habitações

processo mais toleravel.

deverão

de

Art. 31° São consideradas habitações collec-

conducção das aguas pluviaes, para os

ter

canalisação

especial

tivas, as casas que abrigarem ou servirem de

exgotos ou sarjetas das ruas, sendo as calhas

dormitorio, ainda que temporario, a varias

com declividade necessaria para o prompto

familias ou a muitas pessoas de familias diffe-

escoamento; os condutores em caso algum

rentes, devendo cada pessoa dispor de trinta

serão ligados directamente ao esgoto.

metros cubicos de ar, durante a noite.

Art. 26° Nenhum predio construido em loca-

No ano seguinte, Curitiba atualiza o Código de Posturas com a Lei Municipal n.° 527, de 1919129, com texto muito próximo da proposta não sancionada de 1912130, constituindo uma reunião da legislação então vigente. Portanto, muitos parâmetros contidos na norma de 1919 foram elaborados anteriormente, como: 1. a largura mínima de 18 m para novas ruas e travessas [artigo 7°] estabelecida nas Posturas de 1895 [artigo 101°]; 2. a obrigatoriedade da apresentação de projeto e do prévio alinhamento realizado pela prefeitura, definidas agora no artigo 102° e naquele nos artigos 49° e 14°; 3. a obrigatoriedade de muros ou gradis em terrenos não edificados – artigos 128° e 40°, respectivamente – e do proprietário calçar a frente de seu terreno, artigos 7° e 20°; e BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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4. a normatização das linhas aéreas apresentadas na proposta de 1912 e transcritas, em 1919, no Capítulo III. A Lei n.° 527, ora em vigor, instituiu um imposto para os terrenos em aberto existentes no quadro urbano, plausiveis medidas que optimos resultados já está produzindo e que muito contribuirá para a melhoria do feio aspecto de nossas ruas, a maioria das quaes ainda se apresentam alliás inçadas de inestheticas cercas de ripas ou de taboado tosco.131 A Seção IV do Capítulo IV [Construc-

| figura 17 | Projeto de residência para José Muzzilo [023], 1922. Situada na esquina das ruas Augusto Stelfeld e Dr. Muricy (segunda zona), apresenta técnica construtiva mista, com as paredes externas de alvenaria e as internas em madeira, permitida na Seção IV do Capítulo IV das Posturas Municipais de 1919.

ções e Reconstrucções, Ruinas e Escavações]

dedica-se às Casas de Madeira, tema de fundamental importância (abordado em 1912 e regulamentado em 1914132) tanto pela imbricada relação com a questão da casa popular, quanto por ser uma alternativa viável para contornar a carência habitacional da cidade. Como consequência logica da crise mundial que perturbou o progresso de quase todos os paizes, o numero de edificações de predios em Curityba tem sido sensivelmente reduzido nestes ultimos annos, a contar de 1913.133 Diante de um novo contexto, as casas de madeira foram permitidas na primeira zona – desde que suas paredes externas sejam em alvenaria de tijolos – e na segunda, mantendo os parâmetros de 1914, com exceção do afastamento frontal que passa a ser de 10 m [artigo 61°]. No entanto, as Posturas de 1919 não incorporaram a exigência proposta em 1912 do número mínimo de três ambientes, com pelo menos 10 m² cada, sendo um deles a cozinha [artigo 68°]. As legislações municipal e estadual possuem muitos pontos em comum, como a obrigatoriedade da ligação de edifícios e habitações à rede hidrossanitária [artigo 26° do Código de 1918]. Existente desde a implantação do serviço, não foi obedecida plenamente, sendo reiterada, em 1919, com a determinação de multa e interdição pelo não cumprimento, além da realização da referida ligação pela Prefeitura à custa do proprietário [artigo 281° das Posturas de 1919]. Também o prédio não poderá ser habitado sem a conexão com as redes de água e esgoto, “salvo si estiver em rua ainda não dotada deste serviço [artigo 56° das Posturas de 1919], exceção também prevista no Artigo 30° do Código Sanitário: “onde não houver rede de esgoto, para o afastamento das aguas residuaes, compete à Directoria Geral aconselhar o processo mais toleravel”.

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BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA


O Código de 1918 apresenta detalhamento dos ambientes internos da habitação, como o volume mínimo dos quartos de 40 m³ [artigo 19°]; as menores dimensões dos pátios internos ou áreas, um dos lados não inferior a dois metros e área de 4 m² [artigo 20°]; e ainda quatro artigos dedicados à cozinha, espaço da atenção especial dos higienistas, que deve manter uma única função, o preparo de alimentos, atividade agora cercada por regras de asseio, as quais exigem ambiente de superfícies impermeáveis e de fácil limpeza, com altura mínima de três metros e volume de 30 m³, “abundantemente providas de ar e luz” [artigos 21° a 24°]. Há também contradições entre os regulamentos, como a liberação de um dos lados da habitação para que “o imóvel seja bem arejado e ventilado” [artigo 5°, 1918], possível em terrenos mais largos, pouco comuns na área central da cidade, de urbanização consolidada e com lotes de largura reduzida e grande profundidade. Nas Posturas de 1919 a exigência não foi mantida, permitindo a construção de prédios contíguos, desde que as paredes divisórias sejam elevadas 30 cm acima da cumeeira do telhado [artigo 46°]. As regulamentações consolidam regras formuladas ao longo das duas primeiras décadas do século XX, incorporando critérios e conhecimentos higienistas e técnicos, mudanças no modo de vida e a modernização advinda das novas tecnologias e da implantação da infraestrutura urbana. Mesmo com as dificuldades encontradas, as transformações são materializadas e normatizadas na habitação e na cidade. Embora a legislação tenha como objetivo estabelecer os padrões construtivos mínimos e aceitáveis para os edifícios urbanos é sem dúvida, na casa abastada que a modernização será plenamente expressa. Eduardo Fernando Chaves, nos últimos anos de sua graduação em Engenharia Civil, projeta quatro importantes obras que incorporam a modernidade urbana: a sede do Banco do Brasil e três residências, a Vila Olga, o Palacete de Antonio de Souza Mello e a casa de Guilherme Withers Junior.

| foto 36 | Vila Olga [017], 1923. Residencia particular do Senador Dr. Munhoz da Rocha. Estylo normando. Confortaveis interiores em arte nova. Biblioteca estylo ingles. Grande hall de entrada com galeria. Situado em esplendida quinta á margem da Estrada da Graciosa, Col. Argelina.134

Concebida entre 1918 e 1919, a Vila Olga, de Caetano Munhoz da Rocha [017], é a primeira obra de grande porte (concluída em 1920135) e uma das mais representativas no currículo de Eduardo Fernando Chaves. O terreno de grandes dimensões localizado no arrabalde BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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| foto 37 | Vila Olga [017], 1928. A implantação da Vila Olga tomou partido visual da Estrada da Graciosa, fazendo com que a imponência do palacete se impusesse em longo trecho do percurso, caracterizado pela presença de esparsas e pequenas construções de madeira. Mesmo afastada do centro da cidade, a região apresenta infraestrutura urbana, com o leito da via regularizado, trilho de bonde e as redes elétrica e telefônica.

da cidade, na Estrada da Graciosa, possibilita sua concepção como chácara. No entanto, a composição é tipicamente urbana e incorpora linguagem condizente com a condição social do proprietário, que exercia, naquele momento, a Vice-Presidência do Estado (1916-20) e, em seguida, governaria o Paraná por oito anos (1920-28). A casa principal está isolada no lote e apresenta implantação cuidadosa, na parte mais alta e próxima da estrada, resultando em grande visibilidade e imponência da construção, características que são acentuadas pela verticalidade de seus quatro pisos – dois pavimentos, mansarda e porão habitável –, por movimentada composição e os vários planos na cobertura. A escolha do “estylo normando” remete à valorizada vida rural, idealizada bucólica e romanticamente e, assim, materializada na localização afastada do centro da cidade. A maioria das residências de grande porte construídas no período possui soluções formais aprimoradas, filiadas às referências européias e propagadas nos manuais, que buscam nos regionalismos opções para a arquitetura produzida nas cidades. A Vila Olga mostra a necessária sofisticação de uma casa abastada com elementos distintos dos tradicionais sobrados da cidade lusa, acrescentando ao “volume e ao tamanho do edifício”136 e à riqueza e singular composição, o compromisso com a beleza, a implantação isolada no lote, a distância do centro da cidade, a incorporação do conhecimento higienista e da infraestrutura urbana. Logo, as presenças de via de ligação com o centro da cidade, dos trilhos do bonde e da eletricidade são evidências da filiação aos conceitos e virtudes do bem-viver e do bem-morar. É constante nas residências do período o convívio simultâneo de características rurais e urbanas, complementando-se sem conflitos e mostrando a diversidade do momento. Nesse sentido, a Vila Olga em “estylo normando” imprime e expressa no espaço construído e na relação com a cidade valores como a monumentalidade, a imponência, a hierarquia e o conforto, constituindo sua atualidade e modernidade. Internamente, a distribuição de ambientes privilegia a separação das funções, sendo o zoneamento preciso com as áreas sociais e de serviço no térreo, a íntima no primeiro pavimento e na mansarda e, por fim, no subsolo, os quartos de empregados. Os sete ambientes de sociabilidade condizem com a importância política de Caetano Munhoz da Rocha. Havia dois acessos principais: o frontal e o lateral direito, cada qual se abrindo para um vestíbulo. No centro da composição, um “grande hall de entrada com galeria”, de pé-direito livre, iluminado por clarabóia

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BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA


de vidro, fazia a distribuição para os dois escritórios, o fumoir e as salas de visitas, de jantar, de almoço e do piano, com a presença de escadaria de acesso aos pavimentos superiores. Ainda no térreo, as dependências de serviço (copa, cozinha e despensa), as instalações sanitárias e dois quartos estão dispostos em volume separado, no fundo do edifício e com acesso independente.137 No pavimento superior, localizavam-se quartos e banheiros voltados para uma galeria, a qual contorna a escadaria. Na mansarda ficavam os aposentos dos rapazes mais velhos e uma sala de estudo. Portanto, a configuração espacial da Vila Olga obedecia aos princípios da casa moderna de Guadet, com múltiplos ambientes – cada qual abrigando uma atividade específica e disposta de acordo com a função – separados por circulações e espaços de distribuição e definindo três zonas: social, íntima e de serviço. Em 1921, é aprovado o projeto da residência de Guilherme Withers Junior [020], com o mesmo partido da Vila Olga. A planta tem como ambiente central o hall de amplo pé-direito – com escadaria monumental situada sob uma clarabóia –, que, juntamente, com os amplos salões de visita e jantar, o jardim de inverno, o escritório e a sala de almoço integram o valorizado setor social.

| foto 38 | [ao lado] Residência de Guilherme Withers Junior [020], na década de 1940. | figura 18 | [abaixo] Plantas dos pavimentos térreo e superior da residência de Guilherme Withers Junior [020], 1921.

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| figura 19 | Planta da mansarda e corte da residência de Guilherme Withers Junior [020], 1921.

| figura 20 | Fachada frontal da residência de Guilherme Withers Junior [020], 1921. Destaca-se, nos desenhos, a presença de clarabóia que proporciona iluminação natural sobre a escadaria principal localizada no centro da edificação. A composição baseia-se na justaposição de volumes que possibilitam dinamismo na planta e nas fachadas, havendo, portanto, coerência da solução espacial. Há despojamento ornamental, valorizando o jogo de planos do telhado acentuado e as inúmeras aberturas de formatos diferentes. A reunião da austeridade formal, apuro construtivo e da monumentalidade proporcionam sofisticação à residência.

No mesmo ano, Eduardo Fernando Chaves projeta uma residência localizada na primeira zona para Antonio de Souza Mello [019], sua esposa e seis filhos. Trata-se de reforma e ampliação de um edifício térreo, com a construção de mais um pavimento e ampliação do existente.

| foto 39 | Palacete de Antonio de Souza Mello [019], sem data.

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Na década de 1920, Eduardo Fernando Chaves é responsável pelo projeto e a construção da sede do Banco do Brasil [018], que iniciou suas atividades em Curitiba em 5 de janeiro de 1916, no prédio onde funcionava o Banco de Curitiba à Rua Marechal Floriano 138 Peixoto n.° 7. São poucas as informações sobre a obra, sem registros de inauguração e demolida em 1943: em 1923, o edifício estava em construção139 e, em 1927, já abrigando a agência bancária140, necessitava de reparos devido a problemas estruturais.

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| fotos 40 e 41 | Agência do Banco do Brasil [018], na década de 1930. À direita, cartão postal no qual consta o nome de Eduardo Fernando Chaves como autor do projeto arquitetônico.

| figura 21 | Fachada frontal do Banco do Brasil [018], 1920-1922.

A edificação localizava-se na Praça Tiradentes, região nobre da cidade, apresentando solução formal de referência clássica, condizente com a austeridade de uma instituição financeira. Em bloco único, o conjunto enfatiza a face da esquina, definida por chanfro, que abriga a entrada principal, ladeada por colunas jônicas no térreo e no sobrado e com janelas triplas emolduradas por frontão com relógio. As fachadas voltadas para as duas ruas apresentam pilastras compósitas, endossadas e monumentais, que percorrem os dois pisos e ressaltam a verticalidade da composição. O térreo recebe rustificação – simbolizando a necessária solidez do edifício e da instituição – e apresenta vãos em arco pleno, com sofisticado desenho na esquadria; já o pavimento superior, que abriga a habitação do gerente, tem tratamento diferenciado evidenciando a mudança de função. BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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Caracteristicos do projecto Casa constituida de um corpo, com alinhamentos na via publica, dois pavimentos e o subterrâneo destinado a “Casa Forte”. Abrange o pavimento inferior ou terreo as camaras de serviço do expediente bancario e o pavimento superior as camaras de habitação e recepção. A cobertura é concordada por coroamento formando a platibanda. O acesso principal é feito na concordancia dos dois alinhamentos, formando remate, onde se acha alocada a porta principal, que da ingresso á parte destinada ao expediente do Banco, ficando o acesso ao pavimento superior localizado á Rua Alegre, por intermedio de uma escadaria em pedra com suporte em concreto armado.142 Em relatório do Banco do Brasil, em 1928, há referência sobre a reforma a ser executada: Edificio da Agencia. Relativamente ao edificio desta Agencia achamos da maior necessidade mandar examinal-o por um profissional, que nos apresentou o memorial que juntamos. O estado em que se encontra actualmente o nosso predio é verdadeiramente lamentavel. Devemos declarar como razão para o estudo que pedimos para fazer em nosso edificio, que aqui chegando nosso actual Gerente, receiou, tal o estado em que se encontram as paredes da parte superior do predio por elle occupada, pela sua propria segurança e de sua familia.143 Em 1923, a Empreza Editora Brasil publica “A História Política do Estado do Paraná”, um panorama político, econômico, social e urbano sobre o estado e dedica uma página à produção de Eduardo Fernando Chaves.144 A cidade “Verde e Azul”, a gentil e formosa Capital Paranaense, vae, dia a dia, ornando-se de palacetes elegantes, edificios sumptuosos e confortaveis vivendas, verdadeiros mimos de arte. Com prazer publicamos em nossas paginas alguns projectos do Engenheiro Architecto Dr. Eduardo Fernando Chaves que tem actualmente sob sua direcção as mais bellas construcções de Curityba. O Dr. E. F. Chaves, que já é conhecido entre os architectos brasileiros, tem seu nome laureado no Concurso Internacional para a construcção do Banco Nacional do Commercio na cidade de Porto Alegre.145 Acompanham o texto a imagem da Vila Olga e o desenho da fachada principal da agência do Banco do Brasil, em construção. É a única matéria da revista dedicada a um profissional e suas obras, consideradas como “as mais bellas de Curityba”. Eduardo Fernando Chaves ainda não havia concluído o curso de engenharia, mas tinha atuação consistente, projetando residências – de palacetes a casas populares de madeira –, reformas e ampliações, muros, conjuntos hospitalares e um 118

BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA


banco; dominando técnicas construtivas diferentes, o uso do concreto armado, distintos e complexos programas arquitetônicos e um vasto repertório formal. O texto também destaca a sua participação e premiação em um concurso internacional, indicando a qualidade do trabalho. Trata-se de uma concorrência de 1919, para a construção da sede do Banco Nacional do Comércio, em terreno central de Porto Alegre. O edital impunha um programa arquitetônico complexo: o prédio deveria abrigar um banco, um restaurante, um clube e um hotel. O vencedor foi Theo Wiederspahn, arquiteto alemão de atuação expressiva, radicado no Rio Grande do Sul.146 A proposta de Eduardo Fernando Chaves não foi localizada, no entanto é possível visualizar a fachada frontal na foto 36 do Capítulo 3 [página 175], colocada com destaque em uma parede de seu escritório, ladeada por fotos da Vila Odette e do Palacete Guimarães.

| figura 22 | Reportagem sobre a “Curityba Moderna”, com destaque para duas obras de Eduardo Fernando Chaves: a Vila Olga e o Banco do Brasil, 1923.

No concurso para a construcção do Banco Nacional do Commercio na cidade de Porto Alegre, o projecto do Dr. Fernando Chaves obteve o 2° logar entre os demais concurrentes nacionaes e extrangeiros, sendo-lhe conferido valioso premio.147 Com tais credenciais e o diploma de engenheiro, em 1922, Eduardo Fernando Chaves inicia nova fase em sua carreira, acompanhando um momento diferente no processo de urbanização na cidade de Curitiba, que pode ser visualizada na mensagem do Prefeito João Moreira Garcez dirigida à Câmara Municipal, em 1920. A grande area abrangida pelo quadro urbano, com um total de dez milhões de metros quadrados, approximadamente, e o diminuto numero de predios ali construido, tem constituido serios entraves aos Poderes Municipaes para ser feito o revestimento das ruas da nossa Capital as quaes são bastante largas, encarecendo assim o custo dos calçamentos. Em regra, as edificações são escassas existindo grandes espaços, quase sempre em aberto, pois até a construcção de muros torna-se mais ou menos dispendiosa aos proprietarios, que assim preferem ver os seus terrenos onerados com impostos de frentes não edificadas, do que construirem ahi um predio ou um simples muro de vedo. E quando se lhes propõe compra destes terrenos pedem preços desarrazoados que impedem qualquer tentativa de negociação. Nessas condições muito difficil se torna ao Poder Municipal o revestimento das ruas e bem assim conservar os calçamentos já existentes.148 BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

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Calçamentos Em todas as administrações que me antecederam este problema mereceu sempre especial preoccupação dos gestores dos negocios Municipaes, cumprindo notar que de 1892, quando foi feito o calçamento da Rua 15 de Novembro, até esta data, foram revestidas 44 ruas, 5 travessas, 10 alamedas, 10 avenidas, 6 largos e 11 praças, com uma area total de 391.934 metros quadrados, tendo de extensão linear 41 kilometros e 630 metros. Desses revestimentos, foram feitos, até o anno de 1912, 102.553 m2; durante o periodo de 1912 a 1916 a area revestida foi de 145.754 m2 de parallelepipedos e 107.394 m2 a macadam achando-se ahi incluidos 31.176 metros de recalçamentos, feitos em ruas onde esses revestimentos foram substituidos por outros; e no período de 1916 a 1920, esses serviços abrangeram a area de 33.912 m2 de parallelepipedos, 29.834 metros de macadam e 3.663 metros quadrados de pedras irregulares, apresentando actualmente um total de 251.043 metros quadrados de parallelepipedos correspondentes a 20.392 metros lineares de ruas, 137.228 metros quadrados de macadan com um desenvolvimento linear de 20 kilometros e 915 metros quadrados de pedra irregular com uma extensão linear de 375 metros.149 Serviço de bonds O serviço de bonds da Capital continua a ser feito pela “The South Brazilian Railways Co. Ltd.”, de accordo com o respectivo contracto lavrado nesta Prefeitura a 23 de Dezembro de 1907 e seus additamentos, feitos em 22 de Julho de 1912, 16 de Janeiro, 19 de Março e 4 de Julho de 1913, 3 de Abril de 1915, 12 de Julho de 1916 e 30 de Janeiro de 1920. (...) As linhas actualmente em trafego são: Batel e Seminario com 5135 metros; Tiradentes-Matadouro, com 5 kilometros e 190 metros; Muricy-Portão, com 6 kilometros e 725 metros; Asylo-America com 3 kilometros e 700 metros; Buenos Ayres-Juvevê, com 5 kilometros e 425 metros. Além dessas, existem outras linhas que são trafegadas por bonds de passageiros e que servem para serviço de carga, as quaes addicionadas ás linhas em trafego accusam um total de via permanente, construída, de 29 kilometros e 432 metros de desenvolvimentos. (...) O material rodante disponivel da Empresa é composto de 26 carros motores e 16 carros reboques para passageiros; três carros motores e 12 reboques para cargas. O percurso kilometrico desses carros e o movimento de passageiros verificado desde 1916, segundo os dados que foram fornecidos pela Empreza são:150 anno

n.° passageiros

percurso

1916

1.860.200

826 km

1917

1.849.921

833 km

1918

1.888.122

801 km

1919

2.134.809

792 km

Illuminação Publica A illuminação da cidade continua a cargo do Estado, nos termos do contracto celebrado em 1904 entre esta Prefeitura e o Governo Estadoal e de conformidade com as disposições das Leis ns. 127 de 22 de Março e 128 de 11 de Abril daquelle mesmo anno, sendo que esse serviço é explorado pela The South Brazilian Railways Co. Ltda. 120

BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA


O systema de illuminação empregado é o de lampadas incandescentes, com diversas intensidades que variam de 32 velas até 300, sendo que a energia electrica é fornecida por motores thermicos, turbos-alternadores de corrente triphasica. A 31 de Dezembro de anno proximo findo [1919] o numero de lâmpadas empregadas na illuminação da cidade era de 1522 produzindo um total de 108.596 velas.151 Telephones De accordo com as Leis n.° 287 de 25 de Setembro de 1911, 416 de 7 de Fevereiro de 1914 e 548 de 1919 e nos termos dos respectivos contractos lavrados nesta Prefeitura a 29 de Setembro de 1911, 7 de Fevereiro de 1912, 24 de Novembro de 1913, 6 de Maio de 1914 e 25 de Novembro de 1919, os serviços de Telephones deste Municipio são explorados pela Empresa Telephonica do Paraná. Actualmente [abril de 1920] existem em ligação com a Central 965 apparelhos, sendo 863 particulares, 80 em Repartições Publicas e 20 para o serviço da Empreza. Todos esses apparelhos podem se communicar com os Municipios de Ponta Grossa, Araucaria, São José, Campo Largo, Campina Grande e Colombo.152 Curitiba inicia a década de 1920 com 60.800 habitantes e muito a ser feito: as dificuldades econômicas e técnicas foram constantes desde o início do século, assim como os sérios problemas relacionados aos concessionários dos serviços urbanos e aos entraves legais de seus contratos.

| foto 42 | Rua 15 de Novembro.

Região central de Curitiba na década de 1910, alvo das ações públicas de melhoramento e embelezamento.

| foto 43 | Praça Municipal.

BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

121


NOTAS E REFERÊNCIAS Mensagem Prefeitural, em 20 de setembro de 1904. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 21 de setembro de 1904 a 11 de julho de 1905. Curytiba: Typ. d’A Republica, 1905. p.3. 1

Código de Posturas de Curitiba, 22 de novembro de 1895. PEREIRA, Magnus Roberto de Mello (org.) Posturas Municipais – Paraná, 1829 a 1895. Curitiba: Aos Quatro Ventos, 2003. p.114. 2

3 Regulamento Sanitario, de 2 de janeiro de 1900. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal. Curytiba: Officinas de Artes Grafficas de Adolpho Guimarães, 1900. p.298.

Regulamento para o serviço de construção, conservação, trafego e policia dos carris urbanos, de 24 de dezembro de 1897. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal. Curytiba: Officinas de Artes Grafficas de Adolpho Guimarães, 1897. p.287.

4

Lei Municipal n.° 77, de 16 de abril de 1902. Leis, Decretos e Actos da Camara municipal 1902 a 1906. Curytiba: Officina de Artes Graphicas, 1906. p.22-23.

5

SILVA, João Luiz Máximo da. Cozinha Modelo. São Paulo: EDUSP, 2008. p.61-62.

6

7

Leis Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.194-197.

Leis Municipais n.° 64, de 15 de janeiro de 1902, e n.° 89, de 14 de outubro de 1902, respectivamente. Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.13 e 33.

8

9

PEREIRA, M. R. M. op. cit. p.107 e 110.

Relatorio de Joaquim P. Chichorro Junior, Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonização, ao Presidente do Paraná. Vicente Machado, em 31 de Dezembro de 1904. Curytiba: Typographia d’A Republica, 1905. p.5. 10

11

Idem, p.12.

12

Idem, p.14.

SHUSTER. Zair Lorival. SANEPAR ANO 30. Resgate da memória e do saneamento básico do Paraná. Curitiba: Fundação SANEPAR, 1994. p.6-80.

13

Lei Municipal n.° 102, de 8 de janeiro de 1903. Leis Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.71.

14

Lei Municipal n.° 84, de 10 de julho de 1902. Leis Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.27-30.

15

16 Relatorio da Secção Technica, de 20 de Setembro de 1900 a 20 de Setembro de 1904. Annaes da Camara Municipal, Sessões de 21 de Setembro de 1904 a 11 de julho de 1905. Curyriba: Typ. d’A Republica, 1905. p.12-14.

Lei Municipal n.° 196, de 16 de novembro 1906. Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.149; e Lei Municipal n.° 248, de 9 de julho de 1909. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1909 e Orçamento para 1910. Curytiba: Officinas de Artes Graphicas, 1910. Curytiba: Officinas de Artes Graphicas, 1910. p.9-12. 17

Lei Municipal n.° 159, de 15 de janeiro de 1906. Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.138.

18

ESTADO DO PARANÁ. O municipio e a Cidade. São Paulo: Empreza Editora Brazil, 1923. p.23.

19

MONTEIRO, Tobias. Jornal do Commercio. Rio de Janeiro, abril de 1903. Apud BALHANA, Altiva P. Equipamentos urbanos em Curitiba. p.481-490. In WESTPHA20

122

BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

LEN, Cecília M. Org. Um Mazzolino de Fiori. Curitiba, Imprensa Oficial, 2003, v.III, p.483. 21 Lei Municipal n.° 142, de 11 de outubro de 1905. Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.115-116.

Lei Municipal n.° 151, 26 de outubro de 1905. Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.122-123.

22

23 Lei Municipal n.° 175, 26 de abril de 1906. Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.148. 24 Termo de rescisão de contracto para a construcção das redes de agua e esgotos desta capital, em 17 de dezembro de 1907. Relatorio de Francisco Gutierrez Beltrão, Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonização ao Vice-Presidente do Paraná, Joaquim Monteiro de Carvalho e Silva, em 1907. Curytiba: Officina de Artes Graphicas de Adolpho Guimarães, 1907. p.189-190.

Idem, p.196-204 e Termo de Declaração de transferência de contracto de água e exgotos á Empreza Paulista de Melhoramentos no Paraná, de 26 de setembro de 1908 e inicialmente firmado com Luiz de Oliveira Lins de Vasconcellos e Gabriel Dias da Silva por intermédio do “Contracto para execução de obras complementares nas redes de água e exgottos da cidade de Curityba”. Relatorio de Claudino dos Santos, Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonização, a Francisco Xavier da Silva, Presidente do Paraná, em 31 de dezembro de 1908, Curytiba: Typographia d’A Republica, 1909. p.98-100.

25

26 Artigo 2°, alíneas a e b. Relatorio de Francisco Gutierrez Beltrão, 1907. op. cit. p.184-185. 27

Idem, p.184-185.

A The South Brazilian Railways Ltda. representava uma empresa de capital misto canadense-anglo-americano que, desde 1900, se instalara em São Paulo, onde o monopólio do transporte urbano pertencia a Companhia Viação Paulista, com bondes de tração animal. A Light, empresa do grupo, adquire, em 1901, a Companhia Viação Paulista, para eletrificar os bondes; em 1900, a Companhia de Água e Luz de São Paulo; e, em 1912, a São Paulo Gas Company. “Ocorre a formação de uma nova empresa The Brasilian Traction Light and Power Company, consolidando as empresas canadenses de energia no Brasil: The Rio de Janeiro Light and Power Company (1904), The São Paulo Tramway Light and Power Company e The São Paulo Electric Company (1911) e The São Paulo Gas Company (1912)”. No período em que instala-se em Curitiba, a holding já controlava os serviços de eletricidade, bonde, gás e telefone em São Paulo, Rio de Janeiro e em várias cidades do interior de São Paulo. “A chegada de grupos estrangeiros, como a The São Paulo Gas Company (1872) e a The São Paulo Tramway Light and Power Company (1900) fazia parte de um processo global de procura de novos mercados, atuando na exploração urbana em grande escala” (SILVA, J. L. M. da. op. cit. p.38 e 20). A holding, presidida por Edouard Fontaine Laveleye, banqueiro europeu, constitui em 1911 a City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited – empresa com escritórios em Londres, Paris e São Paulo – que adquiriu 12.380.098 m² de terrenos na cidade, correspondendo, em 1912, a 37% do perímetro urbano da cidade de São Paulo. Membros da elite local, da diretoria de obras da prefeitura e Lord Balfour – governador do Banco da Escócia e presidente da São Paulo Railway, da Light and Power, empresa concessionária dos serviços de bonde e eletricidade de São Paulo – pertencem à sua diretoria.

28

Não é, contudo, a presença da administração pública que regula, traça as políticas e a legislação. Será a City a sugerir alterações nas leis e a fornecer parâmetros para o zoneamento municipal e para ocupação dos lotes em bairros residenciais (WOLFF, Silvia F. S. Jardim América. São Paulo, EDUSP. 2001. p.75.). Até 1928, a The South Brazilian Railways Ltda, com suas subsidiárias, irá controlar também, em Curitiba, a concessão de energia elétrica, o transporte de bonds, a telefonia e a pavimentação da cidade. 29 Relatorio do Dr. Director de Obras Municipaes, em 15 de abril de 1912. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 21 de outubro de 1911 á 30 de julho de 1912. Curytiba: Typ. do Diario Official, 1912. p.69.

Relatorio de Claudino dos Santos Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonização, ao Presidente do Paraná, Francisco Xavier da Silva, em 31 de dezembro de 1909, Curytiba: Typographia d’A Republica, 1910. p.146-150.

30

31 Relatorio de Joaquim Pinto Chichorro Junior, Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonização, ao Presidente do Paraná, Dr. Vicente Machado da Silva Lima, em 31 de Dezembro de 1909. Curytiba: Typ. d’A Republica, 1910. p.27-29. 32

Relatorio de Claudino dos Santos, 1910. op. cit. p.107.

Relatorio de Joaquim Pinto Chichorro Junior Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonização, ao Presidente do Paraná, Dr. Francisco Xavier da Silva, em 31 de Dezembro de 1910 Curytiba: Typ. d’A Republica, 1911. p.7. Annexos.

33

34 Relatorio da Directoria de Obras Publicas de 1910, em 14 de janeiro de 1911. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de outubro de 1910 a 14 de julho de 1911. Curytiba: Typ. do Diario Official, 1911. p.40-41. 35 Relatorio do Dr. Director da Hygiene Municipal, em 17 de janeiro de 1912. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 21 de outubro de 1911 a 30 de julho de 1912. Curytiba: Typ. do Diario Official, 1912. p.86.

Relatorio de José Niepce da Silva Secretario dos Negocios de Obras Publicas e Colonização, ao Presidente do Paraná, Carlos Cavalcanti, em 31 de dezembro de 1912, Curytiba: Typ. Alfredo Hoffmann, 1910. p.34-35.

36

37 Relatorio do Director da Hygiene Municipal, em 15 de janeiro de 1912. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 21 de outubro de 1911 a 30 de julho de 1912. Curytiba: Typ. do Diario Official, 1912. p.41. Annexo n.° 3.

Mensagem Prefeitural, em 15 de julho de 1910. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 10 de agosto de 1909 a 1° de agosto de 1910. Curytiba: Typ. d’A Republica, 1910. p.64.

38

39

Idem.

40

Idem.

Relatorio do Director da Hygiene Municipal, em 15 de janeiro de 1912. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 21 de outubro de 1911 á 30 de julho de 1912. Curytiba: Typ. do Diario Official, 1912. p.39. Annexo n.° 3. 41

42 Mensagem Prefeitural, em 15 de abril de 1912. Idem, p.59. 43

Idem, p. 60.

Em 3 de novembro de 1910, a empresa Hauer Junior & C°, concessionária do serviço de iluminação públi44


ca e particular de Curitiba, desde 1° de julho de 1904, transferiu seu contrato para Edouard Fontaine de Laveleye, o qual por sua vez passou-o para a The South Brazilian Railways Company Limited, três dias depois. Relatorio de Claudino dos Santos, 1910. op. cit. p.84. Mensagens Prefeiturais, em 15 de outubro de 1910 e 17 de janeiro de 1911. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de outubro de 1910 a 14 de julho de 1911. Curytiba: Typ. d’A Republica, 1911. p.4 e 34.

45

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez à Camara Municipal, em 15 de abril de 1920. Curytiba: Typ. d’A republica, 1920. p.30.

46

47

Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.149-150.

Acta da Sessão de 3 de outubro de 1903, Parecer n.° 9. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 22 de setembro de 1903 a 11 de Julho de 1904. Curytiba: Typ. d’A Republica, 1904. p.9.

48

49 Lei Municipal n.° 117, de 8 de outubro de 1903. Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.80-81.

Lei Municipal n.° 768, de 27 de maio de 1929. Leis, Resoluções, Decretos e Atos de 1929. Curitiba: Impressora Paranaense, 1939. p.10-14.

50

Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.120121. Mais tarde, em 1917, o padrão construtivo é aprimorado com a Lei Municipal n.° 480, que eleva para três ou mais pavimentos “os predios que se tiverem de construir na Rua 15 de Novembro entre a Associação Commercial até a Avenida Coronel Luiz Xavier”. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1917 e Orçamento de 1918. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. p.7.

51

A exigência da apresentação da “planta e do desenho da frente da casa” para a liberação da construção incluída no Código de Posturas de Curitiba, de 1895 (artigo 102°) tinha como objetivo o atendimento à padronização construtiva, ao alinhamento predial e às determinações higienistas. Em 1877, o Decreto nº 491, artigos 12° e 13°, define parâmetros construtivos e necessidade de “previa licença da Camara” para “levantar predio novo” sem apresentação do projeto. Leis e Regulamentos da Provincia do Paraná. Tomo XXIII. Curityba: Typ. Paranaense da Viuva Lopes, 1876. p.56.

52

53 Lei Municipal n.° 177, de 30 de abril de 1906. Leis, Decretos e Actos, 1902 a 1906. op. cit. p.149-150.

Lei Municipal n.° 196, de 16 de novembro de 1906. Idem, p.194-197. 54

Lei Municipal n.° 283, de 15 de maio de 1911. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1911 e Orçamento de 1912. Curityba: Typ. d’A Republica, 1911. p.5.

55

Lei Municipal n.° 305, de 5 de fevereiro de 1912. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1912 e Orçamento para 1913. Curytiba: Officinas de Artes Graphicas, 1913. p.5. 56

Lei Municipal n.° 341, de 19 de novembro de 1912. Idem, p.23-26. 57

58

Idem, p.26-28.

Relatorio da Commisão de Melhoramentos, em 12 de julho de 1913. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 18 de setembro de 1912 a 28 de julho de 1913. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1913. p.173. 59

Decreto Estadual n.° 590, de 30 de dezembro de 1909, que inaugura o serviço de saneamento da cidade de Curityba para effeito do respectivo contracto.

60

Relatorio de Joaquim P. Chichorro Junior, 1909. op. cit. p.27-29. 61 LAMBERT, Egydio. O Guia Paranaense. Anno 1, n. 1. Curitiba, 1917. p.203.

Leis Municipais n.os 305, 330, 341 e 346. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1912 e Orçamento para 1913. Curytiba: Officinas de Artes Graphicas, 1913.

62

Codificação a que se refere o Director das Obras Municipaes no relatorio de 15 de abril de 1912. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 21 de outubro de 1911 a 30 de julho de 1912. Annexo n.° 5. Curytiba: Typ. do Diario Official, 1912. p.75-84.

63

79 Relatorio da Directoria de Obras Municipaes, em 13 de outubro de 1917. Annaes da Camara Municipal. Sessão de 15 de Outubro de 1917 a 24 de Julho de 1918. Annexo n. 2. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. p.7.

Mensagem do Presidente do Paraná, Affonso Camargo, dirigida ao Congresso Legislativo, em 1° de Fevereiro de 1919. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1919. p.35.

80

81 Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1912 e Orçamento para 1913. op. cit. p.13. 82 MORRISON, Allen. Os bondes de Curitiba. Trad. Maurício Ortega. Disponível em: www.tramz.com/br/ ct/ctp.html. Acesso em 14 de setembro de 2011.

64 Relatorio do Director de Obras Municipaes, em 15 de abril de 1912. Idem, p.68.

83

65 Lei Municipal n.° 305, de 5 de fevereiro de 1912. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1912 e Orçamento para 1913. op. cit. p.5.

84

Relatorio do Director de Obras Municipaes. Annaes da Camara Municipal de Curytiba. Sessões de 21 de outubro de 1911 a 30 de julho de 1912. p.35.

66

67 Lei Municipal n.° 245, de 6 de maio de 1909. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1909 e Orçamento para 1910. Curityba: Officinas de Artes Graficas, 1910. p.5-8.

Há uma redução em relação ao Código de 1895, que estabelece no Artigo 111°: 4,8m, 4,4m e 4,0m, respectivamente.

68

Lei Municipal n.° 413, de 7 de fevereiro de 1914. Decretos e Actos da Camara Municipal. Curytiba: Officinas de Artes Graficas, 1914. p.67-68. 69

Acta da Sessão de 2 de abril de 1913. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 18 de setembro de 1912 a 28 de Julho de 1913. Curytiba: Typ. d’A Republica, 1913. p.127. 70

Lei Municipal n.° 345, de 23 de novembro de 1912. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1912 e Orçamento para 1913. op. cit. p.30. 71

Relatorio da Commissão de Melhoramentos, em 15 de outubro de 1913. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de Outubro de 1913 á 24 de Julho de 1914. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1914. p.20.

72

73

Idem, p.134.

Mensagem do Prefeito Municipal, João Moreira Garcez, á Camara Municipal, em 15 de abril de 1920. Curityba: Typ. d’A Republica, 1920. p.15.

74

75 Mensagem do Presidente do Paraná, Carlos Cavalcanti, ao Congresso Legislativo, em 1° de Fevereiro de 1914. Curityba: Typ. do Diario Official, 1914. p.26.

Lei Municipal n.° 287, de 25 de setembro de 1911. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1911 e Orçamento para 1912. Curytiba: Typ. D’A Republica, 1912. p.7-8.

Relatorio do Fiscal dos Carris Electricos e Telephones, em 13 de abril de 1914. op. cit. p.158. Mensagem Prefeitural, em 15 de abril de 1913. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 18 de Setembro de 1912 á 28 de Julho de 1913. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1913. p.132.

85 Relatorio da Commissão de Melhoramentos, em 15 de abril de 1914. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de Outubro de 1913 á 24 de Julho de 1914. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1914. p.136. 86 Mensagem Prefeitural, em 15 de janeiro de 1918. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de Outubro de 1917 a 24 de Julho de 1918. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918, p.65.

Relatorio do Secretario dos Negocios de Obras Publicas, Terras e Viação Marins de Camargo, ao Presidente do Paraná, Carlos Cavalcanti. Anno de 1913. Coritiba: Impressora Paranaense, 1913. p.213-215.

87

88 Mensagem do Prefeito Municipal, João Moreira Garcez, em 15 de abril de 1923. Curytiba: Typ. d’A Republica, 1923.

Mensagem do Presidente do Paraná, Carlos Cavalcanti, dirigida ao Congresso Legislativo do Parana em 1° de Fevereiro de 1914. Curityba: Typ. do Diario Official, 1914. p.25-26.

89

90 Leis Municipais n.os 361, 391, 371 e 404. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1914 e Orçamento para 1915. op. cit. 91 Lei Municipal n.° 358, de 31 de janeiro de 1913. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1913 e Orçamento para 1914. op. cit. p.5. José Celestino de Oliveira vence o concurso de acordo com o Decreto Municipal n.° 83, de 28 de maio de 1914, que determina a abertura de credito de Rs 5:000$000 para seu pagamento. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de Outubro de 1913 á 24 de Julho de 1914. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1914. p.15-16. 92

Idem, p.XIV.

93

LAMBERT, E. op. cit. p.61.

76

77 Lei Municipal n.° 416, 7 de fevereiro de 1914. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1914 e Orçamento para 1915. Coritiba: Off. de Artes Graphicas, 1912. p.9.

Relatorio do Fiscal dos Carris Electricos e Telephones, em 13 de abril de 1914. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de Outubro de 1913 á 24 de Julho de 1914. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1914. p.158-161. 78

94

Idem, p.222.

95

Idem, p.56.

96

Idem, p.62.

97

Idem, p.60.

98

Idem, p.203-206.

99

Idem, p.62-63.

Lei n.° 769, de 29 de maio de 1929. Regulamenta o exercício das profissões de Engenheiro Civil, Archicte100

BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

123


to, Constructores, Archicteto-Constructor e Agrimensor. Leis, Resoluções, Decretos e Atos de 1929. op. cit. A residência está relacionada no currículo de Chaves, embora o desenho não apresente sua assinatura. CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. p.45.

101

Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1909 e Orçamento para 1910. op. cit.

102

O Paço Municipal. Jornal Diário da Tarde. Curitiba, 18 de janeiro de 1916. p.1. 103

104 Mais tarde adquirida por Luiz Albuquerque Maranhão, que passou a residir em Curitiba em 1919. MARANHÃO. Fernando Wilson Rocha. Os Albuquerque Maranhão. 400 anos de Brasil – 100 anos de Paraná. Curitiba: Vicentina, 2000. p.27. 105

Idem, p.29.

Revista do Povo. Anno I, n.° 1. Coritiba, 21 de outubro de 1916 e Anno I, n.° 5. Coritiba, 10 de fevereiro de 1917.

tos ao Presidente do Paraná, Affonso Camargo, em 31 de Dezembro de 1917. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1917. p.14.

C. M. da. Entrevista realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 07 de dezembro de 2010.

119 Mensagem Prefeitural, em 15 de janeiro de 1918. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de Outubro de 1917 a 24 de Julho de 1918. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. p.64.

138

120 Relatorio de Enéas Marques dos Santos, 1917. op. cit. p.12.

Relatorio do Secretario dos Negocios do Interior, Justiça e Instrucção Publica Enéas Marques dos Santos ao Presidente do Paraná, Affonso Camargo, em 31 de Dezembro de 1918. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. p.145-156. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1918 e Orçamento de 1919. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. p.53.

122

123

Idem, p.53. Idem, p.145.

124

Revista do Povo. Anno I, n.° 1. Coritiba, 21 de outubro de 1916 e Anno 3, n.° 14. Coritiba, 16 de fevereiro de 1918.

Mensagem Prefeitural, em 17 de outubro de 1917. Annaes da Camara Municipal. Sessão de 15 de Outubro de 1917 a 24 de Julho de 1918. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918, p.7.

Revista do Povo. Anno 4, n.° 24 e 25. Coritiba, 1° de março de 1918. 108

Revista do Povo. Anno 4, n.° 26 e 27. Coritiba, 24 de abril de 1918.

109

110 Artigo 95°, inciso 2ª do Código de Posturas de Curitiba, de 1895 (PEREIRA, M. R. M. op. cit. p.113); Artigo 3° da Lei Municipal n.° 177 de 1906. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1902 a 1906. op. cit. p. 150; Artigos 7°, 8° e 9° da Lei Municipal n.° 341 de 1912 e Decreto n.° 52 de 1912, que regulamenta o imposto sobre muros e terrenos não edificados a que se refere a Lei Municipal n.° 341 de 1912 de 1912. Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1912 e Orçamento para 1913. op. cit. p.24 e 67.

Mensagem do Presidente do Paraná, Affonso Camargo, 1919. op. cit. p.12.

111

SOUZA ARAUJO, Heraclides Cesar de. A Prophylaxia Rural no Estado do Paraná. Esboço de Geographia Medica. Curityba, 1919. p.230-231 e SOUZA ARAUJO, Heraclides Cesar de. História da Lepra no Brasil. Período Republicano (1889-1946). Volume II. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1948. Estampas 15 e 16.

112

Mensagem do Presidente do Paraná, Affonso Camargo, dirigida ao Congresso Legislativo do Estado, em 1° de fevereiro de 1917. Primeira Parte. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1917. p.7.

113

Si a agua e os esgotos são bases da hygiene publica, facilitai-os ao povo, senhores! Jornal Diario da Tarde. Coritiba, 5 de março de 1917. p.1. 114

Jornal Diario da Tarde. Coritiba, 29 de janeiro de 1917. p.1.

125

Regulamento do Serviço Sanitario do Paraná a que se refere a Lei n.° 1791 de 8 de abril de 1918. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. 126

Decreto Estadual n.° 1, de 1° de julho de 1892, Regulamento do Serviço Sanitario Terrestre do Estado do Paraná. REIS. Trajano Joaquim dos Reis. Elementos de Hygiene Social. Curityba: Typ. e Lith. Da Companhia Impressora Paranaense, 1894. Anexo (30p).

127

Regulamento do Serviço Sanitario do Estado do Paraná, 1918. op. cit. p.76-79. 128

Lei Municipal n.° 527, de 27 de janeiro de 1919. Código de Posturas do Município. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1919.

129

Annexo n.° 5 – Codificação a que se refere o Engenheiro Director das Obras Municipaes no relatorio de 15 de abril de 1912. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 21 de outubro de 1911 a 30 de julho de 1912. Curytiba: Typ. do Diario Official, 1912. p.75-84.

130

131 Mensagem Prefeitural, em 15 de julho de 1919. Annaes da Camara Municipal. Sessão de 15 de Outubro de 1918 a 26 de Julho de 1919. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. p.174.

Lei Municipal n.° 413, de 7 de fevereiro de 1914. Decretos e Actos da Camara Municipal de 1914. Curytiba: Officinas de Artes Graficas, 1914. p.67-68. 132

133 Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1920. op. cit. p. 14. 134

115

135

Leis, Decretos e Actos da Camara Municipal de 1917 e Orçamento de 1918. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. p.14-15.

136

116

117 Jornal Diario da Tarde. Coritiba, 29 de janeiro de 1917. p.1.

Relatorio do Secretario dos Negocios do Interior, Justiça e Instrucção Publica Enéas Marques dos San-

CHAVES, E. F. op. cit. p.45.

FERREIRA, Olga; ROCHA, Paulo Munhoz da. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse, Elizabeth A. de Castro e Humberto Mezzadri. Curitiba, 1° de dezembro de 2010. 173 minutos. CARVALHO, Maria C. W. de. Bem morar em São Paulo, 1880-1910: Ramos de Azevedo e os modelos europeus. N.Sér. v. 4, jan/dez. São Paulo: Anais do Museu Paulista, 1996. p.168.

118

124

BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

139 EMPREZA EDITORA BRASIL. A Historia Politica do Estado do Paraná. São Paulo: Capri & Olivero, 1923.

SERVIÇO TELEPHONICO DE CURITYBA. Ghia Telephonico. Curityba: julho de 1927. p.5.

140

121

106

107

AGENCIA DO BANCO DO BRASIL. Jornal Commercio do Paraná. Curityba, 5 de janeiro de 1916.

137

FERREIRA, O. ROCHA, P. M. op. cit.; e ROCHA, Flora

OLIVEIRA, José Gomes de. Memoria Descriptiva das obras de reparos necessarias no Edificio da Agencia do Banco do Brasil, em Coritiba, esquina da Rua Alegre e Marechal Floriano Peixoto. Relatorio do gerente da agencia do Banco do Brasil em Curityba – Paraná, 2° semestre de 1927. Acervo: Banco do Brasil.

141

142

Idem.

143

Idem.

144

EMPREZA EDITORA BRASIL. op. cit.

145

Idem.

146 WEIMER, Günter. Theo Wiederspahn: arquiteto. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009. p. 98.

CURITYBA MODERNA – A actuação de um jovem architecto no embellezamento da nossa capital. Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 22 abr. 1928. p.5.

147

148 Mensagem do Prefeito Municipal, João Moreira Garcez, abril de 1920. op. cit. p.15. 149

Idem, p.15-16.

150

Idem, p.32-34.

151

Idem, p.35.

152

Idem, p.36.

RELAÇÃO DE FIGURAS, FOTOS, MAPAS E TABELAS | figura 1 | Recibo de pagamento do imposto de “Agua e Exgottos”. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner. | figura 2 | Cobrança da colocação de placas numéricas. Idem. | figura 3 | Fatura da “Empresa Telephonica do Paraná”. Idem. | figura 4 | Fatura da “Empresa de Electricidade de Curytiba”. Idem. | figura 5 | Projeto de casas geminadas em madeira [004] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 6 | “Companhia Telephonica do Parana”. Fonte: Jornal Diario da Tarde. Coritiba, 5 de janeiro de 1914. p. 2. | figura 7 | Projeto de residência para Hermenegildo Gomes da Silva [001] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 8 | Projeto de residência para Eduardo Leite Leal Ferreira [007] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 9 | Projeto de residência para Octavio Montezano [013] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 10 | Projeto de residência para Zacharias de Paula Xavier Filho [011] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.


| figura 11 | Projeto de residência de uso misto para Gregorio Affonso Garcez [003] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| foto 13 | Idem.

| figura 12 | Projeto de Vila para Ildefonso Rocha. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. Fonte: SANDRESKY, René. Projecto de Villa para o Snr. Amando Cunha à Rua do Batel. Plantas dos pavimentos térreo, superior, porão e sótão, corte e perspectiva apresentados em duas pranchas. Projeto arquitetônico, aprovado em 23 de abril de 1915, talão n.° 278, protocolo n.° 8527. Microfilme digitalizado. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

| foto 15 | Praça Eufrásio Correia. Idem.

| figura 13 | Projeto de muro para Ottoni E. F. Bello [005] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| foto 14 | Praça Tiradentes. Idem.

| foto 16 | Palacete Manoel Miró. Idem. | foto 17 | Palacete Ascânio Miró. Idem. | foto 18 | Palacete Leão Junior. Idem. | foto 19 | Rua Comendador Araújo. Idem. | foto 20 | Rua 15 de Novembro. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner. | foto 21 | Rua José Bonifácio. Idem.

| figura 14 | Projeto de ampliação da Residência de Raul Correia Pinto [016] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| foto 22 | Praça Osório. Coleção Julia Wanderley – Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

| figura 15 | Projeto de residência para José Beggi [012] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| foto 24 | Jardim Botânico (Passeio Público). Idem.

| figura 16 | Fachada frontal do Hospital Regional em Colônia Mineira [014]. Fonte: SOUZA ARAUJO, Heraclides Cesar de. A Prophylaxia Rural no Estado do Paraná. Esboço de Geographia Medica. Curityba, 1919. p. 230-231. | figura 17 | Projeto de residência para José Muzzilo [023] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 18 | Plantas dos pavimentos térreo e superior da residência de Guilherme Withers Junior [020] aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 19 | Planta da mansarda e corte da residência de Guilherme Withers Junior [020] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 20 | Fachada frontal da residência de Guilherme Withers Junior [020] - aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| foto 23 | Rua Marechal Floriano. Idem.

| foto 25 | Praça Eufrásio Correia. Idem. | foto 26 | Praça Tiradentes. Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. | foto 27 | Praça Tiradentes. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner. | foto 28 | Família Chaves. Coleção Eduardo Fernando Chaves – Acervo: Izabel C. M. de Aragão. | foto 29 | Paço Municipal. Acervo: Memorial Lysimaco Ferreira da Costa. | foto 30 | Vila Alayde. Fonte: MARANHÃO. Fernando Wilson Rocha Maranhão. Os Albuquerque Maranhão. 400 anos de Brasil – 100 anos de Paraná. Curitiba: Vicentina, 2000. p.29. | foto 31 | Residência de Lotario Pereira. Fonte: Revista do Povo. Anno I, n.° 5. Coritiba, 10 de fevereiro de 1917.

| figura 21 | Fachada frontal do Banco do Brasil [018]. Fonte: EMPREZA EDITORA BRASIL. A Historia Politica do Estado do Paraná. São Paulo: Capri & Olivero, 1923.

| foto 32 | Residência de Victor Vianna. Idem.

| figura 22| Reportagem sobre a “Curityba Moderna”. Idem.

| foto 34 | Palacete de Anibal Carneiro. Fonte: Revista do Povo. Anno 4, n.° 24 e 25. Coritiba, 1° de março de 1918.

| foto 1 | Rua 15 de Novembro. Coleção Julia Wanderley – Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná. | foto 2 | Praça Osório. Idem.

| foto 33 | Vila de Ildefonso Rocha. Fonte: Revista do Povo. Anno I, n.° 1. Coritiba, 21 de outubro de 1916.

| foto 35 | Palacete de Alfredo Almeida. Fonte: Revista do Povo. Anno 4, n.° 26 e 27. Coritiba, 24 de abril de 1918.

| foto 3 | Reservatório do Alto São Francisco. Idem.

| foto 36 | Vila Olga [017]. Fonte: Estado do Paraná. São Paulo: Empreza Editora Brazil, 1923.

| foto 4 | Tampa de poço de inspeção da rede de coleta de esgoto. Fotografia: Elizabeth A. de Castro.

| foto 37 | Vila Olga [017]. Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

| foto 5 | Panorâmica de Curitiba. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner.

| foto 38 | Residência de Guilherme Withers Junior [020]. Coleção Guilherme Withers Junior – Acervo: Liliam L. W. Almeida.

| foto 6 | Idem. | foto 7 | Idem. | foto 8 | Praça Eufrásio Correia. Idem.

| mapa 1 | Curitiba, em 1901, com a delimitação do quadro Urbano de 1903. Fontes: Planta de Curityba – 1901 apresentada pelo Almanach Paranaense para o ano de 1900. Curityba, Correia & Comp. 1899; e Leis Municipais n.os 117/1903, 149/1905 e 177/1906. | mapa 2 | Quadro Urbano e o Zoneamento de Curitiba, em 1914. Fontes: Planta de Curityba – 1914 apresentada em LAMBERT, Egydio. O Guia Paranaense. Anno 1, n. 1. Curitiba, 1917; Leis Municipais n.os 117/1903, 177/1906 e 341/1912; e Acto Estadual n.° 4/1909. | mapa 3 | Infraestrutura de Curitiba, em 1914. Idem. | quadro 1 | Epidemias em Curitiba (1877-1918). Fonte: CASTRO, Elizabeth A. de. A Arquitetura do Isolamento em Curitiba na República Velha. Curitiba: Edição da Autora, 2004. p.28. | quadro 2 | Prefeitos de Curitiba durante a Primeira República. Fonte: PREFEITURA DE CURITIBA. Relação de Prefeitos de Curitiba. Disponível em: http://www. curitiba.pr.gov.br/conteudo/relacao-dos-prefeitos-de-curitiba/4. Acesso em 3 de janeiro de 2010. | quadro 3 | Utilização do serviço de bondes em Curitiba. Fonte: Relatorio da Commissão de Melhoramentos, em 15 de abril de 1914. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 15 de Outubro de 1913 á 24 de Julho de 1914. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1914. p.136. | tabela 1 | Crescimento Demográfico. Fonte IBGE. Série Histórica / Paraná. Disponível em: http://www. ibge.gov.br/home/. Acesso em 3 de janeiro de 2011. | tabela 2 | Pavimentação de Curitiba, 1902-1904. Fonte: Mensagens prefeiturais. Annaes da Camara Municipal. Curityba: Typ. d’A Republica, 1905. | tabela 3 | Abrangência da rede de água e esgoto de Curitiba na década de 1910. Fontes: Relatorio do Secretario de Obras Publicas e Colonização José Niepce da Silva ao Presidente do Paraná, Carlos Cavalcanti, em 31 de dezembro de 1912. Curytiba: Typ. Alfredo Hoffmann, 1910. p.34-35; SHUSTER. Zair L. SANEPAR ANO 30. Resgate da memória e do saneamento básico do Paraná. Curitiba: Fundação SANEPAR, 1994. p.10; Relatorio de Caetano Munhoz da Rocha, Secretario d’Estado dos Negocios da Fazenda, Agricultura o Obras Publicas, ao Presidente do Paraná Affonso Camargo, em 31 de Dezembro de 1918, exercício 19171918 - Primeira Parte. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1918. p.239; e Mensagem do Presidente do Paraná, Affonso Camargo, ao Congresso Legislativo, em 1° de Fevereiro de 1920. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1920. p.63.

| foto 39 | Palacete Antonio de Souza Mello [019]. Coleção Antonio Souza Mello – Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

| foto 9 | Praça Osório. Idem.

| foto 40 | Agência do Banco do Brasil [018]. Acervo: Banco do Brasil.

| foto 10 | Rua Riachuelo. Coleção Julia Wanderley – Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

| foto 41 | Idem.

| foto 11 | Praça Tiradentes. Idem.

| foto 42 | Rua 15 de Novembro. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner.

| foto 12 | Aspecto do arrabalde do Batel. Idem.

| foto 43 | Praça Municipal. Idem.

BEM-MORAR E BEM-VIVER EM CURITIBA

125


A DÉCADA DE 1920

126

A DÉCADA DE 1920


O Paraná, no início da década de 1920, vive da riqueza acumulada pela atividade da erva mate, a primeira na pauta de exportação, “contribuindo em mais de 60% para o engrandecimento econômico do Estado”, seguida pela exploração da madeira de pinho (Araucaria Brasiliensis), que aumenta a partir da Primeira Grande Guerra (1914-18).1 “Em 1920, já existem 174 serrarias no Estado do Paraná”, as quais continuam crescendo até o fim da década de 19302. A partir de 1924, aumenta o fluxo de comercialização do café no norte do Paraná, substituindo a exportação da erva mate beneficiada, que se reduzia acentuadamente. A capital do Estado do Paraná expande vertiginosamente as atividades industriais, comerciais, culturais e educacionais. Em 1918, possui 112 fábricas com 2.440 operários e dois anos depois, os números elevam-se respectivamente para 225 e 3.488. São indústrias de gazoza, couro, colchoaria, construção, carimbo de borracha, tecido, cola, torrefação de café, curtume, olaria, engenho de erva mate, louça, ferraria, fundição, funilaria, lithografia, marcenaria, meias, ourivesaria, fósforo, quadros e molduras, sabão, vela, selaria, serraria, tanoaria, cerveja, pianos, móveis, chocolates, massas, vidros etc.

A imigração, principalmente alemã e italiana, altera a composição das riquezas, pois em 1929 respondem por 64,7% das indústrias em Curitiba e “geograficamente estão distribuídas em 65 ruas do perímetro urbano e 19 bairros nos arredores da cidade. As vias de maior circulação são aquelas nas imediações da estação ferroviária – João Negrão, Barão do Rio Branco, Marechal Floriano e Visconde de Guarapuava –, no centro histórico – Praça Tiradentes e 15 de Novembro – ou nas entradas e saídas da cidade (João Gualberto, Assungui e Comendador Araújo)”.3

| fotos 1 e 2 | Panorâmicas de Curitiba, em 1929, tomadas do Palacete Garmatter.

Em 1927, funcionam 915 indústrias, com capital de Rs 87.803:000$000 e 9.346 operários no Paraná, Estado que possui a “maior fabrica de phosphoros e as maiores hervateiras da America do Sul”.4 Já Curitiba, neste mesmo ano, conta A DÉCADA DE 1920

127


com 572 estabelecimentos fabris e 1.297 comerciais de gêneros alimentícios, em uma malha urbana com 240 ruas, 13 alamedas, 23 avenidas, 25 praças, 10 largos, 10 travessas e 25 quilômetros de linhas de bonds electricos que transportaram, nos primeiros oito meses de 1929, o número de 4.186.268 passageiros. No mesmo período, 859.063 passageiros utilizaram os auto-ônibus.

| foto 3 | [acima] Rua Barão do Rio Branco, em 1929. | foto 4 | [ao lado] Praça Tiradentes, sem data. Destacam-se nas imagens o sofisticado desenho da praça, a estação e os trilhos de bondes, os postes de iluminação pública e o fluxo de veículos, símbolos de urbanização e modernidade.

O setor de prestação de serviços diversifica-se com novos hoteis, alfaiatarias, armarinhos, barbeiros, carpinteiros, padarias, lojas de calçados e de roupas. Os primeiros profissionais formados pela Universidade do Paraná aumentam os endereços dos escritórios e consultórios que se distribuem pelo centro da cidade. Os pontos de encontro localizados nos cafés e confeitarias, todos na Rua 15 de Novembro – artéria principal da cidade delimitada por edificações de até quatro andares em variados estilos arquitetônicos – motivam ao footing ou ao encontro de opiniões e debates mediados por poetas, intelectuais, políticos, literatos, jornalistas ou curiosos. Pode-se dançar na soirée oferecida nos salões “Elegante”, da “Hora Acadêmica”, da “Associação Comercial” e do “Clube Curitibano”. A boa música era ouvida nas praças, em grêmios, centros artísticos, conservatórios e institutos musicais, que realizavam audições, reuniões familiares e serenatas, ou ainda, em concertos e óperas trazidos até a capital para apresentações no Teatro Guaíra. Os filmes dividiam as atenções entre as telas dos cinemas “Smart”, “Éden” e “Mignon”. Na década de 1920, as ideias de progresso e modernização atingiam toda a sociedade e norteavam as ações públicas que apresentavam contínuo crescimento, desde o início da República. 128

A DÉCADA DE 1920


Na Revista “A República” pode-se perceber a euforia reinante: Não data pois, dessa epoca [Período Provincial 1853-1889], nenhum progresso. Esse estado de inercia somente começou a mudar com a abertura da estrada da Graciosa (1876) ao trafego de carroças tiradas por cavallos e, dez annos depois, com a communicação para o mar feita por estrada de ferro, e, entre as duas datas, com a localização de immigrantes europeus (argelinos, suissos e polacos galicianos e silesianos) em colonias agricolas no rocio da cidade. É, pois, de 50 annos a esta parte, que data o nosso satisfactorio estado geral economico e social, que a Proclamação da Republica (1889) veio impulsionar mais vivamente. Foi quando calçamos á parallelepipedos a nossa primeira rua, quando tivemos illuminação electrica, publica e particular, quando inauguramos o serviço de bondes por tracção animal. Foram estas as nossas primeiras conquistas urbanas. Nos podemos dizer que o progresso de Curityba pouco ficou a dever ao Imperio, alem das obras, grandes alias, da localização de agricultores europeus no municipio e da abertura das referidas estradas que a communicaram com o oceano. O que se fez na vigencia do actual regimen, com essas excepções, foi tudo quanto temos hoje. Com as presidencias Xavier da Silva tivemos a luz e a tracção electricas, as nossas escolas publicas e varios outros serviços officiaes installados em predios proprios, destacando-se, entre estes, os edificios do Gymnasio, da Secretaria Geral e Tribunal, Quartel da Policia. Com a presidencia Vicente Machado, tivemos a disseminação de escolas, até então o mais largo passo dado nesse sentido e o saneamento da cidade com os serviços de encanamento d’agua e de rede de exgottos, obras assim nos pozeram ao lado das primeiras cidades do paiz. Com a presidencia Carlos Cavalcanti tivemos as obras notaveis da remodelação da cidade, o calçamento extensivo, o ajardinamento das praças. Com a presidencia Affonso Camargo tivemos o incitamento á agricultura e ás industrias, seguido de exposições de productos e premios aos melhores productores; a relativa continuidade dos serviços de calçamento e a zelosa conservação de todas as obras anteriores. Com a actual presidencia Munhoz da Rocha, tivemos e estamos tendo o segundo surto de grande elance da urbanização de Curityba, e em o qual effectivamente se reiniciam não somente o progresso, mas tambem a civilização do nosso meio. Collocando á frente da administração municipal da capital o notavel engenheiro e alto espirito de ordem que é o Dr. João Moreira Garcez, viu-se desde logo que o preclaro Presidente do Estado havia escolhido, com a mais feliz das inspirações, o Prefeito que convinha ao estado de transição, de cidade para metropole, á que havia chegado a capital paranaense.5

Curityba em 1930 Área do Quadro Urbano 10.000.000 m² População 100.000 habitantes Edifícios no Quadro Urbano 10.550 Ruas com denominação oficial 240 Allamedas 23 Avenidas 25 Praças 10 Largos 10

A prosperidade econômica e cultural dos anos de 1920 no Paraná e, especialmente em Curitiba, representam uma reação à estagnação e aos eventos de diferentes A DÉCADA DE 1920

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ordens ocorridos – como a Primeira Grande Guerra, o conflito do Contestado, as greves trabalhistas, as epidemias de tifo e gripe espanhola – que abalaram os últimos anos da década anterior. A população almeja novos tempos, deixando para trás os graves e constantes problemas e elegendo para Presidente do Estado o médico Caetano Munhoz da Rocha, cuja proposta baseava-se nos conceitos e, sobretudo, nas virtudes de modernidade, racionalidade e cientificidade. A experiência e conhecimento das questões paranaenses adquiridos como Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda, Agricultura e Obras Públicas, entre 1916 e 1920, permite-lhe estruturar econômica e administrativamente a máquina estatal; formar redes de serviços públicos nas áreas da saúde, assistência social e educação; incrementar o sistema viário; e, sobretudo, atualizar e ampliar a infraestrutura da capital. A orientação higienista norteia as ações de sua gestão e a do Prefeito de Curitiba, o engenheiro João Moreira Garcez, que coordenará o “segundo surto de urbanização de Curityba, no qual effectivamente se reiniciam não somente o progresso, mas também a civilização do nosso meio”.6 As ruas 15 de novembro e transversais são diariamente varridas, as ruas Barão do Rio Branco, Riachuelo, José Bonifácio são alternadamente, um dia sim outro não; as calçadas a parallelipipedo, com excepção da Avenida do Batel, e as mais centraes, revestidas a macadam, são varridas de 3 em 3 dias, e as outras macadamizadas, uma vez por semana. (...) A colleta do lixo é diariamente feita com 12 carros, 12 animaes e 14 homens, e a quantidade media collectada por dia é, approximadamente, 12 toneladas.7

Na primeira mensagem dirigida à Câmara Municipal, Garcez faz um balanço da implantação da infraestrutura em Curitiba e destaca os problemas mais graves, entre os quais o tratamento de esgoto, a limpeza pública e a coleta de lixo: E comquanto seja ainda muito reduzido o numero de habitantes por hectare, na zona urbana da nossa Capital, pois é avaliado em 50 pessoas por essa unidade de superficie, o que alias muito tem contribuido para a salubridade de Curityba, é facil prever que essa porcentagem tende a augmentar e, consequentemente as condições de vida serão sensivelmente prejudicadas, se não forem desde logo tomadas medidas efficazes que evitem ou pelo menos attenuem as causas desta contaminação do ambiente. Todos nós sabemos que o solo desta cidade está contaminado não só pelas innumeras fossas fixas permeaveis ainda existentes na zona urbana, como pela imperfeição com que foram executados os serviços de canalização dos esgottos domiciliarios; e, entretanto, as casas para morada são ainda construidas sem as necessarias prescripções da technica sanitaria! O problema da insolação, aeração e impermeabilização dos pisos deveria ser melhor attendido entre nós. A hygiene domiciliar e a permanente limpeza das ruas são medidas que se me afiguram de maxima importancia para a salubridade desta Capital e que por isso não devem ser por vós desprezadas.8 A “remoção do lixo collectado” é outra dificuldade, pois os “lugares onde eram antes descarregados os carros de lixo” estão com capacidade esgotada e, decorrente da expansão territorial, encontram-se em locais inapropriados. Provisoriamente é

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firmado acordo com o Instituto Agronômico do Bacacheri que receberá o lixo para transformá-lo em adubo. Mas o prefeito alerta para a necessidade de uma solução definitiva, utilizando o forno crematório, que, embora encomendado pelo seu “illustre antecessor, o saudoso conterraneo Dr. Candido de Abreu” [prefeito entre 1913-1916], à firma paulista Schmidt, Trost & Cia., não fora entregue. No aguardo de uma resolução sugere o “deposito deste material em grandes fossos, abertos em pontos retirados da cidade, sendo em seguida cobertos com uma espessa camada de terra, de 40 a 50 centimetros de altura para a conveniente reducção”.10 Em 1928, com o problema ainda não resolvido, Eurides Cunha, sucessor de Garcez na Prefeitura, manifesta sua intenção em dotar “Curityba com um serviço mais hygienico de aproveitamento do lixo domiciliar, adoptando o systema Beccari”, de depuração biológica, que o transforma em adubo, “com todos os elementos fertilisantes e sem os inconvenientes de mao cheiro, larvas de moscas, etc”. Para minimizar a situação, muda, temporariamente, o horário da coleta do lixo para 6:00h – devido a reclamações “de que este serviço de remoção estava sendo feito em horas adiantadas, ficando os collectores nas cosinhas até 8 e 9 horas, juntando moscas e infeccionando as casas” – e também o meio de transporte, “dando descanso aos muares morosos e adoptando o caminhão rapido”.11 [Em 1928] A collecta de lixo é feita diariamente em 5.150 domicilios do nosso vasto quadro urbano que abrange a area de 10 kilometros quadrados. A remoção dos 50 m3 diários é effectuada por 16 carrinhos de tracção animal. (...) Torna-se necessario, o que ainda não foi conseguido em escala sufficiente, obrigar os inquilinos a usar collectores fechados e estanques, conforme preceitua o paragrapho 1° do art. 285 do Codigo de Posturas. Isto conseguido e effectuado o transporte em velozes auto-caminhões, estará perfeitamente resolvida a primeira parte desse problema de limpeza publica. A varredura de ruas é feita á noite, a maior parte com 3 vassouras mechanicas, sendo precedida da necessaria rega feita com uma irrigadora “Fiat”. Brevemente será estabelecido um serviço regular de irrigação, durante o dia, das nossas ruas principaes. Nas ruas centraes, são mantidos 5 lutocares para a collecta diaria de papeis, etc.12

Hoje [1923] a Capital é uma cidade completamente moderna, evoluindo para se tornar uma verdadeira cidade modelo, com suas novas avenidas, os seus monumentos, as suas praças, as suas multiplas construcções magníficas, com as suas imnnumeras fabricas, edifícios publicos sumptuosos – enfim com uma vida intensa e uma população, no município de cerca de 90.000 habitantes. Qualquer ramo do commercio, qualquer fonte industrial cresce numa ascendencia quase inacreditavel, num parallelo esplendido, com o progresso moral e intellectual dos seus habitantes. 9

| figura 1 | Desenho da Rua José Bonifácio, em 1928.

Dois anos depois, a coleta do lixo ainda é insatisfatória, realizada somente em 5.300 domicílios – com um volume diário recolhido de 58 m³ – e depositado nos terrenos do Passeio Público, “convenientemente coberto com uma camada de terra de espessura sufficiente para evitar o desprendimento de mao cheiro e outros inconvenientes hygienicos”.13 O serviço de higiene da prefeitura informa ser insuficiente o quadro de funcionários e os equipamentos, pois em muitos bairros a coleta realiza-se

| foto 5 | Tampa de poço de inspeção da rede hidrossanitária, datada de 1927, ainda existente na Praça Osório em Curitiba, 2012.

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somente uma vez por semana e outros, mais distantes – como as áreas de expansão dos loteamentos recentes – não a possuem, resultando em infestação de animais pestilentos nas residências e entulho dos rios que extravasam nas ruas. Em relação à rede hidrossanitária, Garcez relata que, dos 5.700 prédios existentes na cidade em abril de 1920, só 2.978 possuem ligação de água e esgoto (53% do total) e 240, somente de água. Situação também ocasionada pelas “imperfeições” técnicas do próprio sistema, que não permitem sua ampliação. Para a “organização de um projecto definitivo de abastecimento e de canalização de esgottos sanitarios”, o governo estadual contrata o engenheiro sanitarista Saturnino Rodrigues de Brito, que propõe correção, modernização e ampliação do sistema.14 Mesmo diante das epidemias que assolaram a cidade nos anos anteriores, o saneamento – considerado fundamental para debelá-las – não avançara. A grande maioria das edificações fora da primeira zona utiliza poços de água com bomba e esgoto a céu aberto ou poços negros. Ao longo da década de 1920, as intervenções na rede hidrossanitária em Curitiba, coordenadas pelo engenheiro Carlos Ross, consistiam na substituição e duplicação da tubulação, a qual, até 1926, não cobria toda a extensão do quadro urbano, de acordo com o Mapa 1, Infraestrutura Urbana de Curitiba - 1930. A média anual de novas ligações se mantém entre 250 e 300, havendo uma expectativa de ampliação devido às intervenções em andamento, à redução do preço do material sanitário e “ao augmento da fortuna particular” dos curitibanos. A captação em novos mananciais, como o do Rio Cayuguava, aumenta a capacidade de abastecimento da cidade, mas exigem o reforço das linhas adutoras em execução e a instalação de uma bomba de 50 HP no Reservatório de São Francisco, que recalca água para a zona alta da cidade. Os hidrômetros estão assentados em 743 ligações, havendo ainda desperdício com as “penas d’agua”.15 Comparando a rede hidrossanitária de 1926 com a de 1909, verifica-se que o projeto inicial foi mantido. As intervenções ocorreram dentro do perímetro proposto ou nas suas imediações, com pequenas alterações: o trecho leste não foi executado e ampliados os eixos do Batel e Alto da Glória-Bacacheri, que não estavam previstos. Curitiba permanece com um único reservatório de água até 24 de fevereiro de 1928, quando foi inaugurado o segundo, no Batel, fruto da criação da Diretoria Estadual do Serviço de Água e Esgotos16 e do projeto de remodelação e ampliação elaborado pelo engenheiro Saturnino de Brito. 132

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| mapa 1 | Infraestrutura Urbana de Curitiba, em 1930.

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Com a terminação dos serviços de construcção do reservatorio situado em terrenos que o Estado adquiriu na antiga Chacara Schimmelpfeng, ficaram concluidos os trabalhos de remodelação da rêde d’agua, tendo sido satisfactoriamente ampliado o abastecimento á cidade que há muito, apesar de prolongadas estiagens, não tem experimentado falta do precioso liquido. (...) As ligações das linhas de recalque e de distribuição se acham egualmente terminadas, já foram experimentadas e verificadas perfeitas. Despendeu-se a quantia de 2.800:000$000, approximadamente, com este importante serviço que abrange, alem do reservatorio do Batél, as novas captações na serra, a installação do motor bomba no Alto de São Francisco e a canalização para distribuição.17 | foto 6 | [ao lado à esquerda] Praça Santos Andrade, em setembro de 1922. Inauguração da Herma do Padre Ildefonso Xavier Ferreira com a presença de 5000 escolares. | foto 7 | [ao lado à direita] Rua 15 de Novembro, na década de 1920.

“Problema palpitante e que mais de perto influe na hygiene e esthetica da nossa capital é indubitavelmente o da pavimentação das ruas de Curityba”, estreitamente relacionado ao conforto e higiene da população, reduzindo a lama, a poeira e facilitando o transporte pelas vias públicas.18 Moreira Garcez, ao iniciar sua gestão, destaca a dificuldade em pavimentar o extenso perímetro urbano e conservar as ruas já calçadas, algumas exigindo reparos tão avolumados que poderiam ser considerados “verdadeiras reconstrucções”.19 Retoma as propostas de Candido de Abreu e executa diretamente este serviço – com equipamentos da prefeitura e do estado – e, em “18 de outubro [1920], começa a funccionar o britador, produzindo logo mais de 40 m³ de macadam por dia”. Apesar da falta de pessoal qualificado, o prefeito declara: “as maiores difficuldades já estão vencidas” e os trabalhos, em andamento. “Apenas em vias de conclusão está a rua Candido Lopes que servirá de typo para as demais, pois pretendo proteger os calçamentos a parallelepipedos e as sargetas de todas as ruas revestidas a macadam”, medida que “sempre me pareceu imprescindivel para a melhor conservação do revestimento”.20 Na Mensagem dirigida à Câmara em 1923, o prefeito refere-se à reparação de calçamentos, à construção de passeios com ladrilho de cimento nas ruas da primeira zona e à ligação da Vila Isabel com o Portão por via macadamizada, além 134

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de consertos nas estradas do Matadouro, Santa Felicidade e Bigorrilho. Após cinco anos de gestão, Garcez contabiliza a execução de notáveis 210.968 m² de pavimentação, números que parecem mais vistosos se considerados os 391.934 m² de área revestida existente em Curitiba até 1920.22 Simultaneamente, convoca os interessados em calçar as ruas em frente de suas propriedades, nos termos da Lei Municipal n.° 455 de 1916, o que resulta na pavimentação das ruas João Negrão, entre Iguassu e Ivahy; Travessa da Lapa, entre 7 de Setembro e Guarapuava; Conselheiro Laurindo, entre 15 de Novembro e Senador Correia; e alamedas Conselheiro Araujo e Cabral.23 Ainda no final de 1920, alerta sobre a necessidade de novo revestimento da Rua 15 de Novembro, “principal, arteria”, “de maior tranzito, onde se acham as principaes casas de commercio e de diversões”, que apresenta “os mesmos parallelepipedos de 28 annos antes”.24 Em 1922, informa que a concorrência aberta para tal calçamento encontrava-se sem inscritos. O alargamento e alinhamento das construções no trecho entre a Rua Dr. Muricy e a Avenida Luiz Xavier dependiam de “disposição legislativa que autorize esta Prefeitura a abrir os necessarios creditos” para esse “importante melhoramento”, que resultaria na “commodidade e maior segurança do transito” e na melhoria da “esthetica da cidade”.25 Questões resolvidas posteriormente pelas desapropriações de imóveis, no lado par da rua, autorizadas em 192526; pelo recuo de dez metros do alinhamento predial; e pelo lançamento da primeira camada de asfalto na Rua 15 de Novembro, em 13 de outubro de 1926. A Companhia Auxiliar de Viação e Obras do Rio de Janeiro, representante da Barber Asphalte Com. da Philadelphia e Incorporadora da Agencia Brasileira The Neuchatel Asphalte Company, executou o serviço. Uma festa, em 19 de dezembro de 1926, marca a inauguração do “asphalto”, aclamado na época como uma “conquista do progresso e da civilização”.27 O asphalto em Curityba Uma empresa que se impõe Curityba progride a olhos vistos, fazendo jus a collocação no primeiro plano que lhe cabe de direito junto as grandes capitaes brasileiras, pelo labor, pelo bom gosto, pela cultura da sua população. A iniciativa do illustre ex-prefeito desta capital, dr. Moreira Garcez, asphaltando largo trecho principal da cidade veio emprestar á nossa “urbs” um aspecto encantador e de bem estar, condizente com o seu evoluir inninterrupto em todos os ramos da actividade humana. O asphalto veio emprestar a Curityba uma feição magnifica, evidenciando ao mesmo tempo o cuidado que presidiu á sua collocação nas ruas principaes que

| figura 2 | Rua 15 de Novembro, em 1928, pelo lápis de Henkel, no “trecho comprehendido entre as ruas 1° de Março e Marechal Floriano.”

| figura 3 | [abaixo]“Os progressos da nossa cidade”, em 1927. Innegavelmente, o Dr. Moreira Garcez prestou um grande serviço aos curitybanos, e aos paranaenses indirectamente, pavimentando a nossa via principal e a praça Osorio com asplhalto. É incontestavelmente um serviço que falla á vaidade e ao bairrismo sadio do Curitybano, mas que, tambem, alem de ser de utilidade extraordinaria para o embellezamento da Cidade, dá-lhe um renome, faz-lhe um reclame, que tem se espalhado para o norte e sul do Paiz, dando-lhe um conceito de cidade civilisada, de bom gosto, enfim de cidade do sorrriso. 21

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hoje gosam dos beneficios enormes da medida introduzida graças á iniciativa do prefeito Moreira Garcez. (...) A pavimentação da rua 15 de Novembro, Praça Osorio e Avenida Luiz Xavier a asphalto, e das ruas Ebano Pereira e Candido Lopes, a betume, attestam bem a competencia profissional dos technicos da empreza que nestas linhas recebe a nossa modesta homenagem, pelo que fez brilhantemente pela belleza urbana de Curityba.28 A 14 do corrente passou-se o segundo anniversario do lançamento dos primeiros lençóes de asphalto na rua 15 de Novembro, serviço esse que veio emprestar á metropole paranaense em viso mais consentaneo com a sua evolução constante. Curityba estava a exigir de há muito esse melhoramento que fala tão bem á sua esthetica. Á iniciativa feliz do ex-prefeito Moreira Garcez, deve a nossa “urbs” esse importante serviço, que mereceu louvores incondicionaes, pondo á prova as suas qualidades admiraveis de administrador progressista e devotado á sua terra; manda a verdade que se diga. Os grandes beneficios e facilidades que ao transito veio trazer o asphaltamento da nossa principal via publica todos estão aquilatando diariamente, afora a impressão lisongeira que offerece ao visitante, encarecendo o nosso evoluir continuo.29 O alargamento e pavimentação da Rua 15 de Novembro integram o conjunto de melhoramentos urbanos no centro da cidade, que incluem intervenções nas ruas Marechal Floriano, Candido Lopes, Visconde do Rio Branco, Ermelino de Leão e Cabral; construção do Mercado Municipal; e embelezamento das praças Osório e Tiradentes. Além disso, ocorre a urbanização da “parte baixa” ou “cidade nova” – trecho compreendido entre a Avenida Visconde de Guarapuava, Rua João Negrão, Avenida Iguaçu e Rua Desembargador Motta, integrante da segunda zona –, ainda com baixa ocupação devido às constantes inundações. Para eliminar tal problema, são realizadas vultosas obras de drenagem, canalização, nivelamento e pavimentação das “tão bellas”30 avenidas Visconde de Guarapuava, 7 de Setembro, Silva Jardim e Iguaçu, “agora amplas e planejadas, com pistas duplas e canteiro central”.31 As inundações de regiões de Curitiba constituem grave problema, exigindo, em diversas ruas, a desobstrução de canalizações subterrâneas e valetas para o escoamento fluvial, incluindo o “grande collector existente na Rua Raticliff” – que encaminha as águas da zona sudoeste para o córrego Água Verde –, onde 22 operários trabalham há oito meses em condições “as mais desfavoraveis, dentro d’agua, sem luz e ás vezes com difficuldade de aeração”.32 Em paralelo, em 1923, realiza-se a limpeza geral de 3.567 metros lineares dos leitos dos rios que atravessam a capital: Ivo, Bigorrilho e Belém. Este último, ainda recebendo o esgoto, que continuava sem solução. 136

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Tendo este trabalho contribuido sensivelmente para o melhor escoamento das aguas pluviaes que em consequencia do progressivo accrescimo da area revestida com a pavimentação de ruas e praças etc., tornam-se cada vez mais torrenciaes donde resulta o extravasamento desses cursos d’agua, inundando a parte baixa da cidade.33 Moreira Garcez, ao realizar as obras na “cidade nova”, dá continuidade ao processo de urbanização iniciado nos primeiros anos republicanos, uma vez que mantém o traçado, previsto em 1903, para a região já situada dentro do quadro urbano. O serviço de pavimentação é regulamentado, em maio de 1928, com a definição de quatro padrões de revestimento: asfalto, aglomerado, paralelepípedo e macadam; e de cinco tipos de vias: “residenciais de 1ª e 2ª classe; comerciais de 1ª e 2ª classe; especiais e estradas de rodagem”; além de parques e jardins – cada qual com revestimento específico – considerando a natureza, pesada ou leve, do trânsito. A hierarquização do espaço urbano é fundamental para organizar, priorizar e, sobretudo, atribuir taxas de cobrança – estabelendo que “os proprietarios lateraes concorrerão com 2⁄3 do seu custo, á razão de 1⁄3 por metro de testada, e o município com o restante” –, com os valores de 40$000 o metro quadrado para o asfalto; 15$000 para o aglomerado; 5$000 para o paralelepípedo; e 3$000 para o macadam. A pavimentação será realizada em duas frentes: em vias que, ainda, não a possuem e naquelas onde o revestimento será substituído. Os passeios também são especificados, podendo ser de cimento em lençol; ladrilho de cimento – em cor natural ou colorido –, em pedra ou “em fingimento de mosaico portuguez; mármore; mosaico; asfalto; ou petit pavé, de duas cores com desenhos.34 | figura 4 | “Frizo guarany de lindo effeito”, em 1928.

Em dezembro de 1928, a Prefeitura anuncia o resultado da concorrência para a pavimentação, cujos inscritos são as companhias de Pavimentação e Obras Públicas de São Paulo e Auxiliar de Viação e Obras, do Rio de Janeiro; os engenheiros Carlos Ross e Jorge Meissner; e o vencedor Edouard Fontaine de Lavaleye, presidente da The South Brazilian Railways Company Limited, empresa que detivera as concessões de eletricidade e bonde, desde 1904, e cujo contrato fora cancelado, em 1928, por acarretar graves problemas à municipalidade. Agora o objetivo é cobrir uma área de 145.000 m², com previsão de ampliação de 15.000 m² para contemplar as ruas Francisco Rocha, João Gualberto e Dr. Muricy.35 Em maio de 1930, a

Desenho indígena aplicado nos novos passeios de petit pavé de Curitiba, durante a gestão de Moreira Garcez, iniciativa considerada de bom gosto e de patriotismo, inspirada no movimento Paranista.

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superfície calçada em Curitiba é de 590.533,59 m², sendo utilizados, após 1928, paralelepípedos e macadam.36

| foto 8 | [acima] Vista da face sul da Praça Osório, no início da década de 1920, com implantação característica da região central: sequência de elegantes residências de porão alto, alinhamento frontal e recuos laterais que permitem o acesso e pequenos jardins intermediando-as. Destaque para a convivência entre o bonde elétrico e a carroça na primeira zona. | foto 9 | [acima, à direita] Praça Tiradentes, na década de 1920, onde se percebe o cuidadoso tratamento paisagístico e a presença simultânea de automóveis e carroças.

Nas ruas da capital do Estado, em 1922, circulam 2.615 veículos, dos quais 183 são automóveis particulares e do governo, 867 carroças de quatro rodas, 131 bicicletas, 15 motocicletas, 130 aranhas e 43 carros de praça.37 A grande quantidade de carroças, bicicletas e aranhas – utilizadas para condução de pessoas e transporte de cargas – frente ao reduzido número de automóveis, evidencia o significado de possuir carros movidos a gasolina. Transitavam nas ruas centrais da cidade os veículos com tração animal, junto aos pedestres, automóveis e bondes elétricos, os quais passaram a obedecer, em 1928, o “regulamento para a circulação internacional de automoveis no territorio brasileiro e para a signalisação, segurança de transito e policia nas estradas de rodagem approvado pelo Decreto Federal n.° 18.323”.38 As linhas de tráfego de bondes compreendem quatro trajetos – Praça Tiradentes-Matadouro Municipal; Rua Dr. Muricy-Portão; Asilo-Rua América; Rua Buenos Aires-Juvevê – que totalizam 29.432 km de extensão39 e, no entanto, não atendem satisfatoriamente à população, que reclama do pequeno número de bondes circulando e da falta de condução para as áreas em expansão. O serviço de bondes continua a não corresponder ás necessidades da nossa população: linhas pouco extensas, as mesmas de 16 annos atraz, não levando em conta o prolongamento feito até o Bacachery, com quase todo o material e mão de obra fornecidos pelo Governo do Estado e pela Prefeitura Municipal. O desenvolvimento de linhas é, com effeito, diminuto, não attingindo a 25 km para uma cidade que occupa uma das maiores áreas urbanas do Brasil. Linhas em grande parte singelas, sem desvios convenientemente locados, são trafegadas por bondes que não obedecem a um horario compativel com as

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necessidades da cidade, donde resulta a concurrencia inevitavel dos auto-omnibus que fazem um serviço parallelo mais rapido, mais confortavel e por igual preço, satisfazendo assim melhor as exigencias do publico moderno.40 A expansão da linha de bondes depende do prolongamento da rede de energia elétrica, então controladas pela The South Brazilian Railways Company Limited. A empresa continua não atendendo às exigências acordadas, acarretando sérios problemas ao município41 e, em março e agosto de 1928, é autorizado e regulamentado, o serviço auto-omnibus42, que já se encontrava em funcionamento. A novidade é saudada pela imprensa: “Curityba progride! Os auto-omnibus vão entrando nos costumes citadinos. (...) o novo, elegante e possante auto-omnibus que vae fazer, a preços populares, o serviço de passageiros entre a Praça Zacharias e o populoso arrabalde do Portão”.43 Em 1930, o transporte possui os seguintes trajetos: Estação-Batel, Tiradentes-Assunguy, Rua 15 - Hospital Militar, Rua 15-Avenida Luis Xavier, Universidade-Saldanha Marinho. Com exceção da primeira linha, as demais percorrem regiões não servidas pelo bonde, cobrindo suas deficiências. No primeiro semestre de 1930, o bonde atende a 1.804.855 usuários e o ônibus a 347.63444, porém a maioria dos habitantes dos bairros afastados e arrabaldes só conseguem se locomover em carroças ou bicicletas, meios de locomoção responsáveis pelo maior percentual de licenças para condutores. Também o serviço de “producção e distribuição de energia electrica” e “illuminação publica e domiciliar” em Curitiba não é “satisfactorio”, apresentando interrupções e pouca intensidade devido à “fraqueza das machinas geradoras de energia”, ocasionada pelo aumento do consumo e de consumidores; constantes modificações no sistema e desgaste da rede, a qual em alguns pontos mantém sua fiação original, “installada ha 33 annos”. Em 1925, foram oito interrupções gerais e 51 parciais na rede formada por 154 transformadores – com capacidade de 1.745 kw –, 5.980 casas e 24 predios estaduais – que consomem 1.719.395 kw –, além da iluminação pública composta por 839 lâmpadas com um total de 33.490 velas.46 A luz da cidade, fornecida pela South Brazilian Rayways é declaradamente pessima. Ruas inteiras e avenidas extensas, á noite, offerecem o aspecto triste como se fossem illuminadas por pequenos pedaços de brazas suspensos aos postes de illuminação. Não podendo continuar a nossa bella Capital a soffrer esse impecilho ao desenvolvimento da esthetica de uma prospera cidade moderna, resolvi tomar as medidas exigidas pelo momento, nomeando uma commissão de distinctos engenheiros para um exame na usina da Companhia.47

QUADRO 1

PASSAGEIROS DE BONDES EM CURITIBA (1898- 1921)

1898

670.000

1899

710.000

1900

705.000

1901

680.000

1902

674.000

1903

680.000

1904

720.000

1905

715.000

1906

860.000

1907

870.000

1908

980.000

1909

880.000

1910

1.000.000

1911

1.091.000

1912

1.120.000

1913

1.910.000

1914

1.819.942

1915

1.747.036

1916

1.849.921

1917

1.888.122

1918

2.134.809

1919

2.134.809

1920

2.625.230

1921

2.979.447

“comparando [o número de passageiros] com o movimento relativo aos annos anteriores, verifica-se o quanto tem sido animador o accrescimo de transportes feitos pelos bondes da South”. 45

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Com a electricidade, um homem equivale a vinte. Investigações feitas por uma associação de empregados da illuminação electrica nos Estados Unidos, mostram que o operario de uma fabrica que tenha ao seu dispor energia e petrechos electricos produz o trabalho que anteriormente era necessario de 18 a 20 homens para fazê-lo.49

Após 20 anos de reclamações e discussões, em 1924, o município propõe a anulação do contrato com a The South Brazilian Railways Company Limited, só concluída em 1928. Neste momento, “o direito exclusivo de explorar, por meio de tracção electrica, os serviços de bonds e o fornecimento de luz publica e particular, dentro do município da Capital”, passa para o “Grupo de Emprezas Electricas Brazileiras S.A”, subsidiária do conglomerado norte-americano Electric Bond & Share, representada pela Companhia Força e Luz do Paraná.48 Entre os indicadores do bem-viver urbano encontra-se incluído o telefone, cuja aquisição dependia da estrutura implantada pela “Companhia A. E. G. Sul Americana de Electricidade”, contratada em 1911, que não acompanhava o crescimento urbano e populacional. Em 1923, contabilizam-se 682 “apparelhos para communicações telephonicas”, com a rede atingindo 571 km.50 Em outubro de 1927, a concessão é transferida para a “Companhia Telephonica Paranaense Ltda.” – detentora, a partir de então, deste monopólio no Estado –, que se compromete a inaugurar o serviço interurbano de Curitiba, Paranaguá e Ponta Grossa até 31 de dezembro e a remodelar os serviços urbanos da Capital, até 30 de abril de 1928. A prática da utilização de trilhos como postes nas ruas e praças da cidade é repelida e, buscando a “melhoria da esthetica urbana”, são importados 100 postes “typo Manesmann para a installação em ruas centrais”, como Candido de Abreu, João Gualberto, Aquidaban, Claudino dos Santos, Marechal Deodoro, São Francisco e Marechal Floriano, além das praças Osvaldo Cruz, Rui Barbosa e Zacarias.51 A referida “remodelação” compreende a modificação do sistema, a substituição da rede e dos aparelhos e uma nova sede da “central telephonica”, um “confortavel predio mandado construir para esse fim, pela prefeitura Municipal”, com três pavimentos, situado na Travessa Marumbi (atual Alfredo Bufren).52 Apesar do ínfimo serviço prestado na capital com aproximadamente 150.000 habitantes e o reduzido número de aparelhos, a arrecadação municipal atinge 151:912$000, cifras próximas das obtidas com o calçamento53, revelando o custo exorbitante da telefonia. No final de 1928, a matéria da “Illustração Paranaense” afirma: “ha mezes os curitybanos vêem usufruindo os novos telephones, unânimes no elogiar o grande melhoramento realizado”54 e que

| figura 5 | Propaganda do Guia Telephonico, em 1927.

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A DÉCADA DE 1920

A modificação do systhema trouxe vantagens apreciaveis. Imagine-se que o systhema antigo, rotineiro e defficiente, é adaptavel somente a um limitado numero de assignaturas, 300 ou 400 no maximo. Os commutadores simples, em serie, são fabricados quase sempre para cem apparelhos. Quer dizer que para os 700 assignantes que Curityba já tinha, tornavam-se necessarios setecentos commutadores, um em seguida do outro. A telephonista só ligava apparelhos duma centena com a de outra, precisava uma telephonista transmittir o pedido para a sua collega da segunda centena. Serviço lento e falho, obrigando varios movimentos da telephonista para conseguir uma ligação.


Com o systhema multiplo a bateria central, desapparecem os inconvenientes apontados e inevitaveis do systhema simples, também chamado “Standard”. Antigamente – e este era o peor inconveniente a desligação era precaria. O assignante nunca dava os tres signaes annunciadores da terminação da conversa, de forma que, embora pendurasse o microphone, a ligação continuava. No novo systhema, o assignante realiza a desligação sem querer, bastando collocar o microphone no seu descanço apropriado. O descanço abaixado dá á telephonista, automaticamente o signal de desligar. Não só estas vantagens praticas como muitas outras differenciam o actual serviço do antigo. A perfeição duma ligação depende primeiramente do bom ou máo estado das installações e, secundariamente, de quem se utiliza do apparelho. No caso dos nossos telephones, sendo as installações novas e excellentes, as ligações serão rapidas e perfeitas se a pessoa que fala souber falar em telephones. E não é das coisas mais difficeis, mas, para muitos é uma tortura e um desprazer. Para um bom andamento e rendimento de uma rêde telephonica de todos os apparelhos, é necessario tambem que os assignantes, ou aquelles que fazem uso do apparelho, contribuam para isso. Depois que ficou sobejamente provado que a membrana do phone funcciona pelo seu movimento e não por movimentos molleculares, como dizia Du Mancel, é preciso que as pessoas que se servem do telephone possuam os requisitos necessarios para trazer delle o melhor uso possivel. Não é sufficiente “ouvir”, mas também falar bem, vale dizer, pronunciar em modo completo as partes constitutivas da linguagem.55

| figura 6 | Propaganda do novo sistema para a rede aérea de telefonia de Curitiba, em 1927.

| figura 7 | Propaganda da “Companhia Telephonica Paranaense”, em 1930.

A telefonia expande-se e, no final de março de 1930, são contabilizados 1.321 aparelhos ligados à rede geral, sendo que o “numero medio de ligações attinge 10.133” e a quantidade de “telephonemas por apparelho” é sete. Nesta data, o prefeito Eurides Cunha informa que “o serviço está sendo conduzido a pleno contento dos assignantes”.56 Igualmente considerado moderno e progressista é o projeto de instalação de gás calorífico ou energia térmica para iluminação residencial e industrial, que fora proposto em 1914, mas não executado. Naquela ocasião, o Parecer n.° 72 das Commissões da Câmara Municipal não aceitou a proposta de monopólio por setenta anos para “illuminação publica e particular, distribuição de força motriz a gás, estabelecimento de aquecedores e outros serviços congêneres” no quadro urbano ou fora dele sem concorrência, pois feria os contratos e as leis municipais.57 Em 1928, volta a proposição para “o fornecimento de gaz para illuminação, calorifico ou energia thermica”, concessão exclusiva por trinta anos, com previsão imediata de início dos trabalhos e de inauguração do sistema em dois anos. Compreendia a instalação de “usina, gazometros e canalizações necessarias”, sendo o “gaz extrahido do carvão de pedra, turfa, oleo mineral ou de qualquer outra subs-

| figura 8 | Propaganda da “Companhia Telephonica Paranaense”, em 1930, destacando o significativo aumento de “apparelhos ligados”: em 1927 eram 821 e três anos depois, 1938. Há, ainda, o anúncio da futura instalação do serviço em mais cinco cidades do Paraná.

A DÉCADA DE 1920

141


tancia que produzir os mesmos ou melhores resultados”. De acordo com o contrato, caberia à empresa o projeto e a execução da rede até a “entrada dos predios”; “os demais serviços relativos ás installações em edificios publicos e particulares ficarão a cargo dos interessados”.58 Contudo, tal sistema não foi instalado59, uma vez que, em 18 de junho de 1928, a Companhia Força e Luz do Paraná assina com o governo do Estado o contrato de concessão de distribuição de energia elétrica em Curitiba. Objetiva ampliar a rede, os demais serviços e fornecer aparelhos de uso residencial e industrial. O aproveitamento da rede aérea de energia elétrica já existente para os bondes, como ocorrera em São Paulo e no Rio de Janeiro, seria mais rápido e mais lucrativo se comparado à implantação do gasômetro e da sua rede subterrânea de distribuição. A região da capital contava então com 2.590 quilowatts de capacidade geradora e 7.543 unidades consumidoras.60

| figura 9 | [acima, à esquerda] Matéria na Illustração Paranaense sobre a Companhia de Força e Luz do Paraná, em 1930. | figura 10 | [acima, à direita] Propaganda da Companhia de Força e Luz do Paraná, em 1930.

Reportagens e propagandas sobre a Companhia de Força e Luz do Paraná sucedem-se nos periódicos da cidade, ressaltando os investimentos feitos no sistema de geração e distribuição de energia elétrica e associando-os ao progresso e à modernização da Curitiba. Aqui, o gerente comercial comunica a breve inauguração do novo e “luxuoso” escritório que contará com loja, onde serão realizadas “demonstrações de todos os materiaes electricos, apparelhos domesticos que virão suavisar as occupações do trabalho caseiro”, incluindo a apresentação de “cosinha modêlo (...) toda equipada com apparelhamento do mais moderno, ultima novidade das grandes capitaes”. A empresa “virá cooperar de uma maneira brilhante para a elegancia e o conforto da sociedade curitibana” - modernidade reiterada por grandes vitrines e um “anuncio luminoso”, de “effeito extraordinario á noite, com seu movimento continuo de lampadas de differentes cores”.61

Outro problema grave, desde o início da década de 1920, era a falta de “casa de moradia”, resultado dos baixos índices de construção na cidade. Como consequencia logica da grande crise mundial que perturbou o progresso de quase todos os paizes, o numero de edificações de predios em Curityba tem sido sensivelmente reduzido nestes ultimos annos, a contar de 1913.62 142

A DÉCADA DE 1920


Garcez considera ser da “maior conveniencia” a adoção de medidas que “favorecessem as construcções”, “pois assim não só seriam melhor aproveitados os numerosos terrenos baldios que actualmente existem na zona urbana, como a população ficaria satisfeita nas suas commodidades”.63 Embora reconhecendo os onerosos impostos que recaem sobre a propriedade e os altos alugueis praticados, para o prefeito o “verdadeiro motivo” da “falta de edificações em Curityba, é que o capitalista pode dobrar a sua fortuna, em dois ou tres annos, sem nenhum trabalho nem preoccupação ou risco, tranzando titulos absolutamente garantidos, com descontos exageradissimos e injustificaveis”.64 Procurando estimular a construção de moradias estabelece, a partir de 1922, a restituição de impostos para quem iniciar a obra até 31 de dezembro de 1923, em terrenos da primeira zona, assim como a não incidência de taxação nos lotes com frente de até 11 metros, que tiverem edificações feitas antes da Lei Municipal n.° 413, de 1914; e naqueles com “jardins fechados com gradis de ferro ou de madeira, artisticamente trabalhadas, a juizo da Prefeitura”.65 O prefeito, “procurando attenuar tão graves inconvenientes” e “seguindo as normas democraticas”, convoca, em 28 de fevereiro de 1923, os munícipes para reunião pública sobre “a falta de predios para habitações” e a definição de “medidas attinentes a incentivar taes construcções”. No evento, “bastante concorrido e sobremodo selecto”, decidiu-se pela “constituição de uma companhia que, sob os auspicios dos Poderes Publicos do Estado e do Municipio, construisse predios destinados á moradia, mediante pagamento em prestações”. Até o final do primeiro trimestre de 1923 e dentre as licenças concedidas, havia somente 22 prédios novos, 118 obras diversas e oito vistorias, números muito abaixo da necessidade da Capital.66 Effectivamente é um emprehendimento que merece os melhores applausos por isso que virá minorar consideravelmente a afflictiva situação de numerosos inquilinos que actualmente luctam com os maiores sacrificios decorrentes da falta de moradias. (...) É o meio de permittir que qualquer chefe de família, embora desprovido de maiores recursos, e contando apenas com os seus salarios, possa se tornar proprietario, livrando-se assim das torturas de certos senhorios, qua actualmente vizando maior remuneração para o seu capital elevam exageradamente os alugueis.67 A carência habitacional tem escala mundial e, na mesma conjuntura, realiza-se em São Paulo no ano de 1916 o “Concurso para projetos de Habitações Proletarias Economicas”. O edital pede propostas elaboradas com os princípios de eficiência, economia e conforto, seguindo parâmetros higienistas e com a perspectiva de A DÉCADA DE 1920

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QUADRO 2 CONSTRUÇÕES EM CURITIBA (1898- 1921) 1902

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1927

506

1928

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1929

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1930

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Observa-se aumento progressivo das construções até 1913 e, a partir de 1910, um incremento deste processo. O ano de 1918 – fim da Primeira Guerra Mundial e quando a epidemia da gripe espanhola atinge mais de 45.000 curitibanos – apresenta o menor índice da série. A década de 1920 retoma o crescimento, que passa a ser mais expressivo após 1923. O maior número de construções ocorre em 1929, fruto das várias ações públicas e da boa fase econômica. Em 1930, há novo declínio.

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| figura 11 | Taxa para aprovação do projeto arquitetônico do Palacete Guimarães, 1924.

| figura 12 | Taxa do alvará de construção do Palacete Guimarães, 1925.

educar e remodelar o modo de vida da população pelo espaço. O concurso resulta das discussões sobre a habitação realizada por médicos e engenheiros, que buscam referências e padrões sanitários e construtivos propondo a “standartização” de materiais, redução de pé-direito mínimo, simplificação de fachadas e adensamento nos terrenos. Ao mesmo tempo, surgem cooperativas como a Caixa de Aposentados e Pensões para os funcionários da Estrada de Ferro, a qual, desde 1923, financia a aquisição da casa própria.68 Realizadas em grande escala, as habitações populares trariam significativos benefícios para as cidades, principalmente as capitais, cujo adensamento ocorria mais rapidamente do que a efetivação dos projetos urbanísticos. Assim como acontecera em São Paulo, ao final do século XIX e início do XX, no Paraná o ciclo do café propiciou o afluxo de imigrantes para a capital, na década de 1920, e a consequente dilatação da infraestrutura urbana. Curitiba, neste período, sente os efeitos do crescimento populacional e territorial e das ações públicas e privadas, que transformam a cidade, novamente, em um canteiro de obras, exigindo outro sistema de numeração predial. Este deverá ser compatível com a expansão da cidade, adotando “o critério racional de referir a numeração predial a uma base fixa, tomada por origem, designando cada casa pelo numero de metros que a respectiva porta dista da base de referencia”, vigente até hoje.69 A ampliação da infraestrutura urbana básica, relacionada com o aumento populacional e a demanda habitacional, favorece o loteamento privado na terceira zona e nos arrabaldes da cidade, voltado para as classes de renda baixa. Em 1927, um


periódico local faz propaganda de novos e “modernos” empreendimentos imobiliários, projetados por “technicos de inconteste competencia” – destacando o preço reduzido, a venda em prestações, as dimensões generosas dos lotes e a proximidade com a natureza e o bonde – em região “aristocratica”, “saudavel” e “pittoresca”.70 As virtudes do bem-morar ficam ao alcance de todos e, novamente, aliam-se ao bem-viver, com a presença da infraestrutura urbana. Assim têm-se lotes “magnificos” e “esplendidos” com habitações que se aproximam das chácaras e de suas qualidades, desfrutando do conforto proporcionado pela moderna urbe, tornadas acessíveis a todos os bolsos pelo preço “baratissimo” e “planos de venda inegualaveis”. No mesmo ano, o executivo municipal promulga a Lei n.° 717, regulamentando o arruamento e os loteamentos urbanos e rurais e tendo em vista a especulação imobiliária sem freios que ocorre na capital. A primeira determinação é a autorização prévia da prefeitura para a “abertura de ruas, alamedas, avenidas ou praças”, com apresentação de projeto e memorial justificativo, elaborados por “technico idoneo”. Exigência já prevista no Código de Posturas de 1919 e reforçada para a situação específica das novas vilas, que surgem na cidade. O detalhamento é inédito: apresentação da implantação com curvas de nível, indicação do arruamento, locação dos loteamentos, dos espaços livres e dos terrenos vizinhos. Para cada rua ou praça, deve-se apresentar plano de nivelamento, seções transversais, marcos de alinhamento e o sistema de escoamento das águas pluviais. Proíbe-se ruas em terrenos “baixos, alagadiços e sujeitos a innundações” – medidas preventivas para assegurar o correto escoamento –, ou ainda “aterrados com materiaes nocivos á saude publica”. Exige-se, também, a execução das “obras de arte” – como bueiros, pontes, muros de arrimos – e a presença de vias de comunicação privadas e públicas, pavimentação, calçamento e iluminação. Os evidentes objetivos higienistas procuram evitar ruas e construções, em regiões inadequadas e insalubres, bem como as posteriores e onerosas intervenções das obras públicas. Atingem também o lote, que passa a ter dimensões mínimas de 300 m², “não devendo ter frentes menores de 10 metros, nem fundos menores de 24 metros”. A edificação principal não poderá “occupar area superior a um quarto do total do lote” e se este estiver voltado para estradas, aquela deverá recuar pelo menos cinco metros dos alinhamentos.71 Todas as determinações destacadas na lei são inéditas e objetivam – com a regulamentação das dimensões mínimas para lotes e taxas de ocupação – evitar o adensamento e a promiscuidade característicos dos cortiços nos centros urbanos. Simultaneamente, as construtoras fazem apelos: “a primeira alegria em 1928” seria ganhar uma Vila ou um Bungalow no sorteio de 12 de janeiro, cujas fachadas mereceram destaque na publicidade de página inteira, propagando a ideia da casa própria sem juros.73 As residências de médio porte caracterizam grupos, onde

| figuras 13 e 14 | Propagandas de novos loteamentos em Curitiba, em 1927.

| figura 15 | Propaganda da Tômbola de Beneficiência e de seu prêmio mais importante: uma casa de madeira “já construida na Rua 5 de Maio [atual Brasilio Itiberê], 25”. Trata-se de construção situadad na terceira zona, na qual é permitido o uso deste material, obedecendo ao recuo de 10 m e à imposição de muro, conforme mostra a ilustração. 1930.

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| figuras 16 e 17 | Propagandas de sorteio de casas tipo “Bungalow” e “Villa”, em 1928. O projeto da “Villa” possui dois pavimentos e um programa arquitetônico de porte médio, zoneamento bem delimitado, apuro formal e construtivo, com o valor de 50:000$000. Já o “Bungalow”, com custo de 30:000$000 e também com dois pisos, tem somente o desenho da fachada.

“o status de proprietário de uma casa tinha na época um significado especial, funcionava como um atestado de que aquela família não estava submetida, pelo menos diretamente, ao trabalho manual, o que os aproximava dos padrões de vida das elites.”74 E para eles estão voltadas as propostas de um mobiliário simplificado, despojado dos excessos de ornamentação, as críticas aos ambientes carregados de objetos decorativos e as orientações sobre como criar relações sistêmicas entre acabamentos, móveis, cores, tecidos e arranjos. A decoração enxuta, simples, pensada como um sistema visual produtor de sensações agradáveis é flexível o suficiente para permitir que se ofereça ao consumidor versões adaptáveis aos diferentes bolsos.75

São exemplos com atributos até então relacionados à casa abastada e bem destacados nos desenhos: implantação isolada no lote, construção envolvida por jardim organizado, solução formal elaborada, dois pavimentos e mansarda. A presença da vegetação é marcante, transmitindo a ideia de ventilação e insolação adequadas. Os dois prêmios oferecidos – “villa” e “bungalow” – são hierarquizados; o primeiro, mais elaborado, apresenta justaposição de variados volumes, assimetria e acentuação da verticalidade, que culmina em uma torre, 146

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elemento consagrado nos palacetes. Já o segundo, pela própria tipologia, tem como característica a simplificação formal, com destaque para o grande plano do telhado, só interrompido pela janela da mansarda. Nas duas residências, o acesso principal está ressaltado – situado em um pórtico – centralizado, emoldurado pelo jardim e elevado do piso, de acordo com a legislação vigente. As janelas, de generosas dimensões, são frequentes e proporcionam boa insolação e aeração. Em outro anúncio, as plantas da “Villa” são mostradas e apresentam um zoneamento preciso, com os ambientes sociais e de serviço no térreo e os íntimos, no pavimento superior. O hall intermedeia tais setores e organiza os diferentes fluxos internos, características presentes na casa moderna de Guadet que, nos meados desta década, tornam-se mais frequentes em habitações de médio porte. A construção civil continua crescendo, principalmente com o financiamento das Caixas de Pecúlio, as companhias territoriais e imobiliárias, assim como os consórcios. A propaganda nos periódicos passa a ser acompanhada de textos divulgando projetos arquitetônicos e, principalmente, modos modernos de viver. O jornal Gazeta do Povo, de novembro de 1927 a março de 1928, publica uma série de artigos intitulados “O problema da habitação econômica”, assinados pelo “engenheiro-architecto” Monteiro Neto, da “Empreza Technica Constructora Garcez”, com orientações e projetos sobre a construção dos diversos tipos de residências.76 Apresenta uma variedade tipológica de residências: 1 - com dois pavimentos, quatro quartos para uma “regular família”; 2 - “bungalows” com dois quartos, sala comum, cozinha, despensa, tanque de lavar roupa, sala de banho e w.c., ao preço de Rs 233$300/m²; 3 - em madeira industrializadas, cujos preços não ultrapassarão Rs100$300/m², com 3 quartos, sala de estar e jantar, copa, cozinha, sala de banho e w.c. (water closet); 4 - geminadas, “providas de todos os preceitos technicos e de higiene, em terreno de 60 m de frente por 12 de fundos em trecho novo de rua recentemente aberto”; e 5 - casas com área de 50 m² por Rs 11:656$260. Moradias com diversas dimensões dispõem de um cômodo para cada função, instalações sanitárias e cozinha no corpo principal, água, esgoto e iluminação, sendo “ensolaradas e higiênicas”, de acordo com os mais modernos padrões do viver urbano. Monteiro Neto propõe uma casa de 49 m² – com cinco ambientes – destinada a uma família com até um filho pequeno, onde a especialização de ambientes e os fluxos internos são cuidadosamente delineados de modo a proporcionar um “relativo conforto aos seus habitantes”, utilizando em dimensões reduzidas os princípios higienistas e as virtudes do bem-morar mais essenciais, como “elegância” e “bom gosto”. A recepção de visitas e o jantar encontram-se reunidos em um só ambiente denominado “sala commum”, contudo não se abre

| figura 18 | Projeto de casa econômica, em 1928. Um casal sem filho ou com um só filho, enquanto este não passar dos cinco annos, poderá perfeitamente viver em uma casa onde o mais elevado gráo de conforto lhe proporcione uma felicidade perfeita, limitando-se a gastar nessa casa o que gastaria com a aquisição de um automovel barato, (...) trata-se, pois, de uma casinha cuja superficie resume-se na insignificante metragem de quarenta e nove metros quadrados, onde porem foram observados todos os preceitos de bom gosto e conforto. A sala de entrada ou sala commum é relativamente espaçosa e os vãos de todas as portas e janellas foram dispostos de modo a permittir um dispositivo agradavel ao mobiliario desta sala, temos a esquerda uma porta envidraçada dando entrada para o dormitorio, desta dependencia teremos a entrada para a cosinha; dirão agora os nossos leitores, do inconveniente desta communicação directa do dormitorio com a cosinha, mas isso é bem justificavel, em primeiro porque uma cosinha, mormente quando se trata de pouca gente, é um logar onde deve dominar o mais rigoroso asseio, em segundo porque esta porta deverá, neste caso, permanecer sempre fechada, servindo apenas para evitar que se tenha que passar pe-

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la sala, onde se encontrem pessoas extranhas, para se ir ao banheiro ou á cosinha, e em ultimo caso para se ir ao gabinete. A cosinha é espaçosa e num de seus ângulos collocamos uma mesa com dois bancos, esse recanto da cosinha será o refeitorio commum da pequena família que, installada de um modo elegante e moderno, mesmo na cosinha não poderá negar que se alimenta num ambiente onde predomina um certo conforto. Dessa dependência da casa teremos entrada para o banheiro e W.C. passando por um pequeno corredor que termina com uma porta de entrada para o Gabinete. Este gabinete está ligado á sala commum apenas por um arco ou vão de verga recta de um metro e meio de largura, é o logar onde o dono da casa receberá os seus amigos, onde fará o seu repouso, a sua hora de leitura.

mão do “gabinete”, espaço masculino para receber amigos e ler. Estabelece-se a circulação íntima, com abertura direta do dormitório para a cozinha, evitando que tal fluxo ocorra por um ambiente de função social.77 Eduardo Fernando Chaves em 1930 projeta para o banqueiro Hermano Franco Machado um conjunto de oito residências geminadas [088], uma cottage [091] e um edifício de uso misto [089], localizados na Rua Bruno Filgueiras entre as avenidas do Batel e Visconde de Guarapuava. As casas foram implantadas em “L”, com a cottage posicionada no cruzamento das linhas. Cada uma apresenta dois pavimentos e área construída variando entre 189 e 254 m², afastamento dos limites do terreno e edícula destinada à garagem. O programa é constituído por hall, salas de visitas e jantar, cozinha e despensa no térreo e quatros quartos, banheiro e sala do trabalho no pavimento superior. A cottage, de maiores dimensões, possui no primeiro piso escritório, instalações sanitárias e sala de almoço, no lugar da copa; e no segundo, toilette e quarto de empregados. A configuração será usual, nas residências de mesmo porte, na década seguinte.

| figura 19 | Projeto de Cottage para Hermano Franco Machado [091], em 1930.

| figura 20 | Projeto de residências geminadas para Hermano Franco Machado [088], em 1930. As construções integram um grupo de nove habitações, sendo a de maior porte localizada em ponto privilegiado na esquina da Rua Bruno Filgueiras com a Avenida do Batel.

| figura 21 | [ao lado] Projeto de sobrado com uso misto para Hermano Franco Machado [089], em 1930, alinhado no limite frontal do terreno e de solução formal eclética, localiza-se em frente ao conjunto de cottage e residências geminadas, demonstrando a convivência de diversas tipologias e linguagens formais.

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A exemplo do que se vem notando em outras cidades de progresso e desenvolvimento rapidos, Coritiba, pode ter em conta de uma cidade onde um palmo de terrenos vale uma fortuna. Ha tres annos atraz quando alguem cogitava de construir uma casa, não lhe faltava terrenos nos pontos mais destacados da cidade, e pelos mais reduzidos preços, hoje tudo mudou e a despeito da immensidade de “villas”, de terrenos a prestação, cujas plantas vemos a todo momento afixados no placard dos correctores de terrenos, os seus preços tendem a subir sempre. É claro que ao comprador, ao pobre interessado na construcção de uma casinha, esta majoração de preços, vem trazer umas tantas difficuldades. A nós que observamos este estado de cousas, vemos esta alta dos preços de terrenos com satisfação de quem vê n’este movimento um surto de progresso e o facto é que mesmo por alto preço difficilmente se encontra um lote isolado, nas proximidades do quadro urbano da cidade, e claro está que algum que ainda exista, seja vendido a peso de ouro, e não fosse isso não estariam os arredores da nossa capital, salpicados de telhados novos, n’uma manifestação esplendida e animadora de prosperidade, de alastramentos de grandeza.79 Há também ações governamentais em relação à falta de “casas de morada”, como a Caixa dos Praças da Força Militar80, que tinha por objetivo construir habitações nas proximidades do quartel. Na impossibilidade da aquisição de terrenos a preços acessíveis transformou-se, em 1925, em pecúlios pagos aos seus herdeiros.81 Em 1923, o Estado cria a “Caixa de Construcção” para seus funcionários, adquire área de 69.370 m², na Estrada da Graciosa, aquém da Colonia Argelina. “Zona florescente, servida de agua, luz electrica, telephone, e brevemente, linha de bonde já em construcção”.82 A empresa Gastão Chaves & Cia. – sociedade dos irmãos Gastão e Eduardo Fernando Chaves – é responsável pela construção da Vila dos Funcionários [036], projetada pela Seção Técnica da Diretoria Estadual de Obras Públicas.83

| figura 22 | Reportagem sobre a inauguração da Vila dos Funcionários, em 1927. No detalhe, Gastão Chaves.

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| foto 10 | [abaixo, à esquerda] Vila dos Funcionários [036], em 1926. Lado direito da Avenida Bacachery. | foto 11 | [abaixo, ao centro] Vila dos Funcionários [036], em 1926. Avenida do Centro. | foto 12 | [abaixo, à direita] Vila dos Funcionários [036], em 1926. Lado esquerdo da Avenida Bacachery.

Em terrenos para isso adquirido no Juveve, fez o governo construir uma elegante Villa, com excellentes moradias e conforto urbano, taes como bond, luz installações sanitarias e arruamentos. A inauguração desta Villa realizou-se no dia 31 do mez e anno findos [dezembro de 1926], sendo a chave de ouro com que o governo realizador do Sr. Munhoz da Rocha fechou 1926. Ao acto estiveram presentes varias autoridades e grande numero de convidados e nelle tocou a banda da Força Publica. AS CONSTRUCÇÕES Impressionou vivamente todos os que compareceram á inauguração da Villa dos Funccionarios, não só a elegância das vivendas construidas, como a perfeição de seu acabamento. São casas economicas, baratas e todavia todo o material empregado é de primeira qualidade e a mão de obra foi carinhosamente cuidada, apparentando as varias casas o conforto e o luxo das construcções de alto preço. Esse milagre foi conseguido pela firma Gastão Chaves & Cia, empreiteira das obras, que nellas deixou firmado o melhor attestado da sua idoneidade profissional e demonstrou cabalmente a efficiencia dos recursos technicos de que dispõe. Não há muito tempo que a firma Gastão Chaves & Cia., tendo á sua frente a figura sympathyca e buliçosa do dr. Gastão Chaves iniciou sua existência e já se contam por dezenas as obras architectonicas com que vem embellezando a nossa cidade. A Villa dos Funcionarios, composta de casas baratas, ostenta o aspecto de um bairro elegante aristocrata. Foi este o milagre que a intelligencia e a technica dos directores daquella firma puderam realizar.84

O texto elogia, nas 11 “casas econômicas e baratas da Villa dos Funccionarios”, características das “construcções de alto preço”, dotadas da infraestrutura urbana, de acordo com as virtudes do bem-morar e do bem-viver. No entanto, 150

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para viabilizar a iniciativa foram adquiridos terrenos em região afastada do centro da cidade e estendida a infraestrutura, pelos executivos estadual e municipal, que prolongaram a linha de bondes e, consequentemente, a eletricidade, custeando o material e a mão-de-obra.85

| figura 23 | [à esquerda] Projeto de casa tipo 1 – Vila dos Funcionários [036]. | figura 24 | [ao lado] Projeto de casa tipo 2 – Vila dos Funcionários [036].

Hoje [1929] constroe-se um predio a cada 5 horas.86 Periódicos, como o Indicador Profissional de Curitiba, anexo ao Guia Telephonico de 1927, listam numerosos escritórios de arquitetos, construtores e engenheiros, revelando a intensa atividade na construção civil em Curitiba durante a década de 1920. Entre eles, a Empresa de Gastão Chaves, na qual Eduardo Fernando Chaves responde como arquiteto e construtor. Architectos: Empreza Técnica Constructora A. Garcez. Rua Marechal Floriano, 8 - telefone n° 211 Gastão Chaves & Cia. Praça Tiradentes, 33 - telefone 680 Ludovico Doetsch. Rua Quinze, 105 - telefone 182 Constructores: Empreza Técnica Constructora A. Garcez. Rua Marechal Floriano, 8 - telefone n° 211 Gastão Chaves & Cia. Praça Tiradentes, 33 - telefone 680 J. Muzzillo & Filhos. Rua Marechal Floriano, 154 - telefone nº 353 Engenheiros Civis: Oswaldo Pacheco de Lacerda. Rua Visconde de Guarapuava, 187 - sem telefone 87

| figura 25 | [acima, à esquerda] Projeto de casa tipo 3 – Vila dos Funcionários [036]. | figura 26 | [acima, ao centro] Projeto casa de tipo 4 – Vila dos Funcionários [036]. | figura 27 | [acima, à direita] Projeto de casa tipo 5 – Vila dos Funcionários [036].

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Apesar dos muitos incentivos, em abril de 1928, o Prefeito Eurides Cunha manifesta ser “desanimadora a expectativa do augmento material desta Capital”, pois nos últimos seis meses foram autorizadas, somente, a construção de 62 casas de alvenaria e 143 de madeira. Propõe à Câmara Municipal a aprovação e o encaminhamento ao Congresso Legislativo do Estado de isenção por dois anos dos impostos “das casas edificadas no decorrer de 1928, dando qualquer outro favor aos proprietarios de terrenos que edificarem ou dando andamento ao projeto de imposto progressivo sobre terrenos não aproveitados”.88 Argumenta ainda sobre a revisão do acordo com o Estado, que recebe, desde 1904, o imposto predial da capital – como contrapartida do pagamento da “dívida da Prefeitura para com a Empreza de Luz” – e que “ganhou 4.706 contos, pouco mais pouco menos”, no período.89 Somente em 1934, por intermédio dos decretos n.° 2.299 e n.° 39 (Estadual e Municipal, respectivamente), a “arrecadação, uso e goso do imposto predial” reverte para Curitiba, que passa a administrar e custear “os serviços de iluminação publica e a manutenção da Guarda-Cívica”, além de incorporar os funcionários [estaduais] que já se achavam incumbidos dos serviços”.90

| figura 28 | Residências nos “bairros elegantes de Curityba”, em 1927. Curityba é uma cidade linda. À nobreza de sentimentos de seu povo casa-se à poesia de uma natureza encantadora, em cujas paizagens se recortam, num perfil de sonho, os cultos heraldicos dos pinheiros decorativos e solemnes. Mas ao lado da natureza, a mão do homem vae realizando uma obra notavel de aformozeamento urbano, tendente a tornar bella a capital paranaense uma das mais modernas e attrahentes cidades do Brasil. São praças publicas, jardins e logradouros que se remodelam, predios novos que surgem, numa suggestiva variedade de estylos, interessada também a iniciativa particular no progresso local. 91

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A arrecadação da matrícula e marcação de veículos ganha importância e alcança, em 1927, o valor de Rs 237:367 $000,92 refererente a 4.157 registros: “2.750 são de tracção animal e 1.407, de tracção mechanica” (1.000 automóveis, 10 onnibus e 325 auto-caminhões). O “numero de automoveis em transito attingio 2.281”, circulando principalmente no centro, nas ruas asfaltadas recentemente: Barão do Rio Branco, Comendador Araújo (entre Praça Osório e Desembargador Motta), 15 de Novembro (entre Garibaldi e João Negrão), Dr. Muricy (entre 15 de Novembro e Praça Zacarias) e na Praça Santos Andrade (na face com 15 de Novembro).93 Acompanhando o desenvolvimento da cidade, a legislação municipal em 1928 prioriza a higiene, complementando as ações realizadas pelo Estado. Desde o início da década de 1920, Curitiba vem sendo dotada de uma rede de instituições de isolamento que recolhem, corrigem, educam e tratam de idosos, mendigos, criminosos, menores abandonados, órfãos e doentes. O município também normatiza atividades diretamente relacionadas à saúde pública, como o processo de abate de animais, a comercialização de alimentos, a produção de leite e a venda de água mineral. Em 1929, é definida a zona suburbana, compreendendo a área entre o quadro urbano – com reduzidas alterações em relação aos limites de 1903 – e as diversas estradas de ferro que circundam a cidade.94 Caracteriza-se por loteamentos populares, construções em madeira e baixa densidade populacional, como as vilas dos Funcionários, Gabardo e Guaíra onde a Empresa Gastão Chaves & Cia e Eduardo Fernando Chaves projetam e executam casas econômicas [mapa 2, página 154]. Na Vila Guaíra, entre 1927 e 1928, são edificadas seis residências em madeira – material abundante, de baixo custo e sujeito a inúmeras leis que alternadamente proibiam e permitiam sua utilização nas três zonas do quadro urbano – com área variando entre 49,00 e 240,00 m². Todos os exemplares estão isolados no lote95 e têm zoneamento pouco delimitado, fluxos cruzados e a inexistência de circulações. O programa arquitetônico apresenta pequena variação, fruto das diferenças de tamanho entre as casas: sala de visita e/ou de jantar (zona social), um ou mais quartos (íntima); cozinha e, às vezes, despensa (serviço); além de instalações sanitárias internas, em alguns casos. No entanto, as casas geminadas para Pedro Gabardo [065] a serem construídas no Loteamento Planta Gabardo, com 33 m² cada uma, possuem um programa ainda mais enxuto, com apenas dois quartos e cozinha.

| figura 29 | Propaganda da Vila Guaíra, em 1928.

Os indícios do progresso da capital relacionando asfalto e transporte são exaustivamente aplaudidos na imprensa. Em 1927, lê-se nas páginas do Jornal Gazeta do Povo: “Como os antigos bandeirantes! O Ford fazendo a ligação do ‘interland’ com A DÉCADA DE 1920

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a civilização. O 10.452 de São Paulo estacionando no asphalto de Curityba” e “Em 11 anos, 9 mezes e 9 dias foram construídos 175.000 carros pela Dodge Brothers. Podiam-se levantar com elles varias dezenas destas pyramides”. Os poucos automóveis para passeio circulantes na capital podiam ser adquiridos nas várias concessionárias que vendiam, entre outros, o “Oakland – um sonho de belleza!” – por 14:000$000, movido a “Gasolina Texaco 400” e equipado com o novo “pneu Dunlop Balão”. Automóveis e asfalto representam o ápice do conforto, cosmopolitismo, progresso, modernidade e status, qualidades do bem-viver urbano.

| mapa 2 | Loteamentos populares com projetos e construções de Eduardo Fernando Chaves. O mapa indica três conjuntos de casas econômicas construídas na zona suburbana de Curitiba pela empresa Gastão Chaves & Cia. e Eduardo Fernando Chaves: Vila dos Funcionários e residências no Loteamento Gabardo e na Vila Guaíra. Todas próximas aos trajetos das linhas de bondes, viabilizando o deslocamento da população.

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| figura 30 | Projeto de residência para Pedro Gabardo [065] – LOTEAMENTO GABARDO, em 1927.

| figura 31 | Projeto de residência para Peter Muller [067] – VILA GUAÍRA, em 1927.

| figura 32 | Projeto de residência para Reinhardt Mathez [074] – VILA GUAÍRA, em 1928. A residência Reinhardt Mathez possui quatro ambientes, priorizando a zona social com as salas de visita e jantar. A casa de Peter Muller conta com sala, cozinha, despensa, instalações sanitárias internas e dois quartos.

| figura 33 | Projeto de residência para Carl Chyla [071] – VILA GUAÍRA, em 1928. Casa projetada e construída em madeira, com dois pavimentos apresenta dimensões e características plásticas poucos usuais na Vila Guaíra.

Outro fator importante a ser considerado é o fornecimento de eletricidade aos domicílios que abre o mercado para o consumo de eletrodomésticos, favorecendo inicialmente a indústria estrangeira, e dispõe de lojas nas próprias concessionárias. As empresas importadoras, utilizando-se dos jornais e das revistas como suporte publicitário, vendem mais do que os produtos, oferecem a possibilidade do comprador ingressar no mundo do progresso e da civilização. É recorrente nos periódicos os anúncios sobre “Vitrolla orthophonica Victor”, máquinas elétricas A DÉCADA DE 1920

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para lavar, roupas ao custo de Rs 1:000$000, máquinas rápidas para tricotagem e roupas brancas, movidas à força motriz, produzidas na Alemanha, lâmpada Osran, cinema em casa com a câmera para filmar Pathe-Bay e a geladeira elétrica automática Frigidaire, entre outros.

| figura 34 | Propaganda da Casa Chaves, em 1925.

| figura 35 | Propaganda da Casa Chaves, em 1928.

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Eduardo Fernando Chaves encontra-se inserido neste universo e, como sócio do irmão Gastão Chaves – formado em Engenharia Electrica nos EUA – participa da empresa Gastão Chaves & Cia de “electricistas e architectos, engenheiros constructores”, com uma “secção de electricidade” e outra de “construcções”, cujo “escriptorio de architectura” projetava, construía, empreitava e fiscalizava obras de alvenaria e concreto.98 UM MUSEU DE LUZES O gabinete de illuminação montado pela Casa Chaves Por intermedio de miniaturas e de comparações, cada um escolhe a luz que lhe convem. É do feitio do nosso jornal prestigiar as energias capazes e as iniciativas uteis, maxime quando ellas surgem dispostas a lutar e a vencer pelo bem collectivo. Neste caso, justamente, estão as realizações que aqui serão lembradas, menos com o intuito de fazer elogio pessoal dum conterraneo esforçado, do que divulgar aos leitores, possibilidades de progresso que estão ao seu dispor. Ainda está na lembrança de todos o que era Curityba em assumpto de illuminação particular quando a empreza arrendataria dos serviços de força e luz possuia o odioso monopolio das installações domiciliares. Não dispunhamos de nenhum aprefeiçoamento, porque a South nem tinha material, nem pessoal para realizar as modernas, praticas e luxuosas installações que, hoje, fazem a belleza das residencias e das casas commerciaes. Foi o dr. Gastão Chaves quem trouxe a Curityba a arte – podemos chamar arte de iluminar. Era um moço conterraneo, por isso, ninguem lhe dava o justo valor, nem acreditava na victoria da causa que se propoz a defender. Sosinho, porem, empreitou a luta contra a South. Empenhou actividade incansavel, com capitaes proprios. Lutou sem esmorecer e venceu, ganhando uma causa que é mais do povo que propriamente sua, porque o maior, o grande beneficiado, foi o publico curitybano, que passou a usufruir os beneficios que resultam da concurrencia livre na mão de obra das installações electricas. O jovem engenheiro paranaense não dormiu sobre os louros da Victoria. Prossegue incansavel na sua tarefa de constructor. Agora mesmo acaba de installar o primeiro gabinete de illuminação que o Brazil possue, de propriedade particular. Uma exposição de luzes Não é outra cousa o gabinete de illuminação. É um mostruario, com apparelhos e installações especiaes, onde quem desejar poder ir escolher o systhema


de illuminação que necessita para a sua residencia ou a sua casa de commercio. Desde a antiga lampada, avermelhada, de filamento de carvão, até ás modernissimas fontes de azul leitosa, que iguala a luz dos raios solares, o espectador aprecia no gabinete que a popularissima Casa Chaves montou, podendo fazer um interessantissimo confronto dos progressos da sciencia, ou melhor, da arte de illuminar. Illuminações directas e indirectas, coloridas, cambiantes, projectadas pelos reflectores, todos os systemas possiveis são demonstrados ao visitante da Casa Chaves, em miniaturas de vitrines, de gabinetes, de camaras. É possivel, assim, cada um escolher a luz que lhe convem e que melhor realça os mostruarios. Em nossa visita ao gabinete de illuminação da Casa Chaves tivemos uma impressão magnifica e ficamos convencidos da utilidade pratica que o publico tirará de semelhante museu de luzes. Só temos palavras de elogio para o profissional conterraneo que tantos progressos tem introduzido em nossa cidade.100 Desde 1922, ano em que se forma engenheiro civil, muitos projetos de Eduardo Fernando Chaves são executados por intermédio da empresa, situada na Praça Tiradentes, n.° 33, onde também funcionava a Casa Chaves.101 São resultados desta sociedade: a Vila Odette [1923 [027]], de Agostinho Ermelino de Leão Junior; a residência de Ulysses Vieira [1923 [024]]; o Bungalow de Seraphim França [1924 [025]]; os palacetes de Guilherme Weiss [1924 [022]] e de Fidelis Reginato [1925 [041]]; a Vila Ida, de Paulo Grötzner [1926 [046]], entre outros. Na produção relacionada, quatro exemplares são casas de grande porte – Weiss, Leão, Grötzner e Vieira –, e as de Reginato e França, de médio. No primeiro grupo, o Palacete Weiss [022] é o de maior dimensão, destinado a abrigar quatro pessoas, o casal e duas filhas. O dinamismo e a modernidade de Guilherme Weiss materializam-se na residência que constrói para a família localizada em região nobre e central, situada na primeira zona da cidade. O Palacete Weiss contou com toda infraestrutura urbana existente: pavimentação das ruas fronteiras, eletricidade e iluminação pública, abastecimento de água potável e telefone.102

| foto 13 | Eduardo Fernando Chaves em sua formatura, 1922. Durante a longa formação acadêmica (1914 a 1922), atuava profissionalmente como projetista e construtor fiscal de obras. Ausentou-se da Faculdade de Engenharia do Paraná nos anos de 1917, 1919 e 1920, quando projeta e constroi a Vila Olga e participa do concurso da sede do Banco Nacional de Comércio em Porto Alegre. A habilidade e experiência como desenhista rendeu-lhe notas altas nas cadeiras de Desenho Linear e de Aquarela (1914, grau 9 13⁄21), Geometria Descritiva (1915, grau 8 1⁄4), Trabalhos Graficos (1921, grau 9 2⁄3), Desenho e Projectos de Architectura (1922, grau 10) e Architectura Civil, Higiene dos Edifícios e Saneamento das Cidades (1922, grau 9,83).99

A residência foi objeto de três projetos arquitetônicos – em 1922, 1923 e 1924103 – construída em terreno amplo, com largura reduzida, limitado por três ruas: Comendador Araújo, Visconde do Rio Branco e Vicente Machado. A edificação encontra-se afastada de todas as divisas, com acesso principal voltado para a esquina das ruas Comendador Araújo e Visconde do Rio Branco. A monumentalidade é potencializada pelo volume dos dois pavimentos, a composição movimentada e requintada formalmente e o acento da verticalidade com o uso de A DÉCADA DE 1920

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| foto 14 | Palacete de Guilherme Weiss [022], sem data, situado na primeira zona, região beneficiada com a infra-estrutura urbana: rua pavimentada, com passeio, arborização e iluminação pública. Em destaque, o conjunto da entrada principal: o portão principal em ferro, ladeado por globos de iluminação, e a porta de entrada protegida por marquise de ferro e vidro.

| figura 36 | [acima] Plantas dos pavimentos térreo, superior e de cobertura do Palacete Guilherme Weiss [022], 1924. | figura 37 | [acima, à direita] Fachada frontal e corte do Palacete Guilherme Weiss [022], 1924.

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três elementos que ultrapassam a platibanda: um torreão, uma torre e uma bow-window.104 Esta ilumina o patamar da escada e é finalizada por cúpula. A assimetria e o jogo de volumes, presentes na planta e nos alçados, marcam o edifício. A entrada principal, situada na esquina, é protegida por graciosa marquise de ferro e vidro e está no alinhamento do imponente portão frontal.105 Os demais acessos foram locados nas ruas Comendador Araújo (para veículos) e Visconde do Rio Branco (próximo à cozinha e destinado á carga e descarga do serviço). A casa, já demolida, contava, nos fundos do terreno (voltado para a Rua Vicente Machado), com horta e garagem.

São quatro acessos independentes para a casa: o principal; o do escritório; o de serviço, nos fundos, e, por fim, um ao lado da escada, para embarque e desembarque de passageiros. Com zoneamento definido e claramente inspirado na casa moderna de Guadet, a residência tem, no térreo, os ambientes de sociabilidade (em número de sete): a sala de espera é o primeiro, ligada ao salão de recepções e à sala de música; em seguida, o hall distribui o fluxo para o escritório, o salão de jantar, a escada de acesso ao pavimento superior ou ainda para o quarto e o toilette reservados a hóspedes. Contíguos ao salão de jantar encontram-se o fumoir e a sala de estudo. Ao fundo e à esquerda, o conjunto de serviço: cozinha, copa, despensa e quarto de criada. As instalações sanitárias e para banho encon-


tram-se próximas à cozinha e são antecedidas por um lavabo. No pavimento superior situam-se os aposentos do casal (dormitório e toilette), quatro quartos, a toilette, o salão de trabalho, a sala de banho e w.c. e o acesso à torre, com privilegiada vista da região. Em 1926, Paulo Grötzner, já com os três filhos casados e morando em suas próprias casas, encomenda o projeto de uma nova Vila Ida [046] para Eduardo Fernando Chaves, a primeira fôra construída ao lado de sua indústria no Alto do Cabral. Em dezembro de 1927, na fase final de construção, a residência é elogiada na Revista Illustração Paranaense. A austeridade ornamental, exaltada no texto e revelada nas imagens, tem como contraponto a composição movimentada – propiciada pelo jogo de volumes e de cheios e vazios – da edificação bem posicionada em terreno que domina a cidade. Vivenda elegante As construcções modernas acompanham o espirito da epoca. Estamos no tempo da simplicidade... O estylo das vivendas de hoje tem muito da nervosidade febricitante que torturiza o homem actual. Nada de gongorismo... Nada de superfluidades, banalidades... O estylo moderno, abandonando as feligramas do renascimento e do ghotico, conseguiu a plasticidade do util. Dois aspectos da villa do snr. Paulo Grötzner, adiantado industrial paranaense illustram nossa pagina. Pela sua simplicidade, longe dos requintes mouriscos e italianos, tem muito de agradavel e attrahente!... Situada no alto da rua Dr. Muricy, dominando todo o panorama da nossa urbs, a linda vivenda “IDA” toda branca, destaca-se dentre todas naquelle pitoresco bairro. O interior dentro da sua simplicidade austera é luxuosíssimo e confortavel.106 A aparente contradição entre a “simplicidade austera” e o luxo e o conforto do interior traz em sua raiz uma importante discussão daquele momento: os atributos da obra arquitetônica e do bem-morar. Ao mesmo tempo em que ganham destaque a funcionalidade, o uso de técnicas e materiais construtivos inovadores e a ausência de ornamentação, são introduzidos, no cotidiano e nas residências mais abastadas, novos equipamentos, acessórios e mobiliários, em nome do conforto, modernidade e luxo.

| figura 38 | Propaganda da Fábrica Lucinda, de Paulo Grötzner, em 1917.

| foto 15 | Vila Ida I, sem data residência da Família Grötzner no Alto do Cabral, entre 1912 e 1927, quando se muda para a Villa Ida II, na Alameda Dr. Muricy. Eduardo Fernando Chaves, como professor da Faculdade de Engenharia, na década de 1930, levava seus alunos para comprovar as corretas proporções da colunata toscana, presente em todo o perímetro da casa.

| foto 16 | Vila Ida II, em 1927.

Referindo-se apenas à construção, documentos mostram uma obra com equipamentos, materiais e acessórios onerosos e, muitas vezes, importados. Os ladrilhos A DÉCADA DE 1920

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| figura 39 | Orçamento da instalação da rede hidrossanitária na Residência de Paulo Grötzner, de 15 de janeiro de 1927, realizado pela Diretoria dos Serviços de Água e Esgotos.

| figura 40 | Projeto de “Villino para Paulo Grötzner” [046], 1926. Destaca-se na fachada frontal, voltada para a Alameda Dr. Muricy, o alto muro, indicando a acentuada inclinação do terreno.

cerâmicos vieram, em 15 de setembro de 1926, da Antuérpia, na Bélgica, comprados de Lamm Bros. & Co. Ltd. e colocados em seis ambientes (cada qual apresentando desenho próprio escolhido em catálogo), como cozinha, instalações sanitárias, varanda de entrada, hall de serviço. Já a instalação elétrica foi realizada por “Byington & Co. Engenheiros – Eletricistas – Importadores”, com filial no Paraná, situada à Rua 1° de Março, 22, que totalizou Rs 3:606$300, destacando-se no rol de materiais um quadro de campainhas com quatro números para chamar os empregados. Toda a funilaria foi executada por “Augusto Mäueler & Umbria – Officina de Caldeireiro e Funileiro”, sito à Praça Tiradentes, 23, ao custo de Rs 3:637$975. A relação de materiais contém, entre outros, 90 quilos de piche, destinados à impermeabilização; calha e condutores para galinheiro; e guarnição de zinco para duas chaminés (fogão à lenha na cozinha e lareira na sala de jantar). O empreiteiro Raphael Greca, em 27 de julho de 1928, apresenta cobrança de Rs 3:311$750 referente à movimentação e transporte de terras e à execução de calçamentos interno e externo, passeio e guia. A “Vidraçaria Vitraux – Fabrica de Vitraes e Quadros Officinas de Biseautagem e Espelhação”, de Reinaldo Van Der Osten, Rua Marechal Deodoro, n.° 42 – coloca, em junho de 1927, nas portas e bandeirolas “crystaes bisauté”, “vidros simples com filletes biseauté collocados” e “vidros simples”. A “Directoria dos Serviços de Agua e Esgotos”, em 18 de janeiro de 1927, fornece orçamento no valor de R$ 4:128$200, no qual consta a instalação de uma “caldeira cylindrica de 120 litros” e tubos de

| foto 17 | Vila Ida II [046], sem data - em construção.

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ferro galvanizado – indicando o fornecimento de água quente –, e de materiais mais refinados como uma “bacia de louça fina”, com “assento de imbuia duplo”. O terreno, de dimensões reduzidas e com grande aclive, impõe solução específica, com garagem e quartos de empregados situados no porão da edificação, tendo somente como construções anexas, pequeno depósito e galinheiro. O palacete de Fidelis Reginato [040] projetada para a Praça Senador Correia não foi construído, mas duas outras obras de Eduardo Fernando Chaves marcaram presença no local: as casas de Dante Romanó [042] e de Candido Mäder [057]. Estão localizadas no lado direito da praça, que pertencia à família de Nicolau Mäder e onde também se encontravam a moradia do patriarca e as de Alfredo de Assis Gonçalves e Odilon Mäder.

| figura 41 | Projeto de Palacete para Fidelis Reginato [040], 1925 - não construído.

| foto 18 | Residência de Candido Mäder [057], sem data, na Praça Senador Correia.

| foto 19 | Residência de Dante Romanó [042] e o detalhe da calçada com o nome do médico.

| foto 20 | Residência de Dante Romanó [042], sem data, na Praça Senador Correia.

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A maior parte das residências de médio e grande porte possui no programa o escritório ou a biblioteca, destinados a atividades masculinas. A especialização dos ambientes na casa moderna valoriza a privacidade, reservando aos espaços do trabalho uma frequência eventual, com a separação dos demais ambientes garantida por acessos independentes e localização fronteira. No entanto, algumas vezes, os escritórios adquiriam maior importância e passavam a abrigar a atividade principal do dono da casa, normalmente profissionais liberais: médicos, engenheiros e advogados. Em tais circunstâncias, a delimitação púbico-privado era mais evidenciada, definindo-se acessos distintos aos ambientes domésticos e de trabalho, como o do consultório de Dante Romanó [042] e o escritório do advogado Ulisses Vieira [024]. Dois edifícios situados na Rua 15 de Novembro, coração da cidade, – os palacetes Müller [041] e Lustoza [031] – são também representativos no trabalho conjunto dos irmãos Chaves: possuem três pavimentos, de composição elaborada e vocabulário eclético.

| figura 42 | [abaixo] Fachada frontal e corte do Palacete Müller [041], 1925. | foto 21 | [à direita acima] Rua 15 de Novembro, sem data. À direita, o Palacete Müller [041], já demolido. | foto 22 | [à direita abaixo] Palacete Lustosa, 2012.

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Paralelo à participação na Empresa Gastão Chaves, Eduardo mantém produção constante no seu escritório de arquitetura. No ano de 1924, constam projetos com apenas a sua assinatura: o depósito de mercadorias para a empresa Seiler & Cia [de 800 m² [032]], na Rua João Negrão, próximo à Estação Ferroviária; o escritório de Maria Dolores Leão da Veiga [de 144 m² [026]]; e as residências de Rodolfo Altrich [155 m² [029]]; José Bellegard [210 m² [033]]; e de Álvaro Teixeira de Freitas [144 m² [034]].


| figura 43 | [acima] Projeto de alteração da fachada frontal do Palacete Lustosa [031], 1925 com modificação de fachada. | figura 44 | [ao lado] Projeto do Palacete Lustosa [031], 1924.

Primeira versão da fachada do Palacete Lustoza [031], de 1924, modificada no ano seguinte: a cúpula localizada no encontro das ruas 15 de Novembro com a Barão do Rio Branco foi descartada, dando lugar a um chanfro arrematado por elaborado frontão.

Os projetos executados e aprovados no ano de 1924 mostram a versatilidade formal de Eduardo Fernando Chaves: uma casa eclética – com tripartição da fachada, alternância entre vãos de verga reta e em arco pleno, ornamentação profusa, platibanda elaborada e acesso lateral; versões mais contidas para bungalow e residência, com predominio das linhas retas, poucos elementos ornamentais e acentuação da cobertura na composição; e o palacerte de Luiz Feliciano Guimarães, “typo Castello, renascimento francês”.

| figura 45 | [ao lado, acima] Fachada frontal da residência para Rodolfo Altrich [029]. | figura 46 | [ao lado, ao centro] Fachada frontal da residência para José Bellegard [033]. | figura 47 | [ao lado, abaixo] Fachada frontal do bungalow para Álvaro Teixeira de Freitas [034]. | foto 23 | [acima] Antigo Palacete Guimarães [030], em 2011.

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O Palacete Guimarães [030] é construído, entre 1924 e 1928, pela empresa Bortole & Bergonse, sob sua direta fiscalização. A Casa Chaves & Cia forneceu alguns materiais construtivos, como as portas internas. É a obra de maior porte projetada pelo engenheiro, com três pavimentos totalizando 1.286,82 m² de área construída, considerada “a mais linda e majestosa residencia de Curityba que honra sobremodo o progresso da cidade”107, sempre lembrada pela imprensa como “elegante”.

| figura 48 | [à esquerda] Recibo de pagamento a Eduardo Fernando Chaves pela administração da construção do Palacete Guimarães, em 20 de dezembro de 1924. | figura 49 | [à direita] Orçamento apresentado pela Casa Chaves para o fornecimento das portas do Palacete Guimarães, em 26 de abril de 1926.

Nossas residencias elegantes O inglez, povo frio e fleumatico, tem o lar em conta de um oasis no termo do deserto da vida cotidiana... Por isso o ideal de todos os Curitybanos é o da conquista da moradia propria, alcançando assim o tecto para sempre e sem a constante e assustadora preoccupação do aluguel, accrescido com as tyrannicas exigencias dos senhorios. Elegantes vivendas, pequeninos chalets de madeira, commumente brancos como arminhos, com um pequeno jardim á frente e uma ligeira horta nos fundos, eis o que se vê pelos arrabaldes da cidade... Todos possuem sua casa... Temos a madeira e a pedra, a cal, os tijollos, as telhas, emfim tudo para edificarmos com facilidade, que ás vezes suggere-nos a conjectura: – Como resolverão este problema os habitantes das outras cidades – que quase tudo lhes falta? Talvez uma ou duas cidades brasileiras nos levam vantagens em construcções particulares. Em todos os recantos da urbs, erguem-se “bungalows” e vilinos de todos os tamanhos e de todos os estylos. – Entre essas innumeras moradias confortaveis, destacam-se uma centena dellas pela sua optima construcção, acabamento, solidez e toque final. A nossa pagina é uma prova do que afirmamos. Quatro elegantes e confortaveis vivendas illustram-na.108 O texto ressalta a “philosophia de vida britânica”, relacionada ao movimento Arts and Crafts, propondo o retorno à natureza e a adequação do edifício ao entorno, 164

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por intermédio de projeto sofisticado, cheio de sutilezas, respeitando a individualidade, as necessidades e os desejos do proprietário109, isto é, virtudes do bem-morar. A apresentação de casas abastadas nos periódicos atende ao concurso instituído pela municipalidade, no qual a mais bonita construída naquele ano ficará isenta de impostos municipais. Urbanisação de Curityba O concurso das habitações particulares instituido pela Municipalidade Com o desejo deveras louvavel de orientar todos os incentivos no sentido de cultivar o bom gosto e a harmoniosa belleza na construcção dos predios da nossa linda capital, a Municipalidade de Curityba instituiu um concurso do qual participaram as principaes constructoras aqui estabelecidas. Evidentemente é um processo intelligente cuja pratica assidua representa uma cooperação inestimavel ao desenvolvimento do senso esthetico que deve presidir á erecção de edificações que atestarão, pelos annos afora, o gráo de civilização e de cultura da nossa terra e da nossa gente. No concurso em apreço se inscreveram numerosos constructores, apresentando cada um o que mais bello havia produzido.110 Ganham o concurso as moradias de Leonidas Ferreira e de Ivo Leão111, consideradas “obras de arte”, de “aprimorado bom gosto e conforto”, “de encantadora belleza” e “perfeitamente á altura da evolução cultural e do desenvolvimento esthetico da cidade”. Mesmo sem o prêmio, o Palacete Guimarães, a Vila Odette e Eduardo Fernando Chaves continuam sendo destacados na imprensa. Curityba moderna A actuação de um jovem architecto no embellezamento da nossa capital. Com destino á Europa, em viagens de estudos, embarcará terça-feira proxima, o Dr. Eduardo Fernando Chaves, jovem e illustre engenheiro civil e architecto, que em nosso meio gosa de merecido destaque. Intelligente e estudioso, o Dr. Eduardo Fernando Chaves vem dotando, com magnificas obras, as vivendas de nossa Capital de um encanto singular, dando aos seus trabalhos um cunho todo especial, em que há perfeito acabamento e nos quaes domina sempre a esthetica, imprescindivel nas modernas construcções. Estampamos dois clichês dos seus ultimos trabalhos, os palacetes dos Srs. Luiz Guimarães e Leão Junior. Falta-nos espaço para uma descripção completa dessas luxuosas construcções, já sob o ponto de vista da architectura exterior, já em presença de seus optimos interiores. O palacete do Sr. Luiz Guimarães, situado na aristocratica Avenida do Batel, com sua harmoniosa massa architectonica, que nos faz lembrar os antigos castellos francezes, é a mais linda e majestosa residencia de Curityba e honra sobremodo o nosso progresso, ao mesmo tempo que realça os profundos conhecimentos technicos e artisticos de seu architecto. O palacete do Sr. Leão Junior é outra linda obra de arte, situada em excellente ponto, no Alto da Gloria, digna tambem de figurar entre as melhores residencias particulares de qualquer grande cidade. Como archietcto da conceituada firma de engenheiros, desta praça, Gastão Chaves e Cia., o Dr. Fernando Chaves tem projectado e dirigido a construcção de grande numero de villas, vilinos e palacetes, entre os A DÉCADA DE 1920

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quais podem ser citados a Villa Olga, o Banco do Brasil, palacetes Lanzetti, Lustoza, Muller, etc., etc. No concurso para a construcção do Banco Nacional do Commercio na cidade de Porto Alegre, o projecto do Dr. Fernando Chaves obteve o 2° logar entre os demais concurrentes nacionaes e extrangeiros, sendo-lhe conferido valioso premio. Com todas essas credenciaes, é de esperar-se que nosso illustre conterraneo muito aproveitará em sua viagem de estudos de architectura e urbanismo, atravez da Europa. Ainda ontem, o Dr. Fernando, ao apresentar-nos as suas despedidas, nos disse que vae aperfeiçoar seus conhecimentos para poder, em sua volta, cooperar com os que querem transformar a nossa já formosa Curityba no jardim que merece ser. Ao illustre architecto os nossos votos de felicidade na bella viagem que vai emprehender.112 Dentre as residências projetadas por Eduardo Fernando Chaves, o Palacete Luiz Guimarães ultrapassou as fronteiras municipais e ganhou destaque nacional na Revista o Cruzeiro, em maio de 1932: A residencia e os jardins do Sr. Luiz Guimarães em Curityba As photographias destas paginas poderiam figurar numa revista franceza, como sendo uma residencia senhorial dos arredores de | figura 50 | Matéria: Curityba Moderna – A actuParis, da Normandia ou da Provença. Todavia, esta imponente ação de um jovem architecto no embellezamento da nossa capital, 1928. construcção no estylo do Renascimento francez, de tão nobres e magestosas proporções, envolta no “décor” de um parque e de jardins floridos, é a residência de um paranaense, em Curityba. Edificada com materiaes brasileiros, incluindo as admiraveis grades e seus portões de ferro forjados e batidos nas officinas metalurgicas do Paraná, e os ornamentos do parque, vasos, bancos, floreiras, fornecidos pelo Lyceu de Artes e Officios, de S. Paulo, que executou tambem o mobiliario do salão, em estylo Luiz XVI, a residencia magnifica do Sr. Luiz Guimarães é obra do engenheiro civil e architecto, Sr. Eduardo Fernando Chaves, o eminente cathedratico de architectura da Universidade do Paraná. Não é possível encarar essa residencia explendida como sendo apenas a propriedade e domicilio de um milionario, que teve a coragem e o bom gosto de a erigir. Ella é um verdadeiro attestado da cultura brasileira, nos variados aspectos e que pode apresentar-se num monumento architectonico desta natureza e certifica os requintes de civilização de um brasileiro do nosso tempo, exemplar typico do “self-made-man”, creador de riquezas, que prosseguindo e desenvolvendo a obra paterna, foi um dos maiores movimentadores da actividade agricola do “hinterland” paranaense. Neste admiravel especimen de mansão senhorial, levantada pelo Sr. Luiz Guimarães, actual chefe da firma Feliciano Guimarães & Cia., não ha apenas a considerar a obra architectonica, cujo plano foi objeto de um concurso, mas o criterio artistico que presidiu á sua ornamentação interna e a concepção e traçado dos jardins, que constituem como que sua digna moldura. O parque e os jardins da residencia são da autoria, também, 166

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do illustre professor Eduardo Chaves, que se desdobrou em architecto paysagista. A vastidão das pelouses, aleas e avenidas, o desenvolvimento dos planos, a successão das perspectivas, a distribuição do arvoredo e dos jogos de agua, tudo se combina para dotar o quadro de todos os predicados de belleza e de todos os effeitos pictoricos que é possível obter-se na arte paysagistica. O interior corresponde, assim, á belleza do exterior. É a obra de arte completa, a interpretação artistica do lar por um homem que soube transformar o trabalho em riqueza e a riqueza em patriotismo e belleza.113 O “Castelo do Batel”, assim nominado pela população, em 1953, com 25 anos de existência, foi novamente tema de revista, reafirmando a sua relação original com a modernidade, alto padrão construtivo, sofisticação, conforto e elegância. Os mais belos interiores de Curitiba O Castelo do Batel Curitiba, em 1924, embora tivesse já com 231 anos, começava a despertar, e a cidade sentia os primeiros efeitos da onda de progresso, que se traduzia na abertura de novas ruas, no planejamento de praças e, principalmente, na intensidade de construção de residências, que até hoje guardam um cunho de elegância e tradição. Pois foi justamente naquele ano que, em magnífico terreno situado na esquina da Avenida Batel com a rua Bento Viana, o Sr. Luiz Guimarães deu início à construção de sua residência, o famoso Castelo. Para quem conhece o Castelo por dentro ou por fora, e admira a beleza de suas linhas, parece impossível que ele não tenha sido projetado por um francês, e a construção parece avultar em beleza, quando sabemos que foi um paranaense, o dr. Eduardo Fernando Chaves, o principal responsável pela existência do explêndido solar. Foi ele o projetista e o superintendente de sua construção, executada pela firma Bergonse, e só quando as paredes subiam, indicando a fase final, foi o dr. Eduardo Chaves à Europa, podendo então conhecer novos detalhes, aprendidos nos castelos situados à beira do rio Loire, na França, para o acabamento daquela verdadeira obra prima da arquitetura paranaense. Hoje o Castelo, uma das atrações da “cidade-sorriso”, pertence ao Sr. Moysés Lupion, reconhecido industrial e figura de relevante destaque na sociedade paranaense.114

| figura 51 | Matéria: “Os mais belos interiores de Curitiba: O Castelo do Batel”, em 1953.

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| foto 24 | Antigo Palacete Garmatter [080], em 2011.

| foto 25 | Fachada posterior do antigo Palacete Garmatter [080], em 2011.

| figura 52 | Fachada frontal do Palacete Garmatter [080], em 1937.

| figura 53 | Fachada lateral do Palacete Garmatter [080], em 1937.3

| figura 54 | Plantas dos pavimentos térreo, superior, sótão e porão do Palacete Garmatter [080], em Curitiba – 1937.

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No final de década de 1920, Eduardo Fernando Chaves projeta para Julio Garmatter um palacete de grande porte com três pavimentos e 1.145,00 m² de área construída. Toma como modelo a Casa Rasch do arquiteto berlinense Hermann Muthesius,


de 1913.115 A solução formal contém sofisticação, imponência e austeridade, em linguagem praticamente desconhecida na cidade, distanciando-se da variedade de formas e ornamentos ecléticos ou dos padrões das vilas e bungalows correntes no período. A construção, iniciada em 1928, é concluída no ano seguinte. Os palacetes Garmatter e Guimarães – as duas maiores residências projetadas por Eduardo Fernando Chaves – encontram-se sob a proteção de tombamento do Patrimônio Estadual.116 O Mapa 3, a seguir, indica a localização das 103 obras construídas pelo engenheiro, entre 1912 e 1930, concentradas nas primeira e segunda zonas do quadro urbano, áreas que historicamente receberam infraestrutura. A Praça Tiradentes mantém sua importância abrigando um grande número de edifícios, majoritariamente de uso misto – comércio e residência – e sofisticação formal, como os palacetes de Gabriel Ribeiro (099) e do Banco do Brasil (018) e a própria Casa Chaves e seu escritório de arquitetura. As praças desempenham um papel fundamental na vida da cidade: ao longo dos 30 primeiros anos do século XX receberam sistematicamente intervenções e melhoramentos, abrigaram instituições públicas e religiosas, as sedes dos serviços de transporte, água e esgoto, iluminação, telefonia e telégrafo, além de integrar os circuitos do bonde. Foram sempre a referência da população ao circular pela cidade, portanto locais privilegiados para edifícios comerciais e de uso misto, onde Eduardo Fernando Chaves viveu, trabalhou e circulou, marcando a paisagem com sua obra. | foto 26 | [ao lado, à esquerda] Praça Tiradentes, sem data. À direita, em primeiro plano, o Palacete de V. Gabriel Ribeiro [099]. | foto 27 | [ao lado, à direita] Praça Tiradentes, sem data. O Palacete de V. Gabriel Ribeiro [099], em outro ângulo: o segundo da esquerda para a direita.

| foto 28 | [ao lado, à esquerda] Praça Tiradentes, sem data. Ao fundo, na terceira casa da direita para a esquerda funcionou a Casa Chaves. | figura 55 | [ao lado, à direita] Projeto de sobrado de uso misto para V. Gabriel Ribeiro [061], 1927.

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| mapa 3 | Obras de Eduardo Fernando Chaves [1912-1930]

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Como extensão, toda a região central, predominantemente na primeira zona, apresenta infraestrutura completa, proporcionando a seus moradores o conforto da moderna vida urbana, sendo mais uma das facetas do bem-morar e do bem-viver. Na Rua Marechal Deodoro, por exemplo, localiza-se o sobrado de Gabriel Ribeiro [061] – constituído de dois pavimentos, com duas lojas no térreo e duas residências no piso superior –, que revela o amadurecimento profissional de Eduardo Fernando Chaves e a consolidação do programa da casa moderna. São unidades para renda, nas quais estão inseridos os conceitos de setorização e fluxos independentes, especialização de ambientes e instalações sanitárias internas, em terrenos de menores dimensões, em uma configuração que será mantida em toda a década de 1930 nos apartamentos que se multiplicarão pela cidade. Na década de 1930, Eduardo Fernando Chaves irá atuar em outra conjuntura histórica, cuja força da economia baseia-se na exploração do café. Significativa é a análise do Diretor do Banco do Brasil a respeito da circulação da riqueza, no período, e, portanto, das possibilidades da atuação do arquiteto na construção civil. Em 1928, o relatório do Banco do Brasil descreve a “Situação da Praça”: Curytiba, ou melhor, dito todo o Estado do Paraná está a braços com uma rude crise que vem lhe affligindo a economia (...). O Paraná dispõe no momento de dois productos de exportação, productos estes que representam o indice de sua vitalidade economica: madeira e a herva matte Madeira: No momento é boa a situação deste producto. Com a fundação do Syndicato de Madeiras do Brasil, cooperativa organisada pelos madeireiros e exportadores deste Estado e Santa Catarina, o producto que ate então apodrecia nos portos, que era vendido nos mercados consumidores ao sabor das occasiões e quasi sempre mal cubria as despezas de frete, passou a ter cotação satisfactoria. (...) Agora que foi dado o inicio, que se conseguiu encaminhar o assumpto para terreno tão propicio, mister se faz que o Governo do Estado intervenha, que regulamente o assumpto de modo a ficar assegurado o seu exito. Herva-matte: Está em crise. É muito commum o desanimo que ora se nota não so entre os productores de herva-matte como tambem entre os industriaes do producto (hervateiros), facto porem facil de ser explicado. Vejamos: neste periodo do anno existem sempre as hervas de fins de safra, já um tanto velhas, e devido a proximidade da nova safra os mercados platinos mostram-se retrahidos, os preços baixam muito. De outro lado os hervateiros receiosos de maiores prejuizos forçam as venda na ancia de liquidar o producto da safra passada. Alem dessa causa, no momento dois factores estão influindo na industria da herva-matte: 1º a lei que regulamenta a extracção e preparo da herva-matte, 2º o surto que vae tendo no Parana a lavoura do cafe. O primeiro destes factores é passageiro e longe de trazer males, virá em futuro proximo A DÉCADA DE 1920

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estabelecer typos definidos de herva-matte, capazes de inspirar confiança, de fazerem frente a proverbial e inconteste desonestidade dos mercados platinos, por excellencia o argentino. É pensamento do Governo do Estado criar o Instituto do Matte e outras medidas. É, pois, de esperar que dentro de breve tempo, a herva reconquistará a grande maioria do mercado platino. Café: Embora seja no momento relativamente pequeno a quantidade exportavel deste producto no Estado, dada a actividade e volume de capital que vai se invertendo nessa lavoura, dentro de um prazo muito curto estará o Paraná com uma safra de cerca de dois milhões e meio de saccas de café. A zona do Estado onde as terras se prestam à cultura do café, esta localizada ao norte do Estado, limitrophe de São Paulo com a vantagem de estar ainda nova e ser de qualidade muito superior. Industrias: São de valor muito diminuto, pobres de capital, de orientação pouco firme, salvo algumas excepções (...) é campo virgem, fato de exploração geographicamente em optima situação para attender a uma grande zona do paiz, faltando apenas o impulso do capital. Comercio: O comercio de Curytba é fraco, usa e abusa muito da faculdade de credito, como se verifica com a actuação dos bancos, especial os estrangeiros, aqui estabelecidos.117

| fotos 29 a 31 | Nas imagens da Rua 15 de Novembro, em 1930, estão sempre presentes os símbolos da modernidade, como automóveis e o bonde.

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Eduardo Fernando Chaves, em julho de 1930, presta concurso para professor na Faculdade de Engenharia do Paraná, na cadeira de Arquitetura, Higiene das Habitações e Saneamento das Cidades.118 Cumprindo as exigências, redige duas monografias originais, sobre temas inéditos, para a prova de defesa da tese: uma de 37 páginas sobre Colunas, dedicada à sua família, apresentando desenhos e tabelas e tratando das ordens dórica, jônica, coríntia, toscana e compósita. Outra, dedicada ao amigo Luiz Feliciano Guimarães, com 44 páginas, sobre os “Traçados de cidades: Ruas – orientação e perfis – Praças, Parques e Jardins – Circulação”.119 O primeiro tema foi sorteado e também abordado por seu concorrente, Augusto Beltrão Pernetta, tratando-se de manual prático sobre as ordens gregas e romanas, histórico e esquemas para utilizá-las, dimensões e proporções dos diversos elementos, baseados no Tratado de Vignola. O concurso foi concorrido: Chaves – “grangeara


bom renome como arquiteto profissional altamente capacitado” –, disputa com Pernetta, “aluno excepcional detentor do mais notável histórico escolar da Faculdade de Engenharia, pontilhado de distinções em quase todas as matérias”. Após as três provas, há um empate entre os concorrentes, decidido pelo Diretor da Faculdade de Engenharia, com o voto de minerva, favorecendo Eduardo Fernando Chaves, que permanece como docente entre 1931 e 1944.120 Na apresentação do currículo, relaciona “Alguns dos trabalhos de Architectura projectados e executados sob immediata direcção do Autor, na cidade de Curityba”.121 Palacete Luiz F. Guimarães - Residência particular. Typo Castello, renascimento francês. A maior e mais sumptuosa residência particular da cidade. Amplas perspectivas interiores: salões Luiz XVI, Renascença francesa e italiana; inglês e arte-nova. Decorações complementares, luxuosas. Grande parque e jardim. Magnifica entrada; grandes portões e grades em ferro batido e forjado. Av. Batel. Villa Odette - Residência particular do Snr. Leão Junior. Estylo Normando. Salões em estylo inglês e arte-nova. Biblioteca em estylo manuelino. Apresentam os interiores magnificos trabalhos em variadas especies de madeiras: forros, lambris, portas e escadas, sobresahindo-se em bellos lavores de entalhação. Lindos parquets. Decorações interiores, complementares riquissimas. Amplo parque no fundo e jardim inglês á frente. Gradil e portões em madeira; á entrada principal, graciosa pergola em madeira. Villa Olga - Residência particular do Senador Dr. Munhoz da Rocha. Estylo normando. Confortaveis interiores em arte nova. Biblioteca estylo inglês. Grande hall de entrada com galeria. Situado em esplendida quinta á margem da Estrada da Graciosa, Colonia Argelina. Villa Paulo Grötzner - Residência particular. Alameda Dr. Muricy. Estylo de Villa franceza. Esplendidos e confortaveis interiores. Palacete Antonio Souza Mello - Residência particular. Rua Ebano Pereira. Amplos e confortaveis interiores com esplendidas decorações complementares. Palacete do Banco do Brasil - Praça Tiradentes - Séde da filial do Banco do Brasil. Estylo classico, cimento armado e alvenarias de pedra e tijolo. Interiores providos das mais modernas installações para serviços de um Banco. Grande hall para o publico, ricamente decorado em arte-nova. Palacete Lanzetti - Rua 1° de Março. Renascimento italiano. Palacete Lustoza - Rua 15 de Novembro esquina com a Rua Barão do Rio Branco. Arte-nova. Palacete Luiz Mueller - Rua 15 de Novembro, esquina com a Travessa Oliveira Bello. Arte-nova. Villinos e Bungalows: Residência do Snr. Bento Manita - Rua Buenos Ayres. Residência do Snr. Guilherme Withers - Avenida Batel. Residência do Dr. Albuquerque Maranhão - Alameda D. Pedro II. Residência do Snr. José Bellegard - Avenida Iguassú. Residência do Snr. Candido Mäder - Praça Senador Correia. Residência do Dr. Dante Romanó - Praça Senador Correia. Residência do Snr. João de Mattos - Rua Marechal Deodoro. Residência do Snr. Osmundo Vieira - Rua Marechal Deodoro. A DÉCADA DE 1920

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Residência do Snr. Octavio Marcondes - Avenida Batel. Residência do Dr. Ulysses Vieira - Alameda Carlos de Carvalho. Residência do Snr. V. Hermenegildo Gomes - Avenida Vicente Machado. Residência do Snr. Eugenio Profillet - Alameda Carlos de Carvalho. Residência do Dr. J. B. da Costa Maia - Rua Buenos Ayres. Residência do Snr. J. B. Detter - Avenida Iguassú esquina com a Rua Buenos Ayres. Predios commerciaes Proprietario V. Gabriel Ribeiro - Rua Marechal Deodoro. Proprietario V. Gabriel Ribeiro - Praça Tiradentes. Proprietario Amando Cunha - Rua 1° de Março. Proprietario Amando Cunha - Praça Carlos Gomes. Proprietario D. Maria E. A. Chaves - Rua Dr. Muricy. Proprietario Alvaro Junqueira - Praça Tiradentes. Sociedade V. Emanuel II - Bairro Ahú.

| foto 32 | [acima] Prédio de Maria Eulália Chaves [101], 2010 - de uso misto, que abrigava a residência da família de Eduardo Fernando Chaves no pavimento superior e seu escritório no térreo, após 1930. | foto 33 | [abaixo] Detalhe das iniciais de Maria Eulália Chaves no frontão da fachada do seu prédio [011], em 2010, onde funcionou, no térreo, o escritório de Eduardo Fernando Chaves, após 1930.

A relação indica os trabalhos considerados por Eduardo Fernando Chaves os mais representativos de sua atividade profissional. As obras estão divididas e hierarquizadas em três categorias: em primeiro lugar, nove edifícios, palacetes e vilas de uso residencial, comercial e misto. Inicia a lista o Palacete de Luiz Feliciano Guimarães, “a maior e mais sumptuosa residencia particular da cidade”, com descrição detalhada de algumas de suas características. Em seguida, oito edifícios de estilos variados – clássico, renascimento francês e italiano, manuelino, normando, vila francesa, arte nova, Luiz XVI – demonstrando a versatilidade e o extenso repertório formal. Com a clara intenção de mostrar a abrangência de sua atuação e qualificação para a docência, faz a indicação das múltiplas atividades como: projeto arquitetônico, de interior e paisagístico, acompanhamento da obra e domínio de técnicas construtivas (concreto armado, alvenarias de tijolo e de pedra e uso da madeira). As outras duas categorias são de “villinos e bungalows”, com 14 residências de médio porte, e sete “predios commerciaes”, entre os quais a própria residência [101].122 Eduardo Fernando Chaves chega em 1930 com a carreira consolidada e significativo currículo de obras. Retorna de uma viagem à Europa, que possibilitou o contato com as diversas tendências da arquitetura e de interiores; inicia a docência na Faculdade de Engenharia; e mantém as atividades de projetista, calculista, construtor e fiscal, sem a presença da Gastão Chaves & Cia. O período marca sua presença e atuação na organização e regulamentação da profissão de engenheiro. Participa, em 11 de junho de 1934, da instalação do

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Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura da 7ª Região (CREA), em Curitiba, presidido por Flávio Suplicy de Lacerda. A iniciativa atende ao Decreto Federal n.° 23.569 de 1933 que determina a necessidade do diploma para o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e agrimensor.123 Eduardo Fernando Chaves é empossado como conselheiro, representando a Faculdade de Engenharia, juntamente com Arnaldo Izidoro Beckert, Adriano Gustavo Goulin, Alexandre Gutierrez Beltrão, João Moreira Garcez, Lineu do Amaral, Carlos Ross, Antônio Batista Ribas e Durval de Araújo Ribeiro e permanece nesta condição até 4 de maio de 1935. Como associado-fundador do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, é eleito, em 6 de abril de 1935, membro do Conselho Fiscal junto com Rosaldo Gomes de Mello Leitão e Flavio Suplicy de Lacerda, com a presidência de Alexandre Beltrão. Entre 1941 e 1943 volta a atuar como conselheiro do CREA, representando o Sindicato dos Engenheiros do Paraná.124 Entre 1933 e 1942, Eduardo Fernando Chaves mantém escritório na Rua Dr. Muricy n.° 850125, assinando em 122 projetos arquitetônicos aprovados pelos alvarás de Construção Classes “A” e “B”. As obras encontram-se distribuídas majoritariamente dentro do quadro urbano de 1929, conforme se observa no Mapa 4. Os anos de 1934 a 1936 foram os mais produtivos, apresentando 80 alvarás (65% do total). Em junho de 1943, juntamente com seu irmão Gastão Chaves, lança o primeiro Coletor e Incinerador de Lixo “Cidel”, com funcionamento elétrico, equipamento de uso doméstico inventado por ambos. O evento ocorreu no escritório, em cuja parede estão destacadas algumas de suas obras. A extensa relação de obras da década de 1930 da Tabela 1 indica a abrangência de sua produção: residências de pequeno e médio porte, em alvenaria de tijolos e em madeira, muros, reformas e ampliações, edifícios com seis e sete pavimentos, igrejas e escolas. O Mapa 4 mostra a localização deste conjunto e informa que a maioria dos exemplares localiza-se dentro do Quadro Urbano de 1929, região onde a infraestrurura está consolidada. Eduardo Fernando Chaves falece em 5 de setembro de 1944, com 52 anos.

| foto 34 | Lançamento do Coletor e Incinerador de Lixo “Cidel”, com funcionamento elétrico, equipamento de uso doméstico inventado por Gastão e Eduardo Fernando Chaves, em 23 de junho de 1943. O evento ocorreu no escritório da Rua Dr. Muricy e Eduardo Fernando Chaves é o primeiro da esquerda para a direita. Ao fundo, estão os principais trabalhos do engenheiro: no centro, o desenho da fachada frontal do Banco Nacional do Comércio, projeto que recebeu o segundo lugar no concurso realizado em 1919; nas laterais, as fotos do Palacete Guimarães e da Vila Odette; e à esquerda, na parede contígua, a perspectiva da Igreja do Rosário, posteriormente construída.

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| mapa 4 | Obras de Eduardo Fernando Chaves [1933-1942]

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Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

30. 01. 1933

José Garcia Junior

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

29. 08. 1933

[106]

Plinio Carvalho de Oliveira

Residência

Concreto armado

30. 11. 1933

[107]

União Brasileira de Educação e Ensino

Diversos Instituição Religiosa

Concreto armado

[108]

José Ordakowski

Residência

Madeira

03. 04. 1934

[109]

Ricardo Droher

Residência

Concreto armado

23. 05. 1934

180,00

EXISTENTE

Alvará n.° 586 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[110]

Leocádia de Souza Gaissler

Reforma e/ou Ampliação

Concreto armado

15. 06. 1934

187,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 629 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[111]

Nady de Paula Cardoso

Residência

Alvenaria de tijolos

21. 06. 1934

96,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 634 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[112]

Randolpho Pereira Gomes

Residência

Alvenaria de tijolos

25. 06. 1934

164,00

DEMOLIDO

Alvará n.°636 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[113]

Edgar Doria

Residência

Alvenaria de tijolos

03. 07. 1934

100,00

EXISTENTE

Alvará n.° 680 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[114]

Othelo Lopes

Residência

Alvenaria de tijolos

06. 07. 1934

110,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 653 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[115]

Casemiro Mitzuck

Residência

Alvenaria de tijolos

09. 07. 1934

270,00

EXISTENTE

Alvará n.° 658 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[116]

Olivio Julio

Residência

Madeira

09. 07. 1934

67,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 657 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[117]

Orestes Comandulli

Residência

Alvenaria de tijolos

03. 08. 1934

135,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 690 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[118]

Maria Goldstein

Residência

Alvenaria de tijolos

01. 09. 1934

100,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 737 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[119]

João Alves Cordeiro

Residência

Alvenaria de tijolos

28. 08. 1934

220,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 729 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[120]

Paulo Roriz

Residência

Alvenaria de tijolos

20. 08. 1934

110,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 720 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[121]

Inácio Szezepanski

Residência e Comércio

Madeira

13. 09. 1934

102,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 751 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[122]

Haroldo Bittencourt

Residência

Alvenaria de tijolos

21. 09. 1934

69,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 766 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[123]

Reynaldo Paneck

Residência

Alvenaria de tijolos

24. 09. 1934

110,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 769 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[124]

Pedro de Abreu Finkensieper

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

20. 10. 1934

39,00

EXISTENTE

Alvará n.° 813 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[125]

Máximo Pinheiro Lima

Residência

Alvenaria de tijolos

10. 11. 1934

188,00

EXISTENTE

Alvará n.° 846 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[126]

Joaquim Alves dos Reis

Residência

Concreto armado

21. 11. 1934

319,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 863 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[127]

Newton F. Bittencourt

Residência

Alvenaria de tijolos

27. 11. 1934

100,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 871 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[104] [105]

PROPRIETÁRIO Antonio Augusto de Carvalho Chaves

SITUAÇÃO ATUAL DO EDIFICIO

TÉCNICA CONSTRUTIVA

ÁREA CONSTRUÍDA ESTIMADA (M2)

CATEGORIA

DATA APROVAÇÃO DO PROJETO ARQUITETÔNICO

TABELA 1 TABELA GERAL DE OBRAS DE EDUARDO FERNANDO CHAVES ENTRE 1930 E 1942

DEMOLIDO

FONTES Alvará n.° 40 - Prefeitura Municipal de Curitiba

45,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 300 - Prefeitura Municipal de Curitiba

400,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 380 - Prefeitura Municipal de Curitiba

PARCIALMENTE EXISTENTE

Alvarás n.os 624/34; 1169/35; 2950/37; 3055/38; 4279/39; 5553/41; e 5323/42 - Prefeitura Municipal de Curitiba

de 13. 01. 1934 5.165,00 a 19. 10. 1942

Alvará n.° 512 - Prefeitura Municipal de Curitiba

A DÉCADA DE 1920

177


Jovi José de Arruda Junior

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

04. 12. 1934

Ida Tobias

Edifício Comercial e/ou Residencial

Alvenaria de tijolos

07. 12. 1934

[130]

Nelson Mozart Weigang

Residência

Alvenaria de tijolos

[131]

Henrique Roberto Michelis

Residência

[132]

Cecília Nascimento

Reforma e/ou Ampliação

[133]

Manoel Rodrigues

Residência

Madeira

18. 01. 1935

[134]

Henrique Piefert

Residência

Alvenaria de tijolos

05. 01. 1935

[135]

Carlos Moura de Vasconcellos

Residência

Alvenaria de tijolos

[136]

Miroslau Florecki

Residência

[137]

Verner Beck

DEMOLIDO

Alvará n.° 882 - Prefeitura Municipal de Curitiba

350,00

EXISTENTE

Alvará n.° 889 - Prefeitura Municipal de Curitiba

29. 12. 1934

160,00

EXISTENTE

Alvará n.° 915 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Concreto armado

02. 01. 1935

220,00

EXISTENTE

Alvará n.° 873 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Alvenaria de tijolos

14. 01. 1935

DEMOLIDO

Alvará n.° 932 - Prefeitura Municipal de Curitiba

42,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 941 - Prefeitura Municipal de Curitiba

99,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 987 - Prefeitura Municipal de Curitiba

08. 02. 1935

92,00

EXISTENTE

Alvará n.° 988 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Alvenaria de tijolos

14. 02. 1935

90,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1011 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Residência

Alvenaria de tijolos

11. 02. 1935

260,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1000 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Sul América

Edifício Comercial e/ou Residencial

Concreto armado

21. 02. 1935

1980,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1237 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmman

Diversos Instituição Religiosa

Alvenaria de tijolos

07. 03. 1935

640,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1063 - Prefeitura Municipal de Curitiba e SCHULMAN, Sara S. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 16 de setembro de 2011. 42 minutos.

Clemente Grimm

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

22. 03. 1935

EXISTENTE

Alvará n.° 1110- Prefeitura Municipal de Curitiba

[141]

Jovelina Fernandes Loureiro

Edifício Comercial e/ou Residencial

Alvenaria de tijolos

30. 03. 1935

528,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1127 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[142]

Eduardo Vespasiano Ribas

Residência

Alvenaria de tijolos

15. 04. 1935

117,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1156 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Alberto Murray

Residência

Alvenaria de tijolos

23. 04. 1935

190,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1167 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[144]

Paulo Wójcik

Residência

Alvenaria de tijolos

30. 04. 1935

160,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1187 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[145]

José Mendes de Araújo

Residência

Alvenaria de tijolos

03. 05. 1935

280,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1191 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[146]

Azis Surugi

Residência

Alvenaria de tijolos

07. 05. 1935

162,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1198 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[147]

Alfredo Pfeiffer

Residência

Alvenaria de tijolos

22. 05. 1935

146,50

DEMOLIDO

Alvará n.° 1228 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[148]

José Bellegard

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

12. 06. 1935

EXISTENTE

Alvará n.° 1280 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[149]

João de Mio

Residência

Alvenaria de tijolos

21. 06. 1935

144,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1302 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[150]

Brasil da Rocha Filho

Residência

Alvenaria de tijolos

01. 07. 1935

80,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1325 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[151]

José Loureiro de Siqueira

Residência

Concreto armado

10. 07. 1935

272,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1342 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[152]

José Scaramella

Residência

Alvenaria de tijolos

15. 07. 1935

[153]

Celso Ferreira

Residência

Alvenaria de tijolos

15. 07. 1935

[128] [129]

[138]

[139] [140]

[143]

178

A DÉCADA DE 1920

Alvará n.° 1360 - Prefeitura Municipal de Curitiba 275,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1361 - Prefeitura Municipal de Curitiba


[154]

S. de Miranda Moraes Sarmento

Residência

Alvenaria de tijolos

18. 07. 1935

110,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1290 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[155]

Emmanuel Pinheiro de Moura

Residência

Alvenaria de tijolos

18. 07. 1935

80,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1290 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Ascânio Miró Filho

Residência

Alvenaria de tijolos

22. 07. 1935

290,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1375 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Ewaldo Kummer

Residência

Alvenaria de tijolos

07. 08. 1935

77,00 36,00

[156] [157]

Alvará n.° 1411 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Santo Trevisan

Residência

Madeira

09. 09. 1935

Antonio Gubert

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

14. 09. 1935

EXISTENTE

Alvará n.° 1485 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[160]

João Szaniawski

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

21. 11. 1935

DEMOLIDO

Alvará n.° 1568 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[161]

Affonso Teixeira de Freitas

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

04. 12. 1935

EXISTENTE

Alvará n.° 1596 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[162]

Othmar Singer

Residência

Alvenaria de tijolos

27. 01. 1936

202,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1682 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[163]

Mário de Souza Medeiros

Residência

Alvenaria de tijolos

29. 01. 1936

111,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1689 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[164]

Hermínio Ricoy

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

15. 02. 1936

DEMOLIDO

Alvará n.° 1708 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[165]

João Alfredo Bley Zornig

Residência

Concreto armado

26. 02. 1936

238,00

DEMOLIDO

[166]

Carlos Freire Pinto

Residência

Concreto armado

06. 03. 1936

Alvará n.° 1768 - Prefeitura Municipal de Curitiba Alvará n.° 1791 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[167]

Manoel da Rocha Kuster

Residência geminada

Concreto armado

25. 03. 1936

206,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1839 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Hercilia Machado Lima

Residência

Alvenaria de tijolos

15. 04. 1936

194,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1878 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[158] [159]

[168]

Alvará n.° 1474 - Prefeitura Municipal de Curitiba

André Rubinski

Residência

Madeira

27. 04. 1936

84,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 1918 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Alcebíades Dall’Estella

Residência e Comércio

Concreto armado

08. 03. 1936

140,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1066 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[171]

José Torquato dos Santos

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

16. 06. 1936

DEMOLIDO

Alvará n.° 2018 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[172]

Leandro Dacheux de Nascimento Junior

Residência

Alvenaria de tijolos

17. 07. 1936

126,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2073 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[173]

João Cavanha

Residência

Madeira

23. 06. 1936

96,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2030 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[174]

Edwiges Mickozsewski

Residência e Comércio

Concreto armado

07. 08. 1936

287,00

EXISTENTE

Alvará n.° 2123- Prefeitura Municipal de Curitiba

[175]

Ewaldo Hauer

Residência

Alvenaria de tijolos

12. 08. 1936

300,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2135 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[176]

Fiad Kalluf

Residência e Comércio

Madeira

26. 08. 1936

110,00

EXISTENTE

Alvará n.° 2150 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[177]

Maria Trevisani Tortato

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

04. 09. 1936

DEMOLIDO

Alvará n.° 2171 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[178]

Flodoaldo Mattoso

Residência

Alvenaria de tijolos

15. 09. 1936

150,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2186 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Flavio Suplicy de Lacerda

Residência

Alvenaria de tijolos

22. 09. 1936

300,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2206 - Prefeitura Municipal de Curitiba e LACERDA, Sonia M. M. S. de. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 24 de setembro de 2011. 75 minutos.

Marinha Dias de Paiva

Residência e Comércio

Concreto armado

08. 10. 1936

320,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2212 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[169] [170]

[179]

[180]

A DÉCADA DE 1920

179


Renato Valente

Residência

Alvenaria de tijolos

03. 11. 1936

José Bohm

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

Adão Roth

Reforma e/ou Ampliação

Arquidiocese de Curitiba

EXISTENTE

Alvará n.° 2270 - Prefeitura Municipal de Curitiba

18. 11. 1936

DEMOLIDO

Alvará n.° 2306 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Alvenaria de tijolos

07. 12. 1936

DEMOLIDO

Alvará n.° 2335 - Prefeitura Municipal de Curitiba

DiversosInstituição Religiosa

Alvenaria de tijolos

09. 12. 1936 e 10. 01. 1938

438,00

DEMOLIDO

Alvarás n.° 2336/36 e 3076/38 - Prefeitura Municipal de Curitiba e POPLADE, Nestor G. Entrevista realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 19 de setembro de 2011.

Polonia Kalinoski

Residência

Madeira

12. 12. 1936

65,00

Paraná Nanoni

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

17. 02. 1937

Ercole Attilio

Residência

Alvenaria de tijolos

17. 03. 1937

Mitra Metropolitana

DiversosInstituição Religiosa

Alvenaria de tijolos

19. 03. 1937

Jane Reynoard

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

19. 03. 1937

Elsa Guimarães

Residência

Alvenaria de tijolos

23. 03. 1937

Moysés de Andrade

Residência

Alvenaria de tijolos

12. 04. 1937

[192]

Pedro de Abreu Finkensieper

Residência

[193]

Mitra do Arcebispado de Curitiba

DiversosInstituição Religiosa

Alvenaria de tijolos

23. 07. 1937

NÃO CONSTRUÍDO

Alvará n.° 2779 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Orestes Codega

Reforma e/ou Ampliação

Concreto armado

24. 07. 1937

EXISTENTE

Alvará n.° 2709 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Julio E. da Luz

Reforma e/ou Ampliação

Madeira

05. 01. 1938

35,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 3018 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Eduardo Jarnick

Residência geminada

Alvenaria de tijolos

10. 02. 1938

112,00

EXISTENTE

Alvará n.° 3079 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Camilo Stellfeld

Reforma e/ou Ampliação

Concreto armado

12. 02. 1938

DEMOLIDO

Alvará n.° 3082 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Juachini Camillo

Residência geminada

Concreto armado

21. 03. 1938

84,80

DEMOLIDO

Alvará n.° 3763 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Herdeiros de Maria Eulália Chaves

Edifício Comercial e/ou Residencial

Concreto armado

31. 03. 1939

1500,00

EXISTENTE

Alvará n.° 3759 - Prefeitura Municipal de Curitiba e ARAGÃO, Izabel C. M. de. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse, Elizabeth A. de Castro e Humberto Mezzadri. Curitiba, 12 de fevereiro de 2010. 94 minutos.

Alcebíades Liberalli

Residência

Alvenaria de tijolos

05. 04. 1939

155,00

EXISTENTE

Alvará n.° 3788 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[201]

Euclides Silveira do Valle

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

20. 04. 1939

DEMOLIDO

Alvará n.° 3802 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Residência

Alvenaria de tijolos

23. 05. 1939

[202]

Maria Helena, Roberto, Isabel e Regina Franco Chaves

[181] [182] [183]

[184]

[185] [186] [187]

[188]

[189]

196,00

Alvará n.° 2349 - Prefeitura Municipal de Curitiba DEMOLIDO

Alvará n.° 2452 - Prefeitura Municipal de Curitiba

118,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2527 - Prefeitura Municipal de Curitiba

402,00

EXISTENTE

Alvará n.° 1828 - Prefeitura Municipal de Curitiba e RABUSKE, Silvino P.; SEIBEL, Dionysio. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 06 de julho de 2011. 70 minutos.

DEMOLIDO

Alvará n.° 2534 - Prefeitura Municipal de Curitiba

190,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2540 - Prefeitura Municipal de Curitiba; CASTILHO, Elsa G.; CASTILHO, Suzana G. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 5 de outubro de 2011. 131 minutos; e 7 de novembro de 2011. 126 minutos.

179,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 2584 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[190]

[191]

[194] [195] [196] [197] [198]

[199]

[200]

180

A DÉCADA DE 1920

20. 07. 1937

Alvará n.° 2767 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Alvará n.° 3852 - Prefeitura Municipal de Curitiba e ARAGÃO, Izabel C. M. de. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse, Elizabeth A. de Castro e Humberto Mezzadri. Curitiba, 12 de fevereiro de 2010. 94 minutos.


Adão Roth

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

13. 10. 1939

DEMOLIDO

Alvará n.° 4121 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[204]

Manoel de Oliveira Franco

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

17. 11. 1939

DEMOLIDO

Alvará n.° 4198 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[205]

Antonio de Souza Mello

Reforma e/ou Ampliação

Alvenaria de tijolos

23. 11 1939

391,00

EXISTENTE

Alvará n.° 4212 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[206]

Guilhermina Hauer

Reforma e/ou Ampliação

Concreto armado

22. 12. 1940

661,00

EXISTENTE

Alvará n.° 4391 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[207]

Antonio Barcik

Residência

Alvenaria de tijolos

08. 05. 1940

77,00

[203]

[208]

Theodorico de Oliveira Franco

Edifício Alvenaria de Comercial e/ou tijolos Residencial

09. 09. 1940

Alvará n.° 4553 - Prefeitura Municipal de Curitiba DEMOLIDO

Alvará n.° 4828 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Max Podbevsek

Residência

Concreto armado

16. 10. 1940

220,00

José Loureiro Siqueira, Antonio Carlos de Oliveira, Elias Karam, Plínio Carvalho de Oliveira e Jaime Carvalho de Oliveira

Edifício Comercial e/ou Residencial

Concreto armado

29. 10. 1940

1750,00

José Mendes de Araújo

Edifício Comercial e/ou Residencial

Concreto armado

20. 12. 1940

629,04

Fioravanti Simão

Residência

Madeira

15. 01. 1941

105,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 5089 - Prefeitura Municipal de Curitiba

José Nunes Bellegard

Residência

Concreto armado

02. 03. 1941

276,00

DEMOLIDO

Alvará n.° 5225 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[214]

Mitra do Arcebispado de Curitiba

DiversosInstituição Religiosa

Alvenaria de tijolos

07. 05. 1941

350,00

EXISTENTE

Alvará n.° 3560 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[215]

Roberto Glasser Juette Robine Glasser

Residência

Alvenaria de tijolos

29. 05. 1941

411,00

EXISTENTE

Alvará n.° 5399 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[216]

Associação das Damas de Caridade

Diversos

Alvenaria de tijolos

22. 08. 1941

340,00

EXISTENTE

Alvará n.° 5580 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[217]

Euclides Silveira do Valle

Residência

Alvenaria de tijolos

06. 07. 1941

372,00

EXISTENTE

Alvará n.° 5428 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[218]

Colégio Sagrado Coração de Jesus

DiversosInstituição Religiosa

Alvenaria de tijolos

20. 10. 1941

1000,00

EXISTENTE

Alvará n.° 5658 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[219]

Irmãs da Divina Providência

DiversosInstituição Religiosa

Alvenaria de tijolos

14. 11. 1941 e 04. 09. 1942

1250,00

EXISTENTE

Alvarás n.° 5699/41 e 6115/42 - Prefeitura Municipal de Curitiba

João de Mio

Residência

Alvenaria de tijolos

15. 01. 1942

144,00

EXISTENTE

Alvará n.° 5777 - Prefeitura Municipal de Curitiba

[209]

[210]

[211] [212] [213]

[220]

Alvará n.° 4914 - Prefeitura Municipal de Curitiba EXISTENTE

Alvará n.° 4939 - Prefeitura Municipal de Curitiba

Alvará n.° 5047 - Prefeitura Municipal de Curitiba

A DÉCADA DE 1920

181


NOTAS E REFERÊNCIAS

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, dezembro de 1920. op. cit. p.29-32.

20

1 WESTPHALEN, Cecília M. Porto de Paranaguá, um sedutor. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 1998. p.280.

21 Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, dezembro de 1920. op. cit. p.26-27.

2

BALHANA, Altiva P. et alli. História do Paraná. Vol. 1. Curitiba: GRAFIPAR, 1969. p.143.

22 GOVERNO DO MUNICIPIO. A acção do prefeito Moreira Garcez. op. cit. p.105.

BALHANA, Altiva P. Urbanização de Curitiba: o esboço da rede de indústrias. In: WESTPHALEN, Cecília M. (org.). Un mazzolino de fiore. Curitiba: Imprensa Oficial, vol.III. 2003. p.478.

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, dezembro de 1920. op. cit. p.34-35.

Actualidade Paranaense. Revista Illustração Paranaense. Anno III, n. 8 a 11. Curityba, 23 de novembro de 1929.

25 Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1920. op. cit. p.90-96.

Lei Municipal n.° 719, de 28 de março, e Decreto Municipal n.° 21, de 11 de agosto, respectivamente. Prefeitura de Curitiba. Leis, Resoluções, Decretos e Actos de 1928. Curitiba: Impressora Paranaense, 1939. p.3-5 e 92-96.

42

43

Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 27 jan. 1928. p.9.

Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, maio de 1930. op. cit. p.20-21.

44 3

4

23

24

Idem. p.35-36.

Decreto Municipal n.° 6, de 11 de abril, e Lei Municipal n.° 652, de 2 de maio. Prefeitura de Curityba. Leis, Resoluções, Decretos e Actos de 1925. Curityba: Typ. d’A Republica, 1925. p.3-4 e 31-32.

26

GOVERNO DO MUNICIPIO. A acção do prefeito Moreira Garcez. Revista A Republica. Edição especial commemorativa do anno santo. Curityba, 25 de dezembro de 1925. p.104-105.

5

CRUZ, Arnaldo A. da. João Moreira Garcez. Um homem que se superou no seu tempo. Curitiba: Fundação Santos Lima, 1991. p.199.

27 6

Idem. p.104.

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez á Camara Municipal de Curitiba, em 1° de dezembro de 1920. Curityba: Typ. d’A Republica, 1920. p.22-23.

7

8

Idem. p.14-15.

CURITYBA. O Municipio e a Cidade. In: Jornal Estado do Paraná. São Paulo: Empreza Editora Brazil, 1923. p.88.

Revista Illustração Paranaense. Curityba: anno 2, n. 4, abr. 1928.

28

Revista Illustração Paranaense. Curityba: anno 2, n. 9, set. 1928.

45 Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez á Camara Municipal de Curityba, em 15 de abril de 1922. Curityba: Typ. d’A Republica, 1922. p.83.

Relatorio do Secretario Geral d’Estado Alcides Munhoz, ao Presidente do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha, Exercicio Financeiro de 1924-1925. Curityba: Livraria Mundial, 31 de dezembro de 1925. p.45-50.

46

Relatorio do Secretario Geral d’Estado Alcides Munhoz, ao Presidente do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha, Exercicio Financeiro de 1925-1926. Curityba: Livraria Mundial, 31 de dezembro de 1926. p.198.

47

48 Lei Municipal n.° 719, de 28 de março de 1928. Prefeitura Municipal de Curitiba. Leis, Resoluções, Decretos e Actos de 1928. Curitiba: Impressora Paranaense, 1939. p.3-5.

29

49

Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 17 out. 1927. p.3.

9

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, dezembro de 1920. op. cit. p.24.

30

GOVERNO DO MUNICIPIO. A acção do prefeito Moreira Garcez. op. cit. p.105.

50

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1923. op. cit. p.106.

Artigo 22 da Lei Municipal n.° 527, de 27 de janeiro de 1919. Codigo de Posturas. Coritiba: Typ. d’A Republica, 1919. p.7.

51

10

Mensagem do Prefeito Eurides Cunha á Camara Municipal de Curityba, em 15 de abril de 1928. Curityba, Typ. d’A Republica, 1928. p.11. Em 4 de maio de 1928, a Lei Municipal n.° 729 autoriza a adoção do sistema “Beccari ou de outro que julgar conveniente” - Prefeitura de Curitiba. Leis, Resoluções, Decretos e Actos de 1928. Curitiba: Impressora Paranaense, 1939. p.6.

11

Mensagem do Prefeito Eurides Cunha á Camara Municipal, 1928. op.cit. p.130-131.

12

13 Mensagem do Prefeito Eurides Cunha á Camara Municipal de Curitiba, em 10 de maio de 1930. Curityba: Typ. A’Republica, 1930. p.20-21. 14 Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez á Camara Municipal de Curityba, em 15 de abril de 1920. Curityba: Typ. d’A Republica, 1920. p.9. 15 Relatorio do Secretario Geral d’Estado Alcides Munhoz ao Presidente do Paraná, Caetano Munhoz da Rocha, Exercicio Financeiro de 1925-1926. Curityba: Livraria Mundial, 31 de dezembro de 1926. p.303-313.

31

32

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1920. op. cit. p.37-38.

O NOVO SERVIÇO TELEPHONICO DE CURITYBA. Mil postes para oitocentos apparelhos já solicitados. Jornal Gazeta do Povo. Curytiba, 19 fev.1928. p. 1.

33

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, dezembro de 1920. op. cit. p.88.

53 Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, abril de 1928. op. cit. p. 32.

Lei Municipal n.° 725, de 4 de maio, e Decreto Municipal n.° 27, de 21 de setembro. Prefeitura de Curitiba. Leis, Resoluções, Decretos e Actos de 1928. Curitiba: Impressora Paranaense, 1939. p.10-13 e 100-112.

54 CURITYBA E OS NOVOS TELEPHONES. Revista Illustração Paranaense. Curytiba, Ano II, n. 12, dez. 1928.

35

Revista Illustração Paranaense. Curytiba, Ano II, n. 12, dez. 1928.

56 Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, maio de 1930. op. cit. p.21.

36 Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, maio de 1930. op. cit. p. VIII-Anexos.

57 ILLUMINAÇÃO E FORÇA MOTRIZ Á GAZ. Jornal Diario da Tarde. Coritiba, 20 jan. 1914.

37 Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez á Camara Municipal de Curityba, em 1° de abril de 1923. Curityba: Typ. d’A Republica, 1923. p.100.

58 Termo de contracto que assina o Snr. Dr. Arthur Lighori para o fornecimento de gaz para illuminação, como calorifico ou energia thermica para uso domiciliar ou industrial. Mensagem do Prefeito, Eurides Cunha, abril de 1928. op. cit. p.149-158.

52

34

Lei Municipal n.° 756, de 9 de novembro de 1928. Prefeitura de Curitiba. Leis, Resoluções, Decretos e Actos de 1928. Curitiba: Impressora Paranaense, 1939. p.39-40.

38 16

Lei Estadual n.° 2.257, de 24 de março de 1924.

Mensagem do Presidente do Estado, Caetano Munhoz da Rocha, ao Congresso Legislativo do Paraná, em 1° de fevereiro de 1928. Curityba, 1928. p.131.

17

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1920. op. cit. p.34.

39

18

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, dezembro de 1920. op. cit. p.29-32.

40

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1920. op. cit. p.16.

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1920. op. cit. p.84.

19

182

A DÉCADA DE 1920

Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, maio de 1930. op. cit. p.122-123.

Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, abril de 1928. op. cit. p.129.

41

55

Idem.

59 O Decreto Municipal n.° 17, de 16 de julho de 1928, declara caduca a concessão e rescinde o referido contrato. Prefeitura Municipal de Curitiba. Leis, Resoluções, Decretos e Actos de 1928. Lei Municipal n.° 719, de 28 de março de 1928. Curitiba: Impressora Paranaense, 1939. p.89-90. 60 COPEL. História da Energia no Paraná. Disponível em: http://www.copel.com/hpcopel/root/nivel2.jsp?en dereco=%2Fhpcopel%2Froot%2Fpagcopel2.nsf%2Fdoc


s%2F938F473DCEED50010325740C004A947F?OpenDo cument&secao=A%2520Copel%3AInfantil. Acesso em 14 de setembro de 2011. 61 Revista Illustração Paranaense. Curytiba, Ano IV, n. 7, jul. 1930.

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1920. op. cit. p.14.

62

63

Idem. p.14-15.

Curityba, 1° de Fevereiro de 1926. p.81. 82 Iniciativa autorizada pela Lei Estadual n.°2.176, de 6 de fevereiro de 1923. Mensagem do Presidente do Estado Caetano Munhoz da Rocha, 1924. op. cit. p.45. 83 Relatorio do Secretario Geral d’Estado Alcides Munhoz, 1925-1926. op. cit. p.194. 84 A INAUGURAÇÃO da Villa dos Funccionarios Publicos. Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 3 jan. 1927. p.1.

64

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, dezembro de 1920. op. cit. p.28.

85 Mensagem do prefeito Municipal Eurides Cunha, abril de 1928. op. cit. p.129.

Prefeitura Municipal. Orçamento e Tabella de Impostos para 1922. Lei Municipal nº 602, de 12 dezembro de 1921. Curityba: Typ. d’A Republica, 1921. p.69.

86 Curityba. Capital do Estado do Paraná. Revista Illustração Paranaense. Anno III, n. 8 a 11. Curityba, 23 de novembro de 1929.

Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez, abril de 1923. op. cit. p. 84-86.

87

65

66

67

Idem. p.86.

FREITAS. Maria L. O Lar conveniente. Os Engenheiros e Arquitetos e as Inovações Espaciais e Tecnológicas nas Habitações Populares de São Paulo (1916-1931). São Carlos, 2005. 184 p. Dissertação. Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo.

SERVIÇO TELEPHONICO DE CURITYBA. Ghia Telephonico. Curityba: julho de 1927. p.51-54.

88 Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, abril de 1928. op. cit. p.26.

68

Lei Municipal n.° 708, de 29 de outubro, e Decreto Municipal n.° 14, de 31 de dezembro de 1927. Prefeitura de Curitiba. Leis, Decretos e Actos de 1927. Curitiba: Impressora Paranaense, 1927. p. 26 e 56-60. Em maio de 1930, o prefeito relata que “os serviços da nova numenração predial e do emplacamento das ruas” estão sendo realizados “morosamente”. Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, maio de 1930. op. cit. p.21.

89

Idem. p.32.

rigidez da forma retangular de 1922 amenizada com a volumetria mais solta de 1924, que deixa a composição mais graciosa. 104 Bow-window: balcão fechado por janelas, formando um corpo saliente de formato curvo. ALBERNAZ, Maria P.; LIMA, Cecília M. Dicionário Ilustrado de Arquitetura. 3a edição. São Paulo: Pro-Editores, 2003. p.88.

O Código de Posturas de 1919, Secção III, Artigo 46, inciso 4°, determinou que as “Villas, construídas no mínimo a 10 m do alinhamento predial e a 5 m das cercas lateraes e tendo naquelle alinhamento gradil de ferro sobre alicerce de alvenaria”. Lei n.° 527, de 27 de janeiro de 1919. Código de Posturas. op. cit. p.11.

105

Revista Illustração Paranaense. Curityba: anno 1, n. 2, dez. 1927. p.51.

106

107 CURITYBA MODERNA – A actuação de um jovem architecto no embellezamento da nossa capital. Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 22 de abril de 1928. p. 5. 108 Revista Illustração Paranaense. Curityba: anno 3, n. 1 e 2, jan.fev. 1929. p.25.

JANJULIO, Maristela da. Arquitetura residencial paulistana dos anos 1920: ressonâncias do Arts and Crafts? São Carlos: 2009. 394 p. Dissertação. Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade São Paulo. p. 2.

109

Relatorio do Prefeito Municipal, João Moreira Garcez, ao Interventor Federal no Estado do Paraná, exercício de 1934. Curitiba, fevereiro de 1935. p.17. 90

69

Jornal Gazeta do Povo. Curitiyba, 26 mar. 1927 e 10 out. 1927.

91 Revista Illustração Paranaense. Curityba: anno 1, n. 1, nov. 1927. p.8.

Lei Municipal n.° 717, de 4 de novembro. Prefeitura de Curitiba. Leis, Decretos e Actos de 1927. Curitiba: Impressora Paranaense, 1927. p.30-36. Jornal Gazeta do Povo. Curitiba, 1 jan. 1928. p. 5 e 11 jan. 1928. p.3.

Revista Illustração Paranaense. Curytiba, Ano II, 14 out. 1928.

93

Jornal Gazeta do Povo. Curitiba, 18 mar. 1928. p.5.

74 CARVALHO, Vania C. de. Gênero e Artefato: O Sistema Doméstico na Perspectiva da Cultura Material. São Paulo: 1870-1920. São Paulo: Edusp, 2008. p.310. 75

Idem. p. 313

76

Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 17 nov. 1927. p.3.

77

Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 18 fev. 1928. p.3.

78

Idem.

79

Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 19 mar. 1928. p.3.

112

Lei Municipal n.° 768, de 27 de maio de 1929. Prefeitura de Curitiba. Leis, Resoluções, Decretos e Actos de 1929. Curitiba: Impressora Paranaense, 1939. p.10-14.

CURITYBA MODERNA, 1928. op. cit. p.5.

Determinação do Código de Posturas de 1919. Lei Municipal nº 527, de 27 de janeiro de 1919. op. cit.

A Residência e os jardins do Sr. Luiz Guimarães em Curityba. Revista O Cruzeiro. Rio de Janeiro, 28 maio 1932. p.20-21.

113

95

96

Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 19 jan. 1927. p.1.

97

Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 8 fev. 1927. p.1.

Gastão Chaves & Comp. SERVIÇO TELEPHONICO DE CURITYBA. Ghia Telephonico. op. cit.

98

Ficha n.° 31-A. Vida Escolar Superior de Eduardo Fernando Chaves. Faculdade de Engenharia do Paraná. Curitiba, sem data. 99

UM MUSEU DE LUZES. O gabinete de illuminação montado pela Casa Chaves. Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 27 set. 1928. p.1

100

101 SERVIÇO TELEPHONICO DE CURITYBA. Ghia Telephonico. op. cit. p.51-54.

80 Iniciativa autorizada pela Lei Estadual n.° 2.176, de 6 de fevereiro de 1923. Mensagem do Presidente do Estado Caetano Munhoz da Rocha, ao Congresso Legislativo do Paraná. Curityba, 1° de fevereiro de 1924. p.46.

102 Em 1931, Guilherme Weiss, em sua casa da Rua Comendador Araújo, n.° 232, contava com o telefone n.° 410. COMPANHIA TELEPHONICA PARANAENSE LTDA. Lista de Assignantes. 1º semestre de 1931. Curityba: Impressora Paranaense, 1931. p.87.

Mensagem do Presidente do Estado Caetano Munhoz da Rocha, ao Congresso Legislativo, do Paraná.

103

81

“Villa Emilia”, (homenagem à esposa de Leônidas Ferreira), projeto do arquiteto Valentim Freitas, sito à Avenida Iguaçu, e “Villa Lolita”, projeto do arquiteto A. Kruger, para Ivo Leão, no Alto da Glória, ambas construídas pela Bortolo & Bergonse e Cia.

94

72

73

Revista Illustração Paranaense. jan./fev. 1929. op. cit. p.25.

111

Mensagem do Prefeito Eurides Cunha, abril de 1928. op. cit. p.120.

92

70

71

110

As versões guardam semelhanças formais e de programa de necessidades e, também, diferenças, como a

114 Álbum do centenário do Paraná: 1853-1953. Curitiba: Revista A Divulgação, 1953. 115 Landhäuser von Hermann Muthesius. Ausgefürte Bauten mit Grundrissen, Gartenplanen und Erläuterungen. Zweite ergänzte Auflage. München: F. Bruckmann A. G., 1922. 116 Palacete Luiz Guimarães: Processo n° 46/74, Inscrição Tombo n° 45-III; e Palacete Garmatter: Processo n° 02/87, Inscrição Tombo n° 87-II. 117 BANCO DO BRASIL. Relatório apresentado pelo Gerente da Agencia do Banco do Brasil, em Curitiba, Paraná. Curitiba 23 de janeiro de 1928. Livro Copiador de relatórios desta Agência. 1º semestre de 1928. p.1-4. 118 PUPPI, Ildefonso C. Fatos e Reminiscências da Faculdade. Retrospecto da Escola de Engenharia da Universidade Federal do Paraná. Curitiba: Fundação da Universidade Federal do Paraná, 1986. p. 40. 119 CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 120

PUPPI, I. C. op. cit. p.119-120.

A DÉCADA DE 1920

183


121

CHAVES, E. F. Theses de Concurso. op. cit. 45 p.

Livro Azul da Cidade de Curityba. 1ª Edição. Curityba: 1935. p.8-9.

| figura 16 | Propaganda de sorteio de casas. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 1 jan. 1928.

| figura 36 | Plantas do Palacete Guilherme Weiss [022]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| figura 17 | Idem. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 11 jan. 1928.

| figura 37 | Fachada frontal e corte do Palacete Guilherme Weiss [022]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

122

123 Decreto Federal n.° 23.569, de 11 dezembro de 1933, que “regula o exercício das profissões de engenheiro, de arquiteto e de aqrimensor”. BRASIL. 1933. Disponível em: http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/116690/ decreto-23569-33. Acesso: 13 de setembro de 2011.

CREA. Tempos Modernos. A história do Paraná e do CREA-PR em 75 anos do Conselho. Curitiba: CREA-PR, 2010. p. 55; e LIVRO DE ATAS do Syndicato dos Engenheiros do Paraná. Curityba: 1935 e LIVRO DE ATAS do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura da 7a Região. Curityba: 1934. 124

125

Livro Azul da Cidade de Curityba. op. cit. p.8-9.

RELAÇÃO DE FIGURAS, FOTOS, MAPAS E TABELAS | figura 1 | Rua José Bonifácio. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curitiba: anno 2, n. 10 e 11, nov./dez. 1928. | figura 2 | Rua 15 de Novembro. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 21 fev. 1928. p.2. | figura 3 | “Os progressos da nossa cidade”. Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 3 fev. 1927. p. 1. | figura 4 | “Frizo Guarany de lindo effeito”. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curityba, Anno II, n.° 3, mar. 1928. | figura 5 | Propaganda do Ghia Telephonico. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 14 out. 1927. | figura 6 | Propaganda do novo sistema para a rede aérea de telefonia de Curityba, em 1927. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 26 mar. 1927. | figura 7 | Matéria sobre o novo sistema de telefonia em Curitiba. Fonte: Curityba e os novos telephones. Revista Illustração Paranaense. Curityba, Ano II, n. 12, dez. 1928. | figura 8 | Idem. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curityba, Ano IV, n. 3, mar. 1930. | figura 9 | Matéria sobre a Companhia de Força e Luz no Paraná. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curityba, Ano IV, n. 3, mar.1930. | figura 10 | Propaganda da Companhia de Força e Luz no Paraná. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curityba, Ano IV, n. 7, jul.1930.

| figura 18 | Projeto de casa econômica. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curytiba, 18 fev. 1928. p.3. | figura 19 | Projeto de Cottage para Hermano Franco Machado [091]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 20 | Projeto de residências geminadas para Hermano Franco Machado [088]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 21 | Projeto de sobrado para Hermano Franco Machado [091]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 22 | Reportagem sobre a inauguração da Vila dos Funcionários. Fonte: A INAUGURAÇÃO da Villa dos Funccionarios Publicos. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curityba, 3 jan. 1927. p. 1. | figura 23 | Projeto de casa tipo 1 – Vila dos Funcionários [036]. Fonte: Relatorio do Secretario Geral d’Estado Alcides Munhoz, ao Presidente do Paraná Caetano Munhoz da Rocha, referente ao Exercicio Financeiro de 1924-1925, em 31 de dezembro de 1925. Curityba: Livraria Mundial França & Cia. Ltda., 1925. | figura 24 | Projeto de casa tipo 2 – Vila dos Funcionários [036]. Idem. | figura 25 | Projeto de casa tipo 3 – Vila dos Funcionários [036]. Idem. | figura 26 | Projeto de casa tipo 4 – Vila dos Funcionários [036]. Idem. | figura 27 | Projeto de casa tipo 5 – Vila dos Funcionários [036]. Idem. | figura 28 | Residências nos “bairros elegantes de Curityba”. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curytiba, Ano I, n. 1, nov. 1927. p. 8. | figura 29 | Propaganda da Vila Guaira. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 5 de out. 1928. | figura 30 | Projeto de residência para Pedro Gabardo [065]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 31 | Projeto de residência para Peter Muller [067]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| figura 38 | Propaganda da Fábrica Lucinda. Fonte: LAMBERT, Egydio. O Guia Paranaense. Anno 1, n. 1. Curitiba, 1917. | figura 39 | Orçamento da instalação da rede hidrossanitária. Coleção e Acervo: Paulo Affonso Grötzner. | figura 40 | Planta de “Villino para Paulo Grötzner” [046]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 41 | Planta de Palacete para Fidelis Reginato [040]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 42 | Projeto do Palacete Lustosa [031]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 43 | Fachadas do Palacete Lustosa [031]. | figura 44 | Projeto de alteração da fachada frontal do Palacete Lustosa [031]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 45 | Fachada frontal da residência para Rodolfo Altrich [029]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 46 | Fachada frontal da residência para José Bellegard [033]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 47 | Fachada frontal da residência para Álvaro Teixeira de Freitas [034]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba. | figura 48 | Recibo de pagamento a Eduardo Fernando Chaves. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | figura 49 | Orçamento da Casa Chaves. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | figura 50 | Matéria: “Curityba Moderna”. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 22 abr. 1928. p. 5. | figura 51 | Matéria: “Os mais belos interiores de Curitiba”. Fonte: Álbum do centenário do Paraná: 1853-1953. Curitiba: Revista A Divulgação, 1953.

| figura 33 | Projeto de residência para Carl Chyla [071]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| figura 52 | Fachada frontal do Palacete Garmatter [080]. Fonte: Projeto de um Palacete para o Snr. Julio Garmatter a construir-se na Rua Dr. Kellers (Alto São Francisco). Curitiba, 14 de outubro de 1937. Plantas, cortes e fachadas apresentadas em quatro pranchas. Cópia autêntica executada pela Secção Técnica do Depto de Obras e Viação. Levantamento arquitetônico em cópia heliográfica. Acervo: Secretaria de Estado da Cultura do Paraná.

| figura 14 | Idem.

| figura 34 | Propaganda da Casa Chaves. Fonte: Jornal A Republica. Curityba, 1925.

| figura 53 | Fachada lateral do Palacete Garmatter [080]. Idem.

| figura 15 | Propaganda da Tômbola de Beneficiência. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curytiba, Ano IV, n. 6, jun.1930.

| figura 35 | Idem. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 22 jun. 1928.

| figura 54 | Plantas do Palacete Garmatter [080]. Idem e Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. Palácio

| figura 11 | Taxa para aprovação de projeto arquitetônico. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | figura 12 | Taxas do alvará de construção. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | figura 13 | Propaganda de novos loteamentos. Fonte: Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 26 mar. 1927.

184

A DÉCADA DE 1920

| figura 32 | Projeto de residência para Reinhardt Mathez [074]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.


São Francisco - Museu Paranaense. Curitiba, setembro de 2001. Plantas e cortes, apresentadas em cinco pranchas. Levantamento arquitetônico em arquivo digital. Acervo: Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. | figura 55 | Projeto de sobrado de V. Gabriel Ribeiro [061]. Projeto aprovado na Prefeitura Municipal de Curitiba.

| foto 22 | Palacete Lustosa. Fotografia: Elizabeth A. de Castro.

do Paraná, referente ao exercício de 1932. Curitiba, fevereiro de 1933. p.37.

| foto 23 | Palacete Guimarães [030]. Fotografia: Elizabeth A. de Castro.

| tabela 1 | Tabela Geral de Obras de Eduardo Fernando Chaves entre 1930 e 1942.

| foto 24 | Antigo Palacete Garmatter [080]. Fotografia: Elizabeth A. de Castro.

| foto 1 | Panorâmica de Curitiba. Fonte: Exposição-Feira de Curityba. Curityba, novembro de 1929.

| foto 25 | Antigo Palacete Garmatter [080]. Fotografia: Elizabeth A. de Castro.

| foto 2 | Idem.

| foto 26 | Praça Tiradentes. Coleção e Acervo: Paulo Affonso Grötzner.

| foto 3 | Rua Barão do Rio Branco. Idem. | foto 4 | Praça Tiradentes. Acervo: Banco do Brasil.

| foto 27 | Praça Tiradentes. Coleção Julia Wanderley – Acervo: Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.

| foto 5 | Tampa do poço de inspeção da rede hidrossanitária. Fotografia: Elizabeth A.de Castro.

| foto 28 | Praça Tiradentes. Coleção e Acervo: Paulo Affonso Grötzner.

| foto 6 | Praça Santos Andrade. Acervo: Memorial Lysimaco Ferreira da Costa.

| foto 29 | Rua 15 de Novembro. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curityba: anno IV, n. 3, mar. 1930.

| foto 7 | Rua 15 de Novembro. Coleção e Acervo: Paulo Affonso Grötzner.

| foto 30 | Idem.

| foto 8 | Idem. | foto 9 | Praça Tiradentes. Idem. | foto 10 | Vila dos Funcionários (036). Fonte: Relatorio do Secretario Geral d’Estado Alcides Munhoz, ao Presidente do Paraná Caetano Munhoz da Rocha, referente ao Exercicio Financeiro de 1925-1926, em 31 de dezembro de 1926. Curityba: Livraria Mundial França & Cia. Ltda., 1926.

| foto 31 | Idem. | foto 32 | Prédio de Maria Eulália Chaves [101]. Fotografia: Elizabeth Amorim de Castro. | foto 33 | Idem. | foto 34 | Lançamento do Coletor e Incinerador de Lixo “Cidel”. Coleção Eduardo Fernando Chaves – Acervo: Eduardo Fernando Chaves, sobrinho.

| foto 14 | Palacete Guilherme Weiss [022]. Coleção Palacete Weiss – Acervo: Bruno Weiss de Castilho.

| mapa 1 | Infraestrutura Urbana de Curitiba, em 1930. Fontes: Planta de Curityba – 1927. Acervo: Fundação Cultural de Curitiba; Planta Geral da Rede de Água e Esgotos de Curitiba – 1926. In: Relatorio do Secretario Geral d’Estado Alcides Munhoz, ao Presidente do Paraná Caetano Munhoz da Rocha, referente ao Exercicio Financeiro de 1925-1926, em 31 de dezembro de 1926. Curityba: Livraria Mundial França & Cia. Ltda., 1926, e Planta da Cidade de Curityba – 1935. Acervo: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba.

| foto 15 | Vila Ida I. Coleção e Acervo: Paulo Affonso Grötzner.

| mapa 2 | Loteamentos populares com projetos e construções de Eduardo Fernando Chaves. Idem.

| foto 16 | Vila Ida II. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curityba: anno 1, n. 2, dez. 1927.

| mapa 3 | Obras de Eduardo Fernando Chaves (19121930). Idem.

| foto 17 | Vila Ida II [046]. Coleção e Acervo: Paulo Affonso Grötzner.

| mapa 4 | Obras de Eduardo Fernando Chaves (19331944). Fontes: Planta da Cidade de Curityba – 1935. Acervo: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba e Alvarás de Construção. Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

| foto 11 | Idem. | foto 12 | Idem. | foto 13 | Eduardo Fernando Chaves. Coleção Eduardo Fernando Chaves – Acervo: Izabel Chaves M. de Aragão.

| foto 18 | Residência de Candido Mäder [057]. Coleção Residência Candido Mäder – Acervo: Rosa Maria Mäder de Pauli. | foto 19 | Residência de Dante Romanó [042]. Coleção Residência Dante Romanó – Acervo: Nadiesda de Azevedo Romanó. | foto 20 | Residência de Dante Romanó [042]. Coleção Residência Dante Romanó – Acervo: Nadiesda de Azevedo Romanó. | foto 21 | Rua 15 de Novembro. Coleção e Acervo: Elizabeth A. de Castro.

| quadro 1 | Passageiros de bondes em Curitiba (18981921). Fonte: Mensagem do Prefeito João Moreira Garcez á Camara Municipal, em 15 de abril de 1922. Curityba: Typ. d’A Republica, 1922. p. 83. | quadro 2 | Construções em Curitiba (1902-1930). Fontes: Mensagem da Prefeitura Municipal da Capital, em 15 de abril de 1913. Annaes da Camara Municipal. Sessões de 18 de setembro de 1912 a 28 de julho de 1913. Curytiba: Typ. d’A Republica, 1913. p.131; e Relatorio da Prefeitura Municipal ao Interventor Federal no Estado

A DÉCADA DE 1920

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As residências de grande porte, projetadas por Eduardo Fernando Chaves, foram construídas para famílias nucleares, acrescidas de empregados e, em muitas delas, de agregados. Na Vila Olga [017], de Caetano Munhoz da Rocha, morava o casal e dez filhos – ao longo do tempo, nasceram mais quatorze crianças –, além de contar com parentes e cinco empregados que trabalhavam e moravam na casa. Olga e Paulo [Vila Olga - 017]: No piso abaixo da cozinha e no porão ficavam os quartos dos empregados: o pajem, a cozinheira, a empregada, a arrumadeira, a lavadeira, todos utilizavam um único banheiro. Havia também

| foto 1 | Luiz Guimarães e família no salão de festas de seu palacete [030], na década de 1930.

o jardineiro e o “faz tudo,” cada um morando em uma casa no terreno. Na Vila Olga circulava tanta gente e, por muito tempo, pensei que uma prima era minha irmã.

O Palacete de Luiz Guimarães [030] – projetado a princípio para um casal e nove filhos – recebeu, mais tarde, a filha viúva e suas duas crianças, além de duas moças vindas de Castro, duas empregadas e o jardineiro. Embora a família na Vila Odette [027] fosse pequena (quatro pessoas, na década de 1920), também contava com vários empregados.1 Odette [Vila Odette - 027]: Na Vila Odette moravam meus pais com quatro filhos e uma filha. Tinha lavadeira e passadeira – que usava ferro a carvão e moravam numa casa no terreno –, duas babás, a arrumadeira e a cozinheira que trabalhou conosco por 50 anos e nos acompanhou nas estadias no Rio

| foto 2 | Odette Ferreira de Leão e seus filhos, Agostinho e Roberto Decio, 1928 - [Vila Odette - 027].

de Janeiro. Acima da garagem, havia quartos para o chauffer, o jardineiro e outros empregados.

Os padrões para “habitar de acordo”, no início do século XX e nas décadas seguintes, encontram-se fortemente influenciados pelas normas e condutas vigentes na Europa. No Brasil são reproduzidos os manuais importados indicando os novos modos de viver urbano associados às ideias de higiene, conforto, beleza e luxo. Transportado para o contexto brasileiro o repertório do luxo e bem-estar europeus será aqui apropriado como uma forma superior de cultura e civilização impregnada de sentidos, progresso e modernidade. Numa cidade onde o modo de vida burguês antecedeu à implantação da estrutura produtiva, o consumo assume o papel disciplinador que as transformações técnicas e a planificação do trabalho nas indústrias preencheram nos epicentros do sistema. Nesse contexto particular, a casa e a família tornaram-se elementos-chave nas transformações que levariam a sociedade paulistana a novas formas de integração no mercado internacional.2

| foto 3 | Maria Garmatter e filhos, sem data - [Palacete Garmatter - 080].

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Em Curitiba, observa-se o mesmo fenômeno, a partir dos projetos que Eduardo Fernando Chaves executa. A variedade do repertório formal traduz o espírito da época, no qual a possibilidade de escolha é valorizada, associando-se à personalidade do proprietário. Ocorrem, desse modo, o “typo Castello do renascimento francês” do Palacete Guimarães, o “estylo normando” das vilas Olga e Odette, a “villa franceza” de Paulo Grötzner ou o “estylo clássico” do Palacete do Banco do Brasil.3 As revistas especializadas, as fotografias e as viagens ao redor do mundo permitem o conhecimento e a reprodução de “edifícios do passado e de culturas diversas”, que levarão a elite econômica à imitá-las. Um “ato de representar e evocar, de atender à demanda burguesa por quantidade e acumulação como instrumento de afirmação social, de retratar a expressão da individualidade do proprietário por meio do inédito e do exótico e, simultaneamente, de usar referências do passado como forma de criar símbolos de tradição”.4 A evocação pode também relacionar-se à modernidade, como no Palacete Garmatter que toma como modelo a Casa Rasch do arquiteto Hermann Muthesius, construída em Wiesbaden, Alemanha. As linhas austeras e a volumetria contida se contrapõem à exuberância das vilas ou, ainda, dos palacetes aqui analisados, alinhando-se à corrente arquitetônica que inspirou o modernismo.

| foto 4 | [acima] Antigo Palacete Guimarães [030], em 2012. | foto 5 | [acima à direita] Vila Odette [027], na década de 1940. | foto 6 | [ao lado] Palacete Garmatter [080], na década de 1930.

Suzana [Palacete Guimarães - 030]: Luiz Guimarães exportava café para Europa. Em visita ao Vale do Loire, encantou-se com os castelos e quis construir uma réplica aqui. Antes, a família morava em uma casa na Rua Vicente Machado, em frente ao [atual] Hospital São Vicente. [Sobre as casas das filhas construídas nas proximidades do Palacete:] Havia

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a casa de minha mãe, Elsa, a primeira a se casar em 1937; a da tia Izabel; e, ao lado, a da tia Eucidia, em estilo cottage. As casas das minhas tias foram copiadas e escolhidas de um catálogo vindo dos EUA.

Odette [Vila Odette - 027]: Meu pai [Agostinho Ermelino de Leão] ia muito à Argentina, viu esta casa em Mar Del Plata e a reproduziu aqui.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: Meu avô visitou esta casa na Alemanha, gostou e trouxe o projeto para construir em Curitiba.

Ter ou não estilo era o grande divisor de águas, uma demonstração de que o indivíduo saíra do limbo ao qual seu país sem cultura estava condenado e ingressara no mundo civilizado.5 Ao copiar os modelos europeus divulgados pela publicidade, os proprietários perseguiam a ideia de usufruir de um modo de vida, essencialmente urbano. Para tal, era imprescindível dispor de modernos banheiros e cozinhas dentro da casa – com abundante água quente jorrando das torneiras e vaso sanitário acionado pelo sistema de descarga –, comer e beber alimentos resfriados pela geladeira, circular pela casa sem a fumaça dos lampiões, jantar e receber amigos após o anoitecer, ouvir música na eletrola ou no rádio, vestir roupas finas e passear à noite nas ruas e praças iluminadas e pavimentadas, assistir filmes no cinema, ir ao teatro, falar à distância pelo telefone, percorrer a cidade no bonde, enfim, viver em uma cidade que dispunha de serviços e infraestrutura urbana. Para as classes abastadas, a referência do bem-morar era a decoração, o vestuário, a educação e os comportamentos dos franceses e ingleses, percebidos como tradicionalmente requintados e que já desfrutavam destes equipamentos e modo de vida, há um século. Com a ligação do litoral ao planalto de Curitiba pela estrada de ferro, em fins do século XIX, era possível importar o universo de produtos então disponíveis no mercado europeu para a construção de habitações e a decoração de confortáveis e luxuosos ambientes. Todos os artigos necessários a uma casa e produzidos em diversos países poderiam ser adquiridos por encomenda no Catálogo da Sears, de Chicago, inclusive a compacta residência de três quartos que, em 1912, custava U$ 753,00 [figura 2] no formato pré-fabricado. Contudo será entre as décadas de 1910 e 1920 que Curitiba avança nos elementos da infraestrutura necessária para implantação dos preceitos da casa moderna: rede hidrossanitária, eletricidade, pavimentação, telefonia e transporte urbano, propiciando a renovação e a incorporação de novos ambientes, materiais e equipamentos domésticos. No período também são construídas as residências projetadas por Eduardo Fernando Chaves, marcos da arquitetura residencial

| figura 1 | Móveis do Catálogo Sears, em 1908.

| figura 2 | Casa pré-fabricada do Catálogo Sears, em 1912. Os produtos vendidos por catálogos pela Loja americana Sears variavam entre divãs e sofás romanos e casas pré-fabricadas.

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e da paisagem urbana de Curitiba. Elas são referência de seus proeminentes proprietários, associando a condição social e financeira ao luxo, ao conforto e à modernidade.

| foto 7 | Caetano Munhoz da Rocha, Presidente do Estado, ladeado por autoridades na entrada principal da sua residência a Vila Olga [017], também utilizada para reuniões oficiais, na década de 1920.

| foto 8 | Palacete Garmatter [080], na década de 1930.

Misto de refúgio e representação social, as casas abastadas seguem os preceitos de Guadet, em relação à implantação no terreno, à incorporação da infraestrutura urbana, da tecnologia e dos equipamentos modernos, ao programa arquitetônico adotado e à distribuição que separa e hierarquiza os diferentes ambientes e fluxos. Elementos da arquitetura imbricados a um modo de vida que faz uso de móveis e objetos decorativos sofisticados, privilegia a boa educação e vivencia a cidade de forma muito particular. No desenvolvimento do trabalho, as entrevistas realizadas permitiram conhecer tal universo e percorrer os espaços internos das residências, acompanhando a memória dos moradores. São suas lembranças, móveis, objetos e fotografias que dão suporte ao texto, a seguir. Com localização em extensos terrenos, as residências de grande porte estão implantadas de forma a possibilitar uma boa visibilidade das ruas, mas com a privacidade resguardada por muro, jardim frontal e isolamento dos limites do terreno. O portão principal é sempre destacado, como o do Palacete Guimarães, com imponentes gradis de ferro “batido e forjado”, locado na esquina e visto por quem percorre a Avenida do Batel.7

| foto 9 | Vila Odette [027], na década de 1940.

| foto 10 | Palacete Guimarães [030], sem data.

| foto 11 | Portão principal do Palacete Guimarães [030], sem data. Primoroso trabalho em ferro batido confeccionado por Frederico Rauch, alemão radicado em Curitiba. | foto 12 | [acima] Jardim francês do Palacete Guimarães [030], sem data. | foto 13 | [ao lado] Jardim francês da Vila Odette [027], na década de 1940.

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Após passar pelo grandioso jardim, frequentemente organizado à francesa, chega-se ao acesso principal da residência, descentralizado na fachada, mas em destaque. No Palacete Guimarães, um amplo terraço antecede a sofisticada porta de duas folhas em madeira, com vidro e gradis de ferro. A Vila Odette, por sua vez, tem solução mais contida, com a entrada principal protegida por pequena loggia. Outras portas localizam-se na lateral da construção em volume separado, como no Palacete Garmatter e na Vila Olga, onde o acesso mais importante – com cobertura que protege o percurso dos visitantes – é alcançado pelo automóvel. O visitante ao ultrapassar a entrada principal chega ao hall, espaço de transição entre o público e o privado, que o introduz ao ambiente familiar, seguindo a orientação da casa moderna de Guadet. Tal ambiente propicia a primeira leitura da residência e de seus moradores e, desta forma, a decoração busca a sobriedade, o requinte e o conforto, apresentando de maneira organizada poltronas, chapeleira e console ou mesa porta-coisas.

| foto 14 | Porta principal da Vila Odette [027], na década de 1940.

Olga [Vila Olga - 017]: Na Vila Olga, depois da porta principal, havia o hall enorme, com piso em mármore branco, linda escadaria e mobiliado com sofá de couro. O assoalho das demais salas era de tábua corrida.

Elsa [Palacete Guimarães - 030]: Na “casa grande”, as visitas eram recebidas no hall com piso em mármore branco, uma mesinha e alguns sofás, além de esculturas em alabastro com pedestais do mesmo mármore. Ao fundo, havia a escada também em mármore, constituindo um dos acessos ao segundo pavimento.

Na Vila Odette, o hall, aberto, é decorado com cadeiras, mesas, esculturas com pedestais e paredes revestidas com tecidos, destinado à permanência do visitante enquanto aguarda ser recebido pelos moradores. Ali se situa a escadaria principal que conduz ao pavimento superior, em madeira trabalhada e iluminada por intermédio de uma clarabóia. A escada é um elemento de grande importância na composição e está presente na maioria das residências de grande e médio porte, como na Vila Olga [017], nos palacetes Garmatter [080] e Guimarães [030] e nas residências Dante Romanó [042], Candido Mäder [057] e Guilherme Withers Junior [020], sendo sempre destacados nos depoimentos de moradores e familiares.

| foto 15 | Porta principal do antigo Palacete Guimarães [030], em 2011.

Olga [Vila Olga - 017]: A clarabóia era colorida, distribuindo cores no hall, e a escada, em madeira trabalhada.

Odette [Vila Odette - 027]: A clarabóia colorida ilumina os quatro lances da escada de madeira, em estilo inglês.

Elsa [Palacete Guimarães - 030]: A luz entrava pelos vitrais decorados com as POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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Cataratas do Iguaçu e iluminava o hall e a escada com degraus em mármore e corrimão em ferro forjado.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: A sala, utilizada por minha avó nos momentos de descanso era bem viva e iluminada pelos vitrais de motivos florais, coloridos e lindos, que vieram da França e foram substituídos posteriormente pelo atual desenho das Cataratas do Iguaçu.

| foto 16 | Hall de entrada do Palacete Guimarães [030], sem data. Nas laterais, portas de acesso aos ambientes sociais e, ao fundo, a escadaria principal guarnecida por estátuas francesas em alabastro e pedestais de mármore.

| foto 19 | Vitrais decorados do Palacete Antonio Souza Mello [019], sem data.

| foto 17 | Hall do pavimento superior do Palacete Guimarães [030], sem data. Em primeiro plano, uma réplica da escultura “Vitória da Samotrácia”, trazida de Paris. Ao fundo, os vitrais decorados com desenho das Cataratas do Iguaçu.

| foto 20 | Hall da Vila Odette [027], em 2011, com destaque para os vitrais decorados com motivo floral.

| foto 22 | Clarabóia que ilumina a escadaria principal da Vila Odette [027], em 2011.

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| foto 18 | Vitrais decorados do Palacete Guimarães [030] – de autoria de Alfredo Andersen –, que iluminam a escadaria principal, sem data.

| foto 21 | Outro ângulo do hall da Vila Odette

[027], com a imponente escadaria principal, na

década de 1940.

| foto 23 | Fachada posterior do Palacete Garmatter [080]. No centro do pavimento superior, vitrais decorados com flores que iluminam a Sala da Senhora, na década de 1930.


Na Vila Olga, os ambientes sociais e de serviço compreendiam: Olga [Vila Olga - 017]: dois escritórios, sala de visitas, de jantar, fumoir, uma salinha do piano, sala de almoço, copa – que dava para um corredor – e, ao fundo, a cozinha seguida da despensa. Havia outro corredor lateral que levava para dois quartos com um banheiro.

Os padrões de decoração carregados estavam plenamente em uso nessas residências [palacetes paulistanos], durante todos os vinte primeiros anos do século XX. A decoração eclética continuava sendo de alto prestígio. A casa abastada estava familiarizada com exposições heterogêneas, que comportavam alto grau de variações na tipologia e nas dimensões desses objetos.8 O amplo escritório da Vila Olga com entrada independente era utilizado por Caetano Munhoz da Rocha para atender as obrigações que desempenhava como Governador do Estado, despachando oficialmente, sendo, portanto, um ambiente austero e formal. Olga [Vila Olga - 017]: Vovô despachava com seus secretários e recebia as visitas oficiais em um dos escritórios, que possuía móveis entalhados, em madeira escura, e terno de sofá em couro. O outro, mais simples, era de seu uso exclusivo.

No Palacete Guimarães, a biblioteca, isolada na frente do edifício e com acesso independente, é um ambiente de trabalho, utilizado sem que o visitante “entre” na casa, esquema semelhante ao do escritório do Palacete Garmatter. Nestas salas são encontrados móveis escuros de madeira entalhada e confortáveis poltronas de couro, decoração contida com bustos de importantes figuras de eruditos, estatuetas/réplicas de escultores europeus famosos – indicadores do cosmopolitismo do proprietário – e quadros a óleo retratando parentes, numa referência à tradição familiar. Os objetos decorativos são poucos, com preferência aos industrializados e, principalmente, importados, tais como canetas-tinteiro francesas, papeleiras, luminárias e relógios. Em alguns ambientes também são encontradas lareiras. A localização frontal e a entrada independente do escritório faziam parte do programa da casa abastada, assim como as virtudes do requinte, elegância e, sobretudo, sobriedade. Tratava-se de local ocupado pelo chefe da casa, onde se dedicava a assuntos importantes, como cuidar dos negócios da família, receber amigos, estudar e descansar do turbilhão do mundo externo, podendo isolar-se sentado nas poltronas de couro com os pés sobre tapetes persas ou réplicas. POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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No escritório as mesas de trabalho, de madeira escura e maciça, com tampos horizontais muito amplos, herdaram a imponência das mesas inglesas das bibliotecas eclesiásticas e universitárias do final do século XVII.9 Mesmo com tais condicionantes, a possibilidade de escolha está sempre presente. A propaganda de uma marcenaria, em periódico de 1918, exibe uma foto com os principais modelos fabricados, indicando a variedade, dos “móveis superiores em todos os estylos e phantasias”, onde o comprador elege a sua decoração.10 Igualmente, ao apresentar sua produção arquitetônica mais relevante em 1930, Eduardo Fernando Chaves, destaca a biblioteca “em estylo manoelino” da Vila Odette [027] e a de “estylo inglês” da Vila Olga [017].11

| foto 24 | Escritório do Palacete Garmatter [080], na década de 1930.

| foto 25 | Biblioteca do Palacete Guimarães [030], sem data. | foto 26 | [ao lado] Escritório da Vila Odette [027], na década de 1940.

| figura 3 | Propaganda de mobiliário para o escritório doméstico – em madeira escura e com poucos objetos ornamentais – salientando a sobriedade e a austeridade de suas formas, 1918. | figura 4 | [ao lado, à esquerda] Desenho dos móveis projetados pela Bens & Roessle de Curitiba para a Vila Ida II [046], de Paulo Grötzner, utilizados na sala de jantar e no escritório. | foto 27 | [ao lado, à direita] Conjunto de armário e sofá remanescente do escritório de Paulo Grötzner na Vila Ida II [046] e pertencente ao neto, Paulo Affonso, em 2012.

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Outro ambiente de uso masculino é encontrado no Palacete Guimarães: o salão de conversa e bilhar, com mesa de jogo centralizada, decoração contida, móveis em madeira de lei, escura, e confortáveis poltronas em volta da lareira. Já na Vila Olga há o fumoir. Olga [Vila Olga - 017]: Na Vila Olga um ambiente para as moças e senhoras localizava-se ao lado do fumoir, era a salinha com mais um piano onde as filhas e a Silvia estudavam.

Elsa [Palacete Guimarães - 030]: Na casa havia uma sala com mesa de bilhar – com bolas de marfim –, mas papai não gostava de jogar.

Odette [Vila Odette - 027]: Esta sala grande sempre foi o escritório dos Agostinhos e os móveis ainda são os mesmos. [Residência Ulisses Vieira - 024]: A biblioteca era decorada com poltronas de couro

e as paredes ostentavam fotografias dos ancestrais da família (...). Dada a sobriedade do ambiente, foi retratado, em afrescos, o busto de Wolfgang Von Goethe.12 | foto 28 | [à esquerda] Salão de Conversa e Bilhar do Palacete Guimarães [030], sem data. | foto 29 | [ao lado] Salão de Conversa e Bilhar do Palacete Guimarães [030], sem data.

Na sala de visitas havia a tendência ao uso de móveis e objetos de estilo francês, com predileção para os Luízes, muito mais luxuosos. Ambiente de requinte, composto de poltronas individuais ou duplas, conversadeiras e marquesas – todas em madeira com assento e recosto em gobelin –, pequenas mesas laterais e centrais, piano, lareira, tapetes persas nos espaços entre poltronas, armário envidraçado com bibelots, espelho emoldurado, almofadas espalhadas pelo chão, obras de arte em cristal Murano, vasos chineses, cópias ou originais de peças de museus, em alabastro, prata e luminárias de cristais. Aqui, impera a representação e o gosto feminino, com riqueza de detalhes: cortinas em seda com xale de veludo, tetos e paredes com aplicações em guirlandas, almofadas e capas de abajur de renda e toalhinhas bordadas. POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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| foto 30 | [ao lado, à esquerda] Sala de Visitas da Vila Odette [027], na década de 1940. | foto 31 | [ao lado, à direita] Outro ângulo da Sala de Visitas da Vila Odette [027], na década de 1940.

| foto 32 | [ao lado, à esquerda] Salão de Festas do Palacete Guimarães [030], sem data. | foto 33 | [ao lado, à direita] Sala de Visitas do Palacete Antonio de Souza Mello [019], sem data.

A decoração elaborada de tetos e paredes; as generosas janelas e portas de vidro que potencializam a iluminação natural; as cadeiras, marquesas e conversadeiras revestidas com gobelin e dispostas em torno de uma mesa central; os finos lustres, arandelas e abajures; o tapete persa, os objetos decorativos e as almofadas bordadas para descanso dos pés são elementos sempre presentes.

| foto 34 | Sala de Visitas no Palacete Garmatter [080], na década de 1930. | foto 35 | Sala de Visitas no Palacete Garmatter [080], na década de 1930. | foto 36 | Sala de Visitas no Palacete Garmatter [080], na década de 1930.

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Os diferentes ângulos das fotografias permitem ver a convivência entre o tradicional e o moderno: a madeira escura – presente no piso, no teto, nos lambris e nas esquadrias – e os papéis de parede importados com motivos florais revestem a alvenaria e compõem o ambiente para mesas, sofás e poltronas de linhas futuristas acompanhados de enfeites, toalhinhas bordadas, pinturas de paisagens e objetos de arte, de inspiração clássica.

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O caráter suntuoso e sofisticado da sala de visitas expressava-se no uso de móveis nos estilos franceses Luiz XV e XVI, que se destacavam pelo uso do dourado e de estofamentos claros, em móveis torneados e densamente ornamentados, que contrastavam com a mobília da sala de jantar.13

| foto 37 | Marquesa da Residência Candido Mäder [057], hoje pertencente à filha Rosa, em 2011.

Na sala de visitas estão presentes elementos de exuberância e excesso, que demonstram um grande investimento monetário concentrado neste espaço que é a vitrine da família. A sala de visitas era fundamental para as famílias que recebiam socialmente.14

| foto 38 | [ao lado] Recepção na Vila Odette [027], sem data.

O aformoseamento das casas e o luxo, entendidos como decoração encontram-se igualmente descritos nos manuais do bem-morar da época e servem como modelo para a casa abastada. Cleser descreve uma sala de visitas para aqueles com meios abundantes. Deve ser confortável em tudo e estar em perfeita harmonia com a sua fortuna e posição social. Um número infindável de móveis e acessórios decorativos cumpriria essas funções: cadeiras, poltronas, puffs, banquetas, sofás, conversadeiras, espelhos, mesas com porta cartões, colunas cachet-pots, cestinha de vime dourado, frascos de crystal, bibelots artísticos, jarras com flores, mesa com potes de flores, colunas com estátuas, representando personagens de óperas e romances de autores nacionais, quadros de artistas de nomeada, bronzes e mármores autênticos, mesinhas diferentes e o piano.15

| figura 5 | Propaganda de móveis para sala de visitas – marquesas, cadeiras, mesas e armários (complementados com objetos de arte, como quadros e estátuas), além de lustres, abajures, bibelôs e tapetes – presentes nas casas das décadas de 1910 e 1920.

Olga [Vila Olga - 017]: Na sala de visitas, com cortinas brancas e xale colorido e muitas obras de arte, estava o piano de cauda, pois a Silvia era ótima pianista.

Elsa [Palacete Guimarães - 030]: No Palacete havia uma lareira na sala de visitas. POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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Odette [Vila Odette - 027]: Os grandes vitrais decorados multiplicavam as cores no ambiente.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: Na sala de visitas havia uma lareira e móveis de estilo, feitos à mão. [Residência Ulisses Vieira - 024]: Nos pilares engastados nas paredes da sala de música foram pintados em afrescos os bustos dos compositores prediletos do proprietário da casa: Schubert, Mozart, Beethoven e Chopin. Neste ambiente ficavam o violino e o piano, guarnecido por um vaso de cristal com painas tingidas de vermelho e em dia de festa as crianças se sentiam felizes ao dedilhar o “bife” sem saber as notas musicais.16

A sala de jantar é um espaço nobre e – segundo depoimento de familiares –, utilizado rotineiramente, condição que determinou em várias residências a presença de duas portas: uma delas interligada aos demais ambientes sociais e a outra, voltada para a circulação interna (“passagem”) permitindo um fluxo independente, sem comunicação com a área social da casa. A sala de jantar é frequentemente revestida por lambri de madeira escura e possui mesa principal – centralizada, elástica e delimitada por um tapete persa –, que comporta mais de 12 cadeiras, sendo as da extremidade com braço. No Palacete Garmatter, o tamanho do tapete indica a grande dimensão da mesa para 24 lugares após a colocação das sete tábuas de alongamento. Completam este ambiente étageres, cristaleiras e mesas secundárias. | foto 39 | Sala de Jantar da Vila Odette [027], na década de 1940. | foto 40 | Sala de Jantar da Vila Odette [027], na década de 1940.

| foto 41 | Sala de Jantar do Palacete Garmatter [080], na década de 1930. | foto 42 | Sala de Jantar do Palacete Garmatter [080], na década de 1930.

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Olga [Vila Olga - 017]: Havia, na casa, copeira que servia as duas mesas de refeições: uma na sala de jantar, onde comiam os filhos mais velhos, até a idade da Zezé; e a outra com as crianças menores na copa.

Elsa [Palacete Guimarães - 030]:

As

refeições da família ocorriam na sala de jantar, que tinha lambri

| foto 43 | Sala de Jantar do Palacete Guimarães [030], sem data.

nas paredes e uma mesa elástica que fechada comportava doze cadeiras. Uma sineta tocava no horário da alimentação e era ouvida na casa toda.

Odette [Vila Odette - 027]: A família fazia todas as refeições na sala de jantar,

| fotos 44 e 45 | Sala de Jantar do Palacete de Antonio de Souza Mello [019], sem data.

cujos móveis são os mesmos do tempo de meus pais. Aos sábados, quando reuniam os parentes, as crianças pequenas ficavam neste cantinho, junto à sala de jantar.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: A mesa de jantar tinha 14 lugares e aumentava com mais sete tábuas. As cadeiras da cabeceira tinham braços e as demais encontravam-se distribuídas na sala. A casa era frequentada pelos parentes e sempre, aos domingos, a grande família se reunia, quando as crianças sentavam à mesa ao lado, no jardim de inverno. [Residência Ulisses Vieira - 024]: A sala de refeições tinham pinturas que retratavam faisões e frutas tropicais, estas últimas acomodadas em fruteiras de bronze. Sobre a mesa, suspenso no teto, debruçava-se um lustre de cristal tcheco com vários pingentes, completado por hastes de bronze (...). Em dois cantos da sala, pedestais em madeira, arrematados em capitel, sustentavam vasos de porcelana chinesa. Esses móveis, de imbuia maciça, entalhados em relevo e os gobelins nas paredes (...), davam ares suntuosos à decoração. Nesse ambiente é que a vovó sempre altiva, sentava-se majestosamente, à cabeceira da mesa, ao reunir filhos e netos para os lanches de seu aniversário, eventuais almoços e ceias natalinas com as filhas e respectivas famílias.17

A localização da sala de jantar e sua importância na habitação são descritas por Guadet: Les salles à manger. Sa place dans l’appartement sera à proximité aussi immédiate que possible des salons: en tous cas, la communication doit être large et facile. (...) Les dimensions d’une sale à manger ne sont pas arbritraires : sa

| foto 46 | Étagere da Sala de Jantar da Residência de Ulisses Vieira [024], pertencente à nora Ruth, em 2011.

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largeur est déterminé par la largeur présumé de la table, et la nécessité pour le service de pouvoir librement circuler tout autour des convives assis.18 (...) l’office est une petite pièce de service à côté de la salle à manger. (...) C’était alors un garde-manger. (...) sa place será em communication directe avec la salle à manger, et autant que possible sur le parcours entre elle et la cuisine.19 | foto 47 | [à esquerda] Jantar na Vila Olga [017], em 28 de maio de 1926, em homenagem a Washington Luís, futuro Presidente da República. Na foto, é o segundo à esquerda, sentado ao lado de Silvia, esposa de Caetano Munhoz da Rocha. | foto 48 | [à direita] Outro ângulo do jantar na Vila Olga [017], em 28 de maio de 1926.

As salas de jantar e de visitas são ambientes de acesso público e de representação, sendo mais decoradas e sujeitas a uma forte etiqueta.

| figura 6 | Propaganda dos móveis da empresa Paciornik, 1928. No detalhe, ilustração de sala de jantar.

(...) le salon ou les salons concentrent la richessse et les éléments de la représentation de l’habitation. C’est la partie la plus décorée, la plus theâtrale. (...) Les salons seront groupés: les grands salons formeront un ensemble, les petits salons seront rejetés aux extrémités. (...) Un petit salon sera une transition toute naturelle entre les salons et la chambre principale ou un cabinet de travail, une bibliothèque, etc.20 C’ést une piéce [le salon] de luxe et de représentation.21 Nelas encontram-se os móveis e objetos de maior requinte da casa abastada. As salas de jantar possuíam revestimentos distintos: lambri em madeira escura seguido de papel de parede, ou pintura mural, forros de madeira com caixotes decorativos, assoalho com tacos formando desenhos e tapete embaixo da mesa de refeições. Os móveis deveriam ser, preferencialmente, de estilo inglês. Os manuais da época deixam claro o que se esperava encontrar em uma sala de jantar, nas casas abastadas. As salas de jantar não devem ter móveis que não sejam próprios à função a que são destinados. No nosso entender as salas de jantar ricas, em que se possam ostentar pratos antigos ou modernos, pratas artísticas, do artístico joalheiro que se chama Leitão: louças da China, de Sèvres, de Saxe, de Wedgewood ou Japão em grandes armários com forma de vitrines, sempre ficarão mais harmo-

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niosas quando lhes completar o adorno de uma mobília classicamente antiga. Podem aproveitar-se para estas salas de jantar os bellos armários hollandezes que há ainda em muitas casas em Portugal, os bufetes de pés torneados que servirão de aparadores, as cadeiras de espaldar de couro e pregaria, os móveis de estylo em toda a sua opulenta grandeza.22 As residências seguem as normas vigentes, dispondo na sala de jantar a étagere com as louças e prataria, a cristaleira com cristais, o aparador, além da mesa de refeições. Completava a decoração: relógio, pinturas a óleo nas paredes e grandes lustres. Na Vila Odette, os móveis seguem o estilo manuelino e no Palacete Guimarães e na Vila Olga, o inglês. Todos os serviços de mesa e objetos decorativos em prata, porcelana e bronze eram importados de casas famosas da Europa, como os cristais da Boêmia, o faqueiro Christofle e a porcelana de Sèvres.

| foto 49 | Sineta usada na Sala de Jantar do Palacete Guimarães [030], pertencente à filha Elsa, em 2011.

O manual “O lar doméstico: Conselhos práticos sobre a boa direção de uma casa” enuncia com clareza como deveria ser ocupado o espaço de representação da sala de jantar. Na sala de jantar da residência burguesa de porte mediano, a mobília deve ser simples, sólida e de bom gosto, consiste em uma mesa elástica ou quadrada sobre um grande tapete de cores claras com seis a doze cadeiras, uma ètagere com tampo de mármore, peça útil e decorativa ao mesmo tempo, em suas diversas repartições onde guarda-se todo o necessário à mesa, um guarda louça para tudo que não for de uso diário, uma mesinha em forma de bandeja com duas alças e uma ou duas prateleiras, para chá, café, uma mesinha com pedra de mármore para o filtro e uma mesa trinchante.23

| figura 7 | Propaganda de “móveis de luxo, artisticamente confeccionados” da empresa A. Ritzmann & Cia., 1927.

A fixidez do mobiliário filia este espaço a valores tradicionais, reforçados pela impressão de durabilidade, solidez e robustez da mobília e seus acessórios. O valor do móvel com suas prateleiras envidraçadas deixando ver os jogos de porcelana fina, por vezes fruto de herança, demonstram que a perenidade, a riqueza e a funcionalidade são valores a serem exibidos. Os sentidos de tradição e ancestralidade que emanam do mobiliário da sala de jantar dão lastro à família, criam uma aura de legitimidade para os ícones de riqueza ostentados, que se referem à existência de um passado os quais projetam um futuro de segurança para a família.24 É frequente a presença de aposentos para hóspedes, separados do setor íntimo da casa, no térreo e com acesso independente e exclusivo pela lateral, com quarto e instalações sanitárias próprias. POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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Suzana [Palacete Guimarães - 030]: O quarto do térreo era destinado aos hóspedes e mamãe (Elsa) o ocupava quando vinha à Curitiba e tornou-se seu quarto ao ficar viúva. Também a vovó doente passou a utilizá-lo, mais tarde.

Olga [Vila Olga - 017]: A vovó dormia em um dos dois quartos do térreo, servidos por um banheiro. | foto 50 | Porcelana utilizada na Vila Olga [017], em 2010.

| foto 51 | Porcelana utilizada na residência de Candido Mäder [057], em 2011.

A sala de almoço, localizada entre a cozinha e o jantar, era utilizada diariamente no café da manhã, tanto no Palacete Guimarães como na Vila Odette. Na Vila Olga, o número de filhos e as idades respectivas era o critério para disposição da família nos ambientes de refeições: Olga [Vila Olga - 017]: (...) e em outra mesa, na sala de almoço, as crianças pequenas faziam as refeições e na copa, ao lado, os empregados. Ficava ali a geladeira GE de colocar gelo, que era muito grande. | foto 52 | [ao lado] Étagere da Sala de Almoço do Palacete Guimarães [030], pertencente à neta Suzana, em 2011.

Suzana [Palacete Guimarães - 030]: (...) em anexo à cozinha havia a copa para as empregadas e um grande relógio na parede. Era ali que as crianças pequenas alimentavam-se e, também ficavam lá, a geladeira com caixa de gelo, reposta todos os dias, e um painel numerado com as campainhas de cada aposento.

Odette [Vila Odette - 027]: (...) os empregados faziam as refeições na copa, ali ficava a louça diária e a geladeira de duas portas. Tinha gelo na parte de cima e o motor na parte de baixo.

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A cozinha, incorporada à casa, apresenta-se ordenada e limpa, graças aos benefícios fornecidos pela rede hidrossanitária, energia elétrica e novas tecnologias. Olga [Vila Olga - 017]: A cozinha era imensa, tinha fogão a lenha centralizado

| figura 8 | Propaganda de panelas esmaltadas, 1927.

– com a chaminé ao lado e serpentina para aquecer os banheiros –, mesa de mármore grande, duas pias e o passa-prato para a copa. Os mantimentos vinham ensacados do Armazém Demeterco – cujos pedidos eram feitos por telefone – e colocados nas tulhas da despensa. A carne era entregue pelo açougue e ia para geladeira.

Odette [Vila Odette - 027]: Na cozinha, tinha o fogão a lenha, grande e com serpentina que aquecia os banheiros. Ao lado desta, a despensa com todas as panelas. A adega ficava embaixo da escada de serviço.

Suzana [Palacete Guimarães - 030]: A cozinha tinha a pia de louça e o fogão a lenha com serpentina para aquecer os banheiros.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: A cozinha tinha fogão a lenha, grande e com serpentina, e ainda um fogão e um forno elétricos. Embaixo da escada de serviço, havia uma pequena despensa com enlatados, que ficava sempre trancada.

É na cozinha desta casa moderna que encontramos as mudanças determinadas pelas novas noções de higiene: ladrilho e azulejos brancos; 2 pias com água corrente fria e quente: 1 para pratos outra para copos e xícaras; ganchos para os panos de serviço; fogão a gás; prateleiras de mármore branco para potes de louça; na área ventilada 2 bacias de mármore para carnes, peixe e hortaliças; utensílios de ferro; a despensa tem o chão cimentado, as paredes caiadas, orifícios gradeados e janelas para garantir a ventilação constante; as latas de mantimentos eram mantidas longe do chão com suportes de ferro; nas paredes estavam ganchos para o toucinho e a carne seca e um guarda comidas pendurado no teto para salames e presuntos. A cozinha ideal possui 4 comparti-

| figura 9 | Propaganda de refrigerador elétrico vendido pela Companhia Força e Luz do Paraná, semelhante ao adquirido por Paulo Grötzner, em 15 prestações no ano de 1931, para a Vila Ida II.

| figura 10 | Fatura da compra de um refrigerador, 1931.

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mentos - copa (local de limpeza e refeição) cozinha (local do fogão e do processamento) despensa (armazenagem) e uma área definida em frente ao corredor onde ficavam as bacias de mármore.25 | foto 53 | Cozinha do Palacete Garmatter [080], na década de 1930. No centro, uma mesa; à esquerda, o fogão a lenha; e ao fundo, fogão e forno elétricos. As paredes revestidas com azulejos e o piso cerâmico e linóleo atendem à legislação vigente.

Embora, em Curitiba, ainda não houvesse o sistema de distribuição de gás e os fogões continuassem sendo construídos para consumo de lenha, todas as cozinhas estudadas atendiam os princípios da modernidade em relação à distribuição espacial, aos equipamentos e à higiene, adequando o bem-viver da cidade com o bem-morar das habitações. Dentre as muitas intervenções na casa moderna, a cozinha e o banheiro passaram a receber atenção especial, pois eram os maiores indicadores da civilidade, progresso e urbanidade, próprios das grandes capitais européias. La disposition des cousines reposait sur la même idée: éloigner de l’habitation les odeurs de la cuisine et de ses déchets.26 Sa place: elle doit être assez près de la salle à manger, sans lui être contigüe: en tour cas, elle n´en doit être séparée que par dégagements faciles (...) enfin elle doit être assez à part pour que les odeurs de cuisine ne se répandent pas dans l’appartement.27 Les cuisines peuvent s’établir à rez-de-chaussée, en sous-sol, ou enfin dans la comble. Devront donc avoir une entrée spéciale pour les fournisseurs, les marchandises, le combustible.28 Na década de 1920, o padrão construtivo em São Paulo reafirma tais disposições e, quando localizada a cozinha no porão, estabelecia área mínima de sete metros, altura mínima de 2,50 m e ligação com a sala de jantar feita por uma pequena escada até a copa. “Tal solução impedia o contato direto da cozinha com outras áreas da casa e impunha uma rígida separação da zona de serviços e empregados.”29 A normatização municipal para as cozinhas atende aos princípios higienistas da época e eram amplamente divulgados nas revistas, pelo viés da incorporação e disposição dos modernos equipamentos. A Revista Feminina os descrevia: “mesa no centro para louça lavada (se a cozinha for vasta). Pias de lavagem com água quente e fria, em lugar claro. Mesinha para louça a ser lavada, ao lado da pia.

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Pano pendurado em gancho para lavar prato; outro para panela. Prateleira na pia para sabão. Prateleira para utensílios, longe do fogão (por causa do vapor das panelas). Mesa de cortar próxima ao fogão e depósito de lenha, idem”.30 Nas casas estudadas encontram-se todos os elementos descritos acima, acrescidos de piso hidráulico e blocos de mármore decorado na copa e na despensa, de fácil limpeza e impermeáveis, indicando a sintonia da cozinha com as modernas virtudes do bem-morar. | foto 54 | W. C. e banho dos aposentos do casal Garmatter no piso superior de seu palacete [080], na década de 1930.

A concepção de modernidade vincula higiene, conforto e novas tecnologias para áreas até então desvalorizadas como cozinhas e banheiros. Estes são agora considerados “impérios da modernização e das novas invenções”, com suas peças fixas concentrando todas as atividades de asseio, só possíveis com água, esgoto, eletricidade e gás.31 Tal dimensão ultrapassa a arquitetura projetando-se na esfera dos anúncios publicitários, como na revista “A Casa”, onde um comercial informa: Realmente quem vê os actuaes banheiros e passa uma vista d’olhos sobre os velhos quartos de banho, sente a mesma impressão de quem compara um primitivo automovel com um modelo de 1929. O banheiro, como a cozinha ou outra qualquer dependencia da casa deve ser intelligentemente planejado e disposto. Actualmente para dar um effeito colorido ao banheiro dispomos dos marmores de cor, do esmalte, do lap, dos mosaicos e dos varios typos de reboco decorativo. Um dos processos frequentes na remodelação da casa é procurar espaço para um segundo banheiro, utilizando qualquer quarto desoccupado. É de grande vantagem ter dois banheiros principalmente nos predios de dois pavimentos. Na America do Norte até nas menores casas estão sendo instalados dois banheiros.32 A idéia de conforto associado a grandes espaços domésticos começa a ser substituída no XX, com o quarto de banho, que contém privada, banheira e pia, padrão adotado no Brasil a semelhança dos EUA, diferente do Europeu.33 POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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Olga [Vila Olga - 017]: No banheiro, com as paredes de azulejo branco e piso com lajotas verdes, tinha a banheira esmaltada, o vaso sanitário e a pia.

| figura 11 | Propaganda de quarto de banho completo, revestido com piso hidráulico e azulejos decorados, com aquecedor a gás que fornece água quente para a pia e a banheira, 1918.

A casa moderna deve, necessariamente, contar com instalações sanitárias incorporadas ao edifício principal, sendo nas residências de grande porte mais numerosas e presentes nos dois pisos. Possuem o conforto e a sofisticação de um ambiente espaçoso, com água quente, louças e muitos itens importados. Nas vilas Ida e Odette e nos palacetes Garmatter e Guimarães, elas adquirem uma conotação mais privativa, integrando-se aos dormitorios. Os numerosos banheiros indicam o poder aquisitivo do proprietário – uma vez que seu custo era elevado –, o maior apuro técnico e, sobretudo, a valorização do conforto e da modernidade, virtudes do bem-morar. A relação entre higiene, conforto e requinte torna-se explícita na propaganda de um “quarto de banho completo”, de 1918, revelando a felicidade e a intimidade da senhora fazendo sua toilette em um ambiente moderno e com auxílio de uma empregada.

Com a introdução das instalações sanitárias na área íntima da casa, ocorre nova configuração dos quartos de dormir: eles podem ser glamorosos, adornados e, simultaneamente, proporcionar conforto sem comprometer a saúde. Os manuais domésticos, os catálogos e as propagandas anunciam que: O quarto feminino elegante precisava de cama, divã, mesa de cabeceira e toucador e deviam ser pintados com esmalte, preferencialmente em branco azulado ou rosa. Caso se preferisse o dourado para a cama, este deveria se repetir em todos os móveis, se não por inteiro, pelo menos em frisos. A cama de metal também é chamada de cama higiênica.34 Os quartos, nas residências de grande porte, localizam-se predominantemente no piso superior, dentro de uma área de exclusiva circulação familiar: a zona intima. Em todas, há uma valorização dos aposentos do casal, que apresentam maiores dimensões e localização privilegiada. Na Vila Odette e no Palacete Guimarães, este conjunto de ambientes é formado por quarto, toilette, sala de banho e water 206

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closet, característica incomum naquele momento, indicando a importância atribuída à intimidade e ao conforto. No Palacete Guimarães, que abrigava família numerosa, a área intima é constituída por três conjuntos de ambientes: o do casal, o dos meninos (dois quartos e uma toilette) e o das meninas (dois quartos, uma toilette, uma sala de banho com water closet e uma saleta). Suzana [Palacete de Luiz Guimarães - 030]: Os aposentos do casal compreendiam um quarto de dormir, um quarto de vestir [toilette] e um banheiro. Entre a mobília, destacavam-se as camas e os criados-mudos em metal. Na sala ao lado, estava o piano que duas irmãs tocavam. Havia, também, um quarto para cada duas filhas.

Olga [Vila Olga - 017]: No piso superior havia um corredor em “L”, com três quartos e um banheiro em cada lado, além de uma capela. O quarto do casal localizava-se no final do corredor, próximo ao banheiro, com vista para frente da casa. Seus móveis eram confeccionados em madeira entalhada, com uma cama larga. Neste pavimento dormiam as meninas e as crianças pequenas. Na mansarda, com a cúpula de vidro, ficavam os meninos.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: O quarto dos meus avós, no segundo pavimento, era próximo ao do filho solteiro, o Julio. Do outro lado, estava o quarto da filha casada, Edith, e do seu primeiro filho.

Odette [Vila Odette - 027]: No andar superior, tem quatro quartos: os aposentos dos meus pais contavam com o quarto de dormir, a sala de vestir [toilette] e de banho. A seguir, havia três quartos, sendo um com duas varandas. Meus irmãos dormiam no mesmo quarto.

Na Vila Odette, a toilette do casal comunica-se com o quarto dos meninos que exigiam, pela idade, maior atenção dos pais. A sala de trabalho localiza-se na extremidade oposta ao quarto do casal e próxima ao hall de serviço, que separa a outra “ala” deste pavimento, composta por dois quartos, uma sala de banho com water closet e uma saleta. O programa elaborado é descrito por Guadet: Ainsi donc, si nous supposons une composition parfaite d’appartement, les chambres seront groupées, chacune sera en communication facile et voisine avec les autres, indépendante cepedant (...), enfin cet ensemble d’habitation intime devra comprendre tout ce qui lui est nécessaire: cabinets de toilette, cabinets d’aisances, bain, garde-robe, lingerie; entre les chambres et tout cela, la comunication doit être assurée et libre, tandis que une autre partie de POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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l’appartement on reçoit pour les affaires, ou pour les relations mondaines. La vie intime de la famille doit pouvoir être inviolable dans la citadelle, qui est la chambre et ses depéndences.35 Aussi donc, la composition, le cabinet de toilette doit être place en communication aussi directe que possible avec la chambre (…). Il faut que l’eau arrive directement au cabinet de toilette, et qu´il si trouve le vidoir necessáire pour debarrasser des eaux sales sans qu’on soit obligé de les transporter à travers l’appartament.36 Je la suppose bien placé, bien éclairée, bien chauffée, bien alimentée d’eau.37 | foto 55 | [à esquerda] Quarto do casal Guimarães [030], sem data. | foto 56 | Quarto do casal Leão na Vila Odette [027], na década de 1940.

| foto 57 | [à esquerda] Quarto do casal Garmatter [080], na década de 1930. | foto 58 | Quarto do casal Ritzmann [080], na década de 1930.

| figura 12 | Propaganda de Cama Patente, 1928, “esthetica, hygienica e elegante, com systema privilegiado, mais durável, mais leve e mais barata”.

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Os aposentos do casal Guimarães [030] possuem na área de repouso camas de metal adornadas com guirlandas aplicadas, ao estilo francês dos Luíses, sendo que nas demais dependências os móveis são de madeira paranaense entalhada. Observam-se luxo e conforto nos detalhes da toilette, também utilizada como boudoir, e do dormitório, com poltronas, mesa de centro, almofadas, luminárias, papel de parede, tapetes e cortinas. O mesmo requinte é encontrado na Vila Odette: a mobília é de madeira entalhada, com a presença de um berço infantil e de uma cadeira de balanço para ninar, situação igualmente encontrada no quarto do casal Ritzmann, no Palacete Garmatter. As imagens mostram quartos amplos, ricamente ornados e mobiliados, pisos de madeira com dese-

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nhos exclusivos, tapetes persas, paredes com pintura decorativa e cortinas de seda, materializando as modernas virtudes do bem-morar.

Olga [Vila Olga - 017]: Nos quartos das meninas e das crianças pequenas havia guarda-roupas individuais, com espelho nas portas, uma penteadeira e camas-patente de metal.

Elsa [Palacete Guimarães - 030]: Havia um quarto para cada duas filhas, com

| foto 59 | Armário em madeira pintada do quarto das meninas do Palacete Guimarães [030], pertencente à neta Suzana, em 2011.

camas, armários, penteadeira, criado mudo, todos pintados de branco e decorados com rosas por Genny Woiski.

Na Vila Olga, os rapazes mais velhos dormiam na mansarda que contava com o quarto de estudo, situação também encontrada no Palacete Garmatter, onde o filho solteiro tinha um laboratório de estudo ao lado dos quartos dos empregados. No entanto, é mais frequente a destinação deste piso somente ao serviço, aposentos e depósitos, como nas residências dos Guimarães [030], dos Leões [027] e dos Withers [020]. Em Curitiba, móveis de luxo eram fabricados por diversas empresas, como a Ritzmann – que confeccionou a sala de jantar do Palacete Garmatter –, a Paciornik, a Braun ou ainda a A. Weiser & Cia e a Bens & Roessle – do escritório e da sala de jantar da Vila Ida – que mantinham anúncios em periódicos sempre ressaltando a diversidade de estilos e o domínio do entalhe. Por sua vez, revistas como a “Illustração Paranaense” apresentavam matérias sobre o “desenvolvimento verdadeiramente notável” do mobiliário artístico do Estado: “peças de estylo, magníficas, quer sob o ponto de vista do perfeito acabamento quer dos materiaes empregados, entre os quaes convem destacar nossas imbuyas, cedros e perobas”.38 Os clichês que acompanhavam os textos ou os anúncios mostravam conjuntos “completos” de jogos de quartos, escritórios e salas de jantar, indicando o requinte dos modelos utilizados nas residências curitibanas. O escritório e as salas de visitas e de jantar – produzidos pela Maida & Irmãos,

| figura 13 | Propaganda de fábrica de móveis, 1928.

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com as “incomparáveis madeiras da nossa flora” para o “Vilino Guayracá”, do médico Alô Guimarães – aparecem no segundo número de revista, em 1930, destacando os “móveis artísticos”, a “acurada disposição dos mesmos” e o “bom gosto”.39 A marcenaria Curitybana é uma de nossas maiores industrias. Exporta-se para Rio, S. Paulo, Bahia e Buenos Aires, moveis riquissimos, de alto valor artistico e bem acabados. As nossas vivendas nos arrabaldes da Gloria, Bacachery, Juvevê, Batel, etc. destacam-se pela elegância dos seus mobiliários, trabalhados em imbuia, cipó florão e outras madeiras de lei.40

| figuras 14 e 15 | Fotos da matéria sobre “As bellas vivendas de Curityba em 1930, destacando o mobiliário confeccionado pela fábrica de móveis curitibana Maida & Irmãos.

As residências, mesmo apresentando programa arquitetônico comum, possuíam especificidades vinculadas à personalidade, atividade ou aos hábitos de seus moradores. Na Vila Olga, por exemplo, havia uma capela no pavimento superior, no coração da área íntima da casa, zona que, nos palacetes Guimarães e Garmatter, contava com a sala de música. O Palacete Garmatter possuía uma sala destinada à esposa de Julio, Maria, voltada para os fundos e iluminada por vitrais com motivos florais. Ali também havia um monta-carga – equipamento inédito em ambientes domésticos – que ligava os diversos pavimentos. Paulo [Vila Olga - 017]: Na Vila Olga, havia uma capela onde se rezava missa para a família e tinha o Santíssimo Sacramento. Papai era muito católico e quando morreu foi enterrado com vestes iguais a de São Francisco. O altar encontra-se em Paranaguá, na Escola Normal Caetano Munhoz da Rocha.

| foto 60 | Sala de Música do Palacete Garmatter [080], na década de 1930. Aqui, de forma semelhante à sala de visitas, são encontrados modernos móveis estofados. | foto 61 | Outro ângulo da Sala de Música do Palacete Garmatter [080], na década de 1930.

| foto 63 | Piano da Sala de Música do Palacete Guimarães [030], pertencente à neta Gilda, em 2011.

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| foto 62 | Saleta do Palacete Garmatter [080], década de 1930. Ambiente feminino, com cadeiras e conversadeiras estofadas e revestidas em gobelin.


Outro equipamento frequentemente associado ao conforto em uma cidade de clima frio é a lareira, localizada em um dos ambientes sociais com decoração esmerada e posição de destaque. Contudo, algumas residências possuem vários exemplares, como o Palacete Guimarães – no salão de conversa e bilhar e no de festas –, a Residência Withers – no escritório e nos salões de visitas e jantar – e a Vila Odette, com três lareiras no térreo e três no piso superior. O bem-morar nas residências de grande porte pressupunha a presença do automóvel importado e da garagem para abrigá-lo – construção anexa, algumas vezes de madeira, localizada nos fundos do terreno – com acesso exclusivo e contando com trajeto pavimentado. Assim como as instalações sanitárias e as lareiras, o automóvel era considerado um luxo, diretamente relacionado ao alto padrão de vida. Desta forma, é significativa a garagem construída em alvenaria de tijolos para dois carros na Vila Odette e para dois, no Palacete Guimarães; assim como a sua incorporação no subsolo da edificação principal, na Vila Ida e no Palacete Garmatter, solução pioneira que será adotada usualmente nas décadas posteriores. Igualmente, a preocupação com o desembarque de passageiros é resolvido por meio de sofisticadas coberturas independentes na Vila Olga e no Palacete Garmatter. Os portões alargados, os caminhos pavimentados, as marquises e as garagens são os indicadores da presença do automóvel, incorporado ao cotidiano dos proprietários das residências.

| foto 64 | Lareira do Salão de Festas do antigo Palacete Guimarães [030], em 2011.

| foto 65 | Lareira da Sala de Jantar da Vila Odette [027], em 2011.

| foto 66 | Garagem em alvenaria da Vila Odette [027], na década de 1940 – com dependências para

empregados no piso superior – construída nos fundo do terreno.

| foto 67 | Em primeiro plano, área gramada para passeios a cavalo; em seguida, a quadra de tênis; e, ao seu lado, a garagem no Palacete Guimarães [030], sem data.

Elsa [Palacete Guimarães - 030]: Papai tinha dois carros buick, um azul marinho e outro cor de tijolo, guardados na garagem dos fundos.

Odette [Vila Odette - 027]: A garagem estava nos fundos do terreno, onde havia um portão de acesso à casa das tias. Alguns carros ficavam estacionados no jardim, uma vez que cada filho possuía o seu.

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Olga [Vila Olga - 017]: Os carros oficiais,

| foto 68 | [à direita] Familiares de Caetano Munhoz da Rocha brincando no jardim da Vila Olga [017], na neve de 1928. Em primeiro plano, detalhe do muro com gradil cercando o terreno. Ao fundo, a entrada localizada na lateral e em volume independente, com caprichada estrutura metálica, para o desembarque coberto de passageiros.

que atendiam o Governador Caetano, permaneciam no abrigo nos fundos do terreno.

Lilian e Maria Elena, filha e neta de Guilherme Withers [Residência de Guilherme Withers Júnior - 020]: A garagem situava-se nos fundos do terreno. Era de madeira, para dois carros e com o quarto do chauffeur ao lado.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: A garagem ficava no subsolo e, ao lado, tinha o depósito de lenha, a lavanderia, o armário para limpeza e para o jardim, etc. Vovô tinha só um carro, sempre dirigido pelo motorista. Cada filho possuía seu automóvel.

Os automóveis e seus proprietários são frequentemente registrados em fotografias familiares nas proximidades das residências, demonstrando uma das virtudes do bem-morar.

| foto 69 | [acima] Detalhes da entrada principal do antigo Palacete Garmatter [080], com desembarque coberto de passageiros, 2010. | foto 70 | [acima, à direita] Casa de bonecas construída nos fundos da Vila Odette [027], na década de 1940.

Nos grandes terrenos das residências havia construções anexas e diversas benfeitorias, como jardins, pomares, hortas e galinheiros, assim como habitações independentes para empregados. O Palacete Guimarães, a Vila Odette e a área da Família Mäder tinham também uma quadra de tênis. Agostinho Ermelino de Leão construiu uma casa de bonecas para sua filha, acompanhando o estilo de sua residência, com móveis e uma cozinha completa em miniatura, incluindo um fogão a lenha. Rosa e Hilda, filha e neta de Candido Mäder [Residência de Candido Mäder - 057]: Nicolau Mäder possuía amplo terreno em frente à Praça Senador Correia e as crianças da família brincavam e jogavam futebol ali. A região era só mato e, onde hoje está a Igreja de Guadalupe, ficavam as casas de prostitutas. Vovô deu um terreno para cada filho em volta de sua casa: de um lado ficavam as casas de Assis Gonçalves e de Dante Romanó e de outro, a nossa [Candido Mäder], de Odilon e de Othon.

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| foto 71 | Otto Reinhardt – genro de Julio – e seu automóvel na entrada do Palacete Garmatter [080], em 1932.

| foto 72 | Crianças no acesso lateral para veículos na residência de Guilherme Withers Junior [020], em 1949.

| foto 73 | Filhos de Dante Romanó, em frente à garagem de madeira, na residência da família [042], em 1933.

| foto 74 | Ismênia e Annemarie – nora e neta de Julio Garmatter – em frente de seu palacete [080], em 1935.

| foto 75 | Família de Guilherme Weiss [022] desfilando de carro no carnaval de 1925.

| foto 76 | Família Garmatter, nos fundos de seu palacete [080], sem data.

POR DENTRO DAS VIRTUDES DO BEM-MORAR

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Paulo, neto de Paulo Grötzner [Vila Ida - 046]: Os meus avós construíram, em 1914, uma casa ao lado da Fábrica Lucinda, a Vila Ida I, projeto de um arquiteto Toscano. No entanto, minha avó não queria morar “no mato”, muito longe do centro e de seus parentes, o que os levou a edificar outra, na Rua Dr. Murici, chamada Vila Ida II. No terreno da casa nova havia um galinheiro, uma lavanderia e um depósito nos fundos.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: O terreno era enorme [4.455,000 m2] e nós brincávamos muito lá. Nos fundos do terreno, havia um portão de serviço (Rua Ermelino de Leão), um canil e um cercado com um tanque para os marrecos. Aos domingos, toda família se reunia no almoço. Os parentes e os amigos vinham com seus carros brilhando e estacionavam no pátio dos fundos.

Lilian e Maria Elena, filha e neta de Guilherme Withers [Residência de Guilherme Withers Júnior - 020]: Nos fundos do terreno, tinha o galinheiro, o poço, a horta e o pomar com videiras. Na frente e nas laterais da casa, havia o jardim.

Muito frequente era a divisão dos amplos terrenos em lotes, doados aos filhos para construírem suas residências ao se casarem, ou ainda a compra de habitações próximas aos pais, formando núcleos familiares residenciais com extensa parentela. É a situação da Vila Odette, ao lado do Palacete dos Leões, residência dos pais de Agostinho, que formavam junto com a Vila Lolita, de seu irmão, um reduto da família; e das casas de Dante Romanó e Candido Mäder, construídas no terreno do sogro e pai, Nicolau. Outros exemplos são as moradias construídas, na década de 1930, por Luiz Guimarães para três filhas constituírem famílias, em terrenos próximos ao seu palacete; e as dos filhos de Julio Garmatter. A presença de agregados – geralmente mulheres como mães, avós, tias e mesmo filhas casadas e netos – convivendo com a família é uma constante. A Vila Ida II constitui uma exceção, abrigando apenas o casal Grötzner. Olga [Vila Olga - 017]: Papai, quando casou, morou um tempo na Vila Odah, na chácara do vovô. Mais tarde, no terreno do meu pai, na Rua Carlos de Carvalho, foi construído um apartamento para mim, quando casei.

Paulo [Vila Olga - 017]: Vovó Cota, irmã de meu pai, morava com minha mãe, Silvia, desde a Vila Olga.

Suzana [Palacete Guimarães - 030]: A mamãe, a Gilda e eu moramos no palacete quando papai faleceu. Depois viemos para nossa casa e a vovó passou

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a viver conosco. Vovô, logo após, construiu uma casa nos fundos do nosso terreno e ficou lá por algum tempo.

Odette [Vila Odette - 027]: Meus irmãos quando casaram moraram na Vila Odette, até construírem as suas casas. Quando meu irmão casou, mamãe lhe deu a parte do terreno dos fundos.

Noeli [Palacete de Antonio Souza Mello - 019]: Minha mãe e a minha tia sempre moraram juntas, na casa de meu avô. Os outros irmãos casaram, foram para outras casas, mas seus filhos nasceram todos na casa da Ébano Pereira. Meu avô criou minha irmã mais velha.

Lilian [Residência de Guilherme Withers Júnior - 020]: Os filhos casaram e construíram suas casas próximas a dos pais. Dois deles ainda moram na Rua Carmelo Rangel.

Rosa [Residência de Candido Mader - 057]: Na casa de meus pais moravam, também, o avô e a tia da mamãe.

Isabel [Residência de Maria Eulália Chaves - 102]: Fernando Chaves morava com a mãe viúva, minha tia solteira, Iaiá, e a menina de criação, que se tornou agregada.

Ruth [Residência Ulisses Vieira - 024]: José Rodrigues Vieira Neto, o filho mais velho de Ulisses recebeu por herança de sua avó Cecília, parte do terreno que se estendia até a Rua Brigadeiro Franco, onde construiu sua residência. Morei na casa de meu sogro no piso de baixo. No início, na parte de trás, com as três filhas e, mais tarde, com mais duas crianças passei a ocupar todo o pavimento. Em cima, ficavam minha sogra e uma tia, irmã do meu sogro.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: A Edith (filha de Julio e Maria) foi morar na casa da Rua Kellers, quando a fábrica de móveis Ritzmann, do marido, incendiou-se. O seu primeiro filho nasceu lá. Também residiram temporariamente no palacete até construir sua casa, o quarto filho do casal Garmatter, Carlos, e sua esposa.

Cristiana [Residência de Dante Romanó - 042]: A casa do vovô foi dividida, mais tarde, com um tio para morar. Quando voltamos de Porto Alegre, permanecemos um ano na casa do vovô.

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Fernando [Vila Alkinoar - 007, depois Residência de Luiz Albuquerque Maranhão]: Mudamos, em 1946, para a casa na chácara da avó materna, na Rua Visconde de Guarapuava, 2.204.

Propagandas na Illustração Paranaense, entre 1928 e 1930, anunciando objetos e acessórios que integravam um novo modo de vida: carros, instrumentos musicais, ferros elétricos e roupas infantis.

| figura 16 | “Gramophones e variadíssimo sortimento de roupas infantis” na Casa Hertel e na Maison Blanche, em 1928.

As residências de grande porte e seus vastos terrenos permitiam, portanto, abrigar um grande número de familiares e agregados, mantendo simultaneamente a privacidade de seus moradores. Foram construídas por pessoas influentes na sociedade curitibana: empresários da erva-mate [Agostinho Ermelino de Leão - 027 e Candido Mäder - 057], do café [Luiz Guimarães - 030], da indústria de alimentos [Paulo Grötzner - 046 e Julio Garmatter - 080], de cerâmica [Guilherme Weiss - 022 e Guilherme Withers Junior - 020], profissionais liberais e funcionários públicos em postos de comando [Caetano Munhoz da Rocha - 017 e Ulisses Vieira - 024] e o investidor [Antonio de Souza Mello - 019, cônsul de Portugal]. As virtudes do bem-morar, tendo suporte no bem-viver da cidade, compreendiam muito mais do que dispor de uma casa na concepção moderna. Significava viver “de acordo” com um estilo próprio, usufruindo plenamente dos benefícios do modo de ser contemporâneo, cosmopolita, higiênico, civilizado, progressista, confortável e luxuoso. Para tanto, as amplas residências possuíam, além dos móveis de estilo francês e inglês, elementos de uso cotidiano importado – serviços de mesa, cortinas, instrumentos musicais, objetos decorativos, telefone, equipamentos higiênicos –, que identificavam seus usuários com aqueles ideais. Os objetos, ornamentos, acessórios e a própria casa, encontravam-se divulgados em revistas especializadas, catálogos e manuais, propiciando aos arquitetos, decoradores e moradores a reprodução de padrões consagrados na Europa e no Brasil. As publicações, além de revistas e jornais, divulgavam dois modelos de comportamento para se viver “de acordo”. O primeiro adotado pelas camadas mais altas da sociedade reproduzia o padrão franco-inglês. O segundo, de origem portuguesa, que também tivera como referência as normas inglesas e francesas, acabou constituindo o código adotado pelos segmentos médios da população no Brasil. Se os preceitos estabelecidos nesses manuais eram privilégio de famílias abastadas, a própria natureza do manual indica um esforço em disseminar esse padrão em outras camadas da população, sendo, portanto, um indicador importante da sua força hegemônica, a partir da elite.41

| figura 17 | O novo Hupmobile Six na Moreira Campos e Cia Ltda., em 1928.

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As pessoas com muito poder aquisitivo podiam adquirir tais objetos e acessórios no Brasil, por intermédio das lojas importadoras, ou ir buscá-los na origem, em suas frequentes viagens ao exterior.

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Rosa [Residência de Candido Mäder - 057]: Moramos com toda a família dois anos em Buenos Aires.

Noeli [Palacete de Antonio Souza Mello - 019]: Vovô voltou de Portugal com a família e não quis mais retornar.

Nadiesda [Residência de Dante Romanó - 042]: Papai e mamãe conheceram-se na Europa enquanto estudavam.

Odette [Vila Odette - 027]: Estudei um tempo na Suíça. Paulo [Vila Ida - 046]: Vovô foi à Europa comprar equipamentos e passear. Lilian [Residência de Guilherme Withers Júnior - 020]: Vovô voltou à Inglaterra, logo após a 1ª Guerra, para resolver os problemas da exportação dos produtos do

| figura 18 | Ferro elétrico vendido pela Cia. Força e Luz do Paraná, em 1930.

nosso Frigorífico, a primeira fábrica de presuntos do Brasil.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: Vovô e vovó fizeram uma viajem de passeio à Alemanha. Trouxeram o projeto da casa e, depois, compraram os sanitários, as maçanetas, as torneiras, os pisos e os vitrais. Afinal, tudo o que era necessário para a casa foi importado da Alemanha.

Luiz Guimarães [Palacete de Luiz Guimarães - 030]: Toda a tapeçaria e ornamentação vieram de Paris, porque nos últimos tempos da construção ofereci uma viagem à Europa para o Dr. Chaves, em minha companhia. Nessa oportunidade, de posse da planta do prédio, nós encomendamos em casa especializada cortinas, resposteiros, tapetes de forração e alguns móveis; na mesma ocasião, compramos nos armazéns alfandegários de Paris os tapetes persas, que guarneciam todos os salões da casa. Estivemos também na manufatura de Sèvres do Governo Francês, onde compramos valiosas peças dessa renomada porcelana, estivemos ainda na seção de modelagem do Museu do Louvre onde compramos belíssimas reproduções de obras de arte.42

Os relatos baseados na memória das pessoas que viveram nas residências revelam o que se compreende por virtudes do bem-morar, em Curitiba, no período de 1910 a 1930. Noeli [Palacete de Antonio Souza Mello - 019]: A porta principal era usada pelas visitas – acima dela, havia um Santo Antonio desenhado no azulejo – e dava acesso à uma sala com pequeno escritório. Em seguida, encontrava-se a sala de visitas, com duas janelas grandes, uma mesa comprida, o piano e um

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armário com gavetas. A sala de jantar – com paredes revestidas em lambri e pintura decorada, imitando azulejo – era mobiliada com uma mesa grande, cristaleiras e aparadores. Ali ocorreram todas as festas de casamentos das filhas. Em seguida, havia a copa com um acesso secundário usado rotineiramente pela família e empregados. Na cozinha, tinha uma mesa grande, o fogão a lenha, com serpentina para aquecer a água dos banheiros, o banco de lenha, uma pia para louça e, no canto, outra para pôr de molho o bacalhau. A louça e o serviço de mesa ficavam no armário da copa, onde estava a geladeira de colocar gelo. Na despensa, guardavam-se os utensílios de cozinha e o ferro à brasa. Neste piso, havia também uma sala de estudos, um quarto para os dois filhos – com móveis brancos e duas camas de ferro –, o quarto dos meus avós, com banheiro e o de vestir, uma pequena saleta com mesinha, dois guarda-roupas, o camiseiro e a penteadeira. A casa era muito ensolarada, com cortinas pesadas. Os lustres das salas de visitas e de jantar eram de cristal bisotado e no resto da casa havia globos. A vitrola era ouvida no jardim de inverno e, embaixo da escada, ficava o telefone. Para o serviço de mesa, e também na cozinha, eram usados dois jogos de porcelana estrangeira e dois faqueiros de prata. As crianças pequenas almoçavam na cozinha com as empregadas e quando vinham os parentes todas comiam na copa, local das refeições diárias da família. No piso superior, havia um banheiro e os quartos das quatro filhas, cada qual com cama, mesa de cabeceira e penteadeira de madeira. Trabalhavam na casa a cozinheira, a empregada para limpar em baixo, outra para cima e a lavadeira. Uma das empregadas servia à mesa e todas dormiam em um quarto, no segundo andar. A casa do avô era movimentada e recebia muitas visitas. Em 1928, mamãe e papai | foto 77 | Antonio de Souza Mello e família na escada em frente à entrada principal de seu palacete [019], sem data.

moraram na casa com meus avós e seus filhos solteiros.

Ruth [Residência de Ulisses Vieira - 024]: O muro da casa tinha grade intercalada por três portões: um para os empregados, outro para automóveis e coches e o do centro com a escadaria – com corrimãos de balaústre – que chegava à rotunda – revestida com pisos portugueses – e, em seguida, ao hall. À direita deste, estava o quarto de hóspedes e, à esquerda, um corredor e a cozinha. A biblioteca era ampla, com confortáveis poltronas. Na sala de visitas, todos os móveis e estofados eram no estilo Luiz XV, as poltronas forradas em gobelin, bandôs de veludo nas janelas, lustre de cristal tcheco e vasos chineses em pedestais de madeira. Havia ainda uma estatueta do cupido em bronze, apoiada em pedestal cor-de-rosa, em mármore italiano. As paredes foram adornadas com pinturas, tapeçarias e quadros; o teto, com afrescos reproduzindo as estações do ano. A sala de jantar era a maior de todas, com lambri e guirlandas pintadas nas paredes, portas de vidro e cortinas de renda francesa nas janelas. O mobiliário compreendia dois balcões, cris-

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taleira com espelhos bisotados e mármore, mesa de cinco metros e

| foto 78 | Na rotunda de sua residência [024] em 1923, Ulisses Vieira com esposa, filhos, cunhada e os pais sentados à frente.

doze cadeiras, com poltronas nas cabeceiras. Na cozinha havia um fogão a lenha, a pia para louça e a mesa grande para todos os filhos sentarem em volta e fazerem as refeições diariamente. O quarto do casal era enorme – tinha dois guarda-roupas com muitos espelhos, a penteadeira, a chaise longue e a cama – e estava localizado na frente da casa. Nos fundos, havia um quarto para as quatro filhas, outro para os três filhos e um banheiro, próximo à cozinha. Este era enorme, com pintura nas paredes, uma janela ampla e muitas flores plantadas em vasos. Na parte térrea, destinada aos empregados, havia outro banheiro.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: Meus avós maternos trabalharam muito desde jovens: a vovó, no restaurante do pai e o vovô, no açougue da família. Após se casarem, foram morar em um apartamento enorme, localizado no andar acima do açougue Garmatter. Ali, seus cinco filhos – Charlotte, Edith, Reinaldo, Carlos e Julio – cresceram e os quatro primeiros se casaram. Meu pai trabalhou na farmácia em frente ao açougue e, por fim, tornou-se sócio de ambos os comércios. Casou com mamãe (Charlote), em 1924, e moraram na Rua Jaime Reis, ao lado do Bispado. Quando meus

| foto 79 | Face lateral da Residência de Ulisses Vieira [024] com a rotunda ao fundo, 1986.

avós maternos se mudaram para a casa da Rua Kellers, somente o Julio estava solteiro. Entrando pela porta principal da casa havia um pequeno hall, em seguida, à esquerda, o escritório do vovô e, à direita, uma saleta e uma cozinha, montada para a tia Edith. Ela e o marido, após o incêndio na fábrica que possuíam, passaram a viver com meus avós. Todas as demais dependências do andar térreo eram comuns às duas famílias. Na sala de jantar – que se comunicava com a de visitas e a copa – tinha a mesa, dois buffets, a cristaleira e o relógio com pé em madeira, fabricados pelos Móveis Ritzmann de propriedade do seu genro. O vovô gostava muito de receber convidados e vovó vivia ajudando na cozinha. Nas festas de Natal, a casa e a sala de jantar ficavam repleta, com os filhos, netos e parentes. Também todas as quartas-feiras, minha avó reunia suas quatro irmãs – que eram

| foto 80 | Detalhe da ornamentação na parede da Sala de Música na Residência de Ulisses Vieira [024], durante sua demolição em 1988.

alegres, bagunceiras e formidáveis – para lanchar. Usava-se, diariamente,

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| foto 81 | Daisy e Annemarie, netas de Julio Garmatter, no jardim de seu palacete [080], em 1932.

| foto 82 | Ruth e Daisy, netas de Julio Garmatter, em seu palacete [080], em 1932.

no serviço da casa a porcelana alemã Rosenthal e os cristais da Boêmia; estes últimos, guardados na cristaleira, que um dia explodiu obrigando o vovô a comprar tudo novamente na Alemanha. No segundo andar da casa, tinha um quarto para meus avós; um para o tio Julio; outro para tia Edith, seu marido e filho; e, ainda, a sala íntima, muito gostosa e bem iluminada pelos vitrais, onde a vovó tricotava e sentávamos juntas para conversar e contar piada. O Julio tinha um laboratório instalado na mansarda, onde ficavam os quartos do motorista – homem de confiança de meu avô, que também cuidava do jardim –, da cozinheira e da empregada. O vovô Julio comprou casas para seus filhos – Reinaldo, Carlos e Edith –, sempre nas proximidades da Rua Kellers, onde também residiam os demais parentes. Com a mudança da Edith para sua própria residência, meus avós construíram outra, no bairro das Mercês e venderam o palacete para o Manoel Ribas, que o manteve muito semelhante ao projeto original, até a reforma para instalação do Tribunal Regional Eleitoral.

Maria Elena [Residência de Guilherme Withers Júnior - 020]: A casa era muito grande e os aposentos, enormes. As paredes eram grossas, com madeira nas janelas, no assoalho e na parede da escada de acesso ao primeiro andar, onde se localizavam os quatro dormitórios. Cada qual tinha um quarto de vestir anexo, com poltrona, mesinha e cadeira. Neste andar, havia só um banheiro – de porta parcialmente envidraçada –, com vaso, pia, bidê e banheira de louça; além de metais niquelados. No térreo, o escritório e as salas de visita e de jantar eram aquecidos pelas lareiras. Na sala | foto 83 | Família Withers, em sua residência [020], na década de 1930.

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de jantar, havia a cristaleira – com os


cristais Murano –, duas étageres – com a baixela inglesa – e uma mesa elástica para 12 pessoas, com um lustre de madeira centralizado. Nas demais salas, igualmente forradas com tapetes persas, os lustres eram de cristal. A copa era o local onde vovó Madalena e vovô Guilherme passavam mais tempo, porque tinha uma pequena antessala com duas poltronas de couro e um rádio. As crianças faziam as refeições antes dos adultos. A grande cozinha, sem armários, tinha uma mesa ampla com os aparelhos manuais para moer café, carne e macarrão, e o fogão a lenha com serpentina para aquecer água. Na despensa anexa, ficava a geladeira com barras de gelo, repostas pelo caminhão todos os dias. A cozinha, assim como os banheiros, tinha azulejos à meia altura e pintura até o teto. Havia uma escada de serviço saindo da cozinha, que levava aos dois quartos de empregados no sótão, e, embaixo dela, localizava-se o depósito de lenha para o fogão, que continuou sendo usado, mesmo após a instalação do fogão elétrico em 1940. Havia uma lavanderia, ao lado da cozinha. O quarto de passar roupas, mais tarde, tornou-se sala de costura. A família recebia muitos amigos e parentes para almoçar e jantar, para o chá das senhoras e os hóspedes que moravam fora de Curitiba.

Rosa [Residência de Candido Mäder 057]: Quando papai construiu a casa éramos dois filhos e, em 1930, nasceu minha irmã e, depois, meu irmão. A residência foi premiada e passou alguns anos sem pagar imposto. A rua era calçada com paralelepípedo, [Senador

mas

Correia]

a

parecia

praça um

banhado. No térreo da residência, havia o hall, escritório, salas de visita, de música, de estar e de jantar, copa, despensa, cozinha, quarto e banheiro de empregada; na parte superior, havia seis quartos – o de meu avô, o da tia da mamãe, o das meninas, o dos meninos, o dos pais e o de hóspedes – e um banheiro. Ali,

| foto 84 | Rosa Maria e Maria Stela, filhas de Candido Mäder, no jardim de sua residência [057], em 1950. | foto 85 | Detalhe da “rotunda” no acesso principal da Residência Candido Mäder [057], ainda em construção, na década de 1920.

os azulejos cobriam metade da parede, o piso era ladrilho hidráulico e tinha pia, vaso sanitário e a banheira em louça, além de dois armários embutidos e uma pequena farmácia. A água quente vinha da serpentina do fogão a lenha. Todas as portas eram em madeira. No térreo, as salas eram revestidas por grandes tapetes no piso e gobelin nas paredes e tinham lustres italianos. O hall era uma sala mobiliada com cadeiras e mesa, onde ficava a escada arredondada,

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próxima ao lavabo. Na sala de estar permanecíamos muito tempo, bordando, ouvindo gramofone e o Repórter Esso diariamente, no rádio. Estudávamos piano em casa com professor particular. As portas do térreo tinham quatro folhas e vidro bisotado. Fazíamos as refeições sempre juntos, na copa, onde ficava a geladeira de colocar gelo. A mamãe servia a mesa. O serviço de mesa era Christofle, o aparelho de porcelana inglês, a baixela de prata, os cristais italianos, todos usados diariamente. Na cozinha – o azulejo branco cobria meia parede – havia uma pia em mármore, fogão a lenha – depois, em 30 ou 40, o fogão elétrico –, mesa grande, moedor de café e de amêndoas e ferro a brasa. Tínhamos como empregados: a cozinheira, a copeira (que ficou conosco por 43 anos), a lavadeira e o jardineiro. A garagem, no fundo do terreno, era bem grande, com lavanderia, dois quartos de despejo e um para passar roupa. O carro era da marca Hudson e seu percurso dentro do terreno era todo calçado. Mamãe dirigia o automóvel e foi uma das primeiras mulheres a tirar a licença em Curitiba. Em 1935, já tínhamos telefone, água e esgoto e passava o bonde da Rua 15 de Novembro até a Estação.

Fernando [Vila Alkinoar - 007, depois Residência de Luiz Albuquerque Maranhão]: O terreno do vovô compreendia dois lotes murados: em um, ficava a casa e no outro, tinha o pomar, o galinheiro e a horta, além de ter pedregulho em parte da área. A residência tinha dois pavimentos, com salão grande, quatro quartos e um banheiro, no térreo. No pavimento superior, havia o hall, onde ficava o telefone, de número 368, o escritório e a biblioteca do vovô, muito grandes, as salas de visitas – com as marquesas – e de jantar, com a mesa para doze lugares, a ètagere e a cristaleira, além de lareira próxima à sacada. Eram quatro quartos: o de meus avós – com cama de espaldar alto – em anexo o quarto de vestir com armários; o da tia, cuja mobília era cor de rosa; e mais dois, ao fundo, próximos à copa. Em seguida, a cozinha, revestida com azulejo e pintura, onde havia um fogão a lenha; e o banheiro, com banheira e metais dourados. Vovô tomava chá diariamente às 23:00h, sempre com todos os filhos, tempos depois passou para às 21:00h. Não havia garagem, porque utilizava carros oficiais para o exercício das funções públicas que exerceu: Desembargador, Senador e Vice-Presidente do Estado. Os empregados moravam em uma edícula, com três quartos e um banheiro, aos fundos do terreno.

Nadiesda, neta de Dante Romanó [Residência de Dante Romanó - 042]: Lá na casa do vovô tinha um hall que acessava o seu consultório – com uma geladeira, onde ele guardava uma maçã para cada paciente – com uma porta de vidro jateada, separando-o da residência. No térreo, a sala de visitas estava sempre fechada, só abrindo nas festas. Na sequência, estava a sala de piano, a sala de jantar, a copa, o quarto do casal e um banheiro e, a seguir, a cozinha e o serviço. Na copa, | foto 86 | Dante Romanó com o filho, em sua residência [042], sem data.

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a família fazia diariamente todas as


refeições, sendo que, às 16:00h, o café era servido. Iluminando a escadaria, toda em madeira, havia os vitrais decorados. No andar superior, encontravam-se quatro quartos, um banheiro e a sala de estudos dos filhos. O avô estudava duas a três horas diariamente. As maçanetas de todas as portas e as peças do banheiro vieram da Europa.

Havia, além do bem-morar na habitação, um modo particular de usufruir dos equipamentos fornecidos pela cidade, caracterizando extratos sociais com valores comuns. A educação formal de qualidade para todos os filhos, propiciando-lhes a formação considerada adequada, correspondia a um destes princípios e acontecia em colégios privados, no regime de internato ou semi-internato. Olga [Vila Olga - 017]: Minha mãe, Odah, estudou no Colégio Cajuru, desde cinco anos, em regime semi-interno. Ia de trem para a escola. Ela tinha 13 anos, quando minha avó Olga faleceu. Na ocasião, meu avô Caetano a tirou da escola para cuidar da casa e de seus sete irmãos.

Elsa [Palacete Guimarães - 030]: Todas nós, as seis irmãs, estudamos na Escola Americana e depois fomos para o Colégio Bennett, no Rio de Janeiro, onde ficamos internas. O filho mais novo esteve no internato do Instituto Santa Maria e, mais tarde, formou-se no curso de agronomia. Uma irmã cursou farmácia e as demais, só concluíram o ginásio. Na época da Escola Americana, todas acordávamos cedo e estudávamos o dia inteiro, mas almoçávamos em casa, pois o colégio era em frente. Fui para o Rio de Janeiro com 13 anos e retornei com 20. As minhas filhas, Suzana e Gilda, iniciaram seus estudos no Anexo do Instituto de Educação do Paraná e depois tiveram uma professora particular. Cursaram o ginásio no Colégio da Divina Providência e o Curso Normal no Sion.

Odette [Vila Odette - 027]: Nasci no Rio de Janeiro, pois papai, devido aos negócios, passava uma parte do tempo lá, mas vivi em Curitiba até meus 13 anos. Aqui, estudei no Colégio Cajuru e, depois fui para o Sacré Couer de Marie, no Rio de Janeiro. Vinha sempre nas férias para casa e, com 16 anos, fui estudar na Suíça. Meus irmãos viviam no internato do Colégio São José e só saíam nas férias.

Rosa [Residência de Candido Mäder - 057]: Fui alfabetizada no idioma alemão em Buenos Aires, quando moramos lá. Em 1935, voltamos à Curitiba, estudamos no Colégio Divina Providência, a seguir fomos para o Sion, mas por pouco tempo, porque papai brigou com as freiras. Estudamos no Cajuru e os meninos, no Instituto Santa Maria. Éramos todos internos, pois o papai e a mamãe iam muito para o Uruguai e a Argentina. Na época da Segunda Guerra fomos proibidos de falar em alemão.

Noeli [Palacete de Antonio Souza Mello - 019]: Íamos para o Colégio Cajuru de manhã e voltávamos à tarde. O ônibus vinha nos pegar em frente à primeira loja do Demeterco, na Praça Tiradentes, às 7:00h da manhã, e nos deixava na porta de casa às 16:30h. No inverno, a geada cobria os jardins da escola. No Cajuru, onde estudei até a conclusão do ginásio, aos 14 anos, falávamos em francês e, na época da guerra, fomos proibidas de falar outro idioma.

Paulo [Vila Ida - 046]: Assim como meu pai, estudei como semi-interno no Instituto Santa Maria. Fiz a primeira comunhão na pequena capela das irmãs, que ficava no piso superior do colégio.

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Fernando [Vila Alkinoar - 007, depois Residência de Luiz Albuquerque Maranhão]: Todos os meus tios estudaram no Colégio Paranaense, em regime de internato.

Maria Elena [Residência de Guilherme Withers Júnior - 020]: Todos os filhos estudaram no semi-internato da Escola Americana.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: Minha mãe e minha tia estudaram semi-internas no Colégio da Divina Providência. Meus tios estudaram no Mackenzie em São Paulo, depois do colégio alemão, em Curitiba. O Julio cursou medicina e o tio Carlos, química, na Universidade do Paraná. Na casa de meus avós e pais, falávamos em alemão e tínhamos sotaque carregado. Precisei estudar português antes de entrar no Colégio Divina Providência, para não ser ridicularizada. Minhas duas irmãs mais velhas estudaram como semi-internas no Cajuru; iam e voltavam com o ônibus do colégio que as deixava em frente | foto 87 | Ruth, Daisy e Annemarie, netas de Julio Garmatter [080], sem data.

de nossa casa.

Cristiana [Residência de Dante Romanó - 042]: Minha mãe estudou jornalismo na Universidade da Espanha e meu pai fez pós-graduação na Suécia, com uma bolsa de estudo para cardiologia. Eles se conheceram na Europa, quando terminaram seus cursos, voltaram ao Brasil e casaram-se.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: Minha avó, mãe do meu pai, fez curso de parteira na Alemanha. Depois, voltou a Curitiba e fez três mil partos, durante sua vida.

Os padrões do bem-morar das camadas de renda alta – materializados em suas residências e modo de vida – encontram-se disseminados nos demais extratos da sociedade, que reproduzem ideais muito próximos. São profissionais liberais, políticos, funcionários públicos de alto escalão, construtores, comerciantes – proprietários de moradias de médio porte – que também dispunham de automóveis e cujos filhos frequentavam os mesmos colégios, clubes, lojas e cinemas e que tinham profesores particulares em comum. Comungando idênticos princípios, estabelecem relações de parentesco via casamento. As jovens saíam pouco, frequentavam a missa das 11:00h aos domingos, na Igreja do Bom Jesus e, depois, à tarde, faziam o footing na Rua 15 de Novembro, com as amigas ou os parentes. Assistiam filmes nos Cines Avenida, Imperial, Odeon, Palácio ou Ópera e iam às festas dos clubes Concórdia, Curitibano e Country, geralmente em datas cívicas ou religiosas. Havia, ainda, o chá com as amigas do colégio e os bailes de formatura. A maioria estudava piano com o professor Messinger, em sua escola na Rua 15 de Novembro, ou no Conservatório do 224

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Melilo; mas algumas tinham aulas em suas casas com professores de música, de inglês e de alemão. Compravam partituras nas casas Sartori ou Hertel e faziam audição de piano no Thalia. Também recebiam o mostruário de calçados das lojas Clark e Ideal e, após a escolha, os produtos eram entregues em casa. Os tecidos para suas roupas – confeccionadas pelas costureiras e bordadeiras que vinham atender em domicílio – eram adquiridos em lojas como O Louvre, Casa Ideal, Maison Blanche, Straube e a primeira Tecelagem Imperial, todas na Rua 15 de Novembro. Eventualmente, iam a São Paulo e ao Rio de Janeiro fazer compras. As festas dos casamentos eram grandes acontecimentos sociais e ocorriam na residência dos pais ou parentes. Olga [Vila Olga - 017]: Casei na casa de meu avô e a festa de casamento foi na sala de jantar da casa de papai. Odette [Vila Odette - 027]: Meu primeiro casamento foi na Capela da Glória e a festa, na casa de meu irmão.

Ruth [Residência de Ulisses Vieira - 024]: Os casamentos das filhas de Ulisses aconteceram em sua casa, na sala de música, que tinha na parede medalhões com retratos de músicos. As irmãs mais velhas tocavam piano e violino.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: Minha mãe casou na casa de vovô. Eu, na Igreja Santa Teresinha, a cerimônia civil foi na casa do meu pai, na Rua Jaime Reis e a festa no Clube Concórdia. | foto 88 | [ao lado, à esquerda] Casamento de Helena Alice Withers Pessoa, na residência de Guilherme Withers Junior [020], em 1939. | foto 89 | [ao lado, à direita] Casamento de Annemarie Lilian Reinhardt, na residência de seu pai, em 1952.

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| foto 90 | Bodas de Prata do casal Guilherme e Emma Müller Weiss no palacete da família [020], em 1929. Em pé, as filhas Adelaide e Regina.

| foto 91 | Casamento de Affonso Grötzner e Elvira Haupt, na Casa de João Haupt, em 24 de novembro de 1929.

| foto 92 | Casamento de Charlotte e Otto Reinhardt, em 1924.

| foto 93 | Casamento de Dante Romanó e Francisca Cylá Mäder na residência de Nicolau Mäder, sem data.

| foto 94 | Casamento civil de Arno F. de Castilho e Regina M. Weiss, no Palacete Weiss [020], em 1934.

| foto 95 | Charlotte Garmatter e Otto Reinhardt, sem data.

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Eram comemorações sempre registradas em fotografias formais, emolduradas por ambientes sofisticados e em poses que revelavam virtudes como elegância, distinção, requinte e civilidade: o corpo ereto, sentado ou em pé, com os braços levemente apoiados em algum móvel. Os registros fotográficos não eram corriqueiros e ocorriam nos rituais de passagem: batizados, noivados, casamentos, aniversários e formaturas; ou em ocasiões especiais, indicadoras de status: aquisição do carro, da casa, nas viagens ou ao receber visitas importantes. Frequente, contudo, eram os álbuns de fotografias das casas – como os da Vila Odette e dos palacetes Guimarães e Garmatter –, contendo imagens externas e internas que seguem um padrão estético e registram as virtudes do bem-morar. Tais imagens ilustram o presente trabalho e acentuam a imponência e elegância formal dos edifícios e o requinte da decoração interna. Em composição sempre bem elaborada e sem a presença de pessoas, destacam a forma arquitetônica, os detalhes do mobiliário e dos ornamentos, ou seja, os valores e o modo de vida de seus moradores. Noeli [Palacete de Antonio Souza Mello - 019]: Os móveis eram muito grandes e tudo da casa foi vendido para o Antiquário que levou as fotos para mostrar como eram usados.

Annemarie [Palacete Garmatter - 080]: Meu avô deu um álbum da casa para cada filho. Os móveis da sala de jantar da vovó, que estavam na casa de mamãe, foram para minha casa, quando ela mudou para o apartamento e, atualmente, estão com a minha filha. Também vieram da casa do vovô alguns cristais, o quadro e o abajur, todos importados da Europa.

Na maioria das residências, os móveis e os enxovais das casas foram distribuídos entre os filhos, compondo novos ambientes, mobiliando salas e quartos e dando continuidade à tradição do bem-morar.

| foto 96 | Mesa e cadeiras do hall e parte da prataria da Residência Candido Mäder [057], pertencente à filha Rosa, em 2011.

| foto 97 | Relógio da sala de jantar do Palacete Garmatter [080], pertencente à neta Annemarie, em 2012.

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[em sentido horário]

| foto 98 | Paulo e Ida Grötzner, proprietários da Vila Ida [046], na década de 1920. | foto 99 | Luiz Guimarães na Sala de Conversa e Bilhar de seu palacete [030], sem data. | foto 100 | Fotografia do álbum da Vila Odette [027], na década de 1940.

| foto 101 | Fotografia do álbum do Palacete Garmatter [080], na década de 1930. | foto 102 | Fotografia do álbum do Palacete Guimarães [030], sem data.

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NOTAS E REFERÊNCIAS

28

As referências dos depoimentos sobre as residências estão registradas na Tabela Geral de Obras no Capítulo 1.

29

1

CARVALHO, Vania C. de. Gênero e Artefato: O Sistema Doméstico na Perspectiva da Cultura Material. São Paulo: 1870-1920. São Paulo: Edusp, 2008. p.26.

Idem, p.123.

SILVA, João L.M. Transformações no espaço doméstico - o fogão a gás e a cozinha paulistana - 18701930. São Paulo, Annais do Museu Paulista, 2007, v.15, n.2. p.208.

| figura 8 | Propaganda de panelas esmaltadas. Fonte: Jornal Gazeta do Povo, 1927. | figura 9 | Propaganda de refrigerador elétrico..Fonte: Folhinha Propagandista “Sul do Brasil”. Curityba: A. Van Erven & Cia, 1933. Acervo: Paulo A. Grötzner.

2

CHAVES, Eduardo Fernando. Theses de Concurso. Cadeira de Architectura Civil, Hygiene dos Edificios e Saneamento das Cidades. Curitiba: Faculdade de Engenharia do Paraná, 1930. 45 p. 3

SÁ, Marcos M. de. Ornamento e Modernismo. A construção de Imagens na Arquitetura. Rio de Janeiro: Rocco, 2005. p.67.

30

Idem, p.211.

31 SÁ, Marcos M. de. A Mansão Figner. Rio de Janeiro, SENAC, 2002. p.55.

JANJULIO. Maristela S. Arquitetura residencial paulistana dos anos 20. Dissertação de mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos, USP, 2009. p.209. 32

4

5

CARVALHO, V. C. op. cit. p.155.

USA HOME AND GARDEN. Disponível: http:// usahomeandgarden.com/architecture/sears-homes/ sears-homes.html. Acesso em 1° de março de 2012.

6

Centro da Memória da Eletricidade no Brasil. A vida cotidiana do Brasil Moderno. A energia elétrica e a sociedade brasileira (1880-1930). Rio de Janeiro, 2001. p.176.

| figura 10 | Fatura da compra de um refrigerador, 1931. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | figura 11 | Propaganda de quarto de banho completo. Fonte: Almanaque Laemmert, 1918. op. cit. | figura 12 | Propaganda de Cama Patente. Fonte: Jornal Gazeta do Povo, 1928.

33

| figura 13 | Propaganda de fábrica de móveis. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Anno II, n. 12. Curityba, 1928.

34

CARVALHO, V. C. op. cit. p.160.

35

GUADET. J. op. cit. p.46.

| figura 14 | Fotos da matéria sobre “As bellas vivendas particulares de Curityba”. Fonte: Revista Illustração Paranaense, Anno I, n. 1. Curityba, 1930.

7

CHAVES, E. F. op. cit. p.45.

36

Idem, p.56.

| figura 15 | Idem.

8

CARVALHO, V. C. op. cit. p.316.

37

Idem, p.59.

9

Idem, p.48.

38

| figura 16 | Gramophones e variadissimo sortimento de roupas infantis. Fonte: Revista Illustração Paranaense, Anno II, n. 4. Curityba, 1928.

Almanaque Laemmert. Annuario Commercial, Industrial, Agricola, Profissional e Administrativo da Republica dos Estados Unidos do Brasil para 1918-1919. Rio de Janeiro, 1918.

Revista Illustração Paranaense. Anno I, n. 1. Curityba, 1927.

10

11

Revista Illustração Paranaense. Anno IV, n. 1. Curityba, 1930. 39

40

Idem.

41

CARVALHO, V. C. op. cit. p.30.

CHAVES, E. F. op. cit.

VIEIRA, Maria. I. C. Momentos Intensos. Curitiba, sem data. p.103.

12

13

Idem, p.160.

GUIMARÃES, Luiz. Depoimento manuscrito. S. d. Acervo: Coordenação do Patrimônio Cultural. Secretaria de Estado da Cultura.

14

Idem, p.163.

RELAÇÃO DE FIGURAS E FOTOS

15

Idem, p.156.

16

Idem, p. 103.

| figura 1 | Móveis do Catálogo Sears. Fonte: www. slideshare.net/semmaisdelongas/catlogo-da-sears-1908. Acesso em 1° de março de 2012.

17

Idem, p. 103.

GUADET. J. Éléments et théorie de l’architecture. Paris, Aulaniér et Cia Éditéurs, tomo II.S.d. p.97-98. 18

19

Idem, p.104.

20

Idem, p.70-71.

21

Idem, p.78.

22

CARVALHO, V. C. op. cit. p.120.

23

Idem, p.117.

24

Idem, p.118.

25

Idem, p.252.

26

GUADET. J. op. cit. p.113.

27

Idem, p.116.

42

| figura 2 | Casa pré-fabricada do Catálogo Sears. Fonte: USA HOME AND GARDEN. Disponível em: http:// usahomeandgarden.com/architecture/sears-homes/ sears-homes.html. Acesso em 1° de março de 2012. | figura 3 | Propaganda de mobiliário para o escritório doméstico. Fonte: Almanaque Laemmert. Annuario Commercial, Industrial, Agricola, Profissional e Administrativo da Republica dos Estados Unidos do Brasil para 1918-1919. Rio de Janeiro, 1918. | figura 4 | Desenho de móveis. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner. | figura 5 | Propaganda de móveis para sala de visitas. Idem. | figura 6 | Propaganda de móveis da empresa Paciornik. Fonte: Jornal Gazeta do Povo, 1928. | figura 7 | Propaganda da empresa A. Ritzmann & Cia. Fonte: Jornal Gazeta do Povo, 1927.

| figura 17 | O novo Hupmobile Six. Fonte: Revista Illustração Paranaense, Anno II, n. 10-11. Curityba, 1928. | figura 18 | Ferro elétrico. Fonte: Revista Illustração Paranaense, Anno IV, n. 8. Curityba, 1930. | foto 1 | Luiz Guimarães e família. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Elsa G. Castilho. | foto 2 | Odette F. de Leão e filhos. Fonte: Revista Illustração Paranaense. Curytiba, Ano II, n. 2, fev.1928. | foto 3 | Maria Garmatter e filhos. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 4 | Antigo Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Fotografia: Fabio Fistarol. | foto 5 | Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 6 | Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 7 | Caetano Munhoz da Rocha na entrada da Vila Olga. Coleção Vila Olga – Acervo: Olga Ferreira. | foto 8 | Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 9 | Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 10 | Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 11 | Portão principal do Palacete Guimarães. Idem. | foto 12 | Jardim do Palacete Guimarães. Idem.

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| foto 13 | Jardim da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo.

Coleção Residência Candido Mäder – Acervo: Rosa M. M. de Pauli – Fotografia: Elizabeth A. de Castro.

| foto 14 | Porta da Vila Odette. Idem.

| foto 38 | Recepção na Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo.

| foto 15 | Porta do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 16 | Hall do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 17 | Idem. | foto 18 | Idem. | foto 19 | Vitrais do Palacete Antonio de Souza Mello. Coleção Palacete Antonio de Souza Mello – Acervo: Noeli M. F. Gomes. | foto 20 | Hall da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 21 | Hall da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 22 | Clarabóia da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 23 | Fachada posterior do Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 24 | Escritório do Palacete Garmatter. Idem. | foto 25 | Biblioteca do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 26 | Escritório da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 27 | Conjunto de armário e sofá do escritório na Vila Ida II. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 28 | Salão de Conversa e Bilhar do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 29 | Idem. | foto 30 | Sala de Visitas da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 31 | Idem.

| foto 39 | Sala de Jantar da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo.

meninas do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Suzana G. Castilho – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 60 | Sala de Música do Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 61 | Idem.

| foto 40 | Idem.

| foto 62 | Saleta do Palacete Garmatter. Idem.

| foto 41 | Sala de Jantar do Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo.

| foto 63 | Piano da Sala de Música do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Gilda G. Castilho – Fotografia: Elizabeth A. de Castro.

| foto 42 | Idem. | foto 43 | Sala de Jantar do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 44 | Sala de Jantar do Palacete de Antonio de Souza Mello. Coleção Palacete Antonio de Souza Mello – Acervo: Noeli M. F. Gomes. | foto 45 | Idem. | foto 46 | Étagere da Sala de Jantar na Residência Ulisses Vieira. Coleção Residência Ulisses Vieira – Acervo: Ruth Dittrich Vieira – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 47 | Jantar na Vila Olga. Coleção Vila Olga – Acervo: Olga Ferreira. | foto 48 | Idem. | foto 49 | Sineta da Sala de Jantar do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Elsa G. Castilho – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 50 | Porcelana utilizada na Vila Olga. Coleção Vila Olga – Acervo: Olga Ferreira – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 51 | Porcelana utilizada na residência de Candido Mäder. Coleção Residência Candido Mäder – Acervo: Rosa M. M. de Pauli – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 52 | Étagere da Sala de Almoço do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Suzana G. Castilho – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 53 | Cozinha do Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo.

| foto 64 | Lareira do Salão de Festas do antigo Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 65 | Lareira da Sala de Jantar da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 66 | Garagem em alvenaria da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 67 | Quadra de tênis e garagem do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 68 | Familiares de Caetano Munhoz da Rocha brincando no jardim da Vila Olga. Coleção Vila Olga – Acervo: Olga Ferreira. | foto 69 | Detalhe da entrada principal no antigo Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 70 | Casa de bonecas da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 71 | Otto Reinhardt na entrada do Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 72 | Crianças na residência de Guilherme Withers Junior. Coleção Residência Guilherme Withers Junior – Acervo: Lilian L. W. Almeida e Maria E. W. Pessoa. | foto 73 | Filhos de Dante Romanó. Coleção Dante Romanó – Acervo: Nadiesda e Cristiana de A. Romanó.

| foto 54 | W.C. e banho dos aposentos do casal Garmatter. Idem.

| foto 74 | Ismênia e Annemarie, nora e neta de Julio Garmatter, em frente de seu palacete. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo.

| foto 55 | Quarto do casal Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos.

| foto 75 | Família de Guilherme Weiss. Coleção Palacete Weiss – Acervo: Bruno W. de Castilho.

| foto 56 | Quarto do casal Leão na Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo.

| foto 76 | Família Garmatter, nos fundos de seu palacete [080]. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo.

| foto 35 | Idem.

| foto 57 | Quarto do casal Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo.

| foto 36 | Idem.

| foto 58 | Quarto do casal Ritzmann. Idem.

| foto 77 | Antonio de Souza Mello e família. Coleção Palacete Antonio Souza Mello – Acervo: Noeli M. F. Gomes.

| foto 37 | Marquesa da residência Candido Mäder.

| foto 59 | Armário em madeira pintada do quarto das

| foto 32 | Salão de Festas do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos. | foto 33 | Sala de Visitas do Palacete Antonio de Souza Mello. Coleção Palacete Antonio de Souza Mello – Acervo: Noeli M. F. Gomes. | foto 34 | Sala de Visitas do Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo.

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| foto 78 | Família de Ulisses Vieira. Coleção Residência Ulisses Vieira – Acervo: Ruth D. Vieira.


| foto 79 | Face lateral da Residência Ulisses Vieira. Idem. | foto 80 | Detalhe da ornamentação na parede da Sala de Música. Fonte: Jornal do Estado de 12 de outubro de 1988. Acervo: Lígia Vieira. | foto 81 | Netas de Julio Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 82 | Ruth e Daisy, netas de Julio Garmatter, em seu palacete. Idem.

| foto 100 | Fotografia do álbum da Vila Odette. Coleção Vila Odette – Acervo: Odette R. M. P. de Leão Camargo. | foto 101 | Fotografia do álbum do Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 102 | Fotografia do álbum do Palacete Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Castelo do Batel Eventos.

| foto 83 | Família Withers. Coleção Residência Guilherme Withers Junior – Acervo: Lilian L. W. Almeida e Maria E. W. Pessoa. | foto 84 | Filhas de Candido Mäder. Coleção Residência Candido Mäder – Acervo: Rosa M. M. de Pauli. | foto 85 | Detalhe da “rotunda no acesso principal da Residência Candido Mäder. Idem. | foto 86 | Dante Romanó com o filho. Coleção Residência Dante Romanó – Acervo: Nadiesda e Cristiana de A. Romanó. | foto 87 | Netas de Julio Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 88 | Casamento de Helena Alice Withers Pessoa. Coleção Residência Guilherme Withers Junior – Acervo: Lilian L. W. Almeida e Maria E. W. Pessoa. | foto 89 | Annemarie Lilian Reinhardt no dia de seu casamento. Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 90 | Bodas de Prata do casal Guilherme e Emma Müller Weiss. Coleção Palacete Weiss – Acervo: Bruno W. de Castilho. | foto 91 | Casamento de Affonso Grötzner e Elvira Haupt. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner. | foto 92 | Casamento de Charlotte e Otto Reinhardt. Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 93 | Casamento de Dante Romanó e Francisca Cylá Mäder. Acervo: Nadiesda e Cristiana de A. Romanó. | foto 94 | Casamento civil de Arno F. de Castilho e Regina M. Weiss. Coleção Palacete Weiss – Acervo: Bruno W. de Castilho. | foto 95 | Charlotte Garmatter e Otto Reinhardt. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise G. Rupollo. | foto 96 | Mesa e cadeiras do hall e parte da prataria da Residência Candido Mäder. Coleção Residência Candido Mäder – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 97 | Relógio da sala de jantar do Palacete Garmatter. Coleção Palacete Garmatter – Acervo: Denise Glaser Rupollo – Fotografia: Elizabeth A. de Castro. | foto 98 | Paulo e Ida Grötzner. Coleção e Acervo: Paulo A. Grötzner. | foto 99 | Luiz Guimarães. Coleção Palacete Guimarães – Acervo: Elsa G. Castilho.

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COLOFÃO

Este livro foi editado entre os meses de agosto e outubro de 2012. O texto foi composto em fontes das famílias Agenda, desenhados por Greg Thompson, no texto; Minion, desenhados por Robert Slimbach, nas citações; PMN Caecilia, desenhados por Peter Matthias Noordzij, nos depoimentos e ITC Franklin Gothic, desenhados por Morris Fuller Benton, nos títulos. A impressão do miolo foi feita em papel Couché Fosco LD 150g/m2 e a capa em Couché Liso LD 150g/m2, nas oficinas gráficas da Maxi Gráfica e Editora Ltda. entre os meses de novembro e dezembro de 2012. A tiiragem foi de 1000 exemplares.

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