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Oque acha de se aventurar em uma emocionante narrativa de estrada? É exatamente o que propomos a você com o livro deste mês. Hadley & Grace, da autora norte-americana Suzanne Redfearn, gira em torno de duas mulheres que buscam se livrar do comportamento abusivo de um mesmo homem — marido de uma, chefe de outra.
O encontro entre elas rende uma trama sensível e única, embora o livro tenha uma referência muito evidente: o filme Thelma & Louise, emblemática ficção de estrada protagonizada por duas mulheres em busca de liberdade.
A seguir, além de uma introdução ao romance, incluindo lista com os seus principais personagens, você confere uma análise sobre a relação entre livro e filme — um artigo que acaba por falar dos frequentes diálogos entre produções artísticas. Publicamos também uma entrevista com a autora, que detalha suas inspirações e seu processo criativo.
Boa leitura!
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QUEM FAZ
LIZIANE KUGLAND Revisora ANTÔNIO AUGUSTO Revisor
Capa Caroline Bogo
Página da loja Gabriele Baptista
Impressão Impressos Portão
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+55 (51) 99196-8623
4 Experiência do mês
6 Por que ler o livro
8 O livro do mês
14 Análise
16 Agenda
VAMOS LER
Hadley & Grace
Criamos
esta experiência para expandir sua leitura. Entre no clima de Hadley & Grace colocando a playlist especial do mês para tocar. É só apontar a câmera do seu celular para o QR Code ao lado ou procurar por “taglivros” no Spotify. Não se esqueça de desbloquear o kit no aplicativo da TAG e aproveitar os conteúdos complementares!
Leia até a página 70
Um livro que começa recheado de emoções: com a história de duas mulheres que tentam recomeçar suas vidas e acabam se encontrando! Hadley está tentando fugir do marido abusivo, enquanto Grace quer dar o troco no chefe que tentou passá-la para trás. O que será que a narrativa reserva para nossas ousadas protagonistas?
Leia até a página 140
Os negócios do marido de Hadley acabam colocando as duas na mira do FBI. Apesar de seus planos serem distintos, elas decidem permanecer juntas, e a dupla parece funcionar. O que você está achando do livro até aqui? Comente no aplicativo!
Leia até a página 216
Mesmo no meio do caos, Hadley encontrou espaço para se divertir. Enquanto isso, Grace e Mattie estreitam os laços. Já estamos quase na metade do livro; quais serão os desdobramentos dessa história?
Leia até a página 281
O clima ficou tenso! Apesar do plano de fuga, tudo parece ir por água abaixo. Será preciso ter muita resiliência para sair dessa.
Leia até a página 348
Chegamos ao final da história! E não faltou emoção no desfecho de Hadley, de Grace e de suas respectivas famílias — que, aliás, terminam maiores do que no início do livro. Acesse o app e compartilhe suas impressões com os outros taggers!
projeto gráfico
Desenvolvido por Caroline Bogo, responsável pelo projeto da TAG de Gênio & nanquim, de Virginia Woolf, o projeto gráfico deste mês busca transmitir a atmosfera de aventura que marca a narrativa de estrada de Hadley & Grace. Traz em destaque, assim, tanto um automóvel quanto elementos comumente associados a rodovias, como os letreiros de um motel. Na luva, as notas de dinheiro fazem referência a um importante detalhe da história de Suzanne Redfearn.
mimo
“Uma parede em branco é um desperdício de ideias”, já dizia Paulo Leminski. No mês em que se comemora o Dia Nacional dos Profissionais da Educação (6 de agosto), tomamos a frase do poeta como inspiração para o nosso mimo, um item ideal para tomar notas e registrar os pensamentos mais criativos e inspiradores que surgem em nosso dia a dia. Você recebe um quadro magnético de 15cm x 20cm, produzido com duas tiras de ímã, perfeito para superfícies como murais e portas de geladeira, além de uma caneta com apagador embutido.
Hadley & Grace queimados pode ter terminado, mas a experiência não!
Aponte a câmera do seu celular para o QR Code ao lado e escute o episódio de nosso podcast dedicado ao livro do mês. No aplicativo, confira também a nossa agenda de bate-papos.
“Melhor acomodar-se bem, porque você não conseguirá largar o livro depois de começá-lo. A ação avança na velocidade de um trem-bala, capturando o leitor não apenas com o enredo, mas também com os personagens, que nos conquistam enquanto seguimos sua jornada [...]. Um dos melhores livros que li em anos!”
Barbara O’Neal, autora de Quando acreditávamos em sereias
“O mais recente livro de Redfearn começa como um drama doméstico, mas rapidamente se transforma em uma inesperada aventura no estilo Thelma & Louise. A narrativa comovente e os personagens bem construídos vão manter os leitores virando as páginas [...].”
Library Journal
Por que ler o livro
Um livro emocionante e cheio de reviravoltas, Hadley & Grace mostra a jornada de autoconhecimento e busca por liberdade de duas mulheres cujos destinos se cruzam de forma inusitada. Autora best-seller nos Estados Unidos, Suzanne Redfearn toma o famoso filme Thelma & Louise como inspiração para sua narrativa de estrada, que mostra o poder da união feminina.
A companhia que sempre esteve la
MARIANA SOLETTIEm uma eletrizante narrativa de estrada, Suzanne Redfearn apresenta a trajetória de duas mulheres em busca de liberdade
Em uma das primeiras passagens de Hadley & Grace, de Suzanne Redfearn, enxergamos um tom desesperançoso na trama: “Grace sente a avó olhando para ela. A única pessoa com quem você pode contar, Tampinha, é com você mesma” — parafraseando Taylor Swift, “You’re on your own, kid / You always have been” [“Você está sozinha nessa, criança / Você sempre esteve”].
Alguém poderia dizer que essa é a estrada sinuosa que as mulheres percorrem durante suas vidas, uma estrada solitária em meio a um deserto, enxergando a passagem lenta dos fenos. No entanto, sabemos que, historicamente falando, a amizade entre mulheres é perpetuada através do silenciamento delas em ambientes masculinos. A teórica feminista Silvia Federici bem explica como a conversa entre mulheres implica uma solidariedade que só a amizade entre duas outlaws [foras da lei] produz. Grace não conta só consigo mesma. Em uma clara referência a Thelma & Louise (1991), filme em que as duas protagonistas partem em uma aventura que se transforma em fuga, ela e Hadley, a outra personagem que dá título ao livro, encontram-se em uma linha do tempo que as coloca também em rota de fuga.
Hadley Torelli está em um relacionamento abusivo com o ganancioso empresário Frank. Decide ir embora com seus dois filhos, pois sabe que essa poderá ser sua única chance de felicidade. Os filhos
de Hadley são Mattie, a adolescente “estranha”, constantemente julgada pelo pai, e Skipper, o garoto mais doce e inteligente (à sua maneira, muito inteligente), baseado em um amigo de Redfearn. Grace, com o bebê Miles, quer desesperadamente deixar seu passado difícil para trás, depois de ser injustamente demitida pelo chefe, que é ninguém mais, ninguém menos do que o próprio Frank.
No entanto, é nesse momento de cruzamento da narrativa que os acontecimentos saem do controle de ambas: assim começa uma jornada assustadora, cheia de reviravoltas, ao longo da qual as duas lutam para sobreviver em um mundo que não parece ter sido feito para elas.
Nessa história de autodescoberta, notamos como as duas revelam-se mais fortes juntas do que separadas — até porque nem muito separadas eram, haja vista que seus destinos estavam entrelaçados por um homem que as desrespeitava recorrentemente. Esse homem é simbolicamente o marido e chefe das mulheres, mas pode ser entendido como tantos outros que impossibilitam a verdadeira emancipação feminina.
Arriscando-se uma pela outra enquanto enfrentam adversidades maiores do que nunca, percebem que as companhias mais necessárias às suas vidas estavam em hibernação em linhas do tempo irmãs, esperando o momento mais apropriado para emergirem. Podemos nos sentir sozinhas, mas é certo que, quando precisamos, podemos contar com outra mulher.
PRINCIPAIS PERSONAGENS
Hadley Torelli: Esposa de Frank Torelli, vive em um relacionamento abusivo.
Frank Torelli: Marido de Hadley Torelli, é um empresário ganancioso cuja movimentação financeira é suspeita.
Grace: Mãe solo, tem 28 anos e é funcionária de Frank Torelli. Decide mudar de vida ao perceber sua demissão iminente.
Mark Wilkes: Agente do FBI.
“Podemos nos sentir sozinhas, mas é certo que, quando precisamos, podemos contar com outra mulher.”
tem a sorte de ter amigas mulheres, você sabe o quão poderosas essas relações podem ser”
Em conversa com a TAG, Suzanne Redfearn revela suas inspirações, fala de seu processo criativo e ressalta a potência das amizades femininas
JÚLIA CORRÊA
QUEM É SUZANNE REDFEARN?
Nascida em 1966, em Livingston, Nova Jersey, é formada em arquitetura e vive em Laguna Beach, na Califórnia, onde mantém dois restaurantes com o marido. Além de Hadley & Grace, é autora bestseller de títulos como Hush Little Baby, No Ordinary Life e In an Instant — este último traduzido no Brasil como Em um piscar de olhos (editora Principis, 2022).
“Se você
O que inspirou você a escrever Hadley & Grace?
A ideia para Hadley & Grace surgiu do meu amor duradouro pelo filme Thelma & Louise. Eu queria escrever o mesmo tipo de aventura empolgante de viagem que também tivesse um tema subjacente de autoconhecimento e empoderamento. Eu não podia contar a história exatamente como foi concebida pela talentosa Callie Khouri [roteirista do filme]. Felizmente, os tempos mudaram e avançamos bastante, sem motoristas de caminhão curiosos, estupradores de bar e policiais paternalistas e cheios de boas intenções como estereótipos masculinos típicos. Então, embora a trama seja similar — duas mulheres em fuga que se tornam foras da lei acidentalmente —, a história acabou sendo bem diferente de sua inspiração. Essa nova versão moderna, ainda emocionante e surpreendente, trata muito mais de família e de se redefinir.
Como foi o processo de construção das personagens? Quão desafiador foi desenvolver a voz e a personalidade delas?
A história começou com Skipper, o único personagem que já escrevi baseado em uma pessoa real. Ele foi inspirado em um homem que é uma lenda na minha cidade natal. Conhecido carinhosamente como "Sr. Beisebol" (porque ele sempre usa um uniforme de beisebol e dá apelidos de jogadores para todos os que são queridos por ele), Skipper Carrillo tem um espírito que brilha tão intensamente que conhecê-lo muda a forma como você enxerga o mundo. Ele está na casa dos oitenta anos agora, mas sua irmã escreveu uma biografia sobre ele, intitulada Have a Home Run Day!. Quando li sobre ele criança, soube que queria incluí-lo na história. Os outros personagens surgiram depois. Grace é particularmente cara para mim. Embora ela não seja eu, é a personagem que mais se assemelha a uma versão minha. Eu disse ao meu filho outro dia que, se pudesse dar um conselho para meu eu mais jovem, seria perceber que a energia que você emana é a energia que recebe de volta. Se você se defende
e se fecha, a vida será mais difícil do que precisa ser. Pode haver boas razões para você ser assim, como foi o caso de Grace, mas no momento que ela permitiu a entrada de Hadley, Mattie e Skipper em sua vida, tudo mudou. Durante aquela semana fatídica, enquanto Hadley se tornava mais forte, Grace se abria e se tornava mais sensível. Eu não havia percebido que essa seria a jornada dela até acontecer, e foi uma descoberta linda, que ressoou comigo pessoalmente.
Seu livro mostra o poder da solidariedade feminina. Como você percebe essa questão? Você tem alguma experiência pessoal envolvendo a força dos laços entre mulheres? Se você tem a sorte de ter amigas mulheres, você sabe o quão poderosas essas relações podem ser. Eu acredito que seja por isso que Thelma & Louise é tão cativante. Você se apaixona não apenas pelas mulheres, mas também pela relação delas. É esse vínculo inquebrável o que eu mais queria capturar. Sou muito abençoada por ter um maravilhoso círculo de mulheres na minha vida. Nós cuidamos, amamos e apoiamos umas às outras nesta jornada incrível, e não sei onde estaria sem elas.
Todas as minhas histórias começam de forma abstrata. Essa começou com a vaga ideia de escrever uma releitura moderna de Thelma & Louise que capturasse o tema subjacente do filme: é melhor arriscar morrer livre do que voltar a uma vida de opressão. A genialidade do filme está no fato de ser tão divertido e emocionante que você não percebe a mensagem profunda e significativa por trás dele. No entanto, inegavelmente, você sente o seu poder. Acredito que essas sejam sempre as melhores histórias. Meu livro favorito é The Power of One, de Bryce Courtenay. Ele o faz de forma brilhante, entrelaçando uma história fascinante que te deixa sem fôlego e permanece com você devido à ressonância das ideias entre as linhas.
Thelma & Louise é, de fato, uma referência explícita em seu livro, sendo citado ao longo da história. Quais são outras obras significativas para o seu trabalho como escritora?
Você tem formação em arquitetura. Como a escrita e a literatura entraram em sua vida? A escrita começou como um projeto de lista de desejos. Em 2008, quando a economia entrou em declínio, minha prática arquitetônica diminuiu, então decidi ver se conseguia escrever um romance. Descobri meu amor pela narrativa e fiquei viciada. Ser um autor é semelhante a ser um arquiteto. Resiliência e perseverança contribuem mais do que talento. Você perde muito sono se preocupando se está criando algo bom ou significativo. Becos sem saída e curvas erradas são comuns. E para onde você pensa que está indo raramente é onde você acaba.
Você pode nos falar sobre o seu processo criativo em geral? Você tem uma rotina de escrita?
Eu escrevo todas as manhãs em cafés locais. Eu gosto do barulho do ambiente e adoro bisbilhotar as conversas das pessoas. Isso é uma grande inspiração.
Você tem algum projeto novo?
Podemos esperar novas obras suas em breve?
Meu próximo romance, intitulado Where Butterflies Wander, será lançado em fevereiro de 2024. Assim como Hadley & Grace, a história apresenta um elenco cativante de personagens cujos caminhos se cruzam de maneiras inesperadas e acabam alterando suas vidas para sempre.
Você pode deixar um breve recado para o seu público no Brasil?
O que é um autor sem leitores? Todas as manhãs, quando me acomodo com meu café e meu laptop, é em vocês que penso. Acesso minha página na Amazon, clico aleatoriamente em um dos meus títulos, filtro para uma avaliação de cinco estrelas e leio algo agradável que alguém escreveu sobre meu trabalho. É isso que me motiva a começar meu dia. Então, obrigada. Escrevo pensando em vocês. A leitura é o compartilhamento de ideias e sentimentos. Ela permite nos colocarmos no lugar de outras pessoas e experimentar o mundo sob a perspectiva delas. Ela nos conecta e nos une, não importa quem somos ou onde estamos. Uma das partes favoritas dessa jornada é saber que pessoas em outras partes do mundo, como o Brasil, estão lendo meus livros. Portanto, obrigada por percorrerem esse caminho comigo e permitirem que eu continue fazendo o que amo.
O primeiro livro que leu: Green Eggs and Ham, do Dr. Seuss.
O livro que está lendo: Une femme, de Annie Ernaux.
O livro que mudou a sua vida: A revolta de Atlas, de Ayn Rand.
O livro que gostaria de ter escrito: The Power of One, de Bryce Courtenay.
O último livro que a fez chorar: Une femme, de Annie Ernaux.
O último livro que a fez rir: Uma questão de química, de Bonnie Garmus.
O livro que dá de presente: O velho e o mar, de Ernest Hemingway.
Diálogos artísticos
MARIANA SOLETTI
Exemplar da força da intertextualidade e dos tributos literários, livro de Suzanne Redfearn faz referência a Thelma & Louise, emblemático filme sobre emancipação feminina
Desde o próprio título, que leva o nome da dupla de protagonistas, o romance Hadley & Grace, de Suzanne Redfearn, tem uma referência explícita: Thelma & Louise, filme escrito por Callie Khouri e dirigido por Ridley Scott. No longa, que estreou em 1991, as melhores amigas Thelma (Geena Davis) e Louise (Susan Sarandon) partem para uma aventura de pescaria nas montanhas — Thelma o faz sem contar ao marido, controlador e abusivo. No caminho, Thelma encontra um homem e dança com ele, que tenta estuprá-la. A partir desse evento, começa de fato a aventura das duas amigas, que fogem pelas estradas dos Estados Unidos.
Vários críticos elogiam a emancipação que o filme promove às mulheres. A intransigência das duas protagonistas, investidas em uma narrativa na qual são elas as detentoras dos seus próprios destinos, é revolucionária à época, principalmente por ter se iniciado a partir de uma tentativa de violência sexual. Essa emblemática narrativa de estrada — tradição até então bastante masculinizada por autores como Jack Kerouac — quebra padrões convencionais de comportamento feminino, demonstrando a união entre duas mulheres e as suas autonomias quando sob pressão.
O livro de Suzanne Redfearn parece nos oferecer uma perspectiva mais otimista, e talvez seja esse o papel imprescindível de uma arte cuja parentalidade é tão explícita: demonstrar tudo o que ela poderia ter sido, principalmente trazendo-a a novos contextos sociais.
É interessante como a própria autora brinca com sua referência cinematográfica. Em dado momento da história, uma notícia de jornal compara a saga das protagonistas com a das personagens do filme: “Essas
Você sabia que a TAG já enviou outras duas narrativas de estrada protagonizadas por mulheres? Da francesa Virginie Despentes, Apocalipse bebê foi o livro de outubro da TAG Curadoria em 2022. E também tivemos um exemplar nacional: em agosto de 2019, enviamos Todos nós adorávamos caubóis, de Carol Bensimon. Ambos os títulos estão disponíveis em nosso site: loja.taglivros.com.
Acesse o QR Code abaixo e leia uma reportagem de nossos arquivos sobre narrativas de estrada protagonizadas por mulheres.
mulheres podem não ser Susan Sarandon e Geena Davis, e pode não haver um Thunderbird conversível de 1966 ou uma indicação ao Oscar dessa vez, mas não há dúvidas das semelhanças entre a história delas e o ficcional Thelma e Louise, e esperamos, pelo bem delas e pelo bem das crianças que estão com elas, que o final na vida real seja mais feliz que o do filme”. Ora, mais do que uma simples imitação, Hadley & Grace nos mostra a força da intertextualidade, um termo estudado há muito tempo e cunhado pela teórica Julia Kristeva. Discípula de Roland Barthes, para ela, todo texto se constrói como um mosaico de citações, em que a transformação absorve um texto para a (re)criação de outro.
Jacques Lacan bem costumava dizer que não existe metalinguagem: é impossível sairmos da linguagem de qualquer maneira. É ela a detentora de toda e qualquer tour de force da experiência do mundo, que só é reconhecida através do outro. É dessa maneira que diálogos na arte acontecem recorrentemente na cultura pop. Afinal, como sair de uma estrutura em que somos rodeados por espelhos? Não à toa, costuma-se afirmar, adaptando a famosa frase de Lavoisier, que “nada se copia, tudo se transforma”. Tributo talvez seja também uma palavra adequada para descrever o expediente do qual Suzanne Redfearn lança mão. Não faltam produções literárias que prestam homenagens a obras e nomes emblemáticos de seu gênero. Um livro enviado recentemente pela TAG Inéditos, Loucos por livros, nos remete, por exemplo, a uma figura tida como referência no universo das comédias românticas: a escritora, roteirista e diretora de cinema Nora Ephron, que empresta até mesmo o primeiro nome para a protagonista de Emily Henry. Esses tributos podem aparecer de forma explícita, como no romance de Redfearn. Às vezes, porém, surgem de modo mais sutil, cabendo a nós, leitores e leitoras, identificá-los por meio de nossas próprias referências. Não somos nós também rodeados por espelhos?
vem aí
encontros TAG:
Perguntas sobre Hadley & Grace
1. O que você achou do encontro entre as duas protagonistas? Como você avalia o drama de cada uma delas e a escolha que fizeram ao se verem naquela situação?
2. O filme Thelma & Louise é uma referência explícita de Suzanne Redfearn. Você já conhecia essa obra cinematográfica? Leia o texto da página 14 e discuta a ideia de intertextualidade e o diálogo entre diferentes produções da cultura pop.
3. Um personagem encantador do livro é Skipper. A autora revelou que ele foi inspirado em uma figura real que ela conheceu. Quais foram os seus momentos favoritos vivenciados por ele na história?
4. Em sua visão, quais são os pontos positivos e negativos do romance?
5. As protagonistas terminam o livro em um destino inusitado, enquanto Mark tem um final bastante triste. Use a imaginação e sugira um futuro alternativo para os personagens.
Uma história emocionante que tem como pano de fundo a Guerra do Vietnã é a aposta da TAG para o mês de setembro. Em uma trama que traz temas como o poder da bondade e da esperança, personagens de diferentes gerações de uma mesma família nos envolvem em conflitos e tradições do país asiático.
Para quem gosta de: dramas históricos, literatura asiática, tramas familiares
O roubo de um violino herdado por um jovem músico negro é o mote do livro de setembro, que foi indicado aos Goodreads Choice Awards de Melhor Mistério & Suspense e de Melhor Romance de Estreia em 2022.
Para quem gosta de: mistérios, tramas com questões raciais, temática musical
“A literatura está aberta a todos. Recuso-me a permitir que você, mesmo que seja um bedel, me negue acesso ao gramado. Tranque as bibliotecas, se quiser; mas não há portões, nem fechaduras, nem cadeados com os quais você conseguirá trancar a liberdade do meu pensamento.”
– VIRGINIA WOOLF, UM TETO TODO SEU